Do artigo “Primores de ternura – 1” (Diário do Comércio – 14-OUT-2009)
Está no website da Previdência Social: "O auxílio-reclusão é um benefício devido aos dependentes do
segurado recolhido à prisão, durante o período em que estiver preso.” Ou seja, no Brasil você pode:
roubar, matar, sequestrar ou estuprar, seguro de que, quando for preso, sua família não passará
necessidade, o governo garante. Se, porém, como membro efetivo da maioria otária, você não faz mal a
ninguém e em vez disso prefere se suicidar com dois tiros na cuca, esticando as canelas in loco ou no
hospital, aí o governo não garante mais nada: sua viúva e seus filhos podem chorar à vontade na porta
do Palácio do Planalto, que o coração fraterno da República solidária não lhes concederá nem uma gota
da ternura estatal que derrama generosamente sobre os bandidos.
Se essas coisas o escandalizam, é porque você está muito desatualizado. Afagar delinquentes,
estimular o banditismo, é uma das mais antigas e veneráveis tradições do movimento revolucionário,
que o nosso partido governante personifica orgulhosamente. Veja o que pensavam alguns dos
mentores revolucionários mais célebres:
Mikhail Bakunin (1814~1876, líder anarquista russo): "Para a nossa revolução, será preciso atiçar no
povo as paixões mais vis."
Serge Netchaiev (1847~1882, terrorista que Lênin adotou como um de seus gurus): "A causa pela qual
lutamos é a completa, universal destruição. Temos de nos unir ao mundo selvagem, criminoso."
Willi Münzenberg (1889~1940, gênio organizador da propaganda comunista na Europa Ocidental e nos
EUA): "Vamos corromper o Ocidente em tal medida, que ele acabará fedendo."
Louis Aragon (1897~1982, poeta oficial do Partido Comunista Francês): "Despertaremos por toda parte
os germes da confusão e do malestar. Que os traficantes de drogas se atirem sobre as nossas nações
aterrorizadas!"
Vladimir I. Lênin (1870~1924, líder e Primeiro-ministro da União Soviética): "O melhor revolucionário é
um jovem desprovido de toda moral."
Os exemplos poderiam multiplicar-se indefinidamente. Já em 1789 os revolucionários franceses abriram
as portas das prisões, libertando indiscriminadamente milhares de assassinos, ladrões e estupradores
que em poucos dias espalharam o caos nas ruas de Paris. Logo após a tomada do poder pelos
comunistas na Rússia, a política oficial era fomentar o sexo livre, criando assim uma geração de jovens
sem família para incentivar a criminalidade juvenil e liquidar pela confusão o que restasse da "ordem
burguesa". A ideia foi de Karl Radek, chefe de Willi Münzenberg.
A proposta de Louis Aragon foi cumprida à risca a partir dos anos 50, quando a URSS começou a
treinar agentes para que se infiltrassem nas então incipientes redes de tráfico de drogas -
especialmente na América Latina - e as dominassem por dentro, criando uma futura fonte local de
subsídios para o movimento revolucionário, que estava saindo caro demais para o bolso soviético. Essa
foi a origem remota das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que hoje dominam o
narcotráfico no continente. A história é contada em detalhes pelo general tcheco Jan Sejna, que
participou pessoalmente da operação (vejam o livro de Joseph D. Douglass “Red Cocaine. The
Drugging of America and the West”, London, 1999).
Fonte: http://www.olavodecarvalho.org/semana/091014dc.html
Do artigo “Primores de ternura – 2” (Diário do Comércio – 16-OUT-2009)
Já nos anos 60, a união simbiótica da revolução com o crime deixou de ser apenas uma criação teórica
tornando-se sistemática por parte dos marxistas
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(orientados pela Escola de Frankfurt). Segundo
Herbert Marcuse (1898~1979), o mais popular dentre esses autores e queridinho da grande mídia
americana, o proletariado industrial já não mais servia como classe revolucionária, por ter sido
corrompido pelas benesses do capitalismo, assim sendo, procurou uma nova classe revolucionária,
definida não pela desvantagem econômica, mas por qualquer tipo de frustração psicológica e, em vez
de uma ele descobriu três: (1) os intelectuais e estudantes, sempre revoltados contra uma sociedade
que não lhes dá toda a importância que julgam merecer; (2) todos os insatisfeitos com qualquer coisa:
esposas mal amadas, gays enfezados com a empáfia masculina, crianças rebeldes à autoridade
paterna, etc.; (3) os marginais em geral: prostitutas, viciados, assassinos, estupradores, etc. Eram
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Karl Marx, 1818~1883.