Anatomia Do Cão Texto E Atlas 5ª Ed.pdf

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About This Presentation

PARA ESTUDOS UNIVERSITARIOS


Slide Content

Klaus-Dieter Budras · Patrick H. McCarthy · Wolfgang Fricke ·
Renate Richter · Aaron Horowitz · Rolf Berg
Anatomia
TEXTO E ATLAS
o Cão

edição

Anatomia do Cão
TEXTO E ATLAS

Anatomia do Cão
TEXTO E ATLAS
Sª edição
Prof. Klaus-Dieter Budras
lnstitute of Veterinary Anatomy
Free University of Berlin
Prof. Patrick H. McCarthy
Dept. of Veterinary Anatomy, University of Sydney
Prof. Aaron Horowitz
Prof. Rolf Berg
Oept. of Structure and Function
School of Veterinary Medicine
Ross University, St. Kitts, West lndies
Ilustradores científicos
Wolfgang Fricke
Renate Richter
Colaboradores
Prof. Dr. Christoph Mülling, Dr. Anita Wünsche e Dr. Sven Reese
Contribuições para a anatomia clínica e funcional
Dr. Sven Reese, Dr. Klaus Gerlach e Prof. Klaus-Dieter Budras
~
Manole
Introdução à técnica radiográfica e diagnóstico por ultrassom
Prof. Cordula Poulsen Nautrup
Introdução à tomografia computadorizada
Dr. Claudia Noller

Outros colaboradores da edição original:
Prof. Dr. Hermann Bragulla, School ofVeterinary Medicine,
Louisiana State University, Baton Rouge, USA
Dr. Klaus Gerlach Ph.D., Tierãntliche Praxis, Berlin
TA Claudia Herrmann, Institui für Veterinãr-Anatomie,
Freie Universitãt Berlin
Dr. Ruth Hirschberg, Institui für Veterin,ir-Anatomie,
Freie Universitãt Berlin
Prof. Dr. Dr. h.c. Horst E. Kõnig, Institui für Anatomie,
Veterinãrmedizin ische Universitãt Wien
Prof. Dr. Dr. h. c. Hans-Georg Liebich, Institui für Tieranatomie,
Ludwig-Maximilians-Universitãt München
Prof. Dr. Christoph Mülling, Faculty ofVeterinary Medicine,
University of Calgary
Dr. Claudia Nõller, Institui für Veterinãr-Anatomie,
Freie Universitãt Berlin
Prof. Cordula Poulsen Nautrup, Institui für Tieranatomie,
Ludwig-Maximilians-Universitãt München
Dr. Sven Reese Ph.D., Institui für Tieranatomie, Ludwig-Maximilians­
-Universitãt München
Dr. Anita Wünsche, Institui für Veterinãr-Anatomie,
Freie Universitat Berlin
Prof. Dr. Paul Simoens, Faculteit Diergeneskunde, Gent, Belgium
Colaboração editorial:
Dr. Silke Buda, Institui für Veterinãr-Anatomie, Freie Universitãt Berlin
índice remissivo:
Thilo Voges, Institui für Veterinãr-Anatomie, Freie Universitãt Berlin
O índice de colaboradores mais antigos, bem como das fontes de ilus­
trações, radiografias e fotografias, pode ser obtido na edição anterior.
Título do original em inglês: Anatomy of the Dog -s•• edition
Copyright© 2010 Schlütersche Verlagsgesellschaft mbH & Co. KG,
Hans-Bõckler-Allee 7, 30173 Hannover
Este livro contempla as regras do Acordo Ortográfico da Língua Portu­
guesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
11-14103
Anatomia do cão : texto e atlas/ Klaus-Dieter
Budras ... [et ai.] ; ilustradores científicos
Wolfang Fricke, Renate Richter ; revisores
cientificos José Roberto Kfoury Junior e Paula de
Carvalho Papa; 1 traduzido por Fabiana
Buassaly Leistner). --5. ed. --Barueri, SP: Manole,
2012.
Outros autores: Patrick H. McCarthy, Aaron
Horowitz, Rolf Berg
Título original: Anatomy of the dog.
Vários colaboradores.
ISBN 978-85-204-3189-4
1. Cães -Anatomia 2. Cães -Anatomia -Atlas
1. Budras, Klaus-Dieter. II. McCarthy, Patrick H ..
lll. Horowitz, Aaron. IV. Berg, Rolf. V. Fricke,
Wolfgang. VI. Richter, Renate.
CDD-636. 7089100222
lndices para catálogo sistemático:
1. Cães: Anatomia : Atlas 636.7089100222
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida,
por qualquer processo, sem a permissão expressa dos editores.
t proibida a reprodução por xerox.
A Editora Manole é filiada à ABDR -Associação Brasileira de
Direitos Reprográficos.
Edição brasileira -2012
Direitos em língua portuguesa adquiridos pela:
Editora Manole Ltda.
Av. Ceei, 672 -Tamboré
06460-120 -Barueri -SP -Brasil
Fone: (li) 4196-6000
Fax: (li) 4196-6021
www.manole.com.br
[email protected]
1 mpresso no Brasil
Printed in Brazil
Colaboradores da edição brasileira:
Tradução: Ora. Fabiana Buassaly Leistner
Médica veterinária e tradutora
Revisão científica:
Prof. Dr. José Roberto Kfoury Junior
Graduaç.'io em Medicina Veterinária pela Universidade de São Paulo (USP)
Mestrado em Patologia Animal pela Tokyo University of Marine Science
and Technology-Japão
Doutorado em Imunologia pela Tokyo University of Marine Science
and Technology-Japão
Pós-Doutorado pela Justus Liebig Universitãt lnstitute for Veterinary
Anatomy Giessen -Alemanha
Professor Doutor do Setor de Anatomia, Departamento de Cirurgia da
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de
São Paulo (USP)
Profa. Ora. Paula de Carvalho Papa
Graduaçào em Medicina Veterinária pela Universidade de São Paulo (USP)
. Mestrado em Fisiologia Humana pela Universidade de São Paulo (USP)
Doutorado em Medicina Veterinária pela Universitãt Giessen -Alemanha
Pós-Doutorado pela Tierãntliche Hochschtde Hannover e pela
Justus-Liebig Universitãt Giessen -Alemanha
Sabático no I nstitut für Veterinãranatomie, VetSuisse Facultai, Universitãt
Zürich -Suíça
Professora Associada do Setor de Anatomia, Departamento de Cirurgia da
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de
São Paulo (USP)
Diagramação: JLG Editoração Gráfica
Capa: Rafael Zemantauskas

Sumário
Introdução à anatomia.
Anatomia topográfica:
Capitulo l: Superfície corporal e esqueleto axial
1. Divisão do corpo animal .
2. Pele (tegumento comum) .................... .
3. Glândulas cutâneas, modificações da pele, órgãos terminais dos dedos
4. Coluna vertebral e tórax .......................... .
5. Articulações da coluna vertebral e do tórax; articulações atlantoccipital e atlantoaxial (A. v\lüNSCHE e K.-D. BuDRAS)
Capitulo 2: Região do pescoço e do tórax (região cervical e torácica)
1. Músculos cutâneos e nervos cutâneos do pescoço e da parede torácica
2. Músculos extrínsecos dorsais dos membros .
3. Músculos extrínsecos ventrais dos membros
4. Nervos, vasos e órgãos viscerais do pescoço .
Capítulo 3: Membro torácico
1. Esqueleto do membro torácico .................................... .
2. Veias mediais do membro torácico; músculos mediais do ombro e do braço com sua inervação
3. Veias laterais do membro torácico; músculos laterais do ombro e do braço com sua inervaç.'\o .
4. Músculos do antebrnço e sua inervação .................... .
5. Vasos e nervos do membro torácico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..
6. Estruturas sinoviais do membro torácico (A. W'üNSCHE e K.-D. BuDRAS) ..
Capítulo 4: Parede torácica e abdominal
1. Músculos da coluna vertebral, ligamento nucal e nervos cutâneos lombares.
2. Músculos respiratórios .............................. .
3. Parede corporal, prepúcio e glândulas mamárias (mamas) .......... .
4. Músculos abdominais, bainha do músculo reto do abdome, tendão pré-púbico.
5. Região inguinal, espaço inguinal (canal inguinal), lacunas neuromusculares e vasculares.
Capítulo 5: Cavidade torácica
1. Pulmões, bifurcação da traqueia e brônquios (C. MüLLING e K.-D. BuoRAs) ................... .
2. Vasos sanguíneos, nervos e sistema linfático dos pulmões; arco aórtico, linfonodos da cavidade tonícica, timo.
3. Cavidade torácica, pleura e veias da cavidade torácica (C. MüLLING e K.-D. BuoRAS) . . . ....
4. Coração, superfície do coração, parede cardíaca e relações no interior do coração . . .•..
5. Coração, vasos coronários, valvas cardíacas, sistema de condução cardíaca .
6. Sistema nervoso autônomo .
Capítulo 6: Cavidade abdominal
1. Topografia dos órgãos abdominais e relações do peritônio ..
2. Cavidade peritonial, linfonodos do estômago e do intestino, cisterna do quilo e baço .
3. Estômago e intestino delgado, pâncreas . . . . .....
4. Intestino grosso, vasos sanguíneos do estômago e do intestino .............. .
5. Fígado e vesícula biliar (H. BRAGULLA e K.-D. BuoRAs) .................. .
6. Sistema nervoso autônomo, aorta abdominal, veia cava caudal, músculos sublombares e plexo lombar .
Capítulo 7: Órgãos urinários e genitais, pelve
1. Órgãos urinários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2. Bexiga urinária e relações peritoniais dos órgãos genitais
3. Órgãos genitais femininos ................. .
4. Órgãos genitais masculinos, sistema linfático da região lombar e pélvica .
5. Artérias, veias e nervos da cavidade pélvica, glândulas adrenais ..
6. Diafragma da pelve, fossa isquiorretal; artérias, veias e nervos associados .
7. Musculatura lisa do diafragma da pelve e do cíngulo ósseo da pelve .
Capítulo 8: Membro pélvico
1. Esqueleto do membro pélvico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ......... .
2. Músculos da articulação do quadril e sua inervação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ......... .
3. Veia safena medial, nervo obturador, nervo femoral, músculos mediais da coxa, espaço femoral (canal femoral).
4. Veia safena lateral, nervo fibular (peroneal) comum e nervo tibial; músculos crurais (da perna) e músculo poplíteo.
5. Artérias com vasos e nervos acompanhantes do membro pélvico.
6. Estruturas sinoviais do membro pélvico (S. REESE e K.-D. BuoRAS)
Capítulo 9: Cabeça
1. Crânio, incluindo o aparelho hióideo.
2. Crânio, seios paranasais . . . . . ....
3. Sistema linf.ítico, veias superficiais da cabeça, nervo facial (VII)
4. Músculos da face e da mandíbula ................. .
5. Músculos internos (profundos) da mastigação, nervo trigêmeo (V), nervo maxilar (V2) e nervo mandibular (V3)
6. Aparelho lacrimal, nervo óptico (li), nervo oftálmico (V 1), nervos e músculos do olho, e nariz externo ...... .
7. Nariz, laringe, cavidade oral e faringe. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
8. Músculos da faringe, nervos cranianos do grupo vago (IX, X, XI), sistema nervoso autônomo da cabeça, artérias da cabeça, meato acústico externo.
9. Língua, músculos da língua, nervo hipoglosso (XII), glândulas salivares e dentição
10. Articulações da cabeça (S. REESE e K.-D. BuoRAS).
1
2
4
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12
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94
96
98
. 100
. 102
. 104
. 106
V

VI
Capítulo 10: Sistema nervoso central
1. Medula espinal e meninges . . . . . . ...... .
2. Cérebro e seus revestimentos meníngeos. . . ...... .
3. Cérebro (telencéfalo), tronco encefálico e sistema límbico.
4. Rinencéfalo, locais de emergência dos nervos cranianos e irrigação do encéfalo
5. Veias cerebrais, seios da dura-máter, ventrículos cerebrais e plexos coroides
Capítulo l l: Órgãos dos sentidos
1. Olho (P. SIM0ENS e K.-O. BUDRAS). . . . . . . . . . ......... .
2. Orelha (H. KÕNIG e K.-O. BuDRAS). . . . . . . . . . ......... .
3. Órgãos olfatórios e gustativos (qtúmicos); sensibilidade superficial, profunda e visceral.
Anatomia especial
1. Miologia . . . . . ......... .
2. Linfologia . . . . ......... .
3. Nervos cranianos (C. HERRMANN e K.-O. 8UORAS).
Anatomia geral
1. Osteologia: ossificação membranosa e condral; crescimento dos ossos em comprimento e diâmetro.
2. Osteologia: estrutura e forma do osso e cartilagem ....
3. Artrologia: conexões dos ossos e forma das articulações ..
4. Miologia: miologia geral ................... .
5. Miologia: musculatura esquelética e suas estruturas acessórias
6. Sistema nervoso. . . . . . . . . . . . . . .
7. Sistema endócrino ................. .
8. Sistema cardiovascular (R. HmsCH8ERG)
9. Sistema linfático (H.-G. LIEBICH e K.-O. BuDRAS)
10. Glândulas, membranas mucosas e serosas .
Introdução aos princípios físicos e técnicos dos diagnósticos radiográficos e ultrassonográficos (C. PouLSEN NAUTRUP) .
Introdução à tomografia computadorizada (C. NõLLER) .
Contribuições para a anatomia clínica e funcional
Referências bibliográficas .
Índice remissivo. . . . . . .
Como utilizar este livro:
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. 213
Os quadros apresentados no início das páginas de texto abordam a anatomia topográfica e fornecem informações sobre a dissecç.'io das áreas mostradas nas
figuras. Tais informações podem também ser utilizadas como instruções resumidas de dissecção. O destaque em negrito de termos de estrutur-dS anatômicas é
empregado para dar ênfase e, quando esses termos são acompanhados por números, significa que sào representados na página adjacente de ilustração, nos quais
são identificados pelo mesmo número. Os números na margem das páginas de texto referem-se à "anatomia clínica e funcional''. Os números na parte de anato•
mia clínica dizem respeito à página correspondente na anatomia topográfica; p. ex., '8.2' refere-se à parte numerada '2' na página 8. As abreviaturas dos termos
anatômicos estão de acordo com a Nômina Anatômica Veterinária (2005). Outras abreviaturas são explicadas ao longo do texto, bem como nos títulos e legendas
para as ilustrações. Algumas abreviaturas que não costumam ser empregadas estão listadas aqui:
Os nervos cranianos são designados por algarismos romanos {1-Xll).
Nervos espinais:
n -Nervo espinal
nd -Ramo dorsal do nervo espinal
ndl -Ramo dorsolateral
ndm -Ramo dorsomedial
nv -Ramo ventral
nvl -Ramo ventrolateral
nvm -Ramo ventromedial
nC -Nervo cervical (p. ex., nCI -nervo cervical I)
nCy -Nervo coccígeo sacrocaudal
nL -Nervo lombar
nS -Nervo sacra)
nT -Nervo torácico
Vértebras:
vC -Vértebra cervical (p. ex., vC3 -vértebra cervical Ili)
vL -Vértebra lombar
vS -Vértebra sacra!
vT -Vértebra torácica

Prefácio da quinta edição
A presente edição revisada e ampliada foi publicada em um momento de mu­
danças, caracterizado pela nomeação de novas cadeiras de anatomia na Ale­
manha. A tendência à dinamização do tempo no ensino da anatomia existe
há muito tempo, o que em certo grau parece ser aceitável e inevitável para a
elaboração de novos temas educativos. Como essa tendência parece assumir
grandes proporções atualmente, há o risco de renúncia parcial ou até mesmo
total da dissecção do corpo animal, que desde a época de Leonardo da Vin­
ci tem sido considerada um método muito eficiente e essencial para o apro­
fundamento do aprendizado. Não pretendemos compensar a deficiência nos
exercícios práticos por meio de nossos desenhos anatômicos, mas esse aspecto
negativo decerto será amenizado. Especialmente na fase inicial do currículo
acadêmico, nossas figuras realistas na seção de atlas do nosso livro têm o valor
indiscutível de fornecer a base essencial para a compreensão de representações
esquemáticas e esboços muito utilizados. Para a dissecção e a reprodução pic­
tórica, o procedimento topográfico-anatômico oferece a enorme vantagem de
que assuntos abrangentes podem ser transmitidos de forma concisa em uma
realidade natural. Para o clínico veterinário, os modelos topográficos são apro­
priados para orientação em procedimentos cirúrgicos.
O enfoque da tomografia computadorizada, que graças à Ora. Nõller foi inte­
grada na edição atual, tem o objetivo de proteger um campo atraente de ativi­
dade para a anatomia. A revelação da estrutura normal por meio da tomografia
computadorizada e a apresentação de casos clínico-funcionais oferecem uma
base sólida para o desenvolvimento e a aplicação dos procedimentos para ob­
tenção de imagens no currículo clínico e mais tarde na prática da medicina
veterinária.
Os autores
Prefácio da primeira edição alemã (resumido)
Anatomia do Cão -Texto e Atlas foi concebido tanto como um compêndio
quanto como um guia introdutório à dissecção anatômica topográfica, sendo
ideal para o ensino. O material de anatomia foi preparado a partir de um ponto
de vista topográfico com a separação em sistemas. Para isso, as áreas de osteo­
logia, miologia, angiologia, neurologia e esplancnologia das diferentes partes
do corpo foram abordadas em sequência -considerando sua relação recíproca
entre si -e demonstradas por modelos topográficos coloridos com diagramas
esquemáticos complementares. Os métodos de apresentaçáo enfatizam as rela­
ções topográficas entre os vasos e nervos considerados, com ênfase no acordo
da nomenclatura. Nesse sentido, a preocupação quanto à multiplicidade, am­
plitude e complexidade do material deve ser minimizada. A didática escolhida
aqui, que inter-relaciona conteúdo, ilustração e descrição, oferece a vantagem
de ser capaz de lidar com conceitos fundamentais em um espaço menor.
O presente livro oferece aos estudantes um material ilustrativo claramente
organi1,ado e um material suplementar resumido para estudo e uso em sala
de aula, bem como um auxilio para revisáo, especialmente no preparo para
exames. Para o clínico veterinário, este livro está disposto como uma fonte de
rápida consulta, além de refrescar a memória e aprofundar o que foi previa­
mente aprendido. A amplitude, a divisão e a sequência do material estão de
acordo com a dissecção topográfica ensinada aos estudantes da Free University
of Berlin como programa de aula em seu primeiro semestre acadêmico. Com o
alicerce estabelecido, o estudo subsequente de anatomia comparada e clinica­
mente aplicada torna-se contínuo. A anatomia topográfica é o fundamento e o
segredo para compreender a medicina associada, sendo de especial valor para
o ci rurg.ião e o patologista.
O Prof. Fritz Preuss introduziu a anatomia topográfica do corpo inteiro do ani­
mal em Berlin1, mas suas instruções sobre dissecção direcionaram o método de
ensino para a redução e o reposicionamento drásticos dos exercícios de dissec­
ção. O método bem-sucedido e exato de dissecção com o curto tempo dispo­
nível impõe altas exigências sobre os estudantes e requer um apoio amplo dos
instrutores. Com seu caráter fiel à recriaç.'io natural das áreas de dissecçáo com
texto de acompanhamento, o presente atlas também deve servir para essa fina­
lidade. As instruções para dissecção da preparação ilustrada e as orientações à
pessoa responsável pela execução da tarefa foram inseridas no início da parte
descrita. As estruturas a serem dissecadas são particularmente enfatizadas no
texto em negrito. Por conta das limitações de espaço, as variações anatômicas
receberam menos atenção. A Nômina Anatômica Veterinária (Holzhausen,
Viena 1973) foi utili1A1da, o que também se manteve na parte principal do li­
vro para as abreviaturas aplicadas. Além disso, no material escrito, apenas as
vértebras e os ramos nervosos foram abreviados (p. ex., YL 1 para a primeira
vértebra lombar; nl 1 vi para o ramo ventrolateral do primeiro nervo lombar).
Nas legendas das figuras e nas composições de tabelas, também em virtude de
limitações de espaço, algumas abreviaturas não muito usuais tiveram de ser
adotadas. As sugestões e os anseios dos estudantes, por exemplo em relação às
tabelas sobre miologia especial, foram amplamente considerados.
As dissecções obtidas a partir da coleção anatômica do Departament of Ana­
tomy, Histology and Embriology (Institute for Veterinary Anatomy, Histology
and Embryology) da Free University of Berlin serviram como modelos para as
figuras. Essas amostras foram preparadas pela equipe técnica do departamen­
to, composta pelo Sr. Seifert, o Sr. Oressel e o Sr. Schneider.
Os autores
Vll

Introdução à anatomia
O termo anatomia origina-se da palavra grega anatemnein, que significa dis­
secar, separar. O importante anatomista Hyrtl também discorreu sistematica­
mente sobre a arte da dissecção. O significado original é verdadeiro até os dias
de hoje, embora o termo tenha ganhado um significado mais amplo. A anato­
mia moderna não está limitada à mera descrição, mas enfatiza as inter-relações
entre a forma e a função, bem como a aplicação do conhecimento anatõmico
na clínica. Dessa forma, o estudante adquire atualmente grande parte de seu
conhecimento por meio da dissecção do corpo do animal no laboratório, onde
ele desvenda a "verdade nua e crua''. Essa prática também serve para obter a
destreza necessária, que mais tarde, na vida profissional, principalmente na
cirurgia, terá imensurável valor. Além disso, dificilmente existirão limites para
a investigação realizada em uma dissecção entusiasmada. Até mesmo a melhor
coleção anatômica de dissecções notáveis de demonstração não pode substituir
o trabalho prático no laboratório, mas sem dúvida pode torná-lo mais fáci 1
e eficiente. O estudo minucioso de preparações anatômicas é indispensável,
assim como o uso diligente de livros e atlas. Todos esses auxílios são mais re­
levantes do que nunca, pois há muito menos tempo disponível para o trabafüo
prático no laboratório do que antigamente. Foi inevitável encurtar o tempo de
ensino dedicado à anatomia em favor de disciplinas mais recentes.
O estudo anatômico é, ao contrário de qualquer outra disciplina básica, impor­
tante no aprendizado da linguagem médica, a terminologia. Muitos termos
utilizados para doenças e métodos terapêuticos têm sua origem em termos
anatômicos. Pesquisas e descrições ao longo dos séculos trouxeram uma abun­
dância imprevista e inesperada de sinônimos. A função da comissão de no­
menclatura internacional tem sido de diluir a imensidão de termos e publicar
uma lista reconhecida de termos oficiais com sinônimos úteis.
Em sua totalidade, a anatomia é subdividida em anatomia macroscópica, mi­
croscópica e evolutiva. Contudo, as áreas da anatomia fluem em conjunto sem
fronteiras, formando uma unidade -um ponto de vista constante e convin­
centemente defendido pelo importante anatomista veterinário de Berlim e,
antes disso, titular do nosso departamento, Prof. Preuss. A área mais antiga e
mais abrangente é a anatomia macroscópica, muitas vezes equiparada à termi­
nologia anatômica. Quando o ofüo nu e a lente manual de dissecção, que são
os acessórios para observação na anatomia macroscópica, não são mais sufi­
cientes, passa-se para a área de anatomia microscópica (histologia e citologia),
para a qual o microscópio serve corno acessório. O limite entre a anatomia
macroscópica e microscópica também recebe o nome de mesoscopia, que está
crescendo e.ada vez mais em termos de importância. Esta última área lida com
o mesmo material e tem os mesmos objetivos; apenas a técnica é diferente. A
terceira área, a embriologia, está envolvida com a ontogênese (desenvolvimen­
to do indivíduo) antes e depois do nascimento e, além dos métodos embrioló­
gicos, também aplica métodos macroscópicos, microscópicos e mesoscópicos.
Assim como as demais disciplinas, a anatomia macroscópica pode ser apresenta­
da a partir de diferentes pontos de vista, com ênfase em áreas especiais de maior
dificuldade. Ao fazer isso, os fatos básicos, é claro, permanecem inalterados.
A anatomia sistemática descritiva descreve o corpo do animal com todas as
suas partes como sistemas de estruturas e sistemas de órgãos, estritamente divi­
didos entre si e, portanto, sem atenção à sua interdependência natural. Descri­
ções amplas tratam de muitos detalhes e permitem, algumas vezes, que o foco
em algo importante seja negligenciado; apesar disso, tais descrições constituem
um pré-requisito necessário para os outros tipos subsequentes de observações
para as quais a anatomia descritiva tem conduzido.
A anatomia sistemática pode ser subdividida posteriormente em anatomia ge­
ral e especial.
A anatonúa geral trata de fatos que geralmente são válidos para todo o sistema
de estruturas ou o sistema ele órgãos.
A anatomia especial fornece dados especiais para esses sistemas de estruturas
e órgãos que incluem as estruturas individuais, como um osso.
A anatomia comparada enfati1..a as correlações, similaridades e variações
anatômicas entre as espécies animais e os seres hun1anos. As comparações ele
anatomia entre as espécies individuais são muito frequentemente informativas
e úteis para homologia e para determinar a função da estrutura anatômica.
Goethe já utilizava princípios da anatomia comparada e descobriu o osso in­
cisivo dos seres humanos. Esse osso aparece regularmente em nossos animais
domésticos e somente de vez em quando em seres humanos. Em seu estudo do
crânio humano, Goethe encontrou uma amostra com um osso incisivo desen­
volvido. Foi por meio da comparação com o crânio animal que ele foi capaz de
identificar o osso e estabelecer sua homologia.
A anatomia topográfica enfatiza as várias relações de posição das estruturas
anatômicas e salienta as áreas de aplicação para a clínica médica. A relação de
estruturas anatômicas é analisada passo a passo e, ao fazer isso, todo o plano
estrutural do corpo é levado em consideração.
A anatomia aplicada é direcionada em termos clínicos e enfatiza a relação de
estruturas anatômicas, permitindo a determinação ou a explicação de trata­
mentos ou doenças de animais. Nesse sentido, não apenas a cooperação e o
interesse interdisciplinares pela profissão da veterinária são promovidos, mas
também o aprendizado de anatomia se torna mais fácil.
A anatomia do cão vivo é indubitavelmente uma parte importante da anatomia
como um todo, pois apresenta o corpo em sua condiç.'io natural. Nesse sentido,
as conclusões e os ajustes significativos pela inevitável desvantagem tornam-se
imperativos nos assuntos remanescentes da anatomia como um todo, que obri­
gatoriamente deve tolerar as alterações pós-morte, como variações na cor, con­
sistência e natureza, bem como as mudanças artificiais resultantes da fixaç.'io. A
anatomia do cão vivo não pode receber atenção especial aqui por inúmeras ra­
zões. Esse tipo de anatomia é menos apropriado para se transformar em um livro,
mas pode ser oferecido aos estudantes de forma mais eficiente e bem-sucedida
em um exercício sob a instrução de um anatomista clinicamente experiente.
A anatomia radiográfica e a sonografia estão diretamente conectadas à clí­
nica. No ensino da anatomia, as primeiras experiências são obtidas na análise
de radiografias do corpo normal do animal. Essa experiência será utilizada e
consideravelmente complementada na área associada total de estudo. As apre­
sentações de alterações anormais ou até mesmo patológicas devem despertar o
interesse e consequentemente adicionar o "tempero" ao ensino de anatomia.
O atlas de anatonúa apresentado aqui está adaptado em uma escala especial
para combinar e coordenar de modo significativo os diferentes métodos de
apresentação da anatomia e a maneira de visualizá-la. A parte textual pode ser
apresentada de uma forma muito concisa, já que as diferentes circunstâncias
anatômicas podem ser interpretadas e excluídas de tempos em tempos da ilus­
traç.'\o colorida adjacente. Além disso, uma boa ilustração topográfica colorida
apresenta uma introdução ideal para a dissecção topográfica, que então é com­
plementada apenas por breves comentários. Além disso, os requisitos da anato­
mia veterinária comparada são levados em conta nesse atlas na medida em que
o corpo canino simplesmente estruturado (a partir de muitos pontos de vista)
é apresentado como a "pedra angular". Com base nesse conhecimento, a ana­
tomia mais complexa (a partir de muitos pontos de vista) dos demais animais
domésticos pode ser compreendida pelo aspecto da anatomia comparada.
A arte e a anatomia, com suas inter-relações mútuas, nos causam forte im­
pressão a cada visita a um museu. O artista é inspirado pela beleza do corpo,
e os professores e estudantes de anatomia apreciam e se beneficiam do talento
e do detalhe meticuloso da apresentaç.'io artística. As pretensões artísticas de
Leonardo da Vinci foram dotadas de talento e genialidade, pois seus desenhos
anatômicos abundantes vieram depois de estudos básicos de anatomia. Aristó­
teles publicou entre outras coisas uma descrição anatômica de inversão sexual
senil no pássaro, bem como do casco de cavalo em relação à laminite. Em seu
trabalho A lição de anatomia do Dr. Nicolaes Tulp, Rembrandt imortalizou a
fascinação pela anatomia. Os notáveis da história mundial como Aristóteles,
Leonardo da Vinci e Goethe deram provas de seu entusiasmo pela anatomia
com ilustrações anatômicas, descrições e resultados de pesquisas. O desen­
volvimento da arte educativa e a introdução de modelos em cera plástica na
Alemanha foram creditados a Goethe, que se inspirou durante sua jornada à
Itália, especialmente em Florença. Goethe falou sobre as qualidades dos mo­
delos em cera, que são equivalentes a ilustrações benfeitas fiéis à natureza, em
seu romance Os Anos de Viagem de Will,elm Meister: "se você admitir que a
maioria dos médicos e cirurgiões retém em suas mentes apenas uma impressão
geral do corpo humano dissecado e acreditar que isso satisfaça o propósito, tais
modelos certamente serão suficientes para refrescar a memória aos poucos das
imagens que vão sendo esquecidas e conservar ativamente apenas o necessá­
rio''. Sua mente investigativa influenciou Goethe que, com sua descoberta do
osso incisivo humano, sentiu uma "alegria indescritíver
1

2
Anatomia topográfica
Capítulo 1: Superfície corporal e esqueleto axial
1. Divisão do corpo animal
a) SuBDIVISÂD DO CORPO
As linhas e os planos longitudinais do corpo são úleis para a orientação do
corpo propriamente dito e da superfície corporal. As linhas medianas dorsal
(a) e ventral (b) conslituem as linhas medianas dorsal e ventral do corpo, res­
peclivamente.
O plano mediano (A) corresponde ao plano existente entre as duas linhas
mencionadas. Ele divide o corpo em metades direita e esquerda. Os planos
sagitais (paramedianos) (B) são planos adjacentes situados paralela e lateral­
menle ao plano mediano. Tais planos dividem o corpo no senlido longitudinal,
mas em partes desiguais. Os planos transversos ( C) consistem em planos que
dividem o corpo no sentido transversal, sendo perpendict~ares aos planos me­
diano e sagilal. Os planos dorsais (D) siluam-se paralelamente à superflcie
dorsal do corpo. Esses planos dividem o corpo perpendicularmente aos planos
longitudinal (planos mediano e paramediano) e transverso. Nessa projeção,
aparecem duas faces corporais simétricas; por essa razão, os planos dorsais
também recebem o nome de planos bilaterais.
b) TERMOS QUE DESCREVEM A DIREÇÃO E AS RElAÇÕES TOPOGRÁFICAS DE ÓRGÃOS de­
rivam-se parcialmente de partes do corpo, por exemplo em direção à cauda
( caudal -e}, parcial mente de pontos de referência da superfície corporal, por
exemplo, paralelo ao plano mediano (sagital -d) ou nomeiam-se em relação a
órgãos ocos, como externo ou interno. Além disso, empregam-se termos como
esquerdo e direito, curto e longo ou profundo e superficial, longitudinal ou
transverso, bem como lateral e em direç.'io ao plano mediano. O termo cranial
(e), em direção à cabeça, não pode ser aplicado na região cefálica. Nesse caso,
utiliza-se o termo rostral (f, em direção à ponta do nariz). O termo dorsal (g)
relaciona-se às 'cosias' ou ao dorso do corpo. Também pode ser utilizado com
REGIÕES DO CORPO
Regiões do crânio Regiões do dorso
relação às partes proximais dos membros; no entanto, esse termo tem signifi­
cado diferente nas extremidades dos membros. O termo ventral, em direção
ao ventre, pode ser usado nas partes proximais, mas não na parte livre dos
membros. Os termos proximal (i, em direç.'io à extremidade fixa) e distal (m,
em direção à extremidade livre) estão relacionados ao eixo do corpo (coluna
vertebral e medula espinal com a origem dos nervos espinais). Nos membros,
a partir do carpo distalmente, emprega-se o termo palmar (1, a superfície das
mãos que eslá voltada para o sentido caudal na postura normal em estação};
já a partir do tarso distalmente (m, a superfície dos pés que está voltada para
o sentido caudal na postura nom1al em estação), usa-se o termo plantar. O
termo dorsal é utilizado de modo semelhante no membro 1or.lcico a partir
do carpo e no membro pélvico a partir do tarso, ambos no sentido distal. Esse
termo refere-se à superfície das mãos e dos pés, que se encontra em posição
cranial na postura normal em es1ação do animal. Termos como abaxial (n, dis­
tante do eixo) e axial (o, em direção ao eixo) estão relacionados ao eixo central
da mão ou do pé, onde o eixo fica entre o terceiro e o quarto dedos. Em frente
(anterior), atr.ls (posterior), acima (superior) e embaixo (inferior) são termos
frequenlemente utilizados na analomia humana, referindo-se ao corpo huma­
no na postura ereta ( vertical) normal. Para evitar uma compreensão equivo­
cada, esses termos não são aplicados ao corpo quadrúpede do animal. O uso
desses lermos na analomia veterinária fica restrito a certas áreas da cabeça, por
exemplo pálpebras superior e inferior, superfícies anterior e posterior do olho.
c) PARTES DO CORPO E REGIÕES CORPORAIS subdividem o corpo, inclusive sua super­
fície. São partes do corpo: cabeça e tronco com pescoço, garupa e cauda, bem
como os membros. As regiões do corpo dividem a superfície corporal e podem
ser subdivididas em subregiões. No último caso, elas aparecem destacadas na
tabela a seguir.
Regiões do membro torácico
1 Região fron1al
2 Região parietal
3 Região occipital
4 Região temporal
5 Região auricttlar
23 Região vertebral lorácica
23' Região interescapular
24 Região lombar
41 Região da articulação do ombro
42 Região das axilas
42' Fossa axilar
Regiões da face
6 Região nasal
6' Região nasal dorsal
6" Região nasal lateral
6"' Região da narina
7 Região oral
7' Região labial superior
7" Região labial inferior
8 Região mentual
9 Reg.ião orbital
9' palpebral superior
9" palpebral inferior
1 O Região zigomática
11 Região infraorbital
12 Região da articulação temporomandibular
13 Região massetérica
14 Região bucal
15 Região maxilar
16 Região mandibular
17 Região intermandibular
Regiões do pescoço
18 Região cervical dorsal
19 Região cervical lateral
20 Região parotídea
21 Região faringea
22 Região cervical venlral
22' Região laríngea
22" Região traqueal
Regiões peitorais
25 Região pré-esternal
26 Região esternal
27 Região escapular
28 Região costal
29 Região cardíaca
Regiões do abdome
30 Região abdominal cranial
30' Região hipocondríaca
30" Região xifoide
31 Região abdominal média
31' Região abdominal lateral
31" Fossa para lombar
31 "' Região umbilical
32 Região abdominal caudal
32' Região inguinal
32" Regiões púbica e prepucial
Regiões pélvicas
33 Região sacra!
34 Região gl útea
35 Região do túber da coxa
36 Fossa isquiorretal
37 Região do túber isquiático
38 Região caudal (região da cauda)
38' Região da raiz da cauda
39 Região perineal
39' Região anal
39" Região urogenital
40 Região escrotal
43 Região do braço
44 Região do tríceps
45 Região do cotovelo
46 Região do olécrano
4 7 Região do antebraço
48 Região do carpo
49 Região do metacarpo
50 Região falãngica (região dos dedos, região
digital)
Regiões do membro pélvico
51 Região da articulação do quadril
52 Região da coxa
53 Região genual (região do joelho,
região da a1ticulação femorotibiopatelar)
53' Região patelar
54 Região poplítea
55 Região crural (região da perna)
56 Região do tarso
57 Região calcânea
58 Região do metatarso
59 Região falângica (região dos dedos,
região digital)

Regiões corporais e termos de local e direção, em relação às partes do corpo indicadas
(vista craniolateral)
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(vista lateral)
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3

2. Pele (tegumento comum)
1 a) A PELE forma a superfície externa do corpo, consistindo em duas camadas:
1. uma camada epitelial designada epiderme e II. outra camada de tecido con­
juntivo nomeada derme ou cório. A derme repousa sobre uma camada subja­
cente de tecido conjuntivo, a camada subcutânea ou subcutâneo (Tela subwtâ-
11ea). A última consiste em uma parte gordurosa, o pa11ículo adiposo, e outra
parte fibrosa de sustentação que, juntas, constituem a fáscia superficial.
1. A epiderme (1) é constituída de epitélio escamoso estratificado, cornificado
(queratinizado) em sua superfície. A espessura e o grau de queratinizaçâo de­
pendem do estresse mec.'lnico ao qual essa camada está sujeita. A epiderme é
composta de uma camada profunda, ainda viva (estrato germinativo= cama­
da basal, -27), que, por divisão mitótica, supre a reposição celular, uma cama­
da espinhosa (26), uma camada em processo de cornificaç.'io e morte celular
(estrato granuloso, -25), bem como camadas de células cornificadas, estrato
2 lúcido (24) e estrato cómeo (23). Além das células epidérmicas, há melanóci­
tos, macrófagos intradénnicos (células de Langerhans) e células táteis epitelioi­
des (corpúsculos táteis de Merkel), especialmente no estrato germinativo.
O 'corno'• consiste na epiderme cornificada, sendo de qualidade variada nas
diferentes regiões do corpo. Nos coxins e em outras regiões da pele, existe cor­
no mole. O corno duro é encontrado nas unhas ou garras. Na pele e nos coxins,
as células cornificadas são eliminadas como escamas em virtude da aderência
reduzida dos materiais de revestimento da membrana. Ao mesmo tempo, em
função da boa aderência como massa sólida, o como das garras ou unhas
continua sendo restaurado por crescimento distal cônico. A célula córnea indi­
vidual da garra ou unha é nitidamente mais dura que a da pele. Em áreas onde
se forma o corno mole, a epiderme exibe um estrato granuloso entre o estrato
espinhoso e as camadas cornificadas. O estrato granuloso é assim chamado por
causa dos grânulos de querato-hialina nele contidos. As proteínas existentes no
interior dessa camada de células revestem e 'unem' os filamentos de queratina.
Em cada loc.11, observa-se a ocorrência adicional de estrato lúcido. Esse estrato
consiste em células jovens, ainda não diferenciadas, em processo de cornifi­
caçâo, cujo citoplasma aparece um tanto transparente quando examinado ao
microscópio -daí o nome estrato lúcido. Nas áreas de formação do corno duro,
essas camadas não estão presentes, de modo que as células do estrato espinho­
so sofrem cornificação direta sem intervir nos estratos granuloso e lúcido.
A função da epiderme consiste na reposição de células cornificadas como
proteção contra radiação (pigmentos responsáveis pela absorç.'io de radiação;
ver histologia), perda e entrada de água no corpo e penetração de parasitas,
bem como para proteção contra trauma. Em caso de lesão traumática à pele,
a cicatrização é promovida pelo revestimento da derme exposta por células
epidérmic.1s o mais rápido possível.
3 II. A derme ou cório (6) consiste em un1a camada papilar (2) fina frouxamente
disposta, na qual se assentam as papilas em depressões correspondentes da epi­
derme, e uma camada reticular densa (7). A camada papilar contém, sobretudo,
fibrilas colágenas frouxamente arranjadas. A camada reticular é composta de um
plexo de fibras colágenas espessas não distensíveis com direção predominante
de trajeto. Fibras elásticas estão presentes em ambas as camadas e servem para
restaurar a textura típica do tecido após lacerações ou outras distorções da pele
(com referência às células encontradas aqui, especialmente fibrócitos, fibroblas­
tos, mastócitos, plasmócitos, macrófagos e células pigmentares, ver histologia).
4 O subcutâneo (10) (1ela subcutânea) consiste principalmente em tecidos conjun­
tivo frouxo e adiposo. Esse tecido subcutâneo é penetrado por cordões de tecido
conjuntivo que fixam a pele à f.\scia ou ao periósteo subjacente. O panículo adipo­
so corresponde à camada de tecido adiposo existente dentro do subcutâneo.
4
Do ponto de vista funcional, o subcutâneo com seu tecido adiposo subcu­
tâneo serve não só como tecido amortecedor ( ou seja, para absorção de im­
pacto), mas também para armazenamento de calorias e água, bem como para
termorregulação. Já o tecido conjuntivo frouxo subcutâneo funciona como
camada deslizante. Nos locais onde não há subcutâneo (lábios, bochechas e
pálpebras), essa função de deslizamento é inexistente e a musculatura estriada
termina aqui diretamente na derme.
A irrigação (aporte sanguíneo) da pele é conferida por artérias e veias mais ca­
librosas do subcutâneo que, em virtude da mobilidade da pele, apresentam cur­
so tortuoso. Tais vasos emitem ramos à derme que, nesse local, formam duas
redes. A rede arterial da derme (9) está localizada no limite com o subcutâ­
neo, enquanto a rede subpapilar (3) fica entre as camadas papilar e reticular,
emitindo alças capilares subepidérmicas para o corpo papilar. Os plexos venosos
correspondentes possuem localização comparável. Um plexo vascular subfascial
adicional re(me o aporte sanguíneo do subcutâneo. O fluxo sanguú1eo pode ser
interrompido por anastomoses arteriovenosas ( 4), evitando com isso o leito
capilar e, desse modo, a vascularização da pele é regulada. A camada papilar é
* N.R.C.: No Brasil, não se usa a denominação ''corno" para este fim. O termo mais adequa
4
do seria queratina. zona queratinizada, camada queratinizada, dependendo do sentido
da frase. O uso do mesmo poderia trazer confusão com o anexo tegumentar ''corno'•
(presente nos ruminantes).
particularmente bem suprida com sangue. Esses vasos dilatam-se a fim de des­
prender calor e contraem-se para conservar a temperatura do corpo. Nesse senti­
do, eles funcionam como as glândulas sudoríferas na termorregulação. Os plexos
venosos também funcionam como local de armazenamento do sangue.
O suprimento linfático é feito por redes capilares linfáticas que começam na
subepiderme e guarnecem os folículos pilosos e as glândulas cutâneas.
A inervação é realizada por neurônios sensitivos e simpáticos (plexos nervosos
simpáticos inervam os vasos sanguíneos, servindo para regular a pressão arterial
e atuar na termorregulação ). A pele pode ser considerada o maior órgão senso­
rial do corpo. Inúmeras terminações nervosas (16) e corpúsculos terminais (p.
ex., corpúsculos táteis de Meissner, -17, corpúsculos lamelares de Vater-Pa­
cini, -22) servem como receptores de estímulos sensoriais. Em c.1so de perda de
suas bainhas de mielina, as terminações nervosas livres penetram na epide1me
em locais específicos do corpo e servem para mediar a sensação de dor.
b) Os PELOS cobrem quase toda a superfície do corpo, exceto o plano nasal, o
ânus, os lábios vulvares e os coxins palmoplantares. Os pelos são estruturas
filiformes cornificadas formadas pela pele. O pelo é subdividido em haste (15),
que se projeta além da superfície da pele, raiz (21), orientada no sentido obli­
quo dentro da derme e dotada de uma parte expandida em sua extremidade
proximal, o bulbo piloso (8). A raiz e o bulbo pilosos encontram-se em uma
bainha radicular epitelial dividida (bainha radicular epitelial). A parte externa
da bainha é contínua com a epiderme superficial. Sua parte interna sofre corni­
ficação acima da abertura da glândula sebácea (18) e será eliminada. A bainha
radicular de tecido conjuntivo (bainha radicular dérmica) é contínua com o
tecido conjuntivo circtmjacente. As bainhas radiculares epidérmica e dérmica,
juntamente com o bulbo do pelo, constituem o folículo piloso. São partes do
pelo: medula (12), córtex (13) e cutícula pilosa superficial (14), que consis­
te em células cornificadas tipo escamas finas e, semelhantemente à medula, é
utilizada para identificação forense de espécies e procedimentos individuais
de diagnóstico. O músculo eretor do pelo (5) termina abaixo da abertura da
glândula sebácea, aderindo-se obliquamente à bainha dérmica da raiz do pelo.
A contração desse músculo resulta em ereção do pelo (nos seres humanos,
isso provoca o fenômeno de 'arrepio'). A contração do músculo eretor do pelo
envolve as glândulas sebáceas e, ao eriçar o pelo, aun1enta o espaço de ar entre
os pelos e a superfície cutânea para isolamento térmico.
A cobertura pilosa (pelagem) depende da raça, sendo caracterizada pelo ar•
ranjo dos pelos (individualmente ou em grupo), pelas diferentes partes de cada
tipo de pelo (pelos principais, pelos protetores, pelos lanosos), bem como pela
densidade, comprimento e cor dos pelos. Há basicamente três tipos de pelo:
O pelo 'principal' é longo, rígido e levemente curvo. É independente de outros 5
pelos e, no cão, sua ocorrência é rara. Os pelos protetores são mais curtos que o
pelo principal, arqueados próximo à extremidade e espessados. Ambos os tipos
de pelo, principal e protetor, formam a cobertura pilosa (pelagem). O terceiro
e mais curto tipo de pelo é o pelo lanoso -muito fino, flexível e leve ou intensa­
mente ondulado em seu trajeto. Os pelos protetores e lanosos seguem juntos em
um feLxe ou tufo a partir de um folículo piloso composto; nesse caso, um único
pelo protetor é circundado por seis a doze pelos lanosos que o acompanham.
Os pelos lanosos (11) predominam na pelagem do filhote canino. Na maioria 5
das raças caninas, esses pelos situam-se sob a cobertura pilosa e apenas em
algumas raças, como Puli e Comodoro, projetam-se acima dessa cobertura e
formam uma 'cobertura lanosa' superficial.
Os seios pilosos ou pelos táteis (19) são formas especiais notavelmente longas
de pelo ao redor da abertura da boca (Rima oral). Para receber estímulos táteis, a
raiz do pelo é envolvida por seio venoso (20), contatado por inúmeras termina­
ções nervosas sensoriais. Devido à notável ação de alavanca desse pelo longo, até
mesmo os estímulos táteis mais finos resultam em estimulação desse receptor.
O comprimento dos pelos varia consideravelmente e depende da raça. Nos an­
cestrais do cão, que viviam na selva, os pelos mais longos s<'\o encontrados no
dorso e os mais curtos no ventre e na cabeça. No entanto, esse padrão é basica­
mente perdido com a domesticação. No membro selvagem da família Canidae,
a espessura dos pelos aumenta em direç.'io ao ventre (espessura em torno de 0,1
mm). A cor do pelo é influenciada pelo conteúdo de melanina das células cor­
nificadas, bem como pelas bolhas de ar inter e intracelulares, especialmente das
células medulares.
A direção dos pelos caracteriza a pelagem. A parte da pelagem onde os pelos
têm uma direção uniforme é chamada Flumina pilorum, ou seja, fluxo dos pe­
los. Em um vórtice, os pelos estão dispostos de forma divergente ou convergen­
te com relação a um ponto central. Pelo cruzamento das linhas convergentes
dos pelos, formam-se os entrecruzamentos ('cruzamentos') pilosos.

Tegumento comum
Legenda:
a Alça capilar intrapapilar
b Glândula sudorífera apócrina
c Fibra elástica
d Fibra colágena
e Adipócito unilocular
f Bainha radicular dérmica
g Bainha radicular epitelial
h Papila pilosa
(
1 Epiderme
l
2 Camada papilar--------( ·
4 Anastomoses arteriovenosas--
6 Derme [cório]
7 Camada reticular ------
g Rede arterial e plexo
venoso da derme
1
Epidenne do coxim dos dedos
------------------11 Pelos lanosos
Epiderme
--23 Estrato córneo· ----
--24 Estrato lúcido
--25 Estrato granuloso
--26 Camada espinhosa --
27 Estrato germinativo
~--12 Medula do pelo
,,,--1-13 Córtex do pelo
14 Cutícula pilosa
Haste do pelo
-16 Terminações nervosas
-17 Corpúsculo tátil de
Meissner
Glândula sebácea
19 Pelo tátil -------
,J+...,11-44-20 Seio venoso do
folículo
21 Raiz do pelo
Corpúsculos
lamelares de
Vater-Pacini
Epiderme da parede da unha ou garra
5

3. Glândulas cutâneas, modificações da pele, órgãos terminais dos dedos
a) As GLÂNDULAS CUTÂNEAS compreendem as glândulas sebáceas e sudoríferas,
bem como a glândula mamária, que é uma glândula sudorífera modificada.
1. As glândulas sebáceas (ver p. 4) desembocam nos folículos pilosos e estão
presentes em alguns locais do corpo, independentemente da presença de pe­
los, como na transição da pele com as membranas mucosas cutâneas (lábios,
ânus). As glândulas sebáceas são lobulares. As células periféricas apresentam
alta taxa de mitose, enquanto as células-filhas são impulsionadas centralmente
para o lume da glândula. Nesse local, as células aumentadas em processo de
envelhecimento sofrem ruptura (secreção holócrina) e o sebo liberado atinge o
lume da glândula. Essa secreção passa através de um dueto secretório curto até
o lume do folículo piloso e, consequentemente, para a pele. O sebo torna a pele
macia e elástica, conferindo brilho natural aos pelos.
li. As glândulas sudoríferas são classificadas como glândulas merócrinas
(écrinas) e apócrinas (glândulas odoríferas). Essa classificação foi feita com
base na suposta secreção apócrina das glândulas odoríferas (apócrinas); contu­
do, isso não foi subsequentemente comprovado. Ambos os tipos de glândulas
sudoríferas secretam de acordo com a forma merócrina (écrina) de secreção
(ver histología).
As glândulas sudoríferas merócrinas costumam ser glândulas espiraladas, não
ramificadas, tubulares. Tais glândulas ocorrem no cão apenas nos coxins dos mem­
bros (ver adiante; alguns autores consideram que essas glândulas sejam glândulas
sudoríferas apócrinas). Em seres humanos, as glândulas sudoríferas merócrinas
( écrinas) reais estão presentes em grandes áreas da superfície cutânea.
Glândulas sudoríferas apócrinas ou glândulas odoríferas (ver p. 4) estão
presentes sobre áreas amplas da superfície cutânea, mas são comparativamente
subdesenvolvidas. Essas glândulas tubulares costumam desembocar no folí­
culo piloso. A secreção espessa dessas glândulas exibe reação alcalina, sendo
responsável pelo odor de cada espécie. No homem, as glândulas são bem de­
senvolvidas, mas limitadas a algumas regiões do corpo: ânus, vulva, axila.
Ili. Ocorrem modificações especiais da pele, como as glândulas do meato
acústico externo, as glândulas circum-anais, as glândulas do seio paranal ('saco
anal') e as glândulas do órgão dorsal da cauda, as glândulas das pálpebras e as
glândulas mamárias.
2 As glândulas ceruminosas do meato acústico externo são principalmente
glândulas sebáceas com menos glândulas sudoríferas apócrinas. A secreção
castanha e oleosa dessas glândulas ceruminosas recebe o nome de cerume.
3 As glândulas circum-anais circundam o ânus na região de pele glabrn ou
quase glabra (sem pelo) da área cutânea anal. No câo, estamos lidando com
glândulas sebáceas modificadas; em outros animais domésticos, com glândulas
sudoríferas apócrinas modificadas. As glândulas individuais superficialmente
localizadas desembocam nos folículos pilosos. As glândulas profundas tam­
bém são denominadas glândulas hepatoides, já que suas células secretórias se
parecem com os hepatócitos. As glândulas circum-anais carecem de dueto se­
cretório e sua função é incerta.
4 As glândulas da parede do seio paranal (ver anatomia clínico-funcional,
56.5) são glândulas sudoríferas apócrínas e glândulas sebáceas. O seio paranal
é comumente denominado 'saco anal'.
5 O órgão caudal dorsal (cauda) é composto de glândulas sebáceas e apócrinas,
sendo descrito de forma mais detalhada na anatomia clínico-funcional (6.5).
Glândulas das pálpebras estão descritas na seção de anatomia clínico-funcio­
nal (ver também 118.1).
Glândula mamária; ver p. 32.
b) MoD1F1cAçõEs DA PELE referem-se ao plano nasal e aos coxins palmoplantares:
coxim do carpo, coxim do metacarpo/metatarso, coxins dos dedos.
1. Dependendo da raça, o plano nasal (ver p. 98) varia de despigmentado
até intensamente pigmentado. A derme forma papilas distintas. A epiderme
é notavelmente fina, mas sua camada cornificada superficial ( estrato córneo)
consiste em um 'corno' duro (epiderme cornificada dura) que exibe padrão po­
ligonal. O padrão da superfície é individualmente específico e, por essa ra1A'io,
serve para identificar cada animal. No plano nasal, não há glândulas sebáceas.
Dessa forma, o nariz do cão se mantém úmido pelo líquido lacrimal ( ver p. 98)
e pela secreção da glândula nasal lateral, locafüada profundamente no recesso
maxilar da cavidade nasal. A evaporação do líquido reduz a temperatura do
plano nasal, que normalmente se apresenta frio à palpaç.'io.
6 li. São coxins do cão: coxins dos dedos (14) no nível das articulações inter­
falângicas distais, o coxim do metacarpo (13) ou metatarso no nível das arti­
culações metacarpofalângicas e metatarsofalângicas e o coxim do carpo (12)
laterodistal ao osso do carpo. O subcutâneo espesso dos coxins possui grande
quantidade de tecido adiposo e contém glândulas sudoríferas. Esse tecido sub­
cutâneo é dividido em compartimentos, por meio da irradiação de filamen-
6
tos de fibras colágenas e elásticas; além disso, os coxins ficam muito sensíveis
(dolorosos) se intumescidos (inchados) por pressão tecidual elevada quando
inflamados. Os filamentos de tecido conjuntivo irradiam-se a partir da derme
do coxim para o subcutâneo e fixam o coxim à fáscia subjacente e ao esqueleto.
Bandas de tecido conjuntivo bem-desenvolvido (toros -15) estão presentes
nos coxins do metacarpo e metatarso. Essas bandas fixam os coxins proximal­
mente aos ossos do metacarpo ou metatarso, respectivamente. A derme possui
feixes de tecido conjuntivo muito firmes e forma um corpo papilar muito alto
com papilas cônicas. A epiderme do coxim exibe até 2 mm de espessura e for­
ma depressões correspondentes no corno mole (epiderme cornificada mole).
Os coxins são ricamente supridos por vasos sanguíneos e linfáticos, bem como
por nervos.
Pele do coxim
Legenda:
a Tecido subcutâneo do coxim
[coxim dos dedos):
b Retináculos
c Panículo adiposo
d Denne [cório) do coxim
e Epiderme do coxim
Glândula sudorífera merócrina
c) O ÓRGÃO TERMINAL oos DEDOS corresponde à extremidade óssea do dedo
guarnecido por cútis (pele) altamente modificada. Exceto pelo coxim dos de­
dos, não há tecido subcutâneo. A derme é desenvolvida na forma de papilas,
vilos ou lâminas ou apresenta superfície lisa. A superfície interna da epiderme
tem configuração correspondente: depressões que assentam as papilas e os vi­
los, mas estreitam os sulcos adaptados às lâminas; ou superficie Lisa onde entra
em contato com a superfície lisa da derme.
A epiderme cornificada da garra ou unha (ungukula) tem forma cônica e 7
supre o processo unguicular (l l). Do mesmo modo, a derme e a epiderme são
diferenciadas em termos segmentares como unha no ser humano e casco no
cavalo. Tanto a derme como a epiderme são adaptadas entre si, como a patriz
(carimbo= derme) à matriz (impress.'io = epiderme).
A base da crista unguicular óssea está revestida por wna proeminência da pele,
o vale da unha (7). A lâmina externa do vale é provida de pelos; a lamela inter­
na desprovida de pelos é comparável ao limbo (cório do limbo) do cavalo. Essa
lamela forma um corno mole (eponíquio, -l) sobre a epide1me cornificada
dura da garra. O eponíquio corresponde ao cório do limbo do cavalo e, assim
como esse cório, sofre desgaste bem proximal à extremidade distal da garra.
(No dedo humano, o eponíquio mole [cutícula) é removido na manicure.)
Na profundidade do sulco w1guicular, há uma prega que corresponde à parte
coronária do casco equino. A derme dess.1 prega sustenta papilas (10). A epider­
me de revestimento produz um corno tubular que, como um mesoníquio (2),
guarnece uma parte considerável da garra. Dorsal mente ao processo unguicular,
há uma tumefação dorsal lisa da derme (dorso dérmico -8), que é específica
ao órgão terminal dos dedos do cão e que, de acordo com nossas investigações,
não é comparável à parte coronária do casco equino. Na epiderme que a reveste,
forma-se o corno dorsal da parede (hiponíquio dorsal, -3). Na região lateral
do processo unguicular há lamelas, as lamelas dérmicas (9), além de lamelas
epidérmicas não cornificadas correspondentes, que formam o corno lateral da
parede (hiponíquio lateral, -4), que por sua vez se encontra disposto em cama­
das sobrepostas e forma o revestimento interno do corno cónico da garra.
Na face palmar (plantar) do processo unguicular existe a parte solear onde a
derme sustenta vilos distintos. Nesse local forma-se o corno solcar tubular (5),
cujas células sofrem considerável descamação.
Em torno da extremidade do processo unguicular, há um corno terminal mole
(hiponíquio terminal, -6) que preenche a parte distal do corno cônico da
garra e, consequentemente, serve como um corno de 'preenchimento'.

Garra ou unha e coxim dos dedos
Epiderme:
1 Eponíquio -----------------•
2 Mesoniquio -----------
4 Hiponiquio lateral
. ,
, , , , ------6 Hiponiquio terminal
5 Corno solear
I
8 Dorso dérmico ---f'-+:-~~-
(secção transversaQ
(vista palmar)
Coxim dos dedos
Legenda:
11 Processo unguicular
12 Coxim do carpo
13 Coxim do metacarpo
14 Coxins dos dedos
15 Trato do coxim
do metatarso
Coxim do metatarso
Tecido subcutâneo do coxim:
16 Retináculos
17 Panícula adiposo (coxim adiposo) (ver p. 19, 81, 83)
7

4. Coluna vertebral e tórax
As vértebras são estudadas individualmente e no esqueleto montado para obter um panorama geral da curvatura normal em forma de S, com
suas lordoses (convexidades ventrais) e cifoses (concavidades ventrais). A partir de uma visão forense, é dada atenção especial à identificação
de cada vértebra, motivo pelo qual se faz a comparação dos diferentes segmentos da coluna vertebral.
a) A COLUNA VERTEBRAL envolve e protege a medula espinal, tendo a função de
sustentação no que diz respeito à estática e dinâmica do corpo do animal. Para
isso, a estabilidade é garantida pelas vértebras individuais, e a elasticidade e a
flexibilidade, pelas sínfises intervertebrais e pelas articulações vertebrais.
A coluna vertebral consiste em sete vértebras cervicais (vC l •7), treze torácicas
(vT 1-13), sete lombares (vL 1-7), três sacrais (vS 1-3) que se fundem para for­
mar o sacro, e cerca de vinte vértebras caudais (coccígeas) (vCy 1-20).
2 1. As vértebras ( ver ilustração) possuem três componentes básicos: o corpo e
suas partes, arco e processos, que são modificados de formas distintas, de acor­
do com as necessidades funcionais da região em particular.
3 O corpo vertebral (1) possui uma crista ventral (2) (distinta na região da colu­
na vertebral cervical), além de extremidades cranial (3) e caudal (4). Nas vér­
tebras torácicas, as fóveas costais caudal (5) e cranial (6) formam uma faceta
4 articular comum para a cabeça da costela (ver adiante). O forame vertebral (7)
refere-se ao espaço delimitado pelo corpo e arco. O canal vertebral é formado
pelos forames vertebrais seriados e pelos tecidos moles que se estendem entre
os arcos e corpos vertebrais adjacentes. O corpo vertebral contém a medula
espinhal com sua cauda equina.
5 O arco vertebral (8) é composto de um pedículo (basal) e uma lâmina acha­
tada (dorsal). Os forames intervertebrais (9) são delimitados pelas incisuras
vertebrais cranial (10) e caudal (11) da vértebra do mesmo segmento e do
anterior. Exceto pelo primeiro nervo cervical (ver adiante), esses forames cons­
tituem passagens para os nervos espinais.
Dos processos das vértebras, o processo espinhoso (12) é mais distinto (a
primeira vértebra cervical e as vértebras caudais são exceções). Os proces­
sos transversos (13) são bem desenvolvidos nas vértebras cervicais e lomba­
res. Nas vértebras torácicas, esses processos possuem uma fóvea costal (14),
que sustenta uma faceta articular para o tubérculo costal (ver adiante). Da
primeira à sexta vértebra cervical, há forames transversos (IS) na base dos
processos transversos, que em conjunto formam o canal transverso; esse ca-
6 nal, por sua vez, conduz a artéria, a veia e o nervo vertebrais. Os processos
articulares craniais (16) e os processos articulares caudais (17) formam
articulações sinoviais entre as vértebras. Um processo costal (18) está pre­
sente nas vértebras cervicais III a VI como a extremidade ventrocranial do
processo transverso, que bifurca nessa região. Na coluna vertebral lombar,
as extremidades dos processos transversos representam processos costais
que são resquicios das costelas, mas podem desenvolver e formar 'costelas'
lombares. Um processo acessório (19) é inexistente ou pouco desenvolvido
na parte caudal da coluna vertebral lombar. Na região lombar cranial, esse
processo é desenvolvido como um processo independente. Na transição da
coluna vertebral torácica, esse processo passa no contorno caudal do pro­
cesso transverso e não permanece mais de forma independente. O processo
mamilar (20) das vértebras lombares é expresso no processo articular cranial
(processo mamiloarticular) e muda sua posiç.'\o na transiç.'\o com a coluna
vertebral torácica, passando pelo processo transverso, na verdade no contor-
7 no cranial desse processo. Os processos hemais (21) são desenvolvidos a par·
tir da vértebra caudal IV e gradativamente se tornam indistintos no sentido
caudal. Na vértebra caudal IV à VII ou VIII, esses processos podem se unir e
formar um arco hemal (22).
8
Os espaços interarqueados são dorsais e, durante a vida, fechados pelos liga•
mentos interarqueados. O espaço lombossacral (23) eo espaço sacrococcígeo
(sacrocaudal) (24) são particularmente amplos e de importância na realização
de anestesia epidural. O espaço atlantoccipital é adequado para punção no es­
paço subaracnoidal, que é preenchido pelo liquido cerebrospinal.
Há características peculiares nas vértebras cervicais a seguir: a vértebra cer­
vical 1 (atlas, -25) tem um processo lateral de superfície ampla (26), também
designado como a asa do atlas. A incisura alar (27) (forame alar de outros
mamíferos domésticos) é cranial na inserção da asa do atlas à massa lateral (ver
adiante), sendo ocupada pelo ramo ventral do primeiro nervo cervical. Con­
trário aos outros nervos espinais, o primeiro nervo cervical não deixa o canal
vertebral por um forame intervertebral, mas sim pelo forame vertebral lateral
(28). O forame vertebral do atlas também é diferente, pois está delimitado dor­
salmente por um arco dorsal (29) e ventralmente por um arco ventral (30). Os
dois arcos são unidos lateralmente pelo osso nomeado como a massa lateral.
O atlas é a única vértebra que possui um arco ventral (30) no lugar do corpo.
Isso se deve ao desvio caudal de uma grande parte do primórdio embrionário
de seu corpo vertebral para formar o dente do áxis. Por essa razão, a vértebra
cervical li, o áxis (31), contém em seu dente (32) a parte deslocada do corpo
do atlas. A última vértebra cervical difere da outra vértebra cervical por seu
grande processo espinhoso, por sua fóvea costal caudal para as primeiras cos­
telas e pela ausência do forame transverso.
Vértebra lombar
(vista cranial) (vista caudal)
-------12---------
,..---20----
---16-----
Pedículo •--------· 2----------1
II. O sacro é formado pela fusão das três vértebras sacrais. Lateralmente, esse
os.~o sustenta a asa do sacro (33), cuja superfície auricular (34) forma uma
articulação sinovial com a face auricular do ílio. A crista sacra! mediana (35) é
formada por uma fusão incompleta dos processos espinhosos. As extremidades
laterais dos processos (transversos) laterais fundidos formam a crista sacra!
lateral (36). A crista sacra! intermediária (37) origina-se do arranjo sequen­
cial dos processos mamiloarticulares fundidos. O promontório (38) forma o
contorno cranioventral do osso sacro e faz parte da linha terminal limitante da
entrada pélvica. A partir do canal vertebral, os nervos sacrais ingressam nos
forames intervertebrais e deixam a coluna vertebral depois de se dividirem em
ramos dorsal e ventral que emergem dos forames sacrais dorsal (39) e ventral
(40), respectivamente, procedentes de cada forame intervertebral.
b) Das 13 COSTELAS, a primeira até a nona são costelas esternais (41), ligadas ao
esterno por articulação sinovial. As costelas X a XII são as livremente móveis,
costelas asternais 'respiratórias' ( 42). Pela sobreposição das partes cartilagí­
neas das costelas asternais, forma-se um arco costal em ambos os lados do cor­
po. A última costela não participa com regularidade da formação do arco, pois
costuma terminar livremente na musculatura da parede abdominal como uma
costela 'flutuante' (43). Costelas, esterno e coluna vertebral torácica formam
o tórax, cuja entrada está delimitada pelo primeiro par de costelas, e a saída,
pelos arcos costais. A parte dorsal da costela é óssea (osso da costela, -44).
A cabeça ( 45) da costela apoia facetas articulares ( 46) cranial e caudal. As
duas facetas articulares são separadas por uma crista grosseira que, em gr.mde
parte das costelas, está indiretamente em contato com o disco intervertebral
por meio do ligamento intercapital (ver ilustração, p. 11). Um colo da costela
(47) indistinto une a cabeça ao corpo da costela (48). O tubérculo costal (49)
localizado em posição dorsoproximal sustenta uma superfície articular (50)
para articulação com a fóvea costal do processo transverso. O ângulo da coste­
la (51) é apenas indistintamente identificável. A cartilagem costal (52) começ.1
na junção costocondral e, levemente distal a isso, há uma nítida curvatura, o
joelho da costela (53) que, em outros mamíferos domésticos, se encontra na
área da junção costocondral.
c) O ESTERNO é composto de manúbrio (54), corpo do esterno (55) com suas
seis estemebras (56) e processo xifoide (57); esse processo, por sua vez, é
formado por tecido ósseo cranial mente, mas cartilagíneo caudalmente. O pri­
meiro par de costelas articula-se com o manúbrio, o segundo na sincondrose
que une o manúbrio ao corpo do esterno, o terceiro ao sétimo nas próximas
sincondroses esternais, e o oitavo ao nono conjuntamente na sincondrose que
liga o corpo ao processo xifoide.

Coluna vertebral e ossos do tórax
Vértebras cervicais vC,_,
Vértebras torácicas vT,_,
3
Vértebras lombares vL,.,
Vértebras sacrais vs, ..
Vértebras coccigeas vCy
1
_,
0
Corpo vertebral (1)
Crista ventral (2)
Extremidade cranial (3)
Extremidade caudal (4)
Fóvea costal caudal (5)
Fóvea costal cranial (6)
Canal vertebral (7)
Arco vertebral (8)
Forama intervertebral (9)
lncisura vertebral cranial (1 O)
lncisura vertebral caudal (11)
Processo espinhoso (12)
Processo transverso (13)
Fóvea costal (14)
Forame transverso (15)
Processo articular cranial (16)
Processo articular caudal (17)
Processo costal (18)
Processo acessório (19)
Processo mamilar (20)
Processo hemal (21)
Arco hemal (22)
Espaço interarqueado
Espaço lombossacral (23)
Espaço sacrococcígeo (24)
Atlas vC, (25)
Processo transverso [asa] (26)
lncisura alar (27)
Forame vertebral lateral (28)
Arco dorsal (29)
Arco ventral (30)
Áxis (31)
Dente (32)
Osso sacro vS,_
3
Asa do sacro (33)
Superfície auricular (34)
Crista sacral mediana (35)
Crista sacral lateral (36)
Crista sacral intermediária (37)
Promontório (38)
Forame sacral dorsal (39)
Forame sacral ventral (40)
Costelas
(vista caudal)
50
1
48 •
(vista lateraQ
20
vl1
(vista lateral)
(vista dorsal)
A54
9
10
11-~~
12
13
14
Costelas esternais (41)
Costelas asternais (42)
Costela flutuante (43)
Costela óssea (44) (vista ventral)
Cabeça da costela (45)
Facetas articulares da cabeça da costela (46)
Colo da costela (47)
Corpo da costela (48)
Tubérculo da costela (49)
Superfície articular do tubérculo da costela (50)
Ângulo da costela (51)
Cartilagem costal (52)
Joelho da costela (53)
Esterno
Manúbrio do esterno (54)
Corpo do esterno (55)
Esternebras (56)
Processo xffoide (57)
~;p--13 ~;<YS
13
(vista cranial)~~
21
-vT11
-vl1
9

2
5. Articulações da coluna vertebral e do tórax; articulações atlantoccipital e atlantoaxial
a) ARTICULAÇÕES
Nome Ossos participantes Forma/ Função Comentários
Composição
I. Articulação Côndilos do occipital e Articulação elíptica, Gínglimo (a1ticulação Cavidades articulares direita e esquerda
atlantoccipital fóveas articulares craniais articulação simples tipo dobradiça), flexão comtmicam-se ventralmente.
do atlas dorsal e ventral
II. Articulação Fóvea do dente e fossa arti-Articulação trocóidea, Rotação axial da cabeça A articulação atlantoaxial comunica-se
atlantoaxial cular caudal do atlas, dente articulação simples no pescoço, 'meneio' da com a atlantoccipital.
e superfície articular ventral cabeça
do dente
III. Articulações dos Processos articulares de Articulações planas Articulações deslizantes Considerável mobilidade na região cer-
processos articulares vértebras adjacentes vical, diminuindo nas regiões torácica e
lombar.
IV. Articulação da cabeça Superfície articular da cabe-Articulação esferóidea, Gínglimo que, junta- A superficie articular convexa da cabeça
da costela (articulação ça da costela e fóvea costal articulação composta mente com as vértebras, da costela é formada por duas facetas
costovertebral) caudal da vértebra mais torna possível a variação articulares. A depressão articular é for-
cranial e fóvea costal cranial do volume torácico na macia pelas fóveas costa is dos dois corpos
da vértebra mais caudal com respiração vertebrais e pela fibrocartilagem interposta
a qual a cabeça da costela se da sínfise intervertebral. As duas a três úl-
articula limas costelas articulam-se apenas com a
fóvea costal cranial da vértebra de mesmo
número (a mais caudal).
V. Articulação do Superfície articular do tubér-Articulação plana, Gínglimo Nas últimas costelas, a articulação costa-
tubérculo da culo costal e a fóvea costal articulação simples transversa aproxima-se e então se funde
costela (articulação do processo transverso da com a articulação costovertebral.
costotransversa) vértebra de mesmo número
(a mais caudal)
VI. Articulação Extremidades cartilagíneas Articulação condilar, Gínglimo A primeira costela articula-se com o ma-
esternocostal da primeira à oitava costela articulação simples núbrio do esterno. A nona costela (última
e o esterno esternal) não está ligada ao esterno por
articulação sinovial. mas sim por tecido
fibroso.
VII. Sincondrose Osso e cartilagem costais Sincondrose Quase rígida e imóvel No período pós-natal, pode ocorrer o
costocondral desenvolvimento de uma articulação ver-
dadeira a partir de uma sincondrose.
VIII. Sincondroses Manúbrio do esterno, ester-Sincondrose Progressivamente rígida Das sincondroses esternais, as sincon-
esternais nebras do corpo do esterno, e imóvel droses manubrioesternais e xifoesternais
processo xifoide recebem nomenclaturas peculiares.
IX. Sínfise intervertebral Corpos das vértebras adja-Disco intervertebral Leve mobilidade Os discos na região intervertebral do sacro
(articulações entre os centes, começando com o sem um espaço ossificam no segundo ano de vida.
corpos das vértebras áxis e incluindo as vértebras
adjacentes) caudais
X. Articulação Ver articulações do membro
sacro ilíaca pélvico.
b) LIGAMENTOS DA COLUNA VERTEBRAL
Três ligamentos estendem-se sobre áreas mais longas da coluna vertebral. Liga­
mentos curtos formam pontes sobre o espaço entre cada vértebra.
A membrana atlantoccipital ventral constitui um reforço ventral da cápsula
articular, enquanto o ligamento lateral corresponde a um reforço lateral dessa
cápsula.
O ligamento longitudinal ventral fica aderido ventralmente aos corpos ver-
3 tebrais e aos discos intervertebrais. Esse Ligamento estende-se desde a segunda
vértebra cervical até o sacro.
Na articulação atlantoaxial, o dente fica preso junto ao assoalho do canal ver­
tebral e ao osso occipital pelo ligamento apical do dente, ligamento transver­
so do atlas e ligamentos alares. O Ligamento transverso do atlas é sustentado
pela bolsa sinovial, ficando aderido às duas faces do atlas. No caso de ruptu­
ra desses ligamentos ou fratura do dente após acidentes automobilisticos ou
estrangulamento, pode ocorrer dano à medula espinal com paralisia e morte
como consequências. A membrana atlantoaxial dorsal elástica estende-se
desde a projeção cranial da espinha do áxis até o arco dorsal do atlas.
10
O ligamento longitudinal dorsal situa-se no assoalho do canal vertebral e
adere-se na margem dorsal do disco intervertebral. Esse ligamento estende-se
desde o áxis até a primeira vértebra caudal.
O ligamento nucal (ver p. 29) no cão consiste apenas no funículo nucal elás­
tico pareado. Esse ligamento faz ponte sobre a coluna vertebral cervical desde
a extremidade caudal do processo espinhoso do áxis, estendendo-se até o pro­
cesso espinhoso da primeira vértebra torácica. Nesse local, o ligamento nucal é
sucedido pelo ligamento supraespinal com perda de elasticidade, aderindo-se
ao processo espinhoso de todas as vértebras até a terceira vértebra sacra!.
Os ligamentos amarelos estendem-se como Ligamentos elásticos curtos de um
arco vertebral a outro e, com isso, fecham os espaços interarqueados dorsal mente.
Os ligamentos interespinhosos estão ausentes. O músculo interespinal re­
pousa entre os processos espinhosos das vértebras adjacentes.
C) LIGAMENTOS DAS ARTICULAÇÕES ATLANTOCCIPITAL, ATLANTOAXIAL E DO TÓRAX
Na articulação atlantoccipital. a membrana atlantoccipital dorsal reforça a
cápsula articular e forma ponte sobre o espaço atlantoccipital (acesso à cisterna
cerebelomedular para retirada de líquido cerebrospinal com fins diagnósticos).
As articulações entre os processos articulares das vértebras carecem de li­
gamentos. A cápsula articular está firmemente aderida ou é mais frouxa, de
acordo com o grau de movimento, e influencia a direção do movimento, que
depende da posição das superfícies articulares.
Na articulação da cabeça da costela, o ligamento intra-articular dessa ca­
beça une as cabeças costais de ambos os lados e repousa sobre o disco inter­
vertebral. Esse ligamento também é conhecido como ligamento intercapital,
mas está ausente no primeiro e nos dois últimos pares de costelas. O ligamento
radiado da cabeça da costela está presente como fortalecimento da cápsula
articular.
Nas articulações costotransversas, a cápsula articular é reforçada pelo liga­
mento costotransverso.

Articulações da coluna vertebral e do tórax
(vista dorsal)
-----Lig. transverso do atlas
Articulações atlantoccipital e atlantoaxial
(vista caudolateral) (vista cranial) (vista craniolateraQ
Articulação do processo articular
(vista lateral)
Manúbrio-­
esternal
Articulação esternocostal -----
/
/ _.,.,
/
/
/
Articulações esternocostais e sincondroses estemais
Legenda:
A Lig. longitudinal dorsal
B Processo articular cranial
B' Processo articular caudal
Disco intervertebral:
C Núcleo pulposo
D Anel fibroso
Lig. supraespinal ------
Articulações do --------,.---,,.
processo articular
~
vT2, )~i»,---1v.iÊ~ Articulação da ---1::
cabeça da costela
Extremidade ----•
cranial
Articulações costovertebrais
(vista caudolateral)
--Sincondrose costocondral
Sínfise intervertebral
E Lig. radiado da cabeça da costela
F Lig. intra-articular da cabeça da costela
G Fóvea costal cranial
(ver p. 9, 89, 91)
H Lig. oostotransverso
1 Lig. estemocostal radiado
J Lig. longitudinal ventral
11

12
Capítulo 2: Região do pescoço e do tórax (região cervical e torácica)
1. Músculos cutâneos e nervos cutâneos do pescoço e da parede torácica
Para demonstrar os músculos cutâneos, realiza-se uma incisão longitudinal através da pele no lado esquerdo do corpo. A incisão deve estender-­
-se desde a base da orelha no nível médio da escápula até a extremidade ventral da última costela. Ao se fazer isso, os músculos cutâneos
devem ser preservados. Nas extremidades da incisão na base da orelha e na altura da última costela, efetua-se uma secção transversal através
da pele, que então é rebatida em direção às linhas medianas dorsal e ventral. As veias jugular externa e omobraquial, de localização superficial,
são examinadas em primeiro lugar a fim de evitar dano não intencional aos vasos e o manchar do local de dissecção pelo sangue coagulado.
a) Os Músculos CUTÂNEOS terminam na pele com as fibras tendíneas mais finas e,
com isso, propiciam o movimento da pele para, por exemplo, repelir insetos.
O músculo cutâneo do tronco (4) converge o trajeto de sua fibra para a fossa
axilar e a linha alba ventromediana, sendo penetrado por nervos cutâneos fi.
nos. A inervação motora desse músculo cutâneo do tronco é feita pelo nervo
torácico lateral (5), cujos ramos podem ser observados através da metade ven­
tral desse músculo fino.
O platisma (2) pode ser visto desde sua origem na linha mediana dorsal até a mar­
gem entre a cabeça e o pescoço, onde é sucedido pelo músculo cutâneo da face.
A inervação do platisma cervical (3) origina-se do nervo auricular caudal
do sétimo nervo craniano (nervo facial). Essa inervação segue profundamente
em direção ao músculo em um trajeto paramediano dorsal. O nervo pode ser
identificado afastando-se os feixes grossos de fibras do músculo.
O músculo esfíncter superficial do pescoço (1) tem posição ventral no pesco­
ço com fibras transversas que estão intimamente ligadas à pele.
Para demonstrar os nervos cutâneos cervicais, secciona-se a origem linear dorsal do platisma e rebate-se o músculo cranialmente até a secção
transversal cranial da pele. Para demonstrar os nervos cutâneos torácicos, secciona-se o músculo cutâneo do tronco ao longo da secção trans­
versal caudal da pele no nível da última costela, bem como na margem caudal do músculo triceps braquial, e rebate-se esse músculo cutâneo
ventralmente em direção à linha alba. Nas regiões torácica e abdominal ventrais, sem exceção, as aponeuroses do músculo obliquo externo do
abdome (34) devem ser preservadas.
b) Os NERVOS CUTÂNEOS inervam a pele e são predominantemente sensitivos
(também contêm fibras autônomas); tais nervos constituem as partes dos ner­
vos espinais visíveis no subcutâneo. Os nervos espinais (p. ex., nC4) dividem-­
•Se em sua emergência, a partir do foram e intervertebral, em ramo dorsal ( d)
e ramo ventral (v) que, por sua vez, dividem-se ainda em ramo medial (dm
ou, respectivamente, vm) e ramo lateral (dl ou, respectivamente, vi). Exceto
pela região cervical dorsal, os ramos mediais de localização profunda contêm
fibras predominantemente motoras, enquanto os ramos laterais são compostos
sobretudo por fibras sensitivas para a inervação da pele. Dos oito nervos cervi­
cais, apenas o nC 1 atravessa o forame vertebral lateral do atlas. Os nervos cer­
vicais (do segundo ao sétimo) deixam o canal vertebral cranialmenteà vértebra
de mesmo número, mas o oitavo nervo cervical emerge em posição caudal à
sétima vértebra cervical. O primeiro nervo cervical não chega à pele do pesco­
ço com seu ramo dorsomedial (nC Jdm). O nervo occipital maior (nC 2dm)
segue profundamente em direção ao músculo cervicoauricular superficial até
a região occipital. Os ramos seguintes nC 3dm até nC 6dm são geralmente du­
plos. Os dois últimos, nC 7dm e nC Sdm, são pequenos e não costumam atin­
gir a pele, mas terminam na espessa camada muscular. A inervação da região
cervical cutânea dorsal por ramos-dm é diferente do arranjo em outras regiões
do corpo onde a pele é inervada por ramos laterais e a musculatura por ramos
mediais. A diferença é clara quando se comparam os locais de emergência dos
nervos cutâneos nas regiões cervical e torácica dorsais.
1. Os ramos cutâneos dorsais dos nervos cervicais alcançam a linha media­
na dorsal na companhia de vasos sanguíneos cutâneos e são formados por
ramos-dm.
II. Os ramos cutâneos dorsais dos nervos torácicos emergem em posição
dorsal e paramediana, ocupando a área da largura de um palmo; ou seja, tais
ramos são mais laterais e regularmente formados por ramos-d!. Além disso, es­
ses ramos são acompanhados por vasos sanguíneos cutâneos. Os treze nervos
torácicos deixam o canal vertebral caudalmente à vértebra de mesmo número,
dividindo-se em ramos ventral e dorsal. O ramo ventral passa como nervo in­
tercostal ventralmente entre as costelas, emitindo o ramo-vi (cutâneo proximal
ou lateral) praticamente na metade do espaço intercostal e o outro ramo-vi
(cutâneo distal ou ventral) na extremidade ventral desse espaço.
III. Os ramos cutâneos ventrais dos nervos cervicais estão arranjados em
uma fileira ventrolateral e são formados por ramos-vi (nC 2vl até nC Svl). Os
ramos nC 2v até nC Sv comunicam-se entre si, formando um plexo cervical
na profundidade da musculatura. O nervo cutâneo ventral de C2 segue com
seu nervo auricular magno ( 11) até a base da orelha e com seu nervo cervical
transverso (12) até a região ventral do pescoço e a parte caudal do espaço
mandibular. Os ramos ventrais de C6 à T2 unem-se para formar o plexo bra­
quial com suas partes principais (ver p. 19); é a partir desse plexo que os nervos
do plexo do membro torácico se originam.
IV. Os ramos cutâneos laterais dos nervos torácicos são formados pelos ra­
mos-vi proximais (ramos cutâneos laterais dos nervos intercostais) menciona­
dos anteriormente.
V. Os ramos cutâneos ventrais dos nervos torácicos são formados pelos ra­
mos-vi distais (ramos cutâneos ventrais dos nervos intercostais). Esses nervos
são muito pequenos.
2. Músculos extrínsecos dorsais dos membros
Para a dissecção, é necessário o conhecimento dos ossos do cíngulo peitoral (escapular) (ver p. 17). Durante a dissecção, os músculos cleido­
cervical e trapézio são seccionados ao longo do trajeto do ramo dorsal do nervo acessório (nervo craniano XI) e rebatidos para qualquer dos
lados. Depois disso, a divisão do nervo acessório em ramos dorsal longo e ventral curto pode ser demonstrada.
A origem dos músculos ou, respectivamente, de sua inserção no crânio e nas
regiões cervicais/torácicas da coluna vertebral, das costelas e do esterno (cole­
tivamente conhecidos como tronco), bem como no membro torácico, é deci­
siva para sua designação como músculos tronco-membro (ou seja, músculos
de ligação do tronco ao membro). Como esses músculos se inserem na parte
do cíngttlo escapular, também é justificável chamá-los de músculos do cíngulo
escapular, como sinônimo. Desses músculos, o serrátil ventral confere a prin­
cipal junção si nsarcótica entre o tronco e o membro, sendo sua área de rotação
encontrada no meio da face serrata da escápula.
O músculo trapézio se origina com suas duas partes (segundo Donat et ai., 1967,
três partes) na linha mediana dorsal acima dos processos espinhosos das vérte­
bras cervicais e torácicas. A parte torácica (7) desse músculo termina na direç,'\o
cranioventral do terço dorsal da espinha da escápula. A parte cervical (6) se in­
sere após um trajetocaudoventral nos dois terços dorsais da espinha da escápula.
Apesar das diferentes direções do trajeto de suas fibras, ambas as partes atuam
como projetores do membro. Isso ocorre porque a parte torácica se insere dor­
salmente e a parte cervical ventralmente à área de rotação da junção sinsarcótica
tronco-membro. De acordo com a nomenclatura sugerida por Donat et ai., 1967,
o músculo cleidocervical (15) é considerado como uma terceira parte (parte
clavicular) do músculo trapézio. Esse músculo segue seu trajeto entre a intersec­
ção clavicular (16) e a linha mediana dorsal do pescoço. O ramo dorsal do ner-
vo acessório ( 13), que inerva esse músculo, surge entre o músculo deidocervical
e a parte cervical do músculo trapézio no ápice de um triângulo delimitado por
músculos, e ainda pode ser acompanhado no local onde se inicia a t,Jnseção do
músculo trapézio (ver as instruções sobre dissecção).
O músculo omotransversário (14) segue seu trajeto, como seu próprio nome
sugere, entre o acrômio e ombro e o processo transverso (asa) do atlas. Inerva­
ção: nC 4vm. Profundamente à superfície dorsomedial do músculo omotrans­
versário, há o linfonodo cervical superficial, que deve ser preservado.
O músculo grande dorsal (8) origina-se da ampla fáscia toracolombar (9) e
termina principalmente na tuberosidade redonda maior pelo tendão comum
com o músculo redondo maior. O músculo grande dorsal tem inserções na
fáscia braquial, bem como nas cristas dos tubérculos maior e menor do úmero,
onde forma um arco axilar amplo. O nervo toracodorsal e os vasos toracodor­
sais (ver p. 19) se inserem na face medial do músculo.
O mí,sculo romboide (10) é coberto pelo músculo trapézio e consiste em m.
romboide da cabeça (nC vm), m. romboide do pescoço (nC vm) e m. rom­
boide do tórax (nT vm). Esses músculos surgem na crista nucal e na linha
mediana dorsal. mas terminam na cartilagem escapttlar. Função: fixar, elevar e
retrair o membro torácico; ao se abaixar o pescoço, o músculo romboide serve
para elevá-lo.

. ai e peitoral ·o~ es cerv1c Regi
Legenda:
V jugular ext~rna
a V. omobraqu,al. . (C '
b . ·1ar acessaria 61
N ax, . 1
~ v.' axilobraqu,a
v cefálica ..
1
do n. radial
rf'cial do pescoço 1 M. esfíncter supe ,
1
1
1
e · uperf1c1a . . . 1
Ramo s . . superf1c1a1s
Cervicais
A ev. lar) )
g (r~mo pré-es~6~ais (ramo cutâneo
h A. e~-tor(~~~os cutãn_eos)
N. a~1lar stobraquia,s
Nn. ,nterco
11
12 N. cervical
transverso
13 Ramo dorsal-:--
do n. acessor,o
t ansversário 14 M. orno r
1 5 M. cleidocervical ---
cção clavicular--16 lnterse
Legenda:
dibular
k Glândula _mans superficiais
erv1ca1 ·s
1 Lnn. e ·cicos latera, utãneo)
e n tora (ramo e m A., v. . • cicas internas
A ev. tora
n ·Ts vi (distal) . ( amos cutâneos)
o !. e v. intercosta,s r
Legenda:
.d mastóideo 17 M. esternocle, o
18 Esterno
M deltoide:
. rte clavicular
19 Pa leidobraquial)
(m. c .
1 Parte acrom,a
20 P te escapular
21 ar .
22 M. braquial dial do carpo
23
M. extensor ::i do m. tríceps
24 Cabeça la~ega do m. tríceps
25 Cabeça lo
1
1
1 tãneo do tronco 4 M. cu
7 Parte torácica
1
1
1
·ia mamária)
26 Teto (pap, -hióideo e
Mm esterno
27 ·rnotireóideo
este t·doauricular
28 M. paro,.
29 M. esplê~,o trai do pescoço
30 M. serrát1I ven
M supraesp,nal
31 M. intraespinal o
32 . iterai profund bdome
33 M. pe. externo do a
34 M. obllquo
(vista lateral)
(ver p. 15)
13

3. Músculos extrínsecos ventrais dos membros
Durante a dissecção, os músculos peitorais superficial e profundo são transeccionados em uma área da largura de um dedo, lateralmente à linha
mediana ventral. Com isso, sua inervação pelos nervos peitorais cranial e caudal pode ser observada.
A função dos músculos tronco-membro consiste no movimento da cabeça,
da coluna vertebral e do membro torácico, bem como na suspensão do tronco
pelos membros torácicos. Os músculos mais ventrais atuam mais na suspensão
do tronco e, portanto, são ricos em intersecções tenclíneas; por outro lado, os
músculos mais dorsais são mais funcionais no movimento do membro e a sus­
pensão do membro torácico é uma função acessória.
Com a parte clavicular do músculo deltoide (cleidobraquial), os músculos
peitorais superficiais formam o sulco peitoral lateral. No cão, a veia cefálica
ocupa apenas a parte mais medial do sulco pois, nesse nível, não passa na par­
te principal do sulco, mas sim mediaimente ao músculo peitoral superficial e
profundamente ao cleidobraquial. O largo músculo peitoral transverso (14)
assume origem linear a partir do manúbrio e da parte cranial do corpo do
esterno. O músculo peitoral descendente (15) mais superficial origina-se ape­
nas do manúbrio. As duas partes do peitoral superficial terminam na crista do
tubérculo maior do úmero.
A porção principal do músculo peitoral profundo (17) forma a base da
porção acessória (16), estreita, localizada lateralmente. O músculo peitoral
profundo tem sua origem a partir do manúbrio e do corpo do esterno, mas
termina nos tubérculos maior e menor. A porção acessória se insere na fáscia
braquial. Os nervos responsáveis pela inervação do peitoral profundo podem
ser observados na superfície da secção.
O músculo serrátil ventral (31) é subdividido no músculo serrátil ventral do
pescoço (nCvm) e no músculo serrátil ventral do tórax (nervo torácico longo
-30). Os dois se fundem na área da entrada torácica. Esses músculos se origi­
nam dos processos transversos das vértebras cervicais ou, respectivamente, das
costelas e se inserem conjuntamente nas faces serratas da escápula.
O músculo esternocleidomastóideo (ramo ventral do nervo acessório) consiste
em três músculos individuais: os músculos cleidomastóideo (5) e esternomas­
tóideo (3) se fundem cranialmente, enquanto os músculos esternomastóideo
e esternoccipital ( 4) se fundem caudalmente. A superfície lateral do músculo
esternocleidomastóideo forma o sulco jugular para a veia jugular externa. A
inervação feita pelo ramo ventral do nervo acessório segue até a face profunda
dos músculos esternomastóideo e esternoccipital, caudalmente à glândula man­
dibular. Nesse local, o ramo ventral (ver p. 13) se posiciona entre os músculos
esternomastóideo e esternoccipital, que formam um músculo contínuo e po-
dem ser separados apenas artificialmente. O nervo acessório se divide no ramo
dorsal previamente identificado, que se comunica com nC 2, e no ramo ventral
curto, cujos três ramos terminam depois de um curto trajeto nos músculos in­
dividuais que, juntos, compreendem o esternocleidomastóideo.
O músculo deltoide possui partes escapular, acromial e clavicular; a parte cla­
vicular também é designada como músculo cleidobraquial (13), porque se
estende desde a intersecção clavicular até o úmero, o osso do braço. As partes
escapular e acromial do músculo deltoide são inervadas pelo nervo axilar, um
ramo do plexo braquial. O múSClUO cleidobraquial é inervado pelo nervo axilar
acessório ou braquiocefálico (nC6 -12), o ramo mais cranial do plexo bra­
quial. Esse nervo penetra na superfície profunda do cleidobraquial à distância
de dois dedos distais à intersecção clavicular. O termo músculo braquiocefálico
é coletivo para um músculo contínuo que, nos mamíferos domésticos, é forma­
do por partes dos músculos deltoide e esternocleidomastóideo, bem como pelo
cleidocervical. As três partes têm inserção na intersecção clavicular e consistem
no cleidobraquial, no cleidomastóideo e no cleidocervical. O cleidobraquial
se estende desde o úmero até a intersecção clavicular. A intersecção clavicular
é uma camada fina de tecido conjuntivo que cruza o músculo braquiocefálico
cranialmente ao ombro; em sua extremidade medial, essa intersecção contém
uma pequena cartilagem e frequentemente um pequeno osso visível ao exame
radiográfico. A intersecção une as fibras do cleidobrJquial em sua face distal.
as fibras do cleidocervical e do cleidomastóideo em sua face proximal. além de
ser uma partição completa entre as fibras musculares de inserção. O cleidomas­
tóideo se origina da intersecção clavicular e se une ao esternomastóideo (ver
anteriormente) até se inserir no processo mastoide do osso temporal. O clei­
docervical surge da intersecç.'io clavicular superficialmente ao cleidomastóideo.
A partir da intersecção, o cleidocervical se estende no sentido craniodorsal até
a fenda fibrosa mediana do pescoço que une os músculos direito e esquerdo
dorsal mente. O termo músculo cleidocefálico é aplicado aos músculos cleido­
mastóideo e cleidocervical juntos; portanto, o braquiocefálico pode ser descrito
como um músculo que consiste no cleidobraquial e no cleidocefálico.
O músculo esterno-hióideo (nC lvm -7) e o músculo esternotireóideo (nC 2
1 vm -2) não pertencem à musculatura do tronco-membro, mas aos músculos
hióideos longos. Os músculos esterno-hióideos direito e esquerdo entram em
contato entre si na linha mediana ventral do pescoço. O músculo esternoti­
reóideo encontra-se lateralmente adjacente.
4. Nervos, vasos e órgãos viscerais do pescoço
O sulco jugular e a veia jugular externa foram dissecados. Para demonstrar estruturas da região cervical ventral, os músculos esterno-hióideos
são separados na linha mediana e transeccionados conjuntamente com os músculos esternotireóideos.
1
a) Como as veias subclávia e jugular interna, a VEIA JUGULAR E.XTERNA (8) se ori­
gina da veia braquiocefálica no nível da entrada torácica. Na sequência caudo­
cranial, a veia jugular externa dá origem às veias cefálica, cervical superficial e
omobraquial. Depois se divide na margem caudal da glândula mandibular em
um ramo dorsal, a veia maxilar (19), e em um ramo ventral, a veia linguofa­
cial (18). Em sua união com a veia jugular externa, a veia cefálica (l l) situa-se
na parte medial do sulco peitoral lateral e se une à jugular externa imediata­
mente cranial à entrada torácica. A veia cervical superficial (10) é satélite à
parte extratorácica da artéria de mesmo nome; essa veia se une à jugular exter­
na próximo à raiz do pescoço, em geral imediatamente oposta à veia cefálica.
A veia omobraquial (9) segue superficialmente sobre os músculos deltoide e
cleidocervical, estendendo-se entre a veia axilobraquial e a jugular externa. A
veia axilobraquial segue seu trajeto dorsalmente desde a cefálica ao longo da
margem lateral do músculo cleidobraqlúal, depois se aprofw1da até o músculo
deltoide e se une à veia circunflexa caudal do úmero (ver p. 21).
b) Das ESTRUTURAS NEUR0VASCULARES DA REGIÃO CERVICAL VENTRAL, a veia jugular
interna (22) segue seu trajeto ao longo da margem dorsolateral da traqueia e
emite ramos para o cérebro, a glândula tireoide, a laringe e a faringe. As artérias
carótidas comuns esquerda e direita originam-se, no nível da entrada torácica,
do tronco braquiocefálico arterial (ver p. 49). A artéria carótida comum (24)
segue cranialmente na margem dorsolateral da traqueia e envia ramos para a
glândula tireoide, a laringe e a faringe. O tronco vagossimpático (23) é um
nervo grande que repousa dorsalmente à artéria carótida comum. Esse nervo
conduz fibras nervosas simpáticas desde o tronco simpático toracolombar até
a cabeç.1 (ver p. 49). Os componentes parassimpáticos do nervo vago (ner­
vo craniano X) partem da cabeça predominantemente até as cavidades cor­
porais. Após sua separação do tronco simpático, o nervo vago emite o nervo
laríngeo recorrente (ver p. 49) no interior da cavidade torácica e, depois disso,
contém fibras nervosas parassimpáticas e sensitivas, e talvez fibras motoras es-
2 queléticas para o esôfago. O nervo laríngeo recorrente (26), com suas fibras
motoras esqueléticas, autônomas e sensitivas, curva-se e passa cranialmente
no pescoço. O nervo laríngeo recorrente repousa dentro do tecido conjuntivo
lateralmente na traqueia, que, como o esôfago, recebe ramos dele. O nervo
laríngeo recorrente é facilmente encontrado à medida que segue dorsalmente
à glândula tireoide; sua parte terminal corresponde ao nervo laríngeo caudal,
14
que inerva partes da laringe.
c) Do SISTEMA L1NFAT1co, apenas os troncos linfáticos e os linfonodos são consi­
derados aqui. O tronco linfático (jugular) traqueal representa o grande tronco
linfático pareado do pescoço. Esse tronco começa como a drenagem eferente
do linfonodo retrofaríngeo medial, recebe vasos aferentes dos Jinfonodos cer­
vicais superficial e profundo, e ainda desemboca no ângulo venoso formado
pela confluência das veias jugltlares interna e externa. Em sua terminação, o
tronco linfático traqueal esquerdo (28) se une ao dueto torácico (29), que
conduz a linfa proveniente das cavidades corporais. O linfonodo retrofarín-
geo medial (l) situa-se na inserção cranial do músculo esternotireóideo. Esse
linfonodo recebe sua linfa a partir da cabeça. O linfonodo cervical superfi-3
cial (27) se localiza profundamente ao músculo omotransversário, entre ele e
o serrátil ventral. Os vasos aferentes desse linfonodo passam pela área cervical
superficial, bem como pelo tronco, pela cabeça e pelo membro torácico. Os
linfonodos cervicais profundos ficam próximos à traqueia e consistem em gru-
pos inconstantes, cranial, médio e caudal. Os aferentes desses linfonodos são
provenientes de seus arredores imediatos no pescoço.
d) As ESTRUTURAS v1scERAJS ceRvtCAIS incluem o esôfago e a traqueia, além das
glândulas tireoide e paratireoide. A parte cervical do esôfago (25) situa-se em 4
posição dorsal à traqueia no meio do pescoço e dorsolateral (à esquerda) na en­
trada do tórax. A coloração avermelhada do esôfago deve-se ao revestin1ento
externo de músculo estriado. Esse músculo estriado do tipo visceral é inerva-
do pelo nervo vago. A traqueia (6) consiste em anéis cartilagíneos incompletos 5
em formato de C, que são fechados por uma parte membranosa contendo fei-
xes transversos de músculo (liso) traqueal. Os anéis cartilagíneos incompletos e
suas partes membranosas complementares estão ligados entre si por ligamentos
anulares. O lume traqueal é mantido aberto por anéis cartilagíneos incompletos
que são reforçados por tecido fibroelástico. A tensão assim criada possibilita as
alterações no comprin1ento da traqueia com os processos de respiração e deglu­
tição, e é responsável pela secção transversal arredondada típica da traqueia, a
qual pode sofrer estreitamento por contração do músculo traqueal. A glândula 6
tireoide (21) localizada na extremidade cranial da traqueia possui lobos esquer-
do e direito, que, algumas vezes, podem estar unidos por delgado istmo ventral.
Os pares bilaterais das glândulas paratireoides (20) repousam sobre a glândula 7
tireoide como glândulas pálidas e arredondadas, com diâmetro de aproximada­
mente 3 milímetros. Essas glândulas paratireoides se localizam nas superficiais
lateral e medial da tireoide ou no parênquima tireoidiano.

Regiões cervical e peitoral
(vista ventral)
Ln. retrofaríngeo medial ----------•
2 M. esternotireóideo--------------
M. esternocleidomastóideo:
3 M. esternomastóideo------------
4 M. esternoccipital -------------
5 M. cleidomastóideo-------------
6 Traqueia-----------------•
7 M. esterno-hióideo------------
8 V. jugular externa ------------·
~
9 V. omobraquial-------------
1 O V. cervical superficial--------·
11 V. cefálica-----------·
12 N. axilar acessório (Cs)--
13
M. deltoide:
Mm. peitorais
superficiais:
14 M. peitoral transverso
15 M. peitoral
descendente
Mm. peitorais
profundos:
16 Porção acessória
17 Porção principal --------
Legenda:
32 M. tiro-hióideo
33 M. cricotireóideo
34 M. cleidocervical
35 M. longo da cabeça
36 Intersecção clavicular
37 Sulco peitoral lateral
38 M. escaleno dorsal
39
40
41
42
43
44
M. escaleno médio
M. reto do tórax
M. reto do abdome
M. supraespinal
M. subescapular
M. oblíquo externo
do abdome
---19 V. maxilar
· ----20 Glândula paratireoide
-----21 Glândula tireoide
-----22 V. jugular interna
-----23 Tronco vagossimpático
(ver p. 13)
a Glândula parótida g Lnn. cervicais profundos
b Glândula mandibular h N. frênico
c Arco hióideo V. braquiocefálica
d V. facial j V. subclávia
e A. tireoide cranial k A. e v. axilares
f V. tireoide caudal 1 Nn. intercostobraquiais
15

Capítulo 3: Membro torácico
1. Esqueleto do membro torácico
O cíngulo peitoral (escapular) consiste na escápula, no osso coracoide e na
clavícula, que são completamente desenvolvidos como ossos individuais em
muitos vertebrados inferiores aos mamíferos (p. ex., pássaros). Nos mamíferos
domésticos, há uma considerável redução do osso coracoide para o processo
coracoide da escápula e da clavícula para a intersecção clavicular, uma faixa de
tecido conjuntivo dentro do músculo braquiocefálico (ver p. 14). Nesse local,
frequentemente persiste um pequeno resquício ósseo da clavícula que pode
ser observado ao exame radiográfico na extremidade medial da intersecç.'io
clavicular. Esse resquício aparece como uma lâmina de osso e cartilagem de
aproximadamente 10 x 5 mm.
a) A ESCÁPULA é o principal componente do cíngulo escapular. A face costal
(1) da escápula é subdividida em face serrata (2) situada dorsalmente, área
de inserção do músculo serrátil ventral, e fos.sa subescapular (3) localizada
ventralmente, área de fixação do músculo subescapular. A face lateral (4) é
subdividida pela espinha da escápula (5) em fossa supraespinal (6, -origem
do músculo supraespinal) e fossa infraespinal (7, -origem do músculo infra­
espinal). Na extremidade ventral da espinha da escápula, encontra-se o acrô-
1 mio (8) com processo hamato (9) distal. A margem caudal (10) da escápula é
quase reta; a margem cranial (11) possui incisura escapular (12) distalmente,
enquanto a margem dorsal (13) é dotada de cartilagem escapular (14) estrei­
ta. De seus três ângulos [ângulos caudal (15), cranial (16) e ventral (17)), o
ventral apresenta cavidade glenoidal (18) oval e rasa. Em posição caudodis­
tal ao pequeno colo da escápula (19), está o tubérculo infraglenoidal (20) e,
craniodistalmente ao colo, o tubérculo supraglenoidal (21) com o processo
2 coracoide (22) craniomedial.
16
b) O ÚMERO é dotado da cabeça do úmero (23) como uma espécie de proemi­
nência articular da articulação do ombro. Essa cabeça é nitidamente separada
do colo do úmero (24) apenas na porção caudal. A crista do tubérculo maior
(26) passa distalmente pela margem cranial do tubérculo maior (25), ao passo
que a linha do músculo tríceps (27) passa na face proximal-caudal pela tu­
berosidade deltoide; ou seja, passa caudalmente ao tubérculo maior. O sulco
intertubercular (28) assenta o tendão de origem do músculo bíceps braquial
e forma o sulco profundo que define o tubérculo menor (29) medialmente.
A partir desse tubérculo menor, a crista do tubérculo menor (30) se estende
no sentido distal, onde transpassa a crista supracondilar lateral. O corpo do
úmero (31) possui a tuberosidade deltoide (32) lateralmente na junção de
seus terços proximal e médio. A tuberosidade deltoide serve para a inserção
do músculo deltoide. A partir dessa tuberosidade, a crista do úmero (33) con­
tinua distalmente até o epicôndilo medial. A crista delimita cranialmente o
sulco do músculo braquial (34), que, além de ex.ibir trajeto em espiral, é ocu­
pado pelo músculo citado. O côndilo do úmero (35) consiste em uma ampla
tróclea medial (36), para articulação com a ulna, e na pequena cabeça lateral
do úmero (37), que se articula com o rádio. O côndilo do úmero possui um
epicôndilo de cada lado. A partir do epicôndilo lateral (38, dotado não só de
rugosidade para a origem do ligamento colateral lateral e do músculo extensor
lateral dos dedos, mas também de faceta caudal para a origem do músculo
ulnar lateral), a nítida crista supracondilar lateral (38') estende-se no senti­
do proximal. O epicôndilo medial (39) constitui o processo para fixação do
ligamento colateral medial e, caudalmente, dos músculos flexores dos dedos
e do carpo. A fossa do olécrano (40) caudal profunda e a fossa radial (41)
superficial comunicam-se pelo forame supratroclear (42), que é fechado por
membrana com o tempo.
c) São ossos DO ANTEBRAÇO: rádio e ulna.
1. No rádio, a cabeça do rádio (43) possui circunferência articular (44) con­
dilar caudomedial para a articulação proximal com a ulna em sua incisura ra­
dial. Além de ser indistinto, o colo do rádio (45) é dotado na face caudomedial
de uma pequena proeminência, a tuberosidade do rádio (46), para o término
da inserção radial do músculo bíceps braquial. O corpo do rádio (47) é suce-
<lido na porção distal pela tróclea do rádio (48), que se articula distalmente
com os ossos do carpo e, lateralmente, por meio da incisura ninar (49), forma
a articulação distal com a circunferência articular da ulna. A porção distal do
rádio termina na face medial com o processo estiloide medial (50).
11. A ulna projeta-se além dos limites da cabeça do rádio com seu olécrano (51), 3
que é ampliado na porç.'io proximal para formar a tuberosidade do olécrano
(52). A incisura troclear semilunar (54) começa no processo ancôneo (53) 4
pontiagudo de onde se curva nos sentidos distal, medial e lateral, até chegar ao
processo coronoide medial (55) ou, respectivamente, ao processo coronoide 5
lateral (56). A incisura radial (57) fica na transição com o corpo da ulna (58).
A cabeça da ulna (59) forma a extremidade distal (!) do osso. Além de pos-6
suir a circunferência articular (60) na face medial, a cabeça da ulna termina
distalmente com o processo estiloide lateral (61). O espaço interósseo do
antebraço (62) é particularmente amplo no terço distal do antebraço.
d) Os ossos DO CARPO são formados no embrião em três fileiras e reduzidos
no período pós-natal para duas fileiras. O osso radial do carpo (63) na face
medial contém o osso intermédio do carpo da fileira proximal, bem como o
os.~o central do carpo da fileira média, e também recebe o nome de osso in­
termediorradial do carpo. O osso ninar do carpo (64), que é distal à ulna, e o
osso acessório do carpo (65), que é projetado para o lado, completam a fileira
proximal. Os ossos do carpo Ia IV (66) formam a fileira distal, articulando-se
com os ossos do metarcarpo.
Sinônimos para os ossos do carpo:
Osso radial do carpo
Osso intermédio do carpo
Osso ulnar do carpo
Osso acessório do carpo
Osso cárpico 1
Osso cárpico II
Osso cárpico Ili
Osso cárpico IV
Osso escafoide }
lntermediorradial
Osso lunato (osso semilunar)
Osso piramidal
Osso pisiforme
Osso trapézio
Osso trapezoide
Osso capitato
Osso hamato
e) Os ossos METACÁRPICOS I A V possuem base (67) com superfície articular
proximalmente, corpo (68) longo e, por fim, cabeça (69) distal(!). O primeiro
osso metacárpico pode estar ausente ou dividido em dois ossos; nesse caso, a
parte proximal encontra-se fundida com o primeiro osso cárpico.
O Os ossos DOS oeoos correspondem às falanges proximais, médias e distais.
No primeiro dedo, o polegar, a falange média costuma estar ausente. A falange
proximal (70) e a falange média (71) possuem base (72) proximal, corpo (73)
e cabeça (74) distal. A tuberosidade flexora (75) indistinta é proximal-palmar
na falange média e serve para o término do tendão flexor superficial. A falan­
ge distal ou osso unguicular (76) possui superfície articular (77) proximal­
-dorsal, processo extensor (78) indistinto para a inserção do tendão extensor
e tubérculo flexor (79) indistinto proximal-palmar para a fixação do tendão
flexor profundo. A crista unguicular (80), de margem afiada, repousa sobre o
sulco unguicular (81) e a base do processo unguicular (82), que constitui a
base óssea das garras (também conhecidas como unguículas).
g) Os ossos SESAM010Es da mão são o osso sesamoide do músculo abdutor do
dedo I (83), que se articula com uma pequena faceta mediopalmar do osso ra­
dial do carpo, e ossos sesamoides proximais (84), que são ossos palmares nas
articulações metacarpofalângicas. Na face palmar da articulação interfalângica
distal, existe o sesamoide distal (85). Dorsalmente, na articulação interfalãn­
gica proximal, há o sesamoide dorsal (86) que sempre é cartilagíneo (cartila­
gem sesamoide), mas o sesamoide dorsal na a1ticulação metacarpofalângica é
ocasional mente cartilagíneo.

