Anamnese psicopatologia diagn psiq

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RESUMO AULA SOBRE DIAGNÓSTICO PSIQUIÁTRICO


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1 Curso de Pós-Graduação em Psiquiatria AULA INAUGURAL: O DIAGNÓSTICO PSIQUIÁTRICO PROF. CLÁUDIO COSTA – CRMMG 9426

AULA INAUGURAL: O DIAGNÓSTICO PSIQUIÁTRICO 2

Semio : ciência geral que tem como objeto todos os sistemas de signos (incluindo os ritos e costumes) e todos os sistemas de comunicação vigentes na sociedade Semiologia Geral Semiologia Médica 3 A anamnese psiquiátrica Adaptado de: Aula IPUB/UFRJ / Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal - Semiologia e Psicopatologia - A anamnese psiquiátrica Profa. Erotildes Maria Leal Prof. Octavio Dumont de Serpa Jr. “ Ciência geral dos signos ” ( Ferdinand de Saussure)

Sintoma: forma sob a qual a doença se apresenta; não tem nada ainda de semiológico ou semântico; fato mórbido na sua objetividade e na sua descontinuidade; fato bruto oferecido ao trabalho de decifração antes que este tenha começado Signo: sintoma suplementado pela consciência organizadora do clínico; produto explícito da linguagem; o clínico transforma pela mediação da linguagem o sintoma em signo 4 A anamnese psiquiátrica

5 A anamnese psiquiátrica

Os sinais/signos em Psiquiatria requerem uma Leitura e constituem a PSICOPATOLOGIA Significado : classificação da doença no quadro noso gráfico Significante : nome da doença, de um ponto de vista noso lógico (estudo, conhecimento) 6 A anamnese psiquiátrica - Diagnóstico

A prática clínica do Psiquiatra e da Psicologia se utiliza dos conhecimentos aportados pela PSICOPATOLOGIA. A Psicopatologia interessa ao Psicopatologista como constructo, conhecimento, ciência em si mesma. Não se deve, portanto, reduzir o paciente à sua psicopatologia. 7 A clínica psiquiátrica Quanto mais e melhor se conhece o indivíduo tanto mais se apercebe do oculto ao qual não se pode chegar!

8 A anamnese psiquiátrica Sintomas psicopatológicos Modos do vivenciar e comportamento que se destacam do habitual num determinado contexto sócio-cultural . Porém, o sujeito não tem escolha: perde a liberdade ao “fazer um sintoma” Pode ser compreendido como uma DEFESA contra o “ estilhaçamento ” do Eu. Portanto, compreensão psicopatológica aproxima-nos do ser humano, em sua indissociável unidade: matéria e psiquismo, que alguns denominam “corpo e alma”.

Exame Clínico: procura de signos Anamnese (Psiquiátrica) = história clínica em geral (aspectos mais importantes), história psiquiátrica, história da doença psiquiátrica do paciente Grego: ana , trazer de novo e mnesis , memória Objetivos da anamnese Objetivos básicos : Formular diagnóstico Formular plano terapêutico Formular prognóstico Outros: Perícias, pesquisa, ensino 9 Diagnóstico em Psiquiatria: A anamnese psiquiátrica - Diagnóstico

Questão em relação à entrevista psiquiátrica A entrevista não é apenas um dispositivo para coleta de dados - A entrevista psiquiátrica é parte do “tratamento”? Que conseqüências decorrem do fato da entrevista ser considerada um recurso do tratamento, e não apenas um elemento anterior a ele (o tratamento)? 10 Diagnóstico em Psiquiatria: A anamnese psiquiátrica - A entrevista psiquiátrica

Idéias que sustentam o pressuposto de que a entrevista é parte do tratamento: - o tratamento é um processo; - o plano do diagnóstico nosológico deve sempre considerar o modo de vida do paciente – e esse modo pode mudar com o encontro com o profissional e com o serviço; - o plano terapêutico não é um ideal a ser alcançado, mas algo a ser construído 11 Diagnóstico em Psiquiatria: A anamnese psiquiátrica - A entrevista psiquiátrica

Aspectos gerais: Instrumento para construção da aliança terapêutica Pode se dar em contextos diversos Deve acontecer em lugar agradável e confortável Evitar interrupções O profissional deve se apresentar,explicar o objetivo da entrevista e buscar consentimento do paciente Pacientes sem consciência de morbidade – entrevistar familiares ou pessoas que possam informar, de preferência com concordância e se possível, presença do paciente 12 Diagnóstico em Psiquiatria: A anamnese psiquiátrica - A entrevista psiquiátrica

