VERDADEIRA E FALSA FÉ
incluir suspiros e gemidos (Rm 8.26). Deve ser feita “no Espírito
Santo” (Jd 20). Aquele que pretende falar com Deus, diz Am-
brósio, deve falar-lhe em seu próprio idioma, o qual ele entende,
isto é, no idioma de seu Espírito.
E, finalmente, devemos achegar-nos à mesa do Senhor com um
coração abnegado. Quando estivermos preparados da melhor ma
neira possível, acautelemo-nos de não depositar confiança em
nossas preparações. “Assim também vós, quando fizerdes tudo
o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fi
zemos somente o que devíamos fazer” (Lc 17.10). Use o dever,
porém não o idolatre. Devemos usar os deveres que nos prepa
ram para Cristo, mas não façamos de nossos deveres um Cristo.
O dever é a vereda de ouro por onde caminhamos, mas não uma
muleta de prata em que nos apoiamos.
Ah, que são todas as nossas preparações? Deus pode ver um
buraco em nossas melhores roupas. “Ai do homem, se o exami
nares e o pesares” (Agostinho).1441 “Todas as nossas justiças são
trapos de imundícia” (Is 64.6).
Quando estivermos preparados, quando esperarmos na mer
cê de Deus, então que nos neguemos como merecedores de sua
justiça. Se nossos mais santos serviços não forem aspergidos pelo
sangue de Cristo, não serão melhores do que os pecados mais
notáveis; e, como a carta para Urias, trarão em si o motivo de
nossa morte. Cumpramos como dever, mas confiemos nossa
aceitação aCristo e à livre graça. Sejamos como a pomba enviada
por Noé: ela fez uso de suas asas para voar, porém, para sua segu
rança, confiou na arca.
Vimos como devemos ser qualificados para termos acesso à
mesa do Senhor. E, assim, ao nos achegarmos, encontraremos
os amplexos da misericórdia. Teremos não só uma representação,
mas também uma participação de Cristo no sacramento; levare- 44
[44] Vae homini si eum trutina discutias, etc.
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