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Enviar mensagens, email, publicar, todas estas coisas deixam apresentarmo-nos como
queremos.
Temos a possibilidade de editar, e isso significa que podemos apagar,
e isso significa que podemos retocar, a face, a voz, a carne, o corpo -- não de menos, não
demais, na medida certa.
As relações humanas são ricas e são confusas e são exigentes.
E quando as limpamos com tecnologia. E quando o fazemos, uma das coisas que pode
acontecer é que sacrificamos a conversa por uma mera conexão.
Nós defraudamo-nos a nós próprios. E ao longo do tempo, parece que esquecemos isto, ou
parece que deixamos de nos preocupar.
Fui apanhada de surpresa quando o Stephen Colbert fez-me uma questão profunda,
uma questão profunda.
Ele disse, "Todos esses pequenos tweets, todos esses pequenos golinhos
de comunicação online, não se somam num grande gole de conversa real?"
A minha resposta foi não, eles não se somam.
Conectar aos bocadinhos pode resultar para recolher bocados discretos de informação,
pode funcionar para dizer, "Estou a pensar em ti", ou até para dizer, "Amo-te", --
Quer dizer, vejam como me senti quando recebi aquela mensagem da minha filha --
mas elas não funcionam realmente para aprendemos uns com os outros, para realmente nos
entendermos e percebermos uns aos outros.
E nós usamos as conversas uns com os outros para aprender como ter conversas
com nós próprios.
Então, uma fuga à conversa pode realmente fazer uma diferença porque pode comprometer a
nossa capacidade de auto-reflexão.
Para os miúdos a crescer, essa capacidade é a base do desenvolvimento.
Oiço repetidamente, "Preferiria mandar mensagens do que falar".
E o que estou a ver é que as pessoas habituam-se tanto a serem defraudadas
de uma conversa real, tão habituadas a safar-se com menos, que se tornaram quase dispostos a
dispensar as pessoas completamente.
Assim, por exemplo, muitas pessoas partilham comigo este desejo, de que algum dia uma
versão mais avançada do Siri, o assistente digital no iPhone da Apple,
será mais como um melhor amigo, alguém que vai ouvir quando os outros não o fazem.
Eu acredito neste desejo reflete uma verdade cruel que aprendi nos últimos 15 anos.
Aquela sensação de que ninguém está a ouvir-me é muito importante
nas nossas relações com a tecnologia.
É por isso que é tão apelativo ter uma página no Facebook ou um feed no Twitter --
tantos ouvintes automáticos.
E a sensação de que ninguém está a ouvir-nos faz-nos querer gastar tempo
com máquinas que parecem se importar connosco.
Estamos a desenvolver robôs, chamam-os de robôs sociais, que são especificamente
desenhados para serem companheiros -- para os idosos, para as nossas crianças para nós.
Será que perdemos a confiança de que estaremos lá uns para os outros?
Durante a minha pesquisa trabalhei em lares, e introduzi estes robôs sociáveis
que foram desenhados para dar aos idosos a sensação de que eram percebidos.