Regras básicas: Inicialmente deixar o paciente falar livremente Só depois perguntar sobre temas específicos e pontos duvidosos. Saber como e quando interromper o paciente Não formular perguntas numa seqüência monótona e mecânica Certificar-se que o paciente compreende as perguntas Evitar perguntas sugestivas ( como você está se sentindo? X Você está ansioso? ) Não aceitar jargões 13 Diagnóstico em Psiquiatria: A anamnese psiquiátrica - A entrevista psiquiátrica

A entrevista: Presentifica, atualiza, para o entrevistador, o modo como o sujeito se relaciona com o outro e consequentemente com o mundo Dá pistas dos desafios do processo de tratamento É um dispositivo de produção de subjetividades, fruto do encontro entre entrevistado em entrevistador  Pergunta que decorre desse pressuposto: Como lidar com os afetos que surgem do lado do paciente e do lado de entrevistador? 14 Diagnóstico em Psiquiatria: A anamnese psiquiátrica - A entrevista psiquiátrica

 Pergunta que decorre desse pressuposto: Como lidar com os afetos que surgem do lado do paciente e do lado de entrevistador? Três grandes riscos: - achar que entendeu tudo, - tomar sempre para si os afetos e falas do paciente, - nunca considerar que os afetos e falas do paciente podem estar dirigidos ao entrevistador, - ignorar os seus próprios afetos (do entrevistador) 15 Diagnóstico em Psiquiatria: A anamnese psiquiátrica - A entrevista psiquiátrica

Independentemente das finalidades da entrevista, o paciente deve sempre ser informado previamente do motivo pelo qual estará sendo entrevistado: avaliação do estado mental e diagnóstico psiquiátrico, realização de perícia, avaliação da necessidade de hospitalização num serviço de emergência, participação numa pesquisa etc. Como regra o paciente deve ser informado previamente de que será visto, devendo, sempre que possível, dar seu consentimento explícito (muitas vezes informado por escrito), e jamais ser levado à consulta mediante subterfúgio ou qualquer outra forma de engodo. Diagnóstico em Psiquiatria: A anamnese psiquiátrica - A entrevista psiquiátrica 16

Jean-Martin Charcot 1825-1893) 17

Diagnóstico em Psiquiatria: Final da entrevista psiquiátrica 18

Diagnóstico em Psiquiatria: Final da entrevista psiquiátrica 19

20 Diagnóstico em Psiquiatria: A anamnese psiquiátrica

ESTRUTURA E CONTEÚDO DA ANAMNESE PSIQUIÁTRICA Identificação Queixa principal Motivo do atendimento História da doença atual História patológica pregressa História fisiológica História pessoal História social História familiar 21

Exame psíquico e Súmula psicopatológica Exame físico Exames complementares Diagnóstico sindrômico Diagnóstico nosológico Conduta terapêutica 22 ESTRUTURA E CONTEÚDO DA ANAMNESE PSIQUIÁTRICA

Identificação Nome Data de Nascimento Sexo Estado civil Naturalidade Nível de instrução Profissão Etnia Religião Residência Procedência Filiação 23 Diagnóstico em Psiquiatria: A anamnese psiquiátrica

Queixa Principal Deve ser sucinta Redigida nas palavras do paciente Discriminar quando paciente não formula nenhuma queixa Motivo do Atendimento Quando o paciente não formula queixa (ou fala sobre o motivo do atendimento no lugar da queixa) Conteúdo fornecido por outra pessoa Citar literalmente 24 Diagnóstico em Psiquiatria: A anamnese psiquiátrica

HDA Neste tópico, avalia-se e descreve-se: 1 - como a doença começou, 2- se existiram fatores precipitantes, 3- como evoluiu, 4- qual a gravidade e o impacto da doença sobre a vida da pessoa. É importante considerar: a descrição detalhada dos sintomas, a freqüência, duração e flutuações dos mesmos. Ainda, deve-se observar a seqüência cronológica dos sintomas e eventos relacionados desde as primeiras manifestações até a situação atual. 25 Diagnóstico em Psiquiatria: A anamnese psiquiátrica

HDA – - Conteúdos da descrição: Época e modo do início da doença Presença de fatores desencadeantes Tratamentos efetuados e modos de evolução Impacto sobre a vida do paciente Intercorrências de outros sintomas e a queixa atual - Características da descrição: Pode ser narrada por pacientes ou informantes (dizer fonte) Não usar termos técnicos ( usar palavras do paciente) Não nomear quadros clínicos , descreve-los Ordem da redação – cronológica Inserir informações pesquisadas pelo entrevistador Referir negativos pertinentes Relatar episódios psiquiátricos anteriores 26 Diagnóstico em Psiquiatria: A anamnese psiquiátrica