11
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16
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(vista medial)
(vista palmar)
Ossos do membro torácico
Escápula
Face costal (1)
Face serrata (2)
Fossa subescapular (3)
Face lateral (4)
Espinha da escápula (5)
Fossa supraespinal (6)
Fossa infraespinal (7)
Acrômio (8)
Processo hamato (9)
Margem caudal (1 O)
Margem cranial (11)
lncisura escapular (12)
Margem dorsal (13)
Cartilagem escapular (14)
Ângulo caudal (15)
Ângulo cranial (16)
Ângulo ventral (17)
Cavidade glenoidal (18)
Colo da escápula (19)
Tubérculo infraglenoidal (20)
Tubérculo supraglenoidal (21)
Processo coracoide (22)
Rádio
Cabeça do rádio (43)
Circunferência articular (44)
Colo do rádio (45)
Tuberosidade do rádio (46)
Corpo do rádio (47)
Tróclea do rádio (48)
lncisura ulnar (49)
Processo estiloide medial (50)
Ulna
Olécrano (51)
Tuberosidade do olécrano (52)
Processo ancôneo (53)
lncisura troclear (54)
Processo coronoide medial (55)
Processo coronoide lateral (56)
lncisura radial (57)
Corpo da ulna (58)
Cabeça da ulna (59)
Circunferência articular (60)
Processo estiloide lateral (61)
Espaço interósseo do antebraço (62)
Ossos do carpo
Osso radial do carpo (63)
Osso ulnar do carpo (64)
Osso acessório do carpo (65)
Ossos cárpicos I a IV (66)
Ossos do metacarpo Ia IV
Base (67)
Corpo (68)
Cabeça (69)
Ossos dos dedos
Falange proximal (70)
Falange média (71)
Base (72)
Corpo (73)
Cabeça (74)
Tuoorosidade flexora (75)
Falange distal (76)
Superfície articular (77)
Processo extensor (78)
Tubérculo flexor (79)
Crista unguicular (80)
Sulco unguicular (81)
Processo unguicular (82)
Sesamoides (83-86)
16
(vista lateral)
(vista dorsolateral)
17

2. Veias mediais do membro torácico; músculos mediais do ombro e do braço com
sua inervação
Para uma dissecção mais minuciosa, o membro torácico é separado do tronco. Para fazer isso, o músculo cleidocefálico (ver p. 14) é seccionado
na porção proximal à intersecção clavicular, mas os outros músculos de ligação do tronco ao membro são seccionados a uma distância equiva­
lente à largura de alguns dedos proximais à inserção no membro torácico. A veia jugular externa é submetida à transecção cranial a partir da ori­
gem da veia omobraquial, e a veia subclávia a partir da veia braquiocefálica, logo após a divisão da última em subclávia e jugular externa. A artéria
axilar é seccionada em um ponto imediatamente lateral à primeira costela. As raízes nervosas segmentares (de nCv 6 a nTv 2) são seccionadas
logo antes de sua confluência para formar o plexo braquial; nesse caso, as três raízes do nervo frênico (de nCv 5 a 7) devem ser seccionadas
próximas à sua origem a partir dos nervos nCv 6 a 7 do plexo, mas preservadas em seu trajeto até a entrada torácica. Com o membro torácico
removido, a pele do membro é rebatida no nível das articulações metacarpofalângicas. Ao fazer isso, observar o coxim carpal no carpo, o coxim
do metacarpo no nível da articulação metacarpofalângica e os coxins digitais no nível das articulações interfalângicas distais. A extremidade dis­
tal do membro deve ser obrigatoriamente mantida enfaixada e umedecida para evitar seu ressecamento. Ao rebater a pele, especialmente na face
flexora da articulação do cotovelo e no contorno cranial do antebraço, preservar, para dissecção futura, as veias superficiais e os nervos cutâneos
que as acompanham. Mediaimente na articulação do cotovelo, o músculo pronador redondo (42) é seccionado para demonstrar as veias.
a) As VEIAS são identificadas com base em sua área de drenagem. A sequên­
cia de ramos serve apenas como critério auxiliar, por ser consideravelmente
variável no sistema venoso. Nos sistemas arterial e nervoso, as variações são
menores.
A veia subclávia, muito curta, é sucedida no nível da primeira costela pela veia
axilar (21), que emite, em primeiro lugar, a veia torácica externa (22) (muitas
vezes, duplamente desenvolvida) aos músculos peitorais. É emitido um ramo
venoso adicional, a veia torácica lateral (4), seguindo com a artéria e o ner­
vo de mesmo nome. Essa veia segue ao longo da margem lateral do músculo
peitoral profundo (ver p. 13) ou, respectivamente, do músculo grande dorsal.
Em sua origem, essa veia entra em contato com o linfonodo axilar (21) e, no
nível do segundo espaço intercostal, com o linfonodo axilar acessório (3). A
partir da veia axilar, a veia subescapular (5) segue até o músculo de mesmo
nome e a veía toracodorsal (2) até a face medial do músculo grande dorsal. A
veia subescapular emite a veia circunflexa caudal do úmero (18), que pas.~a
profundamente, cruzando de forma arciforme lateralmente na face caudal da
cápsula articular do úmero e se unindo, por anastomose lateral, com a veia
circunflexa cranial do úmero (23) (ver p. 25). Este último vaso é uma veia
muito pequena que se origina da veia axilar e segue seu trajeto até a área do hilo
do músculo bíceps braquial. Depois de se bifurcar na veia axilobraquial (ver p.
25), que também pode se originar da veia circunflexa caudal do úmero, a veia
axilar é sucedida pela veia braquial (6). Na face flexora da articulação do coto­
velo, esta última veia emite a veia braquial superficial (10), cuja continuaç,'io,
a veia mediana do cotovelo (27), origina-se da veia cefálica. A veia braquial
passa profundamente ao músculo pronador redondo e emite a veia interóssca
comum (12), além de ser sucedida pela veia mediana (13).
b) Os NERVOS ESPINAIS nCv 6 a nTv 2 formam as raízes do plexo braquial, onde os
ramos ventrais desses diversos nervos espinais interagem com troca de fibras.
Os principais nervos do membro torácico originam-se como ramos do plexo
braquial. Na identificação subsequente de nervos e músculos, os nervos ser­
vem como estruturas de guia na determinação das homologias dos músculos e,
por outro lado, os nervos são identificados com base na área de inervação.
O nervo axilar (nC 7 e 8, -17) emite ramo para o músculo redondo maior
(1), músculo este que surge em região proximal na margem caudal da escápula
e termina, com o grande dorsal, no úmero. O nervo axilar também inerva a
parte caudal do músculo subescapular e a articulação do ombro. Na margem
caudal do músculo subescapular, o nervo passa profundamente, segue na face
lateral em posição ventral à cabeç,1 longa do tríceps e, por fim, aparece na face
lateral do ombro (ver p. 21). O nervo axilar acessório (nervo braquioccfálico,
nC 6 e 7, -15) constitui o ramo mais cranial do plexo braquial (sua origem
como ramo do plexo braquial é questionada por alguns autores). Esse nervo
axilar acessório se estende até a parte clavicular do deltoide, fornecendo a iner­
vação motora a esse músculo, e penetra no músculo com seu ramo cutâneo
sensorial. O nervo subescapular (nC 6 e 7, -16) ingressa no músculo subes­
capular (16) com dois ramos. O músculo subescapular surge na fossa subesca­
pular e termina no tubérculo menor do úmero. O nervo supraescapular (nC 6
e 7, -14) passa na face lateral, profundamente entre os músculos subescapular
e supraespinal. Esse nervo cruza a face cranial do colo da escápula e surge na
superfície lateral da escápula profundamente aos músculos supraespinal e in­
fraespinal (ver p. 21). O nervo musculocutâneo (nC 6 -nT 1, -25) repousa
sobre a face cranial da artéria braquial. O ramo muscular proximal desse nervo
inerva os músculos coracobraquial e bíceps braquial e, a uma distância equiva­
lente à largura de um dedo, proximal à articulação do cotovelo, o nervo mus­
culocutâneo comunica-se com o nervo mediano. Esse nervo musculocutâneo,
então, prossegue no sentido craniomedial profundamente ao músculo bíceps
braquial e termina em um ramo muscular distal para o músculo braquial (pode
haver algum ramo adicional para o músculo bíceps braquial) e no nervo cutâ­
neo medial do antebraço (11). Este último nervo segue em sentido craniodis­
tal entre os músculos bíceps e braquial, surgindo no subcutâneo e descendo
intertubercular, onde é mantido no lugar pelo ligamento transverso do úmero.
O tendão de inserção (ver ilustraç,'io) do músculo bíceps braquial bifurca-se
em Y distal mente à face flexora da articulação do cotovelo e se insere na porção
proximal do rádio (tuberosidade do rádio) e da ulna. O músculo braquial (ver
ilustração) segue com seu tendão de inserção entre os tendões ramificados do
bíceps braquial, chegando à margem medial proximal da ulna e do rádio. Esse
músculo braquial se origina em posição caudal à cabeça do úmero, enrola-se
em espiral no sulco do músculo braquial no sentido caudal ao laterocranial em
torno do úmero e depois, distomeclialmente, termina na porção proximal da
ulna. O nervo radial (nC 7 -nT 2, -19) passa profundamente em posição clis-3
tal ao forte tendão de inserção do músculo redondo maior, ingressando entre
as cabeças medial e longa do músculo tríceps braquial, o qual inerva. Antes de
entrar no tríceps, esse nervo emite um pequeno ramo ao músculo tensor da
fáscia do antebraço (7). Este último músculo surge do tendão de inserção do
músculo grande dorsal, e termina no olécrano e na fáscia medial do antebraço.
O nervo ulnar (nC 8 -nT 2, -8) e o nervo mediano (nC S -nT2, -24) se 4
originam, juntos, do plexo braquial e se separam na região distal do braço, com
inclinaç,'io caudal do nervo ulnar. Em todo o trajeto desses nervos na porção
proximal do braço, os dois nervos seguem juntos em posição caudal à artéria
braquial e em associação à veia braquial. O nervo mediano, menor, é o mais
cranial. No terço distal do úmero, o nervo ulnar emite o nervo cutâneo caudal
do antebraço (9), que passa na face extensora da articulação do cotovelo e
distalmente na porção caudal do antebraço. Os nervos peitorais cranial e cau­
dal, o nervo torácico longo, o nervo toracodorsal e o nervo torácico lateral
também são considerados como nervos do plexo braquial.
Músculos bíceps braquial, braquial e
coracobraquial
....
··-
, ' :
·:• : .
(vista medial)
,.. ----------Processo coracoide
---------Tubérculo supraglenoidal
--------Tubérculo menor do úmero
-----26 M. bíceps braquial (origem)
------20 M. coracobraquial
---------M. braquial
M. bíceps braquial (inserção)
2 pela face craniomedial do antebraço. O curto músculo coracobraquial (20)
fusiforme surge no processo coracoide e termina no nível do terço proximal
do úmero, caudal ao tubérculo menor. O tendão de origem do longo múscu­
lo bíceps braquial (26) se origina do tubérculo supraglenoidal da escápula e,
--M. pronador quadrado
18
envolto por uma extensão cranial da cápsula articular sinovial, passa no sulco

Membro torácico
Legenda:
a N. trênico
b A. e v. braquiais profundas
c A. e v. bicipitais
d A. e v. ulnares colaterais
e A. e v. transversas do cotovelo
f A. e v. ulnares recorrentes
g A. e v. ulnares
h Ramos dorsais da a, da v. e do n. ulnares
A. e v. interósseas caudais
j A. e v. braquiais profundas
k V. cefálica
1 Ramo medial da a. cranial superficial do antebraço
e ramo superficial do n. radial (ramo medial)
m V. cefálica acessória
n A. e v. radiais
o Ramo carpal dorsal
p N. palmar abaxial do dedo 1
q Aa. e nn. palmares comuns dos dedos
r Arco palmar superficial
s Vv. palmares comuns dos dedos
1 M. redondo maior------·
2 A., v. e n. toracodorsais ------
/
3 Ln. axilar acessório --------/ /
4 A
• . 1 . / /
. , v. e n. toracrcos atera,s-----J /
/
5 A. e v. subescapulares -------~
(vista caudomedial) 6
7
8 Nervo ulnar-----------+---m"--:
/ k 9 N. cutâneo caudal do antebraço--+--i',lf
27
----10 V. braquial superficial-------+-+
N. cutâneo medial do antebraço
V. interóssea comum
~l¼c\---13 A. e v. medianas
-45
-48
-50
(ver p. 23, 25)
A.,v.en.
supraescapulares
N. axilar acessório
N. em. subescapulares
-17 N. axilar
-18 V. circunflexa
caudal do úmero
-19 N. radial
--20 M. coracobraquial
1
----24
· --33
-34
v. e ln. axilares
A. e v. torácicas
externas e n.
peitoral cranial
A. e v. circunflexas
craniais do úmero
N. mediano
------25 N. musculocutâneo
--------26 M. bíceps braquial
------------27 V. mediana
do cotovelo
---42
---43
--50
Legenda:
28 M. serrátil ventral do tórax
29 M. serrátil ventral do pescoço
30 M. grande dorsal
31 M. supraespinal
32 M. peitoral profundo (secção)
tii-'¼-_ n 33 M. peitoral descendente (secção)
34 M. peitoral transverso (secção)
35 Parte clavicular do m. deltoide
M. tríceps braquial:
36 Cabeça longa
37 Cabeça medial
38 M. flexor ulnar do carpo
38 Cabeça ulnar
39 Cabeça umeral
40 M. flexor superficial dos dedos
41 Tendões
42 M. pronador redondo
43 M. flexor radial do carpo
44 Tendão (secção)
45 M. pronador quadrado
M. flexor profundo dos dedos:
46 Cabeça ulnar
4 7 Cabeça umeral
48 Cabeça radial
49 Tendão
50 M. extensor radial do carpo
51 Ug. palmar do carpo
52 RetináculO flexor (secção)
53 Ug. palmar anular
54 Manga flexora
55 Ligg. anulares proximal
e distal dos dedos
56 Coxim carpa!
57 Coxim do metacarpo
58 Coxim digital
19

3. Veias laterais do membro torácico; músculos laterais do ombro e do braço com
sua inervação
Para demonstrar as anastomoses entre os sistemas venosos profundo medial e superficial lateral, bem como os ramos musculares do nervo
axilar, as partes escapular e acromial do músculo deltoide são seccionadas em sua origem a partir da escápula (ver ilustração). Para demonstrar
os ramos musculares do nervo radial, a cabeça lateral do músculo tríceps braquial é seccionada na metade e os cotos são rebatidos.
a) As VEIAS CUTÂNEAS SUPERACIAIS LATERAIS seguem na região da escápula e dobra­
ço desacompanhadas por artérias de mesmo nome. A partir da jugular externa,
1 a veia cefálica (19) passa brevemente na face lateral no sulco peitoral lateral,
depois profundamente entre os músculos cleidobraquial e peitoral superficial
até chegar à margem lateral do cleidobraquial. Nesse local, a veia cefálica se
une à veia axilobraquial (7). Antes de passar profundamente à parte escapular
do músculo deltoide, a veia axilobraquial recebe a veia omobraquial (6). Na
face flexora da articulação do cotovelo, a veia cefálica recebe a veia mediana do
cotovelo {20), cuja continuação, como a veia braquial superficial, alcança a veia
braquial situada mediaimente. A veia cefálica em seu trajeto sobre o contorno
cranial do antebraço é acompanhada por ambos os ramos do ramo superficial
do nervo radial e pela continuação distal (artéria superficial cranial do ante­
braço) da tênue artéria superficial do antebraço. A uma distância equivalente à
largura de três dedos em direção proximal ao carpo, a veia cefálica passa pela
face medial do membro, depois segue no sentido caudopalmar até chegar à su­
perfície palmar da mão. Distalmente a esse ponto, o trajeto distal direto e reto
dessa veia cefálica sobre a face cranial do membro é sucedido pela veia cefálica
acessória {21), que recebe as veias dorsais comuns dos dedos no dorso da mão.
b) Os NERVOS responsáveis pela inervação dos MÚSCULOS LATERAIS do ombro e do
braço se originam na face medial do ombro a pattir do plexo braquial, onde
suas porções iniciais foram previamente identificadas (ver p. 19).
O nervo axilar emite ramos musculares para a face medial das partes escapular
e acronüal do músculo deltoide, bem como para o músculo redondo menor,
que é fusiforme. Depois disso, o nervo axilar termina com seu nervo cutâ­
neo lateral cranial do braço ( 10) e seu nervo cutâneo cranial do antebraço
(li). Esses nervos aparecem no subcutâneo na margem caudal do músculo
deltoide em companhia da veia axilobraquial. O músculo deltoide origina-se
da espinha da escápula com sua parte escapular (3) e do acrõmio com sua
parte acromial (4). Ambas as partes te1minam em um tendão comum que
se insere na tuberosidade deltoide do úmero. A parte clavicular do deltoide
(5, músculo cleidobraquial), que corre entre a intersecção clavicular e a ex­
tremidade distal da crista do úmero, é inervada pelo nervo axilar acessório
(nervo braquiocefálico, -nC 6). O músculo redondo menor (ver ilustração)
surge no tubérculo infraglenoidal e na margem caudal da escápula, e termina
na tuberosidade para esse músculo. O nervo supraescapular (2), previamente 2
identificado, inerva o músculo supraespinal. Esse nervo cruza o colo da es­
cápula craniahnente e volta caudalmente na superfície lateral da escápula na
base do acrômio, ingressando, por fim, na face profunda do músculo infraes­
pinal. O músculo supraespinal ( l) se origina na fossa supraespinal e se insere
cranialmente no tubérculo maior do úmero. O músculo infraespinal (9) fica 3
em posição profllJlda à parte escapular do músculo deltoide, surge na fossa
infraespinal (bem como na espinha e na cartilagem da escápula) e termina
na faceta infraespinal do úmero, um pouco distal ao tubérculo maior. No lo-
cal onde o tendão do músculo infraespinal atravessa a parte caudal (coberta
por cartilagem) do tubérculo maior, há uma bolsa subtendínea como base. Os
tendões de inserção dos músculos infraespinal e subescapular exercem a fun­
ção de ligamentos contráteis laterais ou, respectivamente, mediais na articula­
ção do ombro, que carece de ligamentos colaterais próprios. Profundamente
dentro da cápsula articular fibrosa, existem reforços fibrosos laterais e mediais
denominados ligamentos glenoumerais (ver p. 26). O nervo radial (15), que
passa profundamente à cabeça lateral do tríceps, inerva com seus ramos mus­
culares proximais as cabeças do músculo tríceps braquial e do músculo ancô­
neo. A continuação do nervo radial segue em sentido distal sobre o músculo
braquial, dividindo-se em ramo profundo (17) para os músculos extensores
dos dedos e do carpo (e para o músculo ulnar lateral) e ramo superficial (16),
que acompanha a veia cefálica em qualquer lado com ramos laterais e mediais.
Esses ramos continuam na porção distal do membro ao lado da veia cefálica
acessória. Os nervos dorsais comw1s dos dedos inervam o dorso da mão. O
músculo triceps braquial (ver também a pequena ilustração) origina-se com
sua cabeça longa (12) na margem caudal da escápula, com sua cabeça acessó-4
ria (14) caudalmente no úmero, com sua cabeça lateral (13) a partir da linha
tricipital e, com sua cabeça medial (8), na porção proximal-medial a partir do
úmero. Em localização profunda ao término comum dessas cabeças do tríceps
no olécrano, há uma bolsa subtendínea na face lateral. Em posição proximal ao
olécrano, há uma bolsa subcutânea inconstante dessa protuberância óssea. O
músculo ancõneo (18) surge nas margens da fossa do olécrano e termina com
fixação carnosa lateralmente no olécrano.
Músculos da escápula
(vista lateral)
M. supraespinal ------•
------9 M. infraespinal ------
M. deltoide:
Parte escapular -----·
· -------4 Parte acromial ------
M. redondo menor ----•
20

Membro torácico
1
2
M. deltoide:
3 Parte escapular------------
4 Parteacromial --------------
5 Parte clavicular (m. cleidobraquial)-----
6 V. omobraquial --------------
Legenda:
a Ramos cutâneos da a. e da v. toracodorsais
b N. axilar acessório (CJ
c A. e v. braquiais superficiais
d A. superficial cranial do antebraço
e Ramo medial
f Ramo lateral
g N. cutâneo lateral do antebraço do n. radial
h Ramo medial do n. radial (ramo superficial)
Ramo lateral do n. radial (ramo superficial)
j A., v. e n. dorsais comuns dos dedos
k Ramo dorsal da a. e do n. ulnares
1 A., v. e n. abaxiais dorsais dos dedos
m Aa., vv. e nn. dorsais comuns dos dedos (li a IV)
Cabeça medial do
m. tríceps braquial
~-~,l:\'iHI-· ----11 N. cutâneo cranial do antebraço
M. tríceps braquial:
----12 Cabeça longa
. ----13 Cabeça lateral
í'!,"Õ!'!-'--.,._. ____ 14 Cabeça acessória
N. radial
Ramo superficial
Ramo profundo e a. e v. radiais colaterais
V. mediana do cotovelo
(vista craniolateral)
-----21 V. cefálica acessória
(ver p. 23, 25)
Legenda:
22 Parte cervical do m. trapézio (secção)
23 Parte torácica do m. trapézio (secção)
24 M. redondo maior
25 M. cleidocervical (secção)
26 Intersecção clavicular
27 M. braquial
28 M. bíceps braquial
29 M. pronador redondo
30 M. extensor radial do carpo
31 M. extensor comum dos dedos
32 M. extensor lateral dos dedos
33 M. extensor ulnar do carpo
34 M. abdutor longo do dedo 1
35 M. extensor do dedo 1
36 Retináculo dos extensores
21

4. Músculos do antebraço e sua inervação
Para diferenciar cada músculo flexor do carpo e dos dedos com clareza, o término de suas inserções tendineas tem de ser identificado. Para
fazer isso, o canal do carpo (ou seja, a passagem para os dois tendões flexores dos dedos e as estruturas associadas na face palmar do carpo)
deve ser obrigatoriamente aberto. Em primeiro lugar, secciona-se a lâmina superficial do retináculo flexor, que se estende entre o osso acessório
do carpo e o processo estiloide medial. O tendão flexor superficial é alçado e erguido a partir do canal do carpo. Em seguida, secciona-se a
lâmina profunda do retináculo flexor que fica entre os tendões flexores. Depois de erguer o tendão flexor profundo, pode ser visto o ligamento
palmar do carpo que forma o limite profundo do canal. Para visualizar as inserções dos tendões extensores e flexores, a pele do dedo li será
completamente rebatida. A manga flexora do tendão flexor superficial é incisada na face lateral, possibilitando a observação da passagem do
tendão flexor profundo por essa manga flexora com maior facilidade.
1 a) Os MÚSCULOS CAUOOMEDIAIS DO ANTEBRAÇO consistem nos dois flexores dos dedos,
dois flexores da artictdação do carpo e dois pronadores das articulações radiulnares.
siste em dois músculos individuais), os extensores dos dedos se inserem distal­
mente no processo extensor da falange distal, os músculos do polegar entre o
metacarpo e a falange distal do dedo 1, os extensores do carpo diretamente na
porção distal ao carpo e metacarpo, assim como os supinadores no rádio.
A origem de todos esses músculos, exceto um (o pronador quadrado), pro­
vém do epicôndilo medial do úmero; além de sua origem a partir desse epi­
cõndilo medial, o flexor profundo dos dedos possui cabeças radiais e ulnares.
O músculo pronador quadrado é composto de fibras horizontais que ocupam
o espaço interósseo do antebraço. Dois dos músculos possuem, além de sua
origem a partir do epicõndilo medial, uma origem a partir da ulna (músculo
flexor ulnar do carpo) e outra origem a partir da wna e do rádio (músculo
flexor profundo dos dedos). Dessa forma, o flexor ulnar do carpo tem duas
cabeças de origem, enquanto o flexor profundo dos dedos tem três.
A inserção dos dois flexores dos dedos ocorre nos ossos dos dedos; dos dois
flexores da articulação do carpo, no metacarpo proximal ou no carpo; dos dois
pronadores, no rádio e na ulna (tais informações devem ser consideradas na
identificação dos diferentes músculos).
I. Dos dois músculos flexores dos dedos, o flexor superficial dos dedos (10)
é sucedido no terço distal do antebraço por seu tendão, que se divide no me­
tacarpo proximal em quatro ramos, cada um com inserção em algum dedo (11
a V). Na porção proximal ao seu término na tuberosidade flexora da falange
média, o tendão é modificado até formar uma manga flexora (20) semelhante
a um túnel ou luva para o ramo tendíneo correspondente do flexor profundo
dos dedos. O músculo flexor profundo dos dedos possui cabeça umeral forte
(8), bem como cabeças ulnar (7) e radial (6), estas fracas, que se unem no
terço distal do antebraço para formar o tendão flexor profundo. Esse tendão
flexor profundo então se divide no carpo distal e metacarpo proximal em cinco
tendões de inserção (I a V), dos quais quatro atravessam a estrutura da manga
flexora correspondente e terminam no tubérculo flexor da falange distal do
dedo II ao V. O ramo do flexor profundo à falange distal do dedo I não é acom­
panhado pelo tendão do flexor superficial.
2 II. Dos dois flexores da artictdação do carpo, as duas cabeças do músculo flexor
ulnar do carpo ( 15) permanecem separadas até sua inserção no osso acessório
do carpo. A cabeça ulnar é principalmente tendínea, enquanto a cabeça umeral é
sobretudo carnosa. O músculo flexor radial do carpo (2) posstú tendão terminal
dividido, inserindo-se na face proximal-palmar dos ossos do metacarpo li e Ili.
22
III. Dos dois músculos pronadores das articulações radiulnares, o músculo
pronador redondo (ver ilustração) se insere craniomedialmente na porç,'\o
proximal do rádio. O músculo pronador quadrado (4) ocupa o espaço inte­
rósseo do antebraço na face palmar, estendendo-se entre o rádio e a ulna.
A inervação é feita pelos nervos mediano (5) e ulnar (9); nesse caso, os mús­
culos localizados mais mediaimente (músculos pronador redondo, pronador
quadrado e flexor radial do carpo, bem como a cabeça radial do músculo flexor
profundo dos dedos) são inervados soúnhos pelo nervo mediano. O nervo
mediano também inerva o flexor superficial dos dedos, o mais caudal dos mús­
culos mediais. Os músculos situados mais caudalmente (músculo flexor ulnar
do carpo e cabeça ulnar do músculo flexor profundo dos dedos) são inervados
apenas pelo nervo ulnar. A cabeça umeral do músculo flexor profundo dos
dedos, que consiste em três ventres e é encontrado na metade de ambas as
áreas de inervação, é inervada pelos nervos ulnar e mediano. O nervo ulnar se
divide no terço proximal do antebraço em ramos palmar e dorsal. O ramo dor­
sal do nervo ulnar (14) corre distalmente ao longo da margem caudolateral
do músculo ulnar lateral (músculo extensor ulnar do carpo), atravessa o osso
acessório do carpo lateralmente e termina como nervo dorsal abaxial do dedo
V no dorso da mão. O ramo palmar do nervo ulnar (17) segue seu trajeto
profundamente, dentro do canal medial do carpo ao osso acessório do carpo e
entre os ligamentos acessórios do metacarpo (ligamentos que se estendem des­
de o osso acessório do carpo até os ossos do metacarpo IV e V; ver ilustração
na p. 27), até chegar à superfície pai mar lateral da mão.
b) Os MÚSCULOS CRANIOLATERAJS oo ANTEBRAÇO consistem nos extensores dos dedos,
dois músculos do dedo 1 (homólogo ao polegar de seres humanos), dois extenso•
res do carpo e dois supinadores das articulações radiulnares (ver ilustração).
A origem dos músculos craniolaterais do antebraço provém, sobretudo, da
crista supracondilar lateral (músculos braquiorradial, extensor radial do carpo,
extensor comum dos dedos), do epicôndilo lateral do úmero e do ligamento
colateral lateral da articulação do cotovelo (músculos supinador, extensor late­
ral dos dedos, extensor ninar do carpo ou ulnar lateral). Os músctdos abdutor
longo do dedo 1 (m. abdutor longo do polegar) e extensor do dedo 1 (m. extensor
do polegar) se originam da superfície cranial da ulna e do rádio, bem como do
ligamento interósseo que une os dois ossos.
A inserção desses músculos é utilizada na distinção dos diferentes músculos
do grupo craniolateral. Dos quatro grupos musculares (cada um dos quais con-
I. Dos dois extensores dos dedos, o músculo extensor comum dos dedos
(13) termina nos dedos II a V, enquanto o músculo extensor lateral dos dedos
(16), nos dedos llI a V.
II. Dos dois músculos do polegar ( dedo I), o músculo abdutor longo do
dedo I (11) se insere proximalmente no primeiro osso do metacarpo, ao passo
que o extensor do dedo I (12) termina com dois tendões muito fracos no pri­
meiro e no segundo dedo.
III. Dos dois extensores da articulação do carpo (ambos são nomeados "exten­
sores•: mas apenas o extensor radial do carpo funciona como extensor da articu­
lação), o músculo extensor radial do carpo (3) acaba se dividindo em dois ten­
dões, que se inserem proximal mente nos ossos do metacarpo li e Ili. O extensor
ulnar do carpo (ulnar lateral, -18), que atua principalmente como abdutor da
pata e flexor parcial do carpo, termina na proeminência lateral proximal do me­
tacarpo V e com um ramo transverso que se insere no osso acessório do carpo.
IV. Dos dois supinadores (ver ilustração), o músculo supinador fica em po­
sição profunda às origens dos extensores dos dedos e termina na porção pro­
ximal-cranial no rádio. O músculo braquiorradial passa superficialn1ente na
face flexora da articulação do cotovelo, inserindo-se na margem craniomedial
do rádio na junção de seus terços médio e distal.
A inervação desses músculos é feita pelo nervo radial, que, por meio de seu
ramo profundo (1), inerva todos os músculos craniolaterais do antebraço. O
ramo superficial ( ver p. 2 1) situa-se em ambos os lados da veia cefálica com
seus ramos medial e lateral, mas acaba emitindo o nervo cutâneo lateral do
antebraço como os vários ramos que se estendem no sentido caudal a partir
do ramo lateral na porção craniolateral do antebraço. Na companhia da veia
cefálica acessória, ambos os ramos (medial e lateral) prosseguem distalmente
no dorso da mão e, nesse local, ramificam-se nos nervos dorsais comuns dos
dedos (19); cada um deles, por sua vez, acaba se dividindo na região proximal
às articulações metacarpofalângicas em nervos próprios dorsais dos dedos que
se estendem em direção às extremidades dos dedos adjacentes.
Músculos do antebraço
(vista craniolateral)
M. pronador redondo -~'
M. braquiorradial ---
3 M. extensor radial ----
do carpo
11
12
----Epicôndilo lateral
do úmero
---M. supinador
M. extensor ulnar
do carpo
M. extensor comum
dos dedos
M. extensor lateral
dos dedos

(vista caudomedial)
Antebraço
Ramo profundo do n. radial ----.,.
M. flexor radial do carpo (secção)
M. extensor radial do carpo
M. pronador quadrado
A., v. e n. medianos
M. flexor profundo dos dedos:
-----6 Cabeça radial
-----7 Cabeça ulnar
-----8 Cabeça umeral
• ----9 N. ulnar
----10 M. flexor superficial dos dedos
.,.
.,.
.,.
.,.
.,.
/
/
/
(vista craniolateral)
11 M. abdutor longo do dedo 1 -----------------
12 M. extensor do dedo 1 --------------------
13 M. extensor comum dos dedos ----------------
14 Ramo dorsal do n. ulnar ------------------
-li,~~'°---15 M. flexor ulnar do carpo
16 M. extensor lateral dos dedos----------------
Tf.--il-· --17 Ramo palmar do n. ulnar
Legenda:
21 Tendão dom. flexor superficial dos dedos
22 Tendão do m. flexor profundo dos dedos
23 M. interósseo
24 Tendão do m. extensor comum dos dedos
25 Lig. anular palmar
26 Ligg. anulares proximal e distal dos dedos
18 M. extensor ulnardo carpo-----------------··
21 •
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
19 Aa., vv. e nn. dorsais comuns dos dedos (1 a IV) ' ------
Dedo Ili
(vista mediaO
(ver p. 19, 21, 25)
2 7 Ug. colateral da articulação
interfalãngica proximal
28 Ug. dorsal
29 Osso sesamoide proximal
30 Osso sesamoide dorsal
31 Cartilagem sesamoide dorsal
32 Cartilagem sesamoide distopalmar
23

24
5. Vasos e nervos do membro torácico
a) OMBRO, BRAÇO E ANTEBRAÇO são supridos por vasos sanguíneos e nervos que
correm principalmente nas faces medial e cranial do membro. Nas articulações,
esses vasos e nervos costumam ser encontrados na face flexora e protegida da
articulação. A irrigação sanguínea do membro torácico é feita por uma única
artéria, a artéria axilar. Já a drenagem venosa é realizada por várias veias: a veia
axilar situada mediaimente, a veia cefálica localizada na facecraniolateral, bem
como as veias axilobraquial e omobraquial na face lateral do braço.
A artéria e a veia axilares (15) ficam na curvatura da articulação do ombro,
superficialmente ao nervo axilar. No nivel da primeira costela, esses vasos dão
contumidade à artéria subclávia longa ou, respectivamente, à curta veia subclá­
via, e emitem os vasos torácicos externos e laterais antes de acabar se dividindo
na artéria e na veia subescapulares, bem como na artéria e na veia braquiais. Os
vasos circunflexos craniais do úmero geralmente surgem na divisão terminal dos
vasos axilares ou provêm da artéria e da veia braquiais. Com o nervo peitoral
cranial, a artéria e a veia torácicas externas (16) peneiram no músculo peitoral
superficial. A artéria e a veia torácicas laterais (3) passam com o nervo de mes­
mo nome na margem lateral do músculo peitoral profundo; tais vasos suprem
o linfonodo axilar e o linfonodo axilar acessório inconstante, além das mamas
torácicas. Os ramos dos vasos torácicos laterais, unidos pelos nervos peitorais
caudais, seguem alé a face profunda do músculo peitoral profundo. A artéria
e a veia subescapulares (1) seguem seu trajeto na margem caudal do músculo
subescapular. A artéria subescapular emite caudalmente a artéria toracodorsal
(2), ao passo que a veia toracodorsal (2) costuma surgir da veia axilar. Com o
nervo de mesmo nome, ambos os vasos ingressam na face medial do músculo
grande dorsal. Os ramoo adicionais da artéria e da veia subescapulares incluem a
artéria e a veia circunflexas caudais do úmero (4), que correm profundamente,
passando na face lateral caudal à articulação do ombro, em posição ventral à
cabeça longa do tríceps, e se unem por anastomose com os frágeis vasos circun­
flexos craniais do úmero. A artéria e a veia circunflexas craniais do úmero (17)
passam cranialmente pelos vasos axilares ou braquiais e ingressam no músculo
bíceps braquial na altura de seu hilo. A artéría e a veia braquíais (5), que pros­
seguem como ramos terminais doo vasos axilares, emitem as artérias e veias bra­
quiais profundas, bicipitais, ulnares colaterais, braquiais superficiais e transversas
do cotovelo. Depois de passar profundamente ao músculo pronador redondo, os
vasos braquiais terminam no nível do espaço interósseo proximal, dividindo-se
em vasos interósseo comum e mediano. Mais ou menos na metade do braço,
a artéria e a veia braquiais profundas (6), acompanhadas pelo nervo radial,
passam profundamente entre as cabeças medial e longa do tríceps, regiões supri­
das por esses vasos. Na porção distal do braço, a artéria e a veia bicipitais (18)
seguem cranialmente até suprir o músculo bíceps braquial. A artéría e a veia
ulnares colaterais (7) acompanham o nervo ninar até a face extensora da articu­
laç,'io do cotovelo e se unem por anastomose distalmenle com os vasos ulnares
recorrentes que procedem da artéria e da veia ulnares. A artéria braquial super­
ficial (8) se origina no terço distal do braço, enquanto a veia de mesmo nome
tem origem mais próxima, no níve.l da articulação do cotovelo. A artéria e a veia
passam, em pruneiro lugar, superficial e transversalmente através da face flexora
da articulação do cotovelo. A arté1ia braquial superficial transpassa distalmente a
artéria superficial do antebraço, cujos ramos se unem em princípio à veia cefálica
e, continuando, passam pelo dorso da mão, com a veia cefálica acessória. Na face
flexora da articulação do cotovelo, a veia braquial superficial (8) muito curta é
sucedida pela veia mediana do cotovelo. O arranjo das veias, nesse local, é seme­
lhante à letra "H''. As veias braquial superficial e mediana do cotovelo formam
a barra do H. Os ramos longitudinais do "H" são formados mediaimente pela
veia braquial e lateralmente pela veia cefálica. A a.rtéria e a veia transversas do
cotovelo (9) passam em posição profunda à parte terminal do músculo bíceps
braquial no nível da face ílexora da articulação do cotovelo. A artéría e a veia
interósseas comwts (10) emitem a artéria e a veia ulnares (11), que seguem
distal mente com o nervo ulnar. Os vasos interósseos comuns acabam se dividin­
do em vasos interósseos craniais e caudais. Os vasos interósseos caudais correm
dislal e profundamenle ao músculo pronador quadrado, enquanto os craniais
emergem cranialmente a partir do espaço interósseo proximal e suprem os mús­
culos craniolaterais do antebraço. A artéria e a veia medianas (12) surgem como
ramos lerminais dos vasos braquiais. No terço proximal do antebraço, tais vasos
medianos emitem caudalmente os vasos profundos do antebraço (13) para oo
músculos caudomediais do antebraço e, a uma distância distal equivalente à lar­
gura de um dedo, as pequenas artéria e veia radiais ( 14), que seguem ao longo
da margem medial do rádio. Depois disso, a a1téria mediana (as veias satélites
ficam muito pequenas) passa no canal do carpo e chega à face palmar do tendão
flexor profundo dos dedos.
b) A IRRIGAÇÃO E A INERVAÇÃO OA MÃO são feitas por artérias, veias e nervos pro­
fw1dos e superficiais. Nas supe1fícies dorsal e palmar da mão, os vasos e nervos
locali,A1dos profundamente são denominados artérias, veias e nervos metacar­
pais; dorsais ou palmares, de acordo com a superfície suprida da mão. Os vasos
e nervos localizados superficialmente são nomeados artérias, veias e nervos
com1111s dos dedos; outra vez, dorsais ou palmares, de acordo com a superfície
da mão. Os vasos e nervos comuns dos dedos se dividem distalmente em vasos
e nervos próprios dos dedos.
I. No dorso da mão, as artérias dorsais comuns do dedo I ao IV procedem dos
dois ramos da artéria superficial do antebraço. As veias dorsais comuns do dedo
1 ao IV provêm da veia cefálica acessória, enquanto os nervos dorsais comuns
desses dedos se originam dos ramos medial e lateral do ramo superficial do ner­
vo radial. O ramo dorsal do nervo ulnar termina no dorso da mão como nervo
dorsal abaxial do dedo V. As artérias e veias dorsais dos ossos do metacarpo I a
IV, localizadas profundamente, originam-se das respectivas redes arterial e veno­
sa dorsais do cnrpo. A rede venosa do carpo (rede carpa!) é formada por ramos
carpais dorsais das veias cefálica acessória e radial. A rede arterial do carpo é for­
mada pelos rJmos carpais dorsais das artérias interóssea caudal, ulnar e radial.
11. Na superfície paln1ar da mão, as artérias e veias palmares comuns do dedo I
ao IV se originam dos respectivos arcos palmares superficiais arterial e venoso.
O arco palmar superficial arterial é formado no metacarpo proximal. O ramo
medial do arco provém das artérias mediana e radial, enquanto o lateral procede
da união da artéria ulnar e do ramo carpa! palmar da artéria interós.wa caudal. O
arco palmar superficial venoso fica bem mais distante, na margem proximal do
coxim do metacarpo. Esse arco é formado pela confluência das veias cefálica era­
dial mediaimente, mas pelas veias ulnar e interóssea caudal lateralmente. As arté­
rias e veias palmares do metacarpo I ao IV se originam no metacarpo proximal a
partir dos respectivos arcos palmares profundos arterial e venoso. O arco arterial
é formado medialmenle pela artéria radial e la1eraln1en1e pela confluência das
a1térias ninar e interóssea caudal. O arco venoso é formado pelas veias cefálica e
radial mediaimente e pela confluência das veias ulnar e interóssea caudal lateral­
mente. Os nervos palmares comuns do dedo l ao lll surgem do nervo mediano,
enquanto o nervo palmar comum do dedo IV surge do ramo superficial do ramo
palmar do nervo ulnar. Os nervos paln1ares do metacarpo I ao IV originam-se
do ramo profundo do ramo palmar do nervo ulnar.
c) A DRENAGEM LINFÁTICA do membro torácico (ver p. 15 e 19} é feita pelos vasos
linfáticos localizados superficial e profundamente. Os vasos linfáticos superfi­
ciais acompanham, sobretudo, as veias cutâneas laterais superficiais e seguem
em direção aos linfonodos cervicais superficiais, cuja linfa drena para o ân­
gulo venoso na junção das veias jugulares interna e externa. Os vasos linfáticos
profundos acompanham os vasos sanguíneos profundos e seguem alé os lin­
fonodos axilares e axilares acessórios, que também drenam a linfa proveniente
da parede torácica e das três mamas craniais. O linfonodo axilar em formato
de disco e com cerca de 2 cm de diâmetro pode ser palpado no ângulo caudal
entre os vasos torácicos laterais e axilares. O linfonodo axilar acessório está
localizado em um espaço intercostal mais caudal no trajeto da artéria e da veia
torácicas laterais. A linfa passa pelos linfonodos axilares e axilares acessórios,
dirigindo-se até o ângulo venoso também.
Legenda (ver figura da página seguinte)
A e v. circunflexas da escápula
35 A. e v. ulnares recorrentes 55 V. jugular externa
56 V. cefálica
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
V. braqu iocefálica
V. subclávia
A. e v. radiais colaterais
N. ulnar
N. cutâneo caudal do antebraço
Ramo palmar
Ramo profundo
Ramo superficial
A. e n. abaxiais palmares do dedo V
Arco palmar superficial
Aa., vv. e nn. dorsais comuns dos dedos (vista dorsaQ
Aa., vv. e nn. palmares comuns dos dedos (vista palmar)
Aa., vv. e nn. dorsais próprios dos dedos (vista dorsal)
Aa., vv. e nn. palmares próprios dos dedos (vista palmar)
N. frênico
V. axilobraquial
N. mediano
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
54
A. e v. interósseas craniais
A. e v. interósseas caudais
Ramo interósseo
Ramo dorsal da a e do n. ulnares
Arco palmar dorsal
N. musoulocutâneo
N. cutâneo medial do antebraço
N. radial
Ramo superficial
Ramo lateral
Ramo medial
Ramo profundo
A. superficial cranial do antebraço
Ramo lateral
Ramo medial
N. axilar
N. cutâneo cranial do antebraço
N. supraescapular
N. axilar acessório (braquiocefálico) (C6)
57 V. mediana do cotovelo
58 V. cefálica acessória
59 V. omobraquial
60 Aa., vv. e nn. palmares do metacarpo O a IV)
61 N. dorsal abaxial do dedo 1 (vista dorsaQ
N. palmar abaxial do dedo 1 (vista palmar)
62 Ramo carpal dorsal da a. e da v. radiais
63 Ramo carpal dorsal da a. interóssea caudal
64 Ramo carpal dorsal da v. cefálica acessória
65 Ramo carpal dorsal da a. ulnar
66 Rede dorsal do carpo
67 Aa. e w. dorsais do metacarpo (1 a IV)
68 A., v. e n. abaxiais dorsais do dedo V

Artérias, veias e nervos do membro torácico
(Basset francês)
(vista medial)
2 A., v. e n. toracodorsais ------------
3 A., v. e n. torácicos lateraÍS ----------
4 A. e v. circunflexas caudais do úmero -------------
5
6 A. e v. braquiaÍS profundas -------
·,.,,.,;
8 A. e v. braquiaÍS superficiais --·:;
9 A. e v. transversas do cotovelo --
1 O A. e v. interósseas comuns ----
11 A.ev.ulnares---------·
12 A.ev.medianas----------
13 A. e v. profundas do antebraço----
14 A. e v. radiais-------------
(vista palmar)
29-
30-
--62
A. e v. axilares
A. e v. torácicas
externas
------17 A. e v. circunflexas
craniais do úmero
---------------18 A. e v. bicipitais
(vista dorsal)
---68
---30
(ver p. 19, 21, 23)
25

2
3
3
4
6. Estruturas sinoviais do membro torácico
a) ARTICULAÇÕES DO MEMBRO TORÁCICO
Nome Ossos participantes Forma/Composição Função Comentários
I. Articulação do ombro Cavidade glenoidal da Articulação esferóidea/ Movimento em Uma bainha sinovial capsular guarnece
(articulação do úmero) escápuJa, cabeça do úmero articulação simples todas as direções, o tendão de origem do músculo bíceps
principalmente uma braquial, que é mantido no lugar pelo reti•
articulação tipo náculo transverso responsável pela união
dobradiça (gínglimo) do sulco intertubercular.
II. Articulação do cotovelo
a) Articulaç.'io umeroulnar Côndilo do úmero, incisu• Articulação composta/ Articulaç.'io de estalo Recesso craniolateral profw1do ao múscu•
ra troclear da ulna gínglimo tipo dobradiça lo extensor comum dos dedos; 2. Recesso
b) Articulação umerorradial Cóndilo do úmero, cabeça Gínglimo
craniomedial profundo ao músculo bíceps
do rádio
braquial; 3. Recesso caudal entre o epicôn -
dilo lateral e o olécrano.
c) Articttlação radiulnar Circunferência articular Articulação trocóidea Rotação do rádio em
proximal do rádio, incisura radial seu eLxo longitudinal
da ulna
111. Articulação radiulnar lncisura ulnar do rádio, Articulação trocóidea/ Rotação do rádio em A cavidade articular comunica-se com a
distal circunferência radial da articulação simples seu eLxo longitudinal articulação do carpo. Para o tratamento
ulna de distúrbios do crescimento, o ligamento
radiulnar pode ser seccionado.
Articulações da mão
IV. Articulação do carpo
a) Articulação Tróclea do rádio, ulna, Articulação elipsóidea, Principalmente uma A cavidade articular consiste em duas
antebraçocárpica osso radial do carpo, osso articulação composta articulação tipo partes que se comunicam entre si. Parte
ulnar do carpo dobradiça com leve proximal: a) e e), que se comunicam com
movimento de a articulação radiulnar. Parte distal: b) e
abdução/adução c). A articulaç.'io do carpo possui reforço
fascial dorsal, o retináculo extensor, que
b) Articulação média do Fileiras proximal e distal Articulação condilar/
mantém os tendões extensores na posição.
carpo dos ossos do carpo articulação composta
Na face palmar, o retináculo flexor une o
canal do carpo. Os ligamentos colaterais
c) Articttlação metacarpal do Ossos cárpicos I a IV e Articulação plana/ lateral e medial são ligamentos relativa•
carpo ossos metacárpicos I a \1 articulação composta
mente curtos, pois unem apenas a articu-
d) Articulações intercarpais Articulações entre os Articulação plana/ lação antebraçocárpica.
ossos do carpo de uma articulação composta
fileira (articulações per-
pendiculares)
e) Articulações do osso aces• Osso acessório do carpo, Articulação plana/ Anfiartrose (pequeno
sório do carpo osso ulnar do carpo, ulna articulação composta movimento)
V. Articulações metacarpofa-Falanges proximais; ossos Articulação composta Principalmente As articulações metacarpofalãngicas e
lângicas sesan1oides proximais; uma articulação interfalângicas possuem, cada uma, em
ossos sesamoides dorsais; tipo dobradiça com suas cápsulas articulares, uma evaginação
ossos do metacarpo leve movimento de dorsal e outra palmar. A cápsula articu•
abdução e adução, lar insere-se na margem das superfícies
bem como rotação articulares dos sesamoides pa1ticipantes.
ax.ial Na articulação metacarpofalângica, há
sesamoides proximais na face palmar e um
único sesamoide dorsal.
VI. Articulações interfalângicas Falanges proximais e Articulação em sela/ Presença de sesamoide dorsal.
proximais da mão médias articulação simples
vu. Articulações interfalângicas Falanges médias e distais Articulação em sela/ Presença de sesamoide distal.
distais da mão articulação simples
A articulação do ombro carece de ligamentos típicos externos à cápsula arti­
cular. A função desses I igamentos é assumida por bandas de tensão contráteis,
os tendões dos músculos infraespinal e subescapular. Os ligamentos glenou­
merais lateral e medial são reforços capsulares "internos".
A bolsa bicipitorradial situa-se entre o tendão do bíceps e o rádio, sendo fre­
quentemente fundida com a bolsa subtendínea do músculo braquial.
Na articulação do cotovelo, os ligamentos colaterais se bifurcam, formando as
fixações radiais e ulnares. O ligamento anular do rádio se prende em torno da
cabeç.1 desse osso e se estende desde o processo coronoide medial da nina até
o ligamento colateral lateral.
b) BoLSAS SINOVIAIS
A bolsa subtendínea do músculo infraespinal está locali7A1da entre seu tendão
terminal e a superfície lateral (coberta por cartilagem) do tubérculo maior.
A bolsa subtendínea do músculo subescapular fica entre a inserção tendínea
de seu músculo e a cápsula da articulação do ombro.
A bolsa subtendínea do músculo tríceps braquial é expandida entre o olécra•
no e a inserção desse músculo.
A bolsa subtendínea do músculo braquial locafü.a-se entre o tendão terminal
desse músculo e o rádio.
C) BAINHAS SINOVIAIS
5 A bolsa subcutânea do olécrano representa uma bolsa sinovial adquirida.
As bainhas sinoviais protegem o tendão de origem do músculo coracobraquial
(bainha sinovial do m. coracobraquial) e do músculo bíceps braquial no sulco
intertubercular (bainha sinovial intertubercular). Este constitui uma extensão
da cápsula da articulação do ombro com a qual se comunica. Os tendões ter­
minais dos músculos extensores do carpo &'io protegidos por bainha sinovial
(abdutor longo do dedo I} ou por bainhas e bolsassinoviais (extensor radial do
carpo). O tendão terminal do músculo ulnar lateral e sua extensão caudal ao
osso acessório do carpo são protegidos por bolsa sinovial. O tendão terminal
do flexor radial do carpo é protegido por bainha sinovial, enquanto o flexor
ulnar do carpo, por bolsa. Os músculos extensores dos dedos são protegidos
por bainhas sinoviais no carpo, e os flexores dos dedos, nos dedos. O flexor
profundo costuma ter bainha sinovial no carpo.
26

