A DISRUP??O DO MARKETING PARA INSTITUI??ES DE ENSINO 47
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entendido apenas sob uma perspectiva mecanicista e instrumental. Sua função, neste sentido, se res-
tringia-se à atividade ferramental, uma mediadora de informações. Seu papel para os públicos exter-
nos, objetivava encaminhar a melhor mensagem a fim de vender, anunciar eventos, eliminar crises.
Para o público interno, limitava-se ao papel burocrático de repassar dados, subordinar, sistematizar.
Obviamente estas atividades são parte da rotina dos departamentos de comunicação de toda organi-
zação, entretanto, esses setores não devem limitar sua atuação à essas práticas. É preciso agir de ma-
neira holística, humanizada, percebendo toda a complexidade que envolve o processo comunicacional
e a sociedade em geral.
Em uma sociedade mutante, modificada pelos processos da globalização, aumento da produ-
tividade, alta competitividade, revolução tecnológica e a ascensão do ciberespaço (fomentado pelas tecnologias da informação), a comunicação precisa ser considerada de forma estrat
égica. Neste con-
texto, é fato que as organizações passam a ser percebidas como atores sociais. Exprimindo-se cada
vez mais em público, ampliando sua atuação política em relação ao coletivo, além de transformarem
suas práticas de funcionamento, escala de valores e maneiras de se comunicar em corpo social. E o coletivo com quem se relacionam – seus públicos – torna-se também, mais complexo. Portanto, o papel que cabe à comunicação corporativa hoje, neste cenário,
é muito mais abrangente.
As instituições de ensino, assim como demais organizações, precisam repensar os limites até
então estabelecidos à comunicação (Cardoso,2006; Kunsch,2007; Bueno,2014; Marchiori,2010;Yana- ze,2011).Ela deixa de ser instrumento e deve servir como base para uma gestão capaz de ajudar a ins- tituição a enfrentar os desafios de uma sociedade que exige mais qualidade, participação e posiciona- mento. Sem que a comunicação esteja profundamente enraizada em sua estrutura, uma organização não opera adequadamente. Organização e comunicação são, neste sentido, processos indissociáveis. Comunicar
é organizar. Logo, da comunicação corporativa se espera (também) a criação de um es-
paço dialógico e amplo. Espaço em que é possível envolver emissores e receptores em um diálogo
democrático, aberto, permitindo o aumento das reservas de informação e, consequentemente, pro-
duzindo evolução e fortalecimento de seus processos, princípios sociais e éticos.
É essencial extinguir a verticalidade e dar lugar ao envolvimento e participação em que, tanto
público externo quanto interno, contribuam para que haja acréscimos ao valor da marca. A comunica-
ção é, portanto, o alicerce que dá forma à instituição, que a faz ser o que é. E, sendo o ato de comuni-
car, como já observado, um processo essencialmente dialógico, é imprescindível saber: 1) com quem
se quer e se deve comunicar; 2) o que se quer e se deve comunicar.
Afinal, quem é meu público?
Sem dúvidas, esse é um questionamento que aparentemente tem uma resposta óbvia aos ges-
tores de marketing de instituições de ensino. Porém, a realidade encontrada é que poucos são os que
sabem quem são, realmente, os seus respectivos públicos de interesse. Como enfatizado, a nova configuração socioeconômica do mundo pede às instituições que lidem com claras demandas de diálogo e não mais apenas com demandas de produtos e serviços. Quando a organização se entende como um elemento social, reconhece que
é múltipla em sua forma de se
apresentar aos seus diferentes públicos e que é, também, construtora de sentidos e comportamentos