HPP Descrever estados mórbidos passados, em geral não psiquiátricos, mesmo que não tenham relação direta ou indireta de causa e efeito com a moléstia atual História Fisiológica –descrever: Gestação Nascimento Aleitamento Desenvolvimento psicomotor Menarca Atividade sexual Gestações Partos Abortos Menopausa Padrões de sono e alimentação 27 Diagnóstico em Psiquiatria: A anamnese psiquiátrica

História Pessoal Infância – descrever socialização, brincadeiras, aproveitamento escolar, ansiedade de separação Adolescência – descrever desempenho escolar, drogas, delinqüência relacionamentos interpessoais Idade adulta – descrever atitudes frente trabalho, vida familiar e conjugal, a sexualidade os relacionamento Personalidade pré- mórbida – descrever o modo de ser habitual do paciente, independente da situação da doença: relacionamentos sociais, interesses, hábitos de lazer e culturais, padrão de humor, agressividade, introversão/extroversão , egoísmo/altruísmo, dependência independência, atividade/ passividade, valores, adaptação ao ambiente. - Observar mudanças de personalidade com a doença 28 Diagnóstico em Psiquiatria: A anamnese psiquiátrica

História Social informações relativas à moradia situações sócio-econômicas características socio-culturais atividade ocupacional atual situação previdenciária vinculo com sistema de saúde atividade religiosa, política antecedentes criminais 29 Diagnóstico em Psiquiatria: A anamnese psiquiátrica

História Familiar dados relacionados a doenças psiquiátricos e não ter sido desejado pelos pais separação dos pais quem criou o paciente ordem de nascimento diferenças de idade característica de personalidade dos familiares relacionamento entre familiares atitude da família diante da doença do paciente relacionamento com filhos e cônjuge 30 Diagnóstico em Psiquiatria: A anamnese psiquiátrica

PSICOPATOLOGIA E SEMIOLOGIA A Psicopatologia e a Semiologia psiquiátrica (e, muito provavelmente, também a psicológica) são herdeiras diretas da filosofia, especialmente da corrente que ficou conhecida por Fenomenologia . Complexidade: variações do normal, critérios, etapas do desenvolvimento neurológico e psicológico, variações culturais, étnicas, religiosas, etc. 31

Psicopatologia Ramo da ciência que trata da natureza essencial da doença mental. Estudo dos fenômenos psíquicos Psyche – alma Pathos – sofrimento ou doença Lógos – estudo ou ciência 32 Diagnóstico em Psiquiatria: O exame psíquico  Súmula Psicopatológica

Avaliação do funcionamento mental do paciente, no momento do exame , com base nas observações que foram feitas durante a entrevista. Pode variar de um momento para outro, em função de mudanças na psicopatologia do paciente (da mesma forma que o exame físico de um paciente com hipertensão arterial, pode mostrar uma pressão arterial normal, em razão do paciente estar medicado, o exame do estado mental de um esquizofrênico pode deixar de apresentar alucinações, pelo mesmo motivo). Com o objetivo de facilitar a descrição, o exame do estado mental é organizado por áreas (p.ex.,pensamento, senso-percepção, afeto, etc.), embora exista uma grande inter-relação entre estas diferentes áreas. 33 Diagnóstico em Psiquiatria: O exame psíquico  SPP

O bservações gerais Começa no primeiro contato com paciente (marcação da consulta) Busca avaliar as principais funções psíquicas Inclui basicamente o que observado pelo examinador (doentes relatam o que dele se espera) Descrever apenas o que é visto durante a entrevista Descrever as condições em que o exame se realizou Descrever alterações psicopatológicas observadas e funções mentais preservadas sem considerar possíveis causas Redação deve restringir-se a descrição dos fenômenos observados, sem uso de termos técnicos Pode se realizar mesmo sem cooperação do paciente 34 Diagnóstico em Psiquiatria: O exame psíquico  SPP

Aparência Adequada Higiene Adequada Atitude Cooperativa e calmo Consciência Consciente Orientação Orientado tempo e espaço e quanto a si Atenção Normovigilante e normotenaz Sensopercepção Sem alterações Memória Preservada Linguagem Normal Inteligência Sem alterações da forma, conteúdo e curso Pensamento Compatível com idade e condição sócio cultural Vontade Sem alterações Psicomotricidade Sem alterações Humor Eutímico Afeto Congruente Consciência do Eu Unidade, identidade, atividade e relação com mundo externo sem alterações Insight Adequado O que avaliamos no exame do estado mental 35