Articulações, bolsas e bainhas sinoviais
(vista lateral)
Legenda:
1 M. infraespinal
2 M. subescapular
3 M. coracobraquial
Legenda:
9 M. extensor comum dos dedos
10 M. supinador
11 M. extensor lateral dos dedos
(vista dorsal)
•~~I
Articulação do carpo
(vista medial)
Articulação do ombro
4 M. bíceps braquial
M. tríceps braquial:
5 Cabeça lateral
Articulação do cotovelo
12 M. ulnar lateral
M. flexor ulnar do carpo:
13 Cabeça ulnar
--Cápsulas articulares
Legenda:
/
li
A Ug. anular do rádio
B Ugg. dorsais
(vista medial)
Articulação do ombro
5' Cabeça longa
J
6 M. braquial
7 M. ancôneo 5" Cabeça acessória
5'" Cabeça medial 8 M. extensor radial do carpo
(vista medial)
/
/
1
~~~-~"•• '~~~-~~-~~~
lateral e medial
do cotovelo
Bolsa bicipitorradial --
e bolsa subtendínea
dom. braquial
Articulação do cotovelo
13' Cabeça umeral 16 M. flexor superficial dos dedos
17 M. flexor profundo dos dedos
18 M. flexor radial do carpo
14 M. abdutor longo do dedo 1
15 M. extensor do dedo 1
19 Mm. interflexores
17
(vista medial) 1
r
18
--Bolsa sinovial
Articulação do carpo
(ver p. 18, 23, 143)
D Ug. palmar profundo do carpo
C Ugg. acessórios do metacarpo
E Ugg. metacarpais palmares do carpo
F Lig. metacarpal dorsal do carpo
27

1
28
Capítulo 4: Parede torácica e abdominal
1. Músculos da coluna vertebral, ligamento nucal e nervos cutâneos lombares
Para demonstrar os músculos da coluna vertebral, a pele é removida da parede corporal lateral, do dorso e da região sacra! até a extremidade
caudal do sacro. Na sequência, removem-se os resquícios dos músculos extrínsecos do membro torácico. O m. serrátil dorsal cranial (33) é se­
parado de suas inserções na costela e rebatido dorsalmente. A fáscia toracolombar (22, ver também ilustração na p. 30) é submetida à incisão
longitudinal ao longo de uma linha paralela à linha mediana dorsal e a 2 cm dessa linha. Na área lombossacral, o tendão lombodorsal subjacente
(40) também é submetido à incisão longitudinal na mesma altura da fáscia; além disso, efetua-se uma incisão transversa na extremidade caudal
da secção original. Em seguida, o tendão é separado da musculatura subjacente. O tendão lombodorsal divide-se na margem lateral do m. lon­
guíssimo do lombo. A lâmina profunda é direcionada entre os mm. iliocostais e o longuíssimo do lombo como um septo intermuscular (ver ilustra­
ção na p. 30), enquanto a lâmina superficial passa por cima dom. iliocostal. No pescoço, o m. esplênio e o m. semiespinal são transeccionados
após serem expostos. A sequência a ser adotada na dissecção dos músculos corresponde à numeração da tabela abaixo.
a) Os MÚSCULOS oA COLUNA VERTEBRAL são subdivididos em grupos dorsal e ven­
tral, bem como em um grupo epaxial específico, que move a cabeça. Todos
os músculos vertebrais dorsais (de Ia X) atuam na extensão e no movimento
lateral ou na inclinaç.'io da coluna ve1tebral. A inervação de todos os mí1scu­
los vertebrais dorsais e dos músculos dorsais que atuam nas articulações
atlantoccipital e atlantoaxial ("movimentadores da cabeça': -de XIV a XVII)
é feita pelos ramos dorsais dos nervos espinais.
Os músculos vertebrais ventrais (de XI a XIII) flexionam a coluna vertebral e a
inclinam lateralmente. A inervação de todos os músculos vertebrais ventrais
é feita por ramos ventrais dos nervos espinais segmentares. Os músculos situa­
dos ventral mente à porção lombar da coluna vertebral, a saber, mm. quadrado
lombar, psoas maior e psoas menor, pertencem aos músculos sublombares ou
lombares internos e são tratados na página 60.
MÚSCULOS DA COLUNA VERTEBRAL
Músculos dorsais da coluna vertebral
1. M. esplênio VI. Mm. multífidos
II. M. iliocostal VII. M. sacrocaudal (coccígeo)
III. M. longuíssimo dorsal medial
IV. M. semiespi na! da cabeça VIII. M. sacrocaudal ( coccígeo)
V. M. espinal e semiespinal do dorsal lateral
pescoço e do tórax IX. Mm. interespinais
X. Mm. intertransversos
I. O m. esplênio (l), previamente transeccionado em sua metade, estende-se
desde os processos espinhosos das três primeiras vértebras torácicas até a crista
nucal do crânio. II. O m. iliocostal origina-se da asa do ílio, inserindo-se no
processo transverso lombar (m. iliocostal do lombo, -24), nos ângulos das
costelas e nos processos transversos das duas últimas vértebras cervicais (m.
iliocostal do tórax, -17}. III. Além de se estender caudahnente à asa do ilio, o
m. longuíssimo é dividido ao longo de sua extensão em mm. longuíssimos do
lombo (23), do tórax (16), do pescoço (12) e da cabeça (2). Correspondendo
à sua região, esses músculos se inserem nos processos transversos lombares,
nos tubérculos das costelas, nos processos transversos cervicais e no processo
mastoide do crânio, respectivamente. IV. O m. semiespinal da cabeça fica na
região cervical dorsal ao m. longuíssimo e consiste em m. dorsal biventre do
pescoço (4), caracterizado por intersecções tendíneas direcionadas transver­
salmente, em. complexo ventral (3). Ambos os músculos se estendem desde o
limite cervicotor-ácico até o crânio. V. O m. espinal e semiespinal do pescoço e
do tórax (IS) situa-se em posição medial e adjacente ao m. longuíssimo,seguin­
do seu trajeto entre a vértebra cervical li e a vértebra torácica XI. VI. Os mm.
multífidos multipeniformes se estendem desde o áxis até o sacro. Na metade
caudal do pescoço, o m. multífido do pescoço (10) localiza-se profundamente
ao m. complexo, sendo atravessado pelos ramos dorsais dos nervos cervicais
em sua face ventrolateral. O m. multífido do tórax situa-se profundamente, en­
quanto o m. multífido do lombo (26) também tem localização profunda à f.ís­
cia toracolombar, adjacente às vértebras lombares e seus processos espinhosos.
VII. No nível da vértebra lombar VII, o m. sacrocaudal (cocdgeo) dorsal me­
dial (27) continua o m. multífido oblíquo peniforme por meio de um fluxo de
fibras aproximadas direcionadas caudalmente. VIII. O m. sacrocaudal (coccí­
geo) dorsal lateral (25) começa abruptamente na vértebra lombar IV e, como
continuação caudomedial dom. longuíssimo, prossegue para a cauda por um
forte tendão terminal. IX. Os mm. interespinais se localizam profundamente
entre os processos espinhosos. X. Os mm. intertransversos {8} são superficiais
no pescoço; ao passo que, na região toracolombar, esses músculos situam-se
profundamente ao longo da coluna vertebral. Os mm. intertransversos cer­
vicais locafüam-se em posiç.'io ventral à linha de inserç.'io dom. longuíssimo
do pescoço. XI. Os mm. escalenos se estendem desde a vértebra cervical IV
ou V até a costela VIII (m. escaleno dorsal, -14) e a costela 1 (m. escaleno
ventral, m. escaleno médio, -13). XII. O m. longo da cabeça (9) adjacente e
ventromedial aos mm. escalenos se situa em posição ventrolateral às vértebras
cervicais. Com origem na vértebra cervical VI, o m. longo da cabeça se insere
no tubérculo muscular do osso occipital. XIII. O m. longo do pescoço (ver
ilustração), que parece pregueado, situa-se ventromedialmente nas partes cer­
vical e torácica da coluna vertebral. Com origem na vértebra cervical 1, o m.
longo do pescoço se estende até a vértebra torácica VI. XIV. O m. reto dorsal
maior da cabeça (6) continua cranialmente a partir do processo espinhoso do
áxis. Entre o processo espinhoso do áxis e o osso occipital, repousa o m. reto
dorsal menor da cabeça (XV), mais profundo. XVI. O m. oblíquo caudal da
cabeça (7) se estende desde a superfície lateral do processo espinhoso do áxis
até a superfície dorsal da asa do atlas. XVII. O m. oblíquo cranial da cabeça
(5) percorre seu trajeto desde a asa do atlas até o osso occipital.
Músculos ventrais da coluna
vertebral
Músculos dorsais que movem a
cabeça
XI.
XII.
XIII.
Mm. escalenos
M. longo da cabeça
M. longo do pescoço
XIV. M. reto dorsal maior da cabeça
XV. M. reto dorsal menor da cabeça
XV 1. M. oblíquo caudal da cabeça
XV!l. M. oblíquo cranial da cabeça
b) O LIGAMENTO NUCAL (11), pareado, situa-se em posição dorsomediana acima
dos processos espinhosos das vértebras cervicais, unindo os processos espi­
nhosos da vértebra cervical li e da vértebra torácica I. Caudalmente, esse liga­
mento nucal passa por cima do ligamento supraespinal. A coloração amarela
do ligamento nucal indica uma predominância de fibras elásticas.
c) Os NERVOS CUTÂNEOS LOMBARES formam uma série dorsal, lateral e ventral de
nervos cutâneos, por meio de sua passagem seriada através das camadas dos
músculos esqueléticos.
I. A série de nervos cutâneos lombares dorsais é formada desde nLJ até 4 d]
(nervos cluneais dorsais), e torna-se subcutânea aproximadamente a 8 cm da
linha mediana dorsal. Via de regra, os nervos n LS a 7 dl não chegam ao campo
cutâneo de inervação.
II. A série de nervos cutâneos lombares laterais se origina de ramos dos
nervos ilio-hipogástrico cranial (nLI vi), ilio-hipogástrico caudal (nL2 vi),
ilioinguinal (nL2 e 3 vi) e cutâneo femoral lateral. Esses nervos atravessam os
músculos abdominais em uma linha direcionada caudodorsalmente desde a ex -
tremidade ventral da última costela até o túber da coxa. O n. ilio-hipogástrico
cranial (18, -com vasos sanguíneos acompanhantes) e o n. ilio-hipogástrico
caudal (19) transpassam o m. oblíquo externo do abdome. O n. ilioinguinal
(20, -algumas vezes ausente) e o n. cutâneo femoral lateral (21, -com vasos
sanguíneos acompanhantes) tornam-se subcutâneos na margem dorsal dom.
oblíquo externo do abdome.
Músculos da coluna vertebral
{partes cervical e torácica)
(vista ventral)
9 M. longo da cabeça-------
M. longo do pescoço ------
13 M. escaleno médio-------
Mm. intercostais internos --

Músculos cervicais e torácicos
1 M. esplênio --
2
Legenda:
28 M. omotransversário
29 Costela 1
30 M. reto do tórax
31 M. reto do abdome
32 M. serrátil ventral
33 M. serrá til dorsal cranial
34 M. serrátil dorsal caudal
M. semiespinal da cabeça:
3 M. complexo ----
4 M. biventre do --
pescoço
35 Mm. intercostais externos
36 Mm. intercostais internos
37 M. levantador da costela
38 M. oblíquo externo do abdome
39 M. oblíquo interno do abdome
40 Tendão lombodorsal (secção)
41 Nn. cluneais craniais
(vista lateral)
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
5 M. oblíquo cranial da cabeça
6 M. reto dorsal maior da cabeça
7 M. oblíquo caudal da cabeça
8 Mm. intertransversos
9 M. longo da cabeça
-ti.\,--1 O M. multifido do pescoço
~ 11 Lig. nucal
12 M. longuíssimo do pescoço
..,,.,ri-+--13 M. escaleno médio
/
N. ilio-hipogástrico cranial --/
/
N. ilio-hipogástrico caudal ----
/
/
/
/
/
/
/
/
/
M. espinal e semiespinal
do pescoço e do tórax
16 M. longuíssimo do tórax
M. iliocostal do tórax
~
/~
/
/ /
N. ilioinguinal-----------J
/
/
/
/ / / J
N. cutâneo femoral lateral ------J
/ / / /
/ / / /
/
/ / /
/
Fáscia toracolombar (secção)-------J / / /
/ / /
/
/
M. longuíssimo do lombo-----------
/ / /
/
/ /
/
/ /
/ /
M ,hocostal do lombo -------------J /
/ /
/
/ /
M. sacrocaudal (coccigeo) dorsal lateral -------/
/ /
/ /
/ /
M. multifido do lombo ----------------/
/
/
M. sacrocaudal (coccigeo) dorsal medial---------
/
(ver p. 31)
29

2. Músculos respiratórios
A cavidade torácica é aberta após exposição dos músculos respiratórios externos. Para facilitar isso, o membro torácico direito e seus músculos
extrínsecos são removidos e as estruturas a seguir são cortadas, separadas ou transeccionadas em ambos os lados do corpo: os mm. obliquo
externo do abdome e escaleno dorsal em suas margens tendíneas, bem como as costelas I a IX do lado direito e a as costelas li a IX do esquerdo,
inclusive. Dorsalmente, as costelas em questão são transeccionadas ao longo da margem lateral do m. iliocostal e ventralmente ao longo dessa
margem do m. reto do abdome. Desse modo, a linha de inserção do diafragma pennanece intacta. Essa linha vai desde a cartilagem costal IX,
atravessa a articulação costocondral XI e segue no sentido caudodorsal até a metade da costela XIII; além disso, o diafragma representa o limite
entre as cavidades torácica e pleural de um lado e as cavidades abdominal e peritonial do outro. Com a cavidade torácica aberta, as cinco ca­
madas da parede torácica podem ser estudadas; a saber: pele, fáscia externa do tronco, camada musculoesquelética, fáscia interna do tronco
e pleura. Para expor o m. intercostal interno, o m. intercostal externo é removido a partir do espaço intercostal X.
Os músculos respi.ratórios situam-se sob o tórax e, por essa razão, são conhe­
cidos como músculos do tórax. Do ponto de vista funcional, tais músculos são
divididos em grupos expiratório e inspiratório.
O principal músculo respiratório, o diafragma, e os outros músculos respira­
tórios obrigatórios são funcionalmente sustentados por músculos respiratórios
auxiliares, que foram abordados em conexão com outros grupos musculares,
por exemplo, os músculos da coluna vertebral. Os mm. escaleno e serrátil ven-
trai são músculos inspiratórios auxiliares, enquanto o m. iliocostal e os múscu­
los abdominais s.io expiratórios auxiliares, embora alguns autores considerem
os mm. escalenos como obrigatórios. Tendo em mente sua posição em rela­
ção ao tórax, os músculos respiratórios obrigatórios também são divididos em
músculos respiratórios externo, médio e interno.
A inervação do diafragma é conferida pelo n. frênico de seu respectivo lado e
a dos músculos respiratórios remanescentes, pelos nn. intercostais.
MÚSCULOS RESPIRATÓRIOS
Músculos expiratórios
I. M. serrátil dorsal caudal
li. Mm. intercostais internos, inclusive os
mm. subcostais e retrator da costela
Ili. M. transverso do tórax
Músctdos respiratórios externos
Músctdos respiratórios médios
Músctdos respiratórios internos
Músculos inspiratórios
IV. M. serrátil dorsal cranial
V. M. reto do tórax
VI. Mm. intercostais externos, inclusive os
mm. levantadores da costela
Vil. Diafragma
1 a) Os MÚSCULOS EXPIRAT6A1os correm nas margens caudais das costelas, com
suas fibras direcionadas cranioventralmente. Tais músculos tracionam as cos­
telas no sentido caudomedial e, ao fazer isso, estreitam o tórax.
esternal (15), inserida no esterno, parte costal (12), inserida nas costelas IX
a XIII, e parte lombar, cujos pilares se inserem nas vértebras lombares III e
IV. A margem medial livre do pilar esquerdo (8), fraco, e a do pilar direito
(7), mais forte, delimitam o hiato aórtico (9). Isso permite a passagem para a
aorta, o dueto torácico e a veia ázigos direita. As margens dorsolaterais livres
dos pilares formam os arcos lombocostais, crU7..ados dorsalmente pelo tronco
simpático e pelo n. esplãncnico maior ramificado. O hiato esofágico (10), se­
melhante à fenda, possibilita a passagem para o esôfago, bem como dos troncos
vagais dorsal e ventral acompanhantes. Esse hiato situa-se na parte muscular
do diafragma, beirando o tendão central. Esse tendão central (14), com for­
mato em V, exibe o forame das veias cavas (11) à direita, na região da cúpula.
O forame dá passagem à veia cava caudal.
1. O m. serrátil dorsal caudal (2) surge da fáscia toracolombar (ver ilustração)
e suas fibras seguem no sentido cranioventral até se inserirem nas margens
caudais das três últimas costelas.
II. Os mm. intercostais internos (5) ficam em posição dorsal às articulações
costocondrais e profunda aos mm. intercostais externos. Também aparecem
profundamente ao m. reto do abdome nos espaços entre as cartilagens costais.
Os mm. subcostais e o m. retrator da costela (34) pertencem ao sistema de
músculos intercostais internos. Como uma porção muscular maior, cada um
dos mm. subcostais passa por cima da superfície medial de uma costela para se
inserir na próxima costela ou na seguinte. O m. retrator da costela estende-sedes­
de os processos transversos das três primeiras vértebras lombares até a margem
caudal da última costela.
UI. O m. transverso do tórax (13), situado cranialmente ao diafragma, constitui
a continuação cranial dom. transverso do abdome. Esse músculo transverso do
tórax origina-se na superfície interna do esterno e se insere de forma crenada na
superfície medial de cada joelho da costela (curvatura da cartilagem costal).
1 b) Os MÚSCULOS 1NSPIAAT6A1os correm nas margens craniais das costelas, com
seus feixes de fibras direcionados caudoventralmente. Tais músculos tracio­
nam as costelas no sentido craniolateral e, com isso, ampliam o tórax.
IV. O m. serrátil dorsal cranial (3) surge no ligamento supraespinal dorsal aos
oito primeiros processos espinhosos torácicos e termina nas inserções carno­
sas VII a IX nas margens craniais das costelas III a X.
V. No nível da cartilagem costal l V, o m. reto do tórax ( 6) continua o m. reto
do abdome cranial mente. Esse músculo reto do tórax segue um trajeto obliquo
sobre a origem aponeurótica da última até a costela l.
VI. Os mm. intercostais e:-.1ernos (4) situam-se principalmente entre ascos­
telas ósseas, estendendo-se no sentido ventral até as articulações costocondrais
quase na altura da margem lateral do m. reto do abdome. Apenas feixes mus­
culares esparsos situam-se mais ventralmente. Como as porções vertebrais dos
mm. intercostais externos, os mm. levantadores da costela (1) também po­
dem ser classificados com o sistema de músculos intercostais externos. Cada
um dos mm. levantadores da costela segue quase na mesma direção, desde o
processo transverso de uma única vértebra torácica sobre o ângulo da costela
até a margem cranial da costela caudal subsequente. Os mm. levantadores são
basicamente cobertos pelos mm. iliocostal e serrátil dorsal caudal.
2 VII. O d.iafragma é um septo musculotendíneo existente entre as cavidades
torácica e abdominal. A cúpula tendínea do diafragma situada ventralmente
projeta uma via considerável na cavidade torácica. O diafragma funciona como
o principal músculo respiratório, cuja contração achata a cúpula lateralmente.
O cume da cúpula está fixado no forame da veia cava e, durante a respiraç.'io,
sua posição permanece basicamente constante.
30
O diafragma é dividido em porção muscular periférica e porção tendínea lo­
calizada centralmente, o tendão central. A porção muscular consiste em parte
A inervação é feita pelo n. frênico (11), que surge por três raízes dos nervos
cervicais V a VII. O nervo passa por cima do pericárdio e do coração no nível
do sulco coronário. O n. frênico direito acompanha a veia cava caudal, estando
ambos situados dentro da prega das veias cavas, que se estende entre o coração
e o diafragma. O n. frênico esquerdo chega ao diafragma em uma curta prega
da pleura mediastínica do saco pleural esquerdo.
Fáscia toracolombar
{secção transversaQ
a Fáscia toracolombar
b M. Iatíssimo do dorso
c M. oblíquo externo do abdome
d M. serrátil dorsal caudal
e M. oblíquo interno do abdome
f M. transverso do abdome
g M. longuíssimo do lombo
h Septo intermuscular
M. iliocostal do lombo
Mm. quadrado lombar e psoas
menor

Músculos torácicos
(vista lateral esquerda)
1 Mm. levantadores da costela
--2 M. serrátil dorsal caudal
(secção)
--3 M. serrátil dorsal cranial
--5 Mm. intercostais internos
--6 M. reto do tórax
(superfície cranial)
Diafragma
(superfície caudal)
Legenda:
a Tronco simpático
b N. esplãncnico maior
e V. ázigos direita
d Dueto torácico
e Aorta
Parte lombar:
7 Pilar direito-----------------
-----8 Pilar esquerdo ----------------
9 Hiato aórtico---------------
1 O Hiato esofágico --------------
------11 Forame dasvv. cavas e n. frênico -------
---------13 M. transverso do tórax
t Tronco vagai dorsal
g Tronco vagai ventral
h Esófago
V. cava caudal
14 Tendãocentral ------------------
15 Parte esternal ---------------------
Legenda:
16 M. esplênio
17 M. espinal e semiespinal do tórax
18 M. longuíssimo da cabeça
19 M. longuíssimo do pescoço
20 M. longuíssimo do tórax
21 M. intertransverso
22 M. longo da cabeça
23 M. escaleno dorsal
24 M. escaleno medial
25 M. serrátil ventral
26 M. iliocostal do tórax
27 M. oblíquo externo do abdome
28 M. reto do abdome
29 Cavidade serosa do mediastino
30 Mediastino
31 Prega das vv. cavas
32 Esterno
33 M. transverso do abdome
34 M. retrator da costela
35 M. psoas menor
36 M. quadrado lombar
37 Arco lombocostal
38 Processo xitoide
31

3. Parede corporal, prepúcio e glândulas mamárias (mamas)
A pele remanescente do abdome é removida de ambos os lados do corpo, mantendo-se intactas as mamas ou o pênis, conforme for o caso. Na
cadela, as mamas do lado esquerdo são preservadas por meio de incisão da pele em tomo da base de cada teto. Começando lateralmente, as
mamas do lado direito são removidas após secção através do m. supramamário direito e do ligamento suspensor das mamas. No macho, remo­
vem-se a pele pilosa adjacente ao pênis e sua continuação cranial, a lâmina externa do prepúcio, ao mesmo tempo em que se mantêm intactos
o m. prepucial cranial e o ligamento suspensor do pênis. As lâminas prepuciais serão seccionadas conforme ilustração da figura ao lado.
a) O PREPúc10 cobre a glande do pênis. A parte caudal, continuação da pele
pilosa na região do corpo do pênis, é presa à parede corporal ventral. A parte
cranial chega quase perto do umbigo e termina Livremente, como um anel,
passando pelo orifício prepucial em direção à lâmina interna que reveste a ca-
1 vidade prepucial. O prepúcio consiste em lâmina externa (7) pilosa, que é
contínua no óstio prepucial (1) com a mucosa cutânea glabra (ou seja, sem
pelos) da lâmina interna (8). No fundo prepucial (10), no nível da maior cir­
cunferência do bulbo da glande, a lâmina interna é rebatida na glande do pênis
como lâmina peniana (9), que reveste a glande. Na região do fundo, as lâmi­
nas interna e peniana exibem inúmeros nódulos linfáticos. Com a ereção do
pênis, esse órgão aumenta, saindo do prepúcio. A lâmina interna é tracionada
no sentido cranial com a ereção peniana, mas o fundo e a cavidade prepuciais
deixam de estar presentes.
2 b} As MAMAS se localizam em ambos os lados do sulco intermamário media­
no e, via de regra, consistem em cinco complexos de glândulas mamárias por
lado; a saber: um complexo de glândulas mamárias torácicas craniais e caudais,
outro complexo de glândulas mamárias abdominais craniais e caudais, e mais
um complexo de glândulas mamárias inguinais. As mamas dos machos são
caracterizadas por papilas ou tetos mamários insignificantes. Um complexo de
glândulas mamárias consiste no corpo da mama com cerca de 8 a 20 glândulas
mamárias (geralmente se desenvolvem em torno de 12 glândulas) e no teto
(papila mamária).
32
Antes do nascimento, vários botões epidérmicos sólidos brotam profunda­
mente, a partir da extremidade de cada primórdio do teto, no tecido subcu­
tâneo -um processo que ocorre no macho sem diferenças identificáveis. No
momento do parto, os botões epiteliais contêm um lúmen.
Uma diferença específica ligada ao sexo torna-se distinta apenas com a matu­
ridade sexual e o primeiro cio (estro). Particularmente sob efeito do estrogê­
nio, os brotos epiteliais dividem-se, formando um lúmen parcial. Além disso,
o estrogênio leva à deposição de gordura dentro da glândula mamária. Isso, no
entanto, é transitório e, mais tarde, o tecido adiposo é substituído pelo futuro
desenvolvimento dos brotos epiteliais em glândulas bem desenvolvidas. Na ca­
dela não lactante, os tecidos adiposos e glandulares são tão pouco desenvolvi­
dos que os corpos das glândulas não exibem qualquer tumefação e mal podem
ser separados uns dos outros.
Com a prenhez, os processos de brotamento, ramificação e formação de lúmen
aumentam. Isso é induzido pelo elevado nível sanguíneo de estrogênio. Na se­
gunda metade da gravidez, ocorre o desenvolvimento de alvéolos nas extremi­
dades desses canais das glândulas mamárias, o que é ocasionado especialmente
pelo efeito da progesterona.
Durante o período de lactação, com cerca de 30 dias de duração, os alvéolos
garantem a secreção do leite. Dessa forma, a partir de um broto epidérmico
individual, desenvolve-se uma glândula volumosa com alvéolos, duetos lactí­
feros, seio lactífero e dueto papilar. A partir dos alvéolos, o leite chega ao seio
lactífero (4) primeiro pelos duetos lactíferos (3) menores e, depois, pelos
maiores. Esse seio não é subdividido por uma prega transversal, o que é típico
em animais de grande porte. A parte predominante do seio lactífero encontra-­
-se na papila (parte papilar) e se estende apenas com sua parte inicial, que
recebe os duetos lactíferos, no corpo da glândula (parte glandular). O seio lac­
tífero atinge a superfície do corpo como um dueto papilar (5) mais estreito. O
dueto está localizado no terço distal do teto e, muitas vezes, independente das
glândulas adjacentes, desemboca por um óstio papilar (6) na extremidade
do teto (papila mamária, -2). Os vasos sanguíneos eréteis do teto com veias
(musculares) típicas de parede espessa são menos desenvolvidos na cadela. Os
feixes de células musculares lisas circundam os duetos papilares individuais
como esfíncteres.
Após o período de lactação, uma grande parte do sistema ductal e, particular­
mente, os alvéolos glandulares, sofrem involução.
Os aparelhos suspensórios fascial e muscular, bem como o aporte vascular
(irrigação) e a inervação das mamas e do prepúcio, são semelhantes em muitos
aspectos e, por essa razão, são estudados juntos.
I. O ligamento suspensor das mamas ou, respectivamente, do pênis (20) como
a continuação da fáscia profunda do tronco se divide no nível da linha alba, pas­
sando em torno do complexo mamário ou, no prepúcio e ao redor do pênis,
como a fáscia peniana. O músculo supramamário cranial (fêmea) ou o múscu­
lo prepucial cranial (18, -macho) se origina da linha alba no nível da cartila-
gem xifoide e se estende para a base das mamas abdominais ou para o prepúcio,
respectivamente. Os músculos caudais de mesmo nome são inaparentes.
Em relação ao aporte sanguíneo/linfático e à inervação, há um campo cranial
de suprimento para as duas mamas torácicas e para a mama abdominal cranial,
bem como um campo caudal de suprimento para as mamas abdominal caudal
e inguinal ou, respectivamente, para o prepúcio, a pele na região do pênis, e o
escroto. No nível do umbigo, ocorrem anastomoses entre os dois campos de
suprimento.
II. Para as mamas torácicas craniais, os vasos sanguíneos do campo cranial
de suprimento se originam da artéria e da veia torácicas laterais (13), bem
como da artéria e da veia torácicas internas. Ramos perfurantes (16) dos
últimos vasos emergem próximos da linha alba para suprir as duas mamas
torácicas e terminam com a artéria e a veia epigástricas superficiais craniais
(17). Os vasos epigástricos superficiais craniais perfuram a parede torácica no
nível do arco costal e, após suprirem as mamas abdominais craniais, unem-se
por anastomose com os vasos caudais de mesmo nome no nível do umbigo.
Os vasos sanguíneos do campo caudal de suprimento surgem da artéria e da
veia pudendas externas (26), que, após atravessarem os anéis inguinais e oca­
nal inguinal, dividem-se no nível do teto inguinal em artéria e veia labiais ou
escrotais ventrais (27}, respectivamente, e artéria e veia epigástricas super­
ficiais caudais (23). Esses vasos emitem ramos mamários ou prepuciais, res­
pectivamente. Os vasos epigástricos superficiais craniais e caudais constituem
os principais vasos e também assumem o suprimento dos tetos. Outros vasos
que contribuem para esse suprimento são as artérias e veias intercostais, os
vasos abdominais craniais e os vasos ilíacos circunflexos profundos. Os ramos
de cada vaso (predominantemente de veias) podem atravessar a linha mediana
(linha alba) e participar do suprimento das mamas contralaterais.
111. Os vasos linfáticos do campo cranial de suprimento seguem seu trajeto até
os linfonodos axilares (11) e axilares acessórios (12). Já os vasos linfáticos do
campo caudal de suprimento drenam tanto as mamas caudais como o prepúcio,
a pele externa de revestimento do pênis e o escroto. Esses vasos linfáticos se­
guem até os linfonodos inguinais superficiais (25) situados na base da mama
inguinal, onde a artéria e a veia pudendas externas se dividem em ramos labial
ou escrotal ventrais e na artéria e na veia epigástricas superficiais caudais.
IV. A inervação sensorial deriva-se dos nervos intercostais cranialmente,
mas dos nervos ilio-hipogástricos craniais e caudais caudalmente. 1àl iner­
vação chega às mamas por meio de ramos cutâneos laterais (15 e 21 da série
lateral de nervos cutâneos torácicos e lombares) e por ramos cutâneos ven­
trais (14 e 22), próximos à linha alba. Caudalmente ao nervo intercostal X,
nenhum ramo cutâneo ventral é emitido pelos nervos espinais lombares cra­
niais ou torácicos -nesse caso, a pele ventral é inervada pela extensão ventral
do ramo cutâneo lateral e, com a mama inguinal caudalmente, pelo nervo
genitofemoral (24), que atravessa o canal inguinal na companhia da artéria e
da veia pudendas externas.
e) Antes de começar a dissecção, devem ser fornecidos os detalhes sobre a RE­
LAÇÃO DAS FÁSCIAS (ver também p. 36 e 146).
I. As fáscias superficial e profunda do tronco são classificadas como fáscias
externas do tronco. A fáscia superficial do tronco está estritamente unida
à pele e envolve os músculos cutâneos do abdome por meio de duas lâmi­
nas. A fáscia profunda do tronco (19) está intimamente unida à superfície
do músculo abdominal externo. Dorsalmente, na região lombar, essa fáscia é
conhecida como fáscia toracolombar (ver p. 30), que segue seu trajeto sobre
os músculos da coluna vertebral entre os processos espinhosos e transversos.
Na linha mediana, a fáscia profunda se funde ventral mente com a linha alba e,
nesse local, o ligamento suspensor das mamas promove a separação entre essas
estruturas. Na região inguinal da fáscia externa do tronco (compreendendo as
fáscias superficial e profunda do tronco) continua como fáscia espermática
e>.1erna. Ela envolve a túnica vaginal do peritõnio externamente, mas, no sulco
inguinal, passa pela coxa como fáscia lata (28).
II. Geralmente, a fáscia interna do tronco adere-se à serosa e é conhecida
por diferentes termos dependendo de sua locaLização. Na cavidade torácica
ela é conhecida como fáscia endotorácica, na cavidade abdominal como fás­
cia transversal, na superfície ventral dos músculos sublombares como fáscia
ilíaca, e dentro da cavidade pélvica como fáscia pélvica. A fáscia interna do
tronco ou, mais particularmente, a fáscia transversal se continua como fáscia
espermática interna, que invade a túnica vaginal do peritônio.

Regiões mamária e prepucial
Glândula mamária
Óstio prepucial----------
2 Papila mamária
3 Dueto lactífero
4
--------5
--------6
Seio lactífero
Dueto papilar
Óstio papilar
Prepúcio:
7 Lâmina externa---------
8 Lâmina interna ---------
Prepúcio
9 Lâmina peniana --------
10 Fundo prepucial--------'-
Legenda:
29 M. peitoral profundo
30 M. cutâneo do tronco
34 Linha alba
35 Umbigo
31 M. oblíquo externo do abdome 36 Fáscia do pênis
37 Vasos linfáticos 32 Anel inguinal (superficial) externo
33 M. supramamário ou prepucial 38 Fáscia espermática externa
caudal
Q
(superfície ventral)
Ln. axilar-----li>'=
Ln. axilar acessóriof--,f--'-~
A. e v. torácicas
laterais -----
N. intercostal:
Ramos cutâneos ventrais ----
Ramos cutâneos laterais ----
A. e v. torácicas internas:
----16 Ramos perfurantes -----
A. e v. epigástricas
superficiais craniais ------
M. supramamário cranial ou
m. prepucial cranial --------
19 Fáscia profunda do tronco -----
-------20 Lig. suspensor da
mama ou do prepúcio ------.
N. ilio-hipogástrico
cranial e caudal:
------21 Ramos cutâneos laterais ------
------22 Ramos cutâneos ventrais ----
-----23 A. e v. epigástricas
superficiais caudais -------
N. genitofemoral -------
Ln. inguinal superficial --
~:7"9-':---+26 A. e v. pudendas
externas -----!---....;~~~
~~:i'-----t27 Ramos labiais ou
escrotais ventrais
.--+28 Fáscia lata ----+--
(ver p. 35, 37, 67, 69)
39 Fáscia espermática interna e
processo vaginal do peritõnio
40 Vulva
41 Escroto
41
33

4. Músculos abdominais, bainha do músculo reto do abdome, tendão pré-púbico
Para expor os músculos abdominais e a bainha do m. reto do abdome, o m. oblíquo externo do abdome e a fáscia profunda sobrejacente do
tronco no lado esquerdo são transeccionados a 2 cm ventrais e paralelos à origem do m. oblíquo externo a partir das costelas e da fáscia to­
racolombar (ver ilustração na p. 30). O resquício do músculo ventral é rebatido ventralmente até a margem lateral do m. reto do abdome. Em
seguida, o m. oblíquo interno do abdome é submetido à transecção a 2 cm dorsais e paralelos à margem entre o músculo e sua aponeurose, e
também é rebatido.
1 a) Considerando-se os seus locais de origem, os Músculos ABDOMINAIS são sub­
divididos em partes, a saber: parte costal, que se origina das costelas; parte
esternal do esterno; parte lombar, da fáscia toracolombar (ver ilustração na
p. 30); e parte inguinal, do ligamento inguinal (7). Com exceção dom. reto
do abdome, cada músculo se insere na linha alba na linha mediana ventral por
meio de uma aponeurose ou de um tendão abdominal. O m. oblíquo interno
do abdome também se insere ao longo do arco costal por meio de um tendão
costal, enquanto o m. oblíquo externo do abdome acaba em um tendão pélvico
ou pilar lateral da linha pectínea do osso púbis. Lateralmente às suas inserções
mesoventrais, as aponeuroses dos músculos abdominais formam a bainha do
m. reto do abdome (bainha do reto do abdome, -ver também p. 36) -nesse
caso, as camadas externas ao reto do abdome formam a lâmina externa da bai•
nha, enquanto as camadas internas ao reto do abdome compõem a lãm ina in­
terna. Em posição ventral e paramediana, as aponeuroses da lâmina externa da
bainha formam uma zona reticular que é ancorada às intersecções tendíneas
2 (2) do m. reto do abdome. Em posição mesovenlral, a linha alba (10) surge
como uma sequência consecutiva de fibras crmadas, entrelaçadas e tendíneas.
Essa linha começa no mesoesterno como uma "rafe de ancoragem" ventrome­
diana para as aponeuroses dos músculos abdominais. Em sua maior extensão,
3 ela abrange o anel umbilical (li) por meio de dois pilares umbilicais e termina
por redução abrupta na extremidade cranial da sínfise pélvica.
I. O m. oblíquo externo do abdome (8) surge como partes costal e lombar, que
passam sobre um tendão abdominal e outro pélvico. Conhecidos, respectiva­
mente, como tendão abdominal ou pilar medial (8') e tendão pélvico ou pilar
lateral (8"), eles delimitam o anel inguinal (superficial) externo (ver p. 37). A
aponeurose do músculo contribui totalmente para a formação da lâmina externa
da bainha dom. reto do abdome, inserindo-se caudalmente com os tendões ab­
dominal e pélvico na pelve e unindo-se ao tendão pré-púbico. As fibras profun­
das do tendão abdominal do músculo oblíquo externo do abdome contralateral
também terminam no tendão pré-púbico como fibras reflexas (13).
Bainhas do músculo reto do abdome
(região abdominal cranial)
10
(secção transversal)
II. O m. oblíquo interno do abdome (12) possui partes lombar e inguinal.
A aponeurose desse músculo participa da formação da bainha dom. reto do
abdome de três formas: 1) uma secção cranial de 2 cm de largura contribui
apenas para a fo1mação da lâmina interna; 2) outra secç.'\o subsequente de 2 a
4 cm de largura participa da formação das lâminas interna e externa na região
umbilical; 3) caudalmente, a aponeurose passa apenas para a superfície externa
do 111. reto do abdome.
Bainhas do músculo reto do abdome
(região abdominal média)
Fáscia profunda
do tronco
10
(secção transversal)
1
8
Lâmina externa
12j
1
5
Lâmina interna
J
III. O m. transverso do abdome (5) contribui para a formação da bainha de
modo semelhante ao m. oblíquo interno do abdome. Contudo, a contribui­
ção do m. transverso do abdome para a formação de ambas as lâminas ocorre
mais caudalmente, com extensão de quase I a 2 vértebras. Na superfície lateral
do músculo, os ramos ventromediais dos nn. torácicos e lombares (nn. ilio­
-hipogástricos cranial e caudal, além do n. ilioinguinal) seguem trajeto ventral
e paralelo às fibras musculares.
Bainhas do músculo reto do abdome
(região abdominal caudal)
Fáscia profunda
do tronco
ª lmina externa
-12J
-5
10
-,
Lâmina interna _,
IV. O m. reto do abdome (1) se origina da primeira costela e das quatro pri­
meirasesternebras; por essa razão, pode-se dizer que ele possui uma parte cos­
tal e outra esternal. O m. reto do abdome termina na linha pectínea do osso
púbis. Caudalmente às costelas esternais, esse músculo é envolto por sua bai­
nha formada pelas aponeuroses dos três músculos abdominais remanescentes,
bem como pelas fáscias interna e externa do tronco. As fáscias externa e inter­
na do tronco contribuem, respectivamente, como um todo, para a formação
das lâminas externa e interna do 111. reto do abdome, exceto caudalmente onde
o músculo possui camada dupla.
A inervação dos quatro músculos abdominais é feita pelos nn. intercostais
e pelo n. ilioinguinal (6), bem como pelos nn. ilio-hipogástricos craniais
(3) e caudais (4). Por meio de seus ramos vm, todos esses nervos atravessam
a superfície lateral do m. transverso do abdome. Os ramos vi dos nervos
seguem seu trajeto no m. oblíquo externo do abdome em direção às mamas
(ver p. 33).
Para demonstrar o tendão pré-púbico, na figura ao lado, a parede abdominal sobre a bexiga urinária (bem como a próstata nos machos) foi fe­
nestrada. Os músculos oblíquos externo e interno do abdome, inclusive a fáscia transversal e o peritônio parietal, são seccionados na margem
lateral do m. reto do abdome e o último é suspendido caudalmente após secção transversal no nível do túber da coxa. Na região caudal do lado
esquerdo, remove-se o tendão abdominal do m. oblíquo externo do abdome. O tendão pré-púbico é separado paralelamente às fibras muscu­
lares por uma secção entre o tendão pélvico do m. oblíquo externo do abdome e os tendões medial e lateral de origem do músculo pectíneo (e
adutor longo). Essa secção também atravessa a cartilagem iliopúbica.
34
b) O TENDÃO PRé-Púe1co (9) é representado por uma massa tendínea resisten­
te, que se estende no sentido ventral a partir da margem da pelve. Essa massa
tendínea consiste principalmente em tendões de inserção dos músculos reto
abdominais direito e esquerdo, e em tendões lateral e medial de origem do
músculo pectíneo (ipsilateral) (e adutor longo, -15) (ver item IV), bem
como no tendão pélvico dom. oblíquo externo do abdome (pilar lateral),
que margeia cranial mente e fica preso pela cartilagem iliopúbica (14), a qual
é fibrocartilagínea. A cartilagem iliopúbica externamente palpável reforça o
ângulo caudal do anel inguinal (superficial) externo que une os tendões ab­
dominais e pélvicos do músculo oblíquo externo do abdome. A cartilagem
também serve como origem medial e superficial para o músculo pectíneo.
Uma origem extra, forte e carnosa do músculo pectíneo está presente como
origem medial e profunda a partir da eminência ilíopúbica. O tendão lateral
de origem provém do tubérculo do m. psoas menor, enquanto o tendão me­
dial de origem do músculo pectíneo ipsilateral (adutor longo) não atravessa
o tendão medial de origem do músculo contralateral de mesmo nome. Dessa
forma, o cão não possui fixação bilateral do músculo pectíneo, o que, para os
animais domésticos de grande porte, é de suma importância para proteger a
relação de ambas as metades pélvicas na sínfise pélvica.

Músculos abdominais e região inguinal
(vista caudoventral)
3 N. ilio-hipogástrico cranial e
a. e v. abdominais craniais ---
4 N. ilio-hipogástrico caudal -----
/
/
/
Lâmina interna--------,,.
/
/
/
Lâminas interna e externa ----,,.
5 M. transverso do abdome
/
/
/
/ /
Lâmina externa ----------,,. ,,. ,,.
/
6 N
·1· .. 1 ,,.
. , 10,ngu,na -----------,,.
7 Líg. inguinal -----------------
8 M. oblíquo externo do abdome:
s·~~m~~--------------­
S"Pilar lateral -----------------
Legenda:
M. obliquo interno do abdome:
16 Tendão costal
M. sartório:
17 Parte cranial
1 7' Parte caud ai
18 Fáscia ilíaca externa
19 M. iliopsoas
(vista caudoventral)
20 M. adutor curto
21 M. adutor magno
22 M. grácil
23 Anel inguinal externo (superficial)
24 Anel inguinal interno (profundo)
25 Fáscia transversal do tronco e
peritônio
12 M. oblíquo interno do abdome:
' ------------Lâmina interna
------------Lâminas interna e externa
/ ----------Lâmina externa
/
d
a N. cutâneo femoral lateral e a.
e v. ilíacas circunflexas profundas
b A. e v. circunflexas femorais laterais
c N. safeno
N. genitofemoral e
a. e v. pudendas
externas
g N. obturador
d A. e v. femorais caudais proximais
e Processo vaginal do peritônio e m.
cremáster externo
h A., v. e n. femorais
Bexiga urinária
Próstata
M. oblíquo externo do abdome:
13 Fibras reflexas
14 Cartilagem iliopúbica
15 M. pectíneo (e adutor longo)
(ver p. 37)
35

5. Região inguinal, espaço inguinal (canal inguinal), lacunas neuromusculares
e vasculares
Na região inguinal, são expostos três condutos, a saber: o espaço inguinal (canal), a lacuna neuromuscular e a lacuna vascular. A princípio, a
mama inguinal direita é rebatida mediaimente e, depois disso, é possível estudar a participação das cinco camadas da parede abdominal na for­
mação do espaço inguinal. Esse espaço começa no anel inguinal interno ou profundo, e termina no anel inguinal externo ou superficial. Observa-­
-se a continuação da fáscia externa do tronco como a fáscia espermática externa, semelhante a um tubo. Externamente, essa estrutura envolve
o processo vaginal e seu revestimento de fáscia espermática interna. Em seguida, do lado direito, a fáscia externa do tronco, os três músculos
abdominais expansivos, a fáscia transversal e o peritônio são transeccionados e rebatidos. Essa incisão é feita ao longo do eixo longitudinal do
anel inguinal externo até o arco costal. Ao se fazer isso, estuda-se cada camada abdominal.
1 a) Ü ESPAÇO INGUINAL (CANAL INGUINAL) se estende do anel inguinal interno ao ex­
terno. Os ângulos caudais de ambos os anéis ficam um sobre o outro, enquanto
o ângulo cranial do anel interno fica aproximadamente a 2 cm craniolaterais
ao do anel externo. Isso resulta em um alongamento correspondente do espaço
inguinal.
b) A LACUNA NEUROMUSCULAR ( ver também ilustração) corresponde à passagem
para o m. iliopsoas e o n. femoral contido dentro dele. No nível da lacuna e na
transição da parede corporal lateral a dorsal, a fáscia transversal (7) se estende
sobre o m. iliopsoas (4), sendo nomeada nesse local como fáscia ilíaca.
36
I. A pele não participa da formação do espaço inguinal, mas se funde com o
tegumento do escroto (macho) ou dos lábios vulvares (fêmea).
II. A fáscia externa do tronco (5) segue o anel inguinal externo de modo a
envolver o processo vaginal do peritônio (24) com seu conteúdo tubular e,
por essa ra1,ão, é conhecida como fáscia espermática ex-terna (21). O processo
vaginal recebe o nome de tú1úca vaginal no macho (24) e contém o cordão
espermático; ao passo que, na cadela, esse processo vaginal alberga o ligamen­
to redondo do útero e seu envoltório de gordura. Em contraste à maioria dos
outros mamíferos do sexo feminino, a cadela é dotada de processo vaginal de
peritônio e, na maioria dos casos, de uma fáscia espermática externa associada.
A a. e a v. pudendas externas {20), o n. genitofemoral e o m. cremáster (ex­
terno) atravessam o espaço no lado de fora do processo vaginal e, em seguida,
ingressam na fáscia espermática externa tubular. Dentro de alguns milímetros,
os dois vasos sanguíneos e o nervo perfuram a fáscia e os vasos se ramificam
em a. e v. epigástricas superficiais caudais e ramos escrotais ou labiais ven­
trais (ver p. 33) na adjacência do linfonodo inguinal superficial.
III. Por clivagem em sua aponeurose, o m. oblíquo externo do abdome for­
ma o pilar lateral (16) e o pilar medial (15) do anel inguinal (superficial)
externo ( 17).
A margem caudal livre dom. oblíquo interno do abdome (14) contribui para
a formação do anel inguinal (profundo) interno (18) com a margem lateral
dom. reto do abdome (19) e a superficie interna do ligamento inguinal.
O m. cremáster (externo, -22) é distinto no macho, mas parece mais fraco
na cadela. Em roedores, o m. cremáster ( externo, -22) divide-se em partes
primária, derivada do m. transverso do abdome, e secundária, proveniente
do m. oblíquo interno do abdome. Em grande extensão nos mamíferos do­
mésticos, o m. crem,íster (externo) unido perdeu sua conexão direta com os
dois músculos abdominais. O músculo independente resultante se origina do
ligamento inguinal, atravessando o espaço inguinal do lado de fora do pro­
cesso vaginal.
O m. transverso do abdome (6) não contribui para a formação do espaço in­
guinal, pois sua margem caudal livre se encontra no nível do túber da coxa.
IV. A fáscia interna do tronco (7, -fáscia transversal) adere-se ao peritônio.
Essa fáscia se projeta através do espaço inguinal como fáscia espermática in­
terna {23) tubular, envolvendo a túnica vaginal.
V. O peritônio {8) se evagina como um processo vaginal tubular, penetra no
espaço inguinal e adere-se à fáscia espermática interna. O anel vaginal (9), na
parte caudolateral da cavidade abdominal, constitui o local de evaginaçáo e
permanece como a entrada para o processo vaginal; esse anel não pertence ao
espaço inguinal.
--10
---15
----16
----17
O ligamento inguinal fica entrelaçado nesse revestimento fascial, subdividindo
a fáscia ilíaca em fáscia ilíaca interna (1), no lado da cavidade abdominal,
e fáscia ilíaca externa {2, -lâmina ilíaca), no lado femoral. As duas cama­
das da fáscia terminam no ílio. Por ve1.es ausente, o Iígamento inguinal (3),
muito frágil, surge no túber da coxa. Na região da lacuna neuromuscular, esse
ligamento fica entremeado com a fáscia ilíaca, conferindo um reforço de teci­
do conjuntivo para a origem do m. oblíquo interno do abdome. No nível do
espaço inguinal, mais ventralmente, o ligamento se une com o pilar lateral do
m. oblíquo externo do abdome; ambos se irradiam em direção ao tendão pré­
-púbico e finalizam-se na linha pectínea do osso púbis. Com o m. iliopsoas, o
n. femoral (10) e seu ramo, o n. safeno (11), atravessam a lacuna neuromus­
cular. Essa lacuna é delimitada pelo ligamento inguinal ventral mente e pelo ílio
dorsahnente. Na sequência, o n. safeno alcança o trigono femoral ( 12), cujos
limites são formados pelo ligamento inguinal, pelo m. pectíneo e pela parte
caudal do m. sartório. O trígono femorJl forma as margens do espaço femoral
(13, canal femoral), que é delimitado profundamente pelo m. iliopsoas eco­
berto superficialmente pela fáscia femoral medial. Além do n. safeno, o espaço
abriga a a. e a v. femorais.
c) A LACUNA VASCULAR (ver também ilustração) refere-se à passagem para os va­
sos femorais. Essa lacuna é delimitada pela lacuna neuromuscular dorsolate­
ralmente, pelo corpo do ílio dorsomedialmente e pelo ligamento inguinal ven-2
tralmente. A secçáo medial da lacuna vascular que náo é ocupada pelos vasos
sanguíneos é conhecida como anel femoral. Em virtude de seu revestimento de
peritônio e da fáscia transversal, o anel femoral representa um acesso autoconti-
do para o espaço femoral (canal femoral), além de ser o local de hérnia femoral.
PARTICIPAÇÃO DE CAMADAS DA PAREDE ABDOMINAL NA FORMAÇÃO DO ESPAÇO INGUINAL (CANAL INGUINAL) E BAINHA DO MÚSCULO RETO DO ABDOME
Abdome Anel Processo Bainha dom. reto do abdome
l.
li.
II 1.
lll.
Ili.
Pele Pele do escroto
Fáscia externa do tronco Fáscia espermática externa
M. oblíquo externo do abdome Anel inguinal externo }
Espaço inguinal (canal)
M. oblíquo interno do abdome } Anel inguinal interno
--------------M. cremáster(externo)
M. transverso do abdome
IV: Fáscia interna do tronco Fáscia espermática interna
Processo vaginal (fêmea)
Túnica vaginal (macho)
V. Peritônio Anel vaginal
Lâmina externa
Lâmina externa
Lfimina externa; lâtninas externa e interna; lâmina interna
L1mina externa; lân1inas externa e interna; lâmina interna
Lânlina interna

Região inguinal (d')
Fáscia ilíaca:
Fáscia ilíaca interna ----------
2 Fáscia ilíaca externa (lâmina ilíaca) ----
3 Lig. inguinal ---------------
8--
9--
4 M. iliopsoas ---------------
(vista caudoventral)
5
6
7
8
9
10
11
12
13
F áscia (profunda)
externa do tronco -
M. transverso
do abdome ----
Fáscia transversal
interna do tronco -
Peritônio -----
Aneí vaginal----
N. femoral --------
N. safeno --------
Trigono femoral -----
Espaço femoral
(canal femoral) ----
Legenda:
25 Pele do escroto
26 Linha alba
27 A. e v. ilíacas externas
28 Lacuna muscular
29 Lacuna vascular
30 Anel femoral
M. iliopsoas:
31 M. ilíaco
32 M. psoas menor
-14 M. oblíquo interno
do abdome
M. obliquo externo do abdome:
-15 Pilar medial
-16 Pilar lateral
-17 Anel inguinal externo (superficial)
-18 Anel inguinal interno (profundo)
-19 M. reto do abdome
-20 A. e v. pudendas externas e
n. genitofemoral
-21 Fáscia espermática externa
-22 M. cremáster (externo)
-23 Fáscia espermática
-24 Processo vaginal do perttõnio
(ver p. 35)
33 A. e v. testiculares e
dueto deferente
34 Ln. inguinal superficial
37

Capítulo 5: Cavidade torácica
1. Pulmões, bifurcação da traqueia e brônquios
No campo pulmonar, o campo triangular que projeta o pulmão na parede
torácica lateral de seu respectivo lado torna esse importante órgão respiratório
externamente acessível para auscultação e percussão. No cão, na postura nor­
mal em estação, a margem cranial do triângulo encontra-se no nível da cos­
tela V. Com o membro torácico tracionado para a frente, é possível ampliar o
campo pulmonar em uma distância aproximada equivalente à largura de duas
costelas. A margem dorsal do triângulo corresponde à margem lateral do
músculo iliocostal, enquanto a margem caudoventral (basal) ascende desde
a junção costocondral da costela VI até o meio da costela VIII e a extremidade
vertebral da costela XI.
A forma externa dos pulmões não é constante, já que esse órgão necessaria­
mente acompanha a variação de dimensões da cavidade torácica nos movi­
mentos respiratórios. Juntos, os dois pulmões se assemelham a um cone (cada
pulmão forma "meio cone"), com um ápice do pulmão (ápice pulmonar) si­
tuado cranial mente que se projeta um pouco além da entrada torácica, e uma
base ampla (base pulmonar) que se encontra ao lado do diafragma.
A superfície do pulmão é coberta por pleura (visceral) pulmonar (ver p. 42).
Após embalsamento do cadáver, como reflexo da plasticidade do parênquima
pulmonar, a superfície costal in situ revela impressões costais distintas. A su­
perfície medial ( ver ilustração) se estende dorsalmente com sua parte verte­
bral até a coluna vertebral; ventralmente, em sua parte mediastínica, podem
ser identificados: a impressão aórtica (12), a impressão esofágica (13), bem
como o sulco para a veia cava caudal (14) e, prosseguindo ventralmente a
partir do sulco da veia cava, a impressão cardíaca ( 15). A superfície diafrag­
mática (16) repousa uniformemente sobre o diafragma.
2 a) Os PULMÕES ( ver ilustração) do cão exibem assimetria notável, pois o pul­
mão direito com seus quatro lobos é consideravelmente maior que o pulmão
esquerdo com apenas dois lobos.
38
Externamente, os lobos pulmonares no cão são subdivididos ou realçados por
fissuras interlobares que são muito profundas e em parte chegam à subdivisão
dos brônquios.
I. O pulmão direito é dividido por fissuras interlobares cranial (2) e cau­
dal (3) em lobos cranial (5), médio (4) e caudal(!), além do pequeno lobo
acessório (ver ilustração, -17) que se estende da superfície medial para o re­
cesso mediastínico (ver p. 42). Não é possível observar o lobo acessório em
vista lateral. Esse lobo passa parcialmente sobre a veia cava caudal, formando
o sulco da veia cava caudal. Na margem ventral do pulmão, a fissura interlobar
cranial transpassa a incisura cardíaca direita (6). A fissura interlobar caudal
separa o lobo médio do lobo caudal, que, mediaimente, é fundido com o lobo
acessório.
Pulmão direito e esquerdo (face medial}
(cranial) (caudal)
(caudal) (craniaQ
8
9
U. O pulmão esquerdo possui um lobo cranial (7) subdividido em parte cra­
nial (8) e parte caudal (9). A parte cranial se sobrepõe lateralmente à porção
cranial da parte caudal ou esta se sobrepõe lateralmente à porção caudal da
parte cranial. A fissura intralobar que separa as partes cranial e caudal se abre
na margem ventral do pulmão na incisura cardíaca esquerda (10) superficial.
O lobo caudal (11) não é dividido e com sua superfície diafragmática repousa
sobre o diafragma.
Árvore bronquial e vasos pulmonares (vista dorsal)
(esquerda) (direita)
b) A BIFURCAÇÃO DA TRAOUBA (ver ilustração acima -A) e sua divisão nos brôn­
quios principais (B) determina a subdivisão em pulmão direito e esquerdo. A
subdivisão dos brônquios principais em brônquios lobares, que não podem
ser discernidos externamente, é mais significativa na definição dos lobos pul­
monares do que as fissuras visíveis, que se encontram em parte entre os lobos,
e outra parte dentro do lobo.
A bifurcação da traqueia fica em posição ventral ao esôfago, mas está a cerca da
metade do caminho entre a entrada torácica e o diafragma. Para a ventilação de
cada lobo do pulmão, os brônquios principais se dividem em dois brônquios
lobares para o pulmão esquerdo (brônquio lobar cranial -C e brônquio lo­
bar caudal-D) e em quatro brônquios lobares para o pulmão direito (brôn•
quio lobar cranial -E, médio -F, caudal -G e acessório -H).
Os brônquios lobares emitem brônquios segmentares (!), que são designa­
dos de acordo com sua posição como brônquios segmentares dorsal, ventral,
lateral e medial. Os segmentos podem ser definidos, por exemplo, por moldes
anatômicos em técnicas de corrosão. No cão, os ramos da artéria pulmonar
acompanham o brônquio segmentar (tipo de aporte broncoarterial) no lobo
caudal. Esses ramos da artéria pulmonar correm no centro dos segmentos, en­
quanto os ramos das veias pulmonares demarcam a periferia dos segmentos.
Nos lobos cranial e médio, os brônquios segmentares são acompanhados não
somente por ramos arteriais, mas também por ramos venosos (tipo de apor­
te broncovascular). Como o segmento pulmonar é ventilado apenas por um
único brônquio segmentar, em caso de oclusão bronquial, o segmento será vi­
sualizado à radiografia como uma sombra cuneiforme com uma extremidade
central em formato de cunha e uma base periférica. Nesse local, onde as car­
tilagens bronquiais desaparecem, os ramos menores dos brônquios segmenta­
res continuam como bronquíolos, estruturas com diâmetro menor que I mm.
As partes terminais do sistema de condução do ar, os bronquíolos terminais,
prosseguem como o sistema de troca gasosa, ao qual pertencem os bronquío­
los respiratórios (diâmetro inferior a 0,5 mm), os duetos alveolares e os sacos
alveolares e, por fim, o alvéolo.

Cavidade torácica e pulmões
(pulmão direito)
(pulmão esquerdo)
8
--
Lobo cranial
lncisura cardíaca
direita
(ver p. 29)
39

2. Vasos sanguíneos, nervos e sistema linfático dos pulmões; arco aórtico, linfonodos
da cavidade torácica, timo
a) A IRRIGAÇÃO SANGUÍNEA DOS PULMÕES é realizada pela circulação pulmonar (arté­
rias e veias pulmonares), bem corno pela artéria e veia broncoesofãgicas (15).
Em contraste à circulação sistêmica com suas pressões arteriais mais elevadas,
a circulação pulmonar é conhecida corno o sistema de baixa pressão. Isso se
deve às pressões arteriais mais baixas em seus vasos, o que facilita o suprimen­
to funcional dos pulmões. A partir do ventrículo direito do coração, o sangue
venoso chega ao hilo dos pulmões direito e esquerdo por meio do tronco pul­
monar (10) arterial e de seus ramos principais, as artérias pulmonares direita
e esquerda. O sangue, oxigenado nos capilares pulmonares, retorna ao átrio
esquerdo do coração por 5 a 8 veias pulmonares (14).
As artérias broncoesofágicas pareadas se originam da aorta ou de urna artéria in­
tercostal origim\ria no níve.l das costelas V-Vll. Essas artérias broncoesofágicas
ingressam no hilo do pulmão direito ou, respectivamente, esquerdo e fornecem
o suprimento nutricional da árvore bronquial e de seus arredores imediatos.
Na região limítrofe entre os sistemas de condução aérea e de troca gasosa em
algumas espécies, foram observadas anastomoses de capilares broncoesof.lgicos
e pulmonares. A mistura de sangue funcional e nutritivo no cão é questionável.
A veia broncoesof.lgica costuma desembocar na veia ázigos direita.
da coluna vertebral cervical. A artéria torácica interna (5, -ver também p. 49)
segue no sentido caudoventral, depois proftmdamente ao músculo transverso
do tórax. Os ramos dessa artéria torácica interna perfuram a parede torácica e
emitem ramos mamários aos complexos de glândulas mamárias torácicas. No
nível da região xifoide do esterno, essa artéria emite outra artéria ao diafragma
antes de se dividir nas artérias cpigástrica cranial e epigástrica superficial cra­
nial. Estes últimos vasos seguem caudalmente na superfície interna do músculo
reto do abdome ou, respectivamente, na face superficial da lâmina externa da
bainha desse músculo reto e fa1.em anastornose com os vasos caudais de mesmo
nome. A artéria cervical superficial emite o ramo deltoide ao sulco peitoral la­
teral, ramificando-se na região cervical lateral em relação aos linfonodos cervi•
cais superficiais. As artérias broncoesofágicas procedem diretamente da aorta
descendente (12) ou das artérias intercostais V-Vil. As artérias intercostais
(11) seguem diretamente com as veias e os nervos de mesmo nome em direção
caudal às costelas e unem a aorta com a artéria torácica interna.
e) Os LINFONooos DA CAVIOADE TORÁCICA abrangem os linfonodos mediastíni­
cos craniais (6, A; linfonodos mediastínicos médio e caudal estão ausentes
2 b} A INERVAÇÃO oos PULMÕES é conferida pelo plexo de fibras autônomas prove­
nientes dos sistemas nervosos simpático e parassirnpático. Também há fibras
sensoriais viscerais com os nervos autônomos. Esses nervos penetram na raiz
do pulmão sem, no entanto, inervar o parênquima pulmonar com fibras de
condução da dor.
no cão; ver também a ilustração). Os linfonodos mediastínicos craniais estão
localizados no mediastino pré-cardíaco, unidos particularmente aos grandes
vasos ou às vísceras. Os linfonodos esternais craniais (4; linfonodos esternais 4
caudais não estão presentes no cão} encontram-se na margem cranial do mús­
culo transverso do tóra.x. Os linfonodos intercostais são inconstantes. Quan-
do presentes, esses linfonodos são proxirnais no espaço intercostal V ou VI. As
áreas tributárias drenadas por esses linfonodos estão na adjacência direta do
linfonodo específico. Os vasos linfáticos eferentes dos linfonodos mediastíni­
cos craniais passam para o ângulo venoso. Os eferentes vindos dos linfonodos
esternais craniais e intercostais seguem para os linfonodos mediastínicos cra­
niais ou diretamente para o ângulo venoso.
c) o SISTEMA LINFÁTICO DOS PULMÕES {ver ilustração} compreende os Unfonodos
pulmonares (E), que pertencem ao linfocentro bronquial e ficam dentro dopa­
rênquima pulmonar, e os linfonodos traqueobronquiais: direito (D), médio
(C) e esquerdo {13, B). Estes últimos linfonodos são encontrados na margem
cranial do brônquio principal direito, dorsalmente à bifurcação da traqueia,
e caudodorsal ao brônquio principal esquerdo. Os tributários desses linfono­
dos passam pelo pulmão e coração. Os vasos linfáticos eferentes seguem direta
ou indiretamente após atravessarem os linfonodos mediastínicos craniais aos
grandes troncos linfáticos que terminam no ângulo venoso existente entre as
veias jugulares interna e externa.
f) O TIMO (8) produz linfócitos-1: Em correspondência à sua origem a partir da s
terceira e quarta bolsas faríngeas, o timo é considerado um órgão linfoepitelial
que, na superfície de corte, revela um arranjo em medula e córtex. As evag.ina­
ções da medula ramificada semeU1ante a uma árvore estão cobertas pelo córtex
e circundadas por urna cápsula de tecido conjuntivo, apresentando dessa for-
ma uma pseudolobação.
3 d} O arco aórtico primeiramente emite o tronco braquiocefálico (7), que dá
origem à artéria carótida comum esquerda (l) e à artéria carótida comum
direita, bem corno à artéria subclávia direita. A artéria subclávia esquerda
(9) deixa a convexidade do arco aórtico distal mente a uma distância correspon­
dente à largura de um dedo. As artérias subclávias direita e esquerda emitem
quatro artérias: a artéria vertebral {3) atravessa o tronco costocervical (2) me­
diaimente e, com o nervo e a veia de mesmo nome, chega ao canal transverso
O timo está completamente desenvolvido na fase perinatal. A involução desse
órgão começa aos 4 a 6 meses de vida. Nesse processo, o parênquima é pro­
gressivamente substituído por tecido adiposo. Contudo, sempre permanecem
ilhotas tímicas ativas minúsculas, mesmo no idoso.
O timo do recém-nascido estende-se desde o coração até alguns milímetros
craniais à entrada torácica. O órgão pareado é fundido mediaimente e está lo­
calizado no espaço mediastínico.
40
Pulmões e linfocentro bronquial (vista dorsal) Pulmões (vista ventral)
(esquerdo) (direito) (direito)
Legenda:
A Linfonodo mediastínico cranial
8 Linfonodo traqueobronquíal esquerdo
C Linfonodo traqueobronquíal médio g
D Linfonodo traqueobronquíal direito
E Linfonodos pulmonares
a Traqueia
b Bifurcação da traqueia
Pulmão esquerdo:
c Lobo cranial
d Parte cranial
e Parte caudal
f Lobo caudal
Pulmão direito:
g Lobo cranial
h Lobo médio
Lobo caudal
Lobo acessório
(esquerdo)
f

Cavidade torácica (lado esquerdo)
3
4
5
6 Ln. mediastínico cranial ---i,-½'-
7 Tronco braquiocefálico--/
8 Timo----------+r-1
9 A. subclávia esquerda--
Legenda:
a Tronco jugular (tronco traqueal)
b N. laríngeo recorrente
e V. jugular interna
d V. jugular externa
e V. subclávia
f A. escapular dorsal
g A. cervical profunda
h A. vertebral torácica
Gânglios cervicotorácicos
j Alça subclávia
k Gânglios cervicais médios
1 V. costocervical
m Nn. cardíacos do tronco simpático
n Dueto torácico
Tronco simpático
o Gânglio do tronco simpático
p Ramos comunicantes cinzento e branco
q N. vago
r Ramos cardíacos e bronquiais
s Ventrículo direito
t Cone arterioso
u Aurícula do átrio esquerdo
v Sulco interventricular paraconal
w Ventrículo esquerdo
x N. esplâncnico maior
s
V
w
u
Lnn. traqueobronquiais
esquerdos
~--,,--',:---,,---'m-+-----i-,;,,,-1--14 Vv. pulmonares
~~.!:.,;;:~g'{--..:'---µ~ -15 A. e v. broncoesofágicas
(ver p. 31, 49)
41

3. Cavidade torácica, pleura e veias da cavidade torácica
a) A CAVIDADE TORÁCICA (ver também ilustração) é cranial ao diafragma. Está
cercada pelo tórax, compreendendo as vértebras torácicas, as costelas e o es­
terno. Caudalmente ao diafragma, o tórax circunda a parte intratorácica da
cavidade abdominal. A cavidade torácica está revestida com serosa, a pleura,
que também reveste os órgãos contidos dentro da cavidade torácica. O revesti­
mento pleural da parede torácica é referido como pleura parietal, sendo suas
partes designadas como pleura costal (F}, pleura diafragmática (H) e pleura
mediastínica (G), dependendo de sua localizaç,'io. A pleura visceral recobre o
pulmão e, portanto, recebe o nome de pleura pulmonar (D). A pleura medias­
tínica de cada lado, juntamente com uma camada fibrosa intermediária, forma
2 o mediastino (8), correspondendo ao mesentério da cavidade abdominal, qv•.
O mediastino pode ser considerado como o mesentério do esôfago. Esse reves­
timento se insere nos corpos vertebrais dorsalmente, no esterno ventralmente
e no diafragma caudalmente. Nesses locais, a linha de inserção é impelida para
mais longe à esquerda da linha mediana. As estruturas mencionadas a seguir
atravessam o mediastino em uma direção craniocaudal: veia ázigos direita
(10}, dueto torácico (12), aorta descendente (C), tronco vagai dorsal (13),
esôfago (19), tronco vagai ventral (18) e traqueia (9) com bifurcação traqueal.
O ligamento pulmonar (17) se estende desde o lobo caudal do pulmão até o
mediastino e, com isso, une a pleura pulmonar com a pleura mediastinica.
3 Dentro da cavidade torácica, a pleura forma duas cavidades pleurais (B), que
atravessam a entrada torácica na região do pescoço como cúpulas pleurais
(A). A cúpula da esquerda se estende a uma distância aproximadamente equi­
valente à largura de duas costelas cranialmente à entrada torácica; a cúpula
direita, à largura de aproximadamente uma única costela. A pa1te mais caudal
4 da cavidade pleural corresponde ao recesso costodiafragmático (20), que fica
imediatamente cranial à linha de inserção do diafragma. As cavidades pleurais
são fissuras de dimensão capilar, preenchidas por líquido. As pleuras pulmo­
nar e parietal são adjacentes entre si e estão intimamente tmidas por forças
coesivas, de forma que o pulmão deve acompanhar a parede torácica. Como
" N.T.: Expressão latina" quod vide': que significa "mais informações sobre o tema. veja em
outras referências~:
resultado, a inspiração desenvolve-se por aumento de volume do tórax. Além
disso, em virtude da inserção caudal assimétrica do mediastino, a cavidade
pleural esquerda possui um recesso costomediastínico (P). Em contraste, a
cavidade pleural direita tem um recesso mediastinodiafragmático (O) es­
querdo. A veia cava caudal atravessa a cavidade pleural direita em uma prega
própria das veias cavas, uma parte pregueada do mediastino. Este produz um
nicho adicional, o recesso mediastínico (15), para o lobo acessório do pulmão
direito. Outra cavidade, a cavidade serosa do mediastino (16), está situada
dentro do mediastino à direita do esôfago e caudal à bifurcação da traqueia.
Isso é o resultado do "pinçamento" de parte da cavidade peritonial durante
a ontogênese. A cavidade serosa do mediastino e a tensão concomitante no
ligamento pulmonar podem ser observadas, elevando-se o lobo caudal do
pulmão direito. Essa cavidade serosa do mediastino é aberta por uma incisão
direcionada ventroparalelamente à linha de inserção do ligamento pulmonar.
Pode-se sondar sua extensão com o dedo indicador, desde o diafragma até a
raiz do pulmão. A cavidade pericárdica (J), que contém o coração, está si-5
tuada no mediastino ventralmente ao esôfago e à bifurcação da traqueia. Com
o pericárdio aberto, identifica-se o pericárdio seroso e sua lâmina parietal
(K). Na base do coração, se transforma na lâmina visceral (epicárdio -L),
que envolve a superfície cardíaca. O pericárdio fibroso (M) constitui a base do
envoltório externo de tecido conjuntivo do pe1icárdio. Esse pericárdio fibroso
é contínuo com o ligamento fremcopericárdico (N) e a fáscia endotorácica
(E), que corresponde à base de tecido conjuntivo da pleura parietal. A porção
da pleura mediastínica que cobre o pericárdio lateralmente recebe o nome de
pleura pericárdica (I).
b) VEIAS DA CAVIDADE TORÁCICA
Próximo ao coração, a veia cava cranial (7) emite a veia áúgos direita (10) e,
na entrada torácica em sequência, a veia costocervical (5) e a veia torácica in­
terna (6), antes de se dividir em veias braquiocefálicas esquerda e direita (4).
A veia braquiocefálica emite as veias subclávia, jugularex1erna (1) e jugular
interna (2). A veia cava caudal (11) tem seu próprio revestimento pleural, a
prega das veias cavas (14), que se separa do mediastino.
Cavidade torácica
(esquerda)
Legenda:
A Cúpulas pleurais
B Cavidades pleurais
c Aorta descendente
D Pleura pulmonar
E Fáscia endotorácíca
42
(secção transversal)
(vista caudal)
(secção longitudinal)
(vista dorsal)
(direita) (esquerda) /
~---------B------------~
~----'----------C------------
--lf.=---------~ I
~~-----L
~;,e.--------M
~~:::._---------N
F Pleura costal Pericárdio seroso
G Pleura mediastínica K Lâmina parietal
H Pleura diafragmática L Lâmina visceral
1 Pleura pericárdica M Pericárdio fibroso
J Cavidade pericárdica
o --.-AIH-H·
p --.....-.\!l l(J'
20--
N Lig. frenicopericárdico
o Recesso mediastinodiafragmático
esquerdo
p Recesso costomediastínico
b
a
b
c
d
e
o'

0
0
o
o
o
0
Pulmão esquerdo
Pulmão direito
Lobo acessório
N. frênico direito
N. frênico esquerdo

Cavidade torácica (lado direito)
I ®
t,•,n
1 V. jugular externa
2 V. jugular interna
3 V. subclávia
------------4 V. braquiocefálica
---------5 V. costocervical
--------6 V. torácica interna
8 Mediastino
9 Traqueia
----1 O v. ázigos direita
----11 V. cava caudal
-;,::;-----------v,T,i';fff,;f-----14 Prega das vv. cavas
Recesso mediastíníco
7'-'--:--=--~:--:--~"'."""':-"'rnm7/tfr--:tH------17 Ug. pulmonar
(ver p. 29)
Legenda:
Tronco vagai ventral
Esôfago
a Tronco vagossimpátíco e a. carótida
comum direita
b N. laríngeo recorrente
c Tronco jugular
d A cervical superficial
e A, v. e n. vertebrais
f Gânglios cervicais médios
g Alça subclávia
h Gânglios cervicotorácicos
Nn. cardíacos do tronco simpático
j Linfonodo medíastínico cranial
k Linfonodo esternal cranial
1 Linfonodo traqueobronquial díre~o
m Linfonodo traqueobronquial médio
n N. frênico
o Superfície atrial do coração
p Diafragma
q Centro tendíneo
r Forame da v. cava caudal
43

4. Coração, superfície do coração, parede cardíaca e relações no interior do coração
No coração isolado, o pericárdio é aberto por meio de secção circular no nível do sulco coronário. A aorta deve ser seccionada próximo o sufi­
ciente do coração para que a válvula da aorta fique visível. O tronco pulmonar deve ser seccionado em pequenas etapas até que se visualize a
valva desse tronco. Depois dessa dissecção, é recomendável o exame da superfície do coração. Para estudar as relações internas do coração,
o átrio direito é aberto com tesouras. Iniciar a secção na extremidade da aurícula direita, acompanhar a margem ventral da aurícula e, no sulco
coronário, continuar mais adiante através da parede atrial até o septo interatrial. O átrio esquerdo é aberto da mesma maneira. Os ventrículos
são abertos por secções distintas. O ventrículo direito é aberto por uma secção longitudinal que começa na valva do tronco pulmonar, segue
paralelamente ao septo interventricular e termina no meio do caminho em direção ao ápice do coração. A partir desse ponto, efetua-se secção
transversal em todo o ventrículo direito, mas sem lesionar os músculos papilares. Para abrir o ventrículo esquerdo, realiza-se secção longitudinal
ao longo da margem ventricular esquerda, bisseccionando dessa forma a cúspide parietal da valva atrioventricular esquerda (mitral).
1; 2 O coração combina as funções de uma bomba de pressão e sucção para manter
a circulação do sangue. Esse órgão está situado no espaço mediastinico e forma
um ângulo aberto caudalmente de 45 a 5()<' com seu eixo longitudinal. O ápice
do coração estende-se até a inserção ventral do diafragma. O coração fica entre
a as costelas Ili e VII, 4/7 à esquerda e 3/7 à direita da linha mediana.
3 a) A SUPERFÍCIE oo CORAÇÃO é caracterizada por uma base, onde os grandes va­
sos se unem ao órgão, e wn ápice (7) com seu músculo arranjado como um
vórtice. Os ápices das aurículas (2, -aurícula direita; 4, -aurícula esquerda)
dos átrios direito e esquerdo, respectivamente, indicam a superfície auricular
(8). A superfície oposta, onde as aurículas não estão presentes, recebe o nome
de superfície atrial (12). Externamente, o lado esquerdo ou arterial do cora­
ção é diferenciado do lado direito ou venoso por sua grande extensão, com o
ventrículo esquerdo sozinho formando o ápice. Afora isso, o lado esquerdo ou
arterial possuí uma parede ventricular mais compacta e mais espessa. As mar­
gens ventriculares direita (3) e esquerda (5) ficam entre as duas superfícies
cardíacas na região dos respectivos ventrículos do coraç.ão. Entre os ápices das
duas aurículas, encontra-se o trato de saída curvo do ventrículo direito, o cone
4 arterioso (9), que impulsiona o sangue desse ventriculo para o tronco pulmo­
nar. No nível da linha de rebatimento do pericárdio, o ligamento arterioso (1)
segue entre a aorta e o tronco pulmonar; esse ligamento constituí o resquício
do duelo arterioso embrionário. O sulco interventrkular paraconal (6) fica
ao lado do cone arterioso e representa o limite entre os venlriculos externa­
mente. Esse sulco contém o ramo interventricular paraconal ou "ramo longo"
da artéria coronária esquerda e sua veia satélite. O sulco interventricular sub­
sinuoso ( 11) indistinto situa-se do lado oposto, correndo ventral mente desde a
origem do seio coronário (na área de desembocadura das veias cardíacas mag­
na e média) rumo ao ápice do coraç.io. O sulco coronário (10), que contém os
"ramos circulares" das artérias coronárias, corresponde ao limite externamente
identificável entre os átrios e os ventriculos.
5 b) A PAREDE oo CORAÇÃO consiste no endocárdio muito fino, no miocárdio resis­
tente e no epicárdio também muito fino. O endocárdio (k) reveste a superfície
interna e continua como o revestimento interno dos grandes vasos sanguíneos
6 que levam ao coração ou conduzem sangue a partir desse órgão. O miocárdio
(j) é subdividido em miocárdio "funcional" (contrátil) e míoc.-dio "condutor
de estímulo". O miocárdio contrátil supera de longe o miocárdio condutor de
estímulo, pois sua espessura está adaptada às diferenças locais de pressão. Esse
míoc.-dio contrátil consiste em células musculares cardíacas estriadas unidas
de ponta a ponta, formando uma rede de ângulo agudo. As células musculares
cardíacas estão arranjadas em três camadas (externa, média e interna), que se
mesclam na forma de espiral na ponta do coração. Na área do cone arterioso,
existem feixes de células musculares em arranjo circular. A musculatura dos
átrios e dos ventrículos não é contínua, mas, partindo da direção correspon­
dente (a musculatura atríal da direção dorsal e a ventricular da ventral), se
insere no esqueleto do coração (ver p. 46). As células miocárdícas do sistema
condutor interno possuem apenas muito poucas miofibrilas e, como resulta­
do de sua especialização para conduzir impulsos, perderam sua capacidade
7 contrátil. O epicárdio (i) é tuna c.1mada serosa que repousa sobre o coração e
corresponde à lâmina visceral do pericárdio seroso.
8
44
c) As RELAções INTERNAS DO CORAÇÃO são descritas de acordo com a direção do
fllLxo sanguíneo. Dentro do átrio direito (A), há uma região de parede lisa, o
seio das veias cavas (ou seio venoso) (a), onde as veias cavas cranial e caudal
desembocam. Isso não é nitidamente separado da própria região alríal com seu
alívio interno reticulado sulcado. As veias do coração desembocam em posição
ventral à abertura da veia cava caudal no seio coronário (b) (v. cardíac.1 magna
e v. cardíaca média), o que representa wna evaginação tubular do átrio direito.
As veias cardíacas direitas (d) e as veias cardíacas mínimas estão localizadas
no átiio direito, entre os músculos pectíneos (c), que se projetam em direç.io
ao lume atríal como um pente. Um número menor de veias cardíacas mínimas
aparece no átrio esquerdo, bem como nos ventrículos direito e esquerdo. Na
entrada do ventrículo direito (B), as três cúspídes da valva atrioventricular
direita (e) ficam ancoradas ao anel fibroso do esqueleto cardíaco. A partir da
cúspíde parietal (e',), as cordas tendíneas se estendem principalmente até o
grande músculo papilar (m. papilar magno, -e",), da cúspide septal (e',)
especialmente até os músculos papilares pequenos (-e",), pouco notáveis,
e da cúspíde angular (e',) indistinta situada no ângulo entre as outras duas
cúspídes, sobretudo até o músculo papilar subarterial (e",) que fica ventral ao
tronco pulmonar arterial. A valva do tronco pulmonar (f) é caracterizada pela 9
presença de três cúspídes que, correspondendo às suas posições relativas aos
lados direito e esquerdo do coração, recebem o nome de válvulas semilunares
direita (f,), esquerda (f,) e íntermediária (f,).
Na região atríal entre as duas metades do coração, há o septo interatrial (g).
Se o septo for mantido contra uma fonte de luz, poderá ser discernida a fossa
oval (h) translúcida. Pela ausência de epícárdío e miocárdio nesse local, a fossa 10
oval consiste apenas em duplicatura do endocárdio. O sangue fluí para os dois
ventrículos através de óstio atríoventricular (1) direito e esquerdo, respecti­
vamente. Os dois ventrículos são separados completamente um do outro por
um septo interventricular (m) espesso. Em ambos os ventrículos, trabéculas 11
septomarginais (n) semelhantes a tendão (musculatura de condução cardíaca)
se estendem desde o septo até a região marginal, em particular aos músculos
papílares. As trabéculas cárneas (o), particularmente notáveis na região do
ápice de ambos os ventrículos, se projetam no lume ventricular como trabécu-
las carnosas. As cordas tendineas (p) são filamentos tendíneos que unem c.1da
cúspíde das valvas atríoventrículares a cada par de músculos papilares.
Cinco a oito orifícios das veias pulmonares (q) estão presentes no átrio es­
querdo (C). Em sua entrada, o ventrículo esquerdo (D) possui a valva atrio­
ventricular esquerda (r), cuja cúspide parietal (r',) está ligada por cordas 12
tendíneas principalmente ao músculo papilar subauricular (r",) e com sua
cúspide septal (r',) sobretudo ao músculo papilar subatrial (r",). A via de
ejeção do sangue para a válvula da aorta (s) fica entre a cúspíde septal e o septo 13
ventricular. As válvulas em formato de meia-lua da válvula da aorta são indi­
cadas de acordo com suas posições com referência aos lados direito e esquerdo
do coração e ao septo ventricular. Tais válvulas recebem o nome de válvulas
semilunares direita (s,), esquerda (s,) e septal (s,).
Legenda (ver figuras na página seguinte)
A Atrio dreito
a SeiO das veias cavas
(Seio vGnoso)
b Seio coronário
e Músculos pectineos
d Velas cardlacas direitas
B Ventriculo direito
e Valva tricUspide
{valva atrioventriculat direita}
o'
1
CUSpide parietal
o', Cúspide septal
e', CU:Spide angular
e", MUsculo papilar grande
e"
1
Músculos p.:IJ)llares pequenos
e", Músculo papilar subarterlal
f Va!va do tronco pulnonar
f
1
Vâlvula $8mil!Jl3r direita
(
1
Válvula semlt~r esQuerda
t, Vâlvule semill#lar intennediária
g Septo int&t'atr'ial
h Fossa oval
Epicârdio
Miocárdio
k Endocárdio
óst io ai rioventricl&I
m Septo inteirventricular
e Âtrio esquerdo
q OrifieiOS daS veias
puh'lônaros
D Ventrlculo esquetdo
r Valva mitral (valva
atrioventricular esquerda)
r', Cúspide pa(létal
t', Cúspíde septal
n TrabêclAas septomarginais r•
1
MUSculo papilarsubauriCtJlar
o Trabéc!Aas cárneas
p Cordas tendineas
,.. t MúsculO papila, subatrial
s Vâlvula da aorta
s, Vâlvula s.emiunar direita
s, Válvula semlunar esquerda.
s, Válvula semlunar septal

Ventrículo direito
(superfície auricular)
Aurícula esquerda
----5 Margem ventricular esquerda
------6 Sulco interventricular paraconal
3 Margem ventricular direita -----
Legenda:
13 V. cava cranial
14 Aorta
15 Tronco braquiocefálico
16 A. subclávia esquerda
17 Aa. intercostais
18 Tronco pulmonar
19 A. pulmonar direita
20 A. pulmonar esquerda
21 V. cardíaca magna
22 A. coronária direita
---------7 Ápice do coração
23 A. coronária esquerda
24 Ramo interventricular paraconal
25 Ramo circunflexo
26 Ramo interventricular subsinuoso
27 V. cardíaca média
28 V. cava caudal
29 Vv. pulmonares
Base do coração Átrio e ventrículo esquerdos
-------------------------8 Superfície auricular
1
1
1
Cone arterioso
-1 O Sulco coronário
-------11 Suleo interventricular subsínuoso
1 ------------------12 Superfície atrial (ver p. 47)
45

5. Coração, vasos coronários, valvas cardíacas, sistema de condução cardíaca
a) Os VASOS oo CORAÇÃO são as artérias coronárias e as veias cardíacas. As arté­
rias são denominadas artérias coronárias porque seus principais ramos correm
no sulco coronário. Essas artérias são subepicárdicas e circundadas por teci­
do adiposo. As artérias coronárias esquerda e direita se originam da primeira
parte da aorta, opostas às cúspides semilunares esquerda e direita. As artérias
coronárias podem não só revelar variações com respeito ao seu trajeto e à área
do coração irrigada, mas também, no diagnóstico de distúrbios vasculares san­
guíneos, contribuir com perturbações.
1 I. As duas artérias coronárias conduzem cerca de 10% do volume sanguíneo
sistólico ao músculo cardíaco. A artéria coronária esquerda (5, -ver também
p. 45} deixa a primeira parte da aorta e, cruzando ventral mente à aurícula es­
querda, divide-se em dois ramos principais: o primeiro ramo principal, o ramo
interventricular paraconal (7), segue no sulco longitudinal de mesmo nome,
onde emite vasos colaterais proximal e distal para a parede ventricular esquer­
da. O segundo ramo principal, o ramo circunflexo (6), depois de passar em
posição ventral à aurícula esquerda, corre no sulco coronário entre o ventrícu­
lo e o átrio esquerdos até o sulco interventricular subsinuoso, onde em grande
parte dos casos continua como o ramo interventricular subsinuoso (8).
46
A artéria coronária direita (2, -ver também p. 45) origina-se da aorta entre
a origem do tronco pulmonar e a aurícula direita. Com seu ramo circunflexo
(3), depois de passar em posição ventral à aurícula direita, a artéria coronária
direita segue na semicircunferência direita do sulco coronário.
Il. As veias cardíacas são subdivididas em uma veia calibrosa e uma veia de mé­
dio calibre, além de veias pequenas (direitas) e mínimas. A veia cardíaca magna
(1, v. magna do coração; também conhecida como grande veia coronária) se­
gue seu trajeto, em princípio, no sulco interventricular paraconal e, depois disso,
no sulco coronário com o ramo circunflexo da artéria coronária esquerda. Essa
veia prossegue, sem alterar sua direção, no seio coronário do átrio direito. A veia
cardíaca média (v. médía do coração -9} acompanha o ramo interventricular
subsinuoso e desemboca no seio coronário. As veias cardíacas direitas peque­
nas (vv. cardíacas direitas -4) conduzem sangue da parede ventricular direita
diretamente para o átrio direito. As veias cardíacas mínimas (vv. mínimas do
coração) drenam o sangue do tecido subendocárdico diretamente para as quatro
câmaras internas do coração, sobretudo para os átrios.
b) O APARELHO VALVULAR consiste no esqueleto cardíaco e nas valvas cardíacas,
que são formadas como valvas atrioventriculares e válvulas semilunares. O es­
queleto cardíaco é formado por anéis fibrosos, que circundam as aberturas
entre o átrio e o ventrículo, bem como os oriJkios da aorta e do tronco pulmo­
nar. Nos locais, os anéis contêm cartilagem incrustada. Entre os orificios atrio­
ventriculares e a aorta, o esqueleto cardíaco é formado como uma cartilagem
do trígono direito e corno cartilagem septal. Além de servir como o local de
inserção do miocárdio, o esqueleto cardíaco funciona como a fixação das val­
vas cardíacas e, no aspecto eletrofisiológico, para separar a musculatura atrial
do músculo ventricular, para que a excitação atrial não passe difusamente para
os ventrículos. Uma abertura é deixada apenas para a passagem do feixe atrio­
ventricular do sistema de condução cardíaca.
Como as quatro valvas cardíacas estão quase em um único plano, fala-se de um
"plano valvular''. Externamente, o plano valvular é marcado pelo sulco coroná­
rio circular. O plano valvular muda sua posição durante a contração cardíaca.
Com a sístole ventricular (contração}, esse plano desloca-se em direção ao ápi­
ce do coração; durante a diástole (relaxamento) do músculo ventricular, no
entanto, esse plano retorna à sua posição original. Durante a sístole, o sangue
é ejetado e, pelo rebaixamento do plano valvular, o sangue é ao mesmo tempo
succionado do átrio e das grandes veias próximas ao coração (funciona como
uma bomba de pressão e sucção).
As valvas atrioventriculares (valva atrioventricular esquerda -15 e valva
atrioventricular direita -12), que fecham os óstios atrioventriculares, são
mantidas niveladas com o plano valvular pelas cordas tendíneas (13) e pelos
músculos papilares (14), de modo que as cúspides não são evertidas para o
átrio com a inversão do fluxo sanguíneo. Em vez disso, as margens livres dessas
cúspides entram em contato para o fechamento valvar completo. Os músculos
papilares não servem para abrir as valvas; dessa forma, as valvas são abertas
passivamente pelo fluxo sanguíneo do mesmo modo que a abertura de uma
porta por rajada de vento.
As válvulas semilunares (valva do tronco pulmonar e valva da aorta, ver
também p. 45) consistem em três cúspides individuais, cada uma com formato
de bolso. Essas válvulas funcionam estritamente de forma passiva. A margem
livre de cada cúspide, que se projeta para o lume do vaso, vibra com a direção
fisiológica da corrente sanguínea. Com a inversão do fltLxo sangwneo, a cúspi­
de é expandida pelo fluxo interno do sangue; as margens livres dessas válvulas
entram em contato entre si e fecham o orifício valvular.
c) 0 SISTEMA DE GERAÇÃO E CONDUÇÃO DO ESTÍMULO CARDÍACO capacita O coração a 2
ter uma ação cardíaca independente que, mesmo com a perda da consciência,
continua funcionando. Esse sistema consiste em células cardíacas modificadas,
o miocárdio do sistema de condução, que não é fácil de demonstrar na anato­
mia macroscópica. Esse sistema de condução não constitui um tecido nervoso,
mas é regulado pelo sistema nervoso autônomo, que acelera a geração do estí­
mulo (nervos simpáticos) ou a retarda (nervos parassimpáticos).
O nó sinoatrial (10), o marca-passo fisiológico, é o centro "superintendente''
gerador de estímulo e está locafüado na região do seio venoso, entre o orifício
da veia cava cranial e a aurícula direita. Os impulsos rítmicos formados nesse
nó sinoatrial atingem p1imeiramente as células miocárdicas atriais e, por fim,
o nó atrioventricular (11), onde a condução do estímulo é retardada. O feixe
(fascículo) atrioventricular (16), o feixe de His, atravessa uma abertura no
esqueleto cardíaco até chegar ao septo interventricular, onde se divide em dois
ramos (ramo direito do feixe -17 e ramo esquerdo do feixe -18). Os dois
ramos do feixe de His se estendem via subendocárdica no ventrículo corres­
pondente em direção ao ápice do coração. Algumas fibras adotam um trJjeto
encurtado, passando por meio das trabéculas septomarginais (19) até o mio­
cárdio comum e os músculos papilares da parede livre; com isso, essas fibras
desviam do ápice do coração. Ambos os ramos dividem-se em fibras mais finas
(ramos subendocárdios -antigamente denominados fibras de Purkinje), que
condu1.em impulsos para o miocárdio contrátil e os músculos papilares dos
ventrículos.
d) Os NERVOS CARDiAcos (ver p. 49} do sistema nervoso autõnomo modificam 3
o ritmo inerente do coração. As fibras simpáticas nos nervos cardíacos ori­
ginam-se do gânglio cervicotorácico (gânglio estrelado) e do gânglio cervical
médio. Com as fibras cardíacas parassimpáticas do nervo vago (X) ou de seu
ramo laríngeo recorrente, esses nervos cardíacos formam o plexo cardíaco. A
partir do plexo, os nervos seguem até o coração, principalmente para os vasos
sanguíneos, bem como para as células miocárdicas do sistema de condução
e o miocárdio contrátil. Além disso, esses nervos formam um plexo nervo-
so subendocárdico. As fibras simpáticas e parassimpáticas são antagônicas
em relação ao seu efeito sobre o coração. A estimulação simpática aumenta a
frequência das contrações cardíacas (efeito cronotrópico positivo), abrevia o
tempo de condução para a disseminação da excitação (efeito dromotrópico po­
sitivo) e incrementa a força de contração cardíaca (efeito inotrópico positivo}.
A estimulação parassimpática tem efeito crono, dromo e inotrópico negativo.
Os neurônios eferentes dos nervos cardíacos simpáticos são predominante­
mente pós-ganglionares; suas sinapses ocorrem, sobretudo, nos gânglios do
tronco simpático. Os neurônios parassimpáticos eferentes que se estendem até
o plexo cardíaco e o coração são neurônios pré-sinápticos. Suas sinapses ocor­
rem nos pequenos gânglios de localizaç.'io predominantemente subepicárdica
nas paredes atriais.
Fibras aferentes também passam com as fibras simpáticas e parassimpáticas. As
fibras aferentes que passam com as fibras simpáticas são fibras de dor, enquan­
to aquelas que passam com as fibras parassimpáticas conduzem receptores de
estiramento.
Células miocárdicas (modificadas) endócrinas estão presentes na parede dos
átrios. Tais células secretam a cardiodilatina (hormônio peptídeo natriurético),
que serve para regular a pressão arterial e o volume sanguíneo.

Artérias coronárias e veias do coração
Legenda:
20 V. cava cranial
21 Aorta
22 Tronco braquiocefálico
23 A. subclávia esquerda
(superfície auricular)
24 Tronco pulmonar
25 Aurícula do átrio direito
26 Aurícula do átrio esquerdo
27 Vv. pulmonares
Sistema de condução cardíaca
1 O Nó sinoatrial -------------
11
12 Tricúspide (valva ---------+-.r:--­
atrioventricular direita)
13 Cordas tendíneas --------+-¾:~+:....W
19-i=-t-=h
14 Mm. papilares ----------+,-i;....,,=,
28
28 V. cava caudal
29 Seio coronário
30 Átrio direito
31 Ventrículo direito
A. coronária esquerda
Ramo circunflexo
32 Válvula da aorta
33 Ventrículo esquerdo
Mitral (valva atrioventricular esquerda)
----17 Pilar direito
(ver p. 45)
47

48
6. Sistema nervoso autônomo
O sistema nervoso autônomo (vegetativo) é composto de uma parte simpá­
tica (sistema nervoso simpático) e outra parte parassimpática (sistema ner­
voso parassimpático). O sistema intramural (intestinal) é considerado uma
parte do sistema nervoso autônomo, sendo observado no trato gastrintesti­
nal, por exemplo, sob a forma de plexos nervosos submucosos, mioentéricos e
subserosos. O sistema nervoso autônomo (vegetativo) regula as funções inter­
nas do corpo de forma autônoma; ou seja, sem o controle da consciência. Por
exemplo, a musculatura lisa de glândulas, vasos e sistemas orgânicos, por meio
dos quais se executam as atividades metabólicas, o equilíbrio termo-hídrico.
bem como outras funções corporais diferentes. é regulada e coordenada (p. ex ..
sistemas circulatório e respiratório) sem o controle da consciência. O sistema
nervoso autônomo regula a autonomia do sistema de ger.1ção e conduç.'io do
estímulo cardíaco dentro do coração. Contrário ao sistema nervoso somático,
o sistema nervoso autônomo não é completamente autônomo, mas de forma
restrita. Esse sistema nervoso autônomo pode desempenhar seus papéis, que
são parcialmente essenciais à vida, por exemplo durante o sono, o estado de
inconsciência e o procedimento de anestesia geral. Existe urna autonomia limi­
tada também em relação aos centros vegetativos do cérebro (p. ex., do diencé­
falo) e aos sistemas de coordenaç,'io humoral (p. ex., da hipófise). Assim como
ocorre no sistema nervoso somático com seus aferentes sensoriais e eferentes
motores, há fibras aferentes (neurônios aferentes viscerais) associadas com o
siste111a nervoso autônoino; mas, hoje em dia, muitos consideram o siste1na
nervoso autônomo como um sistema eferente de fibras que passam do cérebro
e da medula espinal para o músculo liso, o miocárdio e as glândulas. As fibras
(aferentes) sensoriais viscerais não só conduzem a dor visceral e outras moda­
lidades de dor, mas também regulam a graduação e a modificação de estímu­
los periféricos. Os corpos celulares de neurônios viscerais aferentes do sistema
nervoso simpático estão localizados nos gânglios espinais, mas suas fibras ner­
vosas correm dentro da raiz dorsal dos nervos espinais até a medula espinal. Na
parte simpática, é apenas na raiz dorsal que as fibras aferentes viscerais estão
separadas das fibras nervosas eferentes autônomas. Na parte simpática, a via
eferente deixa a medula espinal pela raiz ventral de um nervo espinal e consiste
em dois neurônios que fazem sinapse em sequência. O primeiro neurônio tem
seu corpo celular na medula espinal, com seu axônio passando na raiz ventral;
já o segundo neurônio possui seu corpo celular em algum gânglio periférico, e
seu axônio alcança o órgão inervado.
As principais partes do sistema autônomo, a parte simpática e a parassimpá­
tica, diferem entre si em termos de topografia e hístoquimicamente por suas
substâncias transmissoras. Como substância transmissora (neurotransmissor),
na parte parassimpática, a acetílcolína é liberada nas extremidades das fibras
parassimpátícas pré e pós-sinápticas. Na parte simpática, a acetílcolina é libe­
rada pelas fibras nervosas pré-sinápticas, mas a liberação de norepínefrina pe­
las fibras pós-sinápticas é predominante. Do ponto de vista funcional, as partes
simpática e parassimpática são predominantemente antagônicas. Os músculos
eretores do pelo e a musculatura lisa dos vasos da pele são exclusivamente iner­
vados pela parte simpática. A parte simpática é funcionalmente ativa, aumen­
tando a utilização de energia, a pressão arterial e a frequência cardíaca, além de
desempenhar outras funções. A parte parassimpática favorece a recuperação e
a manutenção do corpo. acumulando reservas de energia pela ativação do sis­
tema digestório. O sistema nervoso autônomo forma plexos nervosos. Os ple­
xos contêm gânglios do mesmo nome e diferem significativamente daqueles do
sistema nervoso somático (plexo braquial e lombossacral). Os gânglios contêm
pericáríos (corpos de células nervosas) e, nesse local, ocorre sinapse entre as
fibras nervosas pré-ganglionar míelinízada e pós-ganglionar não mieliní1.ada.
O sistema (gastríntestínal) íntramural consiste em fibras e células nervosas. Uma
parte das células nervosas é responsável pela formação de sinapse entre o neurô•
nio central e o periférico da parte parassímpática. Outras células nervosas per­
tencem aos arcos reflexos intramurais curtos que regulam a atividade glandular e
a atividade motora dos intestinos por transmissores neuropeptídeos.
a) O sistema nervoso simpático com seus troncos simpáticos pareados se es­
tende do limite cabeça-pescoço até a cauda. Caudalmente à entrada torácica, o
tronco simpático é mais ou menos segmentado por seus gânglios (gânglios do
tronco simpático -10) com seus ramos comunicantes. Por ramos intergan­
glionares (11) longitudinais, forma-se uma cadeia de gânglios que fica em po­
sição ventrolateral nos corpos vertebrais. Por essa raz,'io, os gânglios também
são chamados de gânglios paravertebrais. Os pericáríos originais encontram-se
dentro do corno lateral da parte toracolombar da medula espinal. Suas fibras
nervosas míelinizadas centrais deixam o nervo espinal nos ramos comunican­
tes brancos e, como fibras eferentes, chegam aos gânglios do tronco simpático.
Dentro desses gânglios, uma parte dessas fibras nervosas fará sinapse. A partir
dos gânglios, fibras nervosas periféricas não mielinízadas passam nos ramos
comwlicantes cinzentos para os nervos espinais somáticos (mais detalhes, ver
p. 60). Com frequência, fibras nervosas não mielinizadas e mielinízadas são
encontradas conjuntamente em ramos comunicantes mistos. O tronco nervo­
so simpático cervical é diferente das outras partes do tronco, pois fica a urna
distância distinta da coluna vertebral, unido à parte cervical do nervo vago
para formar o tronco vagossimpático. Além disso, em seus três gânglios (gân­
glios cervicais cranial, médio e caudal), esse tronco nervoso simpático cervical
não recebe contribuições provenientes da medula espinal. Dessa forma, não há
uma subdivisão segmentar.
Os três primeiros gânglios paravertebrais do tronco nervoso simpático torá­
cico, jtmtamente com o gânglio cervical caudal, formam o gânglio cervicoto-2
rácico (estrelado) (5). A partir deste gânglio, são emitidos os dois ramos da
alça subclávia (6). Depois de abarcar a artéria subclávia esquerda ou respectiva
direita, ambos os ramos reúnem-se no pequeno gânglio cervical médio (4). A
partir desse local, as fibras simpáticas dentro do tronco vagossímpático con­
duzem impulsos que, por meio do gânglio cervical cranial (k), seguem para
a cabeç,1 (ver p. 102). A partir do gânglio cervicotorácico. são enlitidos os se­
guintes grupos de ramos: primeiro, ramos nervosos não mielinízados seguem
para as vísceras torácicas e são nomeados de acordo com a víscera inervada
(p. ex., nervos cardíacos -7). Esses ramos também recebem contribuições
da alça subclávia e do gânglio cervical médio. Os nervos simpáticos dos ór­
gãos torácicos mesclam-se com as fibras parassimpáticas do vago e, com essas,
formam plexos mistos para as vísceras torácicas (plexos cardíaco, esofágico e
pulmonar). Em segundo lugar, o nervo vertebral (2), com a artéria e a veia
vertebrais acompanhantes, atinge o canal transverso da coluna vertebral cer­
vical e, nesse local, emite suas fibras simpáticas para os nervos cervicais. Em
terceiro lugar, ramos comunicantes cinzentos (3) mais delgados dirigem-se
ao plexo braquial e aos quatro primeiros nervos íntercostais, fornecendo fibras
simpáticas a eles.
A partir do tronco nervoso simpático torácico, antes de sua transição para o
tronco simpático lombar, no nível da vértebra torácica X à XIII, é enlitido o
robusto nervo esplâncnico maior (13}. Esse nervo segue sobre o arco lorn­
bossacral do diafragma para a cavidade abdominal até o plexo (celiacomesen­
térico) solar (ver p. 60). Após o nervo esplâncnico maior ser emitido, o tronco
simpático torácico fica muito fino e prossegue para o tronco nervoso simpático
lombar, onde aumenta em espessura (ver p. 61).
b) A parte parassimpática (sistema nervoso parassimpático) é composta de
parte cranial (cerebral) e outra parte caudal (sacra!). Dos pares de nervos cra­
nianos III, VII, IX e X, que conduzem fibras parassimpáticas. o nervo vago
(X -8) segue para as cavidades corporais. Na região cervical, esse nervo se une
ao tronco simpático, formando o tronco vagossimpático. No nível do gânglio
cervical médio simpático. o nervo vago se separa do tronco simpático e acom­
panha a traqueia até a raíz do pulmão, onde emite ramos cardíaco e bron­
quial (9) aos plexos cardíaco e pulmonar. Caudalmente à raiz do pulmão, os
nervos vagos direito e esquerdo se dividem em ramos dorsal longo e ventral
curto que, dorsal e ventralmente ao esôfago, se unem para formar os troncos
vagais dorsal e ventral (12). Os troncos vagais acompanham o esôfago pelo 3
hiato esofágico e seguem para a cavidade abdominal, onde inervam as vísceras
abdominais até o cólon transverso, inclusive. Dentro da cavidade torácica, o
nervo vago emite o nervo laríngeo recorrente. O nervo laríngeo recorrente di­
reito forma alça em torno da artéria subclávia direita próximo à origem dessa
artéria, enquanto o nervo laríngeo recorrente esquerdo (1) contorna o arco
aórtico mediaimente na base do coração. Depois disso, os nervos de ambos
os lados retornam em posição ventral à artélia carótida comum e ao longo da
traqueia em direção à laringe. Cada nervo laríngeo recorrente emite ramos
traqueais e esofágícos, terminando como o nervo laríngeo caudal de seu lado.
Depois da origem do nervo laríngeo recorrente com seus ramos motores e sen­
soriais, o nervo vago contém, além de fibras sensoriais viscerais, fibras paras­
simpáticas exclusivamente. A sinapse de fibras parassímpáticas, entre as fibras
pré-ganglionar mielinízada e pós-ganglionar não mielinizada, ocorre próximo
ao órgão inervado, sobretudo nos gânglios íntramurais (para conhecer as vias
parassimpáticas provenientes da medula espinal sacra!, ver p. 60 e 70).
Legenda (ver segunda ilustração na página seguinte):
a Gânglio ciliar p Ramo a.drenai
b Gânglio pterigopalatino q Gânglio mesentérico cranial
c Glândula lacrimal r Plexo aórtico abdominal
d Gânglio mandibular e gânglio s Nn. esplâncnicos lombares
sublingual t Gânglio mesentérico caudal
e Glândula sublingual u N. hipogástrico
f Glândula mandibular V Nn. esplâncnicos sacrais
g Gânglio ótico w Nn. pélvicos
h Glândula zigomática X Plexo pélvico
Glândula parótida y Hiato esofágico
i Gânglio (nodoso) distal
k Gânglio cervical cranial
1 Tronco vagossimpático
m Ramo comunicante branco
n Gânglio celíaco
o N. esplâncnico menor

Artérias, veias e nervos cervicais e torácicos
(superfície esquerda)
Legenda:
14 Gânglios espinais
15 N. occip~al maior (C
1
dm)
16 Tronco vagossimpát1co
17 N. frênico
a V. jugular interna
b A. carótida comum direita e esquerda
c V. jugular externa direita e esquerda
d A. cervical superficial
e V. subclávia
f V. braquiocefálica
g A. subclávia direita
h A. subclávia esquerda
V. cava cranial
j A. cervical profunda
k Tronco e v. costocervicais
1 Tronco braquiocefálico
m Tronco pulmonar
n V. ázigos direita
o Aorta descendente
p Aa. pulmonares direita e esquerda
q Vv. pulmonares
r A. e v. broncoesofágicas
s V. cava caudal
t A. e v. torácicas internas
u Ramos mamários
v A., v. e n. intercostais
w A. e v. epigástricas craniais
x A. e v. epigástricas craniais superficiais
y Esôfago
t
u
Sistema nervoso autônomo (ver p. 41, 61J
Legenda:
C,, e. Segmentos cervicais
T,, T
6
, T,, Segmentos torácicos
L,, L, Segmentos lombares
S,, S
3
Segmentos sacrais
Ili N. oculomotor
VII N. facial
IX N. glossofaríngeo
X N. vago
Parte parassimpática: ---Fibra nervosa pré-ganglionar
---Fibra nervosa pós-ganglionar
Parte simpática: ---Fibra nervosa pré-ganglionar
---Fibra nervosa pós-ganglionar
-X
49

50
Capítulo 6: Cavidade abdominal
1. Topografia dos órgãos abdominais e relações do peritônio
Para evitar danos aos órgãos abdominais, a cavidade abdominal é aberta por uma secção paramediana desde o diafragma até o pécten do pú­
bis e por uma secção transversal no nível da última costela. Depois disso, a posição dos órgãos abdominais que não são cobertos pelo emento
maior deve ser estudada. Na sequência, começando caudalmente, o emento maior é rebatido e tracionado no sentido cranial sobre o estómago.
Agora, a maioria dos órgãos abdominais pode ser visualizada em sua posição normal.
a) O ABDOME é subdividido por limites naturais em regiões abdominais, que
podem ser projetadas na parede abdominal e são compostas pelos órgãos sub­
jacentes. A região abdominal cranial estende-se do diafragma até um plano
transversal que une os pontos mais caudais de ambos os arcos costais. A região
abdominal média encontra-se entre esse plano transversal cranial e um plano
transversal caudal que une os túberes direito e esquerdo da coxa. A região ab­
dominal caudal estende-se desse plano transversal caudal até a linha terminal
da entrada da pelve. A linha terminal inicia-se no promontório sacra! dorsal­
mente e estende-se pela linha arqueada lateralmente até o pécten do osso púbis
de modo ventral. Essas regiões ainda são subdivididas em sub-regiões.
I. Na região abdominal cranial, encontram-se o fígado (1), que cobre a vesí­
cula biliar (ver p. 59), a primeira parte do duodeno, a maior parte do pâncreas
(5) e o baço. Se o estômago não estiver muito repleto, todo o estômago (2)
estará no abdome cranial.
Projetados na região xifoide -separados pelo corpo adiposo pré-umbilical do
ligamento falei forme (10) -estão o lobo quadrado e partes dos lobos mediais
esquerdo e direito do fígado, bem como a curvatura maior do estômago e ave­
sícula biliar, que, coberta pelo fígado, fica à direita do plano mediano no nível
do 7• espaço i ntercostal.
Na região hipocôndrica esquerda, o lobo medial esquerdo do fígado (região
do 6" ao s• espaços intercostais), o lobo lateral esquerdo do fígado (região do
IO"espaço intercostal) e o baço (11) no nível do 11•e do 12•espaço intercostal
estão em contato com a parede corporal.
Na região hipocôndrica direita, o lobo medial direito do fígado (região do 6"
ao 8° espaços intercostais), o lobo lateral direito do fígado (região do So ao 90
espaços intercostais) e o processo caudado do fígado que alcança o polo cranial
do rim direito, o duodeno descendente (-3, -região do 11• ao 12• espaços
intercostais) e o lobo direito do pâncreas projetam-se na parede torácica.
II. Na região abdominal média, a massa intestinal, exceto seu começo e seu
término, as partes caudais do baço (11) e, na fêmea, o ovário (7), inclusive a
tuba uterina e os cornos do útero (8), estão em contato com a parede abdo­
minal.
Na região umbilical, as alças do jejuno (6) entram em contato com a parede
abdominal ventral.
Na região abdominal lateral esquerda, o rim esquerdo, dorsalmente, e, se­
guindo em direção caudal, o ovário esquerdo e partes do cólon descendente,
do jejuno e do ceco, bem como o cólon ascendente, estão projetados na parede
abdominal.
Na região abdominal lateral direita, encontram-se o polo caudal do rim di­
reito, o ovário direito, o duodeno descendente e partes do jejuno, bem como o
ceco e o cólon ascendente.
III. Na região abdominal caudal, encontram-se a bexiga urinária (9), a parte
inicial do reto e, na cadela, o corpo do útero; no cão, o final dos duetos defe­
rentes.
Na região púbica, a bexiga urinária é encontrada; em cães machos mais ido­
sos, a próstata está presente.
Alças do jejuno e partes do útero se projetam nas regiões inguinais direita e
esquerda.
b) Antes de realizar a distinção entre as cavidades abdominal e peritonial e o
espaço retroperitonial, o PER1rôN10 será considerado.
O peritônio é uma membrana serosa que consiste em um mesotélio superfi­
cial, uma camada de tecido conjuntivo, a lâmina própria da serosa, e uma tela
subserosa de tecido conjuntivo frouxo, que funciona como camada "deslizan­
te". Como peritônio parietal, a serosa reveste a cavidade peritonial e, como
peritônio visceral, cobre a superfície das vísceras abdominais. Os últimos ór­
gãos ficam suspensos por duplicação da serosa designada no caso do intestino
como mesentério, do estômago como mesogástrio dorsal e ventral ou omento,
e, em relação a outros órgãos que não o estômago e o intestino, como vários
ligamentos peritoniais, como mesovário no caso do ovário etc. A tela subserosa
pode conter tecido adiposo. Em condições nutricionais normais, apenas um
pouco de gordura está presente em associação com o peritônio parietal e vis­
ceral. Os mesentérios contêm predominantemente quantidades mais notáveis
de tecido adiposo na camada subserosa. No mesogástrio (ver p. 53), filamen­
tos de gordura subserosa circundam vasos sanguíneos e linfáticos com arranjo
semelhante à renda. Entre esses filamentos, nas malhas reticulares, o tecido
adiposo subseroso é escasso ou ausente. Em virtude dessa estrutura, partes do
mesogástrio ventral são designadas omento menor, enquanto o mesogástrio
dorsal alongado recebe o nome de omento maior. Nos locais onde os órgãos
abdominais se desenvolvem no mesogástrio ventral (fígado) ou no mesogás­
trio dorsal (pâncreas, baço), a estrutura reticular é deficiente na superfície do
órgão, havendo apenas uma pequena quantidade de tecido adiposo subseroso.
A extensão na qual os órgãos abdominais são revestidos pelo peritônio de­
pende de sua posição. De acordo com um ponto de vista, empregado, sobretudo,
pelos países europeus continentais, os órgãos abdominais são intraperitoniais
(dentro da cavidade peritonial), retroperitoniais (fora da cavidade peritonial,
mas recobertos em parte pelo peritônio) ou extraperitoniais (completamente
externos ao peritônio e sem parte coberta por essa serosa). Nesse ponto de vista,
no entanto, órgãos (como o intestino) que são recobertos pelo peritônio, exceto
na estreita linha de inserção do mesentério, são considerados como intraperito­
niais; ou seja, localizados dentro da cavidade peritonial. Ainda nesse ponto de
vista, um órgão como o fígado também é considerado como intraperitonial, pois
é recoberto pelo peritõnio, exceto na estreita linha de inserção dos ligamentos do
fígado. Em outro ponto de vista, empregado em muitos países do hemisfério oci­
dental, nenhum órgão abdominal é considerado como intraperitonial, ou seja,
localizado dentro da cavidade peritonial. Nesse ponto de vista, todos os órgãos
estão excluídos da cavidade peritonial por seu revestimento seroso. Nesse caso,
todos os órgãos abdominais s,'\o extraperitoniais (fora da cavidade peritonial)
e apenas um pouco de líquido seroso está situado dentro dessa cavidade. Em
ambos os pontos de vista, o termo retroperitonial descreve os órgãos da cavidade
abdominal que são recobertos pelo peritônio apenas em uma parte de sua su­
perfície. Os órgãos retroperitoniais apresentam uma considerável parte de sua
superfície não revestida pelo peritônio. Os rins são exemplo disso. A maioria
dos países do hemisfério ocidental também considera como retroperitoniais os
órgãos que se encontram totalmente caudais à cavidade peritonial; por exemplo,
a vagina caudal e o vestíbulo, a uretra pélvica etc. Nos países europeus contiJ1en­
tais, o termo extraperitonial fica restrito aos órgãos que estão suficientemente
bem afastados do peritônio a ponto de nenhuma parte estar coberta por ele; por
exemplo, a parte caudal do reto. No primeiro ponto de vista, os órgãos que se­
guem o eLxo longitudinal do corpo (p. ex., o reto) mudam da posiç.'io intraperi­
tonial para extraperitonial. No segundo ponto de vista, o reto e todos os outros
órgãos abdominais sempre são totalmente extraperitoniais.
c) A CAVIDADE ABDOMINAL compreende o espaço entre o diafragma e a entrada
da pelve, que se torna livre após a remoção de todos os órgãos abdominais,
inclusive do peritônio.
d) A CAVIDADE PERITONIAL consiste no espaço compreendido dentro do peritônio 1
parietal e, no primeiro ponto de vista, contém os órgãos de localização intra­
peritonial com seus mesentérios, omentos, ligamentos peritoniais etc. (trato
gastrintestinal, fígado, baço, pâncreas, ovário, tuba uterina e útero da cadela).
No oulro ponto de vista, discutido acima, a cavidade peritonial contém apenas
uma pequena quantidade de líquido seroso.
e) No cão, o omento maior alcança caudalmente, a partir de sua inserção na
curvatura maior do estõmago, o lin1ite da entrada da pelve. Ao fazer isso, o
omento maior situa-se entre os órgãos abdominais e a parede abdominal ven­
tral. Consequentemente, muitos ÕRGÃos ABDOMINAIS normalmente não entram
em contato com a parede abdominal ventral.
Os órgãos abdominais que não são cobertos pelo omento maior (4), mas sim
pelo peritônio visceral, estão em contato direto com a parede abdominal. Cra­
nial mente, esses órgãos correspondem a partes do fígado, inclusive à vesícula
biliar (ver p. 59} e, caudalmente, a partes do estômago. À esquerda, o baço
localiza-se superficialmente à massa intestinal. Na parte caudal, a bexiga uri­
nária projeta-se livremente no hipogástrio. No lado direito, o duodeno des­
cendente não é coberto pelo omento maior desde o nível do umbigo até o
fígado.
Os órgãos abdominais cobertos pelo omento maior ficam visíveis após a re­
moção deste último. A lâmina profunda do omento maior (véu omental-12)
difunde-se entre o hilo do baço e o mesocólon descendente, e podem ser ob­
servadas alças do intestino delgado em espiral (íejuno) com o pâncreas. As
exceções restringem-se à área de transição entre o duodeno e o jejuno, bem
como às partes iniciais do cólon, que, após deslocamento, também são visíveis.
Na cadela, é possível visualizar o ovário, envolto pela bolsa ováric.a, e os cornos
do útero; no cão, observa-se a parte terminal do dueto deferente.
f) O ESPAÇO RETROPERITONIAL ( ver também a discussão prévia sobre esse espaço
no item "b") localiza-se na parede abdominal dorsolateral entre o peritônio
parietal e os músculos sublombares. Tal espaço contém os rins, inclusive as
glândulas adrenais, bem como inúmeros nervos e vasos (sangtúneos e linfáti­
cos}, tais como a aorta e a veia cava caudal. Esse espaço retroperitonial pode
ser observado após remoção da parte do peritônio que cobre cada rim e, com
os rins, é removido das estrutu,JS subjacentes.

Cavidade abdominal e aparelho digestório
-----1 O Lig. falciforme
---Umbigo
~._ ---Lig. mediano da
bexiga urinária
(vista ventral)
--11 Baço
(ver p. 53, 55, 57, 59)
51

52
2. Cavidade peritonial, linfonodos do estômago e do intestino, cisterna do quilo e baço
a) A CAVIDADE PERITONIAL termina caudalmente dentro da cavidade pélvica com
três escavações (bolsas) do peritônio parietal (15), situadas uma sobre a outra.
A escavação retogenital (3) estende-se mais caudalmente e encontra-se dorsal­
mente aderida ao reto e ventralmente ao útero ou aos duetos deferentes. Entre
os órgãos genitais e a bexiga urinária, encontra-se a escavação vesicogenital
(5). A escavação pubovesical (2), localizada ventralmente, encontra-se entre
a bexiga urinária e o osso púbis. Essa escavação possui extensão caudal curta
e é subdividida pelo ligamento mediano da bexiga urinária (1). O processo
vaginal consiste em uma extensão do peritõnio externa à cavidade abdominal;
é semelhante ao dedo de uma luva, tem início no anel vaginal (7) e atravessa o
canal (espaço inguinal) e os anéis inguinais. Além disso, cranialmente, a cavi­
dade mediastú1ica serosa (43) separa-se durante a ontogénese em virtude do
desenvolvimento do diafragma. Essa cavidade estende-se no sentido cranial
dentro do medias tino até a base do coração.
b) O PER1TôN10 que une o peritônio parietal da parede abdominal ao peritônio
visceral que recobre o estômago e o intestino (ver também p. 156, 157) recebe
o nome de omento maior e menor (26, 27, 28; 20, 21, 22; -ver também a ilus­
tração) do estômago e mesentério dorsal comum do intestino.
I. O mesogástrio dorsal (17, omento maior ou epíplon) cobre, em grande par­
te, o trato intestinal ventral e lateralmente. O omento maior (26) é composto de
lâminas superficial e profunda. Cada lâmina consiste em lamela dupla de serosa.
O omento maior começa como folheto profundo ou parede visceral (lâmma
profunda, -28) conjuntamente com o mesocólon transverso na parede abdomi­
nal dorsal, situa-se ventrolateral à massa intestinal e se reflete na entrada da pel­
ve como folheto superficial ou parede parietal (lâmma superficial, -27). Esta
última está em contato com a parede abdominal ventral (Lâmina), estendendo-­
-se até a curvatura maior do estômago. Nesse local, ambas as lamelas serosas
se separam e recobrem a superfície do estômago como peritônio visceral (4).
Na curvatura menor do estômago, as lamelas se encontram novamente. Nesse
local, começa o mesogástrio ventral (omento menor). As lâminas superficial e
profunda do omento maior, em conjunto com a superfície visceral do estômago
e uma pequena parte da superfície visceral do fígado, formam a parede da bolsa
do omento, que atinge caudalmente a entrada da pelve em sua margem caudal,
o recesso caudal do omento (50). O lobo esquerdo do pâncreas se desenvolve
entre as duas lamelas da lâmina profunda; entre as lamelas da lâmina superfi­
cial, porém, desenvolve-se o baço. O foram e epiploico (foran1e o mental) ( 16)
localiza-se caudalmente ao figado, ventralmente à veia cava caudal edorsalmente
à veia porta.to orifício de acesso ao vestíbulo da bolsa do omento (19), que,
em conjunto com o recesso caudal do on1ento, forma toda a bolsa do omento.
O vestibt~o da bolsa do omento localiza-se entre a parede abdominal dorsal e o
omento menor e, na curvatura menor do estômago, tem acesso ao recesso caudal
da bolsa do omento (ádito ao recesso caudal). As partes nominadas específicas
do omento maior são o ligamento gastroesplênico ou gastrolienal (24) e o véu
omental do omento maior (véu omental, ver p. SI). O véu omental situa-se à
esquerda do corpo e corre entre a lâmina profunda do omento maior e o meso­
cólon descendente. Constitui a única parte do omento maior que não se une para
a formação e a delintitação da cavidade do recesso do omento.
II. O mesogástrio ventral inicia-se na curvatura menor do estômago e termina
no diafragma, especificamente na parede abdominal ventral entre o diafragma e
o umbigo. O figado se desenvolve no mesogástrio ventral. Pelo desenvolvimento
do fígado, o omento menor é subdividido em partes proximal (visceral) e distal
(parietal). A parte proximal corresponde ao omento menor (20), que consiste
nos ligamentos hepatogástrico (21) e hepatoduodenal (22). A parte distal do
mesogástrio ventral corresponde ao ligamento Calciforme (23), que corre entre
o fígado, o diafragma e a parede abdominal ventral. No feto, em sua margem
livre, o ligamento falciforme contém a veia umbilical. Após o nascimento, a veia
umbilical e grande parte do ligamento falciforme sofrem involução completa,
deixando apenas um resquício caudal de tecido adiposo no umbigo e uma pre­
ga curta ventral à veia cava caudal na face diafragmática do fígado. Os outros
ligamentos do figado (ligamentos triangular e coronário, ver p. 58) são pregas
peritoniais secundariamente desenvolvidas sem vasos significativos.
III. O mesentério dorsal comum (I0) estende-se desde o início do duodeno
até o reto e, em cada parte do intestino, é especificamente denominado como
Bolsa do omento
(recesso caud aQ
Baço
(vista lateral)
Fígado
mesoduodeno, mesojejuno, mesoíleo, mesoceco, mesocólon e mesorreto.
O alongamento do intestino com rotação simultânea durante a ontogênese pro­
voca torção dorsal do mesentério localizado cranialmente na origem da artéria
mesentérica cranial. Isso forma a raiz do mesentério (13). O mesocólon (9) do
cólon descendente e o mesorreto (6), que seguem no sentido caudal a partir da
área da raiz, estão linearmente fixados nas paredes abdontinal dorsal e pélvica.
Não existe o desenvolvimento de um mesentério ventral caudalmente à parte
cranial do duodeno.
c) Os uNFONODos do trato gastrintestinal localizam-se predominantemente no
mesentério e nos omentos das vísceras que correspondem a uma determinada
área de drenagem dos linfonodos correspondentes. Os linfonodos (portais)
hepáticos (18) localizam-se cranialmente ao pâncreas, em ambos os lados da
veia porta. Os linfonodos jejunais (12) situam-se em série no terço proximal
do mesojejuno, um atrás do outro. Os linfonodos individualmente podem ter
até 20 cm de comprimento. Os linfonodos lienais (esplênicos) encontram-se
agrupados em torno da veia e da ramificação da artéria esplênica. A presen­
ça de linfonodo gástrico não é constante. Quando presente, esse linfonodo é
encontrado próximo ao piloro na curvatura menor do estômago. Os linfono­
dos eólicos (14) situam-se próximos à inserção do mesocólon ascendente e
do mesocólon transverso do intestino. Os linfonodos mesentéricos caudais
(8) localizam-se na ramificação terminal da artéria mesentérica caudal. Os va­
sos eferentes que drenam os linfonodos mencionados anteriormente se unem,
sobretudo, para formar o tronco visceral que desemboca no nível dos rins na
cisterna do quilo.
d) A CISTERNA oo au1Lo (ver p. 61) situa-se dorsalmente sobre a aorta abdominal 2
no nível dos rins, entre os pilares do diafragma. Como principais tributários da
cisterna do quilo, o tronco lombar drena a linfa da pelve, incluindo toda a área
dos membros pélvicos, enquanto o tronco visceral drena a linfa proveniente dos
órgãos internos. A partir da cisterna, a linfa entra no dueto torácico, que, pas­
sando pelo hiato aórtico, continua no sentido cranial ao longo da aorta até chegar
ao ângulo venoso, mencionado previamente, na entrada do tórax (ver p. 41).
e) A posição do baço ( 11; ver ilustraç.'\o) depende do grau de repleção gástrica. 3
O baço e o estômago são frouxamente unidos pelo ligamento gastroesplênico.
Se o estômago estiver quase totalmente vazio, a extremidade ventral do baço
situa-se caudalmente ao arco costal esquerdo e poderá alcançar o lado direito
do corpo além dos limites da linha mediana. No hilo do baço (25), ambas as
lamelas serosas da lâmina superficial do omento maior são fixadas. A lamela
mais superficial recobre o baço como seu revestin1ento peritonial. Na superfí-
cie de corte do baço, as polpas esplênicas (branca e vermelha) mal podem ser
visualizadas a olho nu ou podem passar despercebidas. Essas polpas do baço
apresentam funções particularmente distintas. A polpa vermelha do baço
exerce sua principal função no sistema circulatório do sangue. Nessa polpa,
o sangue flui, em parte, para fora dos vasos sanguíneos (circulação aberta do
baço) e, também, para dentro dos seios venosos calibrosos de parede fina (cir­
culação fechada do baço). Na polpa vermelha, os eritrócitos envelhecidos são
retirados da circulação e o sangue é armazenado (função de armazenamento
do baço). As inúmeras células musculares lisas da cápsula e as trabéculas do
baço irradiadas podem comprimir o sangue como se o expulsasse de uma es­
ponja. Como o sangue proveniente da veia esplênica chega à veia porta, o baço
funciona como regulador da press,'\o sanguínea, especialmente da circttlação
portal (ver p. 57). A artéria esplênica (a. lienal), que se origina da artéria ce­
líaca, desprende vários ramos para o hilo do baço, cujo formato é alongado.
A polpa branca do baço (nódulos esplênicos e bainha linfática periarterial,
PALS) é basicamente funcional nos mecanismos de defesa imunológica do cor-
po e desempenha papéis semelhantes aos dos linfonodos (formação de lin­
fócitos e substâncias de defesa humoral; filtro para o sangue; recirculação de
linfócitos). Estes permanecem no sangue apenas por um curto período. Depois
de deixar a corrente sanguínea, os linfócitos seguem para os órgãos linfáticos,
como o baço. Vasos esplênicos, ver p. 57; nervos esplênicos oriundos dos ner­
vos vago e simpático, ver p. 49.
(face
parietal)
(face
visceral)

Mesentério e cavidade peritonial Q
(vista direita)
42
42
(ver p. 51)
Legenda:
29 Reto 44 Processo vagínal do peritônío
30 útero (esquerdo)
31 Fossa pararretal 45 Duodeno
32 Bexiga urinária 46 Prega ileocecal
33 Lig. lateral da bexiga 47 Ceco
urinária 48 Cólon
34 Lig. redondo do útero 49 Jejuno
(secção) 50 Bolsa do omento (recesso caudal do
35 Prega duodenocólíca omento)
36 Ovárío 51 Pâncreas
37 Rim direito 52 Lnn. pancreático-duodenais
38 Fígado 53 Estômago
39 Processo caudado 54 Curvatura maior
40 Vesícula bílíar
41 Díafragma a Aorta
42 Esôfago b V. cava caudal
43 Cavidade serosa do c V. porta
mediastino
53

3. Estômago e intestino delgado, pâncreas
a) O ESÔFAGO em sua parte torácica situa-se no mediastino e segue para a ca­
vidade abdominal através do hiato esofágico do diafragma. A parte abdomi­
nal (25) do esôfago, muito curta, entra no estômago imediatamente. Ambas
as partes (torácica e abdominal) possuem serosa externa e diferem por isso da
parte cervical, circundada por adventícia.
1 b) 0 ESTÔMAGO (VENTRÍCULO, GÁSTER, em grego -7) é a continuação do esôfago.
2 A função do estômago consiste no armazenamento transitório do alimento e
na regulação de seu transporte subsequente em pequenas porções para o in­
testino delgado. O ácido clorídrico do estômago tem ação desinfetante e serve
para ativar o pepsinogênio sintetizado pelas glândulas gástricas, que, sob a for­
ma de pepsina, inicia o processo de digestão. O estômago apresenta glândulas
em todas as suas partes e é classificado como do tipo simples unilocular em
3 comparação ao estômago dos outros mamíferos domésticos. Assim como a pa­
rede do intestino, a parede do estômago consiste em mucosa (túnica mucosa
com camadas epitelial, própria e muscular da mucosa), submucosa (tela subm11-
4 cosa) como camada de acomodação, além de túnica muscular e túnica serosa
externa. A posição e o formato do estômago variam consideravelmente de­
pendendo de seu estado de repleção. O estômago que se encontra quase vazio
localiza-se, com seu eixo longitudinal, em posição mais ou menos transversal
ao eixo longitudinal do corpo. O fundo do estômago entra em contato com o
diafragma. O estômago fica separado da parede abdominal ventral pelo fíga­
do e se localiza quase totalmente na parte da cavidade abdominal localizada
dentro do gradil costal. Com a repleção do estômago, o piloro projeta-se além
dos limites da região abdominal média no nível da terceira vértebra lombar. O
estômago, então, é encontrado com sua face parietal ampla na voltada para a
parede abdominal lateral e ventral.
5 A parte cárdica, com seu óstio cárdico (27) e o músculo esfíncter do cárdia
circunjacente, está relacionada à esquerda com a incisura cárdica (26) e a cur­
vatura maior do estômago (30), bem como com o fundo do estômago seme­
lhante a um saco cego (28). À direita, a parte cárdica está relacionada com a
curvatura menor (15) e passa além desta sem uma inserção nítida ao corpo do
estômago (29). O sulco do estômago (14) encontra-se na superfície interna
do corpo do estômago na região da curvatura menor, onde a incisura angular
(16) demarca o limite com a parte pilórica. O sulco é margeado em ambos os
lados por feixes musculares longitudinais capazes de fechá-lo até formar um
tubo. A parte pilórica consiste no antro pilórico (22), de lume amplo e parede
delgada, que, no nível de uma prega transversal interna, continua como uma
estrutura em forma de cone em direção ao canal pilórico ( 17), afunilado e
estreito. O piloro, que sucede o canal pilórico, possui quantidades crescentes de
feixes musculares em disposição circular semelhante a esfíncter e comunica-
s -se com o duodeno em seu óstio pilôrico (18). Em sua superfície interna, a
parede do estômago é protegida por camada de muco que impede a autodi­
gestão. A mucosa gástrica é organizada em pregas gástricas de um centímetro
de espessura que desaparecem progressivamente com a repleçâo do estômago.
As áreas gástricas superficiais são projeções semelhantes a montes com alguns
milímetros de diâmetro, mas separadas nas laterais por depressões que se asse­
melham a vales. Nas áreas gástricas, fovéolas gástricas podem ser observadas
simplesmente a olho nu. Nesse local, desembocam duetos secretores de várias
g.lândulas gástricas. A camada mucosa do estômago possui, em sua parte cár­
dica, a zona estreita de glândulas cárdicas anelares, no fundo e no corpo do
estômago, a zona das glândulas gástricas próprias, e, na parte pilórica, a região
das glândulas pilóricas, que, na área da curvatura menor, pode se estender até
o corpo do estômago. A túnica muscular também contém fibras de trajeto
oblíquo (fibras oblíquas), além da camada longitudinal externa que continua
no esôfago e no duodeno e da camada circular interna que é espessada para
formar o músculo esfíncter do cárdia (27) e o músculo esfíncter do piloro
(18). Essas fibras oblíquas s.'io particularmente notadas no fundo e também no
corpo do estômago. O mesogástrio dorsal recebe a túnica serosa a partir da
curvatura maior, e o ventral, a partir da curvatura menor do estômago.
7 I. A irrigação (ver p. 57) do estômago é conferida pelas arcadas vasculares
que caminham nas curvaturas (maior e menor) e originam inúmeros ramos
espiralados que se tornam retilíneos com a repleção progressiva do estômago.
O arco arterial na curvatura menor une as artérias gástricas direita e esquerda,
enquanto o arco arterial na curvatura maior do estômago é formado pelas arté­
rias gastroepiploicas direita e esquerda. Além disso, a artéria esplênica fornece
os ramos gástricos curtos à parte esquerda dors.11 da curvatura maior. As veias
gástricas drenam para a veia porta (ver p. 57).
54
II. A drenagem linfática segue para o linfonodo gástrico, cuja presença não é
constante. Quando presente, esse linfonodo localiza-se próximo à extremidade
pilórica da curvatura menor. A drenagem linfática também é realizada pelos
linfonodos esplênicos, pancreático-duodenais e hepáticos.
III. A inervação do estômago é feita pelo plexo gástrico do sistema nervoso
autônomo. Os componentes parassimpáticos chegam ao estômago por meio
dos troncos vagais dorsal e ventral em companhia do esôfago e seguem para o
plexo gástrico. Suprem as glândulas gástricas e a musculatura do estômago. Na
parede do estômago (mais especificamente nos plexos mioentérico e submuco­
so), ocorre sinapse com os segundos neurônios pós-ganglionares.
c) O PÂNCREAS (ver também p. 57) consiste em duas partes com funções muito s
distintas: a parte exócrina, predominante, e a parte endócrina, pequena. A su­
perfície do órgão é lobular e parcialmente nodular. A coloração depende do
conteúdo de sangue, variando de vermelha pálida a escura. O pâncreas tem
formato mais ou menos de gancho, com aproximadamente 25 cm de com­
primento como um todo em um cão de médio porte de 15 kg. O corpo do
pâncreas (2) localiza-se de modo adjacente à parte cranial do duodeno, mas
o lobo esquerdo do pâncreas (8) localiza-se à esquerda, em direção ao baço.
O lobo esquerdo também é chamado lobo esplênico ou ramo transversal. O
lobo direito do pâncreas (4) ou lobo duodenal encontra-se do lado direito
dentro do mesoduodeno descendente. A parte exócrina do pâncreas origina-se
embriologicamente de dois primórdios e, por conta disso, costuma haver dois
duetos excretores. O dueto pancreático (21) se une ao dueto colédoco {dueto
biliar comum, -19) ou se dirige à sua desembocadura na papila duodenal
maior (20) na área do corpo do pâncreas em tun trajeto paralelo ao dueto
colédoco. O dueto pancreático acessório (24) desemboca alguns centímetros
mais caudalmente na papila duodenal menor (23) na parte cranial do lobo
pancreático direito. Ambos os duetos comunicam-se dentro do pâncreas e, no
caso de obliteração da parte terminal do dueto pancreático, o que raramente
ocorre, apenas o orifício do dueto pancreático acessório na papila duodenal
menor permanece. Na abertura dos duetos pancreáticos excretores, o músculo
liso circular desses duetos é reforçado para formar um esfíncter que impede
o refluxo de suco pancreático (ativado) e a autodigestão do órgão. Dentro do
pâncreas, ocorre a formação de enzimas responsáveis pela clivagem de pro­
teínas, lipídios e carboidratos. Essas enzimas são, em parte, formadas como
precursores inativos ativados no intestino por enteroquinases. As ilhotas pan­
creáticas (ilhotas de Langerhans), puntiformes, atingem diâmetro de, no má­
ximo, 0,5 mm e formam, juntas, a parte endócrina do órgão, o que representa
mais ou menos de 1 a 2% do pâncreas. Como as ilhotas pancreáticas possuem
rede capilar densa, os hormônios (principalmente insulina e glucagon) produ­
zidos por essas ilhotas são drenados pelo sistema vascular sanguíneo.
I. A irrigação provém da artéria celíaca (ramos pancreáticos da artéria es­
plênica e da artéria pancreático-duodenal cranial) e também dos ramos pan­
creáticos da artéria pancreático-duodenal caudal, uma ramificação da artéria
mesentérica cranial. A drenagem venosa dirige-se para a veia porta.
II. A drenagem linfática segue para os linfonodos pancreático-duodenais,
localizados no início do duodeno. Além desses, a linfa chega aos linfonodos
hepáticos e jejunais.
III. A inervação parassimpática estimula a secreção do pâncreas exócrino,
sendo mantida por hormônios da parede do intestino. Os nervos simpáticos
atuam inibindo a secreção.
d) Os processos de digestão e absorção de nutrientes ocorrem no INTESTINO oeL-9
GAOO (ver também p. 57). Associada com essa função, a superfície intestinal
interna é consideravelmente ampliada por pregas circulares, vilosidades intes­
tinais, criptas da mucosa e microvilosidades de seus enterócitos. O intestino
delgado, que consiste em duodeno, jejuno e íleo, estende-se desde o piloro até
a abertura do íleo no intestino grosso, exibindo cerca de três vezes e meia o
comprimento do corpo.
I. O duodeno tem formato de gancho e circunda o pâncreas. Esse segmento do
intestino começa com a parte cranial (1), que ascende à direita e dorsalmente
até a v. porta no fígado e, depois disso, continua na flexura duodenal cranial
como a parte descendente. A parte descendente (3) alberga em sua face inter-10
na inicial a papila duodenal maior (ver acima). Em uma distância mais cau-
dal equivalente à largura de três dedos, encontra-se a papila duodenal menor.
A parte descendente continua na flexura caudal como a parte transversa (6),
a qual situa-se caudalmente à artéria mesentérica cranial e, depois de trajeto
transversal à esquerda cruzando a linha mediana, prossegue como a parte as­
cendente (5). Na flexura duodenojejunal (10), a parte ascendente continua
como jejuno. O limite localiza-se na margem cranial pouco evidente da prega
duodenocólka (li) onde o mesentério fica mais longo.
II. O jejuno (9) é, sem dúvida, a parte mais extensa do intestino delgado e está
suspenso por um mesojejuno longo que permite ampla distribuição das alças
do jejuno entre o estômago e a entrada da pelve.
IU. O curto Ueo (13) tem início na extremidade livre pouco pronunciada da
prega ileocecal (12). O local de término dos ramos arteriais e venosos ileais
antin1esentéricos indica mais nitidamente o limite com o jejuno. O íleo ter­
mina em trajeto rawavelmente retilíneo no óstio ileal e o músculo esfincter do
íleo circunjacente na junção com o cólon ascendente (ver p. 56).

Estômago, intestino e pâncreas
Legenda:
a Fígado
Omento maior:
b Lâmina superlicial (secção)
e Lâmina profunda (secção)
Estômago
(face visceral seccionada)
21
22 Antro pilórico ------
23 Papila duodenal menor -•
24 Dueto pancreático acessório -/
Legenda:
A Túnica mucosa e pregas
gástricas
-=--~ --------8 Lobo esquerdo do
pâncreas
-----9 Jejuno
~~--....,r->,.,,---~:---......;#-'-7--'\i------1 O Flexura duodenojejunal
------,1---"sc---------,:----r------11 Prega duodenocólica
d Lig. falciforme e g Baço
lig. redondo do fígado
e Lig. gastroesplênico
h V. mesentérica comum
A. mesentérica cranial
Ceco f Véu omental
17
15
14 Sulco do estômago
1
1
16 lncisura angular
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
----------12 Pregaileocecal
----------13 Íleo
k Cólon ascendente
1 Cólon transverso
m Cólon descendente
n Ovário
o Corno do útero
p Corpo do útero
q Bexiga urinária
r Lig. mediano da bexiga
urinária
Esôfago:
J>i,H-,,f+------------25 Parte abdominal
--27 Óstio cárdico e m.
esfíncter do cárdía
li--'ri----¼i:-r--28 Fundo do estômago
semelhante a saco
cego
-----30 Curvatura maior
(ver p. 51, 57)
Túnica muscular:
B Fibras oblíquas externas
C Estrato longitudinal
D Estrato circular
E Fibras oblíquas internas
F Túnica serosa
55

4. Intestino grosso, vasos sanguíneos do estômago e do intestino
a) f!. no INTESTINO GRosso que ocorre a reabsorção de água, bem como de ele­
trólitos dissolvidos com os sucos digestivos. Na superfície luminal do intestino
grosso, as vilosidades estão ausentes e a criptas são particularmente profun­
das. A mucosa é dotada de pregas longitudinais que desaparecem em casos de
impactaçâo intestinal ou quando existe aumento de 2 a 3 vezes do diâmetro
intestinal. O intestino grosso do cão é curto e constituído de maneira simples
em comparação a esse segmento do intestino em outros animais domésticos.
O intestino grosso é composto de ceco, cólon, reto e canal anal.
I. O ceco é espiralado como um saca-rolhas (H, ver também ilustração abaixo,
à esquerda), e consiste em ápice e corpo (este, por sua vez, encosta-se no có­
lon ascendente). O ceco locaLiza-se do lado direito dentro da concavidade em
formato de C do duodeno e pode ser considerado um divertículo do cólon.
Ambas as partes do intestino grosso estão em comunicação no óstio ceco­
cólico, encontrado ao lado do óstio ileal, que também desemboca no cólon
ascendente.
2 II. O cólon tem formato de gancho e começa do lado direito a partir do óstio ce­
cocólico com o cólon ascendente (1 -J) curto, que ascende até o nível da artéria
mesentérica cranial. Na fle.xura cólica direita, cranialmente à artéria mesentérica
cranial, o cólon transverso (J -K) continua seu trajeto até dar origem ao cólon
descendente (K -L) na f\exura cólica esquerda do lado esquerdo.
III. O reto (L -M) começa na entrada da pelve, aproximadamente na altura do
término (em formato de T) da artéria mesentérica caudal na artéria cólica es­
querda e a artéria retal cranial. Imediatamente cranial à sua continuação como
canal anal, o reto encontra-se dilatado como a ampola do reto.
3 IV. O canal anal (ver ilustração abaixo, à direita) consiste em três zonas, cada
uma delas situada caudalmente à outra: a zona colunar do reto começa na
linha anocutânea, onde termina o epitélio colunar simples da mucosa intes­
tinal, que contém glândulas intestinais. A zona colunar é caracterizada por
pregas colunares da mucosa anal. A mucosa é revestida por epitélio escamoso
estratificado e contém linfonodos solitários e glândulas anais. As colunas da
mucosa cobrem vasos sanguíneos de trajeto longitudinal e formam, com isso,
um corpo erétil que mantém o fechamento do ânus. A zona intermédia (tam­
bém chamada linha anocutânea) subsequente pode ser observada como uma
prega circular pouco pronunciada de 1 mm de largura na transição com a cútis
4 externa modificada. A zona cutânea terminal tem cerca de 4 cm de largura e
possui, em seu início, alguns pelos, que aumentam em número no sentido cau­
dal. Também há glândulas circum-anais hepatoides. Lateralmente entre o canal
5 anal e o músculo esfincter externo do ânus, encontram-se os seios paranais,
que se abrem lateralmente entre as zonas intermédia e cutânea.
O fechamento do ânus é reafüado principalmente pelos músculos esfíncteres
anais interno e externo. O músculo esfíncter interno do ânus corresponde à
expansão da camada muscular circular da túnica muscular do reto. O músculo
esfíncter externo do ânus estriado fecha o ânus e, ao fazer isso, comprime o
seio paranal, esvaziando-o.
Ceco e íleo
(vista ventral)
Cólon ascendente (secção)---
óstio cecocólico------
Ceoo---------
b) As ARTÉRIAS DO ESTÔMAGO E DO INTESTINO originam-se das artérias celíaca, me­
sentérica cranial e mesentérica caudal, que correspondem a ramos ventrais da
aorta abdominal.
A artéria celíaca (22) se divide em três ramos principais: A artéria gástrica
esquerda (17) emite o ramo esofágico e irriga a parte esquerda da curvatura
menor do estômago. A artéria esplênica (21, -a. lienal) desprende ramos
pancreáticos, ramos esplênicos ou lienais (18) e artérias gástricas curtas (16),
bem como a artéria gastroepiploica esquerda (20) para a parte ventral es­
querda da curvatura maior do estômago. A artéria hepática (5) segue para a
região porta hepática e, após o desprendimento da artéria gástrica direita (4)
para a parte da curvatura menor do estômago voltada ao piloro e dos ramos
hepáticos (1) para o fígado, continua como a artéria gastroduodenal (3). Esta
última se bifurca em artéria gastroepiploica direita (7) para a parte ventral
direita da curvatura maior e na artéria pancreático-duodenal cranial (6).
A artéria gastroepiploica direita se une por anastomose à artéria esquerda de
mesmo nome na curvatura maior, enquanto a artéria gástrica direita se anas­
tomosa à artéria esquerda de mesmo nome na curvatura menor do estômago.
Do mesmo modo, a artéria pancreático-duodenal cranial sofre anastomose no
duodeno com o vaso caudal de mesmo nome, que corresponde a um ramo da
artéria mesentérica cranial.
A artéria mesentérica cranial (23) dá origem à artéria ileocólica (27), a ar­
téria pancreático-duodenal caudal (11) frequentemente dupla, 12 -15 arté­
rias jejunais (29) e termina como a artéria ileal (14). A artéria ileocólica se
ramifica na artéria cólica média (24) para o cólon transverso, na artéria có­
lica direita (9) e no ramo cólico (10) para o cólon ascendente, e se divide em
artéria cecal (12) e ramo ileal mesentérico (13). A artéria cecal continua no
íleo como o ramo ileal antimesentérico (IS). Este se anastomosa com a artéria
ileal que forma um tronco comum com a última artéria jejunal.
A artéria mesentérica caudal (30) origina a artéria retal cranial (31) para o
reto e a artéria cólica esquerda (28), que se anastomosa à artéria cólica média
no cólon descendente.
c) A VEIA PORTA (-2, ver também p. 59) é formada por três tributárias princi-6
pais,* que se comportam como as artérias de mesmo nome que as acompa­
nham. Essas veias são: 1. a veia gastroduodenal (3), que, no nível do estômago,
desemboca na veia porta pelo lado direito, e 2. a veia esplênica (19), que passa
pela esquerda e desemboca na veia porta cerca de 4 cm caudalmente à veia
gastroduodenal. Pelo fato de receber a veia gástrica esquerda, a veia esplênica
também é denominada veia gastroesplênica (v. gastrolienn[). 3. A contribuição
mais efetiva à veia porta é dada pela veia mesentérica comum (8), que é for•
mada pela confluência da veia mesentérica cranial (26) e da veia mesentérica
caudal (25).
Sistema linfático do intestino (ver p. 52)
Inervação do intestino (ver p. 60)
Reto e canal anal
(vista dorsal)
----Ampola do reto
-M. esfíncter externo do ânus
-M. esfíncter interno do ânus
-Seio paranal
Canal anal:
---Zona colunar do ânus
---Zona intermédia
---Zona cutânea
56
itEm outro ponto de vista, a veia porta tem início na coníluência das veias mesentéricas cranial e caudal. mas recebe as veias gastroduodenal e esplênica como tributárias. Nesse caso. não
se forma uma "veia mesentéria'l comum':

Intestino
(vista ventral)
1 Ramos hepáticos -----
2 V.porta---------
3
4
5
6 A. e v. pancreático-
•duodenais craniais ----if,c.....;,.,...~
7 A. e v. gastroepiploicas
direitas-------+,.-,,,,...=c'!i!l'/:'i--:t';:"'r.'r~,_...,
8 V. mesentérica
comum -------4:,:---,,,,
11 A. e v. pancreático­
-duodenais caudais --W---"'-"'
13 Ramo mesentérico --
do íleo
15 Ramo antimesentérico do íleo-------
Legenda:
A __. B Parte cranial do duodeno
B __. C Duodeno descendente
C __. D Duodeno transverso
D __. E Duodeno ascendente
E__. F Jejuno
F__.Gheo
H Ceco
1 __. J Cólon ascendente
J __. K Cólon transverso
K __. L Cólon descendente
L .... MReto
(ver p. 51, 55, 59)
---16 A. e v. gástricas curtas
A. e v. gástricas esquerdas
Ramos esplênicos
---19 V. esplênica
A. e v. gastroepiploicas
esquerdas
A. esplêníca
A. celíaca
A. mesentérica cranial
-----24 A. e v. cólicas médias
V. mesentérica caudal
V. mesentérica cranial
A. e v. ileocólicas
-30 A. mesentérica caudal
-----31 A. e v. retais craniais
Legenda:
a Vesícula biliar
b Dueto cístico
c Duetos hepáticos
d Dueto colédoco
e V. cava caudal
1 Ramos esofágicos
g Papila duodenal maior
h Papila duodenal menor
Corpo do pâncreas
j Lobo direito do pâncreas
k Lobo esquerdo do pâncreas
1 A. ilíaca circunflexa profunda
m A. ilíaca externa
n A. ilíaca interna
o A. sacral mediana
57

5. Fígado e vesícula biliar
1 a) As funções do FiGAOO são inúmeras e se correlacionam com o tamanho no­
tável do órgão, que corresponde a cerca de 3,3% do peso corporal. Além das
funções metabólicas no metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras, o
fígado desempenha papéis significativos na inativação de hormônios e na de­
toxificação de substâncias estranhas, bem como de agentes terapêuticos (para
informações mais detalhadas, ver anatomia clínico-funcional e livros de bio•
química). No período pré-natal, o fígado, como o maior dos órgãos internos,
tem uma participação até mesmo maior no peso corporal total, pois, no feto,
há o importante papel de formação das células sanguíneas.
58
O fígado situa-se predominantemente na caixa torácica. O lobo lateral direi­
to do fígado e o processo caudado do lobo caudado alcançam o rim direito
no nível da última costela. A margem lateral do fígado corre mais ou menos
paralelamente ao arco costal. Apenas a margem ventral do fígado ultrapassa
o gradil costal, repousando no ligamento falciforrne com seu tecido adiposo
abundante.
A superfície do fígado, com sua face diafragmática convexa lisa, está em con­
tato com o diafragma e molda-se ao formato da cúpula diafragmática. A face
visceral côncava do flgado está direcionada aos órgãos abdominais. Órgãos
como estômago, duodeno, cólon e rim direito provocam impressões sobre a
superfície elástica firme e plástica do fígado. Das margens do fígado, a margem
dorsal é romba e apresenta a impressão esofágica (16), ao passo que as outras
margens do órgão saudável são pontiagudas.
I. Os lobos do fígado do cão são bem delimitados por fissuras interlobares
profundas (13). Supõe-se que a notável lobação resultante se correlacione com
a dinâmica apresentada pela coluna vertebral.
A lobação do fígado é classificada do ponto de vista da anatomia compara­
tiva. A partir desse ponto de vista, o fígado é subdividido por duas linhas que
se estendem de sua margem dorsal até a ventral. A linha esquerda corre en­
tre o esôfago localizado dorsalmente e o ligamento redondo do fígado situado
ventralmente, que, no cão adulto, costuma estar ausente. A linha direita une a
veia cava caudal dorsalmente à vesícula biliar, localizada ventralmente. Entre
as duas linhas, o lobo quadrado ( 11) situa-se ventralmente ao espaço porta
hepático, enquanto o lobo caudado localiw-se dorsalmente. O lobo caudado
consiste no grande processo caudado (7), que se une ao rim direito pelo li­
gamento hepatorrenal, e no pequeno processo papilar projetado à esquerda
(15), localizado ventralrnente ao ornento menor. Lateralmente às linhas de co­
nexão estão os lobos direito e esquerdo, separados por fissuras intralobares em
lobo medial direito (2) e lobo lateral direito (6), bem como em lobo medial
esquerdo (12) e lobo lateral esquerdo (14).
A lobulação do fígado não é tão nítida quanto no porco; apesar disso, é fa.
cilmente identificada na superfície do órgão. Os lóbulos hepáticos têm de I a
1,5 mm de diâmetro e de 1,5 a 2 mm de altura. Os vasos sanguíneos aferentes,
ramos da veia porta e artéria hepática, circundam a periferia dos lóbulos e de­
limitam os cantos de um hexágono, um lóbulo hepático clássico. A veia central,
como o próprio nome diz, exibe posição central dentro do lóbulo. Essa veia
representa a primeira parte do sistema venoso hepático (veias hepáticas), que
drena o sangue proveniente do fígado (em outros princípios de classificação,
p. ex., consideram-se lóbulos venosos portais; ver livros de histologia).
II. Os ligamentos do fígado (ver também p. 59, abaixo) fixam o órgão predo­
minantemente ao diafragma, enquanto os ligamentos triangulares direito e
esquerdo fixam os lobos laterais direito e esquerdo. O ligamento coronário
que continua mediaimente a partir desses ligamentos triangulares fixa os lo­
bos mediais direito e esquerdo. O ligamento hepatorrenal (9) corre entre o
processo caudado e o rim direito, ao passo que o ligamento falciforme (10)
corresponde à parte distal do mesogástrio ventral. No feto, a veia umbilical
do fígado segue na margem livre do ligamento falciforme, desde o umbigo até
o flgado. No cão adulto, a veia umbilical regride, o ligamento redondo do
fígado não persiste, e o ligamento falciforme está presente apenas como uma
prega curta ventral à veia cava caudal à medida que deixa o fígado cranialmen­
te e uma prega muito maior repleta de tecido adiposo caudalmente no nível
do umbigo. A "área nua" do fígado corresponde à zona de adesão, onde esse
órgão se encontra unido ao diafragma por tecido conjuntivo; é desprovida de
peritônio e situa-se à direita e à esquerda da veia cava caudal conforme passa
pelo fígado. O omento menor é subdividido nos ligamentos hepatoduodenal e
hepatogástrico, que se originam das já mencionadas origens e convergem para
o espaço porta do fígado (porta hepática; ver p. 53). O dueto colédoco corre
na margem livre do ligamento hepatoduodenal e, ao lado dele, correm a veia
porta e a artéria hepática.
III. As estrutw·as a seguir entram e saem do fígado no espaço porta hepático:
veia porta (vaso sanguíneo funcional), artéria hepática (vaso sanguíneo nutrí­
cio), duetos hepáticos, ramos vagais e simpáticos, bem como vasos linfáticos,
que seguem para os linfonodos (portais) hepáticos.
A irrigação (ver página a seguir, figuras de baixo) do fígado provém de duas
fontes: em relação ao tamanho, a veia porta (18) com seus ramos constitui o 2
principal suprimento, fornecendo sangue venoso rico em nutrientes. A artéria
hepática (17), de pequeno calibre, provê sangue oxigenado para o fígado com
seus ramos. Depois de entrar no fígado, a veia porta se divide em ramos direito
e esquerdo, que suprem o órgão em profundidade. A artéria hepática se divide
do mesmo modo que a veia porta; ambas enviam seu sangue para dentro do ló­
bulo hepático através dos capilares hepáticos, que, como sinusoides hepáticos,
&'io particularmente permeáveis. O sangue venoso proveniente dos sinusoides
hepáticos chega ao centro do lóbulo hepático e à veia central, e, depois disso,
por meio de veias coletoras, até as veias hepáticas, que, na margem dorsal do
fígado, desembocam na veia cava caudal (19).
O princípio da circulação venosa portal pode ser explicado após a descrição da
irrigação do fígado: dentro da circulação portal, o sangue flui no leito venoso
através de sucessivos leitos capilares. Inicialmente, o sangue flui pelo primeiro
