A Mercadoria: Valor de Uso e Valor A riqueza nas sociedades capitalistas se manifesta como uma "enorme coleção de mercadorias", com a mercadoria individual sendo sua forma elementar. Nossa análise começa com a mercadoria, um objeto externo que satisfaz necessidades humanas. Toda coisa útil, como ferro ou papel, possui qualidade e quantidade, sendo útil sob diversos aspectos. A utilidade de uma coisa a torna um valor de uso, condicionado pelas propriedades do corpo da mercadoria. Os valores de uso formam o conteúdo material da riqueza. por Vanessa Conceicao
Valor de Troca e Substância do Valor O valor de troca é a relação quantitativa na qual valores de uso são trocados, alterando-se no tempo e espaço. Uma mercadoria, como trigo, é trocada por graxa de sapatos, seda ou ouro em diversas proporções. O valor de troca expressa algo igual, sendo a forma de manifestação de um conteúdo distinguível. Mercadorias como trigo e ferro, em qualquer relação de troca, podem ser representadas por uma equação. Essa equação mostra que algo comum de mesma grandeza existe em ambas, sendo redutíveis a uma terceira coisa. Esse algo em comum não é uma propriedade natural, mas sim o fato de serem produtos do trabalho. Valor de Troca Relação quantitativa na troca de valores de uso. Substância do Valor Produto do trabalho humano abstrato.
Trabalho Abstrato e a Medida do Valor Ao abstrair o valor de uso, resta a propriedade de serem produtos do trabalho. Abstraindo o valor de uso, abstraímos os componentes e formas corpóreas, restando uma objetividade fantasmagórica de trabalho humano indiferenciado. Essas coisas representam o dispêndio de força de trabalho humana, acumulado trabalho humano, sendo valores de mercadorias. Um valor de uso possui valor porque nele está objetivado trabalho humano abstrato. A grandeza do valor é medida pela quantidade de "substância formadora de valor", a quantidade de trabalho contida, medida por seu tempo de duração. Trabalho Fonte do valor. Tempo Medida do trabalho.
Força Produtiva do Trabalho e Valor A grandeza de valor de uma mercadoria permanece constante se o tempo de trabalho requerido para sua produção permanece constante. Este muda com a força produtiva do trabalho, determinada pela destreza dos trabalhadores, desenvolvimento da ciência, organização social da produção, meios de produção e condições naturais. Quanto maior a força produtiva do trabalho, menor o tempo de trabalho requerido e menor o valor. Inversamente, quanto menor a força produtiva, maior o tempo de trabalho e maior o valor. A grandeza de valor varia na razão direta da quantidade de trabalho e na razão inversa da força produtiva. Força Produtiva Influencia o tempo de trabalho. Tempo de Trabalho Determina a grandeza do valor.
Valor de Uso vs. Valor e o Trabalho Uma coisa pode ser valor de uso sem ser valor, como o ar. Pode ser útil e produto do trabalho sem ser mercadoria, se satisfaz a própria necessidade. Para ser mercadoria, deve ser valor de uso para outrem, transferido pela troca. Nenhuma coisa pode ser valor sem ser objeto de uso. A mercadoria é um duplo de valor de uso e valor de troca. O trabalho, ao se expressar no valor, não possui os mesmos traços de quando produz valores de uso. Essa natureza dupla do trabalho é central para entender a economia política. Valor de Uso Utilidade para satisfazer necessidades. Valor Expressão do trabalho abstrato.
Trabalho Útil e Trabalho Abstrato O casaco é um valor de uso que satisfaz uma necessidade, produzido por um tipo de atividade produtiva. O trabalho, cuja utilidade se representa no valor de uso, é o trabalho útil. Casaco e linho são valores de uso qualitativamente distintos, assim como alfaiataria e tecelagem. No valor de uso reside uma atividade produtiva adequada a um fim, o trabalho útil. Numa sociedade de produtores de mercadorias, a diferença qualitativa dos trabalhos úteis se desenvolve como uma divisão social do trabalho. Trabalho Útil Cria valores de uso. Trabalho Abstrato Cria valor.
O Duplo Caráter do Trabalho na Mercadoria O trabalho é uma condição de existência do homem, independente das formas sociais, uma necessidade natural de mediação do metabolismo entre homem e natureza. Os valores de uso são nexos de matéria natural e trabalho. Ao produzir, o homem altera a forma das matérias, amparado pelas forças da natureza. O trabalho é o pai da riqueza material, e a terra é a mãe. O casaco tem o dobro do valor do linho, uma diferença quantitativa. Como valores, casaco e linho são de igual substância, expressões objetivas do mesmo tipo de trabalho. Alfaiataria e tecelagem são dispêndio produtivo de cérebro, músculos, nervos, mãos, sendo trabalho humano. Trabalho Humano Dispêndio de força. 1 Matéria Natural Transformada pelo trabalho. 2
A Forma de Valor ou Valor de Troca As mercadorias vêm ao mundo como valores de uso, mas só são mercadorias porque são objetos úteis e suportes de valor. Elas possuem a forma de mercadorias na medida em que possuem a forma natural e a forma de valor. A objetividade do valor das mercadorias é diferente da objetividade sensível dos corpos das mercadorias, não contendo matéria natural. As mercadorias possuem objetividade de valor apenas na medida em que são expressões da mesma unidade social, o trabalho humano. 1 Forma Natural 2 Forma de Valor
A Relação de Valor e a Expressão do Valor Qualquer um sabe que as mercadorias possuem uma forma de valor em comum, contrastando com as formas naturais de seus valores de uso: a forma-dinheiro. É preciso provar a gênese dessa forma-dinheiro, seguindo o desenvolvimento da expressão do valor contida na relação de valor das mercadorias. A relação mais simples de valor é a relação de valor de uma mercadoria com uma única mercadoria distinta. A relação de valor entre duas mercadorias fornece a mais simples expressão de valor para uma mercadoria. 2 Mercadorias Relação básica de valor. 1 Expressão Forma simples de valor.