36 Diagnóstico em Psiquiatria O exame psíquico  SPP APRESENTAÇÃO (Como o paciente se apresenta à consulta) Aparência adequada, extravagante, bizarra Higiene: adequada ou não Psicomotricidade ativo, coordenação motora

Atitude/Comportamento para com o entrevistador: (fala, gestos, mímica e movimentos corporais) Cooperante Não cooperante: Oposição – se recusa a participar da entrevista Hostil – ofende, ameaça ou agride fisicamente De fuga – reflete o medo do paciente Desconfiança – “Você é mesmo médico?”, “Existem microfones aqui?” Querelante – discute ou briga por se sentir prejudicado ou ofendido Reivindicativa – “Quero ter alta agora 37

Atitude/Comportamento para com o entrevistador: fala, gestos, mímica e movimentos corporais Arrogante: atitude de desdém ou sentir-se superior Evasiva: evita reponder certas perguntas, desvia-se do assunto Invasiva: quer saber sobre a vida do examinador, mexe em objetos do consultório Esquiva: evita contato social Inibida: pouco à vontade Desinibida: inconveniente Jocosa: fazendo piadas ou brincadeiras 38

Atitude/Comportamento para com o entrevistador: (fala, gestos, mímica e movimentos corporais) Irônica, denotando arrogância e agressividade Lamuriosa: queixosa o tempo todo Dramática: teatral, hiperemotividade Sedutora: elogios e tentativas de agradar ou depertar interesse sexual Pueril: infantilismo, comportamentos regressivos Gliscróide : grudento, atitude pegajosa e inconveniente 39

Atitude/Comportamento para com o entrevistador: (fala, gestos, mímica e movimentos corporais) Simuladora: finge ter doença ou sintoma // O que é diferente de: Dissimuladora: tentando ocultar sintomas Indiferente: belle indiference Manipuladora: “jogos” de perde e ganha, condiciona respostas Submissa: não expressa o que deseja ou a contraria Expansiva: trata a todos como pessoas íntimas Amaneirada: maneirismos, trata o médico como “Vossa Excelência” Reação de último momento: cooperação no último momento 40

Observação da Motricidade 41 Apraxia : comprometimento da capacidade de executar movimentos, gestos ou habilidades previamente aprendidos (p. ex : utilização de utensílios e instrumentos) Ecopraxia (reações em eco, durante as quais o paciente repete os gestos ( ecopraxia ), a fala (ecolalia) ou a mímica Hipocinesia / Acinesia / Hipercinesia : velocidade na realização de movimentos Estereotipias : repetição não voluntária de movimentos para os quais não percebemos finalidade ou intenção. Diferenciar de tiques, as acatisias e os movimentos discinéticos induzidos pelo uso dos anti-psicóticos Flexibilidade cérea : O paciente apresenta-se como se fosse um boneco de cera e pode ser movimentado de forma passiva, sem opor resistência alguma, apresentando ainda tendência a permanecer na posição em que é colocado, mesmo que se antinatural e incômoda

Portanto: Consciência = É a capacidade de se situar em relação a si (auto psíquica) mesmo e ao ambiente ( alopsíquica ) Consciência da realidade - Consciência do eu 42 Diagnóstico em Psiquiatria: O exame psíquico  SPP Uma pessoa está pode ser considerada dotada de CONSCIENCIA quando está integrando, de forma coerente e compartilhada, o que a rodeia, desde que lhe sejam fornecidos os mínimos dados necessários para isso e sabe de si.

Orientação no espaço ; Orientação no tempo; Orientação quanto às pessoas ; Orientação situacional Orientação para a sua própria pessoa (Consciência do Eu) 43 EXAME DO ESTADO DE CONSCIÊNCIA Consciência da realidade - É o conhecimento (o dar-se conta) que o indivíduo tem de suas vivências internas, de seu corpo e do mundo externo. É avaliada através da Orientação.

ALTERAÇÕES DO ESTADO DE CONSCIÊNCIA 44

EXAME DO ESTADO DE CONSCIÊNCIA DO EU 45 Sujeito de minhas vivências Eu único Eu mesmo no tempo Eu versus ambiente

EXAME DO ESTADO DE CONSCIÊNCIA A ATENÇÃO 46

EXAME DO ESTADO DE CONSCIÊNCIA ALTERAÇÕES DA ATENÇÃO 47 A boa vigilância é associada à capacidade de uma pessoa de reagir e integrar momentanea e imediatamente eventos do meio circundante, aplicando algum “filtro seletivo” quanto à sua importância .