leito capilar na parede intestinal, sendo recolhido por fim nos tributários da
veia porta. Depois disso, esse sangue flui pelo segundo leito capilar nos lóbulos
hepáticos. A veia porta do fígado reúne o sangue proveniente do baço e de
órgãos do aparelho digestório. Esse sangue é conduzido a tais órgãos não pa•
reados por meio de artérias não pareadas: a1térias celíaca, mesentérica cranial
e mesentérica caudal.
A drenagem linfática do fígado dirige-se para os linfonodos (portais) hepá­
ticos (8), localizados próximo ao espaço porta hepático.
A inervação (sin1pática e parassimpática) é feita pelo plexo hepático, cujos
componentes entram no fígado pelo espaço porta hepático na companhia da
artéria hepática.
O trajeto da bile (ver ilustração) começa no compartimento intralobular do
fígado nos canalículos biliares, que, carecendo de suas próprias paredes, lo­
calizam-se entre as células hepáticas. No meio interlobular, a bile do fígado é
drenada primeiro por meio de duetos hepáticos menores e, por fim, por vários
duetos hepáticos (4) isolados. Fora do fígado, na abertura do último dueto
hepático, o dueto cístico (3) da vesícula biliar é sucedido pelo dueto colédoco
(5), que possui um músculo esfíncter (m. esfíncter do dueto colédoco). O due­
to colédoco desemboca na papila duodenal maior.
Dueto hepático e vesícula biliar
(face visceral)
(direita) (esquerda)
b) A vesicuLA BILIAR (1) armazena a bile quando esse líquido não flui direta-3
mente para o duodeno. Na vesícula biliar, a bile de cor dourada é primeiro
desidratada. Isso torna a bile mais espessa e muda sua cor para verde-escuro.
A vesícula biliar localiza-se entre o lobo medial direito do fígado e o lobo
quadrado. No cão adulto, o fundo da vesícula biliar estende-se até o diafrag­
ma. O corpo da vesícula biliar é sucedido por urna parte constrita conhecida
como o colo da vesícula biliar, o qual prossegue como o dueto cístico. A bile
pode atravessar o dueto cístico em diferentes direções: durante o processo de
digestão, segue para o duodeno; nos intervalos entre uma digestão e outra,
provém do fígado para armazenamento na vesícula biliar.

Fígado (face visceral)
3 Ductocístico-------------
4 Duetos hepáticos ----------
6 Lobo lateral direito ---------:-"".:-'
7 Processo caudado do lobo
caudado------------
8 Lnn. porta-hepáticos -------
Legenda:
20 Omento menor (secção) 25
21 Esôfago e troncos vagais 26
22 A. gastroduodenal 27
23 A. gástrica direita 28
24 A. gástrica esquerda 29
Face visceral
(v. porta e a. hepática)
{direita)
Legenda:
A Lig. triangular esquerdo
B Lig. triangular direito
e Lig. coronário do figado
A. esplênica
A. celiaca
A. mesentérica cranial
A. e v. renais
Impressão renal
V. porta:
a Ramo d ir eito
b Ramo esquerdo
e Parte umbilical
d Parte transversa
(ventraQ
"
{dorsal)
(esquerda)
-----15 Processo papilar do lobo caudado
Impressão esofágica
(ver p. 57, 61)
30 Rim direito 34 Parte costal do diafragma
31 Glândula adrenal 35 A. e v. abdominais craniais
32 Pilar esquerdo da parte e n. ilio-hipogástrico cranial
lombar do diafragma 36 N. ilio-hipogástrico caudal
33 Aorta 37 N. ilioinguinal
Face diafragmática
(vv. hepáticas)
A. hepática:
e Ramo lateral d~eito
f Ramo medial direito
g Ramo esquerdo
(direita)
Vv. hepáticas:
h V. hepática esquerda
v. hepática média
j V. hepática direita
k V. hepática acessória direita
59

60
6. Sistema nervoso autônomo, aorta abdominal, veia cava caudal, músculos
sublombares e plexo lombar
Os órgãos abdominais são deslocados para o lado direito a fim de demonstrar o tronco nervoso simpático lombar esquerdo e a aorta abdominal
com suas ramificações cal ibrosas em artérias intestinais. Para essa dissecção, o rim, com seu revestimento peritonial, é separado dos tecidos sub­
jacentes para permitir o acesso ao espaço retroperitonial, à aorta e ao tronco simpático lombar.
a) O TRONCO SIMPÁTICO LOMBAR localiza-se na região lombar, mediaimente, ao
lado cio músculo psoas menor. A partir dos três primeiros gânglios lombares,
são emitidos dois a três nervos finos; estes, por sua vez, formam os nervos es­
plâncnicos lombares. Na região sacra!, os troncos simpáticos direito e esquerdo,
inclusive os gânglios sacrais, unem-se para formar um único tronco nervoso
simpático sacral contendo um gânglio. A continuação caudal corresponde ao
tronco nervoso simpático coccígeo, único, que também contém um único gân­
glio. Em contraste com a primeira parte cio tronco simpático lombar, os últimos
gânglios lombares, sacrais e coccígeos não recebem ramos comunicantes bran­
cos segmentares; em vez disso, os nervos simpáticos estendem-se no sentido
longitudinal dentro do tronco nervoso simp,ítico lombar até o tronco nervoso
simpático sacra! a coccígeo. Predominantemente nos gânglios do tronco sim­
pático lombar ou apenas nos gânglios pré-vertebrais que seguem distalmente
(ver abaixo), ocorrem sinapses entre neurônios pré-ganglionares mielinizados e
pós-ganglionares não mielinizados. Em comparação ao sistema parassimpático,
a sinapse com os neurônios pós-ganglionares do sistema simpático é realizada
principalmente próximo ao sistema nervoso central. Após a sinapse dos neurô­
nios pré-ganglionares dentro dos gânglios do tronco nervoso simpático, os neu­
rônios pós-ganglionares não mielinizaclos novamente entram em contato com
os nervos espinais (somáticos) segmentares como ramos comunicantes cin-
1,entos e contribuem com fibras simpáticas para eles. Os ramos comunicantes
cinzento e branco podem adotar um trajeto próximo ao gânglio cio tronco sim­
pático, isoladamente ou em um tronco nervoso comum. O número menor de
neurônios pré-ganglionares mielinizados, que atravessam os gânglios cio tronco
nervoso simpático sem sinapse, corre nos nervos esplâncnicos lombares (13) e
nos nervos esplàncnicos sacrais, bem como pelo plexo aórtico (9) e pelo plexo
adrenal (4), até o plexo pré-vertebral e os gânglios pré-vertebrais contidos den­
tro dele. São gânglios pré-vertebrais: gânglio celíaco (1) e gânglio mesentérico
cranial (2) (que, com seus plexos associados, formam coletivamente o plexo ce­
liacomesentérico ), além cio gânglio mesentérico caudal (l 5). É nesses gânglios,
localizados na origem ela artéria de mesmo nome, que ocorre a sinapse com os
neurônios pós-ganglionares não mielinizados. Os neurônios pôs-ganglionares
formam plexos periarteriais na adventícia das artérias e atingem os órgãos inter­
nos com as ramificações elas artérias. Os nervos esplâncnicos lombares dirigem­
-se caudoventralmente a partir do tronco nervoso simpático lombar até chegar
ao gânglio mesentérico caudal. A partir desse gânglio mesentérico caudal, os
nervos simpáticos passam como nervos hipogástricos (25) até alcançar o plexo
pélvico dentro da cavidade pélvica (ver também p. 49).
b) o SISTEMA PARASSIMPÁTICO DA MEDULA ESPINAL envia seus nervos de forma retró­
grada para a cavidade abdominal até o cólon transverso. A inervação parassim­
pática dos órgãos situados cranialmente ao cólon transverso provém do nervo
vago, que, com seus troncos vagais dorsal e ventral, entra na cavidade abdomi­
nal, distribuindo ramos para a face diafragmática do estômago, para o fígado e
para o duodeno, e também emite ramos ao plexo celiacomesentérico (solar).
c) A AORTA ABDOMINAL (10) origina as artérias lombares pareadas dispostas seg­
mentannente a partir de sua face dorsal. Essas artérias seguem em companhia
das veias para a coluna vertebral lombar e os tecidos moles associados. A partir
da parede lateral da aorta, origina-se o tronco comum da artéria frênica caudal
e da artéria abdominal cranial, bem como as artérias renal, ovárica ou testicular,
e ilíaca circunflexa profunda. As veias de mesmo nome acompanham todas
essas artérias. A partir da parede ventral da aorta, originam-se as artérias não
pareadas celíaca, mesentérica cranial e mesentérica caudal. No trajeto inicial
para os órgãos internos, essas artérias não são acompanhadas por veias. A ar­
téria celíaca (l) origina-se in1ediatamente caudal ao hiato aórtico no nível da
vértebra torácica XIII. Um pouco caudal à artéria celíaca, a artéria mesentérica
cranial (2) é emitida no nível ela vértebra lombar 1. No nível da vértebra lombar
II, a artéria abdominal cranial (5) origina-se da aorta com a artéria frênica
caudal (não indicada na figura). A artéria renal (6) origina-se imediatamente
caudal, ainda no nível ela vértebra lombar li. A artéria ovárica (li) ou, respec-
Plexo lombar
(vista lateral)
Plexo sacral
tivamente, a artéria testicular, origina-se no nível da vértebra lombar III. A ar­
téria mesentérica caudal (15) deixa a aorta no nível da vértebra lombar IV, mas
pode ser facilmente observada pela aplicação de tensão sobre o mesentério do
intestino grosso no nível da junção entre o cólon e o reto. A artéria ilíaca cir­
cunflexa profunda (17) surge a uma pequena distância caudalmente à artéria
mesentérica caudal no nível da vértebra lombar IV, em ângulo reto com a aorta,
cranial mente à bifurcação da aorta nas artérias ilíacas externas (19) e artérias
ilíacas internas (2 l), o que se dá no nível da vértebra lombar V.
d) A VEIA CAVA CAUDAL (18) locali1A1-se à direita da aorta e recebe veias que são
satélites para todas as artérias mencionadas anteriormente; com exceção das
artérias celíaca, mesentérica cranial e mesentérica caudal, que, em sua origem,
não são acompanhadas por veias.
e) Os MÚSCULOS SUBLOMBARESexibem localização ventrolateral à coluna vertebral
lombar e sâo inervados por ramos ventrais dos nervos lombares. O músculo
quadrado lombar (12) surge nas três últimas vértebras torácicas e nos proces­
sos transversos das vértebras lombares, seguindo até sua área de inserção, que
se estende desde a espinha alar até a face auricular do ílio. O músculo psoas
maior (22} origina-se ela extremidade vertebral (cabeça da costela) das duas
últimas costelas e das vértebras lombares e, no nível ela pelve, une-se ao mús­
culo ilíaco para formar o músculo iliopsoas (ver p. 37). Este atravessa a lacuna
muscular para se inserir no trocanter menor do fêmur. O músculo ilíaco (24)
origina-se da face sacropélvica cio ílio e da face lateral cio tendão de inserção cio
músculo psoas menor. O músculo psoas menor (14) tem origem a partir das
três últimas vértebras torácicas e das quatro primeiras lombares, onde se loca­
liza ventralmente ao músculo psoas maior, e se insere no tubérculo do músculo
psoas menor cio ílio em forma de um tendão achatado.
f) O PLEXO LOMBAR do sistema nervoso somático (ver também ilustração) é for-2
macio a partir ele nLv 3 por ramos ventrais dos nervos lombares e está unido ao
plexo sacra 1, formando o plexo lombossacral. O plexo nervoso localiza-se den-
tro cios músculos sublombares, sendo observado apenas com a remoção desses
músculos (ver p. 71). O nervo ilio-hipogástrico cranial (nLvl, -3) e o nervo
ilio-hipogástrico caudal (nLv2, -7), que, como nervos segmentares, não são
derivados do plexo lombar, bem como o primeiro nervo do plexo (nervo ilio­
inguinal -nLv2 e 3, -8), surgem entre os músculos psoas menor e quadrado
lombar. Depois de trajeto subperitonial, esses nervos penetram no músculo
transverso do abdome a uma distância de aproximadamente 3 centímetros la­
teralmente ao músculo quadrado lombar, dividindo-se em ramos ventrolateral
(vi) e ventromedial (vm). Os ramos vi penetram nos músculos abdominais em
um trajeto oblíquo prolongado e inervam a cútis abdominal ventrolateral ( ver
p. 33). Os ramos vm inervam os músculos abdominais e o peritônio. Passam
ventralmente à face lateral do músculo transverso do abdome até o músculo
reto do abdome e, perto da linha alba, podem chegar à pele do abdome e à glân­
dula mamária. O nervo cutâneo femoral lateral (nLv 3 e 4, -16) surge entre
os músculos psoas maior e menor e, em conjunto com a artéria e a veia ilíaca
circunflexa profunda, corre lateralmente aos músculos transverso cio abdome e
oblíquo interno do abdome. Esse ramo inerva a pele na área da prega do flanco
(fossa paralombar). O nervo genitofemoral (nLv3 e 4, -20) origina-se medial­
mente ao tendão terminal cio músculo psoas menor. Esse nervo acompanha a
artéria ilíaca externa lateralmente, dividindo-se ventralmente nessa artéria em
ramo femoral delgado e ramo genital calibroso. O ramo femoral atravessa a la­
cuna vascular até chegar ao canal femoral. Já o ramo genital calibroso, depois de
ter atravessado o canal inguinal, inerva a pele cio escroto e cio prepúcio ou, res­
pectivamente, a pele cio par inguinal de glândulas mamárias. O nervo femoral
(nLv 4 e 5, -23) passa dentro cio músculo iliopsoas através da lacuna muscular
e, antes de entrar no músculo quaclríceps femoral, emite o nervo safeno longo.
O nervo obturador (nLv 4 -6, -26} passa lateralmente ao músculo iliopsoas,
atravessa o ilio mediaimente e, depois ele perfurar o músculo levantador cio
ânus, estende-se até o forame obturador para chegar aos músculos aclutores.

Cavidade abdominal e pelve Q
Gânglios celíacos e a. celíaca ---
2 Gânglios mesentéricos craniais
e a. mesentérica cranial -----
3 N. ilio-hipogástrico cranial ----
4 Plexo adrenal ---------
5 A. abdominal cranial ------
6 A. renal ------------
7 N. ilio-hipogástrico caudal ---
8 N. ilioinguinal ---------
9 Plexoaórtico---------
10 Aorta abdominal--------
11 A.ovárica-----------
12 M. quadrado lombar ------
13 Nn. esplâncnicos lombares ----+--
14 M. psoasmenor--------
15 Gânglios mesentéricos caudais
(direita)
e a. mesentérica caudal-----+-
16 N. cutâneo femoral lateral -----+--
17 A. ilíaca circunflexa profunda ----+--
18 V.cavacaudal ---------+--
19 A. ilíaca externa ---------
20 N. genitofemoral ----------
21 Aa. ilíacas internas --------
22 M. psoas maior (secção) -------
23 N. femoral--------------
24 M. ilíaco --------------
25 N. hipogástrico------------
26 N. obturador -------------
Legenda:
27 M. transverso do abdome
28 M. eretor da espinha (secção)
29 M. sacrocaudal (coccígeo) dorsal lateral
30 Face auricular do sacro
31 M. glúteo médio (secção)
32 M. glúteo superficial (secção)
33 M. piriforme
34 M. intertransversário (coccígeo)
dorsal caudal
35 M. coccígeo (secção)
36 Diafragma (pilar direito)
37 Ln. aórtico lombar
38 Glândula adrenal
39 Rim
40 Ureter
41 Cisterna do quilo
42 Ln. iliaco medial
43 Lnn. mesentéricos caudais
44 Lnn. sacrais
45 Lig. redondo da bexiga urinária
46 M. levantador do ânus (secção)
47 Mm. perineais
48 M. constritor do vestíbulo
49 M. constritor da vulva
50 Cólon descendente
51 Reto
52 Corno do útero
53 Corpo do útero
54 Vagina
55 Linha alba
56 Ln. iliotemoral
57 M. oblíquo interno do abdome
58 M. reto do abdome
59 Bexiga urinária
60 Sínfise pélvica
61 Tendão sinfisial
62 M. grácil
63 Seio paranal (secção)
64 Pilar do clitóris
(vista caudoventral)
(esquerda)
(ver p. 49, 63, 71)
a N. esplâncn ico maior
b Tronco simpático {lombar)
c Gânglios do tronco simpático
c' N. esplãncnico menor
d A. lombar
e V ilíaca comum
e' V ilíaca externa
e" V ilíaca interna
f A. e v. iliolombares
g Tronco lombossacral
h A., v. e n. glúteos craniais
A., v. e n. (coccígeos)
caudais laterais
j A., v. e n. glúteos caudais
k A. e v. perineais dorsais
1 Plexo pélvico
m N. isquiático
n A. e v. pudendas internas e
n. pudenda
o A. e v. perineais ventrais e
n. perineal superficial
p A. e v. uretrais
q A. e v. do clitóris e n. dorsal
do clitóris
r A. cólica esquerda
s A. retal cranial
t A. sacra! mediana
u A. e v. vaginais
V A. e v. uterinas
w A. e v. vesicais caudais
X A. e v. femorais profundas
y A. e v. pudendas externas
z A. e v. epigástricas caudais
61

Capítulo 7: Órgãos urinários e genitais, pelve
1. Órgãos urinários
Após a realização de ligadura dupla entre o cólon e o reto com preservação do gânglio mesentérico caudal, transecciona-se o intestino. A parte
cranial do corpo, inclusive o trato gastrintestinal juntamente com o fígado e o pâncreas, é removida. Para o estudo do rim, são realizadas secções
medianas, paramedianas, sagitais e transversais. Os linfonodos ilustrados (sacrais, -8; ilíacos mediais, -7; e aórticos lombares, -6) e as
glândulas adrenais (1) serão identificados em primeiro lugar. Eles serão descritos com mais detalhes na p. 68.
Dentre os órgãos urinários, estão descritos aqui os rins, o ureter e a bexiga
urinária. A uretra será descrita mais adiante, em conjunto com os órgãos ge­
nitais.
1 a) Os RINS apresentam localização retroperitonial dentro do espaço retroperi­
tonial (4). O rim esquerdo localiza-se ventral mente às três primeiras vértebras
lombares e o rim direito, meio comprimento de vértebra a mais no sentido
cranial. Classificado de acordo com os critérios da anatomia comparativa, o
rim canino pertence ao tipo liso unipapilar. Os lobos renais (23), que em al­
guns mamíferos marinhos (p. ex., focas) são separados um do outro e estão
unidos aos ramos renais do ureter como uvas em um cacho, revelam uma fu­
são das áreas corticais no cão, o que resulta em uma superfície lisa do rim.
A medula do rim (24) conserva um arranjo lobar identificável. A substân­
cia medular, em formato de pirâmide (pirâmide renal, -25), do lobo renal
consiste em uma base da pirâmide, periférica (ou parte externa, -27) e uma
papila renal, central (ou parte interna, -26), que se projeta no espaço oco
interno do rim (seio renal, -14). No plano mediano do rim, as papilas renais
fusionam-se para formar o que se assemelha a uma papila renal comum grande
e única (crista renal, -12). Em ambos os lados do plano mediano do rim, as
partes das papilas renais que não se fusionaram projetam-se como pirâmides
renais individuais entre os recessos da pelve (19) no seio renal. Os rins es­
tão incrustados em uma cápsula externa de tecido adiposo, a cápsula adiposa
(2). A cápsula fibrosa (13) disposta internamente é, após secção, removida do
parênquima renal normal com facilidade, mas isso não é possível em certos
processos patológicos. No córtex renal (18), que possui cerca de 2 cm de es­
pessura, os corpúsculos renais podem ser observados corno espaços vasculares
circunscritos puntiformes. Um corpúsculo renal consiste em um tufo de capi­
lares sanguíneos, o glomérulo, e uma cápsula circunjacente, por onde passa a
urina primária -um ultrafiltrado do plasma sanguíneo. O corpúsculo renal,
juntamente com o túbulo contorcido proximal que passa por ele, a alça do né­
fron (alça de Henle) subsequente e o túbulo contorcido distal formam o néfron
(ver ilustração). É no corpúsculo renal do néfron que a urina primária (cerca
de 150 litros por dia) é filtrada; além disso, é no interior de seu sistema tubular
que ocorre a reabsorção de líquido, inclusive glicose e eletrólitos provenientes
da urina primária. Na direção oposta, são excretados produtos residuais, so­
bretudo produtos finais nitrogenados do metabolismo de proteínas, particu­
larmente ureia, e também certos medicamentos. Um túbulo de conexão une o
néfron a um túbulo coletor. Vários túbulos renais arqueados reúnem-se como
galhos de árvore para formar um túbulo coletor reto que se une com outros
túbulos coletores, formando o dueto papílar. Dentro dos túbulos coletores,
em virtude da diferença de pressão osmótica, e sob a influência do hormônio
antidiurético da neuro-hipófise, existe uma reabsorção adicional de água a
partir do filtrado. Com isso, forma-se a urina secundária (cerca de I litro e
meio por dia). Na papila renal comum (crista renal), desembocam inúmeros
duetos papilares. Esses duetos são predominantemente isolados, o que resulta
em uma placa alongada semelhante a crivo ou peneira (área cribrifom1e -
21) facilmente observada na visualização da crista renal (22). Em ambos os
extremos da área cribriforme, há urna abertura longa em forma de fenda de
aproximadamente 2 mm, o dueto papilar comum {20), que abarca diversos
duetos papílares antes de sua abertura na crista.
62
A pelve renal (11), que é separada dos vasos renais que adentram o hilo renal,
encontra-se dentro do seio renal e do parênquima renal, por tecido adiposo
localizado no perímetro da papila renal comum (crista renal). A adventícia dos
vasos se funde com o tecido conjuntivo fino que une os túbulos do parênquima
renal. A camada interna de epitélio da pelve renal é contínua à crista renal e ao
epitélio de revestimento dos duetos papilares que desembocam nesse local.
I. O sistema vascular sanguíneo do rim {ver também ilustração) exibe relações
topográficas complexas com os túbulos renais semelhantes a alças conduto­
ras de urina. A artéria renal (3) divide-se em artérias interlobares (15), que
correm entre os lobos e são sucedidas pelas artérias arqueadas ( 16). O trajeto
destas últimas é semelhante a um arco na interface entre o córtex e a medula.
A partir das artérias arqueadas, artérias interlobulares (17) seguem em dire­
ção à periferia. Elas irrigam, sobretudo, o córtex renal e demarcam um lóbulo
renal de cada lado. (Em termos macroscópicos, os lóbulos renais mal podem
ser distinguidos corno subunidades dos lobos renais.) As artérias interlobula­
res originam as arteríolas glomerulares aferentes que, no polo vascular de cada
corpúsculo renal, são sucedidas por glomérulo. A arteríola glomerular eferente
origina-se do polo vascular do glomérulo, sendo sucedida por uma rede capilar
densa na área dos túbulos renais. A primeira rede capilar (glomérulo) filtra a
urina primária, sendo encontrada dentro do ramo arterial do sistema vascular
sanguíneo. Essa rede recebe o nome de rede capilar glomerular. A partir da
segunda rede capilar (rede tubular renal), começa a drenagem venosa do rim.
Il. A linfa proveniente do rim drena para os linfonodos aórticos lombares.
III. A inervação autônoma do rim é feita por fibras nervosas simpáticas e pa­
rassimpáticas provenientes principalmente do plexo aórtico abdominal.
b) O URETER (5) corre entre a pelve renal e a bexiga urinária. A localização do 2
ureter é retroperitonial. adjacente aos músculos sublombares. A porç,'io caudal
do ureter localiza-se dentro de uma prega de peritônio, cruza o dueto deferente
no cão macho e atravessa a parede do colo da bexiga urinária em um longo
trajeto oblíquo.
Artérias e veias renais
.,
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---Vv. estreladas
---Arteríola glornerular eferente
---Corpúsculo renal
(subcapsular)
ilf-~ ----Túbulo coletor
4¼-tf------Arteríola glomerular aferente
'Ili--~-----Leito capilar
---17 A. e v. interlobulares
"1-~lél---At------Glomérulo
-li--llf-+------Corpúsculo renal
---- ---✓
ijustarnedular)
A. e v. arqueadas
----Arteríola reta (verdadeira)
----Vênula reta
----Arteríola reta (falsa)
--15 A. e v. interlobares
----Alça do néfron
(alça de Henle)
21 Área cribriforme
c) A BEXIGA URINARIA (ver também p. 64) é revestida pelo peritônio. A partir de
uma prega do peritônio, o ligamento mediano da bexiga urinária (10) segue
até a linha mediana ventral e, consequentemente, até a linha alba. Ourante o
desenvolvimento fetal, a bexiga urinária conduz ao dueto urinário embrioná­
rio (úraco) e, por essa via, ao umbigo. Os ligamentos laterais da bexiga uri­
nária (9) estendem-se até a parede corporal dorsolateral e contêm a artéria
umbilical que, em muitos casos, é obliterada para formar o ligamento redondo
da bexiga urinária (9) e, em outros casos, fornece sangue para esse órgão do
trato urinário por meio das artérias vesicais craniais.

Cavidade abdominal e órgãos urinários
1 Glândulas adrenais-------
2 Cápsula adiposa--------
3 A.ev.renais------------t\'8\'lr
4 Espaço retroperitonial -----
5 Ureter--------------,
6 Lnn. aórticos lombares -------
7 Lnn. ilíacos mediais --------
8 Lnn. sacrais ----------
9
10
Rim esquerdo
(secção mediana
e paramediana)
Secção transversal
11 Pelve renal
1
1
1
1
12 Crista renal
1
1
1
1
1
13 Cápsula fibrosa
1
14 Seio renal
Secção sagital Secção paramediana
18 Córtex renal--------
19 Recesso da pelve -----
20 Dueto papilar comum ---
21 Área cribriforme ------
22 Crista renal-------
23 Lobos renais ----1
24 Medula renal -----
25 Pirâmide renal -----
26 Parte interna ------
27 Parte externa ------
Legenda:
a Diafragma
b Esôfago
e V. cava caudal
d A. celiaca
e Aorta
f A. mesentérica cranial
g Costelas
h V. abdominal cranial
Peritônio (secção)
j Mm. abdominais
k A. e v. testiculares
1 M. psoas menor
m A. mesentérica caudal
n A. e v. ilíacas circunflexas profundas
o A. ilíaca externa
p A. ilíaca interna
q A. sacral mediana
r Reto
s Dueto deferente
t Anel vaginal
(ver p. 69)
Secção paramediana
15 Aa. inter1obares---ll:f---=
16 Aa. arqueadas --~:r.iifi-~
17 Aa. interfobulares -
Secção mediana
63

2. Bexiga urinária e relações peritoniais dos órgãos genitais
No cão macho, secciona-se o escroto (ver anatomia clínico-funcional) do lado direito do corpo, paralelamente à rafe do escroto, com atenção à
túnica dartos. A musculatura lisa da túnica dartos também está presente no septo do escroto, que separa as duas túnicas vaginais que envolvem
os testículos. A túnica vaginal peritonial, inclusive o músculo cremáster (externo) lateralmente adjacente e a fáscia espermática externa circunja­
cente, bem como a fáscia espermática interna, é desligada do escroto e, por meio de secção longitudinal, aberta até o anel vaginal. A cadela é
abordada de modo semelhante, pela presença de processo vaginal.
a) A BEXIGA URINARIA (ver também p. 62 e ilustração) possui um ápice (vértice)
cranial, corpo (corpo da bexiga urinária) central e colo (colo da bexiga uriná­
ria) caudal. Dorsalmente, no colo da bexiga urinária, os ureteres convergentes
1 atravessam a parede da bexiga urin.lria obliquamente e se localiwm profunda­
mente à mucosa, criando internamente uma tumefação moderada, as colunas
ureterais (colunas uretéricas) que podem ser traçadas no sentido caudal até o
orifício de cada ureter (óstio do ureter) na bexiga urinária. As pregas ureterais
prosseguem caudalmente a partir dos orificios, unindo-se na transição da bexiga
2 urinária com a uretra, o óstio interno da uretra. É nesse local que as pregas ure­
terais originam a crista uretra! dorsal mediana que, nos cães machos, estende-se
até o colículo seminal e, na cadela, até o final da uretra.
A irrigação da bexiga urinária é feita principalmente pela artéria vesical cau­
dal, que se origina da artéria prostática ou, respectivamente, da artéria vaginal,
e corre desde a cavidade pélvica até a bexiga urinária. A drenagem venosa total
segue para a veia vesical caudal (ver também p. 71}.
Os vasos linfáticos dirigem-se para os linfonodos sacrais.
3 A inervação autônoma provém do plexo pélvico. Dentro da parede da bexiga
urinária, plexos nervosos intramurais contendo células ganglionares regulam a
contração da parede muscular.
Corpo da bexiga urinária---
Ureter---------
Dueto deferente ------
Orifício do ureter ------
Colo da bexiga urinária ----- ._
Próstata -----------
(vista ventral)
--Trígono da bexiga
urinária
-----Prega ureteral
/F,-'I<'!\,-----Crista uretra!
Abertura do dueto deferente--~~11,'\1~
----Colículo seminal
------Uretra
b) As PREGAS PER1ToN1A1S dos órgãos genitais internos da cadela são subdividi­
das em mesovário (proximal e distal), mesossalpinge e mesométrio, além
de ligamentos gonadais. O mesovário, a mesossalpinge e o mesométrio são
denominados coletivamente como o ligamento largo do útero.
I. O mesovário (6) conduz a artéria e a veia ovárica até o ovário. Nas proximida­
des do ovário, a mesossalpinge (9) divide-se lateralmente, com o ponto de sua
origem definindo uma subdivisão do mesovário em mesovário proximal (7) lon­
go e mesovário distal (8) curto, cujo epitélio (mesotélio} é contínuo ao do ovário
como epitélio superficial (epitélio germinativo). Entre as duas lâminas da mesos­
salpinge, existe lateralmente ao ovário a parte terminal delgada, e medialmente a
ele a parte inicial mais espessa da tuba uterina, que segue em um arco em torno do
ovário. O mesovário distal curto com o ovário suspenso e a mesossalpinge longa
formam, juntos, a parede da bolsa ovárica ( l O). Essa bolsa exibe medial mente na
margem distal livre da mesossalpinge o óstio da bolsa ovárica (11) e, laterahnen­
te, um local livre de tecido adiposo ("janela") através do qual o ovário pode ser
visto (ver p. 67). Caudalmente, o mesovário é contínuo com o mesométrio (4).
Sua fixação ao útero, o paramétrio (12), envolve, com suas duas lâminas, a artéria
e a veia uterina e continua como perimétrio (13) na superfície uterina.
II. São ligamentos gonadais da cadela (ver também p. 67}: ligamento suspensó·
rio do ovário, ligamento próprio do ovário e ligamento redondo do útero. O li-
4 gamento suspensório do ovário ( l) corresponde ao gubernáculo cranial que
passa pela última costela lateralmente ao rim, na área de fixação do diafragma,
até o ovário. O gubernáculo caudal (ligamento inguinal do ovário) segue cau­
dalmente a partir do ligamento suspensório. Na junção da tuba uterina com o
corno do útero, subdivide-se no ligamento próprio do ovário (2), que se estende
entre o ovário e o final da tuba uterina, e no ligamento redondo do útero (3),
que sucede o ligamento próprio. O ligamento redondo está fixado lateralmente
ao mesométrio e atravessa o anel vagina.! (5), prosseguindo até a extremidade
do processo vaginal do peritônio. Mesmo na ausência desse processo vaginal,
o que ocorre em cerca de 25% das cadelas em um ou ambos os lados do cmpo,
a parte do tecido conjuntivo do ligamento redondo do útero passa, sem revesti­
mento peritonial, pelo espaço inguinal e pode chegar à região púbica.
Como ocorre apenas um pequeno descenso dos ovários, esses órgãos são en­
contrados próximos ao local de seu desenvolvimento, e as pregas peritoniais
que chegam ao ovário tanto em sentido cranial como caudal permanecem in­
tactas durante a ontogênese e não são obliteradas.
111. São pregas peritoniais dos órgãos genitais internos do cão macho: me­
sórquio (proximal e distal), mesoducto deferente, mesofunículo e mesoepidí­
dimo. O mesórquio proximal (15) é encontrado na cavidade peritonial como
a prega vasculosa, contendo os vasos testiculares. Esse mesórquio proximal
passa pelo anel vaginal (5) e segue em direção ao processo vaginal do peri­
tônio. Aqui, no canal vaginal, o mesórquio proximal se une ao mesoducto 5
deferente (ou prega do dueto deferente, -24), ambos procedentes daquela
parte do mesórquio, o mesofunículo (23), que é contínua com a túnica vaginal
parietal (essa túnica vaginal recebe o nome de perif,mículo na figura). O canal
vaginal e a cavidade vaginal que segue caudalmente apresentam (em compa­
ração à cavidade peritonial) uma túnica vaginal parietal (22 e 25; designadas
como perí6rquío e perifunículo na figura), a partir da qual as lâminas perito•
niais contendo os vasos e nervos testiculares e o dueto deferente (mesórquio
e mesoducto, respectivamente) se evertem e uma túnica vaginal visceral (21;
designada como epí6rquío na figura) é formada e passa a ser o revestimento
seroso fino sobre o testículo e o epidídimo.
O mesofunículo é a parte do mesórquio que se localiza entre a origem do me­
sórquio proveniente da tünica vaginal parietal e a origem do mesoducto pro­
veniente da face medial do mesórquio (ver p. 65).
O cordão espermático (funículo espermático) consiste de sete estruturas: artéria
testicular, veia testicular, plexo nervoso autônomo e vasos linfüticos testiculares,
além do dueto deferente com artéria e veia do dueto deferente, -a-g e seus reves­
timentos peritoniais, o mesórquio e o mesoducto. Próximo ao testículo, na origem
lateral do mesoepididimo (18) curto, o mesórquio proximal longo continua com
o mesórqnio distal (19). Entre essas duas pregas peritoniais, encontra-se a bolsa
testicular (ou seio epididimal, -20). A abertura para a bolsa é lateral.
rv. Os ligamentos gonadais do cão macho são subdivididos em gubernáculos
cranial e caudal. O gubernáculo cranial (ligamento suspensório do testículo,
-14) regride na maioria dos casos. Se isso ocorrer, esse ligamento estende-se la­
teralmente a pattir do mesórquio proximal e pode ser acompanhado ao lado do
rim em direção ao diafragma. O gubernáculo caudal (ligamento inguinal do 6
testículo) é subdividido pelo epidídimo; ou seja, o ligamento próprio do testícu-
lo (16) corre entre o testíct~o e a cauda do epidídimo, enquanto o ligamento da
cauda do epidídimo ( 1 7) corresponde à banda que, quando observável, estende--
·se ao ligamento escrotal como um cordão contínuo desde a cauda até a camada
dérmica da pele do escroto. O fundo da túnica vaginal está aderido à superficie
interna do escroto pela parte extraperitonial do gubernáculo caudal e tecido con­
juntivo subcutâneo. No cão, a extremidade caudal da cauda do epidídimo não se
encontra revestida pelo peritônio, e o tecido conjuntivo que a une à derme da pele
do escroto costuma ser pouco evidente. O tecido conjuntivo nesse local constitui
tanto o ligamento da cauda do epidídimo como o ligamento escrotal.
RELAÇÕES PERITONIAIS DOS ÓRGÃOS GENITAIS
64
Pregas peritoniais das gónadas
Cadela
Mesovário proximal
Mesovário distal
Mesossalpinge
(divide-se lateralmente
entre o mesovário
proximal e o distal)
Mesométrio
l
Bolsa do ovário ou
bolsa do testículo
Cão macho
Mesórquio proximal (prega
vasculosa)
l
Mesórquio distal
Mesoepidídimo (divide-se
lateralmente entre o
mesórquio proximal e o
distal)
Mesoducto deferente
Ligamentos das gónadas
Cadela
Ligamento suspensório do ovário
( entre o ovário e o diafragma)
Ligamento próprio do ovário (entre o
ovário e o término da tuba uterina)
Ligamento redondo do útero (entre o
término da tuba uterina e o fundo do
processo vaginal do peritônio)
Cão macho
Ligamento suspensório do testí­
culo (amplamente involuído)
Ligamento próprio do testículo
(entre o testículo e a cauda do
epidídimo)
Ligamento da cauda do epidídi­
mo (entre a cauda do epidídimo
e o fundo da túnica vaginal}

Ligamentos urogenitais
Legenda:
26 Ovário
27 Duodeno
28 Corno do útero
29 Corpo do útero
30 Vagina
31 Reto
32 Escavação retogenital
33 Escavação vesicogenital
34 Escavação pubovesical
35 Uretra
36 Lig. lateral da bexiga urinária
e lig. redondo da bexiga
urinária
37 Bexiga urinária
38 Lig. mediano da bexiga
urinária X~;;,t,,p•
39 Omento maior
40 Tuba uterina
(lado direito)
Q
-3
(secção transversal)
41 V. cava caudal
42 Aorta
43 Cólon descendente
44 Prega duodenocólica
45 Próstata
46 M. retrator do pênis
47 Raiz do pênis
48 Corpo do pênis
49 Glande do pênis
50 Epidídimo
51 Testículo
52 Processo vaginal do
peritônío
53 M. oblíquo externo
do abdome
54 Linha alba
16 Lig. próprio
do testículo-
17 Lig. da cauda
do epidídimo-
28
à'
Cavidade do processo vaginal
(secção transversal) ------18 Mesoepidídimo
52
9 ---19 Mesórquio distal
-50
~
----20 Bolsa testicular
(seio epididimal)
_ ,..,__ --21 Epiórquio
---22 Periórquio
Líg. suspensório
do ovário
-2 Líg. próprio do ovário
Líg. redondo do útero
Mesométrio
Anel vaginal
6 Mesovário:
._-------7 Mesovário proximal e
Paramétrio e
a. e v. uterinas
Perimétrio
Canal vaginal
23 Mesofunículo ----
24 Prega do dueto--.f-=-1V
deferente f
25 Perifunículo ----
a. e v. ováricas
~:-----8 Mesovário distal
~
-g Mesossalpinge
1 O Bolsa ovárica
óstio da bolsa ovárica
14 Lig. suspensório
do testículo
15 Mesórquio proximal
(ver p. 67, 69, 71)
Legenda:
a A. testicular
b V. testicular
c Vaso linfático
d Plexo nervoso testicular
e A. do dueto deferente
f V. do dueto deferente
g Dueto deferente
65

3. Órgãos genitais femininos
Na cadela, o óstio da bolsa ovárica é seccionado longitudinalmente e o ovário, evertido através da abertura. Em seguida, efetua-se secção longi­
tudinal do ovário, dividindo-o em duas metades. A tuba uterina é exposta em todo o seu comprimento. útero, cérvix, vagina, vestíbulo da vagina
e vulva são seccionados na linha mediana dorsal em sua extensão total, para que as suas relações internas possam ser estudadas.
Um plano estrutural básico comum é facilmente identificável para ambos
os sexos, mesmo em relação aos órgãos genitais e, fica claro, em particular,
durante a ontogênese. Em ambos os gêneros, os órgãos genitais podem ser sub­
divididos em internos e externos.
a) Os óRGÃos GENITAIS INTERNOS incluem as gónadas, produtoras de células
germinativas, a tuba uterina e o útero, condutores das células germinativas.
Durante a gestação, o útero representa o local de desenvolvimento da célula
germinativa fertilizada. A vagina e o vestíbulo da vagina (geralmente designa­
do apenas como "vestíbulo") constituem os órgãos copulatórios que seguem
caudalmente ao útero.
I. O ovário (9), a gónada da fêmea, produz as células germinativas e também
atua como glândula endócrina. Além de ser um órgão bilateralmente achata­
do, o tamanho do ovário depende da fase do ciclo sexual e gira em torno de
15 X 10 X 6 mm. O ovário encontra-se escondido dentro da bolsa ovárica
(1 ), que corresponde ao espaço cujas paredes são constituídas pelo meso­
vário e pela mesossalpinge (ver também p. 65). É acessível através de uma
fenda medial, o óstio da bolsa ovárica (2). Na vista lateral, o ovário pode
ser observado através de uma "janela" (livre de tecido adiposo) da mesossal­
pinge (janela da bolsa ovárica). Os ovários ficam suspensos pelo mesovário,
caudalmente aos rins, no nível da 4' ou 5' vértebra lombar. Pode-se distinguir
as partes cortical e medular.
O córtex do ovário contém folículos ovarianos com seus oócitos e, dependendo
da fase do ciclo sexual, corpos lúteos também. Os corpos lúteos são formados a
partir da parede do folículo após a ovulação (ver anatomia clínico-funcional).
A medula do ovário também é conhecida como a parte heterossexual do
ovário, pelo fato de ser embriologicamente comparável aos primórdios do
testículo. Os cordões medulares do ovário embrionário correspondem aos
cordões testiculares embrionários; no mamífero, entretanto, os cordões desa­
parecem no início do desenvolvimento. A medula contém uma rede densa de
vasos sanguíneos e linfáticos, bem como nervos autônomos (principalmente
simpáticos).
2 II. Depois da ovulação, a tuba uterina (salpinge, -10) transporta o óvulo
para o útero e, além disso, serve como o local da fertilização. Apresenta 5 a
10 cm de comprimento e apenas alguns milímetros de espessura. Na parede
da bolsa ovárica, mais especificamente na mesossalpinge, com seu abundante
tecido adiposo, pode-se identificar externamente a parte inicial da tuba uterina
com seu infundíbulo (14) rodeado de fímbrias. Essa parte projeta-se parcial e
externamente no óstio da bolsa ovárica. A parte final da tuba uterina, o istmo,
também pode ser identificada externamente, mas a parte média da tuba é
envolta por tecido adiposo. O infundíbulo (14) com o óstio abdominal da
tuba uterina (IS} localizado centralmente e as fímbrias da tuba circunjacentes
situam-se em posição lateral ao ovário na margem do óstio da bolsa. A ampola
da tuba uterina (13) desce ventralmente e, ao fazer isso, se estende cranial­
mente em torno do ovário, prosseguindo na mesossalpinge, que forma a
parede lateral da bolsa ovárica como o istmo da tuba uterina (16) levemente
ondulado. O istmo é sucedido pela parte uterina (17) que perfura a parede na
extremidade do corno uterino e se abre no lume do útero na papila uterina
com o óstio uterino da tuba uterina (18).
3; 4 III. De acordo com a classificação da anatomia comparativa, o útero (melra
em grego) canino é bicornuado. Na cadela de médio porte sexualmente ma­
dura, não prenhe, os cornos do útero (6) têm cerca de 12 cm de comprimento
e se unem caudalmente dando origem ao corpo do útero (7). O corpo do
útero, por sua vez, exibe apenas 2 a 3 cm de comprimento, sendo mais curto
do que pode parecer em princípio na inspeção externa. Isso ocorre porque
os cornos, fundidos externamente, pern1anecem separados internamente pelo
véu do útero em uma distância de 1 cm. Além dos cornos e do corpo, a cérvix
5 do útero (8) corresponde à parte do órgão que possui o lume mais estreito e
a camada muscular mais firme, o que facilita sua delimitação por palpação. A
cérvix tem cerca de I cm de comprimento, projetando-se na vagina em sua
porção vaginal (20). A porção vaginal da cérvix do útero se projeta dorsal­
mente à parte ventral do fórnice da vagina, como uma espécie de semicilindro
integrado na parede vaginal dorsal que, com tumefação longitudinal afunila­
da, continua caudalmente na vagina. O estreito canal da cérvix do útero (22)
é delimitado por pregas longitudinais da mucosa e tem início no óstio uterino
interno (23) e termina no centro da porç.'\o vaginal no óstio uterino externo
(21}. A parede do útero consiste em três camadas: endo, mio e perimétrio.
66
IV. A vagina (30) é notavelmente distensível e, como órgão copulatório, apre-6
senta pregas longitudinais evidentes e transversais discretas na mucosa. É com­
primida dorsoventralmente por órgãos adjacentes (dorsalmente, pelo reto;
ventralmente, pela uretra feminina), e apresenta paredes (dorsal e ventral) e
um lume transversal estreito. O comprimento da vagina gira em torno de 12
cm, estendendo-se cranialmente até o fórnice da vagina {19}, que circunda
a porç.'\o vaginal da cérvix ventral e lateralmente, e caudalmente ao óstio da
vagina {29}. Ventralmente, no óstio da vagina, encontra-se o óstio externo da
uretra sobre o tubérculo da uretra; além disso, a existência de pregas semicir­
culares de mucosa irradiadas lateralmente pode indicar a presença de hímen.
Como o útero, a parede da vagina também contém três camadas.
V. O vestíbulo da vagina (27) estende-se desde o óstio da vagina até a rima da
vulva (rima do pudenda). No início, o vestíbulo apresenta-se em posição horizon­
tal e, com o avançar da idade, continua caudalmente apresentando-se arqueado
ventralmente. A mucosa aglandular cutânea tem aspecto liso. Dentro da parede
lateral, existe o bulbo do vestíbulo (25), envolvido lateralmente pelo músculo
estriado constritor do vestt'bulo (24). A musculatura lisa da parede do vestíbulo
é esparsa. As glândulas genitais acessórias (glândulas vestibulares menores) se­
cretam um líquido viscoso e desembocam, uma atrás da outra, em duas fileiras
longitudinais localizadas caudolateralmente ao óstio externo da uretra (28). 7
b) Os ÓRGÃOS GENITAIS EXTERNOS compreendem a vulva (pudenda feminino), o
clitóris e a uretra feminina.
I. A vulva consiste nos lábios da vulva (lábios do pudenda, -11) e na rima
da vulva (12). Os lábios da vulva formam uma comissura arredondada dorsal­
mente e outra comissura ventral pontiaguda, que equivalem aos lábios meno­
res dos seres humanos. O músculo constritor da vulva forma a base muscular
de cada lábio da vulva.
II. O clitóris é o órgão da fêmea homólogo ao pênis e, assim como este, é 8
composto de raiz, corpo e cabeça, com dois tipos de corpos eréteis. O corpo
esponjoso do clitóris, ímpar, forma sozinho a glande do clitóris, locafüada
caudalmente ao vestíbulo. Esse corpo esponjoso pode se projetar levemente a
partir da fossa do cfüóris (26). As duas partes remanescentes do corpo erétil
ímpar localizam-se externas ao clitóris no bulbo do vestíbulo (25), sob a ca­
mada mucosa do vestíbulo. O corpo do clitóris está ligado ao arco isquiático
pelos pilares do clitóris. Os dois pilares se unem caudalmente para formar o
corpo do clitóris, que é ocupado principalmente por tecido adiposo e, diferen-
te do corpo cavernoso do pênis, não apresenta ossificação apical. No entanto,
pode ocorrer formação de cartilagem na extremidade do clitóris.
A irrigação da vulva, inclusive do vestíbulo, é provida por ramos da artéria
pudenda interna, e a drenagem é realizada por veia homônima. A artéria pu­
denda interna também emite a artéria vaginal e a veia converge para a v. va­
ginal. Esses vasos, por sua vez, emitem a artéria uterina ou confluem para a
veia uterina (5). Os vasos uterinos seguem seu trajeto no mesométrio, formam
arcos vasculares e se anastomosam na extremidade do corno do útero com o
ramo uterino (4) da artéria ovárica (3); a veia homônima apresenta o mesmo
comportamento. As últimas vascularizam o ovário e também participam da
irrigação sanguínea da tuba uterina. O ramo venoso uterino é particularmente
resistente, pois constitui a principal drenagem do útero.
A drenagem linfática do ovário, da tuba uterina e da extremidade cranial do
corno do útero é feita para os linfonodos aórticos lombares; já a drenagem das
outras partes do útero e da vagina, inclusive da vulva, segue para os linfonodos
ilíacos mediais e sacrais (ver também p. 68}.
A inervação autônoma do ovário e da tuba ute1ina é fornecida pelo plexo aórti­
co abdominal em conjunto com os plexos ovárico, intermesentérico e mesenté­
rico caudal. O útero e a vagina são supridos pelo plexo pélvico. Os órgãos geni­
tais externos são inervados por fibras autônomas, motoras e sensitivas do nervo
pudendo.
III. A uretra feminina mede apenas alguns centímetros, sendo consideravel­
mente mais curta que a uretra masculina. A uretra feminina começa no colo
da bexiga urinária no óstio interno da uretra e termina ventralmente no óstio da
vagina entre esta e o vestíbulo no óstio externo da uretra que se abre no tubércu­
lo uretra] da mucosa. A uretra está localizada entre o assoalho pélvico e a vagi­
na. A parte inicial é semelhante ao colo da bexiga urinária e está estruturada por
feixes de células musculares lisas circulares internas e longitudinais externas.
A parte caudal contém, em sua parede, o corpo erétil venoso e a musculatura
uretra] estriada que garantem o fechamento da uretra (continência).

Órgãos genitais femininos
(vista ventral)
3 A.ev.ováricas----------,
4 Ramo uterino ----------"-------:i/~1'
7 Corpodoútero---------
8
Legenda:
a Lig. suspensório do ovário
b Lig. próprio do ovário
c Lig. redondo do útero
d Mesovário
e Mesossalpinge
f M esométrio
g Lig. intercornual
(vista dorsal)
1
1 1

1
Tuba uterina:

1
~13 Ampola
1
1
1 '-14 lnfundíbulo
h Anel vaginal
Processo vaginal do peritônio
j Ureter
k Reto
1 Ug. lateral da bexiga urinária
m Ug. mediano da bexiga urinária

'--15

'--16
óstio abdominal
e fímbrias
,--17
1
1 r18
1 1
1 1
1 1
1 1
1 1
1
Istmo
Parte uterina
Óstio uterino e
papila uterina
Bolsa ovârica
(secção longitudinal)
a
f
I
Lábio da vulva
n Bexiga urinária
o A. e v. ilíacas circunflexas profundas
e n. cutâneo femoral lateral
p N. genitofemoral
q A. mesentérica caudal e gânglios
mesentéricos caudais
~-
~



Cérvix do útero



J






(secção longitudinaQ



30
(ver p. 33, 63, 65, 69, 71)



r Nn. hipogástricos
s Perimétrio
t Miométrio
u Endométrio
v Janela da bolsa ovárica
M. constritor do vestíbulo
25 Bulbo do vestíbulo
f
Fossa do clitóris
Vestíbulo da vagina


28 Óstio externo da uretra
29 óstio da vagina
Vagina
Canal da cérvix
óstio interno do útero
67

4. Órgãos genitais masculinos, sistema linfático da região lombar e pélvica
No cão macho, secciona-se o testículo em duas metades. A bexiga urinária e a uretra são abertas por uma secção ventromediana. Os corpos
eréteis serão estudados efetuando-se secções transversais do pênis no nível da raiz, do corpo e da glande.
Os órgãos genitais do cão macho &'\o, como os da cadela, subdivididos em ór­
gãos genitais internos e externos. As glândulas genitais acessórias pertencem
aos órgãos genitais internos.
a) Após o descenso testicular para o escroto, os óRGÃos GENITAIS INTERNOS cor­
respondem aos testículos, que constituem os órgãos formadores de células ger­
rninativas (gônada: testículo}, e aos órgãos que conduzem essas células gerrni­
nativas à uretra (epididirno e dueto deferente).
I. O testículo (testis em latim ou orc/1is em grego, -11) localiza-se no escroto,
envolto por túnica albugínea firme, de onde se irradiam internamente septos
de tecido conjuntivo que se unem no centro do testículo para formar o me­
diastino do testículo. Entre esses septos, dentro dos lóbulos do testículo, en­
contram-se as células intersticiais ou endocrinócitos (células de Leydig), pro­
dutores de androgênios, e os túbulos seminíferos contorcidos que continuam
como túbulos seminiferos retos na rede do testículo, uma rede tubular existen­
te no interior do mediastino do testículo. A rede do testículo se une a 12 a 16
dúctulos eferentes e por estes ao epidídimo (ver anatomia clínico-funcional).
2 II. O epidídimo é dividido em cabeça do epidídimo (16), espessa, que cor­
responde ao local onde se unem os dúctulos eferentes para formar o dueto
do epidídimo, único, em corpo do epidídimo ( 15), mais delgado, e cauda do
epidídimo (17), uma dilatação na extremidade caudal do corpo do epidídimo.
O corpo e a cauda do epidídimo contêm o dueto intensamente espiralado, que
possui alguns metros de comprimento e continua c-0m o dueto deferente na
face medial da cauda quando ocorre redução desse espiralamento. O epidídi­
rno é um órgão responsável pela condução e maturação das células gerrninati­
vas e, por um período limitado, pelo armazenamento dessas células.
3 III. O dueto deferente (8) consiste na continuação do dueto do epidídimo. A
primeira parte do dueto deferente corresponde ao cordão espermático (26, -
ver também p. 64), que se localiza dentro da túnica vaginal (9) do peritônio e
se estende até o anel vaginal (4). A parte final do dueto deferente passa o anel
vaginal e chega à cavidade abdominal. Imediatamente antes de atingir a prós­
tata, o dueto apresenta uma dilatação fusiforme discreta (ampola do dueto
deferente, -5) na parede da qual se encontram glândulas genitais acessórias,
as glândulas ampulares. A parte terminal estreita contínua é circundada pelo
4 parênquima prostático, desembocando na uretra prostática sobre o colículo
seminal (24), cujo orifício corresponde ao óstio ejaculatório.
5 IV. A próstata (23} é a glândula genital acessória, cujos duetos (dúctulos pros­
táticos) se abrem ao lado do colículo seminal. A próstata possui um corpo
(parte externa) com dois lobos glandulares e uma pequena parte disseminada
(parte interna), cujos lóbulos glandulares estão localizados dentro da parede
da uretra e circundados pelo músculo uretra!. Em outros mamíferos domésti­
cos, também existem glândulas vesiculares e bulbouretrais.
b) Os ÓRGÃOS GENITAIS EXTERNOS abrangem o pênis e o prepúcio (ver p. 33), bem
como a uretra e o escroto.
I. O pênis consiste em raiz do pênis, corpo do pênis e glande do pênis (de­
signada aqui também como cabeça do pênis), sendo formado por dois tipos
diferentes de corpo cavernoso (corpo cavernoso ou corpo rígido do pênis). Um
deles corresponde ao corpo erétil, pareado, rijo (corpo cavernoso ou corpo
rígido do pênis -18)•, enquanto a outra parte se refere ao corpo caverno­
so ímpar, flácido e esponjoso (corpo esponjoso do pêrús -19). Em secç,'\o
transversal do pênis, podem ser estudadas a túnica albugínea, as trabéculas e o
6 tecido cavernoso. A ereção do pênis é provocada por um aumento na pressão
arterial dentro dos espaços vasculares do tecido cavernoso. Isso é o resultado
do aumento do aporte sanguíneo mantido por urna dilatação das artérias pe­
nianas e uma diminuição na drenagem pelas veias penianas. Na raiz do pênis,
cada corpo cavernoso do pênis se insere no arco isquiático como pilar do pê­
nis (13). O corpo esponjoso do pênis, localizado entre os pilares, é bem desen­
volvido como o bulbo do pênis (12) e está recoberto pelo músculo bulboes­
ponjoso. Na área do corpo do pênis, ambos os corpos cavernosos fusionam-se
no septo mediano do pênis, onde recobrem o corpo esponjoso que envolve
a uretra, como se fosse um teto. Na região da glande do pênis, os corpos ca-
7 vernosos pareados se fundem para formar o osso do pênis (22), único, que
apresenta depressão ventral. formando um sulco profundo. O corpo esponjoso
do pênis, não pareado, que envolve a uretra peniana, localiza-se no sulco alon-
68
* Na nornenclatura formal (Nó mina Anatômica VeJerinária)) emprega•se a e.xpressão corpo
cavernoso do pênis.
gado ventromediano do osso do pênis. O corpo cavernoso da glande ( corpo
esponjoso da glande} é derivado do corpo esponjoso do pênis. Consiste no
proeminente bulbo da glande (21 ), que se encontra no terço caudal do osso do
pênis, e cranialmente ao bulbo, na parte longa da glande (20).
11. A uretra masculina (14) começ,1 no óstio interno da uretra (25) a partir do
colo da bexiga urinária e termina no óstio externo da uretra (27) na extremi­
dade da glande do pênis. Nos óstios ejaculatórios, as vias da urina e do sêmen se
unem. Caudalmente à próstata, um corpo cavernoso localiza-se na parede ure­
tra), rodeado de modo circular por fibras estriadas do músculo uretra!. A parte
pélvica da uretra transpassa a parte peniana em trajeto de um arco convexo
caudalmente com considerável aumento na circunferência do corpo erétil.
A irrigação do testículo, inclusive do epidídimo, é conferida pela artéria tes­
ticular (7), que se origina da aorta abdominal aproximadamente no nível da
terceira vértebra lombar. A artéria testicular corre dentro do rnesórquio proxi­
mal (prega vasculosa) e, no interior do cordão espermático, chega ao testículo
antes de emitir seus ramos epididimais. O dueto deferente, a uretra e a próstata
são irrigados por ramos da artéria pudenda interna (artéria do dueto deferen­
te -8, bem como por artérias uretra) e prostática). A artéria peniana oriunda
da artéria pudenda interna emite, por sua vez, a artéria do bulbo do pênis, que
se dirige ao corpo esponjoso do pênis, inclusive ao corpo esponjoso da glande.
A artéria profunda do pênis segue para o corpo cavernoso do pênis e a artéria
dorsal do pênis irriga partes do corpo cavernoso, além de partes do corpo es­
ponjoso da glande e o prepúcio. A veía testicular (7) drena diretamente para
a veia cava caudal do lado direito e do lado esquerdo para a veia renal esquer­
da, formando o plexo pampinifonue (10) dorsal à cabeça do epidídimo em
ambos os antimeros. Os ramos do plexo venoso enlaçam a artéria testicular.
As veias do dueto deferente, uretra) e prostático drenam -na companhia das
artérias homônimas (a. do dueto deferente, a. uretra! e a. prostática) -o sangue
proveniente do dueto deferente, da uretra e da próstata para a veia pudenda
interna. As veias do pênis acompanham as artérias do pênis. A partir da glande
do pênis, o sangue é parcialmente drenado para a veia pudenda externa por
meio do espaço inguinal (anéis e canal inguinais).
A drenagem linfática do testículo e epidídimo, inclusive do cordão espermá­
tico, segue para os linfonodos ilíacos mediais (2) e os linfonodos aórticos
lombares ( 1). A partir da próstata e da uretra, a linfa se dirige aos linfonodos
sacrais (3) e ilíacos internos. Os linfonodos inguinais (ou escrotais) superfi­
ciais (6) recebem a linfa proveniente do pênis, do prepúcio e do escroto.
A inervação do testículo e epididirno é feita pelo plexo testicular localizado
dentro do cordão espermático. Es&1 inervação tem conexões com os plexos
aórtico abdominal e mesentérico caudal. Os plexos prostático e deferente iner­
vam os órgãos correspondentes (a próstata e o dueto deferente} e se ramificam
a partir do plexo pélvico. Esses plexos contêm fibras simpáticas, parassimpá­
ticas e sensitivas. O nervo pudendo emite o nervo dorsal do pênis que conduz
fibras sensitivas, simpáticas e parassimpáticas.
e) o SISTEMA LINFÁTICO DAS REGIÕES LOMBAR E PÉLVICA está descrito a seguir para
ambos os sexos, de acordo com a direção natural do fluxo linfático na direção
caudocranial.
Oslinfonodossacrais (3) localizam-se no ângulo de origem entre as artérias ilía­
cas internas direita e esquerda. A linfa flui a partir das partes adjacentes do reto e
dos órgãos genitais, a partir da coluna vertebral sacrococcígea e de seus arredo­
res, bem como a partir das áreas profundas dos membros pélvicos. Vasos linfáti­
cos eferentes dos linfonodos sacrais chegam aos linfonodos ilíacos mediais.
Os Unfonodos iliacos mediais (2) localizam-se na aorta na origem da artéria s
ilíaca circunflexa profunda (não há linfonodos ilíacos laterais no cão}. Vasos
linfáticos aferentes dos linfonodos ilíacos mediais procedem dos linfonodos
inguinais superficiais e atravessam o espaço inguinal. Além disso, esses vasos
recebem a linfa proveniente da parede abdominal e pélvica, do reto, do testícu-
lo, da bexiga urinária e do membro pélvico. A linfa testicular pode contornar
os linfonodos ilíacos mediais. Na maioria das vezes, os vasos eferentes fluem
juntos para o tronco lombar, que desemboca na cisterna do quilo.
Os linfonodos aórticos lombares (1) repousam de forma irregular ao longo da
aorta abdominal e recebem a menor parte da drenagem dos linfonodos ilíacos
mediais. Além disso, a linfa proveniente da parede torácica caudal, da parede
abdominal, da coluna vertebral lombar e de seus arredores, bem como dos rins,
flui para os linfonodos aórticos lombares. Os vasos eferentes desses linfonodos
desembocam na cisterna do quilo.

Órgãos genitais masculinos
4
Legenda:
a Lig. suspensório do testículo
b Mesórquio proximal
e Mesoducto deferente
[prega do dueto deferente)
[prega vasculosa)
e Ureter
d Prega genital
Raiz do pênis
f Bexiga urinâria e óstio do
ureter
g A. e v. pudendas externas
12 Bulbo do pênis ------/;t"'--:-:-;;/-ifã
Corpo do pênisQ ~~ ·
18 Corpo cavernoso do pênis --~-~·· -
19 Corpo esponjoso do pênis --'
=
)
a
7 A. e v. testiculares
8 Dueto deferente e
a. e v. do dueto deferente
(ver p. 33, 37, 63, 65, 71)
h A. e v. epigástricas superficiais caudais m M. retrator do pênis
n M. isquiocavernoso
o M. uretra!
Ramos escrotais ventrais
j Ug. próprio do testículo
k Ug. da cauda do epidídimo p M. bulboesponjoso
1 Escroto
/
.-::,--',.._..,,-;.-===---~---------23 Próstata
,-,;+-...-"<---:--.,,_,.--=...:-·-----24 Colículo seminal
',t~:-...::::=--4":J---------:---25 óstio interno da uretra
Cordão e.sperrnático
Glande do pênis
Corpo esponjoso da glande ~
20 Parte longa da glande-
1
f''''"'"->,,
. ( . ,
21 Bulbo da glande----• . 1 i
22 O d ê
. f, ~ _,€1
sso op n,s---- ./
· .. ·•ti~
27 óstio externo da uretra
69

70
5. Artérias, veias e nervos da cavidade pélvica, glândulas adrenais
O membro pélvico direito, juntamente com a parte direita da pelve óssea, é removido, preservando as artérias, as veias e os nervos. Os órgãos
(reto e órgãos urogenitais) permanecem na cavidade pélvica. Os ossos púbis e ísquio são seccionados com o uso de serrote a uma distância
equivalente à largura de um dedo à direita e paralelamente à sínfise pélvica. O ílio direito é separado do sacro na articulação sacroilíaca. Na se­
quência, o pilar direito do pênis (pilar do clitóris na fêmea) é seccionado a partir do arco isquiático, bem como os músculos, as artérias, as veias
e os nervos que correm entre a coxa e a pelve.
a) A DIVISÃO TERMINAL DA AORTA (21) em artéria sacra! mediana {ímpar) e arté­
rias ilíacas externas e internas, pares, encontra-se no nível da última vértebra
lombar.
A artéria sacra! mediana (18) prossegue caudalmente a partir da aorta ven­
tralmente ao sacro e cru1..a caudalmente a artéria coccígea (caudal) mediana.
A artéria ilíaca externa (12) é acompanhada lateralmente pelo nervo genitofe­
moral. Imediatamente antes de atravessar a lacuna vascular (lacuna dos vasos), a
artéria acaba se dividindo em artérias femoral profunda (13) e femoral. Antes de
chegar aos músculos profundos da face medial da coxa, a artéria femoral profun­
da emite o tronco pudendoepigástrico ( 14), que, por sua vez, se divide em arté­
ria pudenda externa (15), que atravessa o espaço (canal) inguinal, e em artéria
epigástrica caudal (27), que corre na superfície interna do músculo reto do ab­
dome e se w1e por anastomose no nível do umbigo com a artéria cranial de mes­
mo nome. Esta última artéria origina-se da artéria torácica interna. Na superfície
externa do músculo reto do abdome, no nível do umbigo, existe uma anastomose
superficial entre as artérias epigástricas superficiais cranial e caudal. A artéria cra­
nial corresponde ao ramo da artéria torácica interna, enquanto a artéria caudal se
origina da artéria pudenda externa. Não é raro que as artérias epigástrica caudal e
pudenda externa se originem independentemente da artéria femoral profunda e,
nesse caso, não se forma nenhwn tronco pudendoepigástrico.
Em sua origem, a artéria ilíaca interna (17) emite a artéria umbilical que co1Te
no ligamento lateral da bexiga urinária, e pode ser completamente obliterada
para formar o ligamento redondo da bexiga urinária (25} ou, como wna arté­
ria vesical cranial, irriga a parte cranial da bexiga urinária. Após curto trajeto, a
artéria ilíaca interna acaba se dividindo em artéria glútea caudal (6) e artéria
pudenda interna (9). A artéria glútea caudal emite as artérias iliolombar (1),
glútea cranial (3), coccígea (caudal) lateral (7) e perineal dorsal (8) que, como
artérias parietais, irrigam a parede da pelve. Antes de ingressar na fossa isquior­
retal, a artéria pudenda interna emite um vaso visceral para os órgãos da cavi­
dade pélvica; isso corresponde à artéria vaginal (fêmea) ou prostática (macho),
subdivididas posteriormente em artéria retal média, e a artéria uterina (fêmea)
ou do dueto deferente (macho} caudalmente, além de originar a artéria vesical
caudal, cranialmente. A artéria vaginal (li) e a artéria prostática (li) cor­
respondente seguem ventralmente, quase em trajeto perpendicular à sua área
de irrigação, até a vagina ou a próstata. A artéria retal média (10) irriga a fuce
ventrolateral da ampola do reto. A artéria uterina (24) corre próxima à inserção
do mesométrio e se anastomosa com o ramo uterino (23) da artéria ovárica
{22}. Esta constitui um ramo direto da aorta no nível da vértebra lombar III.
A artéria do dueto deferente (24} acompanha esse dueto até o epidídimo. Em
caso de obliteração completa da artéria umbilical, a artéria vesical caudal (26)
irriga toda a bexiga urinária.
VASOS SANGUÍNEOS DA CAVIDADE PÉLVICA
Aorta
A. sacra] mediana
A. coccígea mediana ( caudal)
A. ilíaca externa
A. femoral profunda
Tronco pudendoepigástrico
A. ilíaca interna
A. umbilical
A. glútea caudal
A. iliolombar
A. glútea cranial
A. coccígea lateral ( caudal)
A. perineal dorsal
A. pudenda interna
A. vaginal ou prostática
A. uterina ou a. do dueto
deferente
A. vesical caudal
A. retal média
Veia cava caudal
V. sacra! mediana
V. coccígea mediana ( caudal)
V. ilíaca comum
V. ilíaca externa
V. femoral profunda
V. pudendoepigástrica
V. ilíaca interna
V. iliolombar
V. vaginal ou prostática
V. uterina ou v. do dueto
deferente
V. vesical caudal
V. retal média
V. glútea cranial
V. coccígea ( caudal) lateral
V. glútea caudal
V. perineal dorsal
V. pudenda interna
b} A divisão terminal da veia cava caudal• (20) locali1..a-se no nível da última
vértebra lombar, onde a veia sacra! mediana (18) muito delgada continua o
* N.T.: Quando se estuda a angiologia, co11ceitua-se formação da veia cava caudal respei­
tando-se o sentido do fluxo sanguíneo e não se usa a terminologia utilizada pelo autor
(''divisão terrninal da veia cava caudal"). No entant~ optou-se por não Jnodificar o título
original e chamar a atenção do leitor para esse fato.
trajeto caudal da veia cava caudal. Nesse nível, a veia cava caudal divide-se
nas grandes veias ilíacas comuns (19) direita e esquerda, que continuam na
entrada da pelve em veias ilíacas externa e interna. A veia ilíaca interna (17),
comparada à artéria de mesmo nome, é muito longa e recebe o tronco venoso
visceral ( veia vaginal, fêmea; veia prostática, macho) que acompanha a artéria
de mesmo nome, um ramo da artéria pudenda interna. A veia iliolombar (1),
a veia glútea cranial (3) e a veia coccígea (caudal) lateral (7) também con­
fluem para a longa veia ilíaca interna, que é sucedida, na origem da última
veia parietal (veia glútea caudal, -6), no nível da terceira vértebra caudal,
pela veia pudenda interna (9). A veia glútea caudal recebe a veia perineal
dorsal (8).
c) O PLEXO SACRAL do plexo lombossacral é formado pelos ramos ventrais dos dois
últimos nervos lombares e pelos nervos sacrais. Pode ser subdividido em parte
cranial mais proeminente (tronco lombossacral) e parte caudal mais delgada.
I. O tronco lombossacral (16) se origina em nLv 6 e nLv 7, bem como em 2
nSv 1, e emite o nervo glúteo cranial (3) e o nervo glúteo caudal (6), que
&io acompanhados pelos vasos &1nguíneos homônimos e inervam os múscu-
los glúteos e a pele sobrejacente. O plexo lombossacral é, então, sucedido pelo
nervo isquiático (4), que atravessa a incisura isquiática maior lateralmente até
atingir a coxa.
li. A parte caudal do plexo sacra! origina o nervo pudendo (nSv 1 -nSv 3,
-9), que adentra a fossa isquiorretal, acompanhado pela artéria e pela veia pu­
denda interna (ver p. 73}. O nervo cutâneo femoral caudal (5) origina-se prin­
cipalmente -com variação individual considerável em sua origem -de nSv 2 e
nSv 3. Em sua origem, emite ramos musculares para os músculos coccígeo ele­
vantador do ânus (alguns autores consideram esses ramos como independentes
do plexo sacra!), segue ventrolateralmente ao longo do ligamento sacrotuberal,
passa o túber isquiático e termina na pele da face caudolateral da coxa. Os ra­
mos, sob a forma de nervos clúnios caudais, inervam a região glútea.
Os nervos clúnios caudais (ver p. 73) consistem também em ramos cutâneos
do nervo glúteo caudal, que, juntamente com os vasos sanguíneos de mesmo
nome, entram na tela subcutânea proximalmente à margem caudal do músculo
glúteo superficial.
Os nervos clúnios médios (ver p. 73) são formados por ramos dorsais delgados
dos nervos sacrais e por um ramo cutâneo do nervo glúteo cranial, que, com
os vasos sanguíneos homônimos, chega à pele proximal mente na margem cra­
nial do músculo glúteo superficial. Os nervos clúnios craniais (ver p. 29) são
formados por ramos dorsais dos nervos cutâneos lombares e inervam a pele
da região lombar.
d) O sistema nervoso parassimpático da medula espinal sacra! é compos­
to pelos nervos pélvicos (2), que se estendem perpendicularmente na parede
lateral do reto no nível do fórnice da vagina ou da próstata (no caso dos ma­
chos) e se encontram com o nervo hipogástrico que corre horizontalmente
para formar o plexo pélvico, que consiste de fibras sensitivas viscerais, além
de simpáticas e parassimpáticas, e contém em seu interior pequenos gânglios
pélvicos. A partir desse plexo delicado, os nervos correm na companhia deva­
sos sanguíneos até os diferentes órgãos da cavidade pélvica, como plexos retal,
vesical, prostático, deferencial e uterovaginal.
e) As GLÂNDULAS ADRENA1s (ver p. 63} &~o glândulas endócrinas que se locali-3
zam craniomedialmente ao rim. A parte cortical dessas glândulas apresenta
coloraç.io amarelada em virtude do conteúdo de substâncias lipídicas arma-
1..enadas utilizadas na síntese de hormônios esteroides. Es.~a cor amarela é vi­
sível na superfície seccionada da glândula. A parte cuja coloração varia de
acastanhada a cinzenta, a medula, produz os hormônios epinefrina e norepi­
nefrina (ver livros de bioquímica). Ambas as glândulas adrenais localizam-se
retroperitonialmente, e são parcialmente divididas ventralmente em partes
cranial e caudal pela veia abdominal cranial localizada em um sulco trans­
versal profundo na glândula. A glândula adrenal direita situa-se mais cranial­
mente e fica próxima à veia cava caudal, enquanto a adrenal esquerda alcanç.1
a aorta abdominal.
O suprimento sanguíneo é múltiplo e advém de artérias e veias adrenais que
se originam da aorta ou confluem para a veia cava caudal, respectivamente.
Podem chegar ramos das artérias frênica caudal, renal e abdominal cranial (e
drenagem por veias homônimas).
Os capilares adrenais se originam das artérias adrenais que, uma após a outra,
atravessam o córtex e a medula. As veias adrenais recebem o s,1ngue provenien­
te da veia central da medt~a adrenal.
A linfa flui para os linfonodos aórticos lombares. A inervação autônoma é
predominantemente simpática por meio do plexo adrenal (suprarrenal), que se
comunica com o nervo esplâncnico maior e o plexo celiacomesentérico.

Artérias, veias e nervos da pelve (lado direito)
Q 1 A. e v. iliolombares -------, r ----16 Tronco lombossacral
2 Nn. pélvicos----------,
3 A., v. e n. glúteos craniais ---,
4 N. isquiático----------,
5 N. cutâneo femoral caudal---,
6 A., v. e n. glúteos caudais ---7
7 A. e v. coccígeas
laterais [caudais)--------
8 A. e v. perineais dorsais ---
9 A. e v. pudendas internas e
n. pudenda---------
10 A. e v. retais médias-----
g
11 A. e v. vaginais
ou prostáticas-----
f
12 A. e v. ilíacas externas
e n. genitofemoral --
13 A. e v. femorais
profundas------
14 Tronco pudendoepigástrico
1
1
1
1
1
1
1
e v. pudendoepigástrica ---. ....:,:,...., _____ __::
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
15 A. e v. pudendas externas -------"~::::::-------/
à'
f
Legenda:
a A. e v. uretrais A. e v. perineais ventrais e
b A. e v. do clitóris ou do pênis n. perineal superficial
c A. e v. do bulbo do pênis g A., v. e n. relais caudais
d A., v. e n. profundos do h Nn. perineais profundos
clitóris ou do pênis Gânglio pélvico
e A., v. e n. dorsais do clttóris Ramos musculares
ou do pênis (n. rotador)
1
1
1
1
1
1
1
1
k
1
m
n
o
1 1
r ----17 A. e v. ilíacas internas
1 1
1 1
1
r ----18 A. e v. sacrais medianas
1
1 1
1
1
,----19
1 1 1
1
1
1 1
1
1
1 1 1 1 1
1
1
1
1
1 1
1
1
1
N. obturador p
N. femoral
N. ilioinguinal
Nn. esplâncnicos q
lombares r
A. mesentérica caudal e s
gânglio mesentérico caudal t
1
1
V. cava caudal
e v. renal
Aorta
A. e v. ováricas
1
1
1
L------23 Ramo uterino
A. e v. uterinas
1
L-----------24
--------------25 Lig. redondo da
bexiga urinária
(a. umbilicaQ
----------------26 A. ev. vesicais
A. e v. ilíacas circunflexas
profundas e n. cutâneo
femoral lateral
N. hipogástrico
Ureter
A. e v. testiculares
Ln. inguinal superficial
caudais
A. e v. epigástricas
caudais
(ver p. 61, 65, 69, 73)
u Processo vaginal
do peritõn io
V M. reto do abdome
w A. e v. epigástricas
superficiais caudais
71

1
72
6. Diafragma da pelve, fossa isquiorretal; artérias, veias e nervos associados
Para a dissecção a seguir, a pele é removida, efetuando-se a incisão ao redor do ânus e dos lábios da vulva Qábios do pudendo). Depois de
remover a cauda, a raiz remanescente é fixada dorsalmente. Nessa dissecção, do lado direito do corpo, os músculos, ou cotos dos músculos,
conforme o caso, são dissecados em primeiro lugar, seguidos por dissecção das artérias, veias e nervos. Depois disso, também do lado esquer­
do do corpo, as artérias, veias e nervos são dissecados e, depois, os músculos.
A saída da pelve, em sua região média, é fechada pelo diafragma da pelve que
alcança a fossa isquiorretal em ambos os lados do corpo. A região perineal é
superficial na saída da pelve e apresenta formato rombo entre a raiz da cauda, os
túberes isquiáticos de ambos os lados e a extremidade caudal da sínfise pélvica.
No cão macho, e na cadela com vulva consideravelmente pendente, a margem
ventral da região perineal estende-se ventralmente até o escroto ou até a mar­
gem ventral da vulva. Nessa área expandida ela região perineal, a parede corporal
forma o períneo, o que é clinicamente útil e amplamente definido. Na definição
mais restrita, o períneo corresponde apenas ao períneo propriamente dito entre
o ânus e a vulva, formado na parte superficial pelo músculo cutâneo perineal
longitudinal e, na parte profunda, por uma lâmina musculotendínea para inser­
ção dos músculos adjacentes, o centro tendíneo do perineo (corpo perineal).
a) O DIAFRAGMA DA PELVE consiste no fechamento do plano musculofascial da saída
da pelve, encontrado interna e caudalmente na pelve. Esse diafragma da pelve é
formado pelo músculo levantador do ânus de ambos os lados com o músculo
coccígeo bilateralmente adjacente e por ambas as lâminas da f.-\scia diafragmática
ela pelve. Na inspeção da cavidade péMca, identifica-se uma abettura longitudi­
nal disposta dorsoventralmente na pequena depressão existente entre ambos os
músculos levantadores do ânus. Essa "porta elevadora" é fechada dorsalmente na
parte anal do diafragma da pelve pelo canal anal com a musculatura circunjacente
e ventralmente na parte urogenital do diafragma da pelve pelo canal 1u-ogenital
com a musculatura circunjacente, bem como no meio pelo próprio períneo.
b) A FOSSA 1sau10RRETAL é a fossa da saída da pelve, com formato piram ida 1, um
ápice cranial e uma base aberta situada caudalmente. O limite lateral corres-
M. levantador do ânus --
Fossa isquiorretal:
M. coccígeo-----
Lig. sacrotuberal --
M. obturador--
interno
(vista caudal)
Diafragma anal:
----M. esfíncter externo
do ânus
--Mm. perineais
Diafragma da pelve:
M. bulboesponjoso
ponde ao túber isquiático e ao ligamento sacrotuberal que se insere nesse local.
O limite ventral é formado pelo arco isquiático, incluindo o músculo obtura­
dor interno, enquanto o limite medial é formado pelo diafragma ela pelve com
os músculos levantadores do ânus e coccígeo. A fossa isquiorretal é preenchida
por um coxim de tecido adiposo, bem como por artérias, veias e nervos reuni­
dos nos feixes neurovasculares.
DIAFRAGMA DA PELVE COM OS MÚSCULOS COCCÍGEO E LEVANTADOR DO ÂNUS
Parte anal do diafragma da pelve
Músculo esfincter externo do ânus
Músculo esfincter interno do ânus
Músculo retococcígeo
Períneo propriamente dito
Músculos perineais
Parte urogenital do diafragma da pelve
Músculo bulboesponjoso
Músculo cutâneo longitudinal do períneo
Centro tendíneo do períneo (corpo perineal)
Músculo constritor do vestíbulo
Músculo constritor da vulva
O músculo coccígeo (13) está situado mediaimente ao lado do ligamentosa­
crotuberal e corre entre a espinha isquiática e as quatro primeiras vértebras
caudais. As fibras do músculo levantador do ânus (12, -ver também ilustra­
ção) exibem trajeto semelhante; esse músculo está localizado mediaimente ao
coccígeo. Sua origem é linear e localiza-se ao lado da sínfise pélvica no nível
dos ossos ísquio e púbis, de onde ascende caudodorsalmente até a cauda. Sua
inserção aftmilada ocorre no nível das vértebras caudais IV a VII. Diferente
dos seres humanos, apenas pouquíssimas fibras musculares entram em contato
com o músculo esfíncter externo do ânus, de modo que, no cão, o nome do
músculo não se relaciona diretamente com a função. Na contração bilateral, a
cauda é tracionada ventralmente, curvada para baixo.
O músculo esfíncter externo do ânus (14),juntamente com o músculo esfinc­
ter interno do ânus, circunda o canal anal. O músculo esfíncter interno do ânus
corresponde à continuação caudal da camada circular da musculatura lisa do
reto. O saco anal (seio paranal) localiza-se entre os músculos esfincteres liso e
estriado do ânus.
Músculo retococcígeo (11) e músculo retrator do pênis (clitóris) (19); ver
p. 74.
Os músculos perineais (15) consistem em feixes musculares que correm no
sentido longitudinal e se estendem entre os músculos esfíncter externo do ânus
e bulboesponjoso ou, respectivamente, músculo constritor do vestíbulo.
O músculo bulboesponjoso (20) segue transversalmente pelo bulbo do pênis
do cão macho. Na cadela, essa musculatura consiste no músculo constritor
do vestíbulo (17) com trajeto mais ou menos circular de suas fibras e, caudal­
mente, no músculo constritor da vulva (18) com trajeto quase longitudinal
de suas fibras. O músculo isquiocavernoso (16) origina-se no arco isquiático,
cobrindo o pilar do clitóris ou do pênis.
A inervação dos músculos coccígeo e levantador do ânus é feita por ramos
musculares de nSv 3. Os outros músculos são inervados por ramos do nervo
pudendo; ou seja, os músculos da parte anal são inervados pelo nervo retal
caudal, enquanto o músculo da parte urogenital e os do períneo, pelos nervos
perineaís profundos.
c) FEIXES NEUROVASCULARES atravessam o canal do pudendo até atingir o fw1do
da fossa isquiorretal.
O nervo pudendo (2) corre entre o músculo obturador interno e o múscu­
lo coccigeo caudoventralmente e mediaimente adentra a fossa isquiorretal.
O nervo pudendo emite o nervo retal caudal (3) para a parte anal do dia-
Músculo isquiocavernoso
Músculo retrator do pênis ou do clitóris
fragma da pelve, o longo nervo perineal superficial (7) do qual se originam
os nervos labiais ou escrotais dorsais para a pele e os curtos nervos perineais
profundos (6) para o músculo da parte urogenital do diafragma da pelve. O
nervo pudendo termina na parte dorsal do clitóris (que, devido ao trajeto cau­
doventral do clitóris, corresponde, na verdade, à superfície ventral do clitóris)
como o nervo dorsal do clitóris (5) ou, respectivamente, como o nervo dorsal
do pênis (10) no dorso do pênis.
A artéria pudenda interna (2) acompanha o nervo pudendo e origina a artéria
uretra! para a parte pélvica da uretra. Em seguida, a artéria pudenda interna ori­
gina a artéria perineal ventral (8) que, por sua ve-L, perto de sua origem, emite
a artéria retal caudal (3) direcionada caudodorsalmente e, distal mente, o ramo
labial dorsal ou, respectivamente, o ramo escrotal dorsal direcionado caudoven­
tralmente. A artéria pudenda interna continua como artéria do clitóris ( 4) ou,
respectivamente, artéria do pênis (9). A artéria do clitóris (4) origina a calibrosa
artéria do bulbo do vestíbulo e termina ao se dividir na pequena artéria dorsal do
clitóris e na artéria profunda do clitóris. A artéria do pênis origina a calibrosa arté­
ria do bulbo do pênis, a artéria profunda do pênis, menos calibrosa, que adentra o
pilar do pênis, e continua como a artéria dorsal do pênis, normalmente de calibre
moderado. A artéria pcrineal dorsal (1) se origina da artéria glútea caudal.
A veia pudenda interna (ver p. 71) acompanha apenas a parte caudal da arté­
ria de mesmo nome. Apresenta trajeto semelhante ao da artéria, mas a sequên­
cia de seus ramos tributários é diferente.
ARTÉRIAS E NERVOS DA FOSSA ISOUIORRETAL
Artéria pudenda interna
Artéria uretra!
Artéria perineal ventral
Artéria retal caudal
Ramo labial dorsal ou
Ramo escrotal dorsal
Artéria do clitóris ou
Artéria do pênis
Artéria do bulbo do vestíbulo ou
Artéria do bulbo do pênis
Artéria profunda do clitóris ou
Artéria profunda do pênis
Artéria dorsal do clitóris ou
Artéria dorsal do pênis
Nervo pudendo
Nervo retal caudal
Nervo perineal superficial
Nervos labiais dorsais ou
Nervos escrotais dorsais
Nervos perineais profundos
Nervo dorsal do clitóris ou
Nervo dorsal do pênis
Nervo cutâneo femoral caudal

Fossa isquiorretal
1 A. perineal dorsal e
ramo cutâneo do
n. glúteo caudal ------.
2 A. pudenda interna
e n. pudendo------
3 A. e n. relais caudais--
4 A do clitóris ------
5 N. dorsal do clitóris --
6 Nn. perineais
profundos------
7 N. perineal superficial -
8 A. perineal ventral --
(vista caudal)
9 A.dopênis------
1 O N. dorsal do pênis --
Legenda:
21 Pilar do clitóris
22 Mm. sacrocaudais
[coccígeos) ventrais lateral
e medial
23 óstio do seio paranal
24 Ug. sacrotuberal
Q
25 M. glúteo superficial
26 M. obturador interno
27 M. isquiouretral
28 Túber isquiático
29 M. bíceps femoral
30 M. semitendíneo
31 M. semimembranáceo
32 M. grácil
---------------------11 M. retococcígeo
--------------------12 M. levantador do ânus
-------------------13 M.coccígeo
------------------14 M. esfíncter externo
do ânus
----16 M. isquiocavernoso
M bulboesponjoso
, '-----------17 M. constritor do
', vestíbulo
~----------18 M. constritor da vulva
a A. [coccígea) caudal lateral
b A. glútea cranial e nn. clúnios
médios
c A. glútea caudal (ramos
cutâneos) e nn. clúnios
caudais (dorsais)
M. retrator do pênis
Parte peniana
-20 M. bulboesponjoso
(ver p. 71, 75, 79)
d A. glútea caudal e n.
cutâneo femoral caudal
e Nn. clúnios caudais
{lateral e medíaij
73

7. Musculatura lisa do diafragma da pelve e do cíngulo ósseo da pelve
Após rebatimento cranial da margem caudal livre do músculo levantador do ânus e após rebatimento caudal do ânus com os músculos esfíncte­
res circunjacentes, pode-se ter uma visão geral da musculatura lisa.
a) Os MÚSCULOS LISOS DO DIAFRAGMA DA PELVE passam entre as vísceras e o sistema
esquelético.
I. O músculo retococcígeo (A), ímpar, constitui um reforço do músculo liso
longitudinal do reto, e corre em posição ventromediana na coluna vertebral
caudal até a terceira vértebra caudal.
II. O músculo retrator do clitóris ou retrator do pênis, par, se origina abaixo
do músculo levantador do ânus na primeira vértebra caudal e se divide caudo­
lateralmente ao reto em três partes que se localizam próximas entre si na se­
guinte sequência dorsoventral. A robusta parte anal (B) se insere dorsolateral­
mente ao ânus entre os músculos anais. A parte peruana (C) moderadamente
robusta encontra-se com o músculo correspondente do lado oposto caudome­
dialmente no períneo e segue cranial mente em posição ventromediana no pê­
nis. A parte clitoriana (C) da cadela é delgada e não chega ao clitóris. A parte
retal (D) é delgada ou ausente. Se desenvolvida, circunda o reto ventralmente,
o que, no cavalo, é bastante notável, por isso o nome "alça retal".
b) o CiNGULO ÓSSEO DA PELVE ( CiNGULO DOS MEMBROS PÉLVICOS, -ver também
ilustração) consiste nos ossos do quadril de ambos os lados (ossos da coxa),
dos quais os três ossos individuais estão completamente fusionados no adul-
2 to. Os ossos do quadril de ambos os lados formam, juntos, a sínfise pélvica
(1) localizada ventromedianamente e são separados dorsalmente pelo sacro.
Juntamente com o sacro e as duas primeiras vértebras caudais, os ossos do
quadril formam a pelve óssea. Dos três ossos individuais fusionados do qua­
dril, o púbis e o ísquio delimitam o forame obturador (2) e ambos os ossos
se fundem com o terceiro, o ílio, no acetábulo (3). Em posiç.'io profunda no
acetábulo (fossa do acetábulo, -4) de fetos e filhotes caninos, é encontrado
um quarto osso minúsculo (osso do acetábulo) que se funde, em uma idade
precoce, com os outros componentes do quadril. O robusto ligamento da ca­
beça do fêmur corre entre a fossa do acetábulo e a cabeça do fêmur. A incisura
do acetábulo (5), que é transpassada pelo ligamento transverso do acetábulo,
constitui uma interrupção ventromedial da face lunada (6) do acetábulo. Na
margem do acetábulo, verifica-se o lábio do acetábulo, que é composto por fi.
brocartilagem e se aprofunda na fossa do acetábulo. Dorsalmente ao acetábulo
no cão, está localizada a espinha isquiática (7) de margem romba, formada na
área limítrofe entre os ossos Hio e ísquio, onde eles se fundem. Cranialmente,
o ílio encontra o púbis na eminência iliopúbica (34). Os ossos púbis dos lados
direito e esquerdo se unem para formar a parte cranial da sínfise pélvica, en­
quanto os ossos ísquios de ambos os lados se unem para formar a parte caudal
da sínfise pélvica.
74
Osso coxal
(vista medial)
I. O corpo (8) do ílio participa da formação do acetábulo (o que também é ver­
dadeiro para o corpo dos ossos púbis e ísquio ). A espinha ilíaca ventral caudal
(9, -área de origem do músculo reto femoral) localiza-se craniodorsalmente
ao acetábulo e é correspondente à transição para a asa do ílio (1 O). A espinha
alar (11, -área de inserção do tendão caudal do músculo quadrado lombar)
está localizada na margem cranioventral da asa do ílio; ou seja, a uma distância
equivalente à largura do polegar, ventral à sua transição com a crista ilíaca
(12) coberta por cartilagem e situada dorsalmente. Nesse local de transição, o
túber da coxa (13) se localiza no ângulo lateral do ílio, que, no cão, é idêntico
à espinha ilíaca ventral cranial. O túber sacral (14) localiza-se do lado opos­
to na margem dorsocaudal da asa do ílio e se estende desde a espinha ilíaca
dorsal cranial (15) até a espinha ilíaca dorsal caudal (16). A face glútea (17)
corresponde à superfície de origem dos músculos glúteos lateralmente na asa
do ílio, onde, no nível da espinha alar, começam a linha glútea ventral (17')
imperceptível e, no nível da espinha ilíaca ventral caudal, a linha glútea caudal
(17"). A face medial da asa do ílio corresponde à face sacropélvica (18), que
é subdividida na face auricular (19) tuberculada em formato de orelha para
a articulação com o sacro e, continuando dorsalmente, na face ilíaca (20) de
superfície lisa para a inserção dos músculos longuíssimo dorsal e iliocostal.
Cranioventralmente ao ílio, a linha arqueada (21), junto com o promontório
do sacro localizado dorsalmente e o pécten do púbis (33), localizado ventral­
mente, participa da formação da linha terminal. Em posiç.'io média, a linha
arqueada exibe o tubérculo do músculo psoas menor (22), bastante imper­
ceptível. Oposta a isso, na margem caudodorsal da asa do ílio, encontra-se a
incisura isquiática maior (23), que se estende desde a espinha ilíaca dorsal
caudal do túber sacra! até a espinha isquiática, guarnecendo a passagem do
nervo isquiático.
II. O ísquio, com seu corpo (24, -corpo do ísquio), forma parte do acetábulo
e segue caudalmente na tábua do ísquio (25) localizada em posição horizontal.
O ramo sinfisial do ísquio (26), que segue mediaimente, participa, com aquele
do lado oposto, da formação da parte caudal da sínfise pélvica. Laterodorsal­
mente do lado oposto, existe a incisura isquiática menor (27) que, localizada
caudolateralmente ao túber isquiático (28), passa sobre o côncavo arco isquiá­
tico (29). Tanto o arco como o túber isquiáticos, juntamente com o ligamento
sacrotuberal e a terceira vértebra caudal, margeiam a saída da pelve.
Ili. O púbis, com seu corpo (30, -corpo do púbis), contribui para a formação
do acetábulo. A partir do corpo, como ramo cranial (32), o púbis se esten­
de caudomedialrnente na direção da sínfise pélvica e, na sínfise, caudalmente
como o ramo caudal (ramo sinfisial, -31). Na entrada da pelve, o ramo cra­
nial alberga o pécten do púbis (33), que se estende desde a eminência iliopú­
bica (34), localizada lateralmente, até o tubérculo púbico ventral (35), situado
medianamente. Na face interna do púbis, pode ser observada a direção do tra­
jeto do nervo obturador como o sulco obturatório.
e) Os DIÂMETROS DA PELVE ( ver também ilustração) são de importância em obste­
trícia na avaliação do canal natural de parto. O diâmetro vertical corresponde
à linha vertical que vai desde a extremidade cranial da sínfise pélvica até a
coluna vertebral. O diâmetro conjugado estende-se desde a extremidade cra­
nial da sínfise pélvica até o promontório do sacro. Diâmetros transversos estão
presentes como diâmetro transverso dorsal entre as duas extremidades das
asas do sacro, como diâmetro transverso médio entre os tubérculos (direito
e esquerdo) do músculo psoas menor, e como diâmetro transverso ventral
entre as duas eminências iliopúbicas.
Diâmetros da pelve
(vista cranioventral)
Unha terminal:
Promontório ----
Linha arqueada---
Pécten do púbis--
--Diâmetro transverso dorsal
d) A LINHA TERMINAL corresponde ao limite entre as cavidades abdominal e
pélvica. Em seres humanos e mamíferos domésticos, a linha terminal é for­
mada pelo promontório do sacro, pela linha arqueada do ílio e pelo pécten
do púbis.
e) Diferentemente do caso do ser humano ereto, o ASSOALHO DA PELVE é formado
pelo púbis e pelo ísquio, que contêm o forame obturador.

Músculos anais e urogenitais
(vista caudolateral)
Legenda:
A M. retococcígeo
M. retrator do clitóris ou do pênis
B Parte anal
C Parte clitoriana ou peniana
D Parte retal
E M. e.sfíncter externo do ânus
F Parte vertebral
G Seio paranal
H M. cutâneo perineal longitudinal
1 M. isquiouretral
J M. isquiocavernoso
K M. bulboesponjoso
L M. constritor do vestíbulo
M M. constritor da vulva
N M. sacrocaudal [coccígeo]
dorsal lateral
O M. intertransversário
caudal dorsal
P M. levantador do ânus
o M. coccígeo
R M. glúteo superficial
S M. glúteo médio
T Lig. sacrotuberal
U M. obturador interno
V M. semimembranáceo
W M. semitendíneo
X M. bíceps femoral
Cíngulo pélvico:
Coxal (osso do quadril)
Sínfise pélvica (1)
Forame obturador (2)
Acetábulo (3)
Fossa do acetábulo (4)
lncisura do acetábulo (5)
Face lunada (6)
Espinha isquiática (7)
Ílio (osso ilíaco)
Corpo do ílio (8)
(vista lateraQ
Espinha ilíaca ventral caudal (9)
Asa (1 O)
Espinha alar (11)
Crista ilíaca (12)
Cartilagem (12')
Túber da coxa (13)
Espinha ilíaca ventral cranial
Túber sacra! (14)
Espinha ilíaca dorsal cranial {15)
Espinha ilíaca dorsal caudal (16)
Face glútea (17)
Linha glútea ventral (17')
Linha glútea caudal (17")
1
(ver p. 73, 79)
12'
Face sacropélvica (18)
Face auricular (19)
Face ilíaca (20)
Linha arqueada (21)
Tubérculo do músculo
psoas menor (22)
lncisura isquiática maior (23)
Ísquio (osso isquiático)
Corpo do ísquio (24)
Tábua do isquio (25)
Ramo do isquio (26)
Face sinfisial
lncisura isquiática menor (27)
Túber isquiático (28)
Arco isquiático (29)
Púbis (osso púbico)
Corpo do púbis (30)
Ramo caudal do púbis (31)
Face sinfisial
Ramo cranial do púbis (32)
Pécten do púbis (33)
Eminência iliopúbica (34)
Tubérculo púbico ventral (35)
75

Capítulo 8: Membro pélvico
1. Esqueleto do membro pélvico
O MEMBRO PéLv1co também inclui o cíngulo ósseo da pelve. Para o estudo de
características comuns no plano estrutmal de membros torácicos e pélvicos, a
descrição do membro torácico também deve ser considerada aqui.
a) O osso FEMORAL (osso oo FÊMUR, o osso da coxa, que costuma ser designa­
do simplesmente como "fêmur") consiste na porção proximal em cabeça, colo
delgado, processos musculares proeminentes (trocanteres) e diálise ou corpo
contínuo na porção distal com a tróclea e os côndilos femorais. A cabeça do
fêmur (1) possui supe1fície articular coberta por cartilagem, exceto em uma
pequena área quase central, a fóvea da cabeça (2), que constitui o local de fixa­
ção do ligamento da cabeça do fêmur. O ligamento fica preso ao acetábulo na
2 fossa acetabular. O colo do fêmur (3) corresponde a um estreitamento notável
do osso entre a cabeça e os processos musculares. Além de ser o mais amplo,
o processo lateral, conhecido como trocanter maior (4), é o local de fixaç.10
dos músculos glúteos médio e profundo. Em posição caudomedial à base do
trocanter maior, se encontra a fossa trocantérica (5) -uma depressão profun­
da que serve para a inserção de músculos profundos da articulação coxal. Em
posição medial à fossa trocantérica, há o trocanter menor ( 6), que é a inserção
do músculo iliopsoas. No c.10, a tuberosidade glútea (7) é uma pequena ele­
vação de osso, distal ao trocanter maior; essa tuberosidade equivale à fixação
do músculo glúteo superficial. O corpo (diálise) do fêmur (8) é longo e exibe,
na porç.10 c.1udal, a face áspera (9) -uma área rugosa para inserção dos mús­
culos adutor magno e adutor curto. Essa face áspera é delimitada por lábio
lateral (lábio, -10) e lábio medial (11). A superfície poplítea (12) que sucede
a face áspera distalmente é margeada nos lados pela tuberosidade supracon­
dilar lateral (13), uma rugosidade para a origem da cabeça lateral do músculo
gastrocnêmio e do músculo flexor superficial dos dedos. Uma tuberosidade
supracondilar medial é a origem da cabeça medial do gastrocnêmio. O côndi­
lo femoral medial (14) é dotado caudalmente de uma superfície articular lisa
para o osso sesamoide medial (15) para articulação com o osso sesamoide do
gastrocnêmio (64) e de um epicôndilo medial (16) proeminente para fixação
do ligamento colateral medial da articulação femorotibial. O cõndilo femoral
lateral (17) com sua superfície articular para o osso sesamoide lateral (18) e
epicõndilo lateral ( 19) possui uma configuração correspondente. A fossa in­
tercondilar (20) encosta cranialmente na tróclea femoral (21), que atua como
uma superfície deslizante para a patela (69) entre as duas cristas da tróclea.
b) A tíbia e a fíbula são os ossos DA PERNA que se articulam nas extremidades
proximais e distais. Na altura do tarso, as extremidades distais da tíbia e da
fíbula projetam-se no sentido abaxial além dos limites da superfície articular
como o maléolo medial ou, respectivamente, lateral.
I. Os meniscos da articulação femorotibial fic.1m presos por ligamentos à su­
perfície articular proximal da tíbia (22). O côndilo medial da tíbia (23) é
separado do cõndilo lateral (25) pela eminência intercondilar (24), uma pro•
jeção proximomediana. O côndilo lateral possui a superfície articular fibular
(26) para a articulação com a cabeça da fíbula. Cranialmente a essa articulação,
verifica-se o sulco extensor (27) para o tendão do músculo extensor longo dos
dedos, que se origina na fossa extensora, uma pequena depressão lateral na
margem da junção da tróclea e do côndilo lateral. O corpo da tíbia (28) con­
tinua no sentido distal a partir dos côndilos. Na porção proximal, em sua face
3 cranial, esse corpo é dotado da tuberosidade da tíbia (29), que corresponde
ao local de término do ligamento patelar (tendão do quadríceps). A margem
cranial da tíbia (29') é distal à tuberosidade. Na extremidade distal da tíbia, a
cóclea da tíbia (30) é ultrapassada pelo maléolo medial (31).
76
11. Na fíbula, a cabeça (32), com sua superfície articular (33), é sucedida pelo
corpo (34) longo, que novamente é acompanhado na porção distal pelo ma­
léolo lateral (35). Os dois ossos da perna cercam o espaço interósseo crural
(36) entre eles.
c) Os ossos oo TARSO estão dispostos em três fileiras. Dos dois ossos da filei­
ra proximal, o medial, chamado tálus (37), possui na porção proximal corpo
(38), tróclea (39) e colo (40) na sequência, além de cabeça (41) na porção dis­
tal. O calcâneo (42) lateralmente localizado se projeta bem distante no sentido
proximal com sua tuberosidade do calcâneo (43), o que facilita sua funç.10
como alavanca para os extensores do tarso. O tendão do músculo flexor lateral
dos dedos corre sobre o sustentáculo do tálus (44) antes de se unir distal men­
te com o tendão do músculo flexor medial dos dedos para formar o tendão fle­
xor profundo dos dedos. O osso central do tarso (45) é o único osso da fileira
intermediária, onde se projeta o quarto osso do tarso, particularmente grande.
Os ossos do tarso Ia IV (46) formam a fileira distal dos ossos tarsais.
d) Os ossos METATARSA1s I A V consistem em base (47) proximal, corpo (48)
intermediário e cabeça ( 49) distal. O primeiro osso curto do metatarso pode
estar ausente. Ocasionalmente, esse osso pode estar dividido em dois ossos;
nesse caso, a parte proximal pode se fundir com o primeiro osso do tarso.
e) Na maioria dos casos, a descrição dos ossos dos dedos do membro torácico
( ver membro torácico) se comporta como a dos ossos oos DEDOS do membro
pélvico.
A falange proximal (50) e a falange média (51) são dotadas de base (52) na
porção proximal {com uma tuberosidade flexora indistinta da falange média),
corpo (54) intermediário e cabeça (55) distal. A tuberosidade flexora (53) in­
distinta exibe localização proximoplantar na base da falange média; essa tube­
rosidade corresponde à área de inserção do tendão flexor superficial dos dedos.
A falange distal ou osso unguicular (56) possui sua superfície articular (57)
na porção proximal e um processo extensor (58) indistinto na porção proxi­
modorsal, sobre o qual se insere o extensor dos dedos. O tubérculo flexor (59),
sobre o qual se insere o tendão flexor profundo dos dedos, é proximoplantar.
A crista unguicular (60) pontiaguda ultrapassa o sulco unguicular (61). A 4
parte distal do osso unguicular é o processo wtguicular (62), circundado pelo
como da unha.
Quando, apenas no primeiro dedo, a unha fica retida e o esqueleto ósseo cen­
tral de sustentaç.10 está ausente, emprega-se algumas vezes o termo "unha de
lobo" (também conhecida como quinto dedo) (paraunguícula, -63).
f) Dos ossos SESAM01Des, os ossos sesamoides do músculo gastrocnêmio (64)
foram abordados no contexto dos côndilos femorais. O osso sesamoide do
músculo popliteo (65) é caudolateral na articulação do joelho (femorotibiopa­
telar), na transição do tendão de origem do músculo com seu ventre. Os ossos
sesamoides proximais (66) são plantares na articulação metatarsofalângica.
Os sesamoides distais {67), que são plantares nas articulações interfalãngic.1s
distais, e os sesamoides dorsais nas articulações interfalângicas proximais
sfo cartilagíneos. Os sesamoides dorsais nas articulações metatarsofalângi­
cas (68) costumam ser ósseos. A patela (69) é o maior osso sesamoide do cor­
po, fica no tendão de inserção do músculo quadriceps femoral e possui superfí­
cie articular coberta por cartilagem para articulação com a tróclea do fêmur.
Membro pélvico
(Basset francês)
(vista medial)

Ossos do membro pélvico
(vista
craniomedial)
21
32
,:r/
Ili
46
1~
.,
61
Osso do fêmur
Cabeça do fêmur (1)
Fóvea da cabeça (2)
Colo do fêmur (3)
Trocante, maior (4)
Fossa trocantérica (5)
Trocanter menor (6)
Tuberosidade glútea (7)
Corpo do fêmur (8)
(vista caudolateral)
Face áspera (9)
Lábio lateral (1 O)
Lábio medial (11)
Superfície poplítea (12)
Tuberosidade supracondilar lateral (13)
Côndilo femoral medial (14)
Superfície articular para osso sesamoide medial (15)
Epicôndílo medial (16)
Côndilo femoral lateral (17)
Superfície articular para osso sesamoide lateral (18)
Epicôndilo lateral (19)
Fossa intercondilar (20)
Tróclea femoral (21)
Tíbia
Superfície articular proximal da tíbia (22)
Côndilo medial da tíbia (23)
Eminência intercondilar (24)
Côndilo lateral da tibia (25)
Superfície articular fibular (26)
Sulco extensor (27)
27
Corpo da tibia (28)
Tuberosidade da tíbia (29)
Margem cranial (29')
[Crista da tíbia)
Cóclea da tíbia (30)
Maléolo medial (31)
48
'
68
Fíbula
Cabeça da fibula (32)
Superfície articular (33)
Corpo da fibula (34)
Maléolo lateral (35)
Espaço interósseo crural (36)
Ossos do tarso
Tálus (37)
Corpo do tálus (38)
Tróclea do tálus (39)
Colo (40)
Cabeça (41)
Calcãneo (42)
Tuberosidade do calcãneo (43)
Sustentáculo do tálus (44)
Osso central do tarso (45)
Ossos 1, li, Ili, IV do tarso (46)
Ossos metatarsais I a V
Base (47)
Corpo (48)
Cabeça (49)
Ossos dos dedos
Falange proximal (50)
Falange média (51)
Base (52)
Tuberosidade flexora (53)
Corpo (54)
Cabeça (55)
Falange distal (56)
[Osso unguicular)
Superfície articular (57)
Processo extensor (58)
Tubérculo flexor (59)
Crista unguicular (60)
Sulco unguicular (61)
Processo unguicular (62)
Paraunguícula (63)
Sesamoides (64-69)
Ossos sesamoides do m. gastrocnêmio (64)
Osso sesamoide do m. popliteo (65)
Ossos sesamoides proximais (66)
Ossos sesamoides distais (cartilagíneos) (67)
Ossos sesamoides dorsais (cartilagíneos) (68)
Patela (69)
43
~r.·~~:;~:.
(vista lateral) '-" · ::.
49
67
77

2. Músculos da articulação do quadril e sua inervação
Rebater a pele do membro no sentido distal até o nível da articulação do tarso, preservando as grandes veias subcutãneas (ver p. 81 e 83). Após dis­
secção e exame, os músculos glúteo superficial, glúteo médio e bíceps femoral devem ser transeccionados na junção de seus terços médio e distal.
Diferentemente do procedimento habitual, a inervação pode ser estudada somente depois da secção dos músculos. Por esse motivo, a inervação
de um músculo será descrita após a descrição de seu grupo muscular. O músculo tensor da fáscia lata e os três grupos musculares, músculos das
nádegas, músculos isquiotibiais e músculos profundos da articulação coxal, compreendem os músculos da articulação do quadril.
a) A FÁSCIA SUPERFICIAL da região glútea corresponde à fáscia glútea (14). Es.~a
estrutura passa pela fáscia toracolombar e, na direção do fêmur, continua como
a fáscia lata multilam.inar, que é tensionada pelo músculo tensor da fáscia lata.
O músculo tensor da fáscia lata (3) se origina no túber da coxa e na parte
adjacente do ílio, mas se irradia com sua porção principal cranial em direção à
lâmina superficial da fáscia lata, que se funde na porção distal com o ligamento
patelar (tendão do quadríceps). A parte caudal do músculo tensor da fáscia
lata, em formato de leque, transpassa a porção profunda da fáscia lata, que ter­
mina no lábio lateral da área rugosa do fêmur (face áspera do osso do fêmur).
Função: tensor da fáscia lata e ílexor da articulação do quadril. Inervação:
nervo glúteo cranial.
b} Os MúscuLos DAS NÁDEGAS surgem da superfície glútea do ílio (músculos glú­
teos médio e profundo) ou do sacro e do ligamento sacrotuberoso (músculos
piriforme e glúteo superficial). Todos os músculos das nádegas terminam no
trocanter maior do fêmur. Função: extensão da articulação do quadril e abdu­
ção do membro. O músculo glúteo profundo faz a volta na face cranial da coxa
(e do membro) mediaimente.
O músculo glúteo superficial (2) exibe localização mais caudal e termina
mais distal mente na base do trocanter maior sobre a tuberosidade glútea. Esta
última fixação é observada com clareza após secção e rebatimento dos cotos
musculares.
O músculo glúteo médio (l) se origina dorsalmente na superfície glútea entre
a lin.ha glútea ventral e a crista ilíaca.
O músculo piriforme (6) (Henning, 1965) localiza-se em posição profunda
ao músculo glúteo médio e termina juntamente com este na parte caudal do
trocanter maior do fêmur.
O músculo glúteo profundo (7) possui uma ampla área de origem entre as
linhas glúteas ventral e caudal. As fibras desse músculo convergem, inserindo-­
-se na parte cranial do trocanter maior.
A inervação dos músculos das nádegas é feita pelos nervos glúteos cranial e
caudal, sendo que ambos emergem na incisura isquiática maior. O nervo glú­
teo caudal (17) entra na face medial do músculo glúteo superficial e, em casos
excepcionais, do músculo piriforme também. O nervo glúteo cranial (5) passa
entre os músculos glúteos médio e profundo. Além de o nervo glúteo cranial
inervar esses músculos e, geralmente, o músculo piriforme, um de seus ramos
nervosos atravessa a parte lateral do músculo glúteo profundo até terminar no
músculo tensor da fáscia lata.
1 c) Os MúscuLOs ,sau,one1A1S (músculos isquiáticos longos) englobam os mús­
culos bíceps femoral, semitendíneo e semimembr.ináceo. Tais músculos se
originam do túber isquiático e ainda (o bíceps femoral, no caso) da parte ad­
jacente do ligamento sacrotuberal. O abdutor crural caudal, que pode serdes­
crito nesse grupo, surge apenas do ligamento sacrotuberal. Função: extensão
da articulação do quadril, flexão da articulação do joelho e também extensão
da articulação do jarrete na medida em que terminam em um trato calcâneo
(músculos bíceps femoral e semitendíneo).
78
O músculo bíceps femoral (4) termina com uma ampla aponeurose no liga­
mento patelar (tendão do quadríceps) e na fáscia crural. Além disso, esse mús­
culo termina na tuberosidade do calcâneo pelo trato calcâneo lateral que, no
terço distal da perna, se funde com o trato calcâneo medial proveniente dos
músculos semitendíneo e grácil. Após secção do músculo bíceps femoral, fica
claro que o trato calcãneo lateral recebe reforço fascial proveniente do lábio
lateral da face áspera do fêmur ( e, por essa raz.'io, se emprega o termo "trato':
em vez de "tendão").
O músculo abdutor crural caudal (20) semelhante a uma tira se orig.ina da
parte distal do ligamento sacrotuberal, profundamente ao músculo bíceps fe­
moral. Além disso, a inserção do músculo abdutor mencionado se irradia em
direção à fáscia crural com a margem caudal do bíceps.
O músculo semitendíneo (16) de localiz.1ção caudolateral termina na parte
proximomedial da tíbia e, juntamente com o tendão do músculo grácil, é suce­
dido pelo trato calcâneo medial.
O músculo semimembranáceo (15), de localização caudomedial, possui dois
ventres musculares vigorosos. O cranial termina no côndilo medial do fêmur, e o
caudal, distalmente ao espaço articular femorotibial no côndilo medial da tíbia.
A inervação dos músculos isquiotibiais é feita por ramos musculares que pro­
vêm da parte proximal do nervo isquiático (18). No meio da coxa, esse nervo
acaba se dividindo no nervo tibial (13) e no nervo fibular (peroneal) comum
( 11). A parte cranial do músculo bíceps femoral surge do ligamento sacrotu­
beral e ainda recebe um ramo do nervo glúteo caudal (dessa forma, o termo
gluteobíceps pode ser corretamente utilizado para designar o bíceps femoral).
O músculo abdutor crural caudal é inervado por um ramo musculocutâneo
(12) do nervo fibular (peroneal) comum. Após emissão do ramo muscular, esse
pequeno nervo termina como um ramo cutâneo.
Em localização proximal à sua ramificação, o nervo isquiático (18} cruza a 2
incisura isquiática maior e, depois, passa sobre o colo do fêmur, mais preci­
samente no local onde esse colo está coberto pelos músculos profundos da
articulação do quadril. O nervo isquiático inerva a articulação do quadril, se
dividindo entre os músculos bíceps femoral e adutor magno no nervo tibial,
robusto (13), e no nervo fibular (peroneal) comum menor (11). A divisão do
nervo isquiático em nervos tibial e fibular (peroneal) comum fica nítida apenas
na metade distal da coxa, porque, na parte proximal da coxa, os dois nervos são
mantidos juntos em um envoltório comtun de tecido conjuntivo.
d) Os MÚSCULOS PROFUNDOS DA ARTICULAÇÃO DO QUADRIL (ver ilustração) são su­
pinadores do membro e dão a volta na face cranial da coxa (e do membro)
lateralmente.
A origem dos músculos profundos da articulação do quadril provém do osso
do quadril nas adjacências do forame obturador. A inserção desses músculos
ocorre na fossa trocantérica do fêmur e (do quadrado femoral apenas) imedia­
tamente distal à fossa na superfície caudal do fêmur. Na sequência craniocau­
dal, seguem os quatro músculos:
Os músculos gêmeos (8) se originam na região da incisura isquiática menor,
delimitando a margem caudal do músculo glúteo profundo.
O músculo obturador interno (19} tem sua origem internamente na margem
medial do forame obturador e segue com um forte tendão dorsal aos músculos
gêmeos semelhantes a um leque, que formam um sulco central por onde o
tendão passa.
O músculo obturador externo (9) possui uma área de origem semelhante na
margem medial do forame obturador, mas fica externamente sobre a pelve ós­
sea (ver também ilustração, p. 80). A partir desse músculo, apenas um tendão
terminal resistente localizado mais profundamente é visível na margem caudal
dos músculos gêmeos. Inervação: nervo obturador.
O músculo quadrado femoral (10) começa na porção ventromedial no túber
isquiático e termina na margem distal da fossa trocantérica.
A inervação é feita pelos ramos musculares do nervo isquiático (nervo rota­
dor), que se origina na margem caudal do músculo glúteo profundo a partir do
nervo isquiático. Uma exceção envolve o músculo obturador externo, inervado
apenas pelo nervo obturador.
Músculos profundos da articulação do quadril
(vista lateral)
9 M. obturador externo ---

Músculos da articulação do quadril
1 M. glúteo médio-
2 M. glúteo---
superficial
3 M. tensor da fáscia --
lata
4 M. bíceps femoral ------
(vista lateral)
5 N. glúteo cranial e
a. e v. glúteas
craniais------
6 M. piriforrne-
7 M. glúteo
profundo ----
8 Mm. gêmeos----
9 Tendão do
m. obturador externo ---
10 M. quadrado femoral------
11 N. fibular (peroneal) comum-----
12
Legenda:
21 Parte cranial do m. sartório
22 Fáscia lata
23 M. coccigeo
24 M. levantador do ânus
25 M. esfíncter externo do ânus
26 M. bulboesponjoso
27 M. isquiocavernoso
28 M. grácil
29 Porção profunda do m. glúteo
superficial
30 Ug. sacrotuberal
31 M. vasto lateral
32 M. adutor magno
a Nn. clúnios médios
b Ramos cutâneos da a. e v. glúteas
craniais
c Nn. (coccígeos) caudais
d A. e v. (coccígeas) caudais laterais
e N. cutâneo femoral caudal e ramos
cutâneos da a. e v. glúteas caudais
f Nn. clúnios caudais dorsais
Fáscia glútea
15 M. semimembranáceo
-16 M. semitendineo
N. glúteo caudal
----18 N. isquiático
--19 M. obturador interno
-20 M. abdutor crural
caudal
{ver p. 71, 73, 75)
g A. e v. glúteas caudais
h Ramos musculares
N. cutâneo sural caudal do n. tibial
N. cutâneo sural lateral do
n. fibular (peroneal) comum
k A. e v. femorais caudais distais
1 V. safena lateral
m Ln. popllteo superficial
79

3. Veia safena medial, nervo obturador, nervo femoral, músculos mediais da coxa,
espaço femoral (canal femoral)
Após exposição do quadríceps femoral e identificação de suas quatro cabeças, seccionar a cabeça do reto femoral a uma distância equivalente
à largura de um dedo, distal à sua origem a partir do ílio. Rebater o coto distal para obter um panorama geral das quatro cabeças. Para fazer isso,
a parte caudal do m. sartório deve ser obrigatoriamente deslocada no sentido caudal ou seccionada.
a) A VEIA SAFENA MEDIAL (6) origina-se da veia femoral na ponta do triângulo
femoral. Com a artéria safena (6) e o nervo safeno (12), a veia safena medial
corre no sentido distal em direção à perna, cruzando a articulação do joelho
(femorotibiopatelar) mediaimente. No terço proximal da perna, essa veia safe­
na se divide em ramo cranial (8) e ramo caudal (7).
b} O NERVO OBTURADOR (1) segue seu trajeto na superfície interna da pelve, por
uma lacuna do músculo levantador do ânus e, seguindo no sulco obturador
do osso púbis, continua até o forame obturador. Esse nervo atravessa o forame
obturador, inerva o músculo obturador externo (G) e emite ramos muscula­
res para os músculos adutores da coxa (músculos adutor magno, adutor curto,
pectíneo). Emergindo mediaimente entre os músculos adutor e pectíneo, o
nervo obturador penetra na superfície profunda do músculo grácil, que tam­
bém atua como adutor. O nervo obturador termina na face medial na articula­
ção do joelho com um ramo sensorial muito fraco.
1 O músculo grácil (5) tem sua 01igem final a partir da sínfise pélvica. As apo­
neuroses de origem dos músculos ipsi e contralateral originam-se do tendão
sinfisial (2) de placa dupla tendínea mediana, que fica entre os músculos adu­
tores direito e esquerdo, aos quais dá origem. O tendão sinfisial pode ser obser­
vado após a remoção das fibras carnosas de origem do músculo adutor magno.
No nível da articulação do joelho, o músculo grácil é sucedido pela fáscia cru­
ral e participa da formação do trato calcâneo medial.
O músculo adutor magno (4) origina-se em uma ampla área a partir da super­
fície lateral do tendão sinfisial, bem como a partir dos ossos púbis e ísquio ao
longo da sínfise pélvica. Esse músculo adutor magno possui inserção "carnosà'
de superfície larga na face áspera do fêmur.
O músculo adutor curto (3) surge a partir do tubérculo púbico ventral e ter­
mina, juntamente com o adutor magno, na porção proximal sobre a face áspe­
ra. Isso pode ser identificado com base no ramo nervoso típico que atravessa o
adutor curto antes de ingressar no adutor magno.
2 O músculo pectíneo (13, F) deve ser obrigatoriamente considerado um mús­
culo duplo, de acordo com seu desenvolvimento filogenético, por ser fundido
com o músculo adutor longo. No cão, o m. pectíneo incorpora o m. adutor lon­
go. Além de ser inervado pelo nervo obturador, o m. pectíneo frequentemente
possui outra inervação feita pelo nervo safeno ou pelo ramo femoral do nervo
genitofemoral. O músculo surge na eminência iliopúbica e no ângulo caudal
do anel inguinal superficial, mas termina no lábio medial da face áspera.
Músculos das articulações do quadril e do joelho
c) O NERVO FEMORAL (9) na região abdominal fica encravado no músculo iliop­
soas e segue seu trajeto juntamente com esse músculo através da lacuna neu­
romuscular. Em seguida, esse nervo emerge da superfície ventral do músculo
iliopsoas. Nesse local, o nervo femoral emite o nervo safeno (12), que inerva
a artictdação do joelho e corre como um nervo sensorial na superfície medial
do membro distal mente até o primeiro e o segundo dedos. Após liberação do
nervo safeno, o nervo femoral inerva o músculo sartório e as quatro cabeças
do músculo quadríceps femoral. O ramo emitido até o sart6rio pode surgir do
nervo safeno.
O músculo sartório (10) é dividido em partes cranial e caudal, que se origi­
nam na crista ilíaca e, respectivamente, na margem cranial da asa do ílio, e se
irradiam em direção às fáscias femoral e crural mediais. Função: adutor do
membro e extensor da articulação do joelho (femorotibiopatelar).
O músculo quadríceps femoral {ver ilustração) consiste nos músculos vasto 3
lateral (A), vasto intermédio (B) e vasto medial (11, C), que se originam na
porção proximal a partir do fêmur, e no músculo reto femoral (D), que se ori­
gina em posição craniodorsal ao acetábulo na espinha ilíaca ventral caudal. Em
virtude de sua origem a partir da pelve óssea, o músculo reto femoral pode atuar
como extensor da articulação do joelho e, ao mesmo tempo, como flexor da
articulação do quadril. Após rebatimento do músculo reto femoral seccionado,
todas as quatro cabeças do músculo ficam visíveis. O forte tendão de inserção
do músculo quadríceps femoral guarnece a patela e termina com o ligamento
patelar (E; esse ligamento é melhor denominado como tendão do quadríceps,
tendão do rn. quadríceps) na tuberosidade da tíbia, onde o tendão de inserção
está sustentado pela bolsa (subtendínea) infrapatelar distal (ver p. 87).
d) O ESPAÇO FEMORAL ou CANAL FEMORAL• localiza-se no triângulo femoral, que
é delimitado na base pelo ligamento inguinal, cranial mente pelo músculo sar­
tório caudal e caudalmente pelo músculo pectíneo. Na profundidade, o espa-
ço femoral semelhante a um sulco é delimitado pelo músculo iliopsoas e, na
superfície, coberto pela fáscia femoral medial. O espaço contém a artéria e a
veia femorais, bem como o nervo safeno. O acesso a esse espaço pela cavidade
abdominal é feito pelo anel femoral, que é fechado apenas pelo peritônio e
pela fáscia transversal. Na extremidade distal do triângulo femoral, os vasos
femorais passam profundamente na superficie caudal do fêmur e chegam à re­
gião poplítea. Esses vasos passam pelo espaço femoral caudodistalmente entre
os músculos adutor magno e semimembranáceo ou por uma fenda no adutor
magno que ocorre às vezes.
--M. poplíteo
(vista cranioventraQ W~*-l>¾---Ossos sesamoides
80
., · ...
~t: :·.:
do m. gastrocnêmio
----Face áspera
(articulação do quadril -flexão)
-F M. pectíneo
(e adutor longo)
----Eminência iliopúbica
M. quadríceps femoral:
------Fossa trocantérica
A M. vasto lateral -------
------G M. obturador externo
B M. vasto intermédio ----
C M. vasto medial ------
D M. reto femoral (secção) --
(articulação do quadril -extensão)
E Ug. patelar [tendão
do quadríceps] -------M~
Tuberosidade da tíbia ----
*O espaço femoral e o canal femoral são compreendidos como sinônimos por rnuitos anatomistas veterinários. Na medicina humana, o termo ''canal femoral" é definido de forma muito
diferente como o .. ,anal herniáriô', o local de ocorrência de hérnia femoral.

Membro pélvico
1
2
3
4
5 M. grácil ----------
7
8
Legenda:
a A. e v. ilíacas externas
b A. e v. femorais profundas
c V. e tronco pudendoepigástricos
d A. e v. femorais circunflexas mediais
e A. e v. femorais
f A. e v. ilíacas circunflexas superficiais
g A. e v. femorais circunflexas laterais
h A. e v. femorais caudais proximais
A. e v. femorais caudais médias
j A. e v. descendentes do joelho
k N. tibial
1 N. cutâneo sural caudal
m A. e v. plantares laterais
n A. e v. plantares mediais
o A. e v. tibiais craniais e
n. fibular (peroneal) profundo
p N. fibular (peroneal) superficial
q Ramo cranial da v. safena
lateral
r V. tarsal lateral
s A. e v. pedais dorsais
t V. tarsal medial
u Aa.
1 vv. e nn. dorsais comuns
dos dedos (li a IV)
v Ramo caudal da v. safena lateral
w N. abaxial plantar do dedo V do
n. plantar lateral
x A. e n. plantares do metatarso IV
do n. plantar lateral
y N. abaxial plantar do dedo li
do n. plantar medial
z Aa. e nn. plantares comuns
dos dedos li a IV da a. e do
n. plantares mediais
(ver p. 83, 85)
N. femoral
M. sartório
M. vasto medial
N. safeno
M. pectíneo (e adutor longo)
Legenda:
14 M. oblíquo externo do abdome (aponeurose)
15 Face medial da perna
16 Face lateral da perna
17 Anel inguinal externo (superficial)
18 Ug. inguinal
19 M. iliopsoas
20 M. semimembranáceo
21 M. semitendíneo
22 Trato calcãneo medial
23 Cabeça medial do m. gastrocnêmio
24 M. flexor superficial dos dedos
25 Tendões
26 Tendão calcãneo comum
Mm. flexores profundos dos dedos
27 M. flexor lateral dos dedos
28 M. flexor medial dos dedos
29 Tendão comum
30 Tendão do m. tibial caudal
31 M. tibial cranial
32 Retináculo extensor crural
33 Mm. interósseos
35 Trato do coxim do metatarso
(vista plantar)
81

4. Veia safena lateral, nervo fibular (peroneal) comum e nervo tibial; músculos crurais
(da perna) e músculo poplíteo
A pele do membro é rebatida até a extremidade distal do metatarso e o segundo dedo. Para dissecar as origens dos músculos da perna, sec­
cionam-se os músculos semitendíneo e grácil na transição com seus tendões de inserção. Para demonstrar o nervo fibular (peroneal) comum,
bem como as origens dos extensores dos dedos e dos flexores do tarso, o amplo tendão de inserção do músculo bíceps femoral tem de ser
fenestrado, conforme está demonstrado na ilustração, de modo que apenas duas fitas tendíneas terminais permanecem preservadas, cada uma
com extensão equivalente à largura de um dedo: (1) o tendão proximal com término no ligamento patelar; e (2) o tendão distal com término na
fáscia crural. É recomendável a preservação do trato calcâneo lateral.
1 a) A VEIA SAFENA LATERAL (25) origina-se na região poplítea a partir da veia fe­
moral caudal distal, dividindo-se no terço distal da perna em ramo cranial
(26) e ramo caudal (27). Os ramos craniais das veias safenas lateral e medial
unem-se por anastomose no dorso do pé {ver p. 85), na face flexora do tarso. A
partir de sua união, forma-se o grande tronco comum das veias dorsais comuns
dos dedos li a IV. Os ramos caudais das veias safenas lateral e medial também
sofrem anastomose proximal à face plantar do tarso. Cada veia continua no
sentido distal. O ramo caudal da veia safena lateral é grande, corre em sentido
distal na face plantar lateral da articulação do jarrete e, no nível da margem
proximal do coxim do metatarso, forma o arco venoso plantar superficial. l:
esse arco que recebe as veias plantares comuns dos dedos II a IV.
2 b) 0 NERVO FIBULAR (PERONEAL) COMUM (21)* surge como uma divisào lateral do
nervo isquiático. Antes de cruzar a cabeça lateral do músculo gastrocnêmio, o
nervo fibular (peroneal) comum emite o nervo cutâneo sural lateral (22) que,
no nível da região poplítea, penetra entre as porções principais e acessórias do
músculo bíceps femoral e chega à pele. Depois disso, o nervo fibular (peroneal)
comum entra na musculatura da perna lateralmente e, nesse local, divide-se no
nervo fibular (peroneal) superficial (8) e no nervo fibular (peroneal) pro­
fundo (9). São esses nervos que fornecem os ramos musculares distais para os
flexores do tarso e extensores dos dedos. Ambos os nervos passam distalmente
na face flexora do tarso. O nervo fibular (peroneal) superficial é craniolateral,
enquanto o profundo corre craniomedialmente pela abertura anelar do retiná­
culo extensor crural. Depois disso, o nervo fibular (peroneal) superficial emite
os nervos dorsais comuns dos dedos II a IV (o primeiro e o segundo dedo são
inervados dorsalmente pelo nervo safeno). O nervo fibular (peroneal) profun­
do emite um ramo muscular para o músculo extensor curto dos dedos ( 15),
mas acaba se dividindo nos nervos dorsais dos metatarsos II a IV (ver p. 85).
3 c) Os MÚSCULOS CRURAi$ (DA PERNA) CRANIOLATERAIS consistem nos flexores do
tarso e extensores dos dedos. Na sequência craniocaudal, segue a descriç,io
desses músculos:
I. O músculo tibial cranial (4) orig.ina-se lateralmente na margem cranial da
tíbia. Esse músculo estende-se, juntamente com os músculos extensor longo
dos dedos e do dedo 1, bem como com o nervo fibular (peroneal) profundo,
através do retináculo extensor crural e termina proximal mente no primeiro e
no segundo ossos do metatarso.
4 II. O músculo extensor longo dos dedos (7) tem sua origem na fossa extenso­
ra do fêmur (por essa ra,Àio, é um músculo extensor longo dos dedos) e, depois
da divisão de seu tendão de inserção, termina na falange distal de todos os de­
dos. Com os músculos tibial cranial e extensor do dedo I, o músculo extensor
longo dos dedos passa profundamente ao retináculo extensor crural e, depois
disso, como o único músculo, passa dentro da abertura anelar do retináculo
extensor tarsal.
III. O músculo extensor do dedo 1 repousa como mn músculo imperceptível
nos dois terços distais da tíbia, profundamente ao músculo extensor longo dos
dedos. Além disso, o músculo extensor do dedo I surge proximalmente a partir
da fíbula, mas termina no primeiro e no segundo dedos.
IV. O músculo fibular (peroneal) longo (3)• tem início na cabeça da fibula
e na porção proximal da tíbia. Esse músculo cruw os tendões dos músculos
fibular (peroneal) curto e extensor lateral dos dedos, mas se fixa na face plantar
com um tendão transversal nas extremidades proximais dos ossos do metatar­
so e termina na face medial no primeiro osso do tarso.
V. O músculo extensor lateral dos dedos (10) origina-se no terço proximal da
fíbula e une-se ao extensor longo dos dedos na falange proximal do dedo V.
VI. O músculo fibular (peroneal) curto (11) surge nos dois terços distais da
fíbula, mas termina proximalmente no osso V do metatarso.
d) Antes de passar profundamente entre as duas cabeças do músculo gastroc­
nêmio, o NERVO TIBIAL (23) não só libera os ramos musculares distais para os
extensores do tarso e os flexores dos dedos, mas também emite o nervo cutâ­
neo sural caudal (24). Esse nervo cutâneo cruza a cabeça lateral do músculo
gastrocnêmio e atravessa ou penetra no trato calcâneo lateral. Além de iner­
var a área cutânea caudal da perna, esse nervo cutâneo sural caudal se une
novamente com o nervo tibial a uma distância equivalente à largura de um
dedo proximal à tuberosidade do calcâneo. Depois disso, o nervo tibial cruza
o sustentáculo do tálus em posição profunda ao retináculo flexor e sobre a face
plantar do tendão flexor lateral dos dedos (ver adiante). Nesse local, esse nervo
tibial se divide nos nervos plantares medial e lateral. O nervo plantar medial
(19) emite os nervos plantares comuns dos dedos II a IV, e o nervo plantar
lateral (18), os nervos plantares dos metatarsos II a IV.
3 e) Os MÚSCULOS CRURAIS (oA PERNA) CAUDAIS consistem nos extensores da articu­
lação do jarrete (tibiotarsal) e/ou flexores do dedo.
82
I. O músculo gastrocnêmio é o músculo extensor da articulação do jarrete. No
tendão de origem de sua cabeça lateral (l) e de sua cabeça medial (2), encon­
tram-se os ossos sesamoides do músculo gastrocnêmio que se articulam com o
cõndilo lateral ou medial subjacente do fêmur, respectivamente. A inserção do
gastrocnêmio é feita por tendão (também conhecido como tendão calcâneo ou
tendão de Aquiles) sobre a tuberosidade do calcâneo.
II. O músculo flexor superficial dos dedos (6) se origina na tuberosidade
supracondilar lateral do fêmur, estando circundado na porção proximal pelo
músculo gastrocnêmio. Após secção da cabeça medial do músculo gastrocnê­
mio, o músculo flexor superficial dos dedos pode ser removido de seu envol­
tório muscular. Sua continuação como o tendão flexor superficial dos dedos
recebe o nome de tendão plantar até a tuberosidade do cakâneo e, juntamente
com o trato calcâneo e o tendão gastrocnêmio (calcãneo), forma o tendão cal­
câneo comum (12). A partir de uma posição inicialmente cranial ao tendão s
gastrocnêmio, o tendão flexor superficial dos dedos ( 17) cruza a face medial
do tendão gastrocnêmio e chega, em posição caudal a esse tendão, no jarrete.
Esse tendão flexor superficial dos dedos alarga-se na tuberosidade do calcâneo
para formar a cabeça do calcâneo expandida (16). O tendão se ramifica na 6
face plantar do metatarso e cada um de seus ramos, depois de formarem a
manga flexora em formato de túnel (ver p. 23) no nível da articulação metatar­
sofalângica, corre em sentido plantar até se inserir na falange média do dedo. A
cabeça do calcãneo é fixada à tuberosidade do calcâneo lateral e mediaimente
por retináculos. Sobre a cabeça do calcâneo, repousa a bolsa calcâneasubcutâ­
nea (adquirida) inconstante e, profundamente a essa cabeça, a bolsa calcânea
subtendínea (13), que fica aberta após secção da parte lateral do retináculo
flexor (14) e rebatimento da cabeç,1 do calcâneo para a face medial.
III. O músculo flexor profundo dos dedos (ver também ilustração) é com­
posto do músculo flexor lateral dos dedos (5) grande e do músculo flexor
medial dos dedos (C)" menor. O músculo tibial caudal (B), muito pequeno,
surge na cabeça da fibula e, no cão, termina com um tendão muito longo e
fino no osso central do tarso. Nos ungulados domésticos, o músculo é maior
e seu tendão contribui para a formação do tendão flexor profundo. Os dois
músculos que, juntos, compõem o flexor profundo dos dedos, se originam na
porção proximocaudal a partir da tíbia e da fíbula. Os tendões desses músculos
passam separadamente sobre a face flexora da articulação do tarso, unindo-se
na face plantar proximal do metatarso para formar o tendão flexor profundo
dos dedos (20). Os ramos desse tendão flexor profundo dos dedos seguem seu
trajeto através da manga flexora (em formato de túnel) dos ramos do tendão
flexor superficial dos dedos, estendendo-se até os ossos unguiculares.
f) 0 MÚSCULO FLEXOR ESPECIAL DA ARTICULAÇÃO 00 JOELHO (ver ilustração) é repre­
sentado pelo músculo poplíteo (A). Esse músculo também atua na rotação da tí-7
bia sobre o fêmur, girando a face cranial da perna mediaimente -uma ação aná­
loga à pronação do membro torácico. A inervação do poplíteo é feita pelo nervo
tibial. O músculo se origina pelo tendão na fossa poplítea do côndilo lateral do
fêmur. O ventre desse músculo fica locali7.ado na região poplítea profundamente
ao músculo gastrocnêmio e preso à parte proximomedial da superfície caudal
da tíbia. O osso sesamoide do músculo poplíteo (ver também p. 87) encontra-se
dentro do tendão de origem em sua transiç,'io com o ventre do músculo.
Músculos flexores profundos dos
dedos e músculo poplíteo
A M. poplíteo ---------
B M. tibial caudal -------
C M. flexor medial dos dedos -
(vista caudaQ
i.:Na Nômina Anatômica Veterinária (1994), o termo peroneal é utilizado como sinônimo de fibular.
'*O músculo flexor medial dos dedos também é designado como mtísc11/o flexor longo dos dedos, e o músculo flexor lateral dos dedos, como músculo flexor longo do dedo/.

Membro pélvico
Legenda:
28 Ln. poplaeo superficial
29 M. bíceps femoral
30 Trato calcâneo lateral
31 M. semitendineo
32 Trato calcâneo medial
33 Tendão calcâneo
34 Tendão plantar do
m. flexor superficial
dos dedos
35 M. flexor medial dos
dedos
36 M. abdutor do dedo V
37 M. interósseo
38 M. sartório
39 Fáscia lata
40 M. adutor magno
41 M. semimembranáceo
42 M. abdutor crural caudal
43 Retináculo extensor crural
44 Retináculo extensor tarsal
45 Tendão do m. fibular
(peroneal) longo
46 Tendão do m. fibular
(peroneal) curto
47 Tendões dom. extensor
longo dos dedos
48 Tendão dom. extensor
lateral dos dedos
49 Calcâneo
50 Mm. interflexores
51 Mm. lumbricais
52 Trato do coxim do metatarso
53 Ligg. anulares plantares
Legenda:
a N. abaxial plantar do dedo V
do n. plantar lateral
b A. e n. plantares do
metatarso IV da a. e do
n. plantares laterais
c Ramo caudal da v. safena
medial
d Ramo caudal da a. safena
e V. tarsal medial da v. safena
medial (ramo cranial)
N. abaxial plantar do dedo li
do n. plantar medial
g Aa. e nn. plantares comuns
dos dedos li a IV da a. e do
n. plantares mediais
h Arco plantar superficial
V. plantar comum do dedo Ili
Aa., vv. e nn. plantares
próprios dos dedos
k V. femoral caudal distal
1 V. tarsal lateral da v. safena
lateral (ramo cranial)
m Ramo cranial da a. safena
n A., v. e n. dorsais comuns do
dedo IV
o N. abaxial dorsal do dedo V
do n. fibular (peroneaO
superficial
(vista caudal)
------21 N. fibular (peroneal) comum
3 M. fibular (peroneaQ ---
longo
4 M. tibial cranial------
5 M. flexor lateral dos dedos-
6 M. flexor superficial dos dedos
7 M. extensor longo dos dedos-
8 N. fibular (peroneal) superficial-
9 N. fibular (peroneal) profundo--
e a. e v. tibiais craniais
10 M. extensor lateral dos dedos -----
11 M. fibular (peroneaQ curto -------
------12 Tendão calcâneo comum--------
13 Bolsa calcânea subtendínea -------
14 Retináculo flexor lateral -----------
15 M. extensor curto dos dedos---------------
------16 Cabeça do calcâneo
-----17 Tendão flexor superficial
dos dedos
-----18 A. e n. plantares laterais
-----19 A. e n. plantares mediais-
-----20 Tendão comum dos ---
mm. flexores profundos
dos dedos
(vista plantar)
(ver p. 79, 81, 85)
N. cutâneo sural lateral
N. tibial
N. cutâneo sural caudal
V. safena lateral
Ramo cranial
Ramo caudal
45
36
83

84
5. Artérias com vasos e nervos acompanhantes do membro pélvico
Com a dissecção das artérias, as veias satélites de mesmo nome são consideradas e os nervos acompanhantes são recapitulados. Nessa dis­
secção, secciona-se o músculo poplíteo em sua inserção na margem medial da tíbia para permitir o exame dos vasos poplíteos.
a) A REGIÃO 00 GRUPO MUSCULAR E DA FACE LATERAL DA COXA é irrigada por ra­
mos parietais da artéria ilíaca interna (ver p. 79). A artéria glútea cranial (2)
com seus ramos cutâneos e na companhia dos nervos clúnios médios aparece
superficialmente na margem cranial proximal do músculo glúteo superficial.
Os ramos mais profundos da artéria glútea cranial acompanham os ramos do
nervo glúteo cranial (1) entre os músculos glúteos médio e profundo, que são
supridos por artérias ou nervos, respectivamente. Com sua artéria coccígea
(caudal) lateral (ver p. 79) e os nervos clúnios caudais acompanhantes, a gran­
de artéria glútea caudal (3) passa proximal mente sob a pele na margem caudal
do músculo glúteo superficial. Com ramos de localízação profunda, a artéria
glútea caudal acompanha o nervo isquiático caudalmente e irriga o músculo
glúteo superficial, bem como as cabeças de origem dos músculos isquiotibiais.
b) COXA E PERNAS são irrigadas pelas continuações distais da artéria ilíaca ex­
terna.
Em posição imediatamente proximal à lacuna vascular, a artéria ilíaca externa
{8) acaba se dividindo na artéria femoral (10) e na artéria femoral profunda
(9). A artéria femoral profunda, por sua vez, emite o tronco pudendoepigástri­
co, um tronco comum curto das artérias epigástrica caudal e pudenda externa;
ou então, as artérias epigástrica caudal e pudenda externa originam-se sepa­
radamente da artéria femoral profunda, sem a formação de qualquer tronco.
Após emissão do tronco pudendoepigástrico ou dos vasos separados, a artéria
femoral profunda continua como a a1téria circunflexa medial, que segue em
sentido caudal profundamente ao músculo pectíneo. Essa artéria circunflexa
medial passa sobre a superfície cranial do adutor magno, o qual irriga. Um
ramo corre na direç.'\o caudal entre os músculos adutor magno e obturador
externo, sofrendo anastomose nesse local com a artéria circunflexa femoral
lateral. A artéria circunflexa femora.l lateral {12) e a artéria ilíaca circunflexa
superficial (11) se originam a uma distância equivalente à largura de um dedo
distal à lacuna vascular por um tronco comum ou individualmente a partir da
parede cranial da artéria femoral. A artéria ilíaca circunflexa superficial corre
entre os músculos sartório e tensor da fáscia lata até chegar ao músculo reto
femoral. A artéria femoral caudal proximal (4) surge no meio do caminho do
triângulo femoral a partir da parede caudal da artéria femoral e segue profun­
da e lateralmente ao músculo grácil em direção à musculatura da face medial
da coxa. Na extremidade distal do triângulo femoral, a artéria femoral emite
craniodistalmente a artéria descendente do joelho (13) para o músculo vasto
medial e a articulação femorotibiopatelar (articulação do joelho), mas caudo­
distalmente a artéria femoral caudal média (5) de localização profunda para
a parte cranial do músculo semimembranáceo. Em posição proximal à artéria
descendente do joelho, a artéria femoral emite a artéria safena que exibe lo­
calização superficial e acompanha a veia safena medial. Com sua veia satélite,
a artéria safena (16) se divide no terço proximal da perna em ramos cranial
e caudal. O ramo cranial (17) da artéria safena segue seu trajeto no sentido
distal sobre o músculo tibial cranial e, no dorso do pé, libera as artérias dorsais
comw1s dos dedos I a IV. O ramo caudal da artéria safena passa distalmente
sobre a cabeça medial do músculo gastrocnêmio, dividindo-se na face plantar
medial da articulação do jarrete em artéria plantar medial ( 19) e artéria plan­
tar lateral (18). A artéria plantar medial emite as artérias plantares comuns dos
dedos li a IV, e a artéria plantar lateral se une à artéria metatarsal perfurante e
um ramo profundo da artéria plantar medial para formar o arco plantar pro­
fundo, que fica localizado profundamente aos tendões flexores em relação às
partes proximais dos músculos plantares da pata (pé). As artérias plantares
dos metatarsos li a IV se originam do arco plantar profundo. A artéria femo­
ral caudal distal ( 6) e a artéria poplítea ( 14) correspondem aos ramos finais
da artéria femoral. Na região poplítea, a artéria femoral caudal distal irriga os
músculos isquiotibiais e o gastrocnêmio. (A veia femoral caudal distal acompa­
nhante é contínua nesse local com a veia safena lateral que, não acompanhada
por artéria correspondente, corre em sentido distal sobre a cabeça lateral do
músculo gastrocnêmio. A safena lateral se divide no terço distal da perna em
ramo cranial e ramo caudal.)
Legenda (ver figura da página seguinte)
20 Tronco lombossacral
21 N. glúteo caudal
32 V. safena lateral
33 Ramo caudal
A artéria poplítea (14) consiste na continuação da artéria femoral e fica em
posição profunda ao músculo poplíteo. Essa artéria poplítea emite vários ra­
mos para a articulaç.'io do joelho, dividindo-se profundamente ao músculo po­
plíteo na artéria tibial caudal mais curta e um pouco menor e na artéria tibial
cranial mais longa e maior. A artéria tibial cranial (15) passa na face craniola­
teral através do espaço interósseo crural e, com a veia de mesmo nome e unida
pelo nervo fibular (peroneal) profundo, segue em sentido distal sobre a super­
fície cranial da tíbia. Na porç.'io distal da perna, essa artéria tibial cranial passa
sob o retináculo extensor crural, ficando pró xi ma à tíbia e profundamente aos
músculos tibial cranial e extensor longo dos dedos. No dorso dos pés, a artéria
tibial cranial continua como a artéria dorsal do pé (7) que, na porção distal do
tarso, termina como a artéria arqueada com as artérias dorsais dos metatarsos
II a IV, originárias desta última.
c) A IRRIGAÇÃO E INERVAÇÃO DO PÉ são feitas predominantemente por artérias, veias
e nervos dorsais comuns dos dedos que correm na superficie e pelas respectivas
artérias, veias e nervos plantares comuns dos dedos, bem como por artérias, veias
e nervos dorsais e plantares do metatarso situados na profundidade.
I. No dorso dos pés, as artérias dorsais comuns dos dedos I a N passam pelo
ramo cranial da artéria safena. As veias dorsais comuns dos dedos II a IV origi­
nam-se do grande tronco comum, formado pela união dos ramos craniais das
veias safenas medial e lateral. Os nervos dorsais comuns dos dedos são ramos
do nervo fibular superficial. As veias dorsais dos metatarsos 11 a IV surgem do
arco venoso dorsal profw1do, que é satélite à artéria arqueada e sucedida proxi­
mal mente pela veia dorsal do pé. Os nervos dorsais dos metatarsos li a N são
ramos do nervo fibular profundo.
11. Na superfície plantar do pé (planta), as artérias plantares comuns dos de­
dos II a IV passam pela artéria plantar medial. As artérias plantares dos meta­
tarsos li a IV se originam do arco plantar profundo, que é suprido pela artéria
plantar lateral, por um ramo profundo da a1téria plantar medial e por um ramo
perfurante ("artéria metatarsal perfurante") oriundo da artéria dorsal do meta­
tarso li. As veias plantares comuns dos dedos li a IV seguem até o arco venoso
plantar superficial, que é formado pelo ramo caudal da veia safena lateral e por
um afluente (tributário) medial da veia dorsal do pé e do tronco venoso dorsal
comum dos dedos. As veias plantares dos metatarsos li a IV passam para o arco
venoso plantar profundo, que é satélite ao arco plantar profundo formado pelas
artérias. Em sua extremidade lateral, o arco venoso plantar profundo corre até
o ramo caudal da veia safena lateral. Os nervos plantares comuns dos dedos li
a IV constituem ramos do nervo plantar medial, enquanto os nervos planta­
res dos metatarsos II a IV correspondem a ramos do nervo plantar lateral. Os
nervos plantares medial e lateral referem-se a ramos terminais do nervo tibial.
d) Os VASOS LJNFAT1cos começam distal mente na região dos dedos e dos coxins
(digitais e metatarsais) com uma rede bem desenvolvida de capilares linfáticos,
que são adequados para linfografia direta. (Os meios de contraste radiopacos
aplicados chegam aos vasos linfáticos indiretamente pelo tecido conjuntivo.)
A partir da região distal do membro pélvico, os vasos linfáticos superficiais
seguem para olinfonodo poplíteo superficial (ver p. 83) que fica na região po­
plítea entre os músculos bíceps femoral e semitendíneo. Depois disso, os vasos
linfáticos superficiais correm predominantemente para os linfonodos inguinais
superficiais e, a partir daí, através do canal inguinal para os linfonodos ilíacos
mediais. Os vasos linfáticos profundos também chegam ao linfonodo poplíteo
e, a partir daí, de forma variável aos linfonodos ilíacos mediais. Por um lado,
esses vasos seguem seu trajeto em companhia dos nervos tibial e isquiático até
os linfonodos sacrais e, a partir daí, até os linfonodos ilíacos mediais. Por outro
lado, esses vasos seguem com a artéria e a veia femorais e, por meio do espaço
e anel femorais, ao linfonodo iliofemoral inconstante e, por fim, aos linfono­
dos ilíacos mediais. A partir dos linfonodos ilíacos mediais, a linfa flui para a
cisterna do quilo e pode passar pela via dos linfonodos aórticos lombares. A
continuação cranial da cisterna do quilo é o dueto torácico, que transporta a
linha para o ângulo venoso entre as veias jugulares externa e interna.
41 A. tibial cranial, ramo superficial
42 V. tarsal medial
22 N. isquiático
23 N. rotador
34 Anastomose com ramo caudal
da v. safena medial
43 A., v. e n. abaxiais dorsais do dedo V
44 A. arqueada
24 N. tibial
25 Ramo muscular (do n. isquiático)
26 N. cutâneo sural caudal (do n. tibiaQ
27 N. fibular (peroneaQ comum
28 Ramo musculocutâneo
29 N. cutâneo sural lateral
30 N. fibular (peroneal) profundo
31 N. fibutar (peroneal) superficial
35 Ramo cranial
36 Anastomose com ramo cranial da
v. safena medial
37 V. safena medial e a. safena, ramo
caudal
38 Tronco pudendoepigástrico
39 N. femoral
40 N. safena
45 Arco (plantar) dorsat profundo
46 Arco (plantar) dorsal superficial
47 Aa., w. e nn. dorsais (plantares) do metatarso
48 Aa., w. e nn. dorsais (plantares) comuns dos dedos
49 Aa., w. e nn. dorsais (plantares) próprios dos dedos
50 N. abaxial plantar do dedo V
51 N. abaxial plantar do dedo li

Artérias, veias e nervos do membro pélvico
(Basset francês)
N. glúteo cranial-------------
2 A. e v. glúteas craniais -----------,,,,,,o
3 A. e v. glúteas caudais--------
24
25
4 A. e v. femorais caudais proximais -------
26
6 A. e v. femorais caudais distais-------------
(vista dorsomedial)
7 A. e v. dorsais do pé-
(vista medial)
40
8 A. e v. ilíacas externas
9 A. e v. femorais profundas
A. e v. femorais
-11 A. e v. ilíacas circunflexas superficiais
A. e v. femorais circunflexas laterais
A. e v. descendentes
do joelho
..-:?.'o+l:-':'ll;------'l,l,',-:.,.,--e-ír,:---14 A. e v. popliteas
50
A. e v. tibiaís craniais
A. safena e v. safena
medial
Ramo cranial
A. e n. plantares laterais
A. e n. plantares mediais
(ver p. 81, 83)
85

1
2
3
4
86
6. Estruturas sinoviais do membro pélvico
a) ARTICULAÇÕES 00 MEMBRO PéLVICO
Nome Ossos participantes Forma/Composição Função Comentários
I. Articulação sacroilíaca Superfícies auriculares Articulação plana, Anfiartrose Essa articulação estreita corresponde à conexão
do sacro e ílio articulação simples do membro pélvico ao tronco.
II. Articulação do quadril Acetábulo formado Articulaç.'\o esferóidea, Articulação livre O ligamento da cabeça do fêmur ancora a cabeça
pelos ossos ílio, ísquio, articulação composta (todos os movimentos desse osso ao acetábulo e, pelo menos em cães
púbis e acetábulo/ possíveis) jovens, conduz os vasos sanguíneos (a. epifisial}
cabeça do fêmur até a cabeça do fêmur.
III. Articulação femorotibio-
patelar (articulação genual,
articulação do joelho)
Articulação femorotibial Cõndilos lateral e me-Articulação espiral, Gínglimo com ação de Dois meniscos fibrocartilagíneos compensam as
dia! do fêmur e da tíbia articulação composta frear, principalmente superfícies incongruentes do fêmur e da tíbia,
Ossos sesamoides dos uniaxial com movimen-além de atuarem na absorção de impacto. Os
músculos gastrocnêmio tos leves de abdução meniscos ficam presos por ligamentos menis-
e poplíteo e adução, bem como cais entre si e à tíbia. O ligamento meniscofe-
rotação da tíbia em seu moral estabelece uma conexão do menisco la-
eixo longitudinal teral ao fêmur. A forma dos meniscos é alterada
com os movimentos da articulação.
Articulação femoropatelar Tróclea do fêmur/ Articulação deslizante, Movimento de desliza-A patela é um osso sesamoide que fica incrusta-
superfície articular da articulação simples mento do no tendão terminal do músculo quadríceps
patela femoral e, por meio de sua inserção (ligamento
patelar), preso à tuberosidade da tíbia.
IV. Articulação tibiofibular Tíbia/cabeça da fíbula Articulação plana, Articulação estreita Comunica-se com a articulação do joelho.
proximal articulação simples sem movimento
V. Articulação tibiofibular Extremidades distais Articulaç.'io plana, Articulação estreita Comunica-se com a articulação tarsocrural.
distal da tíbia e da fíbula articulação simples sem movimento
VI. Articulação tibiotarsal Articulação composta Para os itens a) e b ), há uma grande cavidade
(jarrete) a1ticular comum. Dentro de b), entre a tróclea do
tálus e o sustentáculo do tálus, há uma cavidade
articular pequena e separada que não se com uni-
ca com a cavidade articular comum. Os itens c) e
d) possuem suas próprias cavidades articulares.
a) Articulação tarsocrural Cóclea da tíbia/tróclea Articulaç.'io coclear, Gínglimo, rotação leve Os ligamentos da articulação do jarrete con-
do tálus/superfície arti-articulação composta principalmente em a), sistem em ligamentos longos, que unem várias
cular do maléolo lateral menos em b} articulações, e ligamentos curtos, que unem
b} Articulação intertarsal Entre o tálus, o cakâneo, Articulação plana, articulações isoladas. O ligamento colateral late-
proximal* o osso central do tarso e articulação composta ral longo do tarso estende-se desde o maléolo
o osso N do tarso lateral até a extremidade proximal do osso V do
c) Articulação intertarsal Entre o osso central do Articulação plana, Em c) -e), há pouca
metatarso. É superficial aos ligamentos curtos.
distal• tarso e os ossos I a lll articulação composta mobilidade
O ligamento colateral medial longo do tarso
do tarso
estende-se desde a tíbia até os ossos I e li do
d} Articulação metatarsal Entre os ossos I a IV do Articulação plana,
metatarso. O ligamento plantar longo estende-
do tarso tarso e os ossos II a V articulação composta
-se desde o calcâneo até o osso IV do metatarso.
do metatarso
Outros ligamentos podem ser estudados nas
e) Articulações (perpendiculares) intertarsais: articulações perpendiculares estreitas entre os ossos do
ilustrações adiante.
tarso.
VI. As ARTICULAÇÕES oos oEoos são semelhantes àquelas da mão.
A cápsula articular estreita e os ligamentos (ligamento sacrotuberal, bem como
ligamentos sacroilíacos dorsal e ventral) da articulação sacroilíaca são afrou­
xados no final da gestaç.'io e permitem certa dilatação do canal de parto.
Na articulação do quadril, o ligamento transverso do acetábulo fa;,_ ponte so­
bre a incisura acetabular, mas o lábio do acetábulo, que é fibrocartilagíneo,
aprofunda a cavidade articular sem se projetar além dos limites do "equador"
da cabeça do fêmur. Por esse motivo, no cão, a articulação do quadril é do tipo
esferõidea e não uma enartrose.
A articulação do joelho (femorotibiopatelar} é composta pelas articulações
femorotibial e femoropatelar. A primeira possui dois sacos articulares que se
comunicam abertamente e que outra vez se comunicam com as articulações
femoropatelar e tibiofibular proximal, bem como as articulações dos ossos se­
samoides do músculo gastrocnêmio com os côndilos femorais. A cápsula da
articulação do joelho também guarnece os tendões de origem dos músculos
poplíteo e extensor longo dos dedos como uma bainha tendínea capsular, por
meio da qual esses tendões são integrados na articulação. A cápsula articular se
fixa à convexidade dos meniscos (ligamentos cruzados; ver anatomia clínico­
-funcional 86.2).
b) BOLSAS SINOVIAIS
A bolsa isquiática do músculo obturador interno fica entre o músculo e a
incisura isquiática menor.
A bolsa trocantérica do músculo glúteo superficial está presente em cerca de
um terço dos espécimes. Essa bolsa está situada entre o tendão de inserção do
músculo e o trocanter maior.
A bolsa trocantérica do músculo bíceps femoral é encontrada entre o múscu­
lo e o tendão de inserç.'io do glúteo superficial.
A bolsa infrapatelar distal localiza-se profundamente ao ligamento patelar
sobre a tuberosidade da tíbia.
A bolsa calcânea subtendínea do músculo flexor superficial dos dedos fica
em posição profunda à cabeça do calcâneo desse músculo, sobre a tuberosída­
de do calcàneo.
c) BAINHAS SINOVIAIS
No cru1,amento da articulação do jarrete, os tendões ficam protegidos por bai­
nhas sinoviais. Como exceção, há o tendão flexor superficial dos dedos, cuja
bolsa subtendínea exerce função semelhante. As bainhas tendíneas das articu­
lações dos dedos são similares àquelas do membro torácico.
*Na nomenclatura anatômica, utilizam.se os termos articulação talocalcaneocentral e articulação calcaneoquartal em vez de articulação intertarsal proxirnal; e, em vez de articulação
intertarsal distal, emprega-se o termo articulação centrodistal.

Articulações, bolsas e bainhas sinoviais
Legenda:
1 M. quadríceps femoral
2 M. semimembranáceo
Legenda:
(vista dorsal)
-Ligg. sacroilíacos
dorsais
Articulação do quadril
3 M. grácil
4 M. semitendineo
-Lig. transverso do acetábulo
----:;,
Lig. da cabeça do fêmur-
Articulação do quadril
5 M. gastrocnêmio
6 M. poplíteo
7 M. flexor superficial dos dedos
8 M. tibial cranial
(vista medial) (vista lateral) (vista caudomedial)
-Patela ________ ....,..
!i.ii,'""""+ -Lig. femoropatelar medial
~--Cápsula articular
, -Coxim gorduroso infrapatelar
-Menisco medial
-Bolsa infrapatelar distal--
Articulação do joelho
'-l~:tt -Lig. femoropatelar lateral
-.'L"7--Osso sesamoide do ------
m. gastrocnêmio
Menisco medial-----------
~~~Menisco lateral -------
1"'/l'.s-~lH-Recesso subextensor
Osso sesamoide do m. poplíteo
Articulação do joelho
Mm. flexores profundos dos dedos:
9 M. flexor medial dos dedos
11 M. extensor longo dos dedos
12 M. fibular (peroneaQ longo
14 M. fibular (peroneal} curto
15 M. extensor curto dos dedos
16 M. abdutor do dedo V
17 M. quadrado plantar
18 M. interósseo
1 O M. flexor lateral dos dedos
Legenda:
A Lig. colateral medial
B Lig. patelar
13 M. extensor lateral dos dedos
(vista lateral) (vista medial)
\'li""--Bolsa do tendão calcãneo
Bolsa calcânea
subtendínea dom. flexor
superficial dos dedos -4...+,11
Bainhas sinoviais---~9'---,/<f:#J!m.~
111--...,,;~ -Lig. colateral lateral curto
11,, /).,.11-#-1 6
---Parte tibiocalcãnea
--Cápsula articular
17
----Bolsa subtendínea do m. fibular
(peroneaQ curto
Articulação do jarrete
11
19 M. tibial caudal
20 M. extensor do dedo 1
(vista medial)
Lig. colateral medial
curto do tarso:
Parte tibiotalar ----\-_.:,-~~JIJ
Parte tibiocalcânea --
Lig. colateral medial
longo do tarso-----4...µ~~WII
Lig. talocentral------.l'~:++.H~ri
~
Lig. plantar longo ------
Articulação do jarrete
(ver p. 81, 83, 143)
C Lig. colateral lateral
D Lig. meniscofemoral
E Lig. tibial caudal do menisco lateral
F Lig. cruzado caudal
G Lig. cruzado cranial
H Retináculo extensor crural
1 Retináculo extensor tarsal
87