DEFINIÇÃO: capacidade dos seres vivos de reagir, através de órgãos dos sentidos e estruturas próprio-sensitivas , a diferentes estímulos provenientes do meio ambiente, mas também do seu próprio corpo, de maneira a produzir uma representação mental desses ambientes, com o objetivo maior de auto-preservação (obtenção de alimentos e escape) e reprodução. Os estímulos podem ser: auditivos, visuais, olfativos, táteis e gustativos 48 AVALIAÇÃO DA SENSOPERCEPÇÃO AVALIAÇÃO DA SENSOPERCEPÇÃO

49 AVALIAÇÃO DA SENSOPERCEPÇÃO A apreensão/integração do mundo circundante se dá em 3 momentos e/ou funções. REAÇÕES FÍSICO-QUÍMICAS INTEGRAÇÃO DE CONTORNOS E FORMAS ISOLADAS, EM SUAS RELAÇÕES TRIDIMENSIONAIS E COM O ENTORNO. INTEGRAÇÃO DA CENA E SITUAÇÃO VIVIDAS, LOCALIZANDO-A NO TEMPO E ATRIBUINDO-LHE SENTIDO .

Adaptado de apostila do Prof. Márcio Amaral (UFF) 50 ALTERAÇÕES SENSOPERCEPTIVAS ILUSÕES ALUCINAÇÕES

ALTERAÇÕES SENSOPERCEPTIVAS: ILUSÕES 51 Ilusões: estímulos sensoriais reais são confundidos ou interpretados erroneamente; quando há redução de estímulos ou do nível de consciência (delirium); por exemplo, um cinto é percebido como uma cobra, miragens no deserto (enxerga-se água nas dunas) Dismegalopsias: são ilusões nas quais os objetos ou pessoas tomam tamanho e/ou distâncias irreais Macropsias / Micropsias , parecem menores e mais distantes (lesão temporal posterior e intoxicações por drogas)

Os objetos captados através da PERCEPÇÃO normal (consideremos a visão): 1) Aparecem no espaço objetivo externo. 2) Têm frescor sensorial e nitidez: intensidade, cores, timbres, etc. 3) São percebidos como CORPÓREOS e tridimensionais 4) São independentes da nossa vontade. 5) São ESTÁVEIS enquanto presentes no raio de percepção. 52 ALTERAÇÕES SENSOPERCEPTIVAS: ALUCINAÇÕES AS ALUCINAÇÕES SÃO REPRESENTAÇÕES COM AS CARACTERÍSTICAS DE UMA PERCEPÇÃO NORMAL, DAÍ A “CERTEZA” DO PACIENTE

Por isso, as ALUCINAÇÕES podem ter todas as representações ( re-apresentações ) que conhecemos pelas vivências sensoriais. Diferenciam-se das PSEUDO-ALUCINAÇÕES : estas também são representações mais vívidas do que o habitual , ESTÁVEIS, SEM a sensação de corporeidade e, principalmente, SEM poder de convencimento de sua existência real . 53 ALTERAÇÕES SENSOPERCEPTIVAS: PSEUDO-ALUCINAÇÕES AS ALUCINAÇÕES SÃO REPRESENTAÇÕES COM AS CARACTERÍSTICAS DE UMA PERCEPÇÃO NORMAL, DAÍ A “CERTEZA” DO PACIENTE

54 ALTERAÇÕES SENSOPERCEPTIVAS: CORRELAÇÕES CLÍNICAS 1) As alucinações podem se apresentar em qualquer dos sentidos e as auditivo-verbais são muito associadas às esquizofrenias. Mas não é essencial. 2) Deve-se perguntar ao paciente se, no início das alucinações, ele tentava se certificar se os outros também as experimentavam; se tentava comprovar suas representações, por exemplo, abrir a janela para se certificar de onde viriam as “vozes”; ou se discutia e retrucava (atitude alucinatória). 3) Verificar se o paciente é alcoólatra: podem tratar-se de “ alucinose alcoólica” 4) Distinguir as alucinações cenestésicas: são proprioceptivas e do esquema corporal 5) falsas percepções proprioceptivas: membro fantasma 6) pareidolias : a partir de uma percepção verdadeira, a pessoa associa uma representação de caráter imaginativo. Ex.: ver carneiros a partir das nuvens.