Capítulo 9: Cabeça
1. Crânio, incluindo o aparelho hióideo
O crânio c01Tesponde ao esqueleto da cabeça, organizado em parte cranial
(crânio) e parte facial. Dos sete ossos do (neuro) crânio, aqueles numerados
de Ia III e IVc são ossos membranosos que formam o teto do crânio ou cal­
vária. Já os ossos individuais numerados como IVa e b, V a VII constituem
ossos de reposição ou ossos primordiais que substituem o esqueleto primordial
cartilagíneo na base do crânio.
2 a) Com relação ao CRÃN10, a calvária possui uma fossa temporal (j), que pode
ser considerada como o local de origem dom. temporal e está delimitada pela
crista frontal externa (k), crista sagital externa (1), crista nucal (m) e crista
temporal (m'). O canal carotídeo que abriga a a. carótida interna começa no
forame carotídeo caudal (n), localizado ao fundo do forame jugular na base
do crânio, e termina rostralmente no forame carotídeo interno (o) dentro da
cavidade do crânio e no forame carotídeo externo (p) na base do crânio. O
forame jugular (q) dá passagem ao pares de nervos cranianos IX, X e XI. As
partes da cavidade do crânio estão descritas na p. 90.
88
I. Em posição caudodorsal à órbita, o osso frontal possui o processo zigomá­
tico (1), de onde o ligamento orbital segue até o processo frontal do osso zigo­
mático {56). A a. e v. etmoidais externas, bem como o n. etmoidal, atravessam
os forames etmoidais (2). Os seios frontais estão descritos na p. 90.
II. O osso parietal e
111. o osso interparietal projetam-se na cavidade do crânio por meio de seus
processos tentoriais {4 e 5 na p. 91).
IV. O osso temporal é constituído pelas partes petrosa, timpânica e escamosa.
a. Da parte petrosa (6), apenas as características a seguir são visíveis externa­
mente: o processo mastoide (7) para a fixação de tendões do esternocleido­
mastóideo, o forame estilomastóideo (10) para a saída do n. facial, a abertura
externa do canaliculo da corda do tímpano (li) e a fissura petrotimpâníc.a
(12). (os números 8, 9, 13 e 14 estão descritos na p. 90).
b. A parte timpânica (IS) localiza-se caudalmente à articulação temporo­
mandibular na base do crânio. O meato acústico externo, que começa no poro
acústico externo (16), está separado da bula timpânica (17) mediaimente
pela membrana do tímpano. A bula contém a cavidade do tímpano da orelha
média, onde se abre o óstio timpânico da tuba auditiva. A outra extremidade
da tuba auditiva, o óstio faríngeo, abre-se na faringe.
c. A parte escamosa (18) pertence ao teto do crânio, com seu processo zigomá­
tico (19) participando da formação do arco 1Jgomático. Caudoventralmente, na
base do arco, estão localizadas a fossa mandibular (20) e sua superfície articu­
lar (21), bem como o bem definido processo retroarticular (22) caudal a estas.
Osso temporal
(vista lateraQ
V. O osso etmoide e suas partes (23 a 29) serão abordados com os seios para­
nasais e a cavidade nasal (ver p. 90).
VI. O osso occipital do feto exibe suturas passíveis de identificação entre suas
partes escamosa, lateral e basilar.
A parte escamosa (30) tem uma proeminente protuberância occipital exter­
na (31) mesodorsal e contínua em cada lado com a crista nucal.
A parte lateral (32) abriga o côndilo do occipital (33), que faz parte da ar­
ticulação atlantoccipital, em cada lado do forame magno. Dentro do forame
magno e do cõndilo do occipital, encontra-se o canal condilar (34) para a
passagem das veias emissárias provenientes do crânio. Em posição rostroven­
tral a isso repousa a abertura no começo do canal hipoglosso (35). A abertura
externa do canal se localiza caudalmente ao forame jugular, entre o côndilo do
occipital e o processo jugular (36). A parte basilar (37) delimita ventralmente
o forame magno (38) e, em localização mesoventral, entre os forames jugula-
res, ela possui o tubérculo faríngeo (39) imperceptível e não pareado para a
origem dos músculos da faringe. Medial e adjacente à bula timpânica de cada
lado, a parte basilar contém o tubérculo muscular (40) para a inserção do
músculo longo da cabeça.
Osso occipital
(vista caudolateral)
---34
--35
VII. O osso esfenoide consiste em dois ossos, o basisfenoide e o pré-esfenoide.
Cada um deles é dotado de um corpo (horizontal), situado mediaimente, e de
uma asa (vertical) na lateral.
No osso basisfenoide está a sela túrcica ( 42), na superfície interna do corpo
(41). Internamente, a asa (43) contém o forame redondo (44) para a passa­
gem do n. maxilar (V2), enquanto do lado externo, o forame oval (45) para
a passagem do n. mandibular é observado mediaimente e adjacente à fossa
mandibular. A crista pterigóidea {46), a crista óssea de origem dos músculos
extrínsecos do bulbo do olho, começa ventrahnente no canal alar (47). A a. e
o n. maxilar deixam o canal alar no forame alar rostral (48), ingressando no
foramealar caudal (49) e no forame redondo, respectivamente.
O corpo (50) do osso pré-esfenoide, que ocupa posiç,'io mediana, funde-se
lateralmente com a asa (SI). O canal óptico (52), ou seja, a passagem do n. óp­
tico, apresenta localização cranial sobre a asa na base da órbita. Caudalmente,
a fissura orbital (53) permite a passagem do III, IV, VI e VI pares de nervos
cranianos.
b) Em posição rostroventral à órbita, a FACE alberga a fossa pterigopalatina
(A). O canal palatino maior, contendo o n. palatino maior, começa na fossa
no forame palatino caudal (B) e termina no forame palatino maior (C) no
palato duro. Os canais palatinos menores, que contêm os nn. palatinos me­
nores, ramificam-se desde o interior do canal palatino maior, terminando do
mesmo modo nos forames palatinos menores (D). O forame esfenopalatino
(E), situado dorsahnente ao forame palatino caudal, contém o n. nasal caudal
(proveniente de V2) que se dirige à cavidade nasal. Nas coanas (F), o canal na­
sofaríngeo é contínuo com a nasofaringe. A órbita (G) é fechada caudalmen­
te pelo ligamento orbital. As fissuras palatinas (H) pareadas, que abrigam os
duetos incisivos, locali7.am-se no palato duro, caudalmente aos dentes incisivos
superiores. Escavações semelhantes a fossas, os alvéolos dentários (J), acomo­
dam as raízes dos dentes e são responsáveis pelas proeminências externas dos
sulcos alveolares (K). Os canais alveolares (L) começam na profundidade dos
alvéolos e conduzem artérias, veias e nervos aos dentes. Os septos interalveo­
lares (M) são cristas ósseas existentes entre os alvéolos; por outro lado, um
diastema (N) ou lacw1a entre os dentes situa-se rostral e caudalmente ao dente
canino.
VIII. a XVII. estão descritos na p. 90.
XVIII. O osso bióideo, também chamado de aparelho h;óideo, possui pre-3
cursores cartilagíneos nos arcos branquiais e, portanto, é classificado como um
osso do crânio. O elemento basi-hióideo (90) não pareado localiza-se trans­
versalmente na base da língua, margeado em ambos os lados pelos elementos
cerato-hióideos (91) pareados. A partir do basi-hióideo, os dois elementos
tiro-hióideos (92) estão direcionados caudodorsalmente para se articular com
a cartilagem tireóidea da laringe. Os elementos epi-hióideos (93) estendem-
-se caudodorsalmente a partir dos cerato-hióideos e são acompanhados pelos
elementos estilo-hióideos (94) voltados em direção à base do crânio. Um tin1-
pano-hióideo (95) cartilagíneo une cada estilo-hióideo ao processo mastoide
do osso temporal do mesmo lado.

Crânio
Lâmina externa (a)
Oíploe (b)
Lâmina ínterna (c)
Tentório ósseo do cerebelo (d)
Meato temporal (e)
Canal do seio transverso (f)
Sulco do seio transverso (g)
Forame retroarticular (h)•
Fossa temporal O)*
Crista frontal externa {k) *
Crista sagital ex tema (O*•
Crista nucal (m)*•
Crista temporal (m')* •
Canal carotídeo
Forame carotídeo caudal (n)•
Forame carotídeo interno (o)
Forame carotídeo externo (p)•
Forame jugular (q)•
Ossos do neurocrãnio
1. Osso frontal*•
Processo zigomático {1)*•
Forames etmoidaís (2) * •
Seio frontal rostral (3a)
Seio frontal lateral (3b)
Seio frontal medial (3c)
li. Osso parietal*•
Processo do tentório (4)
Ili. Osso interparietal*•
Processo do tentório (5)
IV. Osso temporal*•
a. Parte petrosa (6) * •
Processo mastoide (7) * •
Meato acústico interno
Poro acústico interno (8)
Canal facial (9)
Foram e estilomastóideo (1 O)•
Canalículo da corda do tímpano (11 >•
Físsura petrotimpâníca (12)•
Fossa (flocular) cerebelar (13)
Canal do nervo trigêmeo {14)
b. Parte timpânica (15)•
Meato acústico externo
Poro acústico externo (16) *
Bula timpãnica (17)•
Óstio timpânico das tubas auditivas (17')•
c. Parte escamosa (18) *
Processo zigomático (19)*•
Fossa mandibular (20)•
Superfície articular (21 )•
Processo retroarticular (22) * •
VI. Osso occipital•
Parte escamosa do occipltal (30)•
Protuberância occipital externa (31)•
Processo do tentórío {31 ')
Parte lateral (32)•
Côndilo do occipital (33) * •
Canal condilar (34)•
Canal hipoglosso (35)•
Processo (paracondilar); jugular (36)*•
Parte basilar (37)•
Forame magno (38)•
Tubérculo laríngeo (39)•
Tubérculo muscular (40)•
VII. Osso esfenoide•
Osso basisfenoide
Corpo (41)•
Sela túrcica (42)
Asa(43)*•
Forame redondo {44)
Forame oval (45)•
Crista pterigôidea (46)*•
Canal alar (4 7)•
Forame alar rostral (48)* •
Forame alar caudal (49)•
Osso pré-esfenoide
Corpo (50)•
Asa (51)*•
Canal óptico (52)* •
Fissura orbital (53) * •
Face
Fossa pterigopalatina (A)•
Canal palatino maior
Foram e palatino caudal (B) * •
Forame palatino maior (C)•
Canais palatinos menores
Fora me palatino caudal (B) * •
Foramas palatinos menores (D)•
Forame esfenopalatino (El*•
Coanas (F)•
Órbita (G) * •
Fissuras palatinas (H) * •
Alvéolos dentários (J)•
Sulcos alveolares (Kl*•
Canais alveolares (L)•
Septos interalveolares (M)•
Diastema (N) * •
Ossos da face
VIII. Osso lacrimal *•
Fossa do saco lacrimal {54) * •
IX. Osso zigomático •
Processo temporal (55)•
Processo frontal (56)•
X. Osso nasal*
XI. Maxila*
Corpo da maxila (57)*
Canal infraorbital
Forame maxilar (58)*•
Forame infraorbital (59)*
Canal lacrimal (60)
Sulco lacrimal (61)
Processo frontal (62)*
Processo zigomático (63)* •
Processo palatino (64)•
Processo alveolar (65) *
Recesso maxilar (65')
XII. Osso incisivo*•
Corpo do osso incisivo (66)
Processo alveolar (67) *
Processo palatino (68)•
Processo nasal (69) *
XIII. Osso palatino•
Lâmina perpendicular (70)•
Lâmina horizontal (71)•
XIV. Osso pterigóideo * •
Hâmulo pterigóideo (72)*•
XV. Vômer•
Sulco septal (73)
1,-13
e
L(P
1
)
P2-P4
M1-M2
(vista rostrodorsaQ *
Dentes incisivos
Dentes pré-molares
Dentes molares
XVII. Osso hióideo *
Basi-hióideo (90)*
Cerato-hióideo (91)*
nro-hióideo (92) *
Epi-hióideo (93) *
Estilo-hióideo (94)*
Tímpano-hióideo (95) *
Cartilagem tireóidea
m
(vista caudobasal)•
89

2. Crânio, seios paranasais
1 a) A PAREDE oo CRÂNIO é formada por uma camada cortical externa de osso, a
lâmina externa (a), uma camada reduzida intermediária de substância espon­
josa, a díploe (b) e uma camada cortical interna de osso, a lâmina interna
(c). Dorsalmente, a substância esponjosa do osso frontal é perdida e as duas
camadas corticais de osso divergem entre si, formando os seios frontais. Os
seios frontais pareados são seios paranasais e estão em comunicação aberta
2 com a cavidade nasal. O seio frontal rostral (3a) localiza-se entre o septo ós­
seo mediano do seio frontal e a órbita. O seio frontal lateral (3b) é o mais
amplo dos seios frontais, estendendo-se em direção ao processo zigomático
do osso frontal. O seio frontal medial (3c), que é muito pequeno, localiza-se
entre os outros dois. Ocasionalmente, esse seio está ausente. Em alguns casos,
desenvolve-se tun seio paranasal esfenoidal.
O tentório ósseo do cerebelo (d) é formado pelos processos do tentório (4, 5
e 31') fusionados dos ossos parietais, interparietais e occipitais. ê a base óssea
do tentório membranoso do cerebelo que separa o cérebro do cerebelo dentro
da cavidade do crânio.
As vias de saída para o sistema dorsal dos seios da dura-má ter localizam-se, em
parte, internos à parede do crânio, e outra parte, dentro dela. O sistema dorsal
começa em uma posição mediana dorsal na base do tentório ósseo do cerebelo
como o canal do seio transverso (f), que continua lateralmente na parte pe­
trosa do osso temporal em direção ao sulco do seio transverso (g) e, depois
disso, para o meato temporal (e). O meato temporal, por sua vez, termina
externamente no forame retroarticular (h).
b) A CAVIDADE DO CRÃN1O é delimitada pelas superfícies internas dos ossos do
crânio. As fossas rostral, média e caudal do crânio estão presentes na base de
sua cavidade. A fos.sa rostral (r) começa com as fossas etmoidais (s) pareadas
e termina no sulco do quiasma (t), onde os dois nervos ópticos se cruzam
caudalmente à entrada no canal óptico (52). Na linha mediana, a fossa média
3 do crânio (u) abriga a sela túrcica (42) formada pelo osso basisfenoide. Cra­
nialrnente ao dorso da sela há uma fossa hipofisial (v) mediana para assentar a
hipófise. Lateralmente, as fossas piriformes (w) pareadas acomodam os lobos
olfatórios em formato de pera. A fossa caudal do crânio (x) é dotada da rasa
impressão pontina (y) na linha mediana rostralmente à ponte do metencéfalo
e, caudalmente, ela impressão medular (z) próxima à medula oblonga. No c.'io,
a fissura petroccipital (z') trata-se de um espaço muito estreito entre a parte
petrosa do osso temporal e o osso basioccipital*. Em alguns casos, essa fissura
está ausente.
90
IV. a. A parte petrosa do osso temporal (6) possui apenas o processo mastoi­
de (7) na superfície externa do crânio, enquanto a pirâmide petrosa limita a ca­
vidade do crânio basolateralmente. No meio da superfície medial da pirâmide
petrosa, o poro acústico interno (8) marca o início do meato acústico interno,
por onde passam os VII e VIII pares de nervos cranianos. O canal facial (9),
que alberga o nervo facial, segue profundamente em sentido rostrodorsal pelo
meato acústico interno, mas termina externamente no forame estilomastói­
deo (10). No centro, dentro da parte petrosa do osso temporal, o canalículo
da corda do tímpano (11) surge no canal facial e termina externamente na
fissura diminuta petrotimpânica (12). A fossa cerebelar (13), situada dorso•
caudalmente sobre a pirâmide petrosa, recebe um pequeno apêndice, o para­
flóculo ventral do cerebelo. Rostroventralmente, a pirâmide é perfurada pelo
canal do nervo trigêmeo (14).
Osso temporal
V. A lâmina cribriforme (23) e a crista etmoidal (crista gaHi) (24) do osso
etmoide locali1A1m-se no limite da cavidade nasal, onde o labirinto etmoidal
(25) e seus etmoturbinados se projetam. Os etmotmbinados menores situa­
dos externamente recebem o nome de ectoturbinados (26). Já os maiores, os
endoturbinados (27) internos, locali1.ados próximos ao septo nasal, estão nu-
" N. T.: Proerninência óssea do osso occipital.
merados de I a IV em sequência dorsoventral. O endoturbinado I forma a base
óssea para a concha nasal dorsal {28), enquanto o endoturbinado li associa-se
do mesmo modo com a concha nasal média (29). O osso da concha nasal
ventral (XVI) representa sua base óssea e pertence corretamente aos ossos da
face, não ao osso etmoide.
Osso etmoide
(vista rostral)
1
c) A PARTE FACIAL DO CRÃNIO é formada pelos ossos da face (VIII a XVII). Essa
parte do crânio molda a forma externa do nariz ou, respectivamente, a entrada
da nasofaringe.
VIU. O pequeno osso lacrimal possui, em seu centro, a fossa do saco lacrimal
(54), que recebe o saco lacrimal.
IX. Com seu processo temporal (55), o osso zigomático participa da formação
do arco zigomático. Seu processo frontal (56) constitui o local de f1Xação do
ligamento orbital.
X. O osso nasal situa-se clorsalmente no nariz.
XI. A maxila é dotada de um canal infraorbital situado no centro de seu corpo 4
(57). Esse canal corresponde à via de passagem para a a. e o n. infraorbital.
Vindo da fossa pterigopalatina caudalmente, ambos entram no canal através
do forame maxilar (58) e o deixam pelo forame infraorbital (59) rostrolate­
ralmente. O saco lacrimal transpassa o dueto nasolacrimal que atravessa oca­
nal lacrimal (60) e, rostralmente, o sulco lacrimal (61). Os processos frontal
(62), zigomático (63) e palatino (64) margeiam, respectivamente, os ossos de
mesmo nome. O processo alveolar ( 65) alberga os alvéolos dentários. Em con­
traste a outros mamíferos domésticos, a maxila canina não possui seio parana­
sal, mas uma evaginação direcionada lateralmente, o recesso maxilar ( 65').
XII. O osso incisivo consiste em corpo (66), processo alveolar (67), processo
palatino (68) e processo nasal (69).
XIII. O osso palatino, por meio da superfície medial de sua lâmina perpendi­
cular (70), participa da formação do meato nasofaríngeo. A superfície lateral
do osso palatino entra na formação ela órbita. Em comum com o processo pala­
tino da maxila, a lâmina horirontal (71) forma a base óssea do palato duro.
XIV. O osso pterigóideo delimita a nasofaringe lateralmente e apresenta cau­
doventralmente a estrutura conhecida como hâmulo (72).
XV. O vômer exibe o sulco septal (73) dorsomediano para a recepção do septo
nasal.
>..'VI. O osso da concha nasal ventral foi mencionado anteriormente como a
base óssea da concha ventral. Esse osso é unido por sutura craniana à superfí­
cie medial da maxila.
>.'VII. A mandíbula consiste em um ramo vertical e um corpo horizontal. O 5
canal longo ela mandíbula (para a., v. e n. alveolares inferiores) começa cau­
dalmente sobre o ramo no forame da mandíbula (74) e termina rostralmen-
te sobre o corpo com vários forames mentuais (75). O corpo da mandíbula
(76) possui a margem ventral (77), a margem alveolar (78) e, mediaimente,
a línha milo-hióidea (79), muito tênue, para a origem do m. milo-hióideo.
Caudoventralmente, o ramo da mandíbula (80) exibe o ângulo da man­
díbula (81) com o processo angular (82). A fossa massetérica (83) é uma
fossa triangular existente na superfície lateral da mandíbula para a fixação do
m. masseter, enquanto uma fossa pterigóidea (84) imperceptível está presente
na face medial, possibilitando a inserção cio m. pterigóicleo. O processo con­
dilar (85) participa, com sua cabeça da mandíbula (86), da formação da ar­
ticulação temporomandibular e, com o colo da mandíbula (87), transpassa a
incisura mandibular (88) côncava situada caudalmente ao processo coronoi-
de (89). O músculo temporal insere-se no processo coronoicle.

Crânio
Lâmina externa (a)
Díploe (b)
Lâmina interna (c)
Tentório ósseo do cerebelo (d)
Meato temporal (e)
Canal do seio transverso (f} T
Sulco do seio transverso (g)
Forame retroarticular (h)
Fossa temporal (j)
Crista frontal externa {k)
Crista sagital externa (O
Crista nucal (m)
Crista temporal (m')
Canal carotídeo
Forame carotídeo caudal (n)
Forame carotídeo interno (o)
Forame carotídeo externo (p)
Forame jugular (q)
Cavidade do crânio
Fossa rostral do crânio (r)
Fossas etmoidais (s)
Sulco do quiasma (t)
Fossa média do crânio (u)
Fossa hipofisial (v)
Fossa piríforme (w)
Fossa caudal do crânio (x)
Impressão pontina (y)
Impressão medular (z)
Fissura petroccipital (z')
Ossos do neurocrânio
1. Osso frontal
Processo zigomático (1)
Forames etmoidais (2)
Seio frontal rostral (3a)
Seio frontal lateral (3b)
Seio frontal medial (3c)
li. Osso parietal
Processo do tentório (4)
Ili. Osso interparietal
Processo do tentório (5)
IV. Osso temporal
a. Parte petrosa (6)
Processo mastoide (7)
Meato acústico interno
Poro acústico interno (8)
Canal facial (9)
Fora me estilomastóideo (1 O)
Canalículo da corda do tímpano (11)
Fissura petrotímpâníca (12)
Fossa (flocular) cerebelar (13)
Canal do nervo trigémeo (14)
b. Parte timpânica (15)
Meato acústico externo
Poro acústico externo (16)
Bula timpãnica (17)
óstio timpânico das tubas auditivas (17')
c. Parte escamosa (18)
Processo zigomático {19)T
Fossa mandibular (20)
Superfície articular (21)
Processo retroarticular (22)
V. Osso etmoide
Lâmina cribriforme (23)
Crista etmoidal (crista galli} (24)
Labirinto etmoidal (25)
Etmoturbinados
Ectoturbinados (26)
Endoturbinados (27)
Concha nasal dorsal (28)
Concha nasal média (29)
VI. Osso occipital
Parte escamosa do occipttal (30)
Protuberância occipital externa (31)
Processo do tentório (31 ')
Parte lateral (32)
Cõndilo do occipital (33)
Canal condilar (34)
Canal hipoglosso (35)
Processo (paracondilar) jugular (36)
Parte basilar (37)
Forame magno (38)
Tubérculo laríngeo (39)
Tubérculo muscular (40)
VII. Osso esfenoide
Osso basisfenoide
Corpo (41)
Sela túrcica (42)
Asa (43)
Forame redondo (44)
Forame oval (45)
Crista pterigóidea (46)
Canal alar (4 7)
Forame alar rostral (48)
Forame alar caudal (49)
Osso pré-esfenoide
Corpo (50)
Asa (51)
Canal óptico (52)
Fissura orbital (53)
(secção paramediana)
Face
Ossos da face
VIII. Osso lacrimal
Fossa do osso lacrimal (54)
IX. Osso zigomãtico
Processo temporal (55)
Processo frontal (56)
X. Osso nasal
XI. Maxila*
Corpo da maxila (57) *
Canal infraorbital
Forame maxilar (58)*
Forame infraorbital (59) *
Canal lacrimal (60) *
Sulco lacrimal (61) *
Processo frontal (62) *
Processo zigomát,co (63) *
Processo palatino (64) *
Processo alveolar (65) *
Recesso maxilar (65')
XII. Osso incisivo
Corpo do osso incisivo (66)
Processo alveolar (67)
Processo palatino (68)
Processo nasal (69)
XIII. Osso palatino
Lâmina perpendicular (70)
Lâmina horizontal (71)
XIV. Osso pterigóideo
Hâmulo pterigóideo (72)
XV. Võmer
Sulco septal (73)
XVI. Osso da concha nasal ventral *
XVII. Mandíbula
Canal da mandíbula
Forame da mandíbula (7 4)0
Forames mentuais (75)
Corpo da mandíbula (76)0
Margem ventral (77)
Margem alveolar (78)
Linha milo-hióidea (79)0
Ramo da mandíbula (80)0
Ângulo da mandíbula (81)0
Processo an!;Jular (82)
Fossa masseterica (83)0
Fossa pterigóidea (84)0
Processo [articular] condilar (85)
Cabeça da mandíbula (86)
Colo da mandíbula (8 7)0
lncisura mandibular (88)0
Processo [muscular] coronoide (89)0
XI. Maxila*
XVII. Mandíbula
91

92
3. Sistema linfático, veias superficiais da cabeça, nervo facial {VII)
A pele é removida do lado esquerdo da cabeça, com o cuidado de preservar as artérias, as veias e os nervos superficiais, bem como os músculos
cutâneos. A orelha externa é cortada em sua base e removida. Depois disso, o m. cutâneo da face, parte do platisma, é exposto, divulsionado
e rebatido rostralmente, mantendo-se intactos os músculos malar, zigomático e parotidoauricular. Para exibir as artérias, as veias e os nervos,
cada um dos músculos da face é retraído ou seus feixes musculares grosseiros sâo tracionados à parte de forma seriada ao longo do trajeto das
veias e dos nervos. Após sua exposição, o m. levantador nasolabial é transeccionado e ambas as partes, rebatidas. A v. maxilar e o n. facial sâo
exibidos, com toda a glândula parótida removida, exceto por um pequeno resquício no início do dueto parotídeo.
a) O SISTEMA LINFÁTICO da cabeça (ver também ilustração) inclui os linfonodos
parotídeos e mandibulares palpáveis, situados superficialmente, bem como os
linfonodos retrofaríngeos medial mais profundo e lateral inconstante.
O linfonodo parotídeo (24) localiza-se ao nível da articulação temporoman­
dibular, ao fundo da margem rostral da glândula parótida. Os vasos linfáticos
aferentes provêm das regiões superficiais da cabeça, dorsalmente a uma linha
que une o bulbo do olho e a base da orelha. Já os vasos eferentes seguem até o
linfonodo retrofaríngeo medial.
Os linfonodos mandibulares (29) localizam-se rostroventralmente à glândula
mandibular. Os vasos linfáticos aferentes procedem das regiões mais profun­
das da cabeça, assim como das regiões superficiais, ventralmente a uma linha
que une o bulbo do olho e a base da orelha. Os vasos eferentes também se
dirigem para o linfonodo retrofaríngeo medial.
O Linfonodo retrofaringeo medial (30} situa-se profunda e caudalmente à
glândula mandibular, mas dorsolateral e caudalmente à faringe. A linfa deri­
va-se das regiões mais profundas da cabeça, bem como dos linfonodos man­
dibulares e parotídeos. Os vasos eferentes do linfonodo retrofaríngeo medial
unem-se para formar o tronco jugular (tronc-0 linfático traqueal}. O linfonodo
retrofaríngeo lateral inconstante pode estar intercalado no trajeto dos vasos
linfáticos que seguem para o linfonodo retrofaríngeo medial. O linfonodo la­
teral, então, também recebe parte da linfa proveniente do linfonodo parotídeo.
Quando presente, o linfonodo retrofaríngeo lateral localiza-se na margem cau­
dal da glândula parótida, nivelado com a asa do atlas, e seus vasos eferentes
dirigem-se para o linfonodo retrofaríngeo medial.
Linfonodos da cabeça
(vista lateral)
29
b} As VEIAS SUPERFICIAIS se dirigem à v. jugular externa {18) que, em posição cau­
dal à glândula mandibular, recebe a v. maxilar dorsalmente e v. linguofacial ven­
tralmente. (As artérias superficiais da orelha externa e da face derivam-se da a. ca­
rótida externa e da a. facial, respectivamente, e serão consideradas com as veias.)
A v. maxilar {8} recolhe o sangue proveniente da orelha externa e, particular­
mente, das regiões mais profundas da cabeça, como o palato, a cavidade do
crânio, o bulbo do olho e a mandíbula. Dentro da glândula parótida, a v. maxi­
lar recebe a v. auricular caudal (7) para o contorno caudal da orelha e, a uma
distância rostral equivalente à largura do polegar, a v. temporal superficial (6),
que se curva na região temporal. Na base da orelha, a grande v. auricular ros­
tral (5), tributária desta última, recebe outras veias provenientes da margem
cranial da orelha externa. A v. maxilar continua profunda e mediaimente à
articulaç.'io temporomandibular. Depois de formar os plexos pterigóideo, pala­
tino e oftálmico, a v. maxilar sofre anastomose no ângulo medial do olho com
o ramo terminal da v. facial e da v. facial profunda (ver adiante).
A v. linguofacial (17) possibilita a drenagem venosa da língua e da face. Em
posição ventral à glândula mandibular, a v. linguofacial recebe a v. lingual, dire­
cionada ventrorrostralmente, e a v. facial, que se estende no sentido dorsorros­
tral. Logo após sua origem, a v. lingual (15) emite o arco venoso hióideo (16)
que segue transversalmente até se unir por anastomose com a v. lingual do lado
oposto. Depois disso, a v. lingual cruza a margem caudal do m. milo-hióideo
dorsalmente e, imediatamente antes de entrar na língua, recebe a v. sublingual 1
(11). Esta última veia pode ser visualizada deslocando-se a margem caudal do
m. estilo-hióideo em direção rostral.
A princípio, a v. facial (14} corre em sentido ventrolateral ao longo da man­
díbula, onde recebe a v. submentual (10), que está direcionada ventralmente
do outro lado da inserção do m. digástrico e prossegue ventromedialmente
ao corpo da mandíbula até o queixo (região mentual). A veia facial, depois de
receber a v. labial inferior {9} e, então, a v. angular da boca (12) da comissura
da boca, continua em sentido oblíquo, encurvando-se sobre a face até o ângulo
medial do olho. Na face caudal da v. facial. ao nível do ângulo da boca, a v.
facial profunda {13} corre profundamente sob o arco zigomático até a fossa
pterigopalatina e a órbita. Na face rostral da v. facial, chega a v. labial superior
(1), ao passo que a pequena v. nasal lateral (2) está direcionada rostralmente
na face lateral do nariz. A v. facial também se anastomosa com a v. infraorbital
que se dirige à v. facial profunda na fossa pterigopalatina e corre em sentido
rostral através do canal infraorbital. (Nesse local, a a. facial (14) acaba se unin­
do por anastomose com a a. infraorbital}. Por fim, chegando ao dorso do nariz,
a v. facial está dividida em forma de um "T''. A v. nasal dorsal (3) segue rostral­
mente em direção à ponta do nariz, enquanto a v. angular do olho (4) corre na
direção oposta para o ângulo medial do olho, onde se une por anastomose com
ramos das vv. facial profunda e maxilar.
c) 0 NERVO FACIAL (VII, NERVO INTERMEOIOFACIAL, -26) consiste em duas partes, 2
o n. facial e o n. intermédio. O n. facial ainda não dividido entra no canal
facial no poro acústico interno da parte petrosa do osso temporal. No gânglio
sensitivo geniculado, o nervo facial emite o n. intermédio, de onde a corda
do tímpano segue através da fissura petrotimpânica para se unir ao n. lingual
(proveniente de V3). O n. petroso maior, um nervo parassimpático, também se
origina do nervo facial. Depois de se unir com o nervo petroso profundo, um
nervo simpático, o n. petroso maior continua como o n. do canal pterigóideo
até o gânglio pterigopalatino (ver p. 137). Ainda dentro do canal facial, o n.
facial propriamente dito emite o n. estapédio para o m. de mesmo nome. Com
exceção de seus ramos auriculares internos predominantemente sensitivos, o
n. facial mesmo conduz apenas fibras motoras. As fibras sensitivas de seus ra­
mos auriculares internos são conduzidas até o n. facial pelo ramo auricular
do n. vago (XI). Após o n. facial emergir do forame estilomastóideo, os ramos
auriculares internos o deixam e, subsequentemente, perfuram a cartilagem da
aurícula para inervar o meato acústico externo, chegando perto da membrana
do tímpano. O n. facial, então, prossegue em torno do meato acústico externo
ósseo em um arco ventral mente convexo, profundamente à glândula parótida,
e a partir dessa conve,ddade surgem ramos terminais em uma sequência cau­
dorrostral; tais ramos estão descritos adiante. Além de se combinarem com
partes sensitivas do quinto nervo craniano e do segundo n. cervical, esses ra­
mos inervam os músculos profundos e superficiais da face, inclusive o platisma
e o ventre caudal do m. digástrico.
O n. auricular caudal (23) inerva os músculos auriculares caudais e fornece o
ramo platismal (21) para o platisma cervical. Ramos digástricos e estilo-hiói­
deos consecutivos inervam os respectivos músculos. A partir da convexidade
do n. facial, o tronco comum do ramo cervical e do ramo bucal ventral (de­
signado como ramo bucolabial ventral na figura) passa ventralmente. O ramo
cervical (27), direcionado no sentido caudal, inerva o m. parotidoauricular e
fornece fibras motoras para o n. cervical transverso do segundo n. cervical. O
ramo bucal ventral (28, -designado como ramo bucolabia/ ventral na figura)
acompanha a v. facial rostralmente. Ao nível do bulbo do olho, esse ramo bucal
ventral comunica-se com o ramo bucal dorsal (designado como ramo bucola­
bial dorsal na figura) e ambos inervam os músculos da bochecha, dos lábios e
do nariz. O ramo bucal dorsal (25, -designado como ramo bucolabia/ dorsal
na figura) continua o trajeto rostral do nervo facial, passando pelo masseter a
cerca de 2 cm, dorsal e paralelamente ao dueto parotídeo. A origem do ramo
bucal dorsal a partir do n. facial é profunda à glândula parótida, mas emerge
na margem rostral da glândula pouco ventral ao linfonodo parotideo. Com o
ramo bucal dorsal, o n. auriculopalpebral {22) constitui um ramo terminal do
n. facial. Os ramos auriculares rostrais ( 19) do n. facial inervam os músculos
auriculares rostrais e dorsais, enquanto seu ramo palpebral {20) forma um
plexo amplamente ramificado à entrada da região temporal caudal nos múscu­
los das pálpebras e do nariz.