55 AVALIAÇÃO DA MEMÓRIA DEFINIÇÃO: A memória é a capacidade de fixar (reter), consolidar e evocar, de maneira intencional ou não, ao menos uma parte, daquilo que foi experimentado . É a capacidade de esquecer, mas também a seleção do experimentado , que dão a marca de uma individualidade. Lei de Ribot – mais recentes para mais antigas, mais complexas para mais simples

56 AVALIAÇÃO DA MEMÓRIA Alterações Amnésia seletiva: esquece apenas determinado fato e mantém os outros da mesma época

Linguagem A linguagem, particularmente na sua forma verbal, é uma atividade especificamente humana, talvez a mais característica de nossas atividades mentais Características da fala Progressão da fala Diagnóstico em Psiquiatria: O exame psíquico  SPP 57

Linguagem Alterações Afasia / Agrafia / Alexia Disartria Parafasias : São formas mais discretas de déficit de linguagem, nas quais o indivíduo deforma determinadas palavras, como designar de “ cameila ” a cadeira, de “ ibro ” o livro, e assim por diante. Logorreia / Loquacidade / Bradifasia / Mutismo Diagnóstico em Psiquiatria: O exame psíquico  SPP 58

Linguagem A linguagem na esquizofrenia: A linguagem na esquizofrenia pode sofrer alterações muito peculiares. Tais alterações são indicativos de como o processo de pensar, a formação e a utilização de conceitos, juízos e raciocínios estão profundamente afetados pela desestruturação esquizofrênica. O sinal extremo da desarmonia das estruturas de pensamento e de linguagem é o desenvolvimento de uma linguagem completamente incompreensível, uma língua privada (do doente) que ninguém entende, denominada criptolalia . Diagnóstico em Psiquiatria: O exame psíquico  SPP 59

Inteligência A inteligência pode ser inferida através do desempenho intelectual durante o exame e através de perguntas como: o troco em dinheiro para 6,37 quando se deu 10,00; multiplicar 2 X12; 2X24;2X48; 2X96; etc A capacidade de abstração deve ser avaliada através da solicitação de interpretação de provérbios e metáforas ("Quem não tem cão, caça com gato"; "Mais vale um pássaro na mão que dois voando"; Não se tira leite de pedras ); e da comparação de objetos semelhantes e diferentes (maçã e laranja, criança e anão, mentira e engano). 60 Diagnóstico em Psiquiatria: O exame psíquico  SPP

Pensamento No processo de pensar distinguem-se: O curso do pensamento é o modo como o pensamento flui, a sua velocidade e seu ritmo ao longo do tempo. A forma do pensamento é a sua estrutura básica, sua “arquitetura”, preenchida pelos mais diversos conteúdos e interesses do indivíduo. O conteúdo do pensamento pode ser definido como aquilo que dá substância ao pensamento, os seus temas predominantes, o assunto em si. Diagnóstico em Psiquiatria: O exame psíquico  SPP 61

Alterações do Curso: Aceleração do pensamento: O pensamento flui de forma muito acelerada, uma idéia se sucedendo à outra rapidamente. Lentificação do pensamento: Em alguns pacientes gravemente deprimidos, o pensamento progride lentamente, de forma dificultosa. Há certa latência entre as perguntas formuladas e as respostas. Bloqueio ou interceptação do pensamento: Verifica-se o bloqueio do pensamento quando o paciente, ao relatar algo, no meio de uma conversa, brusca e repentinamente interrompe seu pensamento, sem qualquer motivo aparente. Roubo do pensamento É uma vivência, frequentemente associada ao bloqueio do pensamento, na qual o indivíduo tem a nítida sensação de que seu pensamento foi roubado de sua mente, por uma força ou ente estranho, por uma máquina, uma antena, etc. Diagnóstico em Psiquiatria: O exame psíquico  SPP 62

Alterações do Curso: Descarrilhamento do pensamento: O pensamento passa a extraviar-se de seu curso normal, toma atalhos colaterais, desvios, pensamentos supérfluos, retornando aqui e acolá ao seu curso original. Desagregação do pensamento: Neste caso, há profunda e radical perda dos enlaces associativos, total perda da coerência do pensamento. Sobram apenas “pedaços” de pensamentos, conceitos e idéias fragmentadas, muitas vezes irreconhecíveis, sem qualquer articulação. Diagnóstico em Psiquiatria: O exame psíquico  SPP 63

Alterações da forma: Fuga de idéias: Na fuga de idéias, as associações entre as palavras deixam de seguir uma lógica ou finalidade do pensamento e passam a ocorrer por assonância, e as idéias se associam muito mais pela presença de estímulos externos contingentes. Dissociação do pensamento: É a designação cunhada por Bleuler (1985) para a desorganização do pensamento encontrada em certas formas de esquizofrenia. Afrouxamento das associações: Neste caso, embora ainda haja concatenação lógica entre as idéias, nota-se já o afrouxamento dos enlaces associativos. Diagnóstico em Psiquiatria: O exame psíquico  SPP 64