Linfonodos, artérias e veias da cabeça, e nervo facial (VII)
(vista lateral)
9
1 A. e v. labiais superiores
2 A. e v. nasais laterais
3 A. e v. nasais dorsais
1
1
1
1
1
1
1
4 A. e v. angulares do olho
1
1
1
1
1 ,_ ---;---
1
1
1 1
1
1 1
1
1 1
______ _J
1
1
1
1
1
1 1
10 A. e v. submentuais 1 1
13 V. facial profunda
1 1
1 1 1 1
1
11 A. e v. sublinguais :
1
12 A. e v. angulares da boca
Legenda:
a Ramo mentual
b A. e v. infraorbitais
e A. e v. estenopalatinas
d A. e v. palatinas maiores
e A. e v. temporais
profundas rostrais
Legenda:
31 M. levantador nasolabial
32 M. levantador do lábio
superior
33 M. canino
34 M. mentual
35 M. orbicular da boca
36 M. levantador do ângulo
medial do olho
A. e v. palatinas menores
g A. e v. bucais
h Plexo palatino
A. e v. alveolares inferiores
V. oftálmica externa dorsal
37 M. orbicular do olho
38 M. retrator do ângulo lateral
do olho
39 M. malar
40 M. zigomático
41 M. frontoescutular
42 M. interescutular
1 1
14 A. e v. faciais
1
1
15 A. e v. linguais
k V. oftálmica externa ventral
1 Plexo oftálmico e a. oftálmica
externa
m Plexo pterigóideo
n A. e v. temporais profundas
43 M. escutuloauricular 48
superficial
44 M. occipital 49
45 M. cervicoescutular 50
46 M. cervicoauricular médio 51
47 M. cervicoauricular 52
superficial 53
o
p
q
r
s
5 A. e v. auriculares rostrais
----6 A. e v. temporais superficiais
u_ --8 A. e v. maxilares
V
V. jugular externa
V. linguofacial
Arco venoso hióideo
A. e v. faciais transversas A. carótida interna
A. e v. laríngeas ascendentes e seio carotideo
V. laríngea u A. e v. occipitais
A. carótida externa V V. jugular interna
A. e v. tireóideas craniais w A. carótida comum
45
---------19 Ramos auriculares rostrais
46
-47
-----20 Ramo palpebral
48
---21 Ramo platismal
~
' ---22 N. auriculopalpebral
---23 N. auricular caudal
~~~ ---24 Ln. parotideo
. --25 Ramo bucolabial dorsal
, e (ramo bucal dorsal)
· --26 N. facial
f
---27 Ramo cervical
• --28 Ramo bucolabial ventral
(ramo bucal ventral)
---29 Lnn. mandibulares
• --30 Ln. retrofaríngeo
medial
(ver p. 95, 103)
M. cervicoauricular a N. infraorbital (V2)
profundo b Ramo facial transverso (V3)
M. parotidoauricular e Dueto parotideo
M. milo-hióideo d Ramo auricular interno (VII)
M. cleidocervical e N. auricular magno
M. esternocleidomastóideo f N. cervical transverso
M. esterno-hióideo
93

4. Músculos da face e da mandíbula
Os músculos superiiciais da face nas regiões massetérica e temporal serão dissecados na metade esquerda da cabeça, enquanto os músculos
da mandíbula serão demonstrados na metade direita, local onde a pele foi removida. A inervação pelo nervo mandibular (V3) será identificada
posteriormente, depois da remoção da mandíbula (ver p. 97).
Os MÚSCULOS DA FACE e os MÚSCULOS DA MANDÍBULA são dois de seis grupos mus­
culares da cabeça. A divisão em grupos musculares está em conformidade com
a gênese dos músculos e, consequentemente, de acordo com sua inervação. Os
músculos da face são inervados pelo nervo facial (VII), enquanto os músculos
da mastigação e o milo-hióideo, pela divisão mandibular (V3) do nervo trigé­
meo (V). Os músculos que manipulam o bulbo do olho são inervados pelos III,
IV e VI pares de nervos cranianos. Já os músculos da faringe pertencem à área
de inervação do IX e do X pares de nervos cranianos, ao passo que os músculos
da laringe, à área de inervação do X par de nervos cranianos. O nervo hipo­
glosso inerva os músculos da língua.
a) Em correspondência à sua inervação pelo nervo facial, os MÚSCULOS DA EXPRES­
sit> FACIAL também recebem o nome de MÚSCULOS DA FACE e são subdivididos em
músculos superficiais e profundos. Os músculos profundos da face (os mm. es­
tapédio, occipito-hióideo e estilo-hióideo) não estão demonstrados ou são abor­
dados junto dos músculos do espaço mandibular (m. digástrico). Basicamente, os
músculos superficiais da face possuem as características de músculos cutâneos.
Originários principalmente de áre-JS ósse-Js lisas ou de fáscia, esses músculos irra­
diam-se na pele ou estão dispostos de forma semelhante a um esfíncter em torno
dos orifícios da face por causa do trajeto circular de suas fibras. Os músculos da
face não são antagônicos entre si, mas determinam a expressão facial pelo arranjo
de suas fibras e, por essa ra1.ào, também são chamados músculos da mímica. Em
animais ditos inferiores na escala evolutiva, os músculos ela face são estratificados
em três camadas mais ou menos uniformes, uma sobre a outra, de onde se origina
cada músculo da face no desenvolvimento filogeneticamente avançado.
As fibras musculares transversais do delgado m. esfíncter superficial do pes­
coço (24) localizam-se na região cervical ventral e são mais bem observadas na
região da laringe. Nenhum músculo da face se origina desse músculo.
Os músculos auriculares caudais separaram-se das fibras musculares longi­
tudinais do platisma. Por meio de seu m. cutâneo da face (23), o platisma
irradia-se em direção aos lábios.
Em termos filogenéticos, o m. esfíncter profundo do pescoço consistia origi­
nalmente em uma camada de músculo cutâneo transversal que, ainda agora, é
evidente na direção das fibras musculares dos mm. malar, 1Jgom,ítico e paroti·
doauricular. No decorrer da filogênese, a camada muscular uniforme original,
observada, por exemplo, na mola, dividiu-se nos músculos individuais da ore­
lha, nos músculos da pálpebra e do nariz, bem como nos músculos dos lábios
e das bochechas.
Dos músculos da orelha com grupos caudal, dorsal, rostral e ventral, estão
representados dois de cada um dos músculos mais superficiais. Do ponto de
vista funcional, os músculos da orelha são classificados em tensores da carti­
lagem escutiforme, músculos que contomam lateralmente a abertura em for­
mato de funil da orelha externa, músculos que elevam a orelha, músculos que
abaixam a orelha externa e músculos que contornam mediaimente a abertura
da orelha externa. O nome de cada músculo deriva de sua origem e inserção.
lnervaç.'\o: Nervo facial com seus ramos auriculares e cervicais. A cartilagem
escutiforme (11) localiza-se rostrodorsalmente à orelha externa entre cada
músculo auricular, sendo um local móvel de fixação para vários músculos.
Dos músculos caudais da orelha, o m. cervicoauricular superficial (9) e o
m. cervicoescutular (12), músculo com o qual é contínuo rostralmente, são
fusionados em sua origem na linha mediana da nuca, separando-se apenas em
suas inserções nas cartilagens auriculares e escutiformes, respectivamente. (Os
mm. cervicoauricular médio e cervicoauricular profundo subjacentes contor•
nam lateralmente a abertura da orelha; ver p. 93.)
Dos músculos dorsais da orelha, o m. occipital (13) delgado corre no sentido
rostral em um arco pela crista sagital externa do osso parietal, conectando-se
com a face lateral da cartilagem escutiforme em sua face lateral. O m. interes­
cutular (14) associa-se com o occipital rostralmente e suas fibras transversas
estendem-se entre as cartilagens escutiformes direita e esquerda.
Dos músculos rostrais da orelha, o m. frontoescutular (4), que é contínuo
com o m. interescutular, segue em um arco rostralmente convexo de um lado
a outro da linha mediana, unindo as cartilagens escutiformes de ambos os la•
dos. No sentido rostral, os feixes musculares separam-se dom. frontoescutular
e, sem chegar à linha mediana, irradiam-se em direção à pálpebra superior.
orelha. O m. mandibuloauricular (26) corre profundamente entre a mandí­
bula e a base da orelha. Ele pode exibir considerável variação de tamanho ou
até mesmo estar ausente.
II. Os músculos das pálpebras e do nariz são inervados pelo n. auriculopalpe·
bral, um ramo do nervo facial.
O m. orbicular do olho (2) corresponde ao músculo anular que fecha a rima
da pálpebra.
O m. retrator do ângulo lateral do olho (3) irradia-se, como o próprio nome
diz, para o ângulo lateral do olho.
O m. levantador do ângulo medial do olho (15) estende-se em direç.'\o à pál­
pebra superior, próximo ao ângulo medial do olho.
O m. levantador nasolabial (1) começa no ângulo medial do olho, sofrendo
expans.'io antes de se irradiar para o lábio superior.
O m. malar (6) encontra-se entrelaçado com fibras musculares do platisma e,
com feixes muito delicados de fibras musculares, estende-se desde a bochecha
até a pálpebra inferior.
III. Os músculos dos lábios e da bochecha são inervados por ramos bucais
dorsais e ventrais do nervo facial.
O m. orbicular da boca (5) circunda a rima da boca, com interrupção media­
na tanto no lábio superior como no inferior.
No sentido rostral, o m. bucinador (17) situa-se ao fundo do m. orbicular da
boca e apresenta-se entrelaçado com ele. A partir do lábio superior, o m. bucina­
dor passa por cima da bochecha até a margem alveolar da mandíbula e, a partir
do lábio inferior, até a margem alveolar da maxila. O intercruzamento das fibras
musculares na bochecha dá origem a uma rafe muscular longitudinal.
O m. zigomátíco (7) segue seu trajeto entre o ângulo da boca e a cartilagem
escutiforme. A partir de sua margem caudal, os feixes musculares transversos
seguem em direção ao espaço mandibular.
O m. canino (ver p. 93) origina-se ventralmente ao forame infraorbital e irra•
dia-se para o lábio superior ao nível do dente canino.
O m. levantador do lábio superior (ver p. 93) surge em posiç.'io rostral ao fo.
rame infraorbital e entra no lábio superior dorsoparalelamente ao m. canino.
b) Do ponto de vista funcional e topográfico, e em correspondência à sua po·
sição na mandíbula, os MÚSCULOS DA MANDIBuLA são subdivididos em músculos
superficiais da orofa1inge (garganta) e músculos da mastigação (externos e 2
internos). Cada grupo consiste em dois músculos. Como atuam no fechamen-
to da boca, os músculos da mastigação, particularmente em carnívoros, são
muito fortes, com tecido tendíneo permeado entre eles. O local de origem ou
inserção desses músculos é assinalado nos ossos do crãnio por fossas mais ou
menos nítidas: fossa temporal, fossa massetérica, fossa pterigóidea e fóvea para
os músculos de nome correspondente. Dos músculos do espaço mandibular ( o
espaço entre a metade direita e esquerda da mandíbula), apenas o digástrico
em contração atua na abertura da boca e o m. milo-hióideo, como levantador
da língua, impulsiona a ingesta para uma posição entre os dentes molares e,
nesse sentido, alLxilia o processo mastigatório.
I. Dos músculos superficiais do espaço mandibular, o m. digástrico (20)
corre desde o processo jugular até a margem ventral do corpo da mandíbula.
Um tendão intermediário pequeno e imperceptível separa-se em dois ventres
musculares. Apenas o ventre rostral é inervado pelo nervo mandibular, en•
quanto o ventre caudal é inervado pelo nervo facial. O m. milo-hióideo (18)
possui origem linear a partir da tênue linha milo-hióidea na face medial de
cada metade do corpo da mandíbula, e suas fibras musculares transversas cor·
rem até a rafe muscular mediana, ao passo que suas fibras caudais prendem-se
ao osso basi-hióideo. O músculo, semelhante a uma rede de dormir, eleva e
sustenta a língua, bem como o assoalho da boca.
1 O m. escutuloauricular superficial (10) corre desde a cartilagem escutiforme
até a margem rostral da cartilagem auricular.
II. Dos músculos externos da mastígação, o m. temporal (16) surge a partir
da base da fossa temporal até o processo coronoide da mandíbula. Uma parte
acessória com direção completamente divergente das fibras musculares come•
ça na extremidade caudal do arco zigomático e segue seu trajeto dorsoparale­
lamente a esta última até a margem rostral do processo coronoide. A direção
variada das fibras pode ser vista após remoção da fáscia temporal. O m. mas­
sctcr (19) consiste nas partes superficial e profunda, que se originam nas faces
lateral ou medial do arco zigomático e se inserem na fossa massetérica ou em
sua circunferência, respectivamente.
94
Dos músculos ventrais da orelha, o m. parotidoauricular (8) estende-sedes­
de a região da laringe, pela superfície lateral da glândula parótida até a base da

Músculos da cabeça
Regiões da face
Região frontal
4 M. frontoescutular
3 M. retrator do ângulo lateral do olho
1
2
M. levantador nasolabial
1
1
1
1
1
1
5 M. orbicular da boca
1
1
1
1
6 M. malar
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
7 M. zigomático
1
1
1
1
8 M. parotidoauricular
9 M. cervicoauricular superficial
1
12 M. cervicoescutular
1
Regiões massetérica e temporal
1 O M. escutuloauricular
superficial 1
1
1
11 Cartilagem
escutiforme
~
1
1
1
1
1
1
1
13 M. occipital
1
1
14 M. interescutular
1
1
1
17 M. bucinador
1
1
1
1
1
1
1
1
1
16
19 M. masseter
M. levantador do ângulo
medial do olho
1
18 M. milo-hióideo 20 M. digástrico
Legenda:
21 M. zigomaticoauricular
Platisma:
22 M. cutâneo do pescoço
23 M. cutâneo da face
24 M. esfíncter superficial do pescoço
25 Lig. orbital
26 M. mandibuloauricular
27 M. estilo-hióideo
(ver p. 93, 97)
95

5. Músculos internos (profundos) da mastigação, nervo trigêmeo (V), nervo maxilar (V2)
e nervo mandibular (V3)
A cabeça é submetida à bissecção mesossagital. A metade direita é utilizada para a presente dissecção, envolvendo a desarticulação do lado di­
reito da mandíbula e subsequente demonstração dos músculos internos da mastigação, bem como dos nervos mandibular e maxilar. O músculo
masseter é removido em camadas, possibilitando a observação das diferentes direções das fibras das partes superficial e profunda do músculo,
bem como seus fortes tendões centrais. Dois centímetros rostralmente à articulação temporomandibular, os ramos terminais do n. massetérico
(3) são demonstrados na superfície de corte do músculo depois de o nervo seguir seu trajeto lateralmente sobre a incisura mandibular. O arco
zigomático é serrado através da articulação temporomandibular e rostralmente à fixação do ligamento orbital. O pedaço isolado do arco é, então,
removido. O m. digástrico é separado em sua inserção na margem ventral do corpo da mandíbula, com o cuidado de preservar o ramo do n.
milo-hióideo responsável pela sua inervação. Subsequentemente, efetua-se a incisão do m. milo-hióideo em sua origem ao longo da linha milo­
-hióidea em comum com a mucosa oral subjacente mais profunda. Com vigoroso movimento lateral da mandíbula, é possível transeccionar: a) a
inserção dom. temporal nas superfícies medial e lateral do processo coronoide da mandíbula; e b) os mm. pterigóideos medial e lateral na fossa
pterigóidea. Depois disso, as a., v. e n. alveolares inferiores são seccionados através do forame da mandíbula, a entrada do canal da mandíbula.
A preparação da peça anatômica é concluída desarticulando-se a mandíbula após transecção dos ligamentos associados. A cavidade articular
é subdividida em dois "pavimentos" pelo disco articular. Para ampliar o campo de dissecção, o m. temporal é removido em parte até o contorno
dorsal da periórbita. Os nn. temporais profundos (2) dentro do m. temporal são preservados e acompanhados de forma retrógrada até sua ra­
mificação a partir do n. mastigatório em comum com o n. massetérico. Para demonstrar os ramos do n. maxilar, a glândula zigomática é retraída
da fossa pterigopalatina.
a) Os MÚSCULOS INTERNOS DA MASTIGAÇÃO incluem o robusto m. pterigóideo me­
dial e o delgado m. pterigóideo lateral. Esses músculos estendem-se desde os
ossos pterigóideos e adjacentes até a imperceptível fossa pterigóidea sobre a
superfície medial do ramo da mandíbula. Os mm. pterigóideos medial e lateral
são inervados pelos nervos de mesmo nome, situados profundamente, que dei­
xam o n. mandibular (V3) imediatamente após sua saída pelo forame oval.
A origem dom. pterigóideo medial (8) exibe um tendão evidente e brilhante
sobre sua superficie externa, sendo atravessada superficialmente pelo n. man­
dibular.
O m. pterigóideo lateral (18), significativamente menor, localiza-se dorsal­
mente à margem caudal do músculo medial, na bifurcaç.io entre o n. bucal e o
n. mandibular de origem.
b) O N. TRIGÉMEO (V; ver também ilustração) possui uma raiz sensitiva ampla e
uma raiz motora menor. Depois de deixar o cérebro (mas antes de atravessar o
crânio), as fibras sensitivas da raiz ampla estão associadas com o gânglio trigê­
meo (ver p. 137). No gânglio, os processos periféricos das células nervosas for­
mam os três ramos do n. trigêmeo. O primeiro ramo, o n. oftálmico sensitivo
(VI), atravessa a fissura orbital. O segundo ramo, o n. maxilar sensitivo (V2),
passa pelo canal alar até se ramificar na fossa pterigopalatina. O terceiro ramo,
o n. mandibular (V3), une-se à raiz motora antes de atravessar o forame oval.
O n. zigomático (14) prossegue até o bulbo do olho, bifurcando-se dentro
da periórbita em um ramo zigomaticofacial (13) ventral e um ramo zigo­
maticotemporal (12) dorsal. O último recebe fibras autônomas provenientes
do gânglio pterigopalatino e as conduz para a glândula lacrimal. Depois de
deixar a órbita, ambos os ramos inervam a pele da face dorsolateralmente
ao olho.
O n. infraorbital (15), um nervo sensitivo, continua o trajeto rostral do n. ma-3
xilar e, na fossa pterigopalatina, entra no canal infraorbital através do forame
maxilar. Dentro da fossa pterigopalatina, o n. infraorbital emite ramos alveo­
lares que ingressam nos forames alveolares da maxila até alcançar os dentes
molares caudais e, dentro do canal infraorbital, fornece ramos para os outros
dentes da mandíbula superior. Após deixar o forame infraorbital, o nervo in­
fraorbital fornece ramos sensitivos para o nariz e para o lábio superior.
1 I. O n. mandibular (V3, -5) passa pelo forame oval mediaimente à articula­
ção temporomandibular e emite os seguintes ramos nervosos:
O n. pterigopalatino (17) deixa o n. maxilar rostroventralmente. Em sua mar­
gem dorsal, mediaimente ao n. infraorbital, o n. pterigopalatino exibe o gân­
glio pterigopalatino (m), de coloração acastanhada. Esse gânglio recebe suas
fibras parassimpáticas e simpáticas do nervo mais delgado do canal pterigói­
deo, proveniente de VII e do tronco simpático, respectivamente. Nesse local, as
fibras parassimpáticas fazem sinapse com os neurônios de segunda ordem do
gânglio e, a partir do gânglio, tanto as fibras simpáticas (sem sinapse) como as
parassimpáticas seguem para os ramos ternünais do nervo pterigopalatino. Os
três ramos terminais descritos a seguir, em sequência dorsoventral, fornecem
fibras sensitivas para a mucosa e fibras autônomas para as glândulas de sua área
de inervação, as glândulas palatinas e do nariz: O n. mastigatório (4) fornece ramos puramente motores, os nn. temporais
prof1111dos e o 11. massetérico (ver p. 95), aos músculos mastigatórios de mesmo
nome.
Com o n. mastigatório, o n. bucal (l) passa em posição rostrodorsal e lateral
sobre o m. pterigóideo lateral. As fibras sensitivas desse n. bucal inervam a
mucosa oral, enquanto suas fibras autônomas seguem para as glândulas zigo­
mática e bucal.
O n. lingual (10) corresponde à continuação direta do n. mandibular. A cor­
da do tímpano do nervo facial passa rostroventralmente pela fissura timpâni­
ca, cruza a artéria carótida externa mediaimente e une-se com o início do n.
lingual em ângulo agudo. As fibras sensitivas especiais da corda do tímpano
inervam os botões gustativos dos dois terços rostrais da língua. As fibras autô­
nomas do n. lingual chegam à glândula mandibular e, rostralmente, à glândula
sublingual. Já suas fibras sensitivas inervam os dois terços rostrais da língua.
Um ramo, o n. sublingual (11), inerva a mucosa do assoalho da boca.
O n. auriculotemporal (7) ramifica-se próximo à saída do n. mandibular pelo
forame oval e segue caudalmente em torno da articulação temporomandibular
em um arco ventral mente convexo. As fibras autônomas do n. auriculotempo­
ral inervam a glândula parótida e um ramo sensitivo, o n. do meato acústico
externo, inerva o meato até a membrana do tímpano. Os ramos auriculares
rostrais sensitivos do n. auriculotemporal passam na margem rostral da orelha
externa, enquanto seu ramo facial transverso sensitivo inerva a face.
O n. milo-hióideo (9) fornece inervação motora para o músculo de mesmo
nome e para o ventre rostral do m. digástrico; por outro lado, seus ramos sub­
mentuais sensitivos ramificam-se na região do queixo.
O n. alveolar inferior (6) adentra o canal da mandíbula pelo forame da mandí­
bula (local onde foi previamente transeccionado). Nesse local, o nervo fornece
fibras sensitivas aos dentes da mandíbula, bem como à pele do queixo, por
2 meio dos ramos mentuais que emergem através dos forames mentuais.
96
II. O n. maxilar (V2, -16) atravessa o forame redondo e segue em direção ao
canal alar. Esse nervo puramente sensitivo ramifica-se com três ramos nervo­
sos principais:
O n. nasal caudal (21) atravessa o forame esfenopalatino, seguindo até a glân­
dula lateral do nariz e as conchas nasais.
O n. palatino maior (20) chega ao palato duro através do canal palatino
maior.
O n. palatino menor (19) estende-se rostroventral e medial mente em torno da
margem rostral do músculo pterigóideo medial até chegar ao palato mole.
Nervo trigêmeo (V)
N. infratroclear

Nervo mandibular (V3), nervo maxilar (V2), glândulas salivares
1 N. bucal----------
2 Nn. temporais profundos --
3 N. massetérioo-------
4 N. mastigatório-------
5 N. mandibular (V3) ------
6 N. alveolar inferior -----•
7 N. auricu lotemporal -----
8 M. pterigóideo medial ----
9 N. milo-hióideo -------
10 N. lingual ---------
11 N. sublingual --------
(vista lateral)
12 Ramo zigomaticotemporal--
13 Ramo zigomaticofacial ----
14 N. zigomátioo -------•
r
15 N. infraorbital-------- ,:,.
~~:•
16 N. maxilar (V2)-------• ·~:
17 N. pterigopalatino -----
18 M. pterigóideo lateral----
19 N. palatino menor ------
20 N. palatino maior -------
21 N. nasal caudal -----------
Legenda:
22 Aurícula 32 M. tireo-hióideo
23 Cartilagem da aurícula 33 M. hiofaríngeo
24 M. frontoescutular 34 M. estilo-hióideo
25 M. temporal 35 M. hioglosso
26 Ug. orbital 36 M. digástrico
27 Periórbita 37 M. milo-hióideo
28 Forama infraorbital 38 Ungua
29 Papila parotídea 39 Frênulo
30 M. esternotireóideo 40 Carúncula sublingual
31 M. esterno-hióideo 41 Forame alar rostral
a Linfonodo retrofaríngeo medial
b Glândula e dueto mandibular
e Glândula e dueto sublingual
monostomático
d Glândula parótida e dueto parotideo
e Unfonodo parotídeo
f Corda do tímpano
g Glândula lacrimal
h Glândula superficial da prega semilunar
da conjuntiva ~erceira pálpebra)
(ver p. 95, 99, 105)
Glândula zigomática e dueto zigomátioo
j Glândulas da boca
k Glândula sublingual polistomática
1 N. do canal pterigóideo
m Gânglios pterigopalatinos e ramos orbitais
n Ramos alveolares superiores
97

6. Aparelho lacrimal, nervo óptico (li), nervo oftálmico (V1), nervos e músculos do olho,
e nariz externo
Como resultado da separação das pálpebras superior e inferior, partes do aparelho lacrimal ficam expostas. Depois disso, o ápice da cartilagem
triangular, responsável pela sustentação da prega semilunar da conjuntiva (terceira pálpebra), é liberado de seu local de fixação na cavidade da
órbita. Na superfície lateral da cartilagem, o revestimento cutâneo é removido para expor as glândulas lacrimais acessórias (a saber: a glândula
superficial da prega semilunar da conjuntiva), ao mesmo tempo em que são observados inúmeros linfonodos na superfície medial da prega semi­
lunar. Para expor e dissecar o bulbo do olho, é realizada ablação de maior extensão dom. temporal, o restante da periórbita é removida e o cone
dos músculos do bulbo do olho é retraído ventrolateralmente para longe da parte óssea da cavidade da órbita. Nesse estágio, a tróclea (21) já
pode ser visualizada dorsomedialmente ao bulbo do olho; ela deve ser separada de seu local de fixação à órbita. O n. óptico exibe localização
central no cone de músculos extrínsecos do olho, sendo inspecionado pela retração de tais músculos.
1 a) O APARELHO LACRIMAL ( ver também ilustração) compreende as glândulas la­
crimais e seu sistema de duetos excretores. A glândula lacrimal (16), que se
localiza em posição mecLial ao ligamenlo orbital, e a glândula superficial da
prega semiJunar da conjuntiva (20) secrelam o filme lacrimal, que flui das
glândulas através de dúctulos estreitos em direç,'\o ao fórnice superior da con­
juntiva (A) do saco da conjuntiva. Com o movimento das pálpebras, a córnea
se mantém umedecida por uma película de filme lacrimal. O filme acumula-se
na profuncLidade do ângulo medial do olho no lago lacrimal (B), em cujo cen­
tro está a carúncula lacrimal (C) que, no caso, aparece acima do líquido cir­
cunjacente. Alguns milímelros distanles do ângulo medial do olho, os pontos
lacrimais (17) ficam próximos à margem do epilélio pigmentado na superfície
bulbar das pálpebras superior e inferior. O filme lacrimal flui alravés desses
2 pequenos orifícios para os canaliculos lacrimais (18) superior e inferior, que,
por sua vez, unem-se no saco lacrimal (19). O dueto nasolacrimal, que começa
nesse local, a princípio situa-se no canal lacrimal ósseo e depois mais rostral­
menle no sulco lacrimal da maxila. O dueto conduz o filme lacrimal até o óstío
nasolacrimal, um orifício milimétrico presente no vestíbulo nasal a cerca de 1
cm caudal ao ângulo ventral do nariz, no início do meato nasal ventral, onde
uma margem pigmenlada e dislinta é visível.
b} O N. óPT1co (II, -13} consiste em um amplo feixe de fibras nervosas que
começa na retina, cujas fibras, procedentes do bulbo do olho, recebem bainhas
medulares. Ele segue para o quiasma óptico, onde começa o traio óplico, ou
seja, a conlinuação para o diencéfalo. Em termos evolutivos, o nervo óplico
deve ser considerado como parte do cérebro. É envolto por continuação das
três meningese as bainhas de mielina de suas fibras são formadas por células
gliais (oligodendróglias) do sislema nervoso central.
3 c) O N. OFTÁLMICO {V 1, ver lambém ilustração, p. 96) constilui o primeiro ramo
do n. trigêmeo (V). Os ramos do n. oftálmico correspondem aos nervos lacri­
mal, frontal e nasociliar.
98
Além de ser mais delgado, o n. lacrimal (5) acompanha a artéria de mesmo
nome e o ramo zigomaticotemporal (V2) abordado anteriormente. As fibras
autônomas do n. lacrimal, que passam pelo gânglio pterigopalatino, inervam a
glândula lacrimal, enquanto suas fibras sensilivas, a pálpebra superior.
O n. frontal (4) deLxa a órbita lateralmenle à lróclea, fornecendo inervaç,'io
sensiliva para a pele da região frontal.
O n. nasociliar {10) ramifica-se nos nervos infratroclear, etmoidal e ciliar longo.
O 11. infratroclear (22) deixa a órbila ventromedialmenle à tróclea e inerva a
pele no ângulo medial do olho. O n. etmoidal (8), que contém fibras sensitivas e
autônomas, passa pelo fora me etmoidal ( e, nesse local, é mais facilmente identifi­
cado na dissecção) e, depois, pela lâmina cribriforme alé o fundo da cavidade na­
sal. O n. etmoidal pode ser acompanhado entre o m. relo medial e o m. oblíquo
dorsal até sua origem a parlir do n. nasociliar. Do mesmo modo, os 1111. ciliares
longos {9} ramificam-se nesse local a partir do n. nasociliar e acompanham o n.
óptico lateralmente. As fibras simpáticas dos nn. ciliares longos inervam o m.
dilatador da pupila, ao passo que suas fibras sensilivas, a córnea.
d) Os NERVOS E MúscuLos oo OLHO são tratados em conjunto. Na dissecção em
andamento, os nervos que se cLirigem aos músculos extrínsecos do olho (111, IV
e VI) são ulilizados para idenlificar os próprios músculos, e os nervos também
sào acompanhados de forma retrógrada até suas origens. Sào músculos do bul­
bo do olho: mm. reto dorsal, reto medial, reto venlral e reto lateral; mm. oblí­
quo dorsal e oblíquo ventral; m. levantador da pálpebra superior; e m. retrator
do bulbo, que circunda o n. óptico como um manto ou capa. Basicamente, os
músculos retos movimentam o bulbo do olho para o sentido medial em dire­
ção ao nariz ou para o lado voltado à região temporal. bem como nas direções
dorsal e ventral. Os mm. oblíquos dorsal e ventral provocam ro1ação interna e
externa do bulbo do olho, respectivamente.
I. O n. oculomotor (III) inerva todos os músculos extrú1secos do olho, exceto
os mm. oblíquo dorsal e reto lateral. (Algtms autores excluem o músculo re­
trator do bulbo.)
U. O n. troclear (IV} inerva apenas o m. oblíquo dorsal.
III. O n. abducente (VI) inerva o m. reto lateral e a parte lateral do m. retrator
do bulbo. (Alguns autores incluem lodo o músculo retralor do bulbo.)
O n. oculomotor termina com seu ramo ventral (12) passando distalmente
pelo m. oblíquo ventral (23). O ramo pode ser acompanhado de modo re­
trógrado enlre os mm. retos lateral e ventral e, por fim, através dom. retrator
do bulbo até a face lateral do n. óptico. O gânglio ciliar (15) pode ser visto
próximo ao ramo ventral do n. oculomotor como um corpúsculo de coloração
acastanhada, do !amanho de uma semenle de milheto. Os nn. ciliares cu rios e
finos provenientes do gânglio acompanham o n. óptico e penetram na esclera.
Além de fornecerem fibras parassimpáticas para os mm. ciliar e esfíncter da
pupila, os nervos ciliares também fornecem fibras simpàlicas para o m. dilata­
dor da pupila. O ramo dorsal ( 11) do n. oculomotor inerva o m. reto dorsal
(3) e o m. levantador da pálpebra superior (2) mais superficial, ambos dos
quais sào atravessados em sequência pelo n. frontal {originário de VI). O n.
troclear ( 6) entra no m. oblíquo dorsal ( 1) na junção de seus terços caudal e
médio. O tendão de inserção do último músculo passa por cima da cartilagem
troclear, mudando nesse local de uma direção longitudinal para outra trans­
versal e lerminando no bulbo do olho em posição ventral à inserção dom. reto
dorsal. O m. reto medial {14), que se encontra ventromedial ao reto dorsal,
é inervado pelo n. oculomotor. O m. reto lateral {24), um abdulor do bulbo
do olho (rotaciona o polo anterior do bulbo para o lado), é invadido em sua
margem dorsal pelo n. abducente (7).
e) O nariz (ver ilustração) estende-se desde a raiz do nariz (D) sobre o dorso
nasal (E) até o ápice do nariz ( G). No ápice, cada uma das narinas é delimilada 4
laleralmente pela asa da narina (H, -asa do nariz) e medialmenle pelo pla-
no nasal (F). fasas características rostrais são amparadas pelas cartilagens do
nariz e do septo. O plano nasal é formado por pele glabra ( ou seja, sem pelos)
modificada na região das narinas e exibe um filtro (I) mediano. O seplo nasal
é membranoso na região das narinas e cartilagíneo em seus dois terços rostrais,
mas é sustentado por osso em seu terço caudal.
H

Aparelho lacrimal, órgãos acessórios do bulbo do olho e nervos cranianos (li, Ili, IV, V1,
V2 e VI)
Legenda:
25 M. frontoescutular
26 M. temporal
27 Lig. orbital
28 Periórbita
29 Maxila
30 Prega reta
31 Prega alar
32 Forame alar rostral
33 M. pterigóideo lateral
34 M. pterigóideo medial
35 M. retrator do bulbo do olho
36 M. reto ventral
37 Osso zigomático
38 Pupila
39 Íris
40 Esclera
41 Túnica conjuntíva do bulbo
1 M. oblíquo dorsal ------
2 M. levantador da
pálpebra superior------
3 M. reto dorsal--------
4 N. frontal----------
5 N. lacrimal ---------
6 N. troclear (IV) --------
7 N. abducente (VI) ------
(vista dorsolateral)
8 N. etmoidal --------,

9 Nn. ciliares longos -----,

10 N. nasociliar-------, '
N. oculomotor (110
11 Ramo dorsal-----
12 Ramo ventral ---
I
I I I
I I I
I I I
I I /
13 N.óptico(II)-------./ 1
1
I I
14 M. reto medial -------1 1
I
15 Gângliociliar --------'
Legenda:
a N. maxilar (V2)
b N. zigomático
·-38
-39
·-40
c Ramo zigomaticotemporal
d Ramo zigomaticofacial
e Dueto nasolacrimal
(vista lateral)
Glândula lacrimal
Ponto lacrimal
Canalículo lacrimal
Saco lacrimal
Glândula superficial
da prega semilunar
da conjuntiva
(vista dorsolateral)
------------21 Wc-
-----------22 N. infratroclear
-----23 M. oblíquo ventral
-----24 M. reto lateral
(vista rostral)
f N. infraorbital
g N. do canal pterigóideo
h N. pterigopalatino
Gânglios pterigopalatinos e
ramos orbitais
(ver p. 97, 103, 105)
j Ramos alveolares superiores
k N. nasal caudal
1 N. palatino maior
m N. palatino menor
n Nn. ciliares curtos
99

7. Nariz, laringe, cavidade oral e faringe
a) NARIZ:
1. A cavidade nasal começa no nariz com o vestíbulo nasal (1), que é coberto
por mucosa cutânea pigmentada. O vestíbulo alberga a prega reta ( 4) dorsal­
mente, prega de mucosa que se estende em sentido rostral pela concha nasal
dorsal; a prega alar (3), prega de mucosa que é sustentada por cartilagem e
se estende rostralmente pela concha nasal ventral; e a prega basal (2) imper­
ceptível, situada ventralmente à prega alar. Além de ser revestida por mucosa
respiratória, a cavidade nasal propriamente dita contém as conchas nasais dor­
sal e ventral (ver p. 90). A concha nasal média, que surge da parte caudal da
cavidade nasal, insere-se entre elas. A glândula lateral do nariz localiza-se no
recesso maxilar da maxila e, como o dueto nasolacrimal, desemboca no vestí­
bulo nasal. Tanto a secreção da glândula como o filme lacrimal umedecem o
plano nasal. No fundo do nariz (9) fica o labirinto etmoidal, que, em parte, é
revestido por mucosa olfatória.
II. Quatro meatos nasaís estendem-se até a cavidade nasal. O meato nasal
dorsal (8), que se situa entre a concha nasal dorsal e o osso nasal, conduz até o
órgão olfatório (e, por essa razão, recebe o nome de meato olfatório). O meato
nasal médio (6) localiza-se primeiramente entre as conchas nasais dorsal e
ventral, mas, depois, na concha nasal média, divide-se em vias dorsal e ventral
que conduzem até os seios paranasais. Daí também vem o nome meato do seio.
2 O meato nasal ventral (5) também é chamado de meato respiratório, localiza­
-se entre a concha nasal ventral e o palato, mas chega ao fundo do nariz, onde
é sucedido pelo meato nasofaríngeo até as coanas. Os meatos olfatório e respi­
ratório, bem como o meato do seio, fundem-se mediaimente no meato nasal
comum (7), que corresponde à via estreita ao lado do septo nasal em toda a
extensão dorsoventral da cavidade nasal.
III. O órgão olfatório encontra-se no fundo do nariz e, nesse local, sua muco­
sa olfatória reveste parte do labirinto etmoidal.
IV. O órgão vomeronasal (ver p. 123) também é revestido pela mucosa olfa­
tória e se localiza no assoalho do vestíbulo nasal, na transição com a cavidade
nasal propriamente dita, diretamente sobre o septo nasal cartilagíneo. Além
disso, o órgão vomeronasal comunica-se com o teto da cavidade oral através do
dueto incisivo (ou nasopalatino). Do ponto de vista funcional, ele serve como
órgão olfatório ou odorífero oral para a recepç,io de odores, especialmente fe­
rormônios.
V. Os nn. olfatórios (I) são compostos dos processos de células olfatórias que
correm principalmente pelo órgão olfatório no fundo do nariz e também pelo
órgão vomeronasal no vestíbulo nasal (n. vomeronasal). Os nervos passam
pela placa cribriforme do osso etmoide e seguem em direção ao bulbo olfatório
do telencéfalo (ver p. 137).
b) A LARINGE é palpável ventral mente no limite da cabeça e do pescoço, forman­
do parte da via respiratória e atuando na fonação. A entrada da laringe pode ser
isolada da faringe e da via digestória, como ocorre no processo de deglutiç,io.
De dentro para fora, a parede da laringe é formada por mucosa, cartilagem e
músculos da laringe.
3 1. A mucosa da laringe reveste seu lume. Na entrada da laringe, sobre as pregas
vocais, e nos ventrículos da laringe, o revestimento do lwne consiste em uma
mucosa cutânea com epitélio escamoso estratificado; por outro lado, nas áreas
remanescentes, há mucosa respiratória ciliada.
4
5
6
7
100
II. A cavidade da laringe engloba o vestíbulo da laringe, a rima da glote com
seu aparelho vocal (glote) e a cavidade infra glótica.
O vestíbulo da laringe (E) estende-se desde a margem livre da epiglote até as
pregas vestibulares (F"). O aparelho vocal (glote, -F) é formado por ambas
as pregas vocais (F), cujas margens livres delimitam a parte intermembranácea
da rima da glote. A parte intercartilagú1ea da rima da glote é formada pelas
cartilagens aritenóideas e seu revestimento de mucosa. A mucosa das pregas
vocais é sustentada pelo ligamento vocal e mantida lateralmente pelo músculo
vocal. Entre a prega vestibular e a prega vocal, encontra-se a entrada para o
ventrículo da laringe (F'). A cavidade infraglótica estende-se desde as pregas
vocais até o primeiro anel traqueal.
III. Das quatro cartilagens da laringe, partes das cartilagens aritenóideas e a
cartilagem epiglótica (21) são cartilagens elásticas; as demais cartilagens são
hialinas. Com suas lâminas, que são abertas dorsal mente, a cartilagem tireói­
dea (20) envolve e protege as partes remanescentes da laringe de forma exten­
sa. O corno rostral da lâmina tireóidea fica preso ao elemento tiro-hióideo do
aparelho hióideo, enquanto o corno caudal, à cartilagem cricóidea. A cartila­
gem aritenóidea (19) pareada possui, caudalmente, um processo muscular;
ventralmente, um processo vocal para a fixação do ligamento e músculo vocais;
rostrodorsalmente, um processo cuneiforme (ou seja, em formato de cunha);
e, caudodorsalmente, um processo corniculado. A cartilagem cricóidea (22)
não pareada sustenta o lume da laringe dorsal mente entre as lâminas da carti•
lagem ti reóidea.
IV. Dos músculos da laringe, o 111. cricoaritenóideo dorsal é o único que atua 8
na expansão da rima da glote, sendo de suma importância em termos clínicos.
Ele se estende desde a cartilagem cricóidea até o processo muscular da cartila­
gem aritenóidea e, por aç.io de alavanca, tensiona o ligamento vocal, que está
preso ao processo vocal. (Para mais informações sobre os músculos responsá­
veis pelo estreitamento da rima da glote, ver Tabela de Músculos.)
A inervação dos músculos e da mucosa da laringe é feita pelo n. vago. O n. la­
ríngeo caudal emitido pelo n. vago inerva todos os músculos da laringe, exceto
o m. cricotireóideo, o mais caudal e externo deles, que é inervado pelo n. larín­
geo cranial, que também se trata de um ramo do vago (ver p. 103). Em posição
cranial à rima da glote, a inervação sensitiva é conferida pelo ramo interno do
n. laríngeo cranial e, caudalmente a ela, pelo n. laríngeo caudal.
c) A CAVIDADE DA eocA compreende o vestíbulo ( 11 ), que corresponde ao espaço
entre as bochechas, os lábios e as arcadas dentárias, e a cavidade da boca pro-9
priamente dita (10), que equivale ao espaço interno a essas arcadas. Caudal­
mente aos últimos dentes molares, a cavidade da boca transpassa a parte oral
da faringe. O teto da cavidade da boca é formado pelo palato duro, cujas rugas
palatinas (13) transversas são bisseccionadas pela rafe palatina mediana (não 10
ilustrada). Caudalmente aos dentes incisivos centrais superiores, encontra-se
a papila incisiva (12) mediana; em cada lado dessa papila, por sua vez, existe
o orifício do dueto incisivo (nasopalatino). Cada dueto atravessa a fissura pa­
latina de seu lado e, antes de se abrir na cavidade nasal, está ligado ao órgão
vomeronasal ipsilateral. O assoalho da cavidade oral propriamente dita contém
a língua e seu frênulo.
d) A FARINGE circunda a cavidade da faringe. Dentro dela, uma estrutura de­
nominada óstio faríngeo refere-se ao orifício entre a parte nasal da faringe e a
parte laríngea da faringe.
I. As partes oral e laríngea da faringe formam parte da via digestiva, parte di­
gestória (B -D). A orofaringe (faringe oral) também recebe o nome de istmo
dasfauces. A parte oral da faringe (8) estende-se desde os últimos dentes mo­
lares até a base da epiglote. O assoalho da parte oral da faringe é formado pela
base da língua; suas paredes laterais, pelos arcos palatoglossos, que albergam
a tonsila palatina dentro do seio tonsilar; e o teto é formado pelo palato mole.
A laringofaringe (parte laríngea da faringe, -C) começa no óstio intrafarín­
geo, onde se projeta a parte rostral da la1inge. A parte caudal da laringofaringe
corresponde ao vestíbulo do esõfago. que transpassa o esôfago em uma proe­
minência distinta da mucosa, o limite faringoesofágico (18).
II. A nasofaringe (parte nasal da faringe, -A) estende-se desde as coanas
até o óstio intrafaríngeo, que é delimitado pela margem livre caudal do palato
mole, pelo arco do véu palatino (16) e pelo arco palatofaríngeo (17). Os ós­
tios faríngeos pareados das tubas auditivas (14) desembocam na nasofaringe 11
na metade de sua extensão. Cada tuba auditiva abre-se na orelha média.
As tonsilas circundam, de forma anelar, tanto a oro como a nasofaringe. Nas
tonsilas, existem nódulos linfáticos tonsilares e tecido linfático difusamen­
te distribuído em relação estrita com o epitélio sobrejacente da mucosa oral.
Linfócitos e também granulócitos migram do tecido linforreticuJar subjacente
para o epitélio, onde expandem os espaços intercelulares e conferem aspecto
reticular. Profundamente, as tonsilas são separadas dos tecidos adjacentes por
cápsula fibrosa. Além disso, elas são ricamente vasculari1..adas e possuem ape­
nas vasos eferentes. Nenhum vaso aferente segue para as tonsilas.
O "anel faríngeo" linfático é formado pela tonsila faríngea no teto da nasofarin­
ge, pela tonsila palatina (15) lateralmente na orofaringe e pela tonsila lingual
em seu assoalho.
/ Nasofaringet
Cavidade da faringe Óstio intrafaríngeo
'-......orofaringe -Laringofaringe }
Vestíbulo do esôfago
Parte
digestória
12

Secção mediana da cabeça
1
1
1
1
13 Rugas palatinas
Papila incisiva
Vestíbulo da boca
1
1 O Cavidade da boca propriamente dita
Cartilagens da laringe
1
1
1
1
1
14 Óstio laríngeo da tuba
auditiva
1
1
1
1
1
1
1
15 Tonsila palatina
óstio intrafaríngeo:
1
1
1
1
1
1
1
16 Arco do palato mole
(vista craniolateral)
47
19 Cartilagem aritenóidea -------
46
20
21 Cartilagem epiglótica --
22
Legenda:
23 óstio nasolacrimal
Cavidade nasal propriamente dita:
24 Concha nasal ventral
25 Concha nasal dorsal
26 Concha nasal média
27 Septo nasal (secção)
28 Seio frontal rostral
29 Seio frontal medial
30 Seio frontal lateral
31 M. próprio da língua:
32 Fibras transversais
33 Fibras perpendiculares
34 Fibras longitudinais
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
M. genioglosso 46 Processo cuneiforme
M. genio-hióideo 47 Processo corniculado
M. milo-hióideo 48 Processo muscular
Basi-hióideo 49 Processo vocal
Palato duro 50 Corno rostral
Palato mole 51 Corno caudal
(véu palatino) 52 Arco da cartilagem cricóidea
M. tensor do véu palatino 53 Lâmina da cartilagem cricóidea
M. levantador do véu palatino 54 Articulação tiro-hióidea
M. palatofaríngeo 55 Articulação cricotireóidea
M. pterigofaríngeo 56 Traqueia
M. longo da cabeça (secção)
f
1
1
1
1
1
1
1
1
18 Limite 1
faringoesofágico
(verp. 91,103,106,107,111)
Cavidade da faringe
A
B-D
B
Parte nasal
Parte digestória
Parte oral
c
D
Parte laríngea
Vestíbulo do esôfago
Cavidade da laringe
E Vestíbulo da laringe
F Glote (prega vocal)
F' Ventrículo da laringe
F" Prega vestibular
G Cavidade infraglótica
N. gloosotaríngeo (IX):
a Ramo lingual
b Ramo laríngeo
c Ramo laríngeo do n. vago (X)
d N. laríngeo cranial
e Gãnglios cervicais craniais
f Tronco vagossimpático
g N. acessório (XI)
h A. carótida externa
A. occipital
i A. carótida interna
k A carótida comum
101

8. Músculos da faringe, nervos cranianos do grupo vago (IX, X, XI), sistema nervoso
autônomo da cabeça, artérias da cabeça, meato acústico externo
A dissecção é realizada simultaneamente nas faces medial e lateral da amostra. A mucosa respiratória da nasofaringe, desde o óstio laríngeo
da tuba auditiva até o óstio intrafaríngeo, é dissecada e separada do tecido subjacente a fim de exibir os músculos do palato mole, os músculos
constritores rostrais da faringe e os nervos cranianos (IX -XI). O m. longo da cabeça também é desligado de sua inserção no tubérculo muscular
do osso occipital (ver p. 101 ). Para demonstrar o meato acústico externo, um fragmento tecidual cuneiforme (ou seja, em formato de cunha) é
excisado da cartilagem auricular e removido, começando cranial e caudalmente ao trágus quadrangular (J). Isso é similar à técnica utilizada no
tratamento cirúrgico de otite externa. Para essa finalidade, iniciam-se a incisão rostral na incisura pré-trágica e a incisão caudal na incisura inter­
trágica. Ambas as incisões convergem para o meato acústico externo ósseo.
a) Os MÚSCULOS DA FARINGE incluem o dilatador da faringe (1), os músculos do
palato mole (II) e os constritores rostral, médio e caudal da faringe (Ili-V).
1. O m. estilofaringeo caudal (14) é o único dilatador da faringe. Este mús­
culo estende-se desde a face caudal do elemento estilo-hióideo até a parede
dorsolateral da faringe. II. Ambos os músculos do palato mole originam-se
rostralmente à bula timpânica na base do crânio. O m. tensor do véu palatino
(2) prossegue no sentido rostroventral em torno do hâmulo do osso pterigói­
deo até o palato mole. O m. levantador do véu palatino (7) estende-se perpen­
dicularmente em direção ao palato mole. Ili. Dos dois constritores rostrais
da faringe, o m. pterigofaríngeo (5) surge no hâmulo do osso pterigóideo e
segue lateralmente ao m. levantador do véu palatino antes de se fixar à parede
da faringe. O m. palatofaríngeo (6) corre entre a aponeurose do palato mole e
a parede da faringe. IV. O constritor médio da faringe, o m. hiofaríngeo (18),
estende-se dorsalmente desde os elementos basi-hióideo e tiro-hióideo até a
parte rostral da rafe faríngea. V. Dos dois constritores caudais da faringe, o m.
tireofaríngeo (19) origina-se da cartilagem tireóidea, enquanto o m. cricofa­
ríngeo (17), que não está claramente realçado do tireofaríngeo, da cartilagem
cricóidea. Ambos os músculos se inserem na parede dorsal da faringe na rafe
faríngea, caudal ao hiofaríngeo.
A inervação de grande parte dos músculos da faringe é feita pelos ramos farín­
geos dos nervos glossofaríngeo e vago, que formam o plexo faríngeo da parede
dorsolateral da faringe. O m. tensor do véu palatino, inervado pelo n. mandi­
bular (V3), é uma exceção, assim como o m. estilofaríngeo caudal, inervado
apenas pelo n. glossofaríngeo.
b) Todos os NERVOS CRANIANOS oo GRUPO VAGO atravessam o forame jugular e, exce­
to pelo n. acessório (XI), são cruwdos lateralmente pelo n. hipoglosso (XII).
2 O n. glossofaríngeo (IX, -9), logo após sua saída pelo forame jugular, emite o
n. timpânico parassimpático que continua como n. petroso menor e se estende
pelo gânglio ótico até chegar ao n. mandibular (V3; ver p. 137). Depois disso,
o n. glossofaríngeo inerva o m. estilofaríngeo caudal e, mediaimente à bula
timpânica, divide-se em ramos lingual e faríngeo. O ramo lingual (13) cruza
o elemento estilo-hióideo, originando o m. estilog)osso mediaimente. O ramo
lingual fornece inervação sensitiva geral à base da língua e inervação sensitiva
especial aos botões gustativos das papilas valadas e folhadas. Com o ramo fa­
rí ngeo do n. vago, e fibras simpáticas provenientes do gânglio cervical cranial,
o ramo faríngeo (10) forma o plexo faríngeo na faringe dorsolateral. O plexo
fornece a inervaç.'io motora e sensitiva à faringe.
2 O n. vago (X, -8), depois de atravessar o forame jugular, emite a parte sensitiva
do n. facial que, assim como o ramo auricular interno, inerva o meato acústico
externo (ver p. 93). O ramo faringeo (10) do n. vago comunica-se com o ramo
de mesmo nome do n. glossofaríngeo, formando o plexo faríngeo. O n. vago
arqueia-se no sentido caudal, exibindo nesse local um nítido gânglio distal (no­
doso), onde começa o n. laringeo erama! (15). Com seu ramo externo, o nervo
laríngeo cranial inerva o m. cricotireóideo e, com seu ramo sensitivo interno,
atravessa a incisura tireóídea para inervar a mucosa da laringe cranialmente à
rima da glote. O n. vago corre no tronco vagossimpático dorsoparalelamente
à a. carótida comum e, dentro da cavidade torácica (ver p. 49), emite o n. la­
ríngeo recorrente, o qual ascende pelo pescoço adaptado à superfície lateral da
traqueia. Depois de fornecer os ramos traqueal e esofágico, o n. laríngeo recor­
rente continua como n. laríngeo caudal (20), prosseguindo para a laringe, ao
fundo do m. cricofaríngeo. Com exceção do m. cricotireóideo, o n. laríngeo
caudal inerva todos os músculos intrínsecos da laringe e também sua mucosa
caudalmente à rima da glote.
O n. acessório (XI, -11) corre em posição dorsolateral ao gânglio distal (X)
para inervar os mm. trapézio e esternocleidomastóideo.
c) O SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO DA CABEÇA (ver p. 137) compreende a divisão
parassimpática, cujas células nervosas de origem ficam no mesencéfalo e rom­
bencéfalo, e a divisão simpática, que tem origem a partir da medula espinal
torácica.
3 1. O tronco simpático (ver p. 49), com suas fibras nervosas pré-ganglionares,
segue para a junção da cabeça e do pescoço no tronco vagossimpático (16),
que se bifurca em n. vago, situado dorsal mente, e em tronco simpático com seu
102
gânglio cervical cranial, ventralmente. Após sofrerem sinapse no gânglio cer­
vical cranial (12), as fibras simpáticas pós-ganglionares não mielinizadas pros­
seguem como plexos perivasculares na adventícia dos vasos mais calibrosos da
cabeça (p. ex., plexo carotídeo i11terno, plexo carotídeo externo) até suas áreas de
inervação (p. ex., glândulas, mucosas e músculos internos do olho).
li. Emergindo do cérebro com seu nervo craniano de origem, as fibras pa­
rassimpáticas pré-ganglionares continuam com os nervos cranianos UI, VII, 4
IX e X para a primeira parte de seu trajeto. No entanto, essas fibras logo se
ramificam em seus respectivos gânglios parassirnpáticos, onde ocorre a sinap-
se, e, então, o estado excitatório é conduzido por fibras pós-ganglionares que
chegam a suas áreas de inervação em comum com ramos de outros nervos cra­
nianos. Apenas o nervo vago, X par de nervos cranianos, conduz o impulso por
si só e de forma distinta, pois se estende com suas fibras parassimpáticas até as
grandes cavidades corporais. O nervo vago, por sua vez, não emite qualquer
fibra parassimpática para outros nervos cranianos.
d) As ARTÉRIAS DA CABEÇA originam-se da a. carótida comum (33), que emite a
artéria tireóidea erama! (34) para a glândula tireoide e, na junção da cabeça
e do pescoço, bifurca-se (bifurcação carotídea) na pequena a. carótida interna,
que se dirige rostrodorsalmente, e na grande a. carótida externa, que contínua
na direção rostral da carótida comum. Em sua origem, a a. carótida interna
(27) exibe uma intumescência localizada, o seio carotídeo (27), que contém
receptores pressóricos. O glomo carotídeo, que contém químiorreceptores,
localiza-se na bifurcação carotídea. A a. carótida interna atravessa o canal caro­
tídeo em uma típica formação em loop (ou seja, em círculo) e emite várias arté­
rias cerebrais dentro da cavidade do crânio. A a. carótida externa (29) chega à
articulação temporomandibular, onde se transforma na a. maxilar. Em sua ori­
gem, ainda na bifurcação carotídea, a carótida externa emite a a. occipital (28)
que, a princípio, corre paralelamente à a. carótida interna e depois contínua
no sentido dorsal até a região occipital. Quase no mesmo nível, a a. laríngea
cranial (30) deixa a face ventral da a. carótida externa para entrar na incisura
tireóidea junto do nervo de mesmo nome. A a. lingual e a a. facial também pro­
cedem da face ventral da artéria carótida externa a uma distância equivalente à
largura de um dedo, rostralmente à artéria tireóidea cranial. A a. lingual (32)
passa entre os mm. cerato-hióideo e hioglosso até alcançar a língua e as tonsi­
las. Em primeiro lugar, a a. facial (31) se dirige mediaimente à mandíbula e ao
seu lado emite a a. sublingual (41) (a v. sublingual que a acompanha se dirige
à v. lingual). A a. facial, então, corre entre a inserção do m. digástrico e a mar­
gem ventral da mandíbula, arqueando-se dorsalmente na superfície lateral da
mandíbula. A continuação do trajeto da a. facial na face está descrita na p. 93.
A a. auricular caudal (23) e a a. temporal superficial (22), com seu ramo, a a.
auricular rostral (21), procedem da convexidade dorsal da curva terminal da
a. carótida externa. Essas artérias irrigam a orelha externa e a região temporal.
Como continuação rostral da a. carótida externa, a a. maxilar (24) segue no
sentido medial, ventral mente à articulação temporomandibular, emitindo nes­
se local a a. alveolar inferior (26) para o canal da mandíbula e a a. temporal
profunda caudal (25) para o m. temporal. Após sua passagem através do canal
alar, a a. maxilar emite a a. oftálmica externa (35) para o bulbo do olho e a a.
temporal profunda rostral (36) para o m. temporal. Os ramos terminais da a.
maxilar (a. infraorbital, -37, a. palatina maior, -39, a. palatina menor, -40,
e a. esfenopalatina, -38) correm, com a exceção mencionada adiante, com
nervos de mesmo nome através de canais ou forames ósseos adequadamente
indicados até as áreas irrigadas ou inervadas por eles. (A a. esfenopalatina atra­
vessa o forame esfenopalatino com o n. nasal caudal).
e) O MEATO ACÚSTICO EXTERNO (3) é sustentado na parte proximal pela carti-5
!agem auricular (1) enrolada seguida pela cartilagem anular e, por fim, pelo
meato acústico externo ósseo. O meato acústico externo é subdividido em par-
te auricular longa (perpendicular) e parte timpânica curta (horizontal), o que
pode ser observado após sua abertura. Entre as duas partes, existe uma curva­
tura quase em ângulo reto (aproximadamente 100° em raças com orelhas eretas
e superior a 110° naquelas com orelhas pendentes). A cartilagem anular (4)
em formato de anel e o meato acústico externo ósseo ( que se estende apenas
alguns milímetros até a membrana do tímpano responsável pelo fechamento
do canal) participam da formação da parte timpânica (horizontal) como ex­
tensões da cartilagem auricular.

Nervos cranianos (V2, IX, X, XI, XII), artérias da cabeça, músculos da língua, músculos
da faringe, e orelha externa
1 Cartilagem da auríeula (secção)
2 M. tensor do véu palatino ---
3 Meato acústico
externo cartilagíneo:
Parte perpendicular ----
Parte horizontal ------·
4 Cartilagem anular ------
5 M. pterigofaringeo ------
6 M. palatofaríngeo ------
7 M. levantador do véu palatino-
8 N. vago (X) e gânglios distais
9 N. glossofaringeo {IX) -----
10 Ramos laríngeos dos nn. IX e X-
11 N. acessório (XI) -------
12 Gânglios cervicais craniais --
13 Ramo lingual do n. IX----
14 M. estilofaringeo caudal----
15 N. laríngeo cranial------
16 Tronco vagossimpático----
17 M. cricofaríngeo-------
18 M. hiotaringeo --------
19 M. tireofaríngeo-------
20 N. laríngeo caudal ------
(vista lateral)
21 A. auricular rostral ------
22 A. temporal superficial ----
23 A. auricular caudal ------
24 A. maxilar----------
25 A. temporal profunda caudal -
26 A. alveolar inferior ------
27 A. carótida interna e seio
Legenda:
A Saco marginal cutâneo
B Processo lateral do antitrágus
C Processo medial do antitrágus
D Escala
E Hélice
F Pilar medial da hélice
G Pilar lateral da hélice
H Antitrágus
carotídeO----------":
28 A. occipital ---------
29 A. carótida externa------
30 A. laríngea cranial ------
31 A.facial----------
32 A.lingual----------
33 A. carótida comum-----
34 A. tireóidea cranial -----
Legenda:
a N. facial (VII)
b N. cervical (C1)
c Alça cervical
d N. mandibular (V3)
e N. hipoglosso {XII)
f N. maxilar (V2)
g N. zigomático
h N. troclear (IV)
N. abducente {VI)
j N. lacrimal
k N. pterigopalatino e gânglios
pterigopalatinos
Ramo ventral do n. oculomotor {Ili)
m N. infraorbital
n N. alveolar superior
o N. palatino menor
p N. infratroclear
q N. frontal
1 lncisura intertrágica
J Trágus
K lncisura pré-trágica
r Glândula paratireoide
s Glândula tireoide
t A. facial transversa
u A. lacrimal
V Glândula lacrimal
w A. malar
X A. bucal
y Glândulas bucais
Legenda:
42 M. cleidocervical
M. esternocleido-
mastóideo:
43 M. esternoccipital
44 M. esternomastóideo
45 M. cleidomastóideo
46 Esôfago
47 M. esternotíreóideo
48 M. esterno-hióideo
49 M. tiro-hióideo
50 M. temporal
51 Periórbita
52 M. obliquo dorsal
53 M. levantador da
pálpebra superior
54 M. reto dorsal
55 M. retrator do bulbo
do olho
56 M. reto lateral
57 M. oblíquo ventral
58 M. pterigóideo lateral
59 M. pterigóideo
medial
60 M. estiloglosso
61 M. hioglosso
62 M. genioglosso
63 M. estilo-hióideo
64 M. genio-hióideo
65 M. milo-hióideo
66 M. digástrico
-35 A. oftálmica externa
-36 A. temporal profunda
rostral
A. ínfraorbital
A. esfenopalatina
A. palatina maior
A. palatina menor
-41 A. sublingual
(ver p. 93, 95, 99)
103

9. Língua, músculos da língua, nervo hipoglosso (XII}, glândulas salivares e dentição
1 a) A LÍNGUA com seu frênulo (17) ocupa o assoalho da boca e contém, em sua
raiz (raiz da língua), o elemento basi-hióideo, sendo margeada de cada lado
pelos elementos cerato-hióideos; enquanto o corpo e o ápice da língua pro-
2 jetam-se rostralmente na cavidade da boca. A mucosa do dorso da língua é
dotada de papilas mecânicas, ou seja, todo o dorso da língua é coberto por
papilas filiformes (13) finas semelhantes a filamentos e. sobre a raiz da língua.
por formas especiais notavelmente maiores e mais robustas, as papilas côni-
3 cas (10). As papilas gustativas possuem botões gustativos e são inervadas por
fibras sensitivas especiais. Tais papilas incluem as valadas, folhadas e parte das
fungiformes. Quatro a seis papilas valadas (1 l) repousam na raiz da língua
e cada uma delas é circundada por parede e sulco. No mesmo nível, papilas
folhadas (12), menos nítidas e em formato de folha, estão presentes em cada
lado da lingua. As papilas fungiformes (14), em formato de cogumelo, estão
presentes em todo o dorso da língua. Já as papilas marginais existem apenas
no filhote canino recém-nascido. Para sensibilidade geral (dor, tato e tempera­
tura). a mucosa da língua é inervada pelo nervo Lingual (proveniente de V3) e
pelo ramo lingual do n. glossofaríngeo. A corda timpãnica (originária de Vil)
inerva as papilas fungiformes nos dois terços rostrais da língua, enquanto o
nervo glossofaríngeo (IX) inerva as papilas valadas e folhadas no terço caudal
da língua com fibras sensitivas especiais. A parte parassimpática da corda do
tímpano inerva as glândulas linguais, às quais pertencem as glândulas irrigadas
das papilas valadas (essas glândulas secretam no Sltlco circunjacente à papila).
A líssa é uma formação em formato de bastão, com comprimento máximo de
4 cm. Esta estrutura representa uma característica morfológica de carnívoros e
se localiza ventromedialmente no ápice da língua. A lissa consiste em um en­
voltório de tecido conjuntivo, com células musculares estriadas, tecido adiposo
e cartilagíneo.
b) Os Músculos DA LiNGUA englobam o músculo intrínseco ou propriamente
dito da língua, os músculos extrínsecos da língua, que se originam do lado de
fora do órgão e se irradiam dentro dele, e os músculos hióideos, que se inserem
no elemento basi-hióideo.
I. O m. próprio da língua contém fibras longitudinais, transversais e perpen-
4 diculares (ver p. 101).
II. Os músculos extrínsecos da língua irradiam-se para a língua a partir do
elemento estilo-hióideo do aparelho hióideo (m. estiloglosso, 9). do elemento
basi-hióideo (m. hioglosso, 8) e do corpo da mandíbula, lateralmente à articu­
lação intermandibular (m. genioglosso, 16).
Ili. Dos músculos hióideos, o m. genio-hióideo (18) corre desde o corpo
da mandíbula. próximo à articulação intermandibular, até o elemento basi­
-hióideo, enquanto o m. tiro-hióideo (7, como a continuação cranial dom. es­
ternotireóideo) corre desde a cartilagem tireóidea até o elemento basi-hióideo.
(Músculos hióideos longos: mm. esterno-hióideo e esternotireóideo. ver p. 14).
Os mm. estilo-hióideo, occipito-hióideo e cerato-hióideo não foram aborda­
dos nessa dissecçâo.
A inervação dos músculos da língua é feita pelo n. hipoglosso (XII); exceto
pelos músculos hióicleos, inervados predominantemente por meio da alça cer­
vical que se une ao n. hipoglosso e ao primeiro nervo cervical. Após emergir
5 do canal do hipoglosso, o n. hipoglosso (XII, -6) cruza o tronco simpático e o
nervo glossofaríngeo lateralmente e se comunica com o primeiro nervo cervi­
cal pela alça cervical antes de chegar aos músculos da língua. Embora o nervo
vago participe da inervação ela língua canina, o papel desempenhado por esse
nervo não está totalmente claro. Como nervo do arco branquial, o nervo vago
faz parte da gênese da língua. Em seres humanos, sua inervação da raiz da
língua próxima à base da epiglote é comprovada.
e) As GLÂNDULAS SALIVARES da cavidade da boca são divididas entre aquelas si-
6 tuadas na parede circunjacente, dotadas de muitos duetos cmtos, e entre as
g.lândulas acessórias mais ou menos afastadas da cavidade da boca e ligadas
a ela por um dueto excretor relativamente longo. As glândulas acessórias que
desembocam no vestíbulo da boca são as glândulas parótida e zigomática. Já
aquelas que se abrem na cavidade da boca propriamente dita são as glândulas
mandibular e sublingual monostomática. Além de ser triangular, a glândula
parótida (3) repousa lateralmente na base da orelha e termina com seu duc-
7 to parotícleo (3) na papila parotídea (2) dorsal ao dente pré-molar (P 4) da
maxila. A glândula zigomática ( 1) situa-se ventrolateralmente na órbita sob a
extremidade rostral do arco zigomático e, com um único dueto excretor amplo
e diversos duetos excretores pequenos. desemboca em posição caudal ao dente
pré-molar superior (P 4). A glândula mandibular (5) e a glândula sublingual
8 monostomática (4), que está sobreposta à glândula mandibular rostrodor­
salmente, descarregam sua secreção com duetos excretores de trajeto parale­
lo sobre a carúncula sublingual (19). Tal carúncula localiza-se no assoalho
da cavidade da boca, rostralmente ao frênulo da língua. Ao nível do frênulo,
a glândula sublingual polistomática (15) desemboca na cavidade oral com
muitos duetos excretores curtos e, por essa razão, constitui uma glândula da
parede oral. Isso também é verdadeiro para as glândulas bucais e palatinas.
104
A inervação parassimpática das glândulas palatinas {ver p. 137) é feita pelo
nervo do canal pterigóideo, cujos neurônios fazem sinapse no gânglio pteri­
gopalatino. As glândulas zigomática. bucal e parótida são inervadas por meio
do nervo petroso menor do nervo glossofaríngeo (IX) e pelo gânglio ótico. As
glândulas mandibular e sublingual são inervadas pela corda timpãnica prove­
niente de VII.
d) Com respeito à DENTIÇÃO da maxila e da mandíbula, cada dente das arcadas 9
dentárias superior e inferior pode ser identificado com base na fórmula den­
tária. Em mamíferos, essa fórmula deriva-se de uma dentição completa de 44
dentes. que entre os mamíferos domésticos é completa somente no porco.
Dentição temporária
(dentes decíduos)
Dentição permanente
(dentes permanentes)
iü e opppoo0
iii e opppooo
= (7 + 7) x 2 = 28 dentes decíduos
III C LPPPMM0
111CLPPPMMM
= (I0 + 1 I) x 2 = 42 dentes
permanentes
Para interpretar a fórmula dentária, o numerador representa os dentes da ar­
cada superior e o denominador, aqueles da arcada inferior. Os símbolos em
caixa baixa (minúsculos) indicam os dentes decíduos, ao passo que aqueles em
caixa alta (maiúsculos), os dentes permanentes. Os zeros pequenos (o) simbo­
lizam que, nesse local, haverá a presença de dente na dentição permanente, já
um zero grande (O) simboliza ausência total de dente na dentição canina. Os
dentes permanentes substituem os dentes decíduos ou se desenvolvem sem ter
precursores temporários; por exemplo, o primeiro pré-molar (P 1 = L) e todos
os molares (M). Os dentes incisivos (1) da maxila são maiores que aqueles
da mandíbula. Na maxila, um nítido diastema (20), ou espaço interdentário, 10
está presente entre o terceiro dente incisivo e o dente canino ( C); enquanto 11
na arcada inferior o diastema se localiza entre o dente canino e o primeiro
pré-molar. O primeiro dente pré-molar (PI) de cada arcada é algumas ve1,es 12
denominado dente de lobo (L). Assim como os dentes incisivos e os caninos, o
dente de lobo possui apenas uma única raiz. Os outros três dentes pré-molares
(P2 -P4) de cada arcada são dentes de corte, cada um deles com duas raí1.es. 13
Uma exceção é o P4 da arcada superior, que possui três raízes. Esse dente é o
mais forte (resistente) da maxila e também recebe o nome de dente setorial. O
dente setorial da mandíbula é o primeiro molar (MI). Os dentes molares (M) 14
possuem superfícies utilizadas para trituração. Tais dentes são dotados de três
raízes na maxila, mas duas raízes na mandíbula.
Nos animais. a erupção e o desgaste dos dentes permitem uma estimativa apro­
ximada da idade do animal. Ambos os critérios, no entanto, estão relacionados
à raça e à manutenção do animal. No que diz respeito à erupção dos dentes, as
estimativas descritas a seguir são dignas de nota:
-até a terceira semana de vida: edêntulo ("desdentado" ou sem dentes);
-a partir da sexta semana: dentição decídua completa;
-a partir do terceiro mês: início do crescimento de incisivos permanentes;
-a partir do sexto mês: dentição permanente completa.
Três substâncias duras, o esmalte, o cemento e a dentina, participam da es­
trutura do dente. O esmalte {22) cobre a parte livre do dente (a coroa) e cor-15
responde à camada muito dura, visivelmente branca, com espessura em torno
de I mm. O cemento (27) consiste em tecido ósseo entrelaçado de aproxi­
madamente I mm ele espessura, que envolve toda a raiz do dente (28) e se
estende ao colo (24) até o início da camada de esmalte e da coroa. A dentina
(21), tecido isento de células e semelhante a osso, consiste em uma substância
fundamental calcificada e feixes de fibras colágenas. Internamente às camadas
de revestimento do esmalte e do cemento, a dentina forma a parte principal do
dente e circunda a cavidade pulpar (29). A cavidade pulpar contém a polpa
do dente, nervos, vasos sanguíneos e vasos linfáticos que entram nela através
do forame apical (31) e do canal radicular (30). Na coroa do dente (23), são
distintas cinco superfícies de contato; a saber: a superfície oclusal ou superfície
mastigatória, a superfície vestibular, a superfície lingual, a superfície de contato
com superfícies mesial (rostral) e distal (caudal). Do ponto de vista anatômi-
co, o colo do dente é considerado como o local de contato entre o esmalte e o
cemento; ao passo que. em termos clínicos. o termo engloba a região entre o
alvéolo e a gengiva (25). Nesta perspectiva, a coroa projeta-se além dos limites 16
da gengiva e a raiz clínica refere-se àquela parte do dente fixada no alvéolo e
coberta por gengiva.
Os dentes são "cunhados" nos alvéolos por meio do parodonto (26), que pro-
17
duz uma união resistente, elástica (flexível) e fibrosa (gonfose). O termo pa­
rodonto abrange o alvéolo. o periodo11to e o cemento. As fibras colágenas do
periodonto correm em direções variadas entre o cemento e o alvéolo.

Língua, músculos da língua, nervo hipoglosso {XII) e glândulas salivares
(vista lateral)
1 Glândula e dueto zigomático -----
2 Papila parotídea-----------
3 Glândula parótida e dueto parotídeo--
4 Glândula e dueto sublingual
monostomãtico(a) (maior) -------
5 Glândula e dueto mandibular-----
6 N. hipoglosso (XII)----------
7 M. tiro-hióideo-----------
8 M. hioglosso ------------
9 M. estiloglosso -----------
Arco dentário maxilar
Dentes permanentes
(ver p. 89, 91, 97)
1
1
1
1 1
1 1
1 o Papilas cônicas -J 1
1
1
1
1
1
1
1
1 1 Carúncula sublingual
: : 18 M. genio-hióideo
(vista lateral)
11 Papilas valadas -J 1
12 Papilas folhadas-J
13 Papilas filiformes-' :
1 17 Frênulo
: 16 M. genioglosso
14 Papilas fungiformes 15 Glândula sublingual polistomática
Legenda:
32 Arco zigomático
33 Lâmina horizontal do osso
40 Superfície oclusal
41 Superfície lingual
palatino
34 Forames palatinos menores
35 Forames palatinos maiores
36 Superfície de contato:
42 Processo palatino da maxila
43 Fissura palatina
44 Processo palatino do osso
incisivo
45 Cutícula 37 Superfície distal
38 Superfície mesial
39 Superfície vestibular
46 Raiz anatômica do dente
4 7 Canal alveolar
Dente canino
(secção mediana)
21 Dentina
22 Esmalte
------23 Coroado dente
-----24 Colo do dente
-----25 Gengiva
26 Parodonto:
-------Periodonto
--------Alvéolo
------27 Gemente
-------28 Raiz do dente (clínica)
-46
~~U------------29 Cavidade pulpar
~\;s~~t..-----------30 Canal radicular
------------31 Forame apical
105

1 O. Articulações da cabeça
Nome
I. Articulação
temporomandibular:
Ossos responsáveis pela forma­
ção da articulação
Processo condilar da mandíbula
e fossa mandibular do osso
temporal;
Tipo/Composição
Articulação condilar/
articulação simples;
Função
Articulação tipo
dobradiça
Comentários
Um disco articular fibrocartilagíneo
subdivide a cavidade articular em
cavidades dorsal e ventral.
2 II. Sínfise intermandibular (articulação): essa articulação une as metades direita e esquerda da mandíbula.
106
III. Osso hióideo (aparelho hióideo): o osso hióideo fica ligado com o osso temporal pelo tímpano-hióideo (estrutura composta de tecido conjuntivo), mas seu
elemento tiro-hióideo forma uma articulação sinovial com o corno rostral da cartilagem tireóidea. Exceto pela união do tímpano-hióideo com o estilo-hióideo,
cada elemento do aparelho hióideo está unido por articulações sinoviais.
A articulação temporomandibular consiste em uma articulação condilar
incongruente que é subdividida por um disco articular fibrocartilagineo em
dois compartimentos, ficando um em cima do outro. O compartimento dorsal
é o maior. O processo condilar da mandíbula, transversalmente localizado, é
menor que a depressão articular formada pela fossa mandibular do osso tem­
poral na base temporal do arco zigomático. Caudalmente, a fossa é sustentada
pelo processo retroarticular, que limita o deslocamento caudal da mandíbula.
A cápsula articular fixa-se às margens das supe1fícies articulares do osso tem­
poral e da mandíbula, bem como na circunferência do disco articular cartila­
gíneo. A cápsula é reforçada lateralmente por tecido conjuntivo denso, o liga­
mento lateral. No c.'io, a atividade locomotora, que ocorre de forma sincrónica
dos lados direito e esquerdo, fica restrita principalmente aos movimentos tipo
dobradiça de abertura e fechamento da boca. l:. possível certo movimento late­
ral quando a boca não está completamente aberta. As raças caninas com pro­
cesso coronoide relativamente grande, como, por exemplo, o basset, tendem a
"travar" a mandíbula no caso de abertura extrema da boca. A articulação fica
imóvel, impossibilitando o fechamento da boca.
A sínfise intermandibular (na nomenclatura mais recente, essa sínfise é de­
signada como articulação i11termandib11/ar) une as metades direita e esquerda
da mandíbula. A articulação consiste em uma parte cartilagínea (sincondrose
intennandibular) e uma parte maior de tecido conjuntivo fibroso (sutura in­
termandibular). A conexão estreita permite apenas um pequeno movimento
que possibilita o alinhamento das arcadas dentárias superior e inferior. Uma
separação traumática da sínfise intermandibular é possível. Além disso, pode
ocorrer ossificação da articulação no animal idoso.
As suturas da maxila (esse termo inclui os ossos do crânio e da face, exceto
o osso hióideo, a mandíbula e os ossículos da orelha) localizam-se entre cada
osso do neuro e viscerocrãnio, parcialmente interdigitados em uma linha em
zigue-zague. Na área da abóbada do crânio, as partes de tecido conjuntivo das
suturas cranianas constituem um possível resquício da ossificação membrano­
sa que, após o desenvolvimento final do crânio especifico da raça, é finalizada
pela formação da zona de crescimento ósseo. Amplas partes de tecido conjun­
tivo, como fontanelas, estão presentes no período perinatal.
A articulação temporo-hióidea fixa o tímpano-hióideo ao processo mastoide
da parte petrosa. Entre cada elemento do osso hióideo (tímpano-, estilo-, epi-,
cerato-, basi-e tiro-hióideo) também há articulações (ver o item Ili acima).
Na articulação tiro-hióidea, o tiro-hióideo está ligado com o corno rostral da
cartilagem tireóidea por articulação sinovial.
Articulações e ligamentos da laringe
Articulações, ligamentos e músculos unem todas as cartilagens da laringe entre
si e possibilitam os movimentos intralaríngeos.
Laringe
(secção mediana)
A articulação cricotireóidea está locali1Â1da entre uma pequena superfície
articular da c.1rtilagem cricóidea, na parte dorsal do arco, e uma superfície
articular, na face medial do corno caudal da cartilagem tireóidea. Essa articu­
lação permite um movimento de balanço (tipo dobradiça) entre as cartilagens
cricóidea e tireóidea.
A articulação cricoaritenóidea fica entre a base de cada cartilagem aritenói­
dea e a margem rostral da lâmina da cartilagem cncóidea. Seu principal movi­
mento consiste naquele em que o processo muscular da cartilagem aritenóidea
é tracionado no sentido caudomedial à medida que seu processo vocal sofre
deslocamento craniolateral. O movimento inverso também ocorre. Certa ro­
tação axial (o eixo passa pela cartilagem aritenóidea no sentido caudal aros­
tral) da cartilagem aritenóidea em sua articulação com a cartilagem cricóidea
também é possível. A cápsula articular é reforçada por ligamento cricoarite­
nóideo.
Os ligamentos da laringe (ver ilustração) tornam-se visíveis após a remoção
de sua mucosa. Conexões ligamentosas de superfície ampla recebem o nome
de membranas.
O ligamento vocal contém, predominantemente, fibras elásticas, sendo traça­
do entre superfície interna da cartilagem tireóidea e o processo vocal da carti­
lagem aritenóidea.
O ligamento vestibular corresponde à base de tecido conjuntivo da prega do
vestíbulo e corre entre a extremidade ventral do processo cuneiforme da carti­
lagem aritenóidea e a superfície interna da cartilagem tireóidea.
A membrana tiro-hióidea estira-se entre a margem rostral da cartilagem ti­
reóidea e o basi-hióideo.
O ligamento hioepiglótico une o basi-hióideo com a c.1rtilagem epiglótica.
O ligamento cricotireóideo liga a parte ventral da margem rostral da cartila­
gem cricóidea à margem caudal da cartilagem ti reóidea.
A membrana fibroelástica da laringe refere-se à continuaç.'io lateral de super­
fície ampla do ligamento cricotireóideo.
O ligamento tireoepiglótico w1e a cartilagem epiglótica com a margem ros­
tral da cartilagem tireóidea.
O ligamento cricotraqueal consiste na conexão fibrosa entre a cartilagem cri­
cóidea e a primeira cartilagem da traqueia.
O ligamento aritenóideo transverso estende-se entre as margens mediais jus­
tapostas das duas cartilagens aritenóideas e, nesse local, fixa a cartilagem inte­
raritenóidea, de tamanho mais ou menos semelhante à semente de milheto, e a
cartilagem sesamoide (não retratada), que possui aproximadamente o mesmo
tamanho.
Lig. cricoaritenóideo
1
(vista mediaQ
Lig. hioepiglótico----------
Basi-hióideo --------·
Membrana tiro-hióidea---J I C
1
1 1
Lig. vestibular
1
1
Lig. vocal
1
1,,.-=-:-=-

1
1
: Lig. cricotireóideo
Membrana fibroelástica da laringe
Legenda:
A Cartilagem epiglótica
B Cartilagem ar~enóidea
C Cartilagem tireóidea
D Cartilagem cricóidea
E Traqueia

Articulações da cabeça e suturas do crânio
(vista lateral)

XVII.
' '
' ' ' , , , , 'Cápsula articular
', ' Disco articular
' Lig. lateral
Articulação temporomandíbular e suturas do crânio
(vista medial)
(ver p. 89, 91, 101, 105)
XVII.
Sínfise intermandibular (articulação) Legenda:
Articulações da cabeça e suturas do crânio
Legenda:
1 Sutura maxiloincisiva
2 Sutura nasoincisiva
3 Sutura nasomaxílar
4 Sutura frontonasal
5 Sutura frontomaxilar
XVII.
6 Sutura lacrimomaxilar
7 Sutura frontolacrimal
8 Sutura lacrimozigomática
9 Sutura zigomaticomaxilar
1 O Sutura coronal
1. Osso frontal
11. Osso parietal
111. Osso interparietal
IV. Osso temporal
V. Osso etmoide (ver p. 91)
VI. Osso occipital
VII. Osso esfenoide
VIII. Osso lacrimal
IX. Osso zigomático
X. Osso nasal
XI. Maxila
XVII. Mandíbula
-------Articulação temporo-hióidea
----Articulação cricotireóidea
1
11 Sutura esfenofrontal
12 Sutura temporozigomática
13 Sutura estenoparietal
14 Sincondrose estenopetrosa
15 Sutura escamosa
16 Sutura parietointerparietal
17 Sutura occipitointerparietal
18 Sutura lambdóidea
19 Sutura occipitoescamosa
20 Sutura occipitomastóidea
107

1
2
3
4
108
Capítulo 1 O: Sistema nervoso central
1. Medula espinal e meninges
a) No forame magno, as TRês MENINGES ESPINAIS são contínuas às três meninges
cerebrais. A externa ectomeninge supre a aracnóidea e a delgada pia-máter, que
está intimamente em contato com a medula espinal. A aracnóidea e a pia-má­
ter também são designadas endomeninge ou leptomeni11ge (ver relações corres­
pondentes às meninges cerebrais, p. li O).
A ectomeninge consiste em duas camadas. A camada externa é idêntica, em
termos de estrutura e função, ao revestimento periosteal do canal vertebral
(periósteo, -1). A camada interna dura e resistente corresponde à dura-máter
(3). Além de envolver a medula espinal e as raízes dos nervos espinais até o
gânglio espinal, a dura-máter é contínua ao revestimento externo da primei­
ra parte do nervo espinal, o epineuro. Cranialmente à vértebra cervical IV, as
raízes dorsal e ventral do nervo espinal apresentam uma bainha comum de
dura-máter; ao passo que, caudalmente a ela, cada raiz tem sua própria bainha
da dura-máter (figura do meio, na página seguinte).
O espaço epidural (2) localiza-se entre as duas camadas da ectomeninge, con­
tendo tecido adiposo, vasos linfáticos e plexos venosos calibrosos. O tecido
adiposo protege a medula espinal que é passivamente deformada pelas curva­
turas da coluna vertebral.
A cndo ou leptomcninge encontra-se internamente à dura-máter e também
consiste em duas camadas. A aracnóidea (31} é a mais externa das duas cama­
das. Consiste superficialmente em camada de células epitelioides, contínua ao
revestimento interno neurotelial do peri11e11ro interno sobre os nervos periféricos
(não ilustrados). A camada mais profunda da aracnóidea corresponde a uma ca­
mada de tecido conjuntivo, que é relativamente avascular. A partir dela, irradia­
-se uma rede trabecular frouxamente arranjada de tecido conjuntivo que contém
o espaço subara01oidal (32) dentro de suas malhas, o qual é preenchido por
líquido cerebrospinal (ver relações correspondentes do cérebro, p. 111). O espaço
subaracnoidal estende-se até o gânglio espinal, sendo notavelmente maior entTe
o cerebelo e o início da medula espinal na cisterna cerebelomedular (ver p. 111).
Também é relativamente amplo em torno do cone medular e do filamento termi­
nal {ver abaixo); esses locais sào adequados para punção e consequente obtenção
do líquido cerebrospinal. A pia-máter (33} é uma membrana vascular intima­
mente aderida à superficie da medula espinal. Externamente, a pia-máter forma
os ligamentos denticulados (22) que silo fixados com uma base ampla entre as
raízes cios nervos espinais. Os ligamentos penetram na aracnóidea e gradativa­
mente diminuem, aderindo-se com sua parte apical à superficie interna da dura­
-máter. Tais ligamentos unem a medula espinal às suas túnicas circunjacentes.
O suprimento arterial da medula espinal é feito principalmente pela artéria
espinal ventral (6), que corre ao longo da fissura mediana ventral toda a ex­
tensão da medula espinal.
O plexo vertebral interno ventral (29) venoso encontra-se no assoalho doca­
nal vertebral envolvido pelo tecido adiposo epidural. (O plexo vertebral exter­
no ventral [30) corre externa e ventralmente ao longo da coluna vertebral.)
b) A MEDULA ESPINAL (ver também ilustração) origina-se do mielencéfalo no nível
da vértebra cervical 1. Na junç.'\o do pescoço e tórax, a medula espinal exibe a
intumescência cervical ( 4), a origem dos nervos do plexo braquial, e, na parte
lombar da medula espinal, a intumescência lombar (14), a origem dos nervos do
plexo lombossacral. Caudal à intumescência lombar, no nível da vértebra lombar
V, a medula espinal estreita-se como um cone (cone medular, -15), e estende­
-se como filamento terminal (16} no nível da vértebra lombar Vil. O filamento
terminal e as raízes dos nervos espinais lombares caudais, sacrais e caudais (coc­
cígeos) que o acompanham formam juntos a cauda equina ( 17) dentro cio canal
vertebral. As raízes dos nervos espinais na região cervical e torácica correm quase
transversalmente e, após breve trajeto, saem do canal vertebral pelo forame inter­
vertebral (5). Na região lombar, e até mesmo mais distintamente na região sacra),
as raízes dos nervos espinais deixam o canal vertebral somente depois de longo
trajeto e cada vez mais paralelamente à medula espinal. No embrião, em todas
as regiões da medula espinal, as origens dos nervos espinais e a passagem dos
nervos através dos forames intervertebrais se dão aproximadamente no mesmo
nível. Com o avanço da idade, o crescimento reduzido da medula espinal em re­
lação ao canal vertebral resulta em uma diferença no nível do segmento medular
de onde as raízes do nervo espinal se originam e no nível de onde o nervo deixa
o canal vertebral. Isso resulta na asce11s11s medullae ("subida da medula espinal").
Na medula espinal cervical, surgem as raízes espinais do nervo acessório (23).
Tais raízes silo visíveis ao longo da superfície lateral da medula, dorsal mente aos
ligamentos denticulados, e correm no sentido cranial entre as raízes dorsal e ven­
tral cios nervos espinais cervicais. Depois de atravessarem o forame magno, as
rafaes espinais do nervo acessório unem-se às raízes cio nervo oriundas da medula
oblonga. O nervo acessório é formado pela união de suas raízes espinais e medu­
lares, deixando a cavidade cio crânio pelo foram e jugular. Na superfície da medula
espinal, e em secção transversal. o sulco mediano dorsal (25) pode ser observado
na linha mediana dorsal. enquanto o sulco lateral dorsal (24) pode ser visto na
origem das raízes dorsais dos nervos espinais. Esses sulcos formam os limites me­
dial e lateral, respectivamente, da substância branca, que corresponde ao funículo
dorsal (19) de curso longitudinal Na medula espinal cervical, pode ser observado
um sulco intermediário dorsal (18) entre os sulcos lateral e mediano dorsais. O
fascículo grácil {20) localiza-se mediaimente ao sulco intermediário dorsal, ao
passo que o fascículo cuneiforme (21) se encontra lateralmente a ele. O funículo
lateral (ver ilustração) corresponde à substância branca entre o sulco lateral dor­
sal, clorsalmente, e o sulco lateral ventral, menos perceptível. ventralmente. Além
de imperceptível ou ausente, o sulco later.il ventral é delimitado pela origem das
raízes ventrais cios nervos espinais. Ventromeclialmente aos filamentos radicula­
res ventrais, encontra-se a substância branca designada como funículo ventra.1;
esse funículo, por suave,~ é delimitado mediaimente pela fissura mediana ventral.
O funículo ventral consiste em vários tratos de fibras, não nomeados aqui, que
unem diferentes partes da medula espinal ao cérebro; na anatomia macroscópica,
não é pos.~ível distingui-los com precisão.
e) Em SECÇÃO TRANSVERSAi. DA MEDULA ESPINAL (ver ilustraç.ão), internamente à
substância branca com seus tratos nervosos mielinizados, a substância cin­
zenta pode ser localizada como uma "forma de borboletà'. Exibe o corno dor­
sal e o corno ventral e, nas regiões torácica e lombar da medula espinal, existe
o adicional corno lateral. A substância cinzenta está presente em toda a exten­
s.'\o da medula espinal e, considerados em três dimensões, os cornos são mais
corretamente designados como colunas. Entre os cornos dorsal e ventral, há
grupos dispersos de células e substância branca que fazem parte da formação
reticu.lar, que é contínua até o cérebro. Na área central da substância cinzenta,
o cana.! central perfura a medula espinal.
d) As RAizEs DOS NERVOS ESPINAIS são dorsais e ventrais. Os axônios dos neurô­
nios (eferentes) motores (37) situam-se na raiz ventral (28) e têm sua origem
nas células grandes do corno ventral da substância cinzenta.
C3 T3
Legenda:
a Substância branca
Substância cinzenta
b Corno dorsal
(~ c Corno lateral
, b
d Corno ventral
a -~~ e Substância gelatinosa
?~ f Formação reticular
,'7h'"
g Septo mediano dorsal
l
!ll
h Canal central
,,, i;
Fissura mediana [ventral]
j Funículo dorsal
k Funículo lateral
1 Funículo ventral
~
m Sulco dorsolateral
n Sulco ventrolateral
Os axônios dos neurônios simpáticos (38) surgem dos neurônios localizados
no corno lateral das partes torácica e lombar da medula espinal, mas também
passam na raiz ventral. (Os neurônios parassimpáticos possuem seus corpos
celulares na coluna celular intermédia central da substância cinzenta da parte
s.1cral da medula espinal, que também é chamada de corno [coluna) lateral
por alguns autores; seus axônios passam na raiz ventral dos nervos espinais
sacrais.) A raiz dorsal (26} do nervo espinal contém os axônios (processos
centrais) de neurônios aferentes (sensitivos) {36), cujos processos periféricos,
os dendritos (e alguns autores se referem a esses processos periféricos também
como axônios ou cilindros de eixo), provêm de receptores na pele, no músculo,
na fáscia etc. do segmento corporal correspondente. Os pericários desses neu­
rônios sensitivos localizam-se no gânglio espinal (27).
e) A partir de seus pericários de origem no corno lateral, os axônios dos NEURÔ­
NIOS SIMPÁTICOS (ver também p. 149) saem da medula espinal torácica e lombar
pela raiz ventral. Na origem do nervo espinal a partir da união de suas raízes
dorsal e ventral, os axônios deixam o nervo espinal em ramos comunicantes
brancos (7) mielinizados e chegam ao tronco simpático (35). Dentro do tronco,
os axônios passam particularmente pelos gânglios do tronco simpático (34), no
qual a maioria deles faz sinapse com um segundo neurônio. A partir de alguns
dos pericários dos gânglios do tronco (segundo neurônio), os axônios retornam
pelos ramos comunicantes cinzentos {8) não mielinizados ao nervo espinal
(somático) segmentar. As fibras simpáticas mielinizadas que pas.,;am dentro do
tronco simpático sem fazer sinapse nos gânglios do tronco deixam o tronco e
seguem até os gânglios paravertebrais mais distais, por exemplo, o gânglio celía­
co (10). Ess.1s fibras chegam simpáticas ao gânglios paravertebrais pelo nervo
esplâncnico maior (ver p. 49) e nervo esplàn01ico menor (9), bem como nos
nervos esplâncnicos lombares, fazendo sinapse nos pericários dentro dos gân­
glios paravertebrais. Os axônios não mielinizados dos segundos neurônios cios
gânglios paravertebrais seguem até as vísceras na túnica adventícia das artérias
viscerais. Esses axônios formam um plexo periarterial que se estende para órgãos
como estômago, duodeno, jejuno etc. Dentro das vísceras, passam para os plexos
intramurais, designados, de acordo com sua posição, como plexos subseroso
(li), mioentérico (12} e submucoso {13}. (As células ganglionares nos plexos
intramurais pertencem predominantemente ao sistema nervoso parassimpáti­
co.) As fibras nervosas cios neurônios parassin1páticos (39) dentro cios troncos
vagais dorsal (40) e ventral (ver p. 49) são axônios dos primeiros neurônios.
Chegam a diferentes vísceras abdominais por meio do plexo celiacomesentérico
(solar) e dos plexos perivasculares que circundam os ramos das artérias celíaca e
mesentérica, até alcançarem os diferentes segmentos do intestino.

Medula espinal
nT
1
nT2
nT3
nT4
nT5
nT5
nT
7
nT
8
nTg
nS3
nCy1
Ectomeninge
___ 1 Periósteo --------,,4.!!;"1
--2 Espaço epidural ---tc,,~~,>,
---3 Dura-máter----
-4 Intumescência cervical
Ramo meníngeo ----
nT13
7 Ramo comunicante--
branco
8 Ramo comunicante ---t-,,i--,,p;
cinzento
9 N. espláncnico menor -
1 O Gânglios celíacos e a. celíaca------------. ··.
Plexo celíaco--------------------
Intestino delgado
11
Túnica muscular:
Camada longitudinal------
Camada circular--------
12 Plexo mioentérico -------·
Tela submucosa--------
13 Plexo submucoso-------.,.·,
Lâmina muscular da mucosa---··.: ···.,;,.
Túnica mucosa ----------C'<l;~·!l'·,,.,;~ZJ.
Intumescência lombar
15 Cone medular
Filamento terminal
Cauda equina
(verp. 149,157)
18 Sulco intermediário dorsal
19 Funículo dorsal:
Medula oblonga e
parte cervical
20 Fascículo grácil------
21 Fascículo cunefforme--~W~
22 Lig. denticulado ------•
23 N. acessório (XQ
(raiz espinal) -----
Sulco lateral dorsal -·
Sulco mediano----lll..'11l...o
26 Raiz dorsal
27 Gânglios espinais
28 Raiz ventral
29 Plexo vertebral
interno ventral ____ _:!::y~
30 Plexo vertebral
externo ventral
Endomeninge:
(Leptomeninge)
'9-->:r--+.<-c.;..HI-+--• 31 Aracn6idea
~~4;:.:.,,½ --32 Espaço subaracnoidal
Pia-máter
Gânglios do tronco simpático (autônomo)
Tronco simpático
36 ---Neurônio sensitivo (aferente)
37 ---Neurônio motor (eferente)
38 • • • Neurônio simpático (autônomo)
39 Neurônio parassimpático (autônomo)
Tronco vagai
dorsal
Músculo
Pele
Cone medular e cauda equina
109

2
3
110
2. Cérebro e seus revestimentos meníngeos
a) As MENINGES CEREBRAIS são contínuas às meninges espinais.
I. As meninges externas (ectomeninge) consistem no revestimento perios­
teal do crânio (periósteo, -24) e na dura-máter (paquimeninge). Ambas as
camadas são separadas no canal vertebral pelo espaço epidural; na cavidade
do crânio, no entanto, elas se fundem para formar uma ectomeninge unida. As
camadas são separadas em dois locais: (1) na formação do diafragma da sela
túrcica (33} da hipófise e (2) onde os seios da dura-mát.er (26) estão presentes.
Na hipófise, a camada periosteal reveste a sela trírcica e circunda a hipófise, que
se projeta para dentro desse "espaço em forma de sela''. A dura-máter se separa
das margens da sela túrcica, cobrindo a hipófise dorsal mente e forma o diafrag­
ma da sela túrcica. Dentro do diafragma, há uma abertura central para o pedí­
culo da hipófise, que conecta a hipófise ao hipotálamo no cérebro. Na remoç,'io
do cérebro da cavidade do crânio, esse pedículo costuma ser rompido no dia­
fragma. A ectomeninge cobre toda a superfície interna da cavidade do crânio
com as duas camadas fusionadas. A dura-máter (25} separa-se do periósteo
na linha mediana dorsal entre os hemisférios cerebrais direito e esquerdo e,
transversalmente, na divis.'io entre os hemisférios cerebrais e o cerebelo. Na
linha mediana dorsal, a dura-máter estende-se como uma prega mediana dor­
sal, a foice do cérebro (27) e, entre o cérebro e o cerebelo, como uma prega
transversal membranosa dorsal, o tentório membranoso do cerebelo. A foice
do cérebro estende-se desde o osso etmoide rostralmente até o osso occipital
caudalmente. O tentório membranoso do cerebelo é apoiado dorsalmente por
uma placa transversa fina de osso, o tentório ósseo do cerebelo {28). A parte
óssea do tentório projeta-se no sentido rostroventral a partir dos ossos interpa­
rietal e occipital, repousa sobre a base do tentório membranoso, que se projeta
sobre o cerebelo como uma tenda e, assim, separa o cerebelo do cérebro.
II. As meninges internas delgadas (endomeninge, leptomeninge) consis­
tem em aracnóidea e pia-máter. Com seu neurotélio, a aracnóidea (21) fica
justaposta à superfície interna da dura-máter, estando separada da pia-máter
pelo espaço subaracnoidal (22). Uma rede de trabéculas de tecido conjuntivo
parte da superfície profunda da aracnóidea, atravessa o espaço subaracnoidal
e se une à pia-máter. Dentro das malhas das trabéculas aracnóideas, o espaço
subaracnoidal é uma câmara distensível que contém o líquido cerebrospinal.
O espaço com seu líquido cerebrospinal banha o cérebro, que, de certo modo,
flutua em um ambiente líquido. O espaço subaracnoidal é variavelmente am­
plo em relaç,'io às diferentes partes do cérebro. Nas convexidades superficiais
dos giros do cérebro, o espaço é muito estreito e, nesse local, a dura-máter e a
pia-máter estão intimamente unidas. Por outro lado, o espaço subaracnoidal
é muito amplo nos sulcos do cérebro, onde a pia-máter passa profundamente.
A dura-máter passa sobre o sulco a uma distância considerável, e as redes da
aracnóidea ocupam o amplo espaço entre eles. As amplas passagens do espa­
ço subaracnoidal são designadas cisternas. A cisterna cerebelomeduJar (31)
localiza-se dorsolateralmente entre o cerebelo e a medula espinal. Já a locali­
zaç,'io da cisterna interpeduncular (intercruraI) (34) é ventromedial entre os
dois pedúnculos do cérebro. A aracnóidea com suas granulações aracnóideas
{20} projeta-se nos seios da dura-máter e em outros locais nas aberturas da
superfície interna dos ossos do crânio. Acreditava-se que as granulações arac­
nóideas eram locais de reabsorção do líquido cerebrospinal. No entanto, isso
foi questionado com base em pesquisas mais recentes (ver p. 116). A pia-máter
(23} está intimamente aderida à superfície do cérebro, acompanhando a pro­
fundidade dos sulcos do cérebro.
b} A ESTRUTURA DAS PARTES 1ND1viDuA1s DO CÉREBRO é considerada na sequência
rostrocaudal em secção mediana desse órgão. As partes do cérebro apresentam
desenvolvimento embriológico a partir do tubo neural e das três vesículas ce­
rebrais (de acordo com outra opinião, duas vesículas cerebrais), que se diferen­
ciam em cinco partes:
<
telencéfalo
prosencéfalo
diencéfalo
mesencéfalo mesencéfalo
rombencéfalo <
metencéfalo
mielencéfalo
I. O rombencéfalo {46) é subdividido em metencéfalo e mielencéfalo. Além
de conter o quarto ventrículo (40), o rombencéfalo é particularmente simi­
lar em seu plano estrutural básico à medula espinal. Isso também é valido,
com limitação crescente, para o mesencéfalo e o diencéfalo. Os núcleos e o
local de emergência do nervo hipoglosso {XII) são ventromediais {ver p. 115),
o que é comparável às relações da coluna motora ventral da medula espinal.
As emergências dos nervos sensitivos (como o par VIII) são dorsolaterais, o
que é comparável às relações da coluna sensitiva dorsal da medula espinal. Os
núcleos e o local de emergência dos nervos com predominância de fibras pa­
rassimpáticas (tais como o par X) estão localizados no meio das anteriores, o
que é comparável às relações do corno lateral da medula espinal. Os nervos
cranianos V a XII originam-se do rombencéfalo. (O par XI tem raiz adicional
proveniente da medula espinal, enquanto o V possui adicionalmente núcleos
sensitivos no mesencéfalo e na medula espinal.) No rombencéfalo, bem como
no mesencéfalo e na medula espinal, existe a formação reticular ( 42). Consis-4
te em concentrações dispersas de células nervosas nas redes de fibras nervo-
sas irregularmente arranjadas e, como um centro superior de função nervosa,
coordena as funções sensitivas, motoras e autônomas (p. ex., centros cardio­
vascular e respiratório). Além disso, a formação reticular serve como coor­
denador funcional dos nervos cranianos entre si e com partes adjacentes do
sistema nervoso central. Tratos nervosos importantes atravessam a área ventral
do rombencéfaJo. Um desses, o trato piramidal {43), exibe a decussação das
pirâmides na transiç,'io com a medula espinal.
O metencéfalo (44) constitui a parte rostral do rombencéfalo. Sua parte ven­
tral é a ponte {45); enquanto a parte dorsal, o cerebelo. A parte ventral da pon­
te consiste predominantemente de tratos de fibras transversais, que continuam
dorsalmente em direção ao cerebelo como o pedúnculo cerebelar médio (ver p.
115). Os tratos longitudinais dos nervos, o trato piramidaI e outros tratos que
unem o cérebro e a medula espinal atravessam a área central da ponte.
O cerebelo corresponde à parte dorsal do metencéfalo e está ligado a outras 5
partes do sistema nervoso central pelos pedúnculos cerebelares (ver ilustração,
p. 112). O pedúnculo cerebelar rostral conduz ao mesencéfalo, o pedúnculo
cerebelar médio à ponte do metencéfalo, e o pedúnculo cerebelar caudal, à me­
dula oblonga. Rostralmente, o cerebelo está separado dos hemisférios cerebrais
pelo tentório do cerebelo. O ímpar verme do cerebelo (ver p. 113) é mediano e
margeado pelos pareados hemisférios cerebelares ou lobos laterais. Isso é ob­
servado mais claramente na vista dorsal do cérebro. Em secção mediana, po­
dem ser observadas a substância cinzenta externa do córtex cerebelar (29) e a
substância branca interna do corpo medular. O córtex cerebelar é muito mais
finamente dividido e subdividido que o córtex cerebral, e a substância branca
do corpo medular é tão intensamente ramificada que se parece com a árvore
vital {30) ou "árvore da vida''.
O mielencéfalo (medula oblonga, -41) estende-se desde a ponte até as raí,,es
dos primeiros nervos cervicais.
II. Estão descritas as três principais partes do mesencéfalo (16). O teto {35) 6
com a lâmina quadrigêmea do teto (corpos quadrigêmeos -36) forma o teto
do aqueduto do mesencéfalo (39). O colículo rostral (37} está associado à via
visual, enquanto o colículo caudal (38) à via auditiva. O tegmento (17) encon­
tra-se ventralmente ao aqueduto do mesencéfalo. Contém os núcleos motores
dos nervos oculomotor (Ili) e troclear (IV} e uma parte da formação reticular,
bem como o 11,íc/eo rubro (núcleo vermelho} e a substância negra. Os pedún­
culos do cérebro, pares, (pilares do cérebro, -18), localizam-se ventralmente
separados pela mediana fossa interpeduncular {intercrural, 19).
Ili. Do diencéfalo (2) estão descritas aqui estruturas como tálamo, epitálamo
e hipotálamo. O tálamo (3) delimita lateralmente o terceiro ventrículo {15) 7
de forma circular. As partes pareadas entram em contato entre si na linha me­
diana na aderência intertalâmica (4) e sustentam lateralmente os corpos geni­
culados. O corpo geniculado lateral {ver p. 115) locali,..a-se na extremidade do
trato óptico, e está conectado ao colículo rostral dos corpos quadrigêmeos. O
corpo genicuJado medial (ver p. 115) está unido ao colículo caudal dos corpos
quadrigêmeos. Do ponto de vista funcional, o tálamo constitui o último local
de sinapse de todos os tratos que ascendem ao córtex cerebral, com exceção
do trato olfatório. Assim, o tálamo representa a "porta para a consciência", a
porta para o córtex cerebral; o fenômeno da consciência, a conscientização do
estímulo, é percebido principalmente no córtex cerebral. O epitálamo alberga
a epífise (glândula pineal, -1), que, como um apêndice do teto do tercei-
ro ventrículo, delimita os corpos quadrigêmeos rostralmente. É homólogo ao
olho parietal (ou "terceiro olho") dos vertebrados inferiores. O hipotálamo 8
(5) é ventrolateral ao terceiro ventrículo e tem função predominantemente
autónoma. A hipófise (7) é ventral ao hipotálamo e conectada a ele por um 9
pedículo estreito. Sua parte neural, a neuro-hipófise (9), se desenvolve como
uma extens.'io ventral do hipotálamo, enquanto a adeno-hipófise (8) se origina 10
a partir do teto da faringe. Caudalmente à fixação do pedículo da hipófise ao
hipotálamo, existe o corpo mamilar (32, -ver também p. 115). É parcialmente
dividido e arredondado, formando o assoalho do terceiro ventrículo no limite
do diencéfalo com o mesencéfalo. Rostralmente à fixaç,'io do pedículo hipofi­
sário, o nervo óptico (6) origina-se no diencéfalo.
IV. O telencéfalo (10) consiste nos hemisférios cerebrais (11) e em suas comis­
suras. O rinencéfalo (12) constitui a parte olfatória do hemisfério. Os hemisfé­
rios cerebrais direito e esquerdo são separados na linha mediana pela foice do
cérebro da dura-máter. As comissuras centrais do corpo caloso (13} e a comis­
sura rostral (14) permanecem sem divisão.

Cérebro e meninges
1 Glândula pineal --
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
(secção mediana)
Ectomeninge:
Periósteo
(Cavidade do crânio)
Dura-máter
Seio da dura-máter
(sagitaO
Foice do cérebro
Tentório ósseo do
cerebelo
Cerebelo:
• ------29 Córtex cerebelar
------30 Arvore vital
35
----36
----37
, . , .. _ .. , . ..a,"""--------43
Cisterna
cerebelomedular
Corpo mamilar
Diafragma da sela
túrcica
Cisterna
interpeduncular
(intercrural)
~i?.'' 16 Mesencétalo: b a ·, 1
1
/
17 Tegmento--------------------------------_z,,
18 Pilardocérebro-----------------------------_/ t
'fo: ·,;-=-_ ~-------------44
---------------45
1
19 Fossa interpeduncular (intercrural)----------------------J
( ---------------46 Rombencéfalo
(secção transversal)
Legenda:
a A. cerebral rostral
b V. cerebral ventral
c Vv. cerebrais dorsais
d Grande v. cerebral
e Plexo coroide do terceiro ventrículo
f Plexo coroide do quarto ventrículo
g Véu medular rostral
h V. diploica parietal
-.~-.--:.. ... ,
·~ ~ •• <O
,,.,~.,., ~. ··--. . . ~,-.J':'--•:.. . ...
(verp.113, 115,116,117)
20 Granulações aracnóideas ------+-==-...;;;,,....;~,---¾jfll'
21 Aracnóidea --------
Endomeninge: -{
22 Espaço su baracnoidal -----
23 Pia-máter ------------fii\,i'f:iff
f-----+-----t-------------V. cerebral
,:;;------+-----+------------A. cerebral
\l--------1-------:1------------Substância cinzenta
•---1------,,,.L -------------Substância branca
111

3. Cérebro (telencéfalo)*, tronco encefálico e sistema límbico
O exame e o estudo do cérebro são realizados após sua remoção da cavidade do crânio. Ao se fazer isso, os nervos cranianos são secciona­
dos na base do cérebro, proximalmente à sua emergência das meninges. As secções transversais do cérebro no nível do quiasma óptico estão
esboçadas para estudo.
O telencéfalo é classificado principalmente de acordo com critérios filogenéti­
cos. Na filogénese, há três fases de desenvolvimento cerebral. A parte filogene­
ticamente mais antiga do córtex cerebral, o paleopálio, e a parte do córtex cujo
desenvolvimento lhe sucede, o arquipálio, formam juntas o rinencéfalo em
seu sentido mais amplo. Nos mamíferos, o arquipálio perdeu a maior parte de
sua função olfatória, e o paleopálio adquiriu funções adicionais. Por essa razão,
alguns autores não utilizam mais o termo "rinencéfalo''. Contudo, por meio de
acordo internacional, o termo é ainda empregado na Nômina Anatômica Vete­
rinária. A parte filogeneticamente mais jovem do córtex cerebral, o neopálio,
se desenvolve no cão na forma de um cérebro girencefálico.
1 a) No processo de ontogênese, o céRESRO (o termo "cérebro" é utilizado aqui
para designar os hemisférios cerebrais e suas comissuras), como a maior parte
do encéfalo, se desenvolve do sentido rostral ao dorsal e em seguida ao caudo­
ventrnl e cobre o restante do encéfalo, excetuando apenas o cerebelo, a ponte
e a medula oblonga. Esse processo de desenvolvimento é chamado de rotaç.10
dorsal, no qual partes dos hemisférios, inclusive os ventrículos cerebrais I e li,
na verdade "se enrolam''. Isso é distintamente observado em vista lateral do cé­
rebro, mas também em moldes demonstrativos dos ventrículos cerebrais (ver
ilustração, p. 116).
112
I. Por causa da forma hemisférica do cérebro, suas duas metades, os hemisfé­
rios cerebrais (1), não são, por exemplo, em raças braquicefálicas, hemisférios,
mas sim "quartos de esferas" separados entre si na linha mediana pela foice do
cérebro. Na secção dos hemisférios, fica clara a existência, similar ao cerebelo,
de uma segregação em córtex cerebral periférico ou substância cinzenta (4)
e medula ou substância branca (5), localizada mais centralmente. Na onto­
gênese, a grande maioria dos neuroblastos da vesícula telencefálica migra até
a pe1iferia em um processo no qual a substância cinzenta periférica do córtex
ou pálio se desenvolve com acúmulos de pericários, e a medula, substância
branca, locali1.ada centralmente, com fibras mielinizadas.
II. Os sulcos do cérebro (2) e os giros do cérebro {3} do hemisfério s,10, em
termos de grau de desenvolvimento, um reflexo do nível evolutivo de cada es­
pécie. Os mamíferos primitivos e os pássaros não apresentam giros e sulcos
e, por essa ra1A10, s,10 designados lisencefálicos {cérebro liso). Diferentemen­
te disso, nossos mamíferos domésticos são girencefálicos (cérebro provido de
giros e sulcos). Os giros de aspecto regular podem ser observados nas figuras
ilustrativas (figura do topo na página seguinte) e na figura mais abaixo da p.
117. Além dos giros constantes, também há os acessórios que ocorrem com
ampla faixa de va1iação e podem ser observados como diferenças entre os dois
hemisférios de um indivíduo.
III. Os lobos de cada hemisfério estão localiwdos em relação aos ossos de
mesmo nome: lobo frontal, lobo occipital, lobo temporal e lobo parietal.
Algtms autores diferenciam adicionalmente um lobo rinencefálico (olfatório)
(ver ilustração, p. 117).
IV. O córtex cerebral apresenta espessura variada. Conforme sua citoarqui­
tetura especifica, é distinta uma série de áreas corticais (em seres humanos,
áreas 1-52), as quais são esboçadas para designar certos detalhes do cérebro.
Uma divisão somatotópica em áreas sensitivas e motoras divide o córtex, de
acordo com aspectos funcionais. Certa sensibilidade em área restrita do corpo
ou certo movimento de partes do corpo pode ser atribuída(o) à área circuns­
crita de projeção sensitiva ou motora do córtex cerebral. Pesquisas de clas­
sificação somatotópica puderam ser realizadas, pois uma perda periférica de
função pode ser atribuída a determinada área de dano cortical cerebral, por
exemplo, lesões traumáticas. Além disso, reações periféricas específicas podem
ser eliciadas por estimulação elétrica de certa área do córtex cerebral.
As regiões sensitivas e motoras do córtex cerebral estão ligadas entre si e a
partes profundas do sistema nervoso central por tratos de fibras aferentes e efe­
rentes, grupos de fibras de função similar, que compõem a substãncia branca
central do hemisfério.
V. A substância branca do hemisfério consiste em três sistemas de fibras:
Fibras de associação são fibras que se estendem entre diferentes partes do he­
misfério do mesmo lado.
Fibras comissurais são conexões transversais que se estendem entre os dois
hemisférios. Tais fibras são representadas pela comissura rostral (ver p. 111),
pelo corpo caloso (6) e pelas fibras comissurais do fórnice (7).
"N.R.C.: Como descrito acima, o cérebro é considerado pe1o autor como sendo constituído
pelos hemisférios cerebrais e suas comissuras. No entanto, o diencéfalo. constituído pelos
tálamos, também é considerado como parte do cérebro por outros autores.
Fibras de projeção s.'\o conexões do córtex cerebral com outras partes mais
caudais e profundas do sistema nervoso central, tais como tronco encefálico
e medula espinal. As fibras de projeção estão dispostas como estrias que se
irradiam e convergem para o diencéfalo. Os raios penetram na área dos nú­
cleos da base (gânglios da base), passando entre o núcleo caudado e o núcleo
lentiforme, e recebem o nome de cápsula interna (9). Um trato mais delgado
de fibras encontra-se situado lateralmente ao núcleo lentiforme e é chamado
de cápsula externa (13). A partir do diencéfalo, as fibras de projeção passam 2
pelo pedúnculo do cérebro ao mesencéfalo. Na área dos gânglios da base, no
local de penetração das cápsulas interna e externa, existem bandas alternadas
de substância branca e cinzenta que conferem à superfície de secção do cérebro
um aspecto estriado e, por essa razão, a área é chamada de corpo estriado.
b) O moNco ENCEFAuco é definido de forma diferenciada por e.ada autor de 3
livro. Indubitavelmente, o mesencéfalo, a ponte e a medula oblonga pertencem
ao tronco encefálico. Além disso, alguns autores incluem o diencéfalo, enquan-
to outros, os núcleos da base, os quais sâo então nomeados como os "núcleos
(gânglios) do tronco''.
VII
VII
Terceiro ventrículo
------~ Glândula pineal
•:-,
'-.__;,_.~~'
-Corpo geniculado
lateral
'----Corpo geniculado
medial
' ---Colículo rostral
--Colículo caudal
Pedúnculos
cerebelares
I. Os núcleos da base do corpo estriado são constituídos por substância cin-4
zenta e consistem de neurônios que não migraram até o córtex periférico du­
rante a ontogénese. Esses neurônios pern1anecem na área limítrofe do dien­
céfalo. São núcleos da base: núcleo caudado (8), núcleo lentiforme, claustro
(14) e corpo amigdaloide (12). O núcleo caudado se projeta no ventrículo
lateral. O núcleo lentiforme consiste do putame (10), localizado lateralmente,
e pálido (globo pálido -11), mediaimente. Muitos autores não contabilizam
o pálido como parte do hemisfério cerebral, mas o consideram como parte do
diencéfalo e, nessa área, as duas partes do encéfalo não podem ser nitidamente
separadas uma da outra. O corpo amigdaloide pertence aos núcleos da base
do ponto de vista topográfico, porém ao rinencéfalo em termos funcionais. A
função dos núcleos da base não foi completamente elucidada. Em seres huma­
nos, esses núcleos estão envolvidos em vias que coordenam o padrão de mo­
vimentos, mas também modificam o rendimento de áreas motoras do córtex
cerebral, especialmente o programa de movimentos lentos. Alguns dos núcleos
da base participam das funções do sistema límbico.
c) O SISTEMA úMe1co é a zona limítrofe definida de forma imprecisa (limbo= mar­
gem) entre o diencéfalo e o telencéfalo e, dentro do telencéfalo, entre o neopálio
e o rinencéfalo. O sistema límbico consiste em partes límbicas corticais, como o
lobo pirifonue e o hipocampo, e partes situadas mais profundamente no he­
misfério. Das partes de localização mais profunda são mencionadas as seguintes:
núcleos septais do septo do telencéfalo (previamente designado como septo pe­
Júcido) e partes do corpo estriado: núcleo caudado, putame e corpo amigda­
loide. Há uma ampla comunicação (conexão) entre as partes do sistema límbico
e outras regiões do encéfalo. Muitas funções do sistema límbico são incertas. O
sistema está envolvido no controle de "sentimentos·; humores e "impulsos•; bem
como de outros comportamentos emocionais e, por essa razão, ess.1 parte do sis­
tema nervoso também recebe o nome de cérebro "visceral" ou "emocional''.

Cérebro (neopálio)
(vista dorsaQ
Bulbo olfatório -----------------------J' t.
Fissura longitudinal------------!--------+----•
Cerebelo-------------------
Verme do cerebelo------------------
Legenda:
A Sulco ectossilviano caudal
B Sulco suprassilviano
C Sulco ectomarginal
D Sulco marginal
E Sulco coronal
F Sulco ansato
G Sulco cruzado
G' Sulco pós-cruzado
H Proreu
1 Sulco pré-silviano
Tálamo (secção) e corpo estriado
(secção transversal)
Ventrículo lateral-------------·
Plexo coroide do ventrículo lateral ------
Terceiro ventrículo -----------,--..~
Tálamo:
Núcleo rostral-----------+~------­
Núcleo lateral -----------\---+,-----•
Núcleo medial------------;-=:,,;...--,",-,--:-::--•
Aderência intertalâmica--------1----------
Núcleo subtalâmico -----------~---....::.;..;
f
Terceiro ventrículo ------------...,_ ________ _
"'"" o••~•• ------------~---~/""-:--.---::'­
auiasma óptico-----------------------"
Sulcos do cérebro
------3 Giros do cérebro
(ver p. 111, 115, 116, 117)
a Giro silviano
b Giro ectossilviano caudal
c Giro ectomarginal rostral
Giro ectomarginal médio:
d Parte lateral
d' Parte medial
e Giro ectomarginal caudal
1 Giro marginal
g Giro pós-cruzado
h Giro pré-cruzado
Giro proreu
-------------4 Córtex cerebral (substância cinzenta)
--'1--'-,,-'rr""""<·· ----------5 Medula (substância branca)
~-+--,~,-.,. --------6 Corpo caloso
,,-'-....,,.~--t --------7 Fórnice
-~---~~------8
--=-:,----:f-------9
Corpo estriado:
Núcleo caudado
Cápsula interna
Núcleo lentiforme:
-,----+-------1 O Putame
-~-=""" -------11 Pálido [globo pálido]
0-----1--------12 Corpo amigdaloide
--,1--------13 Cápsula externa
--------14 Claustro
113

114
4. Rinencéfalo, locais de emergência dos nervos cranianos e irrigação do encéfalo
Com a assistência dos instrutores, a parte dorsal dos hemisférios cerebrais e todo o cerebelo são removidos por secção horizontal do cérebro
através do corpo caloso, abrindo os ventrículos laterais do cérebro. Para demonstrar a área dos corpos geniculados e o trato óptico, o hipocam­
po é suspenso para permitir a visão ilustrada pela segunda figura na página a seguir.
a) O RINENCéFAL0, uma parte do telencéfalo, tem início com sua parte basal (2)
rostralmente no bulbo olfatório (3). Nesse local, as fibras do nervo olftatório
(filamentos olfatórios, -1) terminam. Os pericários e os dendritos desses neu­
rônios olfatórios encontram-se na mucosa olfatória da cavidade nasal e no órgão
vomeronasal. Os segundos neurônios da via olfatória possuem corpos localiza­
dos no btJbo olfatório. Seguem inicialmente no pedúnculo olfatório (4) curto
e, após sua divisão, nos tratos olfatórios lateral (5), intermédio e medial (6).
No trato olfatório lateral, depois de fazer sinapse com o próximo neurônio, a
via olfatória chega ao córtex olfatório prin1ário do lobo pirifonue (9) e, além
do lobo piriforme, ao sistema límbico, particularmente, ao corpo amigdaloide.
Após sinapse de algumas fibras na parte septal do rinencéfalo, os neurônios do
trato olfatório medial seguem principalmente até os núcleos septais do septo do
telencéfalo (septo pelúcido ). O trígono olfatório corresponde à área triangular
delimitada pelos tratos olfatórios medial e lateral. Muitas das fibras do trato olfa­
tório intermédio terminam no trígono olfatório.
b) O HIPOCAMPO (28) é uma área nuclear do sistema límbico e, em seres humanos.
participa da função de memória. Localiza-se caudalmente no assoalho do ven­
trículo lateral (25). Seu nome comum, "corno de Ammon'', é derivado de sua
superfície lisa e de sua forma, que é curva como um chifre de carneiro. Uma sec­
ção transversal através do hemisfério no rúvel da epífise (27, -ver também p. 111
e 117) revela o curso espiralado do hipocampo. O hipocampo cobre os corpos
geniculados lateral e medial como uma concha e, com sua fímbria do hipocampo
dorsomedial, repousa sob o plexo coroide (26) do ventrículo lateral.
c) Das v1AS OE CONDUÇÃO (TRATOS OE FIBRAS) que cllegam ao cérebro e dele saem,
apenas dois tratos (motores) descendentes e dois tratos (sensitivos) ascenden­
tes são aqui considerados.
1. Os sistemas piramidal e extrapiramidal são vias motoras.
O sistema piramidal é responsável pela coordenação fina dos movimentos
e, em seres humanos, adquire maior importância do que em mamíferos do­
mésticos. Tem início com fibras de projeção do córtex motor do neopálio e
continua na cápsula interna até o pedúnculo do cérebro. Depois de atravessar
o pedúnculo, suas fibras seguem trajetos diferentes. Um feLxe de fibras cruza
até os núcleos motores dos nervos cranianos contralaterais. Outro feixe (ramos
colaterais) segue até a ponte e, adiante, por meio do pedúnculo cerebelar mé­
dio, até o cerebelo. O maior grupo de fibras continua ventromedialmente na
medula oblonga como a pirâmide (17), local onde a maioria das fibras cruza
caudalmente o plano mediano na decussação da pirâmide (22). Essas fibras
alcançam os núcleos motores da medula espinal diretamente ou por vias muJ­
tissinápticas.
O sistema extrapiramidal, que tem início no córtex cerebral, é respons.-\vel por
movimentos mais grosseiros e predomina como sistema motor em nossos ma­
míferos domésticos. Sinapses com os neurônios inferiores ocorrem no núcleo
caudado (24), no tegmento do mesendfalo ( ver p. 11 I), especialmente na subs­
tância negra e no núcleo rubro, bem como na oliva (21) da medula oblonga. As
fibras provenientes desses núcleos passam pelo funículo lateral da medula espi­
nal até os neurônios motores do corno ventral. O sistema extrapiramidal possui
inúmeros mecanismos de feedback, que seguem até o cerebelo pelo pedúnculo
cerebelar caudal (33) e, por meio do circuito cerebelar, geram impulsos excita­
tórios e inibitórios. Os pedúnculos cerebelares rostral e médio (33) suprem a
conexão entre o cerebelo e o mesencéfalo ou a ponte do metencéfalo.
II. As vias sensitivas correm pelos fascículos grácil e cuneiforme.
O fascículo grácil (34) ascende dorsomedialmente pelo funículo dorsal da
medula espinal. Suas fibras conduzem os impulsos sensitivos proprioceptivos
(sens.1çâo muscular e articular) a partir de receptores nas regiões do membro
pélvico e do caudal do tronco até a área dorsocaudal da medula oblonga, onde
ocorrem sinapses no núcleo grácil (no nível do tubérculo dos núcleos gráceis)
com condução subsequente ao córtex cerebral.
O fascículo cuneifom1e (35) segue dorsolateralmente pelo funículo dorsal da
medula espinal. É composto por fibras sensitivas proprioceptivas provenientes
das regiões do membro torácico e torácica cranial que seguem até o núcleo
cuneiforme no nível do tubérculo dos núcleos cuneiformes, localizado dor­
socaudalmente na medula oblonga, cranial e lateralmente ao tubérculo dos
núcleos gráceis. Ocorrem sinapses no núcleo cuneiforme a partir do qual a via
segue para o córtex cerebral.
d) EMERGÊNCIA DOS NERVOS CRANIANOS A PARTIR oo ENCÊFALO (ver p. 136/137)
Os nervos olfatórios (I) atravessam os forames da lâmina cribriforme do osso
etmoide para atingir o bulbo olfatório do rinencéfalo.
O nervo óptíco (II) estende-se desde a camada de células ganglionares da re­
tina até o quiasma óptico (7) através do canal óptico (ver p. 91 ). No quiasma,
cerca de 75% das fibras cruzam a linha mediana. Essas fibras são predominan-
temente aquelas da parte nasal da retina, ao passo que 25% das fibras, sobre­
tudo as provenientes da parte temporal da retina, continuam do mesmo lado.
Além do quiasma óptico, fibras do nervo óptico do mesmo lado e do lado con­
tralateral continuam como trato óptico (8) e terminam com sinapse no corpo
geniculado lateral (29). A partir do corpo geniculado lateral, a via óptica passa
por meio da cápsula interna para o córtex visual no lobo occipital do hemisfé­
rio, local onde ocorre a percepção da consciência visual. Os ramos colaterais
das fibras do trato óptico e do corpo geniculado lateral alcançam o mesencé­
falo e o coliculo rostral (31), o núcleo oculomotor e o núcleo parassimpático
do nervo octJomotor. Essas conexões reguJam os movimentos dos músculos
do olho e de alguns outros músculos e, por meio do núcleo parassimpático, o
diâmetro da pupila.
O nervo oculomotor (Ili) emerge do mesencéfalo caudolateralmente ao cor­
po mamilar (li).
O nervo !rodear (IV) origina-se do mesencéfalo dorsal no nível da margem
caudal do colículo caudal. Os nervos direito e esquerdo cruzam a linha media­
na e depois se encurvam lateral e rostroventralmente entre o hemisfério e o
cerebelo até a base do cérebro e, em seguida, até a fissura orbital (ver p. 89 e 91)
para atingir o ápice da periórbita e o músculo oblíquo dorsal do olho.
O nervo trigêmeo (V) emerge do cérebro com sua grande raiz sensitiva e sua
pequena raiz motora lateralmente entre a ponte (14) e o cerebelo (16) do rom­
bencéfalo. Os pericários dos neurônios sensitivos aferentes se localizam no
gânglio do trigêmeo, notavelmente amplo, localizado sob a dura-máter entre a
extremidade rostral da parte petrosa do osso temporal e os forames por onde
seus três ramos deixam a cavidade do crânio.
O nervo abducente (VI) pass.1 do rombencéfalo caudal à ponte, no ângulo
entre a pirâmide (17) e o corpo trapezoide (15).
O nervo facial (VII) emerge do rombencéfalo, lateralmente a partir do corpo
trapezoide em sua junção com a meduJa oblonga. Esse nervo penetra no poro
acústico interno, a partir do qual ele passa pelo ósseo canal facial até o forame
estilomastóideo.
O nervo vestibulococlear (VIII) emerge do cérebro no corpo trapezoide, dor­
salmente ao nervo facial e, semelhante a esse nervo, também adentra o poro
acústico interno. A via auditiva é multissináptica, com início na orelha in­
terna e final no córtex cerebral. Os processos periféricos das células nervosas
do gânglio espiral partem do dueto coclear da orelha interna. Os processos
centrais (axônios) das células ganglionares passam pelo nervo vestibulococlear
e seguem até os núcleos cocleares. A partir deles, fibras correm ipsilateral e
contralateralmente no corpo trapezoide até os núcleos do corpo trapezoide e,
então, até os núcleos do colículo caudal (32) e o corpo geniculado medial
(30), a partir do qual fibras passam pela cápsula interna até o córtex auditivo
do lobo temporal do hemisfério. A via vestibular parte dos gânglios vestibula­
res da orelha interna, segue até os núcleos vestibulares do assoalho do quarto
ventrículo e, a partir daí, por diversas vias se dirige ao cerebelo, à medula espi­
nal e ao córtex cerebral.
O nervo glossofaríngeo (IX) deixa a medula oblonga por sua face lateral e
segue até o forame jugular (ver p. 89 e 91).
As raízes do nervo vago (X) originam-se da face lateral da medula oblonga
caudal às raízes do nervo glossofaríngeo. Com os nervos g)ossofaríngeo e aces­
sório, o nervo vago passa da cavidade do crânio pelo forame jugular.
O nervo acessório (XI, -18) possui uma parte calibrosa que provém da me­
dula espinal e outra parte delgada que se origina da medula oblonga. As raízes
espinais (20) originam-se da medula espinal cervical. Passam cranialmente
pelo contorno lateral da medula espinal entre as raízes dorsal e ventral dos ner­
vos cervicais, ingressando na cavidade do crânio pelo forame magno. As raízes
medulares (19) partem da medula oblonga caudal ao nervo vago. Ambas as
partes atravessam juntas o forame jugular. A parte medular une-se ao vago
como o ramo interno. A parte espinal, como o ramo externo, inerva o músculo
trapézio, a parte mastóidea do músculo esternocefálico e a parte cervical do
músculo cleidocefálico.
O nervo hipoglosso (XII) emerge ventralmente na extremidade caudal da
medula oblonga, com suas inúmeras fibras nervosas emergindo próximo da
margem lateral da oliva (21). Suas fibras se unem em um feixe comum que
deixa o crânio através do canal do hipoglosso e perifericamente se estende até
os músculos da língua.
e) O SUPRIMENTO ARTERIAL oo ENCÉFALO provém do círculo arterioso do cérebro 2
(12), que é suprido lateralmente pela artéria carótida interna (10) e caudal­
mente pela artéria basilar, ímpar (13). A artéria basilar se origina no nível
de origem dos primeiros nervos cervicais, a partir da confluência das artérias
vertebrais direita e esquerda (23).

Encéfalo e nervos cranianos
1------------
Base do encéfalo (vista ventral)
A. oftálmica interna -----------------4.....,,....,.1,1,-~--
A. cerebral rostral ----------------· --'1"---""
1 Filamentos olfatórios
2 Parte basal do rinencéfalo
3 Bulbo olfatório
4 Pedúnculo olfatório
5 Trato olfatório lateral
6 Trato olfatório medial
A. cerebral média ------------------,f,t!._';J.~-(~~~ .... ,-..
7 Quiasma óptico
"---l..----1---------8 Trato óptico
Hipófise-------------------
111--~'-11----...,P....-I\---,.
9 Lobo piriforme
f'i---~---ln -------10 A. carótida interna
,1-1,W:;f,--,Q-!i,---+-l\2-------11 Corpo mamilar
i,,:::~i,:;, ------12 Círculo arterioso do cérebro
A. basilar
V---~---•
VI ----',,-.,,..i""""-4--....._=I(, i.-,,.._.,..--""'
VII----~~~
Corpo trapezoide
VIII -----..LJ....lo
~· !
A. do labirinto -------------------- •
IX -----4,;1:--.P-•LI
X--------~~~-~
A. caudal do cerebelo ------------------ ,
XI ----------......,,....._,
XII -----------
Secção do encéfalo (vista dorsal)
Córtex cerebral (substância cinzenta) --------
Corpo medular (substância branca) --------/-----•
Véu medular rostral ---------------------
V--­
VII-­
VIII---
Recesso lateral e abertura lateral do quarto ventrículo-------
Quarto ventrículo-----------------------~-
Tela coróidea (secção) e plexo coroide --------------.:,... __ ._,,.
(ver p. 111, 112, 113, 117)
----------16 Cerebelo
Pirâmide
N. acessório (XI)
-------------19 Raizmedular
) --------------20 Raiz espinal
----------------21 Oliva
~-,i:j,t ----------------22 Decussaçâo da pirâmide
----------------23 A. vertebral
_________ ..., ------25 Ventriculo lateral
~---"r------26 Plexo coroide
~----+------27 Glândula pineal
----,-• -----28 Hipocampo (secção)
•-;::-:--.::;_ 8
---------29 Corpo geniculado lateral
---------30 Corpo geniculado medial
------------31 Colículo rostral
------------32 Colículo caudal
~1,,-----------33 Pedúnculos cerebelares
caudal, rostral e médio
Fascículo grácil
Fascículo cuneiforme
115

5. Veias cerebrais, seios da dura-máter, ventrículos cerebrais e plexos coroides
a) As VEIAS CEREBRAIS, não acompanhadas por artérias, desembocam nos seios
da dura-máter. Semelhantemente aos seios venosos, não possuem valvas e são
desprovidas de músculo liso em suas paredes. Podem ser distintas em veias
cerebrais superficiais e profundas.
Das veias cerebrais superficiais, duas a quatro veias cerebrais dorsais (1) de­
sembocam no seio sagital dorsal. As veias cerebrais ventrais (ilustração mais
abaixo da página seguinte, A e B) são superficiais na base do cérebro e laterais
no lobo temporal, desembocando em diferentes locais no sistema ventral dos
seios venosos da dura-máter.
As veias cerebrais profundas advêm principalmente do corpo caloso, da área
dos núcleos da base e dos plexos coroides dos ventrículos laterais (ver adiante)
ese unem para formar a veia cerebral magna (6). Como o seio reto, esta última
continua caudodorsalmente entre os hemisférios e o cerebelo dentro do tentó­
rio membranoso do cerebelo.
b) Os sE1os DA ouRA·MÁTER são canais venosos modificados localizados no inte­
rior da ectomeninge (ver p. 111) e correm predominantemente entre as cama­
das do periósteo e da dura-máter. Em virtude de sua posição na ectomeninge
ou nos canais ósseos dos ossos do crânio, a largura de seus lumes se mantém
constante mesmo na ausência de camada muscular. A ausência de valvas ve­
nosas facilita o fluxo sanguíneo em diferentes direções. Os seios da dura-máter
recebem principalmente as veias cerebrais mencionadas acima e as veias da
parede do crânio (veias diploicas, -2). Por meio de veias emissárias, drenam
o sangue das veias da cabeça para a veia jugular interna (15). Corresponden­
do a sua posição em relação ao cérebro, podem ser distintos sistemas dorsal e
ventral dos seios venosos da dura-máter.
I. O sistema ventral dos seios venosos da dura-máter começa com os seios
cavernosos direito e esquerdo (8), ambos conectados rostralmente com o ple­
xo oftálmico (17) da órbita. Rostralmente à hipófise, os seios cavernosos es­
tão unidos pelo seio intercavernoso, variavelmente presente e, caudalmente à
hipófise, por um seio intercavernoso constante (14). Caudalmente, cada seio
cavernoso estende-se no canal petroccipital pelo seio petroso ventral (12). O
último está conectado à veia jugular interna pela veia emissária do forame ju­
gular. Caudal à veia emiss,íria, o seio petroso ventral se anastomosa com o
seio sigmoide (li), antes de se unir ao seio basilar ( 1 O). Depois de atravessar
o canal condilar e o forame magno, o seio basilar se une ao plexo vertebral
interno ventral (9). O seio petroso dorsal (7) passa no tentório membranoso
do cerebelo e segue até o seio transverso.
II. O sistema dorsal dos seios venosos da dura-máter começa rostralmente
com o seio sagital dorsal (3), que recebe os ramos venosos da cavidade nasal.
Caudalmente, depois de ter recebido o seio reto (4, -a continuação da veia
cerebral magna), o seio sagital dorsal bifurca-se dorsalmente ao tentório ós­
seo do cerebelo nos seios transversos pareados (5). O seio transverso corre
lateralmente no canal ósseo e no sulco do seio transverso. Nesse local, o seio
transverso dá origem ao seio sigmoide, uma anastomose para o sistema ventral
dos seios venosos da dura-máter e, no meato temporal, desemboca no seio
temporal (13). O seio temporal, por sua vez, estende-se pela veia emissária do
forame retroarticular, que desemboca na veia maxilar (16).
2 c) Os vEtrrRícuLos oo CÉREBRO (ver ilustração) desenvolvem-se durante a onto­
génese a partir do lume do tubo neural. Os ventrículos laterais (S) direito e
esquerdo situam-se dentro do hemisfério cerebral correspondente (ver tam­
bém p. 113).
116
Legenda:
S Ventrículo lateral
T Recesso lateral do quarto
ventrículo
U Canal central da medula espinal
V Quarto ventrículo
u
W Forame interventricular
X Aqueduto do mesencéfalo
Y Terceiro ventrículo
2 Recesso óptico
2' Recesso neuro-hipofisial
O forarne interventricular (W) une os ventrículos laterais com o terceiro
ventrículo (Y) ímpar, que circunda centralmente como um anel a aderência
intertalâmica do diencéfalo. O terceiro ventrículo projeta-se ventralmente
na direção do quiasma óptico e da neuro-hipófise, formando um recesso (Z,
Z') em cada. O estreito aqueduto do mesencéfalo (X) origina-se do terceiro
ventrículo na transiç,'io com o mesencéfalo e se une ao amplo quarto ventrí­
culo (V) na transição com o rombencéfalo. O quarto ventrfculo é caudalmen­
te contínuo ao estreito canal central (U) da medula espinal. O assoalho do
quarto ventrículo (ver p. 1 JS), que é responsável pela denominação dessa parte
circunjacente do cérebro, parece romboide em vista dorsal. O teto do quarto
ventrículo é formado rostralmente no metencéfalo pelo delgado véu medular
rostral e, no mielencéfalo, pelo véu medular caudal e pela tela coróidea. (Com
a fixação, o véu medular rostral tende a se colapsar e se aderir ao assoalho do
quarto ventrículo, o que obstrui a conexão com o aqueduto do mesencéfalo.)
O delgado véu medular caudal está intimamente ade1ido ao cerebelo e aos pe­
dúnculos cerebelares. Esse véu sustenta a tela coróidea (ver p. 115) com o plexo
coroide. No recesso lateral (T) de cada lado do quarto ventrículo, encontra-se
uma abertura lateral por onde o quarto ventrículo se comunica com o espaço
subaracnoidaL
d) Os PLEXOS COROtoes (ver p. 111 e 115) localizados em todos os quatro ventrí­
culos do cérebro, mas não no aqueduto do mesencéfalo, produzem o líquido
cerebrospinal. Em adição aos plexos coroides, o líquido cerebrospinal é for­
mado pelos vasos sanguíneos da pia-máter. Para formar os plexos coroides, a
pia-máter com seus vasos sanguíneos se projeta como uma grinalda no lume
do ventrículo, onde é revestida por um epêndima cuboidal modificado, o re­
vestimento interno do ventrículo.
O líquido cerebrospinal origina-se do sangue e passa para o ventrículo através 3
dos poros do endotélio capilar, da membrana basal e das células ependimárias
modificadas, ao mesmo tempo em que retém as células sanguíneas e as proteí­
nas plasmáticas. O líquido preenche os ventrículos, incluindo o aqueduto do
mesencéfalo e o canal central da medula espinal. Essas câmaras internas estão
conectadas ao espaço subaracnoidal (ver p. 111), que é externo ao cérebro e à
medula espinal. A conexão é feita pela abertura lateral na extremidade lateral
de cada recesso lateral do quarto ventrículo (ver p. 115). O líquido cerebros­
pinal é formado em quantidades consideráveis, cerca de 350 mi por dia no
cão. Contudo, a quantidade total de líquido contido dentro dos ventrículos, do
aqueduto, do canal central e do espaço subaracnoidal permanece constante,
havendo um equilíbrio entre sua formação e a reabsorção (ver ilustração na
parte inferior da p. li 1). Os locais de reabsorção são as granulações aracnói­
deas e as extensões do espaço subaracnoidal sobre a primeira parte dos nervos
espinais, bem como sobre os vasos sanguíneos aferentes e eferentes do cérebro.
Além disso, os revestimentos meníngeos dos nervos olfatório (I) e óptico (II)
s.'io locais de absorção do líquido cerebrospinal. Por meio dos revestimentos
meníngeos dos nervos olfatórios, o líquido cerebrospinal passa do cérebro para
a mucosa olfatória do fundo do nariz pela lâmina cribrosa do osso etmoide.
O líquido é absorvido e removido pelos vasos linfáticos do nariz. Do mesmo
modo, o líquido cerebrospinal atinge os tecidos circunjacentes do nervo ópti•
co, passando do espaço subaracnoidal pelos poros e microcanais para o tecido
conjuntivo frouxo retrobulbar do olho, de onde é drenado pelos vasos sanguí­
neos e linfáticos. Em caso de desequilíbrio entre a formação e a absorção, pode
ocorrer o desenvolvimento de lúdrocefalia interna após formação excessiva ou
drenagem reduzida ou obstruída. Nesse caso, dependendo do local de obs­
trução, os ventrículos cerebrais sofrem aumento de volume, o que promove
compressão e adelgaçamento do tecido cerebral circunjacente. A cabeça fica
desproporcionalmente grande, e os ossos do crânio, anormalmente finos. Os
aumentos patológicos de volume, em especial nas passagens estreitas dos espa •
ços internos, s.'io considerados a causa.
Em animais saudáveis, o líquido cerebrospinal também exerce funções nutri­
tivas e termorregulatórias, embora sua função seja principalmente mecânica,
por representar um revestimento líquido protetor. Em caso de traumatismo da
cabeça, o movimento do cérebro é retardado pelo líquido cerebrospinal. No
local do traumatismo, ocorre o desenvolvimento de lesões; após certo período
de tempo, essas lesões também se desenvolvem do lado oposto. Com rotação
violenta da cabeça, surgem forças de cisalhamento na passagem de vasos e ner­
vos pelo crânio, o que pode levar à hemorragia nas desembocaduras das veias
cerebrais nos seios venosos.

Seios da dura-máter e encéfalo
'
'
'
'
'
'
--
~---------------------
'
' , ________ _
'
, ________ _
~-----------------------------
Bulbo olfatório
1
1 Lobo piriforrne 1
1 1
li 111
1
1
1
1 1 1
VI VII VIII
, --nC
1
-.....
1 1 1
1 1 1
1 1 1
1 1 1
IX XI XII
Seios da dura-máter
1 Vv. cerebrais dorsais
2 v. diploica
3 Seio sag~al dorsal
4 Seio reto
5 Seio transverso
6 V. cerebral magna
7 Seio petroso dorsal
8 Seio cavernoso
9 Plexo vertebral interno ventral
10 Seio basilar
11 Seio sigmoide
12 Seio petroso ventral
13 Seio temporal
14 Seio intercavernoso
15 V. jugular interna
16 V. maxilar
17 Plexo oftálmico
Cavidade do crânio e seios
da dura-máter
a Canal óptico
b Fissura orbital
c Forama redondo
d Canal alar
e Forame oval
f Canal petroccipital
g Canal carótico
g' Forama carótido externo
h Forame jugular
Canal condilar
Forame retroarticular
k Canal do seio temporal
Meato temporal
m Foice do cérebro
n Tentório membranoso do cerebelo
o Processo do tentório
Encéfalo (vista lateral)
A Vv. cerebrais ventrais (rostrais)
B Vv. cerebrais ventrais (caudais)
c Vv. dorsais do cerebelo
D A. carótida interna
E A. rostral do cerebelo
F A. do labirinto
G A. caudal do cerebelo
H Sulco pré-silviano
J Sulco rinal lateral
K Sulco cruzado
L Sulco marginal
L' Giro marginal
M Sulco suprassilviano
M' Giro ectossilviano médio
N Sulco ectossilviano caudal
N' Giro ectossilviano caudal
o Sulco ectossilviano rostral
p Fissura pseudossilviana
o Giro silviano rostral
R Giro silviano caudal
(ver p. 111, 113, 115)
117

2
3
4
5
6
118
Capítulo 11: Órgãos dos sentidos
1. Olho
Os órgãos dos sentidos recebem estímulos sensoriais adequados de natureza
física ou química por meio de suas células receptoras, que, com as células de sus­
tentação e um ou mais neurônios aferentes, formam o órgão receptor. As células
sensoriais são classificadas em primárias e secundárias, de acordo com critérios
morfológicos. As células sensoriais primárias são células nervosas modificadas,
com receptor dendrítico curto e axônio longo responsável pela condução doses­
tímulos até o sistema nervoso central. As células sensoriais secundárias são célu­
las receptoras não neurais de certos órgãos do sentido que, por meio de sinapses
com fibras nervosas, conduzem os estímulos ao sistema nervoso central.
O ORGÃO DA VISÃO consiste no olho (globo ocular, bulbo ou globo do olho). in•
cluindo o nervo óptico com seus envoltórios (bainha externa do nervo óptico,
-25), os trajetos visuais centrais e os centros visuais do cérebro.
O bulbo do olho é quase esférico e, por essa razão, termos direcionais, como
equatorial ou meridional, podem ser usados sem equívocos. Com estruturas
acessórias, como músculos externos do olho, e incluindo a periórbita, as estru­
turas orbitais possuem um formato piramidal que se estende desde a base na
margem orbital até o ápice nas aberturas do canal óptico e da fissura orbital. Os
termos direcionais em relação ao olho correspondem aos termos empregados
na anatomia humana e, se forem utilizados de forma lógica, será possível evitar
mal-entendidos. Os termos anterior e posterior, que não são utilizados em
outras regiões do corpo do animal, referem-se à face rostral do globo do olho
ou, respectivamente, ao fundo ocular. Além disso, os termos superior e infe­
rior podem ser aplicados ao olho caso se relacionem, por exemplo, à pálpebra
superior ou à inferior, respectivamente. O bulbo do olho é uma evaginação do
cérebro e das meninges. A camada externa, fibrosa, do bulbo do olho pode ser
compreendida como a continuação da dura-máter e a camada média, vascular,
como a continuaç.'io da leptomeninge. A camada interna do bulbo do olho é
continuação da superfície cerebral rica em células nervosas.
Do ponto de vista funcional, o bulbo do olho pode ser comparado aos cinco
componentes principais de uma c.'\mera fotográfica.
As pálpebras (pálpebra superior, -1, e pálpebra inferior, -9) são órgãos
protetores atLxiliares que promovem o fechamento da fissura palpebral, o espa­
ço entre as pálpebras, e correspondem ao obturador da câmera (1). A prega se­
milunar da conjuntiva (terceira pálpebra -8) fica no ângulo medial do olho.
I. A camada externa do globo ocular é representada pela túníca fibrosa. Pos­
teriormente, essa túnica consiste na esclera, que, no limbo da córnea (IS), é
contínua com a córnea, a qual, por sua vez, está em posição anterior. A túnica
fibrosa dá forma ao globo ocular e corresponde à caixa da c.'\mera, consideran•
do-se a córnea como a lente (2).
A córnea (2), que é transparente, mantém essa característica com certo grau nor­
mal de umidade, conferido anteriormente pelo líquido lacrimal e, posteriormen­
te, pelo humor aquoso (ver adiante). Os raios de luz são refratados na superfície
externa da córnea, mas a refração é desprezível em sua superficie interna. O epi­
télio corneano, que forma a camada superficial da córnea, não é cornificado.
Na esclera (22), a direção das fibras tênseis corresponde às tensões mecânicas; ou
seja, à considerável pressão ocular interna e à tração dos músculos externos do
olho. No local do disco óptico, a esclera é modificada em uma área cribrosa para
a passagem dos axônios do nervo óptico. As células pigmentares esclerais se en­
contram predominantemente no limite com a camada média do bulbo do olho e
servem para escurecer a câmara interna do olho (comparável à caixa da câmera).
II. A c.1mada média é representada pela túníca vascular do globo ocular. A parte
designada como coroide (23) é aproximadamente coextensiva com a esclera da
túnica fibrosa. A coroide é rica em melanina (pigmento) e possui uma mem­
brana interna limitante, a lâmina basilar da coroide (membrana de Bruch) que
forma a superfície próxima à camada interna do bulbo do olho, a túnica nervosa.
Uma rede bem desenvolvida de vasos grossos permeia a coroide pigmentada,
ao passo que uma rede capilar mais fina se encontra entre essa camada vasctdar
grosseira e a membrana limitante interna. O tapete lúcido (21) é uma camada
circunscrita de células no interior da coroide que reflete a luz incidente, aumen­
tando a estimulação dos fotorreceptores da túnica interna. Os carnívoros têm
um tapete celular, cujas células contêm uma malha de bastonetes microscópi•
cos que refletem e dispersam a luz. (Outros manúferos domésticos com tapete
lúcido apresentam, nesse local, um tapete fibroso, que contém fibras especiais.)
Em virtude de sua reflexão pelo tapete, a luz incidente atua duas ve1.es sobre os
fotorreceptores. Suas cores refletidas, que variam com a espécie, sào produzidas
por fenômenos de interferência, de maneira muito semelhante às cores geradas
por película fina de óleo na água. Na área do tapete, a coroide possui pouco ou
nenhum pigmento. Dependendo da raça e do porte do cão, o tapete ocupa uma
área mais ou menos triangular, dorsal ao "ponto cego" da retina, o disco óptico.
A íris (3) corresponde ao diafragma (3) da câmera fotográfica. Além de per­
tencer à túnica vascular, a íris fica em posição anterior à lente, localizada entre
as câmaras anterior e posterior do olho. Seu orifício central se refere à pupila
(4), estrutura que regula a passagem de luz por meio de dois músculos lisos
com sua origem no neuroectoderma. O músculo esfíncter da pupila (11) cir­
cunda-a com disposição circular das fibras, enquanto o músculo dilatador da
pupila (12), com fibras radiais, repousa na parte posterior da íris. A superfície
posterior da Ílis é revestida por epitélio intensamente pigmentado que se trata
da parte cega da retina (ver adiante). Além disso, o estroma da íris contém
pigmentos responsáveis por sua cor geneticamente determinada.
O corpo ciliar também é um constituinte da túnica vascular e forma um espessa­
mento circular em torno da lente. No processo de acomodação ocular, ele atua por
meio de contração do músculo liso ciliar (17), a qual é mediada pelas fibras zo.
nulares (14), que se estendem desde o corpo ciliar até a cápsula elástica da lente. A
variação da tensão exercida sobre a cápsula da lente altera a forma da lente (crista­
lino) ocular. Nesse sentido, a lente e o corpo ciliar com as fibras zonulares podem
ser comparados a uma lente objetiva variável (4) de uma câmera fotográfica, que
permite a focalização da luz na retina (filme). Em sua base, a superfície do corpo
ciliar forma o orbicular ciliar (7) e é aumentada na área da coroa ciliar (6) em
aproximadamente 80 processos ciliares (6). Os processos ciliares, com as fibras
zonulares que passam por eles, produzem a conexão com a lente ocular. Com a
contração das fibras meridionais do músculo ciliar, os processos ciliares são condu­
zidos para mais perto da lente, relaxando a tensão sobre as fibras zonulares. Ao se
fazer isso, a cápsula da lente, que é elástica e a circunda, atua de forma a "arredon­
dar" a lente (i. e., aumentar a sua curvatura). A curvatura maior aumenta o poder
refratário da lente, fazendo com que a correção final aproxime objetos em direção
ao foco da retina. A acomodação é atingida com maior facilidade em animais mais
jovens, pois neles a lente é mais flexível e sua forma é mais facilmente alterada pela
variação da tensão sobre a cápsula elástica da lente. Com a visão de longe, o múscu­
lo ciliar sofre relaxamento e os processos ciliares ficam bem mais distantes da cáp­
sula da lente com aumento na tensão das fibras zonulares. A lente torna-se "mais
achatada" (plana) com sua curvatura reduzida e sua extensão focal aumentada.
III. A camada interna é representada pela túnica nervosa do bulbo do olho,
a retina. Essa estrutura é composta por 10 camadas (ver histologia) e, na 9' 7
camada -as camadas são numeradas de dentro para fora ( da parte interna à
externa) -contém os fotorreceptores, os cones e os bastonetes. Por essa razão,
a retina é comparável ao filme (carregador de imagem, -5) de uma câmera
fotográfica. A parte óptica da retina (19), sensível à luz, estende-se do fundo
ocular até a base do corpo ciliar onde, na ora serrata (20), é sucedida pela parte
da retina livre de fotorreceptores e intensamente pigmentada. Esta é a parte
cega da retina (18), que reveste a face interna do corpo ciliar e a superfície
posterior da íris. Os fotorreceptores consistem em cerca de 95% de bastone-
tes e apenas 5% de cones. A sensibilidade à luz, que na câmera fotográfica é
determinada por diferentes filmes sensíveis à luz(= número DIN*), na retina
é regulada pelo epitélio pigmentar. Com estimulação da luz, os processos do
epitélio pigmentar projetam-se na área dos fotorreceptores e, na verdade, os
"envolve''. Na escuridão, o epitélio pigmentar se retrai, afastando-se da área dos
bastonetes e cones.
No ponto cego (disco óptico, -27), não há fotorreceptores. Esse ponto cego
se refere ao local de penetração da esclera pelo nervo óptico (26) e pelos vasos
sanguíneos da retina (24), o que pode ser observado no exame do fundo ocular.
A alguns milímetros dorsolaterais ao disco, está a mácula, o local de grande parte
da visão aguda. Comparada à dos primatas, a mácula é subdesenvolvida no cão
e pouco ,1sível. A concentração de cones é apenas um pouco aumentada nesse
local. A área correspondente em seres humanos é particularmente rica em cones
e recebe o nome de "ponto amarelo" (mácula lútea) em virtude de sua cor.
IV. A lente (5) não se origina do cérebro, mas sim do ectoderma cutâneo. Sua 8
localizaç.'io é posterior à pupila e à íris. Ela fic.1 contida denb·o da cápsula elástica,
um produto do epitélio da lente que corresponde à inserção das fibras zonulares.
Na ontogênese, a superfície anterior da lente possui uma única camada (epitélio
da lente), ao passo que as células do epitélio posterior da lente, com perda de seus
núcleos, sofrem alongamento e formam as fibrJS da lente. Essas fibras têm até
1 cm de comprimento e preenchem o espaço oco da vesícula original da lente.
As fibras da lente apresentam um trajeto mais ou menos hemisférico, mas suas
terminações se encontram nas superflcies anterior e posterior da lente em duas
"estrelas lenticulares'' com forma de "Y" vertical ou, respectivamente, invertido.
V. No interior do olho, há uma câmara anterior do olho (10) localizada em
posição anterior à íris e uma câmara posterior (13) situada em posição poste•
rior à íris e anterior à lente. Atrás da lente, há uma câmara vítrea do olho (28),
ocupada pelo corpo vítreo. As câmaras anterior e posterior contêm um líquido 9
claro, o humor aquoso, secretado pelas células da parte cega da retina responsá­
veis pelo revestimento da superfície anterior do corpo ciliar, a superfície que se
opõe à câmara poste1ior. A absorção do humor aquoso é feita por meio do siste•
ma trabecular (semelhante a uma esponja) dos espaços formados pelo ligamento
pectinado no ângulo iridocorneal (16). Na profundidade desses espaços, o hu­
mor aquoso é absorvido nos plexos venosos esclerais, equivalentes ao canal de
Schlemm (seio venoso da esclera) do ser humano. Os plexos são drenados pelas
veias ciliares. Em caso de obstrução do sistema de drenagem, a pressão interior
do olho aumenta e, dependendo de sua extensão, resulta no quadro de glaucoma.
,. N.T.: EscaJa europeia por meio da qual se identifica a sensibilidade relativa de filmes fo.
tográficos.

Órgão da visão
Olho direito
(vista nasal)
6 Corpo ciliar:
e
Coroa ciliar e processos ----~---3~"it---F!
ciliares
7 Orbicular ciliar
8 Prega semilunar da
conjuntiva (terceira pálpebra) -----
9 Pálpebra inferior ---------
2
11 M. esfíncter da pupila ----.i.l,,-~t-----',:t.
12 M. dilatador da pupila ----~-~:e---..,_
15 limbodacórnea -----------
16 Ângulo iridocorneal ----------
17 Músculo ciliar -------------
18
19
20
21
22
23
24
Retina:
Parte cega da retina
Parte óptica da retina
Ora serrata
Tapete lúcido
Esclera
Coroide
Vasos sanguíneos da retina
Bainha externa do n. óptico
N. óptico
Disco óptico
28 Câmara vltrea do olho
l,. R,,
Legenda:
a Tarso superior
b Fórnice superior da conjuntiva
c Conjuntiva bulbar
d Conjuntiva palpebral
e Cílio
t Glândula tarsal
g Glândula ciliar
h Tarso interior
Fórnice inferior da conjuntiva
Cartilagem da prega semilunar da conjuntiva
(terceira pálpebra)
k Glândula superficial da prega semilunar da
conjuntiva (terceira pálpebra)
M. reto dorsal
m M. retrator do bulbo
n M. reto ventral
o Corpo adiposo intraperiorbital
p Cápsula da lente
q Epitélio da lente
r Fibras da lente
s Anel escleral
t Plexo venoso escleral
u Círculo arterial maior da íris
v Lig. pectinado
119

2. Orelha
A orelha é um órgão do sentido duplo, servindo como órgão auditivo para a
percepção do som e como órgão de equilíbrio para a propriocepção• do corpo
em seu ambiente, ou seja, a relação do corpo à força da gravidade. A orelha
consiste nas orelhas externa, média e interna. Embora as estruturas com a fun­
ção de audição sejam encontradas em todas as partes da orelha, o órgão vesti­
bulococlear é encontrado apenas na orelha interna.
a) A ORELHA EXTERNA (ver também p. 102 e 103) serve para receber e conduzir as
ondas sonoras até a membrana tin1pânica (tímpano). Essa orelha é composta
1 da aurícula (1) e do meato acústico externo. A base da aurícula é formada por
2 cartilagem auricular elástica (3) revestida por pele fina. Externamente, a orelha
é coberta por pelos densos, mas por pelos relativamente esparsos por dentro; no
início do meato acústico externo, há pelos protetores mais espessos. Em algumas
raças com orelhas pendentes (p. ex., basset), os pelos podem atingir um com­
primento considerável. Na margem caudal da aurícula, a pele é pregueada de
modo a formar uma bolsa cutânea (2) marginal. A cartilagem auricular é curva
e forma a concha da aurícula semelhante a corno, o que em sua base é sucedida
pelo meato acústico externo. O meato começa como o meato acústico externo
cartilagíneo (4), que primeiro desce e segue perpendicularmente (parte perpen­
dicular), depois desvia para os sentidos medial e horizontal (parte horizontal, ver
p. 103). No nível do desvio, a cartilagem auricular é sucedida pela cartilagem do
meato acústico (5) semelhante a semianel; essa cartilagem, por sua vez, é acom­
panhada pela ca.rtilagem anular (6). A última cobre o curto meato acústico ex­
terno ósseo (7) tubular da parte timpânica do osso temporal. O meato acústico
externo ósseo termina no anel timpânico. o que está preso a esse anel.
Músculos auriculares (ver p. 93 a 95).
b) A MEMBRANA TIMPÂNICA (8) fica no limite entre o meato acústico externo e a
orelha média. A superfície externa cutânea dessa membrana é isenta de pelos
e glândulas, além de não ter pigmento; já a superficie interna corresponde à
mucosa aglandular da cavidade timpãnica. Centralmente, entre as duas cama­
das, há um tecido conjuntivo vascular, que está ligado por um anel de fibro­
cartilagem ao anel tinlpânico. A membrana timpânica se abaula em direç.'io
à cavidade timpânica com sua parte tensa. Uma parte flácida dorsal fecha a
lacuna no anel timpãnico semelhante a bracelete.
3 e) A ORELHA MÉDIA consiste na cavidade timpânica, nos ossículos da orelha loca­
lizados dentro da cavidade e nas tubas auditivas. As paredes da cavidade tim­
pânica e a superfície dos ossículos da orelha estão cobertas por mucosa com
única camada de epitélio escamoso e, em parte, por epitélio ciliado.
120
1. Lateralmente, a membrana timpânica projeta-se na cavidade timpânica (9)
e, mediaimente, no promontório da paite petrosa do osso temporal. A parte
dorsal da cavidade com os ossículos da orelha e a corda timpânica recebe o
nome de epitimpãnico; a parte média, o mesotimpânico; e a parte ventral ou
assoalho, que corresponde à bula timpânica (9). o hipotinlpânico. Há dois
orifícios na parede medial. O orifício mais dorsal é oval e denominado janela
vestibular ( 13); essa janela é fechada e separada do vestíbulo da orelha interna
pela plataforma do estapédio, que está unida pelo ligamento à margem da ja­
nela. O orifício mais ventral corresponde à janela coclear (14) redonda. que é
fechada por membrana.
II. Os ossículos da orelha (martelo, bigorna e estapédio) formam uma cadeia
que vai desde a membrana timpãnica lateralmente até a janela vestibular me­
diaimente. A membrana tin1pânica e os ossículos da orelha, juntos, represen­
tam o aparelho de condução do som.
O martelo (10} situa-se bem mais lateralmente e encontra-se ancorado à ca­
mada fibrosa da membrana timpânica por seu cabo, o manúbrio (A). O colo
do martelo (B) é seguido pela cabeça do martelo (C). que se articula por uma
articulação sinovial com o corpo (D) da bigorna (11 ). A bigorna possui ramo
longo (E) e curto (F). Um pequeno osso lenticular (E') ajusta-se no ramo lon­
go em ângulo reto e articula-se com a cabeça (G) do estapédio (12). Os ramos
rostral (H) e caudal (I) do estapédio repousam sobre a plataforma oval (base
do estapédio, -J) do estapédio, que fecha a janela vestibular. Os ossículos da
orelha são mantidos no local por ligamentos. A intensidade do som é regulada
por dois músculos antagônicos que atuam de forma reflexa. A função desses
músculos ainda não está definitivamente determinada. Na contração, o mús­
culo tensor do tímpano traciona o martelo em direção à cavidade timpânica,
exercendo tensão sobre a membrana timpãnica. Esse músculo é inervado pelo
nervo tensor do tímpano, um ramo do nervo mandibular (V3}. O músculo
estapédio alerta a posição da base do estapédio na janela vestibular, sendo
inervado pelo nervo estapédio, um ramo do nervo facial (VII).
'N.T.: O mesmo que percepção de posição e senso de posição.
III. A tuba auditiva (15) conecta a orelha média com a faringe nasal. Essa tuba
serve para equalizar a pressão na cavidade timpânica com a pressão externa à
membrana timpânica. Também proporciona a drenagem para a secreção de
glândulas que se encontram na região do óstio faríngeo da tuba. A tuba au­
ditiva consiste em parte óssea e parte cartilagínea. Essa tuba é semelhante a
uma calha, aberta ventralmente e revestida por mucosa tubular que sustenta
um epitélio ciliado. t comprinüda de lado a lado e termina na faringe nasal no