Conteúdo do pensamento: O conteúdo do pensamento é aquilo que preenche a estrutura do processo de pensar. A observação clínica indica que os principais conteúdos que preenchem os sintomas psicopatológicos são: Persecutórios Depreciativos Religiosos Sexuais De poder, riqueza, prestígio ou grandeza De ruína ou culpa Conteúdos hipocondríacos Diagnóstico em Psiquiatria: O exame psíquico  SPP 65

Conteúdo do pensamento: o Delírio As idéias delirantes, ou delírio, são juízos patologicamente falsos. Dessa forma, o delírio é um erro do ajuizar que tem origem na doença mental. Jaspers (1979) descreveu três características ou indícios externos que, do ponto de vista prático, são muito importantes para a identificação clínica do delírio: O doente apresenta uma convicção extraordinária, uma certeza subjetiva praticamente absoluta; A sua crença é total; a seu ver, não se pode colocar em dúvida a veracidade de seu delírio. Diagnóstico em Psiquiatria: O exame psíquico  SPP 66

Conteúdo do pensamento: o Delírio 2. É impossível a modificação do delírio pela experiência objetiva, por provas explícitas da realidade, por argumentos lógicos, plausíveis e aparentemente convincentes. 3. O delírio é, quase sempre, um juízo falso; o seu conteúdo é impossível. Deve-se acrescentar, aos três indicativos ou características externas do delírio descritas por Jaspers , uma quarta característica, que ajuda a diferenciar o delírio de determinadas crenças culturais: O delírio é uma produção associal , idiossincrática em relação ao grupo cultural do doente. Diagnóstico em Psiquiatria: O exame psíquico  SPP 67

Vontade e Pragmatismo Processo volitivo: I ntenção Análise Decisão Execução Diagnóstico em Psiquiatria: O exame psíquico  SPP 68

Vontade e Pragmatismo Alterações Hipobulia ou abulia – diminuição e abolição da vontade; Hiperbulia Enfraquecimento dos impulsos – anorexia, insônia, perda da libido; Intensificação – bulimia, potomania (hábito de beber quantidades excessivas de água, mesmo sem sede), hipersonia , e ninfomania satiríase (masculino) Comportamentos heteroagressivos , frangofilia (estraçalha roupas, travesseiros, etc ), piromania, dromomania (vontade incontrolável de fugir, perambular), dipsomania (álcool) Diagnóstico em Psiquiatria: O exame psíquico  SPP 69

Vontade e Pragmatismo Alterações Compulsões – toxicofilia , comer compulsivo, jogo patológico, cleptomania, internet, comprar, sexo e pornografia, vigorexia , ortorexia Comportamento de automutilação e suicida, alotriofagia (perversão alimentar: apetite descontrolado por coisas não comestíveis como sabão, areia, etc ), parafilias (padrão sexual em que a relação sexual não representa o prazer mas voyeurismo, sadismo, etc ), ambitendência , negativismo, reação de último momento, sugestionabilidade patológica e obediência automática Diagnóstico em Psiquiatria: O exame psíquico  SPP 70

Afetividade e Humor Humor é a tonalidade de sentimento predominante, e mais constante, que pode influenciar a percepção de si mesmo, e do mundo ao seu redor. Afeto é a experiência da emoção subjetiva e imediata, ligada a idéias ou representações mentais e que pode ser observada pelas suas manifestações objetivas: alegre, triste, embotado, expansivo, lábil, inapropriado. Em outras palavras, humor se refere à emoção predominante, mais constante, enquanto afeto é a sua expressão, o que se observa, sendo mais flutuante. Diagnóstico em Psiquiatria: O exame psíquico  SPP 71

Afetividade e Humor Ansiedade; medo e tensão; irritabilidade, raiva, ódio, desprezo, hostilidade; labilidade afetiva (rápidas alternações de afetos opostos); incontinência emocional (deixar transparecer todas emoções que sente, geralmente sendo estas intensas); indiferença afetiva ou " la belle indiference “ afeto inapropriado ou incongruente (em relação ao que está sendo relatado); afeto hipomaníaco e maníaco, exaltado, expansivo: euforia e êxtase (sendo este sentimento desproporcional às circunstâncias); afeto deprimido: tristeza, desesperança, baixa auto-estima e sentimentos de culpa; apatia, afeto achatado ou embotado (resposta emocional diminuída ou indiferente às alterações dos assuntos) Diagnóstico em Psiquiatria: O exame psíquico  SPP 72

Juízo de Morbidade (Juízo crítico) É a capacidade para perceber e avaliar adequadamente a realidade externa e separá-la dos aspectos do mundo interno ou subjetivo. Implica separar sentimentos, impulsos e fantasias próprios, de sentimentos e impulsos de outras pessoas. Refere-se, ainda, à possibilidade de autoavaliar-se adequadamente e ter uma visão realista de si mesmo, suas dificuldades e suas qualidades. Insight É uma forma mais complexa de juízo. Envolve um grau de compreensão do paciente sobre si mesmo, seu estado emocional, sua doença e as conseqüências desta sobre si, pessoas que o cercam e sua vida em geral. Diagnóstico em Psiquiatria: O exame psíquico  SPP 73

74 - Aparência do paciente - Nível de Consciência: grau de lucidez e exame quanto à capacidade de orientação, atenção e concentração - Memória: imediato e tardio (fixação e evocação) - Inteligência: “capacidade de adaptação ou de “resolução de problema”, afetada pela cultura (pode confundir o examinador) - Afetividade Incluem-se aqui o humor básico do paciente, o estado de animo atual - Sensopercepção : ilusões e alucinações - Vontade: hipobúlico , hiperbúlico ou mesmo abúlico - Psicomotricidade: dependente da vontade e da afetividade - Pensamento: curso, sua forma e seu conteúdo SÚMULA PSICOPATOLÓGICA Diagnóstico em Psiquiatria: O exame psíquico  SPP

75 1. Aspecto geral: cuidado pessoal, higiene, trajes, postura, mímica, atitude global do paciente. 2. Nível de consciência. 3. Orientação alo e autopsíquica. 4. Atenção. 5. Memória (fixação e evocação). 6. Sensopercepção. 7. Pensamento (curso, forma e conteúdo). 8. Linguagem. 9. Inteligência. 10. Juízo de realidade. Diagnóstico em Psiquiatria: O exame psíquico  SPP

76 Diagnóstico em Psiquiatria 11. Vida afetiva (estado de humor basal, emoções e sentimentos predominantes). 12. Volição. 13. Psicomotricidade. 14. Consciência e valoração do Eu. 15. Vivência do tempo e do espaço. 16. Personalidade. 17. Descrever sentimentos contratransferenciais. 18. Crítica em relação a sintomas e insight. 19. Desejo de ajuda. 20. Se for o caso, o tratamento é voluntário ou involuntário? - Súmula do exame psíquico (fazer um resumo, utilizando os termos técnicos) Dalgalarrondo, 2008

77 Funções mais afetadas nos transtornos psico-orgânicos Nível de consciência Atenção* Orientação Memória Inteligência Linguagem** Funções mais afetadas nos transtornos afetivos, neuróticos e da personalidade Afetividade Vontade Psicomotricidade Personalidade Funções mais afetadas nos transtornos psicóticos Sensopercepção Pensamento Juízo de realidade Vivência do Eu Tb quadros afetivos (mania, principalmente) / ** Tb nas psicoses Dalgalarrondo , 2008 Diagnóstico em Psiquiatria: O exame psíquico  SPP

78 Anamnese + Exame psíquico Diagnóstico Classificação Atualmente: - DSM IV / V - CID 1010 / CID 11 (ainda não publicada) Diagnóstico em Psiquiatria: O exame psíquico  SPP

Há diferentes realidades: Realidade x crenças e valores Realidade = concepção físico- moral forma de construir o mundo Diagnóstico em Psiquiatria: Contribuição da antropologia para a compreensão de diferentes modos de construção dos espaços de fala:a s perspectivas individualista e hierárquicas 79

Bibliografia: Associação Mundial de Psiquiatria. 2004. Diretrizes para avaliação diagnóstica (IGDA). Versão em português disponível no site http://www.abpbrasil.org.br . Palavra para busca: IGDA MACKINNON, R. A entrevista psiquiátrica na prática diária. Porto Alegre, Artes Médicas, 1981. cap.1 pág. 15 a 63 e cap.15- pág 349 a 364 e cap.17 – pág.368 a 374. DALGALARRONDO, P. Piscopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais . Porto Alegre, ArtMed Editora, 2000. cap. 8, pág 50-60. HENRI EY, Manual de Psiquiatria . Ed.Masson, SP. 1985,2ª edição SULLIVAN, Harry Stack. A entrevista psiquiátrica . Rio de Janeiro. Interciência, 1983. ZUARDI AW & LOUREIRO SR. Semiologia psiquiátrica . Medicina, Ribeirão Preto, 29: 44-53, jan./mar. 1996. 80