óstio faríngeo da tuba auditiva.
d) A ORELHA INTERNA consiste em um sistema fechado de vesículas e canais mem­
branáceos de parede delgada, o labirinto membranáceo. Essa orelha interna é
circundada por cápsula óssea, o labirinto ósseo, cujos espaços correspondem 4
a diferentes partes do labirinto membranáceo contido por cada um. A secção
transversal de toda a oreU1a interna mede cerca de 12 mm no cão. O labirinto
ósseo contém um líquido claro, a perilinfa (líquido cerebrospinal), que cir­
cunda o labirinto membranáceo como um colchão d'água. Os espaços perilin­
fáticos (20) são conectados ao espaço subaracnoidal da cavidade cranial pelo
dueto perilinfático (23). Uma endolinfa viscosa está presente dentro do labi­
rinto membramíceo. O dueto endolinfátic.o (27) situa-se dentro do aqueduto
vestibtdar, uma passagem estreita que vai desde o vestíbulo do labirinto ósseo
até o interior da cavidade cranial. O dueto endolinfático termina cegamente no
saco endolinfático, que fica entre as duas camadas da ectomeninge.
O labirinto ósseo consiste no vestíbulo, nos canais semicirculares ósseos e na
cóclea.
1. O vestíbulo (16) não dividido ocupa o centro do labirinto ósseo e contém
dois sacos membranáceos, o utrículo (25) dorsal e o sáculo (24) ventral.
Na vista caudodorsal, os canais semicirculares ósseos saem do vestíbulo; já na
vista rostroventral, saem da cóclea ós.~ea. Os duetos semicirculares (26} mem­
branáceos originam-se do utrículo, enquanto o dueto coclear (28) membraná­
ceo do sáculo se origina do dueto de união.
II. Os canais semicirculares ósseos (17) e os duetos semicirculares membra­
náceos (26} contidos por tais canais estão orientados entre si mais ou menos
em ângulos retos. O canal e o dueto anteriores sintam-se em posição transver­
sal, enquanto os posteriores são sagitais. Já os laterais encontram-se na posição
horizontal. Em uma extremidade da inserção do dueto semicircular ao utrí­
culo e na comunicação associada do canal semicircular com o vestíbtdo, há
um aumento de volume, a ampola membranácea, e, no canal, a ampola óssea.
Os canais semicirculares ósseos anterior e posterior se unem posteriormente,
formando um canal comum curto; além disso, há tuna união correspondente
dos duetos semicirculares associados.
O sáculo, o utrículo e os duetos semicirculares contêm o aparelho vestibular,
que atua no equilíbrio (orientação da cabeça em relação à força de gravidade,
e à aceleração linear e angular do corpo). As células sensoriais são encontradas
em áreas circunscritas que, de acordo com a posição e o formato, são chamadas
mácula do sáculo, mácula do utrículo e cristas amputares. As fibras nervosas
sensoriais aferentes conduzem a sinapse com as células pilosas aos gânglios
vestibulares ( d) superior e inferior, depois até o cérebro pelo nervo vestibular
(b). O nervo vestibular se une ao nervo coclear (ver adiante). formando o ner-s
vo vestibulococlear (VIII, -a).
III. A cóclea (18) se enrola rostroventralmente em torno do modíolo e, no cão,
possui três espirais. A partir do modíolo, a lâmina espiral óssea projeta-se na
cóclea e, com o dueto coclear, divide o espaço coclear em câmara espiral supe­
rior, a rampa do vestíbulo (21 ), e câmara espiral inferior, a rampa do tímpano
(22). A rampa vestibular começa no vestíbulo, enquanto a rampa timpânica
termina na janela coclear. As rampas se comunicam no helicotrema da cúpu­
la coclear. Em secção transversal da cóclea, as rampas são separadas central­
mente pela lâmina espiral óssea, mas perifericamente pelo dueto coclear (28}
triangular. A separação dorsal entre o dueto coclear e a rampa vestibular é feita
pela membrana de Reissner (membrana vestibular, -K); já a separação ven­
tral entre o dueto coclear e a rampa timpãnica é feita pela membrana espiral
(L). A parede periférica do dueto coclear é formada pelo ligamento espiral da
cóclea (M}, espessado e vascular, que se funde com o periósteo de revestimen­
to da parede coclear. O órgão espiral (óRGÃo DE coRT1, -N) fica dentro do dueto
coclear e consiste em células pilosas sensoriais que repousam na membrana
(espiral) basilar. As fibras nervosas sensoriais aferentes fazem sinapse com as
células pilosas e seguem no sentido central em direção ao gânglio espiral (O)
na base da lânüna espiral óssea. Os axônios periféricos dessas fibras se unem
dentro do eixo central do modíolo para formar o nervo coclear (e). As fibras
nervosas eferentes também passam no nervo vestibulococlear e fazem sinapse
com as células pilosas sensoriais.

Órgão vestibulococlear [orelha]
Orelha externa
1 Aurícula
2 Bolsa cutânea
3 Cartilagem e concha da aurícula
(ver p. 103)
4 Meato acústico externo cartilagíneo
(parte petrosa do osso
temporal, vista rostral)
5 Cartilagem auricular
6 Cartilagem anular
7 Meato acústico externo ósseo
Membrana timpânica e ossículos da orelha
Legenda:
Martelo:
A Manúbrio
B Colo
c Cabeça
(vista medial)
Bigorna:
D Corpo
E Ramo longo
E' Osso lenticular
F Ramo curto
Orelha interna
labirinto ósseo:
16 Vestíbulo
17 Canais semicirculares ósseos
18 Cóclea
19 Meato acústico interno
Labirinto membranáceo:
20 Espaço perilinfático
21 Rampa do vestíbulo
22 Rampa do tímpano
23 Dueto perilinfático
24 Sáculo
25 Utrículo
26 Duetos semicirculares
27 Oucto endolinfático
28 Dueto coclear
1
Orelha média
8 Membrana timpânica
9 Cavidade e bula timpânicas
10 Martelo
11 Bigorna
12 Estapédio
13 Janela vestibular
14 Janela coclear
15 Tuba auditiva
Legenda:
a N. vestibulococlear
b N. vestibular
c N. coclear
d Gânglio vestibular
Canal espiral da cóclea
Estapédio:
G Cabeça
H Ramo rostral
1 Ramo caudal
J Base
K Membrana vestibular
L Membrana espiral
M Lig. espiral da cóclea
N Órgão de Corti
O Gânglio espiral da cóclea
121

122
3. Órgãos olfatórios e gustativos (químicos); sensibilidade superficial, profunda e
visceral
a) O ÓRGÃO OLFATÓRIO é particularmente bem desenvolvido no cão e, com o senti­
do do olfato (percepç.'io de cheiro [farol), serve para orientação no ambiente.
O fundo nasal é envolvido por mucosa olfatória, sendo designado como re­
gião olfatória ou área olfatória. Ele é revestido pelo epitélio olfatório, onde
os epiteliócitos neurossensoriais olfatórios (b) são ladeados por células de
sustentação (a) e células basais (c). Com as glândulas olfatórias, tais células
conferem a toda região olfatória uma coloração amarelo-acastanhada. A di­
ferença na cor em relação à mucosa respiratória adjacente não permite uma
identificação exata da área olfatória a olho nu. As células olfatórias vivem ape­
nas um curto período de tempo ( cerca de 30 a 60 dias em seres humanos) e são
regularmente repostas. Essa é uma peculiaridade digna de nota, pois as células
olfatórias são células nervosas; a reposição dessas células no adulto é um caso
especial. O c.'io como animal macrosmático possui uma região olfatória de ta­
manho considerável: em um cão de porte médio, ela é 15 vezes maior à de seres
humanos. O cão é capaz de detectar estímulos olfatórios em concentrações
muito baixas, bem além da capacidade do ser humano.
b) O óRGÃo VOMERONASAL também recebe o nome de órgão de Jacobson, em
homenagem a seu descobridor. O órgão repousa diretamente no septo nasal
cartilagíneo, estendendo-se desde a papila incisiva (1) até o nível do dente
pré-molar II. Esse órgão vomeronasal comunica-se com o teto da cavidade oral
por meio do dueto vomeronasal (2) e do dueto incisivo (3). No caso do órgão
vomeronasal, estamos lidando com um tubo, o dueto vomeronasal, alguns mi­
límetros mais espesso, pois, em sua superfície interna, é revestido por epitélio
olfutório modificado e, externamente, é sustentado por cartilagem (cartilagem
vomeronasal, -4). A função do órgão ainda não está totalmente esclarecida.
No entanto, é certo que ele funciona como órgão olfotório acessório, detectan­
do estímulos olfatórios provenientes do alimento e de ferormônios. Por meio
desses ferormônios, admite-se o impacto exercido por esse órgão sobre a re­
produção. O órgão vomeronasal é um receptor para substâncias não voláteis
que não chegam à região olfatória do fundo nasal. A inervação sensorial do
órgão é feita pelo nervo vomeronasal (5), descrito como um dos filamentos do
nervo olfatório. Em seres humanos e muitos mamíferos, o órgão sofre involu­
ção no início da ontogênese.
e) O ÓRGÃO GUSTAT1vo serve em conjunto com o paladar (sentido gustativo)
para a percepção de substâncias gustativas por meio de células gustativas (e)
especiais. Com células sustentaculares (f) e células basais (g), as células gus­
tativas são integradas em um botão gustativo (em forma de barril) que chega à
superfície no poro gustativo (d). Os botões gustativos se encontram no epitélio
superficial da língua em associação com certas papilas linguais denominadas
papilas gustativas. As papilas gustativas, por sua vez, são papilas folhadas (6),
valadas (7) e fungiformes (8, -ver também p. 105). As células gustativas são
células sensoriais secundárias, de onde o estímulo é conduzido até o cérebro
por contato sináptico da célula receptora com a fibra nervosa sensorial.
d) As SENSIBILIDADES SUPERFICIAL, PROFUNDA E VISCERAL não estão ligadas a órgãos
do sentido específicos, como é o caso dos órgãos do sentido visual, vestibulo­
coclear, gustativo e olfatório, onde há grande concentração de células recepto­
ras. A densidade dos receptores e de seus nervos aferentes associados pode ser
relativamente alta ou baixa ou, então, os receptores podem estar totalmente
ausentes. A partir dos receptores periféricos, longos dendritos (em alguns li­
vros, esses dendritos longos podem ser denominados "axônios") estendem-se
no sentido central até seus pericários, localizados próximos ao sistema nervoso
central nos gânglios espinais e cranianos. A partir dos pericários, o axõnio pe­
netra no cérebro ou na medula espinal.
I. A sensibilidade superficial (ou seja, da superfície) é conferida por recep­
tores de toque, pressão, dor e temperatura na pele. Os receptores são termina­
ções nervosas livres de neurônios aferentes, que funcionam como receptores
de dor e, com perda de suas bainhas de mielina, penetram nas camadas mais
profundas da epiderme ou, então, são corpúsculos receptores. Os últimos são
em formato de clava, lamela ou disco, sendo encontrados predominantemente
na derme ou no subcutâneo. Os corpúsculos em formato de dava provavel­
mente são receptores térmicos. Os corpúsculos lamelares atingem um lama-
nho notável, até 3 mm, e consistem em células achatadas (planas) que formam
as lamelas em formato de cone envoltas em torno de uma terminação nervosa
aferente central. Tais corpúsculos são sensíveis a estímulos de pressão. Presu­
me-se que as tenuinações nervosas em formato de disco (meruscos táteis)
atuem como receptores de toque (táteís) (ver também p. 5).
Os pelos sinusais, com suas terminações nervosas associadas, são muito sensí­
veis a estímulos táteis ( ver também p. 5 ).
II. A sensibilidade profunda é mediada por proprioceptores sensíveis ao es­
tiramento. làis proprioceptores são encontrados na musculatura esquelética,
nos tendões, nas cápsulas articulares e nos ligamentos articulares. O termo
"proprioceptor" provém do fato de que o estímulo excitatório desencadeante
não tem sua origem fora do corpo, mas sim no "próprio" corpo do animal. Os
receptores articulares são sensíveis à angulação da articulação e à rapidez 1
do movimento. Os receptores profundos são fusos neuromusculares, fusos
neurotendíneos e, de acordo com muitos autores, corpúsculos lamelares. O
fuso neuromuscular é um receptor no músculo esquelético. Os receptores es­
tão localizados próximos à transição do músculo em seu tendão, tendo até 3
mm de comprimento e 0,5 mm de espessura. Envoltos em uma cápsula de te­
cido conjuntivo, os receptores são compostos de fibras musculares esquelétic.1s
modificadas, particularmente finas, cujos núcleos celulares estão dispostos em
cadeia um após o outro (fibras com cadeia nuclear) ou em aglomerado central
dentro da fibra musctdar (fibras com aglomerado ou saco nuclear).
As fibras nervosas aferentes e eferentes passam pelo fuso neuromuscular em
formações diferentes. Os neurônios motores eferentes (gama) terminam com
placas terminais motoras em ambas as extremidades do fuso muscular e regu­
lam o tônus de repouso dessas fibras fusiformes modificadas. As terminações
nervosas aferentes procedem da região central do fuso muscular e são estimu­
ladas por distensão das fibras musculares modificadas. O estímulo é conduzido
até a medula espinal, onde ocorre sinapse direta com os neurônios motores
(alfa) normais, efetuando um reflexo monossináptico. Os neurônios motores
alfa seguem perifericamente até o hilo do músculo, terminando com placas
terminais motoras nas fibras musculares esqueléticas normais e, assim, dando
origem à contração muscular. Além de produzir o reflexo monossináptico, o
neurônio aferente ascende pela medula espinal com sinapse em vias polissináp­
ticas. Ao examinar os reflexos (p. ex., reflexo patelar), a função de outros tratos
de condução de certos segmentos da medula espinal também é avaliada.
O fuso neurotendíneo é estruturado do mesmo modo que o fuso neuromus-1
cular. No entanto, os fusos neurotendíneos são mais finos e mais curtos. Eles
encontram-se dentro do tendão, onde passa por cima do ventre muscular.
Além disso, esses fusos devem ser considerados como receptores de tensão e
cooperam em sua função com os fusos neuromusculares. Ademais, os fusos
neurotendíneos estão presentes em baixa quantidade nos ligamentos articula­
res, por exemplo, nos ligamentos cruzados da articulação do joelho (femoro­
tibiopatelar). Do ponto de vista funcional, os fusos neurotendíneos regulam a
coordenação dos movimentos.
As informações passam pelo ramo aferente de um arco reflexo até o sistema
nervoso central e, a partir daí, após sofrerem sinapse(s), o ramo eferente do
arco ativa os grupos musculares pertinentes. Quando os músculos (ou o sis­
tema nervoso) se fatigam, a atividade sofre lentidão, podendo resultar em
instabilidade do movimento (p. ex., cambalear). Paralelamente aos neurônios
aferentes dos receptores profundos, há fibras nervosas condutoras de dor que
seguem até o gânglio espinal e, por fim, até o sistema nervoso central.
III. A sensibilidade visceral, com sua origem em estímulos advindos da dis­
tensão dos órgãos internos, dá origem à dor profunda, embotada e de locali­
zação imprecisa. Os receptores intramurais das vísceras são sensíveis ao esti­
ramento, bem como a contrações e espasmos intensos, como, por exemplo,
no caso de cólicas. A musculatura lisa das vísceras e a musculatura estriada
da parede corporal reagem com redução dos movimentos respiratórios e con­
tração reflexa do músculo estriado da parede corporal (a tensão dos músculos
abdominais é signific.1tiva para o diagnóstico). A dor visceral é projetada por
mecanismos medulares em regiões cutâneas (dor referida).

Órgãos olfatórios e gustativos
Órgão vomeronasal
(
/ I I I
/ / I I
/ / I I
/ I I I
P
·1 . . . _/ / / /
ap, a mc1s1va ------ / / /
/ / I
J I I
2 Ouctovomeronasal-----/ /
/ I
3 O t
. . . / /
ucoinc,s,vo--------J /
I
4 Cartilagem vomeronasal-----/
Língua [glossa]
(vista dorsal)
Papilas folhadas
----Papilas cônicas
---7 Papilasvaladas----
---8 Papilas fungiformes
. -.
. ,.
(vista medial)
Calículo gustativo [gema gustativa)
d Poro gustativo
e Células gustativas
f Células sustentaculares
,,.s
/
N. vomeronasal
_,,,
nasal caudal
--- --
Epitélio olfatório
a Células de sustentação
b Epiteliócitos neurossensoriais
olfatórios
b' Cílio
b' Bulbo do dendrito
b' Dendrito
b' Axônio [neurofibra olfatória)
e Células basais
(verp.101, 105)
g Células basais
h Neurofibra gustativa
Glândulas gustativas
123

124
Anatomia especial
1. Miologia
Músculo Origem Inserção Inervação Função Comentários
Músculos dorsais que unem o tronco e o membro torácico -suspensão do tronco (voltar para p. 12)
M. trapézio
M. deidocervical
M. omotransversário
M. romboide
-da cabeça
-dopese<>ço
-do tórax
M. grande dorsal
Rafe mediana dorsal do
pescoço desde a vértebra
cervical I l I até os processos
espinhosos das vértebras
torácicas I a IX
Rafe mediana dorsal do
pescoço, cranial mente ao
trnpé-tio
ACl'ómio da esc.ápula
Crista nucal (parte e-apitai),
rafe inedia11a dorsal do
pescoço desde a vértebra
cervical 11 até a vértebra
torácica 1 (parte cervical),
vértebras toráciC'tS craniais
(parte tor:kic-a)
Fáscia toracolombar
Parte cervical: Dois-terços
dorsais da e-Spinha escapuJar
Parte torácica: Terço dorsaJ
da espinha escapular
Intersecção clavicular
Asa do atlas
Superficie medial da
cartilagem escapular
Ramo dorsa I do
n. acessório (XI)
Ramo dorsal do
n. acessório (XI)
Ramo ve1ural do
n. cervical IV
Ramos ventrais dos
nen,os cervicais
Tuberosidade do m. redondo N. toracodorsal
maior com o tendão desse
músculo
Ação conjunta -tracionam
a escápula no sentido dorsal.
Parte cervical: traciona
a escápula no sentido
craniodorsal. Parte torácica:
cracior1a a escápula no sentido
caudodorsal
Traciona o membro torácico
para a (rente
Traciona o membro torácico
para a frente, inclina o pescoço
para um lado
Fixação do membro torácico.
Eleva a escápula e traciona-a
par-J; a (rente
Traciona o membro torácico
no sentido caudal; flexor da
articulação do onibro; com o
membro imóvel, traciona o
tronco para a fre111e
Juntos, os músculos dos lados
direito e esquerdo formam um
trapé-t.io,
Homólogo ao trapézio
clavicular de seres humanos.
Cobre os linfonodos cervicais
superficiais.
Os múscuJos dos lados direito
e esquerdo sào de formato
romboide em seres humanos;
coberto pcJo m. trapézio.
Músculos ventrais que unem o tronco e o membro torácico -suspensão do tronco (voltar para p. 14)
Mm. peitorais superficiais:
M. peitoral descendente,
m, peitoral tranS\•erso
M. peiloral profundo
M. serrálil ventral
-cervical
-torácico
M. es-tcrnodeidomastóidoo:
M. deidoinastóideo,
m. estcrnomastóideo.
m. esternoccipital
M. braquiocefálico
(M. cleidobraquial,
m, cleidocervical e
m, cleidomastóideo.
ver p. 14)
M.dehoide
Manúbrio e parte cranial do
corpo do esterno
Corpo do esterno
Processos transversos d as
vértebras cervicais li a VII
(parte cervical), costelas I a
VII ( 10)
Intersecção clavicular
(m. cleido1nastóideo),
mamíbrio do esterno (m.
esteroomastóideo em.
est.crnoccipital)
Crista do tubérculo maior Nn. peitorais craniais
Tubérculos maior e menor do Nn. peitorais caudais
úmero; fáscia braquial
Face serr-J;ta da escápula Ramos ventrais dos
nn. cervicais (parte cervical),
n. torácico longo
(parte torácica)
Processo mastoide do osso N. acessório (XI)
temporal (m. cleidomastóideo,
m. esternomastóideo), criS1a
nucal (m. esternoccipital)
(ver Músculos laterais do ombro e do braço)
Músculos hióideos longos (voltar para p. 14)
M. esterno•hióideo
M. esternoti.reóideo
Man\lbrio do esterno e
cartilagem costal 1
Manúbrio do esterno e
cartilagem costal 1
Basi·hióideo
Cartilagem tireóidea da
laringe
Ramo ventral do n. cervical 1
Ramo ventral do n. cervical 1
Fixação tronco-membro:
adutor. protrator e retra1or do
membro torácico
Sustenta o trollco; retrator
do membro tor.kico; fixa a
articulação do ombro
Músculo mais importante de
sustc1,taçào do tronco: elc .... a
o pescoço; quando o membro
torácico está imóvel, o 111,
serrátil "entrai constitui um
mUsculo inspiratório auxiliar
Forma o sulco peitoral lateral
com a parte clavicular do m.
deltoide (m. cleidobraquial).
Dividido em parte prillcipaJ e
acessória.
Um ml1sculo serrilhado: a a.
escapular dorsal corre na focc
profunda do músculo, entre
suas duas partes.
Protrator do membro torácico; A v. jugular externa cruza a
traciona a cabeça ventralmente face lateral do mús,euJo.
e para o lado de atuação do
mUsculo; vira a cabeça e o
pescoço para o lado de atuação
do 1nUsculo
Traciona o aparelho hióideo e
a língua no sentido caudal
Sinérgico com o m. esterno•
-hióideo, traciona a laringe no
sentido caudaJ
Os músculos direito e
esquerdo estão unidos em suas
margens media.is.
Em sua origem, o
m. esttrno1irc6idoo está unido
ao m. esterno-hióideo.

Músculo Origem Inserção Inervação
Músculos mediais do ombro e do braço (voltar para p. 18)
M. redondo maior Margem caudal da esc.ápula Tubcrosidade dom. redondo N. axilar
maior
M. subesc.apular Fossa subescapular Tubérculo menor do úmero Nn. subescapular (parte
principal) e axilar (parte
caudal)
M. coracobraquiaJ Processo coracóideo da Área caudomedial da porção N. musculocutâneo
escápula proximal do úmero
M. bíceps braquial Tubérculo supraglenoidal da Tubcrosidadc do rádio e ulna N. mus<:uloculâneo
escápuJa proximomedial
M. lensor da fáscia do Margem caudal da escápuJa e Olécrano e fâscia do antebraço N. radial
antebraço m. gnnde dorsal
Músculos laterais do ombro e do braço (voltar para p. 14 e 20)
M. dcltoide:
P. escapular, p. acromial, p.
clavicular (m. cleidobraquial)
M. redondo menor
M. supraespinal
M. iníraespinal
M. lrkeps braquial:
Cabeça longa.
-lateral,
-medial.
-acessória
M. ancôneo
Intersecção clavicular (parte Crista do úmero (parte N. axilar (partes escapular e
cla\li<:ular), espinha da clavi<:ular), tuberosidade acromial), 1\. axilar acessório•
escápula por aponetirose deltoide (partes escapular e (parte cl~wicular). "Esse ner\l0
(parte escapular). acrõmio ac.romial) também pode ser chamado de
(parte acromial) n. braquioceíálico.
Tubérculo inf raglenoidal e Tubcrosidade dom. redo11do N. axilar
foosa infraespinal distal menor
fossa supraespinal e espinha Tubérculo maior do llmero N. supra.escapular
da escápula
fossa infraespinal e espinha da Superfkie do úmero N. supra.escapular
escápuJa
Margem <:audal da cscápula Olécrano
(cabeça longa), Umero lateral
N. radial
proximal (cabCÇt lateral),
úmero medial (cabeça
medial), colo caudal do úmero
(cabCÇt acessória)
Margem da fossa do olécrano Polpudo/carnoso; lateralmente N. radial
co,n o te1ldão do triceps sobre
o olécrano
Função
Flexor da articulação do
ombro
Adutor da articulação do
ombro
Extensor e adutor da
articulação do ombro;
rotaciona o úmero e o
membro distal, girando a
face cranial do membro
lateralmente
Flexor da arl icu1açâo do
cotovelo
Extensão da articulação do
cotovel~ tensor da í.11sda do
antebraço
Partes escapular e acromial,
flexorcs da articulação do
ombro; parte davicular, como
parte do m. braquiocefálico;
traciona o membro para a
frente
Flexor da articulação do
ombro
Estende e "fixa .. a articulação
do ombro
Flexor e abdutor da
articulação do ombro
Extensor da articulação do
coto\lelo; a cabe(a longa
também flexiona a articulação
do ombro
Extensor da articulação do
cotovelo
Comentários
Serve como um "'ligame,110,.
colateral medial contrátil da
articulação do ombro.
Seu tendão de origem é
em•olvido por uma bainha
sinovial.
Em seres humanos, esse
músculo possui duas cabeças
de origem.
Uma abordagem cirúrgica à
cabeça do úmero fica entre
a parte acromial e o m.
supraespinal.
Situa•se profu1ldamen1e â
parle escapular dom. deltoide.
Mús<:ulo fortt-que se situa
profondamenle à parte
escapular do m. deltoide; uma
bolsa encontra·se abaixo de
seu tendão de inserção.
Ocupa o triângulo formado
entre a escápula, o úmero
e o olé<:rano. Seu contorno
caudal forma a margem
tricipital (margem do tríceps)
desde a cemelha descendo
até o olé<:rano; há uma bolsa
embai.xo do tendão comum de
inserção.
Pode ser considerado como
a quinta cabeça dom. triceps
braquial.
Músculos caudomediais do antebraço (praticamente todos são flexores que surgem no epicôndilo medial do úmero; voltar para p. 22)
M. flexor superficiaJ
dos dedos
M. flexor profundo dos
dedos:
Cabeça do úmero,
-do rádio,
-da ulna
M. flexor ulnar do <:arpo
M, flexor radial do carpo
M. pronador redondo
M. pronador quadrado
Epicõndilo medial do
úmero
Epicõndilo medial do (1 mero,
rádio e ulna
Epicõlldilo medial do úmero
(cabeça do úmero), olécrano
(cabeçt da ulna)
Epicõndilo medial do úmero
Epicôndilo medial do (1mero
Tuberosidade flexora da
falange média dos dedos li a V
Tuberosidade flexora
da falange di.•Hal dos
dedos Ia V
Osso acessório do carpo
Metacarpos 11 e Ili
Porção craniomedial proximal
do rádio
Faz ponte sobre o espaço interósseo entre o rádio e a ulna
N. mediano
Nn. ulnar e mediano (cabeça
do llmero), n. mediano
(cabeça do rádio), n. ulnar
(cabeça da ulna)
N. \ilnar
N. mediano
N. mediano
N. mediano
Flexor das articulações dos
dedos e do carpo
Flexor das articulações dos
dedos e do carpo
Flexor das articulações do
carpo
Flexor das articulações do
carpo
Pronador do antebraço e da
mão (gira a face cranial do
antebraço e a porção distal do
membro mediaimente)
O tendão flexor superficial é
formado na porção distal do
antebraço. A manga ílexora de
cada r.uno tendineo en\lolve
o tendão flexor proíundo
correspolldente.
Os tendões de suas 3 cabeças
se unem na porção distal
do antebraço para formar o
tendão flexor proíundo, que
atravessa a manga flexor.l do
tendão flexor superficial.
As duas cabeças do músculo
s.:1.o completamente separadas.
Seu tendão de inserção é
dividido.
Posição medfal na articufação
do cotovelo.
Pronador do antebraço e da Constante apenas nos
mão (gira a face aanial do catnivoros.
antebraço e a porção distal do
membro mediaimente)
125

126
Músculo Origem Inserção Inervação Função Comentários
Músculos craniolaterais do antebraço (praticamente todos são extensores que surgem no epicôndilo lateral do úmero; voltar para p. 22)
M. extensor comum dos
dedos
Epicóndilo lateral do úmero 1:ata11ge distal dos dedos li a V N. radial Exteosor das articulações dos
dedos e do carpo
M. extensor lateral dos dedos Epicóndilo lateral do úmero
M. abdutor longo do polegar Superííciec.raniolatera.l do
rádio e da uJna
M. extensor dos dedos I e li Terço médio da superficie
cranial da uli~a
M. extensor ulnar do carpo Epicôndilo lateral do úmero
(m, ulnar lateral)
M. supinador
M. braquforradfal
Ligamento colateral lateral da
articulação do cotovelo
Crista supracondilar lateral
Músculos da coluna vertebral
fala11ge distal dos dedos Jll
o\l
Extremidade proximal do
metacarpo l, parte st1perficial
do retináculo dos ílexores
Extremidade distal do
metacarpo l; une o tendão
extensor comum dos dedos
ao dedo li
Metacarpo V e osso acessório
do carpo
Superíicie craniolateraJ
proximal do rádio
Porção distomedial do rádio
A. Músculos vertebrais dorsais (voltar para p. 28)
M.es-plênio
M. iliocos1al,
-lombar
-do tórax
M. longuíssimo,
-lombar,
-do tórax,
-do pescoço,
-da cabeça
M.. espinal e semiespinal do
tórax e do pescoço
M. serniespinal da cabeça,
m. biventre do pescoço, m.
complexo
Mm. multífidos,
-multífido do pescoço
-multífido do tórax
-multífido lombar
Mm. intertrnnsversos
Mm. interespinais
M. sacrocaudal (coccigeo)
dorsal medial
M. sacrocaudaJ (coccígeo)
dorsal lateral
Processos espinhosos de vT 1
avT3
flio (parte lombar); várias
costelas adjacentes começando
vários segmentos caudais à
costela de inserção, e proc:esso
transverso de -<:7(6) (parte
torácica)
Processos espinhosos das
vértebras sacrais. lombares e
tor-ãcic.as; as.a do llio (partes
lombar e torácica); processos
transversos de vértebras
tor.icicas, processos articulart'S
de \'értebras cervicais (partes
cervical e capital)
Processos espinhosos
lombares e mamilares (espinal
e semiespinal do tóra.x),
processos espinhosos torácicos
craniais (espinal do pescoço)
Processos transversos das
vértebras tor.i.cicas craniais,
processos articulares das
vértebras cervicais Ili a VII
Processos mamilares
(multífidos do lombo e do
tórax) e :.uticulares (m\1hífido
do pescoço) desde o sacro até
oáxis
Crista nucal
Pr<><:essos transversos de
vértebras lombares e costelas
caudais (parte lombar);
margem caudal de vários
segmentos da costela, craniais
às cosLclas de origem, e
processo transverso de vC7(6)
(parle Lorâcica)
Pr()(CSSOS transversos e
acessórios de vértebras
lombares e torácicas costelas
no ângulo (partt'S lombar
e tor.i.cic.a); processos
transversos das vértebras
cervicais (parte cervical),
processo m3Stoide do osso
temporal (parte capital)
Processos espinhosos das
vértebras 1orácicas craniais
(espinal e semiespinal do
tóra."<), processos espinhosos
das vértebras cervicais até o
áxis (espinal do pescoço)
S1.1períicie nucal do
osso occipital escamoso
venl ralmente à criS1a nucal
Processo espinhoso da
vértebra, três segmentos
craniais à vértebra de ori!,,em
(muhífidos do lombo e
do tórax); espinha do áxis
(multifido do pescoço)
f""Cixes que passam entre os pro<:es.,:;os transversos, mamilares,
articulares e acessórios de \'értebras adjacentes
Feixes que passam entre os processos espinhosos adjacentes de
vértebras lombares, torácicas e cen•icais
Processos mamiloorticulares
de vértebras situadas mais
caudalmen1c e, do ponto de
vista caudal, suas pequenas
eminências ves1ig.iais
Processos mamilares de
vérlcbras lombares, sacrais e
as mais craniais das vértebras
caudais (cat1da)
Processos espinhosos de
vértebrns sacrais e caudais
Processos mamilares das mais
caudais das vértebras caudais
(cauda)
N. radial
N. radial
N. radial
N. radial
N. radial
N. radial
Ramos dorsais de nn. cen'lcais
e tor.i.cicos
Ramos dorsais de nn. espinais
lombares, torácicos e cervicais
Ramos dorsais de nn. espinais
lombares, torácicos e cervicais
Extc11sor dos dedos Ili a V
Extensor e abdutor do dedo (,
exlensor do carpo
Extensor dos dedos I e 11
Extensor das articulações do
carpo
Supinador do antebraço e da
mão(gira a face cranial do
a11tebr.aço e a porção distal do
membro lateralmente)
Flexor da articulação do
cotovelo, além dest1pin3dor
do antebraço e da mão
Extensão e flexão lateral da
cabeça e do pescoço
Fixação das vértebras lombares
e costelas: ereção e flexão
lateral da coluna vertebral
(parte lombar); traciona as
costelas no sentido caudal
na expiração; as inserções
aos processos transversos de
vC7 (6) tracionam as costelas
correspondentes no sentido
cranial na inspiração (parte
torácica)
Fb:ação e cxlensão da coluna
vertebral; ereç.ão da parte
superior do corpo: elevação
da cabeça e do pescoço; flexão
lateral do tronco e do pescoço
quando apenas um único lado
está atuando
Fixação do dorso e do
pescoço; inclina o tronco e o
pescoço para o fado de atuação
do músculo
Ramos dorsais de nn. espinais Elevação e flexão lateral da
1orãcicos e cetvicais craoiais cabeça e do pescoço
Ramos dorsais de nn. espinais Fb:ação e rotação da coluna
st>gmentares vertebral
Rarnos dorsais de nn. esph1ais
segmentares
Ramos dorsais de nn. espinais
segmentares
Ramos dorsais de nn. espinais
segmentares
Ramos dorsais de nn. espinais
segmentares
H'<ação de vértebras, flexão
lateral da coluna vertebral com
ação unilateral
Fixação, além de fle.xão dorsal
e lateral da coluna vertebral
Elevação e flexão lateral da
cauda
Elevação e flexão lateral da
cauda
Um osso sesamoide no tendão
à medida que crt1za a íace
caudomedial do osso radial
do carpo.
Constante apenas nos
camívoros.
Em virt1.1dede sua fixação
ao osso acessório do catpo,
o músct1lopode funcionar
como flexor e abdutor das
articulações do carpo.
Locali1..a-se profunda.mente
aos 11n·1sculos extensor radial
do e.arpo e exten.sor comum
dos dedos.
Ausente em cerca de 50% dos
casos.
A forma desse músculo se
assemelha ao baço ou a uma
tira.
M. iliocostal do tórax em.
iliocostal do lombo íormam
um músculo contínuo.
Proíundo à íáscia
toracolombar, mediaimente
30 m. iliocostal adjacente; o
músculo mais longo da coluna
vertebral.
O m. biventre é dorsal e
possui i11tersecções rendioeas
transversas; o m. complexo é
ventral.
Uma série de ml1sculos
individuais que se estendem
do áxis até o sacro. O grt1po
lombar é particularmente
forte e repousa próximo às
espinhas vertebrais mediais
ao 111. 101,guíssimo e ao m.
sacrocaudal dorsal lateral.
No pescoço e na cauda, os
músculos estão em sequência
dorsal e ventral.
Continuação caudal dos
músculos multffidos.
Continuação caudomedial do
m. longuíssimo.

Músculo Origem Inserção Inervação Função
Músculos da coluna vertebral
B. Músculos vertebrais ventrais (voltar para p. 28)
Mm. escalenos:
M. esc:alcno dorsal,
-ventral,
-médio
M. longo da cabeça
M. longo do pescoço
Processos traosversos das
quatro últimas vértebras
cervicais
Processos transversos das
vértebras cervicais li a VI;
o feixe isolado que surge do
tubérculo ventral do atlas
recebe o 1\0rnc de reto vcn1ral
da cabeça.
Processos transversos das
vértebras cervicais li a VI
Músculos da coluna vertebral
Costelas Ili a IX (escaleno
dorsal), o meio da margem
cranial da costela 1 (escaleno
ventral), a parte dorsal da
costela 1 (escaleno médio)
Tubérculo muscular na base
do crânio
Ramos ventrais de 1111. espioais Tracionam as costelas oo
cervicais senlido cranial na inspiração,
flexão ventral do pescoço
Ramos ventrais de nn. espinais Flexão ventral da cabeça e
cervic.ais do pescoço, flexão lateral se
apenas os mllsculos de um
único lado estiverem atuando
Proem inéncia caudal da crista Ramos ventr.ús de n11. espinais Flexão vcn1ral do pescoço
mediana ventral das vértebras, cervicais
dois segmentos crania1mentc;
a inserção mais cranial está no
tubérculo \'entrai do atlas.
C. Músculos dorsais das articulações atlantoccipital e atlantoaxial (voltar para p. 28)
M. reto dorsal maior da
cabeça
M. reto dorsal menor da
cabeça
Margem dorsal da espinha
doáxis
Tubérculo dorsal do atlas
M. oblíquo caudal da cabeça Superíkic lateral da espinha
doá'=is
Ventral à crista nucal
Superficie nucal do crânio
(osso occipital)
Supcrficie dorsal da asa do
atlas
M. oblíquo cranial da cabeça Margem lateral da asa do atlas Superficie nucal do crânio
(osso occipital)
Ramo dorsal do n. cervical 1
Ramo dorsal do n. cervical 1
Flexor dorsal da articulação
atlantoccipital
Flexor dorsal da articulação
atla1'1IOCCipital
Ramo dorsal do n. cervical 11 Rotaciona o atlas (e a cabeça)
em torno do dente do áxis
Ramo dorsal do n. cervical 1 Atuando em conjunto com
sua contraparte, promove
flex.1.o dorsal da articulação
atlantoccipital; atuando
separadamente, constitui um
flexor lateral da articulação
atla111occipital
Comentários
o músculo enc01'1tra•se
em segmentos seriados em
um padrão semelhante a
uma espinha de peixe na
superficie ventral do pescoço.
O acesso cirúrgico ao disco
intervertebral cervical fica
entre os feixes musculares
direito e esquerdo.
Uma part·e profunda desse
mllsctilo pode ser sepanida
como m. reto dorsal
i1Hcrmédio da cabeçi.
Localiza-se profundamente ao
m. reto dorsal maior da cabe.;a
(parte intermédia).
Ocupa grande parte do espaço
atlantoccipital.
Músculos respiratórios (músculos expiratórios) (Todos os músculos listados abaixo são expiratórios, que tracionam as costelas no sen­
tido caudal e para dentro; com isso, reduzem o diâmetro transverso do tórax; voltar para p. 30.)
M. serrátil dorsal caudal
Mm. interrostais internos
Mm. subcostais
M. retrator da costela
M. transverso do tórax
Fáscia toracolombar
Margem caudal da costela
mais cranial do espaço
intercostal
Margem caudal das 3 últimas Nn. intercostais
costelas
Passa caudodorsalmente à Nn. intercostais
margem cranial da costela
mais cauda I do espaço
Esses músculos são pequenas rampas dorsais ocasionais,
dispostas como os mm. intercos.tais internos; exceto pelo
fato de que os músculos subcostais se estendem sobre 2 ou 3
espaç.os i nter,osta.is.
Nn. intercostais
Processo tr.tJ1sverso das 3 ou 4
primeiras \'értebras lombares
Corpo do esterno
Margem caudal da última N. costoabdonlinal
costela
Supedkie medial das costelas Nn. intercostais
11 a VIII no nível do joelho
Músculo expiratório
Músculo expiratório
Músculo expiratório
Músculo expiratôrio
Músculo expiratôrio
A inserção costal passa
profundamente aos mn'I.
intercostais externos.
Localizam-se profundamente
aos mm. intercostais extcmos.
Localizam-se mediaimente aos
mm. intercos.tais internos.
Localiza-se profundamente ao
111. tr.msverso do abdome.
Continuação cranial dom.
transverso do abdome.
Músculos respiratórios (músculos inspiratórios) (Todos os músculos listados abaixo são inspiratórios. Exceto pelo m. reto do tórax e
pelo diafragma, os músculos a seguir tracionam as costelas no sentido cranial e para fora, aumentando o diâmetro transverso do tórax.
O m. reto do tórax conduz o esterno e as costelas esternais cranialmente. Isso abaixa o esterno e aumenta o diâmetro dorsoventral do tórax.
O diafragma aumenta a dimensão craniocaudal da cavidade torácica.)
M. serrátil dorsal cranial
M. reto do tórax
Mm. interrostais exte.rnos
Mm. le,,antadores da costela
Diafragma:
Parte esternal,
-costal
-lombar
Ligamento stipraespinal no
nível das vértebras torácicas
1 o VIII
Costela 1
A pari ir da margem caudal da
costela mais cranial do espaço
intercostal
Processos transversos das
vértebras torácicas
.Esterno (parte esternal).
costelas IX o XI li (porte
costal), vértebras lombares
craniais (parte lombar)
Margem cranial das costelas Nn. intercostais
111 a X
Extremidades ventrais das Nn. intercostais
costelas li a IV e parte cra1'1ial
do corpo do esterno
Estc1'1de.se caudove1'ltralmcnte Nn. intcrcostais
à margem cranial da costela
mais caudal do espaço
Margem cranial da costela Nn. intercostais
seguinle
Centro tendíneo do diafragma N. frênico
Músculo inspiratório
Músculo inspiratório
Músculo inspiratório
Músculo inspiratório
Músculo inspiratório
Apresenta uma ampla
aponeurose de origem.
Continuação cranial dom.
reto do abdome.
As fibras desse músculo
cruzam os mm. intercostais
internos cm ângulo reto.
Esse músculo corresponde à
porção vertebral dos músculos
intercostais externos .
Septo arqueado cranialmente
entre as cavidades torácica
e abdominal; com três
aberturas: hiato aórtico, hialo
esofágico e forame das veias
cavas.
127

128
Músculo Origem Inserção Inervação Função Comentários
Músculos abdominais ventrais: Esses músculos têm ampla origem e extensas aponeuroses de inserção (voltar para p. 34 e 36)
M. oblíquo externo do Costelas IV a XIII (parte Linha albo (tendão Ramos ventrais de nn.
abdome costal), fáscia toracolornbar abdominal}; ligamento intercos1ais, costoabdominais
(parte lombar) inguinal.desde o túber e lombares
da coxa até a eminência
iliop(1bica e a linha pectínea
do osso púbis (tendão pélvico)
M. obliquo interno do Túber da coxa e parte Linha alba e arco costal Ramos ventrais de nn.
abdome adjacente do ligamento interc~lais, c~toabdominais
i11guinal (path!· inguinaJ), e lombares
füscia toracolombar (parte
lombar)
M. transvtrso do abdome Costelas asternais (parte Linha alba Ramos venl rais de nn.
costal), processos trans\'ersos intercootais, costoabdominais
lombares e folheto profundo e lombares.
da fáscia toracolombar (parle
lombar)
M. reto do abdome Esterno e costela J (incluindo Linha pectinea do osso púbis Ramos ventrais de nn.
sua cartilagem costal) intercostais, costoabdominais
e lombares
Músculos sublombares (voltar para p. 60)
M. quadrado lombar Três últimas vértebras Processos transversos das Ramos ventrais de nn. espinais
torácicas e processos vértebras lombares craniais, lombare.
transversos lombares espinha alar do ilio até sua
superficie auricular.
M. psoas maior Extremidades "ertebrais das Com o m. iliaco (formando Ramos ventrais de nn. espinais
costelas XJI e XIII, processos o m. iliopsoas), o trocanter lombares
transversos das vértebras menor
lombare. c-ra1\iais
M. ilíaco Face sacropélvica do ílio Com o m. psoas maior, forma Ramos ventrais de nn. espinais
o m. iliopsoas, inserindo-se no lombares
trocanter menor
M. psoas menor Três últimas vértebras torácicas Tubérculo ilíaco dom. psoas Ramos ventrais de nn. espinais
e quatro primeiras vértebras me11or lombares
lombares. além de tendões do
m. quadrado lombar
Diafragma da pelve, músculos coccígeo e levantador do ânus {voltar para p. 72)
M.coccígeo
M. levantador do ânus
Espinha isquiática
Superíície pélvica dos ossos
púbis e ísquio
Processos transversos das
quatro primeiras vértebras
caudais (coccígcas)
Processos hemais das
vértebras cm1dais IV a VII
Ramo ventral do terceiro n.
espinal sacral
Ramo ventral do n. espinal
sacra! Ili
Jtrntos, os músculos
abdominais ventrais sustentam
a parede ventral do abdo1ne.
Tais músculos atuam com o
diafragma em movimentos
recíprocos da respiraçã.o
abdominal: inspiração (em
que o diafragma se contrai,
e11quant'o os mm. abdominais
ventrais relaxam) e expiração
(em que os mm. abdominais
Vénlrais se con1raem, enquanto
o diafragma rela."l:a). Com o
fechamento da rima glótica.
os músca1los contraem-se nos
movimentos de compressão
abdominal que oco1Tem nos
processos de micção, defecação
e parto. As ap0neuroses dos
mm. abdomi1'lais ven1rais
possuem uma zona onde as
fibras de suas aponeuroses se
cnt relaçam proxima1mentc à
sua inserção na linha alba.
Fi,--.ação e flexão 1:ueral da
coluna vettebral lombar
J!Jexot da articulação do
quadril; com o membro
posterior estendido, traciona
o membro para a frente;
supinador da articulação do
quadril; com o membro imóvel,
cstabili1.a a coluna vertebral
(ver m. psoas maior)
Flexão ven1ral da coluna
vertebral lombar (p. ex., a
postura adotada na defecação)
Traciona a cauda para o lado
de atuação do músculo (p.
ex., "'abanar"' a cauda); com
a contração de ambos os
músculos, pressiona a cauda
para baixo (Vénttofle.do)
Com contração bilateral,
traciona a cauda ventralmente
M. esíinctcr externo do ânus Com inserção dorsal às vértebras caudais proximais, forma um N. reto caudal do 1~. pudendo Fecha o Otiíício anal
anel muscular forte em tonto do orifício anal
M. esfíncter interno do ânus M. esfinctérico forte da última porção do reto Nn. autônomos Fecha o orifício anal
M. retococdgeo
Mm. perineais
M. bulboesponjoso
(m. constritor do \'estíbulo
em. constritor da vulva)
M. isquiocavcmoso
M. retr.ttor do pênis e do
clitóris
MUsculo liso longitudinal
externo do reto
Ven1romedia11a oas primeiras Nn. autónomos
vértebras caudais
Unem o esfülCter extetno do ânus aos mm. genitais
J;ibras transversas que cruzam o bulbo do pênis e se inserem
em qualquer lado da túnica albugínea do corpo cavernoso do
pênis (macho); fibras transversas que cobrem o bulbo vestibuktr
e se inserem na parede VéStibular (m. constritor do ves1ibulo, -
fêmea), fibras frouxas dispersas 110 interior dos lábios da vulva
(m. constritor da vulva, -fêmea)
Arco isquiálico
Sacro e pri1neiras vértebtas
caudais
Ramo do J>Cnis (macho), ramo
do clitóris (fêmea)
Ânus, reto, túnica albuginea
do corpo cavernooo do pênis
(clitóris)
Ramos perioeais pl'ofu11dos
do n. pudendo
Ramos perineais ptofu11dos
do n. pudendo
Ramos perincais profundos
do 1). pudendo
Nn. autónomos
Estabilização do canal anal e
do reto
Fechamemo musculat entre o
ânus e a vulva/raiz do pênis
f.svaziam a uretra (m. bu1boes•
ponjoso); comprimem o bulbo
vestibular e estreitam o lúmen
vestibular, aperlando o pênis
intrusivo (m. constritot do
vestíbulo); estreitam o orificio
vulvar, conícrindo a posição
doclilóris edo pênis (m.
constritor da vulva)
Comprimem a raiz do pênis
na ueção (macho), função
pouco aparente na fêmea
Retra1or do pênis (clitóris)
Os tendões abdominais e
pélvicos formam as margens do
a11el inguinal externo superficial.
O m. oblíquo externo do
abdome contribui totalmente
para a fom1aç.ão da lâmina
e.xtema da bainha dom. reto do
abdome.
Fonnao and inguinal profu1xlo
com o ligamcnlo inguinal e o m.
reco do abdome. O in. cremãster
divide-se a partir de sua mar•
gem caudal. Craniahnente, sua
aponcurosc divide-se,con1ri-
buindo com uma camada para
a fomtação da lâmina e."l:tent:t e
outra para a lâmina interna da
bainha dom. reto do abdome; 1~a
região umbilical e caudalmente.
a aponeurose não se divide e
contribui apenas para a formação
da lâmina C."1:terna da b."'t.ioha do
m. reto do abdome.
Raramente. divide wn m.
cremáster. Contribui para a
formação da lámina interna
da bai1\ha dom. reto do
abdome cmnialmente e na
região umbilical. Na região
inguinal, o m. transverso do
abdome co1Hribui apenas para a
formação da lâmina externa da
b:.ünha dom. reto do abdome.
Une o tórax e a pel"e ventral•
mente; di\1dido em segmentos
por intersecções 1cndíneas.
Um ml1sculo forte que se
projeta nos sentidos cranial e
latem] além dos limites dom.
iliopsoas.
Passa para o membro
caudalmente ao ligamento
in!:,'1.linal, atra\·és da lacuna
muscular. Com o m. ilíaco.
forma o m. il iopsoas.
(ver m. psoas maior)
Se,1 amplo tendão de inserção é
cobetto peJa íáscia ilíaca.
Sua margem caudal está unida
por fáscia ao esf'incler extemo
do ânus: forma a base muscular
do dfafr3gma da peh·e.
Músculo voluntário. O seio
para.nal fica entre os mm.
esííncteres interno e externo
do ânus.
Músculo liso.
Músculo liso.
Ai1corados no centro te1,dlneo
do períneo.
Os músculos da cadela são
principalmente funcionais no
coito.
Músculo liso com partes retal,
anal, peniana ou ditóric.a.

Músculo Origem Inserção Inervação
Músculos da articulação do quadril (voltar para p. 78)
M. lensorda fáscia lata Túber da coxa
Músculos das nádegas
M. glúteo superficial
M. glúteo médio
M. pi.riforme
M. glúteo profundo
Fáscia glútea, parte lateral
do sacro, vér1ebra caudal 1
e ligamento sacrotuberal
Fãscia ghitea e asa do ílio
Stiperficie ventrol do sacro,
ligamento sacrotubcral
Superfície glUtea do ilio
Patela e tuberosidade da N. glúteo cranial
líbia por mcio da íáscia lata
e ligamento patelar (parte
cranial pri11cipal); lãbio lateral
da face áspera do fêmur (parte
caudal acessória)
Tuberosidade glútea
Troca,uer maior
Trocanter maior
Parte cranial do trocanter
maior
N. glúteo caudal
N. glúteocrMiaJ
N. glúteo cranial ot1 n. glúteo
caudal
N. glúteo cranial
Músculos "isquiotibiais" caudais da coxa, m. abdutor caudal da perna
M. bíceps femoral
M. abdutor caudal da perna
M. semitendú1eo
M. semimembranáceo
Túlx:r isquiático, ligamento
sacrotuberal
Ligamento sacrotuberal
Túber isquiático
Tllbcr isquiâtico
Ligamento patelar e
tuberosidade da tíbia, margem
cranial da tíbia, íáscia crural,
tuberosidade do calcã.neo
como trato calcâneo lateral
Fáscia crural distal ao bíceps
femoral
Face medial da tíbia;
tuberosidade do calcã.neo com
o tendão tarsal do 1n. grácil
(trato c.alcã.neo medial)
Cô1ldilo medial do fCmur
(ventre cranial), côndilo
medial da tíbia (ventre caudal)
R:.uno muscular do n.
isquiático (partes média e
caudal), n. glúteo caudal (parte
cranial)
N. fibtilar (peroneal) comum
Ramo muscular do 1,.
isquiático
Ramo muscular do 1l.
isquiâtico
Função
Flexor da articulação
do quadril, extensor da
articuJação do joelho
(femorotibiopatelar). tensor da
fáscia lata; traciona o membro
para a f ren1e no movi 1nen10
cranial do passo
Extensor da articulação do
quadril; traciona o membro no
sentido caudal
Ex'te1isor da articulação do
quadril; traciona o membro no
sentido caudal e para fora
Extensor da articulação do
quadril; traciona o membro no
sentido caudal e para fora
Apoia a ação de abdu{ão do
m. gh'ueo médio e rotaciona o
fêmur, girando a face cranial
do membro no sentido medial
Extensor das articulações do
quadril, do joelho e do tarso no
membro de sustentação do
peso; sua fixa{ão à margem
cranial da tíbia íle:xiona a
articulação do joelho no
membro 1,ão responsável pela
sustentação do peso; abdutor
do membro.
Abdutor do membro, dando
St1por1e insignificante ao 111.
bíceps femoral
Extensor das articuJações do
quadril, do joelho e do tarso
no membl'o de sustentação do
peso; sua fixação à superficie
mediaJ da tíbia ílexiolla a
articulação do joelho no
membro não responsável pela
St1stentação do peso; neste
membro, o m. semi1c1,díneo
traciom1•0 nos sentidos medial
e caudal e tende a rotacionar a
pema, girando sua face cranial
na direção medial
fatensor <bs artirulaçõcs do
quadril, do joelho e do tarso
no membro de suS1en1ação elo
peso; sua fixa{ão à supetfTcie
medial d.'1 líbia ílexiona a ar1ia1•
lação do joelho no membro não
responsá,·el pela sustenta.ção
do peso; neste membro, o m.
semimembranácco traciona-o
nos sentidos medial e caudal
e tende a rotacionar a perna,
gi mndo sua face cranial na
dircç-lo medial
Comentários
Um músculo i,,depelldeme
apenas nos carnfroroSi em
outras espécies, é fundido com
o bíceps (m. glúteo bíceps,
-ruminantes, suínos) ou unido
com uma parte do m. tensor
da fáscia lata (equinos).
O maior 1ntisculo glúteo do
cão.
Músculo em íormato de "pera.''
entre o m. glúteo médio e o m.
glúteo profundo.
Localiza-se diretamente sobre
a articulação do quadril,
coberta pelo m. glúteo médio.
HomólOb'O à e•~• longa do
m. bíceps femoral humano.
Homólogo à cabeça curta do
m. bíceps femoral humano.
Em seres humanos, o músculo
chama·se semitendlneo;
proximalmente, há uma
intersecção tendínea oblíqua.
Em seres huma1lOS) o músculo
chama-se semimembranâcoo.
Músculos profundos da articulação do quadril (a "associação pélvica pequena"). Esses músculos servem principalmente para rotacio­
nar o membro, girando sua face cranial lateralmente. Dessa forma, atuam como antago1ústas ao m. glúteo profundo.
M. obturador interno
Mm.gêmeos
M. quadrado femoral
M. obturador externo
Superficie (interna) dorsal
da membrana obturadora e
margem. adjacente do forame
obturador
Supedkie lateral do ísquio na
incisura isquiátiai menor
Superficie ,·e11tromedial do
ísquio, proximalmente à
1uberosidadc
St1pert'icie (externa) ventral
da membrana obturadora e
margem adjacente do forame
obturador
Fossa t rocantérica
Fossa troe:antérica; ~ 1endôcs
desses músculos unem·se ao
tendão obturador interno
Superficie caudal do
fêmur, distalmente à foosa
trocantérica
Fossa trocantérica ventral aos
tendões obturador interno e
gêmeos
N. isquiático (n. rotador)
N. isquiálico (n. rotador)
N. isquiático (n. rotador)
N. obturador
Rotaciona o membro, girando
sua face cranial no sentido
latel'al (rotador .. externo•);
auxilia na exlcn.sào da
articulação do quadriJ
Rotaciona o membro, girando
sua fac.e cranial no sentido
lateral (rotador .. externo•);
auxilia na extensão da
articulação do quadril
Rotaciona o membro, girando
sua face cranial no sentido
lateral (rotador "externo•);
a.uxilia na extensão da
articulação do quadril
Rotaciona o membro, girando
sua face cranial no sentido
lateral (rotador .. externo,.);
promove adução do membro
Cobre o forame obturador no
assoalho da pelve.
Em seres humanos, esses
músculoo são divididos.
formando músculos "gêmeos";
no cão. os dois ventres s.1.o
illcompletamente separados
pelo tendão obturador interno.
Posição caudoventral à parte
caudal elos mm. gêmeos.
Fica entre o m. adtttor e a
superficie ventral do ísquio.
129

130
Músculo Origem Inserção Inervação Função Comentários
Músculos mediais da coxa: músculos adutores. Todos são inervados pelo nervo obturador (voltar para p. 80)
M. grácil
M. adutor magno
M. adutor curto
M.. pectíneo
Por aponeurose com o tendão
sinfisial à sínfise pélvica
Fixação carnosa à superfície
lateral do tendão sinfisial e,
consequentemente, à sínfise
pélvica, adjacente aos ossos
púbico e isquiático
T1.1bérculo pUbico vcotral
Eminência iliopúbica
Fáscia crural medial,
tuberosidade do calcineo pelo
trato calcâneo medial
Face áspera do ít,nur
N. obturador
N. obturador
Proximalinentc na face áspera N. obturador
Ubio medial da fac.e áspera N. obtur.'ldor
Adutor; extensor da
articulação do tarso
(possivelmente e extensor
da articulaç.ão do joelho no
membro de sustentação do
peso por meio da fáscia crural)
Adutor; tende a lracionar o
membro no sentido caudal
Adutor
Adutor do membro; flexor d.'I
articulação do quadril
Um músculo fino. Na raç.a
galgo. o cão está sujeito à
ruptura desse músculo após
período de inatividade.
Situado na bifurcação do n.
obturador.
Formado pela iusão de dois
ml!Sc\1los.
Músculos femorais: extensores da articulação do joelho (femorotibiopatelar) (voltar para p. 80)
M.sarlório:
Parte cranial,
Parte c.audal
M. quadríceps femoral:
M. vasto lateral,
-medial,
-intermédio,
M. reto femoral
Túber da coxa, crista ilíaca
Craniolatcral no fêmur
(m. vasto lateral), porçlo
craniomedial do fêmur (m.
vasto intcrrnCdio, m. vasto
medial). espinha ilíaca ventral
caudal (m. reto femoral)
Fásçi3 cniral, margem cranial
da tíbia
'fobcrosidade da tíbia por
meio do ligamento patclar
(tendão dom. quadríceps); a
pa1ela é wn osso sesamoide no
tendão do quaddceps; e1n sua
inserção, o tendão é sustentado
pela bolsa inf rapatelar distal
N. iemornl
N. femoral
Flexor e rotador especial da articulação do joelho (femorotibiopatelar) (ver p. 82)
M. poplíteo Côndilo lateral do fêmur Superíície c.audal proximal
da tíbia
N. tibial
Flexor da 3rticulação
do quadril, extensor da
articulação do joelho (parte
cranial), flexor d3 articulação
do joelho (parte C11udal);
atuando conjuntamente,
as duas partes do músculo
tracionam o membro para a
frente e promovem adução
desse membro
Principal extensor da
articulação do joelho;
fixação do membro; ílexor da
articulação do quadril (in. reto
femoral)
Flexor da articulação do
joelho; rotaciona a tíbia em
seu eixo longitudinal, girando
a face cranial do membro no
sentido medial (pronação)
No cão, esse músculo do
"alfaiate,. forma o contorno
cranial da coxa.
Situados <:orno a maior inassa
muSC\1lar da face cranial da
coxa, cobertos lateralmente
pelo rn. tensor da íáscia lata e
pela fáscia lata; mediaimente,
pelo m, sartório.
Um osso sesamoide encontra­
•se dentro de seu tendão de
orit,,em em sua junção com o
ventre do músculo. O tendão
de origem passa entre o
menisco lateral e o ligamento
colateral lateral.
Músculos craniolaterais da perna (crurais): todos são inervados pelo n. fibular (peroneal) comum (voltar para p. 82)
M. tibial cranial Superíície cranial proximal J>roximalmente no metatarso I N. fibular (peroneal) comum
da tíbia, lateralmente à sua
tubcrosidade e margem cranial
M. extensor curto dos dedos Superíície dorsal distalmente
no calcâneo
M. extensor longo dos dedos
M. extensor do dedo 1
M. fibular (perone.al) longo
M. extensor later:.ll dos dedos
M. fibula.r (peroneaO cu.rio
Fossa extensora do fêmur
Supedicie cranial da fíbula
Côndilo lateral da tíbia, cabeça
da fibula
Superficiecranial proximal da
fibub, ligamento colateral lateral
da articulação ícmorotibial
Dois-terços distais da
superfície lateral da f'ibula
Com o m, extensor longo dos N. fibular (peroneal) comum
dedos nos dedos li a IV
Fac.e dorsal da falange distal
dos dedos li a V
Fáscia dorsal dos dedos I e li
Tubérculos plantares nas
extremidades proximais dos
metalarsos JJ a V
Superficie dorsal da falange
distal do dedo V
Proeminência lateral na
extremidade proximal do
metatarso V
N. fibular (peroneal) comum
N. fibular (peroneal) comum
N. fibular (peroneal) comum
N. fibular (peroneal) comum
N. fibular (peroneal) comum
Músculos caudais da perna (crurais): todos são inervados pelo n. tibial (voltar para p. 82)
M.gastrocnêmio
M. Hexor superficial dos
dedos
M. Hexor profundo dos
dedos:
M. ílexor lateral dos dedos
-medial
M. tibial caudal
Porção dis1al do íérnur. além de
tuberosidades supracondilares
medial e lateral
Tuberosidade supracondilar
lateral, profundamente à
cabeça lateral do gnstrocnêmio
Superíicie caudal da tibia,
flbula e ligamento interósseo
entre eles
Porção proximal da fibula
'l\1berosidadc do calcâ,~co
J!aces laterais da t ube,·osidade
do calcâneo, foc-e plantar
proximal da ialange média dos
dedoo li a V
Superficie plantar da falange
distal dos dedos li a V
Fáscia tarsal medial
N. tibial
N. tibial
N. tibial
N. tibial
1:Jexor da articulação do tarso, Passa sob o retináculo do
supinador (tende a girar a face extensor crural.
cranial das patas lateralmenle)
Extensor do.s dedos
Extensor do.s dedos
Extensor dos dedos l e JJ
Gira a superficie plantar das
patas lateralmente (pronação)
Extensor do dedo V
Flexor da articulação do tarso
Extensor da articulação do
tarso, flexor da articulação do
joelho
l;lexor dos dedos 11 a V,
extensor da articulação do
tarso; auxilia na flexão da
articulaç.ão do joelho
1:1exor dos dedos li a V,
extensor da articulação do
tarso
Sem função aparente
O ventre desse músculo é
ampla e cmniahnente coberto
pelo m. tibial cranial; o
tendão do 111. extensor longo
dos dedos é mantido pelo.s
rctináculos dos extensores
crural e tarsal.
Os vasos tibiais craniais
passam ao lado desse ,nlisculo,
profundamente ao m. tibial
cranial.
O tendão de inserção desse
m(1sculo passa em um sulco
dislinto na face lateroplantar
do osso do tarso IV,
ramificando•se nas regiões
plantares.
Passa em um sulco caudal do
maléolo lateral, cruzando sob o
tendão do m. peroneal longo.
Bem desenvolvido apenas em
carnívOr()S e seres humanos.
Um osso sesamoide encontra­
-se no tendão de origem de
cada cabeça.
O tendão cobre a tuberosidade
do c:alc.i.neo. fixando-se em
um dos lados. No nível da
articulaÇ'âo metatarsofal.i.ngic:a,
o músculo flexor superficial dos
dedos fonna a manga ílcxorJ.
Os tendões dos músculos
flexorcs lateral e medial dos
de-dos unem-se no metatarso
proximal para formar o tendão
flexor profundo dos dedos.
Nos ungulados, o tendão se
une ao tendão flexor lateral
dos dedos no tarso.

Músculo Origem Inserção Inervação
Músculos da expressão facial: todos são inervados pelo n. facial (voltar para p. 94)
M. esfíncler superficial do
pescoço
Platisma
M. esfíncter profundo do
pescoço
Fibras transversas na fáscia superficial da porção \'entrai do
pescoço
Origina-se da rafe mediana dorsal do pescoço. passando
ros1rove111ralmente na face, o,,de. co1no m. cutà,,eo da face.
irradia~se em m. orbicular da boca dos lábios superior e
inferior.
Músculos auriculares
M. tervicoauricular
superficial
M. cervicoescutular
Mm. cen•icoauriculares
profundo e médio
M. occipital
M. interescutular
M. frontocscutular
M. escutuloauricufar
superficial
M. parolidoauricular
M. mandibuloau.ricular
Rafo me-diana dorsal do
pescoço
Rafe media.na dorsal do
pescoço
Crista sagital externa
Crista sagital externa
Supcrficie (convexa) dorsal da
cartilagem auricular
Parte caudomedial da
cartilagem escutiforme
Margem lateral da cartilagem
auricular
Fáscia superficial da cabeça
l~ibras trans\'etsas que pass.'\m entre as duas cartilagens
esc:utifom1es
Continuação rostral dom. inlercscutular
Cartilagem escutiforme
Fáscia parotídea e fáscia
superficial da porção cranial
do pescoço
Margem caudal do ramo da
mandíbula, ventmlmente ao
côndilo
Margem rostral da cartilagem
auricular
Ventrolatcral na base da
cattilagem auricular
Ventral na base da cartilagem
auricular
Músculos dos lábios e das bochechas
M, orbicular da boca
M. bucinador
M. zigomâtico
M. canino
M. levantador do lábio
superior
Músculo semelhante ao e.sfincter fechado, na margem da rima
bucal; não há inserção esquelética
Fibras cruzadas que passam na região da bochecha entre o
maxilar e o corpo da mandíbula; c-stcnde•SC desde o ângulo da
boca até o nÍ\'el da margem rostral dom. ma~eter; entrelaçado
r()Strahnenlc com fibras do m. orbicular da boca.
Cartilagem escutiforme
Maxilar, \'entralmente a.o
forame infraorbitaJ
Maxilar, rostralmente ao
fora.me infraorbitaJ
ltradia-se em direção ao m.
orbicular da boca no ângulo
bucal
Lábio superior
Asa do nariz. lábio superior
Músculos das pálpebras e do nariz
M. orbicular do olho
M. retrator do ângulo lateral
do olho
M. levantador do ângulo
medial do olho
M. levantador nasolabial
M. malar
Um anel muscular que passa dentro das pálpebras.. Surge
dorsal e ventralmente a partir do ligamento palpebral medial e
circunda a fissura palpebral
Fáscia temporal profunda Â1,gulo lateral do olho
Fáscia sobre o osso frontal Face medial na pálpebra
(fáscia frontal) superior
Maxilar na região do ângulo
medial do olho; fáscia frontal
Narina lateral e lábio superior
Fáscia profunda da face Pálpebra inferior
Ramo cervical (ramo do
pescoço) do n. facial
Ramo plastimal do n.
auricular caudal ramo <:ervical
(ramo do pescoço) do n. facial
N. auricular caudal, ramo do
n. facial
N. auricular caudal, ramo do
n. facial
N. auricular caudal, ramo do
n. facial
Ramos auriculares rostrais do
n. auriculopalpebral
Ramos auriculares rostrais do
n. auriculopalpebral
Ramos auriculares rostrais do
1l. auric-ulopalpebral
Ramos auriculares rostrais do
n. atiric-ulopalpebral
Ramo cervical (ramo do
pescoço) do n. facial
N. auricular caudal, ramo do
n. facial
Ramos bucais dorsal e ventral
do n. facial
Ramos bucais dorsal e ventral
do n. facial
Ramos bucais dorsal e ventral
do n. facial
Ramos bucais dorsal e ventral
do n. facial
Ramos bucais dorsal e ventral
do n. faciaJ
N. auriculopalpebral, ramo do
n. iacial
N. auriculopalpebral, ramo do
n. facial
N. auriculopalpebral, ramo no
n. facial
N. auriculopalpebral; ramo do
n. facial
N. auriculopalpcbral, ramo no
1l. facial
Função
Tensiona e desloca a pele
ventral e lateral
Tensiona e desloca a pele nas
regiões nucais e massetéricas,
retrai o ângulo da boca.
te1lsiona a pele na região labial
Músculo levantador longo da
orelha
Eleva a orelha e tensiona a
cartilagem escutiforme
Gira a abertura (fissura conchal)
da cartilagem auricular no
sentido caudolatcral
Traciona a cartilagem
esculiforme no sentido
caudomedial
Comentários
Fibras musculares esparsas.
Duas camadas musculares na
região cervical.
Em sua origem, os músculos
cervicoauricula.r superficial e
cervicoescutular são íundid~.
Ver m. cer"icoauricular
superficial.
Cobertos pelo m.
ce1·vicoauricular superficial.
Fibras musculares curvas
muito delicadas.
Traciona as cartilagens _____ .,_~
escutiformes no sentido
mediaJ
Traciona as cartilagens
escutiformes no sentido ______ _,,
rostromedial
Gira a cartilagem auricular, de
modo q\1C S\1a abertura (fissura
concha)) fique voltada no __ .-;
sentido rostromedial:
ergue a orelha
Traciona a orelha para baixo, --~C:...----~
posiciona a orelha para "trás ..
Fecha a rima bucal (orificio
da boca)
Forma o limite lateral da
cavidade oral. comprime o
vestíbulo da cavidade oral,
pressionando o alimento
em direção à cavidade oral
propriamente dita; comprime
as glândulas bucais
Traciona o ângulo da boca
no sentido caudal: traciona
a cartilagem escutiforme no
sentido rostrovcntraJ.
Traciona o lábio superior no
sentido caudodorsal.
8treitamento e fechamento da
fissura palpebral (a abertura
entre as pálpebras)
Traciona o ângulo lateral do
olho no sentido caudal
Eleva a parte media] da
pálpebra St1perior: ergue os
pelos táteis
Amplia o orifício nasal e eleva
o lábio superior
Traciona a pálpebra inferior
1lo sentido ventral
)

í
,/
131

132
Músculo Origem Inserção
Músculos da mandíbula (voltar para p. 94 e 96)
Músculos superficiais da orofaringe
Inervação
M.digástrico Processo paracondilar (o
processo jugular fonna sua
base)
Margem \'enlral da mandíbula Ramo digástrico. ramo do
n. focial (ventre caudal); n.
milo-hióideo. ramo do n.
ma,,dibulat (ventre rostral)
M. milo-hióideo Linha milo-hióidc-a na
supel'ficie medial do corpo da
mandíbula
Músculos externos da mastigação
M.temporal Fossa temporal
M. masseter Arco zigomático
Músculos internos da mastigação
M. pterigóideo: J;ossa plerigopaJatina
M. pterigóideo medi:.d, (pterigóidea medial); a-53 do
M. pterigóidco lateral basiesfenoide (pterigóideo
la1eral)
Músculos do olho (voltar para p. 98)
M. obliquo dorsal Margem medial do canal
óplico
M. oblíquo ventral Ve111 ral à fossa lacrimal
M. reto dorsal Anel tendínco comum na
crista pterigóidea e em torno
do cana I óptico
M. reto medial Anel tendíneo comuir1 na
crista pterigóidea e em torno
do canal óptico
M. reto ventral A11el tendíneo comum na
crista pterigóidea e em torno
do canal óplico
M. reto lateral Anel tendíneo comum 11;,1
crista pterigóidea e em tomo
do canal óptico
M. retrator do bulbo Entre o canal óptico e a fissura
orbital
M. levantador da pálpebra Margem dorsal do canal
superior óptico
Rafe mediana que une os
músculos das duas faces
venl rais ao m. genio•hióiclco
Processo coronoide da
mandíbula
Fossa massetérica da
mandfbuJa
Fossa pterigóidea da
m:.rndíbula (pterigóide:.t
medial). fôvca ptcrigóidca
da mandíbula (pterigóidea
la1cral)
Dorsalmente no bulbo do
olho. o tendão desse músculo
passa em posiç.ão ventral ao
tendão dom. reto dorsal
La1eralme111e no bulbo do
olho no nível de inserção
dom. reto lateral
Rost rodorsal no bulbo do
olho
Rostromedial no bulbo do
olho
Rostroventral 110 bulbo do
olho
Rostrolateral no bulbo do
olho
Superílcic do bulbo do olho,
posterior ao equador
Por um amplo tendão na
pálpebra superior
Músculo liso interno do bulbo do olho (voltar para p. 118)
M.ciliar
M. e,sfíncter da pupila
M. diJatador da pupila
Anel escleral (anel da esdera) Cápsula do cristalino por suas
fibras zonulares
J;ibras circulares que circundam a margem livre da pupila
Radial mente para íora da margem livre da pupila
N. milo•hióideo, ramodon.
ma,,dibulat
N. mastigatório. ramo do n.
mandibular
N. mastigatório. ramo do n.
mandibular
Nn. pterigóideos, ramos do n.
mandibular
N. trodear (IV)
N. oculomotor (111)
N. oculomotor (Ili)
N. oculomotor (Ili)
N. oculomotor (Ili)
N, abducente (VI)
N. oculomotor (Ili); parte
lateral pelo n. abducente (VI)
N. oculomotor (Ili)
Fibras parassimpáticas nos
n,,. ciliares curtos (a patlir
do n, oculomotor, Ili)
l;ibras parassimpãticas
passando no n, oculomolor
(Ili)
Fibras simpáticas
Função
Abaixa a mandíbula. abrindo
a boca
Comentários
Tendão intermediário entre os
dois ventres.
Ele"ª a língua, pressionando•a Como uma rede, sustenta o
contra o palato assoalho da cavidade oral.
Eleva a mandíbula
Eleva a mandíbula
Sinergista do m. masseter,
elevando a mandibula; com
contração u11ila1eral1 traciona
a mandibtila para o lado de
aluaçào do músculo
Rotaciona a superficie dorsal
do bulbo do olho, virando-a
no sentido rost romedial
Rotaciona a supetíkie lateral
do bulbo do olho, virando-a
no sentido ventrorostral
Gira o bulbo do olho no
sentido dorsal em seu ei.xo
horizontal
Gira o bulbo do olho no
sentido medial em seu
eixo perpendicular
Gira o bulbo do olho no
sentido ventral em seu ei.xo
horizontal
j Gira o bulbo do olho no
sentido lateral em seu ei.xo
perpendicular
Retraí o bulbo do olho
Ele\'a a pálpebra superior
Acomodação. trarendo o
corpo ciliar para mais perto do
cristalino
Contrai a pupila
Dilata a pupila
A parte acessória desse
ml1SC\1lo estende.se
dorsoparalelamente ao arco
zigomático.
Dividido em partes superficial
e profunda.
O n. mandibular passa e1Hre
os dois músculos.
Trajeto em forma lo de
gancho em torno da tróclea.
Circunda o n. óptico (II),
como uma luva.
Passa dorsalmcnte ao m. reto
dorsal.
Composto de fibras circulares
e meridionais.
Músculo liso de origem
cctodénn ica.
Mllsculo liso de origem
ectodém1 ica.
Músculos da faringe: unidos pela rafe faríngea mediana dorsal ao tubérculo faríngeo do osso occipital (voltar para p. 102)
M. estilofaríngeo caudal Contorno caudal do elemento J>arede dorsolateral da faJ'inge N. glossofaringeo (IX)
estilo-hióidco (osso estilo•
-híóideo) do aparelho hióídeo
Dilata a faringe to único dilatador da faringe.

Músculo Origem Inserção
Músculos do palato mole
M. tensor do Yéu palatino Processo muscular da parte Aponeurose palalina
timpânica do osso temporal (aponcurose do palato mole)
M. levantador do Yéu Processo muscular da parte Palato mole (rafe palatina)
palatino timpânica do osso temporal
Constritores rostrais da faringe
M. ptcrigofari.ngeo Mâmtilo do osso pterigóideo Rafe faríngea
M. pafatofaringeo Rafe palatina. aponeurose Rafe faringea e parede
palatina dorsolateral da faringe
Constritor médio da faringe
M. hiofaringeo Elemento tiro-hióideo (osso Rafe furíngea
tiro-hióideo)
Constritores caudais da faringe
M. tireofaríngeo Cartilagem tireóidea Rafe faringe-a
M. cricofur-íngeo Cartilagem cricóidea Rafe faríngea
Músculos da língua e do aparelho hióideo (voltar para p. 104)
M. próprio da língua Músculo intrínseco da língua.com sua origem e inserção
dentro da língua
Músculos extrínsecos da língua
Inervação
N. mandibular (V3)
Plexo íaríngeo (IX e X)
Plexo íaringeo (IX e X)
Plexo foríngeo (IX e X)
Plexo íaringeo (IX e X)
Plexo foringeo (IX e X)
Plexo faríngco (IX e X)
N. hipoglosso (XII)
M. estiloglosso Elemento es1ilo-hióideo (osso
estilo-hióideo)
Lfogua; suas fibras são laterais N. hipoglosso (XI])
e estendem-se em direção ao
M. hioglosso
M. ge11ioglosso
Músculos hióideos
M. ge1tie>-hióideo
M. tiro-hióideo
Elementos basi-hióideo e tiro·
-hióideo (ossos basi-hióideo e
tiro-hióideo)
Face medial do corpo da
mandíbula próximo à
articulação intennandibular
Superficie medial do corpo
da mandíbula próximo à
articulação intermandibular,
ventralmente ao m.
genioglosso
Cartilagell'1 tireóidea
ápice
Língua; suas fibras passam N. hipoglosso (XI])
entre os mm. estiloglosso e
genioglosso rostrodorsalmente
cm direção ao ápice
Língua; suas fibras irradiam-se N. hipoglosso (XJJ)
como um leque em uma linha
para.mediana até o dorso da
língua.
Elemento basi-hióideo (osso
basi-hióideo)
Elemento ti,·o-hióideo (osso
tiro-hióideo)
N. hipoglosso (XII)
Ramo originário da alça
cervical (XII e C 1)
Músculos laríngeos (músculos intrínsecos da laringe)
M. cricotireóideo
M. cricoaritenóideo dorsal
M. cricoaritcnóideo lalcral
M. aritenóideo transverso
M. tireoaritenóideo:
M. ventricular,
M. ,·ocal
Arco ventrolateral da Parte caudal da lâmina
cartilagem cricóidea tireoide
Superficie dorsal da lâmina da Processo muscular da
cartilagem cricóidea cartilagem aritenóidea
Margem rostrnl do arco
cricoide dorsal mente
Crista arqueada da cartilagem
aritenóidea
Processo cuneiforme da
cartilagem aritenóidea (m.
ventricular), foce interna
ventromedial da ca1•tilagem
tireóidea (m. vocal)
Processo muscular da
cartilagem aritenóidea
'l'C1\dào mediano que o une ao
músculo do lado oposto
Cartilagem aritenóidea rostral
ao aritenóideo transverso (m.
ventricular), processo vocal
(m. vocal)
N. laringeo cranial, ramo do
n, vago
N. laríngeo crtudal, ramo do
n. vago
N. l:.trin!,'CO caud:.tl, r3mo do
n. vago
N. larh\geo caudal, ramo do
n. vago
N. laringeo caudt1l, ramo do
n. vago
Função
Tel'lSiona a aponeurose
pafatina
Eleva o palato mole
Contrai a furinge, tracionando
o teto da faringe no sentido
ros1ral
Contrai a faringe. tracionando
o teto da faringe no se1ltido
rostraJ; traciona o palato mole
no sentido caudal
Contrai a târingc
Contrai a faringe
Co1ltrai a fari1lge
Movimento intrínseco da
língua
Arqueia a base da língua
no sentido caudodorsal na
deglutição; unilateralmente,
traciona a lingua para o lado
de atuaç-do do músculo
Com o estiloglosso, arqueia
a base da língua no sentido
caudodorsal na deglutição;
unilater:.thncntc, traciona 3
lingua na direção c.audoventral
para o lado de atuação do
músculo
Abai,ca a parte central da
língua
Traciona a língua e o osso
hióideo no sem ido rostral
Traciona a JariJlge rosttalme11te
até a base da língua; traciona o
aparelho hióideo caudaJme11te
em direção à laringe
Tensiona os ligamentos
vocais, estreita a rima
glótica
Expande a rima glótica
Estreita a rim3 glótica
E>1rcita a rima glólic-a
Comentários
O ventre do músculo está
unido por tecido conjuntivo
à parede medial da tuba
auditi\la, Conforme se contrai
nos primeiros estágios da
deglutição, o m. tensor do véu
palatino dilata o lúmen da
tuba auditiva, auxiliando na
equalização da pressão de ar
dentro da cavidade timpânica.
Passa lateralmente ao m,
levantador do véu palatino.
A maior parte das fibras
musculares passa mOOialmente
ao m. levantador do véu
palatino.
Frequentemente em duas
partes.
Contínuo rostrahnente com o
hiofaringeo, caudalmente com
o cricofaríngeo.
Co1ltinuo rostmhnen1c com o
tireofaríngeo.
Feixes de fibras longitudinais,
tnmsver53s e perpendiculares.
Cobre a face lateral dos
elementos estilo-hióideo e
epi-hióideo.
A maior parte do músculo
encontra-se na raiz da língua.
Base muscular do assoo lho da
cavidade oral.
Cootinua craoialmeote
a partir da inserção do
ester11otireóideo.
Expande a rima vestibular __ _.
(m. ventricular); es1rci1a
a rima glótica, tensiona a.
prega vocal (in. vou]) --------'
133

134
2. Linfologia
Linfocentro (Ic.)
ou linfonodo (ln.)
J) Ln. parotideo
2) Lnn. mandjbufares
Linfocentro retrofaringeo
3) Ln. retrofaríngoo lateral
4) Ln. retroíadngeo medial
Linfocentro ctr\'icnl superficial
5) Lnn. cervicais superficiais
Linfocentro ctr\'ical profundo
6) Ln. cervical profundo cranial
7) Lo. cervical proíu11do médio
S) L11. cen•ical prof u11do caudal
Linfocentro medfastínico
9) Lnn. mediastínicos craniais
Unfocentro torácico ventral
10) Ln. esternal cranial
Linfocenlro lorácico dorsal
11) Ln. intercostal
Linfocentro bronquial
12) Ln. traqueobronquial direito
13) Ln. traqueobronquial médio
14) Ln. traqueobronquial
esquerdo
Legenda
Localização
Sob a margem. rost1•al da glândula
parótida, ven1ral â articulação
temporomandibular
Rostroventrais à glândula man·
dibular, dorsal e ,·cntralmenlc à
v. facial
Caudal à glândula parótida no
nível da asa do atlas
Proí undo ao 1n. esterno<:eíãlicÔ)
dorsolateral mente à fari ngc
Craniais ao ombro, profundamente
ao m. omotransversái'io
Craniodorsal à glândula tireoide
No ter~o médio do pescoço
Sobre a traqueia craoiahnente à
primeira costela
Mediastino precordial
Ma.rgem cranial dom. tra.ns,·erso
do tórax
No espaço intercostal proximal
Vou VI
Cranial ao brônqtiio primário
direito
Dorsal na bifurcação da traqueia
Dorsal ao brônquio primário
esquerdo
Tj Tronco linfático ijugular) traqueal
Vw Ângulo venoso
Dt Dueto torácico
Cc Cisterna do quilo
Tv Tronco linfático visceral
TI Tronco linfático lombar
• -profundamente localizado
@ -inconstante
O -superficial
Área/órgãos drenados
por vasos linfáticos
aferentes
Vasos linfáticos eferentes Comentários Página
P-rincipalmente a 1-egião supedicial Ao ln. retrofaringeo medial
da cabeça, dorsal à linha que une o
olho à orelha
Partes superficial e profunda da Ao ln. retrofaríngeo medial
íace, bem como músculos e glân-
dulas ventrais à linha olho-orelha
Áreas superficial e profunda da
cabeça, anel linfático da íari11ge,
ml1sculos cervicais craniais
Lir1fáticos afereotes emitidos
a partir dos lnn. parotideos e
mandibulares
Partes superficiais da cabeça, do
pescoço, da parede abdominal e da
extremidade proximal (ombro) do
membro torâcico
Partes profundas do pescoço, da
laringe, da glândul;,1 tireoide, da
traqueia e do esôfago
Esttuturas viscerais do pescoço
Região do ombro e braço
(braquial)
Estruturas profundas do tórax;
parcialmente, também drenam
regiões como pescoço, ombro,
plet1ra, víscera torácica, aferentes a
partir de 7), 8), 10), 12)-14)
Parede torácica, cingulo peitoral,
diafragrna, mediastino.complexos
de glândulas mamárias craniais,
parede abdominal vc1 ral
Partes profundas do dorso e do
ombro; músculos abdominais,
aorta
Pulmão e outras vísceras torácicas
Pulmão e outras vísceras torácica.s
Pulmão e outras vísceras torácicas
Ao ln. retrofaríngeo medial
Ao trooco linfático (jugular)
traqueal
Ao ângulo venoso (junção das vv.
jugulares interna e e:<terna) ou
aos grandes troncos linfáticos no
ângulo
Ao próximo ln. cervical profundo
ot1 ao lc. mediast-ínico
Ao próximo ln. cervical profundo
ou ao k. mediastínico
Ao dueto torácico. ao dueto
linfático direito, ao tronco liníático
traqueaJ ou ao 1. inediasth\ico
À porç.ão tem1inal do tronco
linfático(jugular) tra.queal ou ao
dueto torácico
Aos lnn. mediast-ínicos cra.niais
Aos lnn. mediastínicos craniais
Aos lnn. mediast-ínicos craniais
Aos lnn. mediastínicos craniais
Aos lnn. mediastínicos craniais
Palpá,·el, especiahnente quando 92
infartado; linfonodos profundos,
quando pl'esentes, localizan'l•se na
glândula parótida.
Facihnente palpáveis. 92
Inconstante. 92
92
Facilmente palpáveis. 14
Inconstante: risco de confusão 14
com a glândula paratireoide.
l11constante. 14
Inconstante. 14
Linfonodos mediastínicos médio e 40
caudal estão a.uscntes.
Lnn. esternais caudais e lnn. 40
cpigás1ricos cra,üais estão
at1sentes.
Em geral ausente. 40
Lnn. traqueobronquiais craniais 40
estão ausc1\les.
Lnn. pt1lmonares locali1,am•se no 40
hilo do pulmão.
Lnn. pt1lmonares localizam•se no 40
hilo do pulmão.

Linfocentro (Jc.) Localização Área/órgãos drenados Vasos linfáticos eferentes Comentários Página
ou linfonodo (ln.) por vasos linfáticos
aferentes
Linfocentro axilar
IS) Ln. axilar Caudal à articulação do ombro ao Partes superficiais da parede torá• Ângulo venoso ou parte terminal Um. cubitais e lnn. a."<ilares da 18 e 22
lon~ da veia torácica lateral cica e parede abdominal ventral; do tronco Hnfático (jugular) costela J (lnn. axilares primários
complexos das glândulas mamá• 1raqueal ou dueto torácico da primeira costela) estão ausemes
rias torácicas e abdominais no cão.
16) Ln. axilar acessório (2 cm caudais ao ln. axilar) Idem a IS) Idem a IS) Palpável, inconstante. 18 e 22
Unfocentro ttlíaco
17) Lnn. hepáticos (portais) Ao lado da veia porta Vasos linfáticos de todas as áre.i.s Ao tronco linfático visceral Linfonodos do fígado. 52 e 58
irrigadas pela a. celfaca
18) Ln. gástrico Na curva1ura menor do estômago, Es1ômago Aos lnn. hepá1icos ou lnn. e.splC• fnconstante.
próximo ao piloro nicos
19) Lnn. e.splCnicos Na ramificação da a. e da "· Baço e aferentes prO\'Cnicntes do Ao I ronco linfi1 ico \'isccral Grupo de pequenos linfonodos. 52
esplênicas ln. gástrico
20) Lnn. pancreático-duodenais Entre a parte cranial do duodeno e Duodeno, pâncreas, oment'o maior Aos lnn. hcpá1icos fnconstante. 53
o pâncreas e estômago
Linfocentro m.esentérico cr.anial
21) Lnn. jejunais Mesojejuno proximal Órgãos irrigados pekt a. mesenté· Tronco linfático visceral Amplo grupo de linfonodos. 52
rica cranial
22) Lnn. cólícos Mcsocólon do cólon ascendente e Cólon ascendcn1c e transverso Tronco linfático visceral Lnn. ilcocólicos e cccais estão 52
cólon tl'a1lSverso ause11tes no cão.
Linfoccntro mesentérico caudal
23) Lnn. mesentéricos caudais Mesocólon do cólon descendente Órgãos irrigados pela a. mesenté· Tronco linfático visceral Ln. vesical está ausente no cão. 52
rica caudal
Linfocenlro lombar
24) Lnn. aórticos lombares Dorsais, ventrais e laterais à aorta Porções profundas da parede Ao tronco linfático lombar ou Não há lnn. lombares, renais. ova-62e68
abdominal e à veia ~va caudal abdominal dorsal, bem corno das diretamente à cisterna do quilo rianos e testiculares apropriados
cavidades abdominal e pélvica; ór- no cão.
gãos urinários e genitais; glàndulas
adrenais; aferentes do linfocentro
iliossacral
Linfocenlro iliossacrnl
25) Lnn. iliacos mediais Na origem da a. e da v. ilíacas Parede pélvica, órgãos pélvicos; Ao tronco linfático lombar ou aos Lnn. iliacos laterais. anorretais e 62e68
circunflexas profundas possivelmente testículo; linfáticos lnn. aórticas lombares uterinos estão ausentes.
pl'imái'ios e aferentes de lin.fono-
dos do membro pélvico
26) Lnn. sacrais Entre as artérias iliacas dil'eita e Ret~ ôtgãos genitais e áreas Aos lni'I. ilíacos mediais Ln. obturador está ausente no cão. 62 e68
esquerda cm suas origens adjacentes
Linfocentro inguinal superficial
27) Lnn. inguinais superficiais Na divisão da a. e da,,. pudendas Pele e eS1 ruturas cutâneas do Aos lnn. ilíacos mediais Palpáveis. Lnn. cpigástrkos, 32 e6S
externas em vasos epigástrico abdome ,·entrai, escroto, saida subilíacos e coxais acessôrios, bem
superficial caudal e escrotalllabial da pelve, cauda, membro pélvico, como liJ1Í01lodosda fossa para•
ventral no nh·el da mama inguinal Gomplexos das glândulas mamá- lombar, estão ausentes no cão.
rias caudais e partes dos órgãos
genitais externos
Uníocentro poplíteo
28) Lnn. poplítcos Na veia safena lateral conforme Membro pélvico distal à articula• Aos lnn. ilíacos medi.tis P3lpávcis. 83 e84
emerge caudalmente entre o m. çào do joelho (fcmorotibiopa1clar)
bíceps femoral em. semitendíneo
28 26 25 2424 Cc Dt
A 1
('
,· :1 1
\..·"'1 V

'{
~'
:~,
11·1- ·.
135

3. Nervos cranianos
Nervo Figura Nome (tipo de fibra) Inervação Comentários
1 N. olfatório (órgão do sentido especial: Região olfatória na cavidade nasal Origem: bulbo olfatório; deixa o crânio pela
olfato) placa cribriforme.
(1) N. vomeronasal ( órgão do sentido Órgão vomeronasal
especial: olfato)
li 119.26 N. óptico (órgão do sentido especial: Parte óptica da retina Do ponto de vista evolutivo, esse nervo
visão) constitui uma evaginação do diencéfalo; deixa o
crânio pelo forame óptico.
Ili N. oculomotor (s, m, psi)' Origem: mesencéfalo; deixa o crânio pela
fissura orbital.
(2) 99.11 Ramo dorsal (m) Músculos reto dorsal, levantador da pálpebra
superior, retrator do bulbo
(3) 99.12 Ramo ventral (m, psi) Músculos retos medial e ventral, além do
oblíquo ventral
IV 99.6 N. troclear (m) Músculo oblíquo dorsal Origem: mesencéfalo; deixa o crânio pela
fissura orbital.
V N. trigêmeo Origem: rombencéfalo; nervo do arco farmgeo 1.
VI N. oftálmico (s) Pele ao redor dos ofüos, osso etmoide, Deixa o crânio pela fissura orbital.
glândltla lacrimal, pálpebra superior
(4) 99.10 N. nasociliar (s)
(5) 99.8 N. etmoidal (s) Área olfatória da cavidade nasal Penetra no crânio através do forame etmoidal,
depois atravessa a lâmina cribrosa chegando à
cavidade nasal.
(6) 99.22 N. infratroclear (s) Conjuntiva, pálpebra Ili, car(mcula lacrimal Inerva a carúncuJa lacrimal e a prega semilunar
e pele próxima ao ângulo medial do olho da conjuntiva (pálpebra Ili).
(7) 99.9 Nn. ciliares longos {s, psi) fris, córnea, m. ciliar Recebe fibras parassimpáticas provenientes do
gânglio ciliar.
(8) 99.5 N. lacrimal (s, psi, si) Glândula lacrimal, pele e conjuntiva Geralmente duplos; recebe fibras
próxima ao ângulo lateral do ofüo parassimpáticas do gânglio pterigopalatino e
fibras simpáticas do plexo carotídeo interno.
(9) 99.4 N. frontal (s) Pele da testa e pálpebra superior Perfura a periórbita e continua como n.
supraorbital.
V2 97.16 N. maxilar (s) Deixa o crânio pelo forame redondo.
(10) 97.14 N. zigomático
(li) 97.12 Ramo zigomaticotemporal (s, psi) Pele da região temporal, glândula lacrimal Recebe fibras parassimpáticas provenientes do
gânglio pterigopalatino.
(12) 97.13 Ramo zigomaticofacial (s) Pálpebra inferior, glândulas tarsais Deixa a órbita próxima ao ângulo lateral do
olho.
(13) 97.17 N. pterigopalatino (s, psi) Recebe fibras parassimpáticas provenientes do
103.k gânglio pterigopalatino.
(14) 97.20 N. palatino maior (s, psi) Mucosa e glândulas do palato duro Atravessa o canal palatino maior.
( 15) 97.19 N. palatino menor (s, psi) Mucosa e glândulas do palato mole
(16) 97.21 N. nasal caudal (s) Mucosa da cavidade nasal e gengivas Atravessa o forame esfenopalatino.
(17) 97.15 N. infraorbital (s) Pele do nariz e lábio superior; também via Deixa o crânio pelo forame infraorbital.
103.m ramos alveolares superiores
V3 97.5 N. mandibltlar (s, m) Deixa o crânio pelo forame oval.
(18) 97.4 N. mastigatório (m)
( 19) 97.2 Nn. temporais profundos (m) Músculo temporal
(20) 97.3 N. massetérico (m) Músculo masseter Passa lateralmente através da incisura
mandibular.
(21) N. pterigóideo medial (rn) Músculo pterigóideo medial Em sua origem, repousa o gânglio ótico
pequeno.
(22) N. tensor do tímpano (m) Músculo tensor do tímpano
(23) N. tensor do véu palatino (rn) Músculo tensor do véu pala ti no
(24) N. pterigóideo lateral (m) Músculo pterigóideo lateral
(25) 97.7 N. auriculotemporal (s, si, psi) Recebe fibras parassimpáticas provenientes do
gânglio ótico.
(26) Ramo facial transverso (s) Pele da região massetérica e sobre a Emite ramos até a articulação
articulação temporomandibular temporomandibular.
(27) Ramo comunicante (s) Conduz fibras sensoriais até os ramos As fibras sensoriais estão, dessa forma,
bucais dorsal e ventral do n. facial (VII) distribuídas ao lado da face.
(28) Ramos parotídeos {s, psi) Glândula parótida Conduzem fibras parassimpáticas até a glândula
parótida.
(29) 97.1 N. bucal {s, psi) Glândulas bucais e mucosa da parte bucal Recebe fibras parassimpáticas provenientes do
da cavidade oral gânglio ótico.
(30) 97.10 N. lingual (s, psi, e gustativo) Mucosa do ápice e corpo da língua Recebe fibras parassirnpáticas e gustativas via
corda timpânica {Vil).
(31) 97.11 N. sublingual (s) Mucosa da parte pré-frenular da cavidade oral.
(32) 97.6 N. alveolar inferior (s) Dentes infe.riores e gengivas Penetra na mandíbula pelo forame mandibular.
(33) N. mentual (s) Pele do lábio inferior e queixo Deixa a mandíbula pelo forame mentual.
(34) 97.9 N. milo-hióideo (m) Músculo milo-hióideo
(35) Ramo digástrico rostral (m) Ventre rostral do digástrico
(36) Ramos submentuais (s) Pele da parte rostral do espaço
intermandibular
ll> s = sensorial; m = motor; si= simpático; psi = parassimpático.
136

Nervos cranianos
Nervos I, VIII (1 )-(3), (27), (28), (37),
(38), (49), (54)-(57) não estão retratados.
(Nervos VI-VII, IX-XII e (37)-(53) ver p. 138)
Legenda:
A Placa cribriforme K Canal hipoglosso
B Canal óptico L Glândula lacrimal
c Forame maxilar M Glândulas nasais
C' Forame infraorbital N Glândulas palatinas no
D Forame etmoidal palato mole
E Fissura orb~al N' Glândulas palatinas no
F Forame redondo palato duro
G Forame oval o Glândulas bucais
G' Forame jugular p Glândula sublingual
H Forame estilomastóideo Q Glândula mandibular
1 Meato acústico interno R Glândula parótida
J Forame magno
-
33
a
b
e
d
d'
e
e'
e"
f
g
h
i'
Região olfatória j Papilas valadas e folhadas r' Gãnglio espiral
Retina k Gânglio geniculado s Tronco simpático
Papilas fungiformes 1 Gânglios proximais s' Gânglio simpático
Gânglio ciliar m Gânglio distal (petroso) t Tronco vagossimpático
Nervos ciliares curtos m' Nervo timpânico u Raiz espinal do nervo acessório
Gânglio pterigopalatino n Gânglio distal (nodoso) V Alça cervical
Ramos 0tbitais o Corpo ca.rotídeo
Nervo do canal pterigóideo p Seio carotídeo •
Neurônio de órgãos especiais
Gânglio sublingual q Nervo vestibular dos sentidos
Gânglio mandibular q' Gânglio vestibular superior

Neurônio sensitivo
Gânglio trigêmeo q" Gânglio vestibular inferior

Neurônio parassimpático
Gânglio ótico r Nervo coclear
Nervo petroso menor
41 Neurônio simpático

Neurônio motor
137

Nervos cranianos
Nervo Figura Nome (tipo de fibra) Inervação Comentários
VI 99.7 N. abducente (m) Reto lateral, porção lateral do retrator do Origem: rombencéfalo; deixa o crânio pela
bulbo fissura orbital
VII 93.26 N. facial (m, s, psi, gustativo) Origem: medula oblonga; penetra no meato
acústico interno; sustenta o gânglio geniculado
no canal facial; deixa o crânio pelo forame
estilomastóideo; nervo do arco faríngeo II
(37) N. petroso maior (psi) Glândulas da cavidade nasal e do palato Corre no canal petroso; une-se ao n. petroso
profundo (si) para formar o n. do canal pctroso
que segue para o gânglio pterigopalatino
(38) N. estapédio (m) Músculo estapédio
(39) Corda timpâiúca (gustativo, psi) Glândulas salivares Deixa a parte petrosa do osso temporal pela
fissura petroti mpânica e une-se ao n. lingual
(V3)
(40) 93.d Ramo auricular interno (s) Pele na superfície interna da orelha externa É unido pelo ramo auricular do vago
abaixo
(41) 93.23 N. auricular caudal (m) Músculos da orelha externa É unido pelos ramos dorsais dos dois primeiros
nn. cervicais
(42) 93.22 N. auriculopalpebral (m) Orbicular do olho, interescutular, Une os ramos do n. auriculotemporal (V3)
zigomático, levantador nasolabial, mm. da
orelha externa
(43) 93.25 Ramo bucal dorsal (m) Músculos do lábio superior e do nariz Recebe o ramo comunicante do n.
auriculotemporal (V3); n. lesado na paralisia
facial
(44) 93.28 Ramo bucal ventral (m) Músculos da bochecha e do lábio inferior
(45) 93.27 Ramo cervical (m) (ramo do pescoço) Parotidoauricular, mm. cutâneos da cabeça Une-se com os ramos ventrais dos nn. cervicais
e do pescoço
(46) Ramo digástrico ( m) Ventre caudal do digástrico
(47) Ramos estilo-hióideos (m) Estilo-hióideo
VIII 121.a N. vestibulococlear (órgão do sentido Mácula do utrículo e do sáculo, cristas Origem: rombcncéfalo; segue cm direção à
especial: equilíbrio e audiç.'\o) ampulares, gânglio espiral da cóclea parte petrosa do osso temporal através do
meato acústico interno
IX 103.9 N. glossofadngeo (m, s, psi, gustativo) Origem: medula oblonga; deixa o crânio pelo
forame jugular; nervo do arco faringeo III
(48) 103.10 Ramo faríngeo (s, m) Mucosa da faringe, estilofaríngeo Faz parte da formação do plexo faríngeo
(49) Ramo do seio carotídeo (s) Barorreceptores na parede do seio carotídeo,
quimiorrcceptores no corpo carotídeo
(50) 103.13 Ramos linguais (s, gustativo) Mucosa da raiz da língua e da faringe Comunica-se com o n. lingual (V3)
X 103.8 Vago (s, m, psi) Origem: medula oblonga; deixa o crânio pelo
forame jugular; nervo do arco faríngco IV
(51) Ramo auricular (s) Pele do meato acústico externo Comunica-se com o ramo auricular interno
(VII)
(52) 103.10 Ramo faríngeo (s, m) Mm. da faringe, exceto estilofaríngeo; Faz parte da formação do plexo faríngeo
mucosa da faringe
(53) 103.15 N. laríngeo cranial (s, m) Surge do gânglio distal
(54) Ramo interno (s) Mucosa da laringe rostral à glote Segue em direção à laringe através do forame
tireóideo
(55) Ramo externo (m) Cricotireóideo
Ramos cardíacos (psi) Coração
49.1 N. laríngeo (caudal) recorrente Ramos até a traqueia e o esôfago; mm. Deixa o vago no tórax; segue até o pescoço
103.20 (m, s, psi) laríngeos, exceto cricotireóideo; mucosa
da laringe caudal à glote
XI 13.13 N. acessório (m) Origem da raiz cranial: medula oblonga, raiz
103.11 Raiz cranial espinal: medula espinal cervical; deixa o crânio
Raiz espinal pelo forame jugular
(56) Ramo interno (m) Conecta-se com o vago
(57) Ramo externo (m)
Ramo dorsal (m) Trapézio, cleidocervical,
Ramo ventral (m) esternocleidomastóideo
XII 103.e N. hipoglosso (m) Musculatura intrínseca da língua; Origem: medula oblonga; deixa o crânio pelo
genioglosso, estiloglosso e hioglosso canal hipoglosso; forma a alça cervical com o
ramo ventral de Cl
* s = sensorial; m = motor; si= simpático; psi= parassimpático.
138

Nervos cranianos
~
~
--
~-~--,,__,,,,._
Legenda:
A Placa cribriforme K Canal hipoglosso a Região olfatória
B Canal óptico L Glândula lacrimal b Retina
c Forame maxilar M Glândulas nasais c Papilas fungiformes
C' Forame infraorbital N Glândulas palatinas no d Gânglio ciliar
D Forame etmoidal palato mole d' Nervos ciliares curtos
E Fissura orb~al N' Glândulas palatinas no e Gânglio pterigopalatino
F Forame redondo palato duro e' Ramos orbitais
G Forame oval o Glândulas bucais e" Nervo do canal pterigóideo
G' Forame jugular p Glândula sublingual f Gânglio sublingual
H Forame estilomastóideo Q Glândula mandibular g Gânglio mandibular
1 Meato acústico interno R Glândula parótida h Gânglio trigêmeo
J Forame magno Gânglio ótico
i' Nervo petroso menor
R
e"

M
j
k
1
m
m'
n
o
p
q
q'
q"
r
Cérebro:
Papilas valadas e folhadas
Gânglio geniculado
Gânglios proximais
Gânglio (petroso) distal
Nervo timpânico
Gânglio (nodoso) distal
Corpo carotídeo
Seio carotídeo
Nervo vestibular
Gânglio vestibular superior
Gânglio vestibular inferior
Nervo coclear
,
,' 37
55
Telencéfalo
Diencéfalo
Mesencéfalo
Metencéfalo
Mielencéfalo
r' Gânglio espiral
s Tronco simpático
t Tronco vagossimpático
u Raiz espinal do nervo acessório
V Alça cervical

Neurônio de órgãos especiais
dos sentidos

Neurônio sensitivo

Neurônio parassimpático
10 Neurônio simpático

Neurônio motor
u
139

140
Anatomia geral
1. Osteologia: ossificação membranosa e condral; crescimento dos ossos em
comprimento e diâmetro
a) A OSSIFICAÇÃO MEMBRANOSA consiste em uma ossificação direta, que ocorre
principalmente na formação dos ossos chatos do crânio. Nesse processo, as
células mesenquimatosas do mesênquima embrionário diferenciam-se em
células formadoras de osso, os osteoblastos (A), que dão origem às trabécu­
las primárias de osso reticular (fibroso) (B). O osteoblasto sintetiza a matriz
óssea orgânica, ou osteoide, isto é, a substância óssea fundamental com suas
fibras colágenas associadas. O osteoblasto torna-se envolvido pelo osteoide e,
com mineralização progressiva desse osteoide, fica sequestrado em uma pe­
quena câmara, tuna lacuna. Nesse estágio, o osteoblasto sofre maturaç.'io até se
transformar em osteócito (C). O osteoide é mineralizado por depósito orde­
nado de cristais de fosfato de cálcio (hidroxiapatita} em associação com fibras
colágenas. Esse tecido ósseo primário é organizado inicialmente sob a forma
de trabéculas. A transformação de osso trabecular primário em osso compacto
secundário é efetuada pela camada de osteoblastos que permanece justaposta
à superficie do osso trabecular. Os ossos chatos aumentam em circunferência
(cíngulo) pelo depósito de tecido ósseo em suas margens. Tais ossos aumen­
tam em espessura pelo depósito de osso sobre as superficies externa e interna.
A remodelagem é realizada por osteoclastos (D), células multinucleadas es­
pecializadas capazes de reabsorver o osso. As margens justapostas de grande
parte dos ossos chatos do crânio não formam uma união óssea ao nascimento
e permanecem unidas por tecido fibroso. Ao nascimento, o maior desses espa­
ços ocupados pelo tecido fibroso de conexão pode ser de alguns centímetros
de largura. Tais espaços ocorrem sob a forma de áreas circunscritas irregulares
denominadas fontanelas. A ausência de fusão óssea permite certa compressão
do crânio conforme a cabeça atravessa o canal vaginal durante o parto.
A Osteoblasto
B Trabécula primária do osso reticular
~ecido ósseo reticulofibroso)
C Osteócito
D Osteoclasto
b) A oss1F1cAçÃo coNDRAL consiste em uma ossificação indireta, caracterizada
pela formação de esqueleto primordial cartilagíneo substituído, na sequência,
por osso. Os ossos que formam a base do crânio, as vértebras, as costelas e o
esterno, bem como os ossos dos membros, s.'io formados por ossificação con­
dral, surgindo primeiro como tun molde de cartilagem do futuro osso e, de­
pois, sendo substituído por osso. A ossificação condral ocorre em dois estágios,
nos quais a ossificação pericondral precede a endocondral. No caso dos ossos
longos dos membros, que possuem epífise (1) em cada extremidade e haste
óssea, ou diálise (4), entre elas, a ossificação pericondral é observada apenas
na região diafisial. As células do pericôndrio da diáfise do molde de cartilagem
diferenciam-se em osteoblastos, transformando o pericôndrio em periósteo
(6). A ossificação pericondral prossegue do mesmo modo que a ossificação
membranosa, pois os osteoblastos formam uma espécie de manga de osso Ira-
becular (anel ósseo pericondral, -3} em torno da diáfise cartilagínea. Isso
confere estabilização mecânica. A ossificaç.'io endocondral subsequente ocorre
dentro da diáfise cartilagínea como centro de ossificação primária ou diafi­
sial (ver anatomia clinico-funcional). Esse processo começa com o brotamento
de vasos sanguíneos perfurantes (21) em direç.'io ao esqueleto cartilagineo
primordial, onde a manga pericondral é perfurada no local que, mais tarde,
irá se tornar o canal nutrício (22}. Os vasos sanguíneos perfurantes com te­
cido conjuntivo circunjacente formam a medula óssea primária, locali1.ada na
cavidade medular primária (7). Esta estrutura surge pela atividade de con­
droclastos (2) após destruição das células cartilagincas hipertrofiadas e matriz 2
cartilaginea minerali?.ada na zona reabsorvente (16). Os ostcoblastos (5) se
aderem ao resquício de matriz cartilagínea (19) e, com a formação de matriz 3
óssea (20), diferenciam-se em osteócitos (8), que ficam dentro das trabéculas
ósseas primárias (18). Em vírtude de seu conteúdo mineral, os centros de os­
sificação dos ossos longos em desenvolvimento são facilmente observados em
radiografias. A matriz mineralizada é apenas um pouco permeável aos raios
X. Por outro lado, a cartilagem que circunda os centros de ossificação é muito
mais permeável aos raios X. Mais tarde, os vasos sanguineos penetram na epí­
fise cartilagínea e forma-se um centro de ossificação por mineralização. Em 4
geral, esse centro de ossificação aparece mais tarde, sendo designado centro de
ossificação secundário ou epifisial (12). A partir do centro de ossificação epi­
fisial, a ossificação se estende para a periferia, sobretudo em direção à diáfise.
Na região entre os centros de ossificação diafisial e epifisial, consequentemente
entre a diáfise e a epífise, a cartilagem persiste por um tempo como cartilagem
fisial (13, -cartilagem de crescimento). A princípio, essa cartilagem não é 5
mineralizada e, portanto, é facilmente reconhecida em radiografias. A partir
de sua zona de reserva ( 14), essa cartilagem guarnece células cartilagi neas,
hipertrofiadas e vesiculares (condrócitos) dispostas em colunas cu,tas (15) e
comprimidas na direç.'io da zona reabsorvente. Nesse local, essas células são
destruídas por condroclastos e substituidas por tecido ósseo. A zona de ossi­
ficação do centro de ossificação primário evolui a partir da diáfise na direção
da epífise, enquanto o centro de ossificação secundário da epífise avança rumo
à diálise. Isso resulta em cartilagem fisial mais fina com o avanço da idade. As
trabéculas ósseas primárias de osso esponjoso primitivo com seus resquícios
centrais de matriz fundamental cartilagínea são transformadas pela ativida-
de de osteoclastos (9) e osteoblastos em trabéculas ósseas secundárias (ver
p. 140). Na região de osso compacto, essas trabéculas são fom1adas de acordo
com o princípio estrutural de osso lamelar e contêm osteócitos, fibras coláge­
nas e substância fundamental óssea mineralizada em arranjo regular, porém,
diferentemente das trabéculas ósseas primárias, não contêm substância funda­
mental cartilagínea.
A metáfise ( 17) corresponde à região de transformação diafisial das trabéculas
ósseas primárias em secundárias. Ela está localizada nas extremidades epifi­
siais da diálise, onde o osso começa a se expandir e há intenso processo de
mineralização.
As apófises (10) são processos ósseos que se referem à inserção de muitos mús­
culos (outras definições são empregadas). As apófises aparecem primeiramen-
te como processo cartilagineo do molde de cartilagem original do osso e ocorre
o desenvolvimento de centro de ossificação dentro da apófise do mesmo modo
que na epifise. Contanto que o crescimento ósseo continue, parte da cartilagem
permanece como cartilagem apofisial (11) entre o centro de ossificação e o 5
corpo principal do osso em formação.
c) O CRESCIMENTO oos ossos LONGOS EM COMPRIMENTO é garantido desde que a 6
zona de condrócitos em proliferação permaneça ativa. Quando a degeneração
de condrócitos hipertróficos e sua reposição com osso trabecular e compacto
não é mais compens.1da pela proliferação de condrócitos, as zonas de ossifi­
cação se aproximam, consumindo toda a cartilagem da placa de crescimento.
As zonas sofrem fusão e eliminam a possibilidade de crescimento adicional
do osso longo em comprimento. Esse tecido ósseo que substitui a cartilagem
da placa de crescimento radiolúcida aparece como linha epifisial radiopaca no
exame radiográfico.
d) O CRESCIMENTO oo osso EM c1RCUNFERÊNC1A origina-se principalmente da jus-7
taposiçâo de lamelas ósseas produzidas na fac.e interna da camada osteogênica
fina do periósteo. Essa justaposição externa de tecido ósseo novo, associada à
reabsorção interna de tecido ósseo na margem da cavidade medular, resulta em
expansão da cavidade e em simultâneo aumento da circunferência do os.~o cor­
tical. Na metáfise, o crescimento em espessura é concluido de forma diferente.
Nesse local, o novo tecido ósseo é depositado internamente na manga de osso
pericondral, ao passo que, na superfície periosteal externa, ocorre reabsorção
do osso. (Em busca de informações sobre reparo de fraturas, consultar anato-
mia clínico-funcional.) s

Ossificação condral
Cápsula articular --------------
Epífise
l
2 ~ondrocfasto-------------------_
3 nel ósseo pericondral------------<--
',,
4 Diálise
5
6
Osteoblasto-------------------
Periósteo --------------------
Camada fibrosa -----------------
Camada osteogênica --------------
7 Cavidade medular primária----------<::
8
9
Fêmur (filhote canino}
1
10 Apófise
11 Gartilagem apofisial
(trocante, maior)
r -----------------12 Centro de ossificação secundário
1 [epifisiaO
-Cartilagem embrionária
13 Cartilagem fisial:
Zona de reserva
-----Zona profiferativa
----15 Colunas de condrócitos
Zona reabsorvente
Metáfise
[zona de ossificação)
------18 Trabécula óssea primária
------19 Matriz cartilagínea
-------20 Matriz óssea
Centro de
ossificação
primário
[diafisial]
-------21 Vaso sanguíneo perfurante
-------22 Canal nutrício
--------Vasos periósticos
(cabeça) 7
Epífise
Diálise
----------------Osso compacto
----------------Osso esponjoso
141

2. Osteologia: estrutura e forma do osso e cartilagem
O tecido ósseo consiste em osteócitos e substância fundamental óssea minera­
lizada (matriz óssea) com sistemas de fibras colágenas. A matéria seca de osso
completamente diferenciado é composta de 1/3 de componentes orgânicos
e 2/3 de componentes inorgânicos. Após desmineralização, o osso conserva
sua forma externa, mas sua rigidez é perdida, o que torna o osso flexível. Em
contraste, o osso isento de seus componentes orgânicos fica frágil e se quebra
com facilidade. O osso lamelar que surge secundariamente é encontrado, em
particular, na substância compacta dos ossos longos. O tecido que mais tarde
se torna osso permanece por longo período de tempo após o nascimento como
as suturas do crânio.
a) As PORÇÕES DURAS DO osso correspondem à substância compacta que forma a
parede da cavidade medular de ossos longos, a substância cortical da superfície
epifisial e a superficie dos ossos curtos, bem como a rede trabecttlar de subs­
tância esponjosa no interior do osso.
I. A substância compacta (27) consiste em tecido ósseo lamelar. Ósteons (ou
osteônios) (14) são as unidades estruturais predominantes do tecido ósseo la­
melar. Tais unidades ficam entre as lamelas circunferenciais externas (26),
na superfície externa da substância compacta, e as lamelas circunferenciais
internas {28), no limite entre a cavidade medular e o tecido ósseo esponjo­
so. Os ósteons têm até 2 cm de comprimento e, em torno de seu canal cen­
tral, consistem em lamelas osteonais (16) adaptadas entre si. Os osteócitos se
localizam entre essas lamelas. As lamelas do ósteon contêm fibras colágenas
em sua substância ftmdamental óssea mineralizada. ( Um princípio estrutural
comparável é encontrado no concreto reforçado, em que a rigidez, o material
sólido ou os sais minerais dentro do osso, e a flexibilidade, as barras de aço ou
as fibras colágenas, complementam-se para formar a estrutura funcionalmen­
te completa.) As fibras colágenas (15) alteram seu trajeto de um complexo
ósteon-lamela a outro, como uma sinuosidade plana e íngreme à direita e um
parafuso à esquerda {de modo semelhante ao princípio estrutural de madeira
compensada com os veios da madeira em diferentes direções em cada uma das
camadas coladas). Entre os ósteons, encontram-se as lamelas interstkiais (8),
que são o resultado morfológico da reestruturação constante e regular do osso.
A remodelagem óssea ocorre durante toda a vida. Na fase de crescimento, a
formação óssea predomina. Com o avanço da idade, a perda de osso predomi­
na, sendo responsável por aumento da fragilidade óssea.
II. Substância óssea cortical (ou compacta) (12) ocorre como uma camada
superficial em ossos curtos e epífises.
IH. A substância esponjosa (6) fica em posição interna à substância compacta
e consiste apenas em locais de tecido ósseo lamelar atípico. Pode ser identificada
uma estrutura trajetorial, pois as trabéculas, as lamelas ou os túbulos do osso
esponjoso estão dispostos de acordo com linhas de pressão e tensão (11), dei­
xando espaços medulares livres (lacunas medulares) que contêm medula óssea.
(Esse princípio estrutural permite a redução do peso. Por exemplo, na estrutura
de torres de alta voltagem, há uma diminuição de materiais estrnturais ao mes­
mo tempo em que se conserva grande resistência. Isso é comparável à estrutura
do osso esponjoso.) Em alguns ossos craniais, o osso esponjoso (díploe) é consi­
deravelmente reduzido ou não está presente, como nos ossos pneumáticos dos
seios paranasais. Alguns ossos, por exemplo, a parte petrosa do osso temporal,
ou a mandíbula do elefante, consistem principalmente em osso compacto com
ausência completa ou quase completa de substância esponjosa.
b) São TECIDOS MOLES DO osso periósteo, cartilagem articular, vasos e medula
óssea.
2 I. O periósteo (18) consiste em camada fibrosa (20) superficial, da qual se
irradiam fibras perfurantes (19) em direção à substância compacta, e camada
osteogênica (21, -câmbio), que é dotada de inúmeros vasos e nervos, além
de ser rica em célttlas. Na região de articulações, o periósteo é contínuo com
3 a camada fibrosa da cápsula articular. O endósteo (10) reveste as paredes da
cavidade medular e os espaços medulares. Esse endósteo é muito mais fino que
o periósteo e contém células precursoras capazes de formar osteoblastos, além
de osteoblastos e osteodastos já formados.
142
II. A cartilagem articular (1) consiste em uma superficial {2) não mineraliza­
da, da qual fibras cok\genas seguem em posição tangencial à superfície e, depois,
por mudança de seu trajeto, penetram profundamente na zona intermédia (3)
e até na uma profunda (4), mineralizada e de localização ainda mais profunda.
A margem entre a camada profunda mineralizada da cartilagem articular e o
tecido ósseo (5) é irregltlar e ajuda a impedir o desliz.,mento da cartilagem. A
superfície livre da cartilagem articltlar não é coberta por pericôndrio.
III. Os vasos dos ossos correm como finas artérias periosteais (22) na profun-4
didade do periósteo. Ramos perfurantes (24) penetram na superfície do osso
(o que é contestado por alguns autores). Os vasos entram no osso por canais
que conduzem ao canal central (7) do ósteon, local onde são denominados
vasos Haversianos. Os canais transversos que unem os ósteons são os canais de
Volkmann (17, -canais perfurantes), que contêm os vasos de Volkmann. O
sangue passa por ramos mais delgados dos capilares para as veias periosteais
(23). Ossos longos são supridos por vasos diafisiais, metafisiais, epifisiais (não
ilustrados) e periosteais (ver anatomia clínico-funcional). Em indivíduos jo­
vens, o aporte sanguíneo (irrigação) da epífise é totalmente separado daquele
da diálise pela cartilagem fisial. Após oclusão da linha fisial e término do cres­
cimento em comprimento, formam-se anastomoses entre os vasos diafisiais e
metafisiais. Os nervos periosteais (25) acompanham os vasos mais calibrosos.
IV. A medula óssea está localizada na cavidade medular (13) e nos espaços
medulares (9) do osso esponjoso. No feto e no organismo jovem, ela se encon-
tra disseminada como medula óssea vermelha, que forma os eritrócitos. Com
o avanço da idade, a medula óssea vermelha está presente preferencialmente
nos ossos curtos e chatos. Em ossos longos, predomina a medula óssea amare-
la. Em casos de perda sanguínea grave, a medula amarela pode se diferenciar
em medula óssea vermelha formadora de células sanguíneas vermelhas. Em
animais muito idosos ou emaciados, a medula amarela transforma-se irrever­
sivelmente em medula gelatinosa, vítrea e acinzentada.
c) Em relação ao FORMATO DOS ossos, distinguimos ossos longos (a maioria dos 5
ossos de extremidades), ossos curtos (ossos do tarso e do carpo), ossos irre­
gulares {vértebras) e ossos chatos (certos ossos do crânio e da face). Nos ossos
curtos e chatos, uma camada fina de substância cortical (compacta) circunda o
osso esponjoso. Nesses ossos, não há cavidade medular. Nos ossos longos, a cavi­
dade medular aumenta com o avanço da idade. O modo de ossificação é distinto
nos diferentes tipos de ossos. Os ossos longos ossificam-se predominantemente
por ossificaç.'io endocondral (epífise e diálise) e, na diálise, por ossificação pe­
ricondral também. Já os ossos curtos sofrem ossificação semelhante às epífises,
sobretudo endocondral. Os ossos chatos se desenvolvem por ossificação desmal
(membranosa) ou por ossificação pericondral. As vértebras ossificam-se com
três centros de ossificação no corpo da vértebra (duas epifises com centro para a
diálise entre elas), o que é formalmente comparável aos ossos longos.
d) Os ossos SESAMOIDES são componentes esqueléticos especiais, com base em 6
seu desenvolvimento dentro de tendões (algumas vezes em associação com a
cápsula articttlar), seu papel em proteger o tendão e na ausência de camada os­
teogênica {câmbio) do periósteo. Os ossos sesamoides localizam-se na região
de articulações, geralmente em algum tendão (p. ex., a patela), ou como uma
superfície deslizante profundamente a algum tendão (p. ex., plantar na articu­
lação interfalângica distal) e, dessa forma, estão unidos ao osso subjacente por
ligamentos. Alguns se apresentam sob a forma de cartilagens sesamoides e, por
essa razão, são denominados sesamoides.
e) Os ossos v1scERA1s estão presentes, por exemplo, como o osso do pênis do
cão e o osso do coração do boi.
O O TECIDO CARTILAGÍNEO é um tecido de sustentação avascular que consiste em 7
condrócitos e matriz intercelular. A matriz contém fibras de tecido conjuntivo
e substância fundamental cartilagínea mais ou menos firme (em particular,
sulfato de condroitina). Em sua superfície, a cartilagem é coberta por peri­
cõndrio vascular, que está ausente na cartilagem articular. O tecido cartilagí­
neo é estruturado de acordo com o princípio de tecido de suporte vesicttlar
(turgor tecidual), visto que as propriedades de turgor das células com a subs­
tância fundamental circunjacente e, por outro lado, a tensão-resistência das
fibras colágenas estabelecem um mecanismo completo em termos funcionais.
As fibras de cartilagem são colágenas e elásticas, que tipicamente diferem em
termos de morfologia, quantidade e direção nas diferentes regiões do corpo e
nos três tipos distintos de ca1tilagem. As fibras colágenas estão predominan­
temente dispostas em trajetos, acompanhando linhas de pressão e tensão. Na
cartilagem hialina (desenho ampliado no lado esquerdo da figura da página a
seguir) da articulação do joelho, os feixes de fibras colágenas são arciformes,
correndo desde o osso subjacente em direção à superfície articular e retornan-
do novamente ao osso. Nas malhas entre os feixes de fibras colágenas, as células
cartilagíneas ficam em grupos ou territórios dentro de lacuna circundada por
cápsula de matriz cartilagínea. As fibras colágenas ocorrem em todos os três
tipos de cartilagem (hialina, elástica e fibrocartilag[nea).

Fêmur (Homo sapiens)
2
3
4
Cartilagem articular -------
(cabeça)
5 Tecidoósseo-------------------
Tecido ósseo lamelar
(segundo Benninghoff)
6
7 Canal central-------
8 Lamela interstícial -------
9 Espaços medulares -------
Substância cortical
Ósteon
--------15 Fibra colágena
Lamela osteonal
--17 Canal perfurante
Periósteo
. -19 Fibras perfurantes
1 O Endósteo ------------ Camada fibrosa
Camada osteogênica
[câmbio -camada
interna do periósteo]
----22 A. periosteal
-----23 v. periosteal
. -----24 Ramo perfurante
------25 N. periosteal
---------26 Lamela circunferencial
externa
-----------------27 Substância compacta
------------------------28 Lamela circunferencial
interna
143

3. Artrologia: conexões dos ossos e forma das articulações
a) As CONEXÕES DOS ossos abrangem as sinartroses: articulações fibrosas e car­
tilagíneas, além de sinostoses, que carecem de espaço articular; bem como as
articulações verdadeiras, articulações sinoviais ou diartroses.
I. São articulações fibrosas: 1. sindesmoses (p. ex., membrana interóssea cru­
ral); 2. suturas (suturas entre os ossos chatos do crânio); e 3. gonfoses (a união
do cemento do dente com o osso do alvéolo pelo periodonto [ligamento pe­
riodontall).
II. São articulações cartilagíneas: 1. sincondrose (união por cartilagem hiali­
na; p. ex., entre as partes ossificantes tardias do esterno, tal qual a sincondrose
manúbrio-esternal); e 2. sínfise (articulação formada por fibrocartilagem; p.
ex., a sínfise pélvica).
III. A sinostose é formada por fusão de dois ou mais ossos individuais, cuja
união é feita por osso (p. ex., sacro).
IV. A articulação sinovial ou verdadeira possui espaço articular. Esse espaço
é delimitado pelas extremidades de dois ossos (articulação simples; p. ex., ar­
ticulação do ombro) ou de três ou mais ossos (articulaç.io complexa ou com­
posta; p. ex., articulação do joelho; ver também p. 87). A cavidade articular
2 (1), com a sinóvia em seu conteúdo, é circundada por cápsula articular (2). O
reforço fibroso (composto de fibras paralelas) da cápsula articular é conferido
3 pelos ligamentos articulares (4, 6). As extremidades dos ossos articulados
4 são cobertas por cartilagem articular (3). A camada fibrosa do periósteo é
contínua com a camada fibrosa externa da cápsula articular. A camada sino­
vial interna da cápsula articular reveste a cápsula fibrosa e estende-se até as
margens das cartilagens articulares. Essa camada possui dois tipos de células
sinoviais frouxamente dispostas: 1. células sinoviais secretoras determinam a
composição do liquido articular, a sinóvia, que deixa os capilares sanguíneos
como um ultrafiltrado e penetra na cavidade articular através da camada si­
novial. A sinóvia tem funç.io nutritiva em relação à cartilagem articular avas­
cular. 2. células sinoviais fagocíticas absorvem substâncias estranhas à sinó­
via normal, por exemplo, células sanguíneas após hemorragia intra-articular
(hemartrose) ou a menor das partículas emitidas de cartilagem em casos de
artroses e outras alterações articulares degenerativas. A cápsula articular cobre
de forma mais ou menos uniforme o vértice da articulação (ponto mais alto na
face extensora), além de estar presente em pregas e vilosidades na profundida­
de da face flexora. Isso é particularmente distinto nas articulações com grande
mobilidade. Evaginações da cápsula articular podem circundar os tendões de
origem dos músculos como bainhas vaginais capsulares. Um exemplo é a bai­
nha capsular circunjacente ao tendão de origem do músculo extensor longo
dos dedos no nível da articulaç.io do joelho.
5 b) A estrutura da parede das BOLSAS s1NOV1A1s E oAS BAINHAS S1NOV1AJs é a mesma
da cápsula articular. As bolsas sinoviais ficam entre o osso e um tendão desli­
zante sobrejacente, por exemplo, a bolsa subtendínea infrapatelar distal (7)
ou em áreas sob a pele sujeitas à tensão específica. As bainhas sinoviais ajudam
a orientar os tendões e a mantê-los no lugar onde passam por longa distância
sobre o osso (para mais detalhes, ver p. 146).
c) Os DISCOS FIBROCARTILAG.iNEOS ocorrem em algumas articulações em três for­
mas variadas. Em parte, esses discos atuam como amortecedor de impacto:
1. Dois meniscos articulares (5) projetam-se dos sentidos medial e lateral para
a cavidade articular como discos semilunares e, assim, exceto para a área cen­
tral, que é deixada livre, subdividem a cavidade. Esses meniscos são mantidos
no local por ligamentos meniscais. Exemplo: articulação femorotibial.
li. O disco articular subdivide completamente a cavidade articular em duas
partes que ficam uma em cima da outra. Exemplo: articulação temporoman­
dibular.
6 III. Os discos intervertebrais ocupam totalmente o espaço entre dois corpos
vertebrais. Por esse motivo, essa articulação não é considerada uma articulação
"verdadeira''. Articulações verdadeiras das vértebras estão presentes entre seus
processos articulares, bem como entre o atlas e o áxis. Nessas articulações, não
há disco intervertebral. Os discos intervertebrais consistem em a11el fibroso e
Classificação das articulações
o
11úc/eo p11/poso (área central gelatinosa). A última estrutura trata-se do resquí­
cio da corda dorsal (notocorda) do embrião.
d) De acordo com sua COMPOSIÇÃO de dois ou mais ossos, as articulações são
classificadas como articulação simples ( dois ossos compõem a articulação)
ou articulação composta (complexa) (mais de dois ossos compõem a articu­
laç.io).
e) FORMA oA ARTICULAÇÃO (ver também as ilustrações)
I. A articulação plana está presente entre os processos articulares das vérte­
bras, cujas superfícies articulares são achatadas e deslizam umas sobre as ou­
tras. A estreita a1ticulação sacroilíaca é uma forma especial, pois as superfícies
articulares irregulares, encaixadas e ajustadas entre si, são mantidas por liga­
mentos articulares muito curtos, de tal modo que a mobilidade na articulação
dificilmente é possível (m,fiartrose).
II. A articulação esferóidea ou bola e soquete possui depressão artictdar esfé­
rica, menor que um hemisfério (p. ex., a articulação do ombro).
III. A enartrose constitui uma forma especial de articulação esferóidea em que
o soquete articular avança sobre a cabeça articular correspondente além dos
limites de seu equador (p. ex., articulação coxal [i. e., do quadril) de seres hu­
manos). De acordo com Henschel, E. (Berlim), a articulação coxal do cão não
corresponde a uma enartrose, mas sim a uma articulação esferóidea simples.
IV. Em articulações trocóideas, um "cilindro" oco, como o atlas, rotaciona em
torno de uma projeção articular fixa, o dente do áxis, formando, nesse exem­
plo, a articulação atlantoaxial.
V. A articulação elipsóidea possui elevação articular elipsoide (côndilo do oc•
cipital) e soquete articular correspondentemente formado (cavidade articular
do atlas), formando assim a articulação atlantoccipital.
VI. Na articulação selar (em sela), a elevação articular em vista lateral aparece
em formato de sela e se projeta em um soquete articular côncavo congruente.
Exemplo: articulação interfalãngica distal.
VII. A articulação condilar exibe dois cõndilos separados ou um cõndilo ar­
ticular müforme transversalmente situado que se encaixa em uma depressão
articular mais ou menos congruente, por exemplo, articulação temporoman­
dibular. São formas especiais de articulação condilar: gínglimo, articulação
coclear, articulação espiral e articulação deslizante (Vlll a XI).
VIII. O gínglimo possui tuna c1ista-guia (ou seja, de orientação) perpendicu­
larmente localizada sobre o côndilo, o que limita o movimento na extensão e na
flexão, por exemplo, a articulação do cotovelo, que tem certa ação de "estalo''.
IX. A articulação coclear apresenta cristas obliquamente dispostas sobre a
tróclea que permitem apenas os movimentos de extensão e flexão, por exem­
plo, a articulação do jarrete.
X. Na articulação espiral, o contorno externo do côndilo articular representa
um espiral incompleto. Isso pode ser observado em vista lateral. Os ligamentos
colaterais estão unidos de forma excêntrica e ficam retesados em extensão ou
flexão, por exemplo, a articulação femorotibial com ação de "freagem''.
XI. Na articulação deslizante, a patela desliza em uma depressão articular en­
tre duas cristas: articulação femoropatelar.
f. A FUNÇÃO ARTICULAR depende da forma da articulação e da frouxidão (folga)
da cápsula articular, bem como do comprimento e da firmeza dos ligamentos
articulares. A anfiartrose não tem praticamente nenhuma mobilidade por cau­
sa de seus ligamentos muito curtos e de sua cápstda articular estreita. As articu­
lações uniaxiais, biaxfais e multiaxiais são diferenciadas de acordo com o grau
de sua liberdade de movimento. A articulação uniaxial se trata de um gíngli­
mo, pe1mitindo os movimentos de extensão e flexão. O ângtdo de flexão cos­
tuma ser menor que 18()<> (apenas no caso de flexão dorsal ou "hiperextensão''
esse ângulo é excepcionalmente maior). Na flexão, o ângulo de flexão diminui.
Na extens.io, fica maior. A articulação multiaxial consiste em uma articulação
livre do ponto de vista funcional, pois permite vários movimentos possíveis.
Articulação
plana
Articulação
esteróidea
{bola e soquete)
Enartrose Articulação
trocóidea ou
pivô
Articulação
elipsóidea
Articulação
selar (em sela)
Articulação
condilar
Ginglimo Articulação
coclear
144

Articulações sinoviais
(vista medial)
Articulação do joelho
(femorotibiopatelar)
.:.;.,~i!o,----Fêmur
---Cápsula articular
X. Articulação espiral
{femorotibial) /
,,;;, ,/.
(
1 ••• ·.7.
' . .
-.
----Lig. patelar {tendão
do quadríceps)
----Patela
1
1
1
1
1
1
Coxim
gorduroso
infrapatelar
1. Articulação plana
{vista lateral)
XI. Articulação deslizante
{femoropatelar)
-------1 Cavidade articular
2 Cápsula articular {secção) ----
/-------3 Cartilagem articular -------
4 Ligg. cruzados ----------
------5 Menisco articular ---------
------6
. ------7
IV. Articulação trocóidea ou pivô
{articulação atlantoaxial -vista dorsal)
l-
li. Articulação bola e soquete
(articulação do ombro -vista mediaQ
V. Articulação elipsóidea
(articulação atlantoccipital -vista dorsaQ
Ili. Enartrose VI. Articulação selar
--Lig. femoropatelar lateral
--Osso sesamoide do
m. gastrocnêmio
-M. poplíteo (secção)
-Lig. transverso
---Cabeça da fibula
~f.tit....~l.,1----M. extensor longo
dos dedos {secção)
"""""''-'-+-.....;\;-_-\1,-• --Lig. patelar
•• .,,
...
VII. Articulação condilar
(articulação temporomandibular -vista ventral)
VIII. Gínglimo
{articulação do cotovelo -vista cranial)
{articulação do quadril -vista craniolateral) {articulação interfalãngica distal -vista dorsolateral)
IX. Articulação coclear
{articulação tarsocrural -vista caudal)
(ver p. 27, 87)
Calcãneo
145

4. Miologia: miologia geral
Os elementos estruturais do músculo são as células musculares, envolvidas por tecido conjuntivo de forma perfeita. As células musculares são capazes de se
contrair, como resultado do deslizamento de feixes de füamentos musculares contidos por elas de tal forma a se sobreporem. São distinguidos três tipos de tecido
muscular com base em sua estrutura fina e suas características fisiológicas.
Tipo de músculo Cor Comprimento Diâmetro Inervação Forma do músculo
celular
A. Músculo estriado avermelhado até 15 cm
(ou esquelético)
B. Músculo liso (visceral) cinza-amarelado -0,1 mm
e. Músculo cardíaco (miocárdio) vermelho-acastanhado -0,l mm
a) TIPOS OE TECIDO MUSCULAR:
O estriamento da musculatura esquelética e cardíaca baseia-se no alinha­
mento dos elementos contráteis das células musculares, os miofilamentos, e
sua refração diferenciada à luz. Nas células musculares lisas das vísceras, não
há estriamento.
I. A musculatura esquelética estriada (A) não está limitada ao esqueleto.
Uma variante de músculo estriado do tipo visceral também está presente em
partes das vísceras, na faringe e no esôfago. A musculatura cutânea estriada
também não tem conexão direta com o esqueleto, mas é investida pela fáscia
superficial do corpo e termina na pele onde atua no movimento e na tensão
desse órgão do sistema tegumentar. A musculatura visceral lisa (B) também
pode ter conexão com o esqueleto; por exemplo, o músculo retococcígeo liso
passa do reto para a colw1a vertebral caudal (ver também p. 73). A muscula­
tura cardíaca (mioc,írdio) (C) está presente como musculatura funcional do
coração e como sistema de condução de impulso para contração cardíaca (ver
p. 47). O músculo cardíaco também se estende até a primeira parte das veias
pulmonares e cavais, onde passam para os átrios do coração.
II. A cor da musculatura esquelética estriada é mais ou menos nitidamente
vermelha. A cor do músculo liso é cinza-amarelada e confere a coloração típica
da parede intestinal. O músculo funcional do coração é continuamente ativo e
de cor vermelho-acastanhada.
III. O comprimento das células musculares nos três tipos de músculo é com­
pletamente diferente. As células musculares esqueléticas estriadas podem che­
gar a um comprimento considerável (até 15 cm), mas cada célula pode ter vá­
rias centenas de núcleos. Por essa razão e por outras peculiaridades estruturais,
2 essa célula muscular também recebe o nome de sincício (gênese por fusão celu­
lar) e fibra muscular. O comprimento das células musculares lisas pode variar
consideravelmente com mudança nos parâmetros fisiológicos; por exemplo,
no útero gravídico, o comprimento das células pode aumentar dez vezes ou
mais. O comprinlento das células musculares cardíacas é linlitado pelos discos
intercalados. A musculatura cardíaca pode ser considerada como um sincício
apenas do ponto de vista funcional, mas não em termos morfológicos.
IV. A inervação da musculatura esquelética é feita por nervos mielinizados de
3 conduç.'io rápida através da placa terminal motora (terminações neuromus­
culares). Isso ocorre ele forma voluntária (a musculatura esofágica estriada é
4 uma exceção, sendo inervada involuntariamente pelo nervo vago; ver p. 48). A
musculatura visceral lisa contrai lentamente (músculo de manutenç.10), sendo
suprida involuntariamente por fibras nervosas não mielinizaclas de condução
lenta do sistema nervoso autônomo. O músculo liso do útero também contrai
sob a influência do hormônio oxitocina, liberado pelo lobo neural da hipófise.
(Para estimulação e inervação do coraç.'io, ver p. 46.) As contrações espontâneas
do músculo liso visceral podem ser deflagradas por estiramento (estímulos),
por exemplo, na parede dos vasos linfáticos. Toda célula muscular esquelética
estriada recebe sua inervaç.'io na placa terminal motora. Em contraste a isso,
as células musculares lisas e cardíacas são diretamente estimuladas apenas em
isolamento. A estinmlação é conduzida a partir dessas células para céltdas adja­
centes através de sinapses elétricas (nexo).
146
V. A forma dos músculos é bastante variável, dependendo da topografia e da
função. O músculo esquelético estriado é representado no corpo com cerca de
250 músculos individuais. As células musculares lisas e cardíacas são encontra­
das principalmente em camadas.
b) A MUSCULATURA ESQUELÉTICA ESTRIADA é abordada a seguir em relaç.'\o à sua
anatomia mesomicroscópica. Cada célula muscular é delimitada por plasma le­
ma (sarcolema), em que, externamente, há uma lâmina basal. além de fibrilas
colágenas (12) finas e fibras reticulares (13). Estas se irradiam para o tecido
circunjacente, entre células musculares adjacentes, como endomisio (11). Vá­
rias fibras musculares adjacentes formam um feixe primário de fibras muscu­
lares (10). Um feixe de fibra muscular corresponde à "fibra da carne·: visível
a olho nu e investida pelo perimísio interno (9). Vários feixes primários são
unidos pelo perimísio externo (8), formando o feixe secundário (3). Por fim,
celular
-0,1111111 sistema nervoso somático músculos individuais
com formato variável
-0,1 mm sistema nervoso autônomo camadas
-0,5 mm ritmo autônomo regulado camadas
pelo sistema nervoso autô-
1101110
todos os feixes secundários, o músculo inteiro, são investidos por uma camada
frouxa de fibras colágenas, o epimísio (7). O epimísio é acompanhado por
fáscia (6), que consiste, sobretudo, em uma espécie de treliça de fibras coláge­
nas reforçada apenas em parte por fibras elásticas.
I. As funções das bainhas de tecido conjuntivo são mtfüiplas:
1. Essas bainhas servem para manter a forma do músculo, conferindo uma
função de suporte. 2. Atuam de modo a permitir que partes do músculo se con­
traiam enquanto outras permaneçam relaxadas ou menos ativas. O músculo
raramente atua com todas suas partes contráteis ao mesmo tempo. Em vez dis-
so, utilizando o princípio de conservação de energia, muitos feixes primários
s,'\o empregados, o necessário para produzir a força de contração requerida. A
subdivisão do músculo por bainhas de tecido conjuntivo torna possível a con­
tração de cada feixe primário individualmente com um gasto energético ideal.
3. Os revestimentos de tecido conjuntivo também representam um trajeto para
os vasos e nervos respons,-\veis pelo suprimento do músculo. 4. Por ser parcial -
mente fundida com o esqueleto, a fáscia orienta o sentido da ação muscular.
5. Os revestimentos de tecido conjuntivo se opõem à contração máxima ( es­
pessamento) do músculo e ao uso excessivo de força, protegendo, dessa forma,
o músculo contra ruptura. 6. As veias e os vasos linfáticos na fáscia são com­
primidos pela pressão da contração muscular. Por isso, em cooperação com as 5
válvulas, cria-se um fluxo proximal de sangue e linfa.
11. A junção miotendinea (14) é descontínua (nem tudo em um único plano).
As fibrilas tendíneas levemente ondulantes se entrelaçam com a bainha de fi.
bras reticulares. A fixaç.io das fibrilas do tendão nas células musctdares ocorre
particularmente na região dos "processos" musculares digitiformes, que cor­
respondem às extremidades dos feixes de fibras musculares. Essa fixação é rea­
lizada pelas fibrilas que se ancoram no endomísio e na lâmina basal. A inserção
do tendão no osso ( 1) depende da forma do tendão. No caso de fixação sobre
uma área ampla, as fibras colágenas do tendão se irradiam em direção à rede
de fibras colágenas do periósteo. A camada fibrosa do periósteo fica ancorada
no osso por fibras de Sharpey (fibras perfurantes). Tendões (2) arredondados
e resistentes podem perfurar o periósteo com suas fibras colágenas e terminar
diretamente no tecido ósseo. Nesse caso, forças intensas são aplicadas em uma
área relativamente pequena do osso. Nesses locais, podem ocorrer fraturas por
avuls.io, nas quais o fragmento ósseo e a fixação tendínea são arrancados do
osso. A junção miotendínea descontínua e a micro-ondulação também servem
para proteger o músculo contra ruptura. Esses aspectos tornam possível uma
suave tração elástica.
III. A estrutura anatômica macroscópica de um músculo, especialmente a
forma de inserção de suas fibras no tendão, permite tirar conclusões sobre o 6
desenvolvimento de força e a amplitude de contração. Se o músculo tiver ape­
nas tendões de origem e inserção formados e conectados apenas por relativa­
mente poucas, porém longas, fibras musculares, que correm na diagonal de um
tendão a outro, esse músculo é denominado unipeniforme (D). Em um mús­
culo bipeniforme (E) ou multipeniforme, os tendões de origem e inserção
&io ramificados e mais complexos, conectados por relativamente muitas fibras
musculares, ainda que curtas. O músculo unipeniforme simples pode executar
uma ampla faixa de contração externa, ao passo que os músculos bipeniforme
e multipeniforme podem desenvolver apenas uma pequena faLxa de contração.
Isso ocorre porque o grau de encurtamento aumenta proporcionalmente ao
comprimento das fibras musculares, o que pode encurtar até metade de sua
extensão. A situação se inverte no caso do desenvolvimento de força. Como
a força de um músculo é proporcional ao número de suas fibras musculares,
a força do músculo multipeniforme é maior que a do unipeniforme. Isso é
determinado objetivamente por comparação do diâmetro anatômico (4) com
o diâmetro fisiológico (5) de um músculo. O diâmetro anatômico secciona
todo o músculo em seu ponto mais espesso, de modo perpendicular ao eixo
longitudinal do músculo. O diâmetro fisiológico secciona as fibras musculares
perpendicularmente ao eixo longitudinal dessas fibras. No músculo unipeni­
forme, os dois diâmetros coincidem. Já no músculo multipeniforme, o diâme-
tro fisiológico é maior que o anatômico.

Tecido muscular
Legenda:
a Complexo neuromuscular
b Terminação neuromuscular
--1 Inserção do tendão
3 Feixe secundário --------
4 Diâmetro anatômico --•
5 Diâmetro fisiológico--••
D M. unipeniforme E M. bipeniforme
c Célula muscular estriada
d Célula muscular lisa
B M. liso não estnado
e Célula muscular cardíaca
f Disco intercalado
11 Endomlsio
Fibras colágenas
· -13 Fibras reticulares
· -----14 Junção miotendínea
147

5. Miologia: musculatura esquelética e suas estruturas acessórias
a) Ao se considerar a MUSCULATURA EsauELETICA, os músculos e os tendões são
abordados em conjunto, pois ambos se complementam em termos de estrutura
e função.
I. Em seu formato típico de fuso (i. e., fusiforme), a forma do músculo é com­
parável a de um pequeno camundongo, de modo que o termo musculus, em
latim, significa "pequeno camundongo". Assim como um camundongo, o mús­
culo tem cabeça (origem, -1), ventre (2) e cauda (inserção ou terminação,
-4). O tendão de origem se adere em um ponto mais fixo no esqueleto (ge­
ralmente proximal no corpo), ao passo que o tendão de inserção termina em
um ponto mais móvel, usualmente distal no corpo. No caso de alguns mús­
culos, por exemplo, na coluna vertebral, tanto a origem como a inserção são
intercambiáveis ou permutáveis. A origem e a inserção de músculos podem
ser "interpretadas" a partir da amostra de clissecção. Com atenç.'io a ambos os
componentes e ao "bom-senso: a função do músculo pode ser determinada
na maioria dos casos. A função de diferentes músculos pode se complemen­
tar como músculos sinérgicos, por exemplo, o músculo bíceps braquial, que é
forte, é sinérgico com o músculo braquial, mais fraco. Músculos antagônicos
têm funções opostas. Em um movimento harmonioso, tanto sinergistas como
antagonistas atuam em conjunto. (A flexão ventral do tronco é iniciada pelos
músculos abdominais e tem sua velocidade diminuída pelos músculos dorsais
a fim de se evitar uma queda.)
A forma dos músculos, considerada em termos filogenéticos, é bastante va­
riável (progressiva), às vezes a ponto de determinado músculo ter um aspecto
muito distinto em diferentes espécies, o que impede a identificação do músculo
a partir de sua forma com segurança.
Do ponto de vista funcional, os músculos são responsáveis principalmente
pelo movimento. Além disso, há funções auxiliares que servem para a manu­
tenção de processos corporais, tais como respiração, defecação e micção. Ade­
mais, os músculos permitem que o animal se mantenha em estação por esta­
bilizarem e fixarem as articulações. No caso de tremor pelo frio, os músculos
produzem calor para termorregulação.
II. O tendão (3) costuma se adaptar à forma do ventre muscular. Músculos fu­
siformes possuem tendões arredondados, ao passo que, por outro lado, ventres
musculares amplos de fibras paralelas passam para tendões amplos de fibras
paralelas, os quais recebem o nome de aponeuroses (5). (Esse termo não deve
ser confundido com fáscia, que é formada como uma estrutura fibrosa seme­
lhante à treliça.) Além dos tendões de origem e de inserção, o termo tendão
central (ver p. 145) é mencionado aqui. Esse tendão pode ser visto no músculo
muhipeniforme. Os tendões centrais encontram-se dentro do músculo, ou seja,
na carne e diminuem a qualidade da carne como alimento. A superfície de um
tendão brilha e tem aspecto prateado. Ventres musculares que ficam um atrás
do outro estão unidos por intersecção tendínea (6). Em termos macroscópi­
cos, os músculos que possuem ampla área de origem ou inserção sem a inter­
posição evidente de algum tendão bem definido podem começar ou terminar
em fixação "carnosa''. Ao exame microscópico, no entanto, pode-se averiguar
a existência de muitos tendões finíssimos. A forma de músculos e tendões,
bem como a função dessas estruturas, em muitos casos se reflete no nome do
músculo (p. ex., m. serrátil, -B, o músculo serrilhado; m. digástrico, -C, o
músculo de dois ventres; m. bíceps ou quadríceps, -D, o músculo de duas ou
quatro cabeças; m. extensor, -A, o músculo que estende; m. orbicular, -E, o
músculo em formato de anel (anular}; nome funcional: m. esfíncter).
Os músculos cutâneos costumam ser variantes pálidas da musculatura esque­
lética, que exibem pouca mioglobina e nenhuma fixação direta no esqueleto.
Esses músculos cutâneos estão localizados principalmente entre camadas da
fáscia superficial. Terminam em tendões curtos na cútis, movimentando e ten­
sionando a pele durante a contração.
III. As fáscias envolvem cada músculo como um revestimento estruturado se­
melhante à treliça (revestimento de tecido conjuntivo denso, ver p. 145). Com
a intumescência do ventre muscular na contração, é possível observar as fi.
bras cruzadas e a mudança de configuração do tipo rombo. As fáscias mais
extensas investem em grupos de músculos e os separam de grupos adjacentes.
Na medida em que a fáscia tem conexão com os ossos subjacentes, existem
2 compartimentos osteofibrosos formados que estabelecem a posição e a direç.'\o
de músculos individuais e grupos musculares. Os músculos também podem
surgir ou terminar na fáscia, ocasionando reforço das fibras fasciais no sentido
da traç.'io muscular. As grandes fáscias do corpo formam as fáscias externas
e internas que, respectivamente, localizam-se externa ou internamente às ca­
madas musculares externas e internas do tronco; tais camadas, por sua vez,
possuem fixaç.'io no osso e invadem as cavidades corporais. A fáscia externa do
tronco é subdividida em fáscia superficial e profunda. A fáscia superficial cio
tronco corresponde ao subcutâneo e está relacionada aos músculos cutâneos
onde se desenvolvem (tronco, pescoço, cabeça). A fáscia profunda do tronco
situa-se na parede corporal diretamente nos músculos torácicos e abdominais,
148
mas separa cada músculo com uma camada de fáscia (p. ex., a fáscia toraco­
lombar que, com suas camadas fasciais, infiltra-se entre os músculos da coluna
vertebral). Nos membros, as fâscias do antebraço e elas pernas formam refor­
ços, os retináculos (8), para passagem de tendões, que são, assim, mantidos
fixos na posição. As fáscias são relativamente impermeáveis a líquidos, já que,
por exemplo, extravasamentos ou pus migram ao longo da fáscia e podem atra•
vessar a superfície do corpo distante do foco da doença.
IV. Os vasos sanguíneos e o nervo do músculo penetram juntos no hilo (7).
Os ramos de vasos correm principalmente no eixo longitudinal do músculo,
sobretudo nos perimísios interno e externo. Os capilares sanguíneos são obser­
vados sobretudo no endomísio. Quatro a oito capilares circundam uma única
célula muscular. O aporte sanguíneo (irrigação) varia de acordo com o tipo
muscular e, em relação à alta necessidade energética do músculo, costuma ser
mais intenso no ventre muscular do que no tendão, esparsamente vasculariza­
do. A vascularizaç.'io intensa proporciona a drenagem de produtos finais meta•
bólicos e a regulação da temperatura; como as veias, que utilizam o princípio
de um sistema de resfriamento tubular de água (tal qual o sistema de resfria­
mento de água de automóveis), absorvem o calor produzido e o desprendem
na superfície do corpo por meio das veias cutâneas.
V. A inervação de grande parte dos músculos é conferida por um único nervo. 3
Apenas os músculos longos do tronco (p. ex., o músculo longuíssimo do dor­
so}, que se desenvolvem embriologicamente a partir de vários miótomos, são
inervados por múltiplos nervos. Além disso, os músculos que foram formados
por fosão de dois músculos individuais durante a filogênese apresentam iner­
vação dupla (p. ex., no cão, os músculos adutor longo e pectíneo são fundidos,
mas são completamente separados no gato). O nervo de um músculo se rami­
fica do mesmo modo como os vasos sanguíneos no perimísio e no endomísio.
Essa inervação consiste em motoneurônios mielinizados, espessos (alfa) e finos
(gama), fibras autônomas não mielinizadas e fibras sensoriais mielinizadas. O
motoneurônio espesso (grande célula nervosa nndtipolar com dendritos den-
tro da coluna ventral da medula espinal e seu processo periférico= axônio) e
as fibras musculares inervadas por ele formam, juntos, uma unidade motora.
Nos músculos com movimentos finamente ajustados (p. ex., os músculos que
movimentam o olho), apenas algumas fibras musculares pequenas pertencem
à unidade motora. Em contraste a isso, nos músculos maiores do membro, vá­
rias centenas (talvez, em alguns casos, milhares ou mais) de fibras musculares
formam uma única unidade motora. Os motoneurõnios finos (gama) inervam
as células musculares modificadas do foso neuromuscular. As fibras nervosas
não mielinizadas inervam os vasos sanguíneos dentro dos músculos. As fibras
sensoriais têm sua origem em receptores de dor, bem como nos receptores dos
fusos neuromuscular e neurotendíneo, que fornecem informações sobre o tõ­
nus muscular. O músculo e o nervo formam uma unidade. Cada músculo é
estimulado a se contrair por algum nervo motor via placa terminal motora.
Se o músculo for frequentemente estimulado a se contrair, suas fibras se tor­
narão mais espessas em termos fisiológicos. O resultado disso é a hipertrofia
muscular. O oposto consiste na atrofia por inatividade. A unidade anatômico­
.funcional do músculo e de seu nervo associado é tão íntima que mal sofre mo­
dificação no desenvolvimento ascendente que ocorre na filogênese (compor­
tamento conservativo). Do ponto de vista da anatomia comparada, fica claro
que determinado músculo possui seu nervo específico mesmo em diferentes
espécies. Por essa raz.'io, o nervo é utilizado como um importante critério para
determinar a homologia de músculos, pois somente em casos raros ele abre
mão de uma unidade já formada.
b) As ESTRUTURAS AUXILIARES oos Músculos, incluindo seus tendões, consistem
nas bolsas sinoviais e nas bainhas sinoviais dos tendões, que, assin1 como as
cápsulas articulares, são revestidas internamente por membrana sinovial (10)
e contêm sinóvia. Essa sinóvia é modificada em comparaç.'io à da articulaç.'io. A
camada externa é a camada fibrosa (11). Como os ossos sesamoides, as bolsas
e bainhas sinoviais têm a função de proteger o tendão, que, em virtude de pres­
&'io ou fricção (atrito) conforme passa pelo osso subjacente, duro e pontiagudo,
pode sofrer esmagamento ou se abrir, como um leque. Se os insultos mecâni­
cos vierem apenas de uma única direção, a bolsa sinovial sofrerá interposição.
Para a proteção de toda a superfície do tendão, formam-se bainhas sinoviais,
que estão presentes principalmente no carpo e tarso. Se as bolsas sinoviais es­
tiverem localizadas no subcutâneo (bolsa sinovial subcutânea, -9), elas cos­
tumam ser adquiridas; se subtenclíneas (bolsa sinovial subtendínea, -15) ou
submusculares, as bolsas sinoviais são geralmente hereditárias. A bainha sino­
vial aumenta o deslizamento do tendão sobre proeminências ósseas. A parede
da bainha sinovial consiste em parte parietal (12), que passa para uma parte
tendínea (13), por meio do mesotendíneo (14) -parte intermediária seme­
lhante ao mesentério que conduz os vasos sanguíneos e linfáticos, bem como
os nervos. A camada fibrosa da parte tendínea é delgada e idêntica ao revesti•
mento de tecido conjuntivo do tendão. Bainhas tendíneas comuns formam um
revestimento deslizante para vários tendões.

Miologia, bolsas e bainhas sinoviais
Origem--------
4 Terminação -------
A M. extensor radial do carpo
Bainha sinovial do tendão
,-.

1. !
/; !
; 1 /; / '.
,' • I
1 ,,:
,,, ',
,,,
(secção transversal)
7 Hilo
B M. serrátil dorsal cranial
· --6 Intersecção E M. orbicular do olho
c M. digástrico
tendínea
D M. quadríceps femoral
Bolsas sinoviais
do calcãneo
(secção longitudinal)
Ji
Tendão dom. gastrocnêmío
--8 Retináculo dos flexores
(secção)
---Calcãneo
(secção transversal)
9 Bolsa sinovial subcutânea -------------
Camada sinovial -------------
Camada fibrosa ----------
Parte parietal
-------13 Parte tendínea
149

2
3
4
5
4
4
150
6. Sistema nervoso
O tecido nervoso consiste em células nervosas com seus processos; essas cé­
lulas também são chamadas de neurônios e são circundadas por células neu­
rogliais. Além de excitáveis, os neurônios são capazes de receber, conduzir e
modificar impulsos, bem como descarregá-los de forma modificada. Assim,
o sistema nervoso regula a coordenação de funções corporais internas, espe­
cialmente dos órgãos internos, além de facilitar a interação do organismo com
o ambiente (captação e condução de estímulos da pele e de órgãos sensoriais
para o sistema nervoso central), por meio da via aferente do arco reflexo, e a
resposta a estímulos, por meio da via eferente do sistema nervoso central aos
efetores do corpo, do músculo e da glândula.
A divisão do sistema nervoso pode ser feita de acordo com critérios topográfi­
cos e funcionais. Segundo os critérios topográficos, esse sistema é subdividido
em sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico (SNP). Com
base nos critérios funcionais, é subdividido em sistema nervoso somático e
sistema nervoso autônomo (vegetativo). Em ambas as classificações, o siste­
ma nervoso pertence em parte ao SNC e outra parte ao SN P.
O sistema nervoso autônomo (involuntário) é classificado, segundo o neuro­
transmissor e de acordo com sua origem e sua topografia, em sistemas simpático
e parassimpático, que, com frequência, têm efeitos antagônicos sobre o órgão efe­
tor (miocárdio, músculo liso e glândula). Ambos os sistemas são eferentes, con­
dU7Jndo o fluxo de saída do SNC para o miocárdio, o músculo liso e as glândulas
do corpo. Alguns consideram que o sistema autônomo inclua nervos (sensoriais)
aferentes das vísceras (ver p. 49), mas, em geral, o sistema nervoso autônomo é
considerado hoje em dia como tun sistema estritamente eferente.
O sistema nervoso somático (voluntário) torna possível a interação com o ambien­
te, tanto externo (fora do corpo) como interno (dentro do corpo). As atividades
são, no mú1imo, parcialmente conscientes (o orgarúsmo tem consciência do estí­
mulo). Mesmo que inconscientes (i. e., quando o organismo não tem consciência
do estímulo), as atividades ainda poderão ser influenciadas por ação voluntária.
a) SUBDIVISÃO TOPOORÁACA DO SISTEMA NERVOSO
1. O sistema nervoso central é composto do cérebro e da medula espinal. Em
ambas as partes, há uma substância cinzenta (15) e uma substância branca
(16). Dentro da substância cinzenta, encontram-se os corpos celulares (pericá­
rios) das células nervosas, circundados pelo neurópilo (o complexo de células
gliais e fibras nervosas). A substância branca é caracterizada principalmente
por tratos ou fascículos compostos de fibras mielinizadas, das quais o fosfoli­
pídio é notavelmente branco. Nos hemisférios cerebrais e no cerebelo, a subs­
tância cinzenta está localizada, sobretudo, na periferia como córtex cerebral
ou cerebelar, respectivamente; a substância branca, por sua vez, é basicamente
central. Ocorre o inverso na medula espinal. A substância cinzenta da medula
forma a figura central típica em formato de borboleta e é circundada pela subs­
tância branca pe1iférica, onde os tratos e fascículos entram ou saem do cérebro.
Oligodendrócitos (células gliais) formam as bainhas de mielina, que, com seus
axônios envoltos, compõem a substância branca do sL~tema nervoso central.
Uma única célula oligodendroglial envolve regularmente os axônios de várias
células nervosas (ver anatomia clínico-funcional).
II. O sistema nervoso periférico é composto de todas as partes neurais que
ficam fora da membrana limitante glial superficial do sistema nervoso central
(12 nervos craniais, 8 cervicais, 13 torácicos, 7 lombares, 3 sacrais e cerca de 5
caudais). O sistema nervoso periférico integra principalmente partes do siste­
ma nervoso somático, mas também contém fibras autônomas.
Os nervos periféricos são compostos de feixes de fibras nervosas (7). A fibra
nervosa consiste em axônio e seu envoltório. O corpo da célula nervosa com
seus processos recebe o nome de neurônio (3 ). O corpo da célula nervosa ( 4)
comumente emite vários dendritos (5), mas sempre um único axônio (6) ou
neurite. O axônio isolado geralmente se ramifica, emitindo ramos designados
colaterais. O dendrito isolado do neurônio aferente (sensitivo) procede de
um receptor e conduz estímulos sempre em uma única direção, rumo ao corpo
celular. O impulso é, então, transmitido por meio do axônio até a medula es­
pinal. O axônio de neurônios motores se origina em uma parte expandida do
peric.-írio, a protuberância axônica (também conhecida como cone axonal),
que é isenta de substância tigroide (substância cromatófila). A partir do corpo
celular, o axônio conduz o impulso ao órgão efetor (músculo ou glândula). Em
muitas fibras nervosas, o axônio pode chegar até I m de comprimento, sendo
envolvido por bainha de mielina (fibra nervosa mielinizada, -25). Entre os
nódulos de Ranvier (nó neurofibroso) (8) da fibra nervosa, a bainha de mieli­
na é formada por uma única célula (neurolemal) de Schwann (23) periférica.
Externamente ao axônio, existem a bainha endoneural (citoplasma da célula de
Schwann, lâmina basal e fibrilas reticulares finas concentricamente arranjadas)
e o endoneuro (20, tecido conjuntivo que consiste em fibras finas frouxamente
arranjadas e fica entre as fibras nervosas individuais). Na extremidade proxi­
mal e distal da célula de Schwann, a bainha de mielina termina e deixa o axônio
exposto na região do nódulo de Ranvier, que ali se localiza. Os nódulos cons­
tituem uma pré-condição para a condução saltatória de estímulos (o estímulo
"salta" de um nódulo para outro). As fibras nervosas formam feixes que são
circundados por perineuro (uma continuação da aracnóidea espinal, ver p.
109) com parte fibrosa (21) externa e revestimento interno de neurotélio (22).
Vários feixes nervosos formam um nervo periférico revestido superficialmente
por epineuro (19, -uma continuação da dura-máter). A partir desse local, um
paraneuro, tecido conjuntivo frouxo com tecido adiposo, irradia-se em direção
ao tecido circunjacente e une o nervo às estruturas adjacentes. No caso de fibra
nervosa não mielinizada (24), vários axônios são envoltos dentro de invagi­
nações do plasmalema de célula glial periférica (célula de Schwann), mas sem
formar bainha de mielina. Um nervo pode ser composto de fibras mieliniwdas
ou não mielinizadas ou de ambos os tipos.
b) SUBDIVISÃO FUNCIONAL DO SISTEMA NERVOSO
I. No que diz respeito aos nervos espinais, o sistema nervoso somático possui
seus corpos celulares nervosos (motoneurônios) na coluna ventral da substân­
cia cinzenta (em forma de borboleta) da medula espinal e, no que se refere aos
nervos cranianos, ventral mente no tronco encefálico. A condução de impulsos
vem do sistema nervoso central por meio de fibras nervosas eferentes à raiz
ventral ( 13) do nervo espinal e à placa terminal motora das fibras musculares
esqueléticas (terminações neuromusculares).
As fibras nervosas aferentes (sensoriais) conduzem impulsos de receptores
existentes no corpo, em dendritos usualmente longos, até seus corpos celulares
nervosos. Esses corpos celulares localizam-se nos gânglios espinais (18), pró­
ximos à medula espinal e ao forame intervertebral. A partir do gânglio espinal,
o estímulo chega à medula espinal por meio de axônio na raiz dorsal (14) do
nervo espinal. Esse estímulo alcança a coluna dorsal da substância cinzenta
(em forma de borboleta), mas alguns axônios prosseguem no sentido cranial
até o tronco encefálico. As fibras sensoriais de grande parte dos nervos cra­
nianos têm seus corpos celulares nervosos nos gânglios próximos aos forames
onde os nervos deixam a cavidade cranial.
Os nervos espinais podem ser subdivididos em nervos segmentares e nervos
de plexos.
Os nervos segmentares (9) do sistema nervoso somático (p. ex., nervo ilio-hi­
pogástrico cranial) formam, com nervos adjacentes, estruturas dessemelhantes
a plexo, mas correm como nervos isolados quase paralelos entre si. Os nervos
segmentares podem ser classificados em ramos dorsal (d) e ventral (v), e ainda
em ramos dorsomedial (dm) e dorsolateral (dl), ou, respectivamente, ventro­
medial (vm) e ventrolateral (vi).
Os nervos de plexos originam-se de plexos nervosos (2, -ver também plexo
braquial, p. 19, e plexo lombossacral, p. 71). Os plexos nervosos &'\o formados
pela comunicação (junção) dos ramos ventrais de vários nervos espinais. A
troca (i. e., intercâmbio) de fibras entre os nervos ventrais individuais forma o
plexo a partir do qual se formam nervos individuais de plexos (p. ex., nervo ge­
nitofemoral, -1). Esses nervos são compostos de fibras nervosas provenientes
de vários nervos espinais (p. ex., o nervo genitofemoral origina-se de nL 3 e 4).
Em correspondência a isso, cada segmento da medula espinal emite fibras ner­
vos.1s a vários nervos de plexos (nL 3 ao nervo cutâneo femoral lateral e nervo
genitofemoral, ver p. 60). Os ramos dorsais desses nervos espinais assumem
seu trajeto como nervos segmentares típicos.
II. O sistema nervoso autônomo (ver também p. 49) inerva, com neurônios
eferentes, estruturas como coração, musculatura lisa, glândulas dos órgãos eva­
sos. Além disso, esse sistema orienta e coordena (regula) a função dos órgãos in­
ternos. Essas atividades são, na maioria das vezes, executadas sem controle cons­
ciente (i. e., em geral, o organismo não tem consciência delas). O sistema nervoso
autônomo tende a formar plexos, compostos particularmente por fibras simpáti­
cas. Os plexos autônomos estão arranjados, de preferência, em torno de grandes
troncos arteriais e consistem, sobretudo, em fibras nervosas sensoriais mielini-
1.adas e simpáticas/parassimpáticas não mielini1.adas. Em contraste aos plexos
nervosos espinais, os plexos autônomos também contêm gânglios. Por exemplo,
o plexo celiacomesentérico (solar), na origem das artérias celíaca e mesentérica
cranial, também contém gânglios (gânglio celíaco, gânglio mesentérico cranial)
do mesmo nome que as artérias. (Ver p. 109.) O sistema nervoso autônomo efe­
rente consiste em cadeia de dois neurônios que se estendem do SNC até o efetor
periférico. Os corpos celulares nervosos dos neurônios proximais encontram-se
no sistema nervoso central. Suas fibras pré-ganglionares m.ielinízadas passam
pelos ramos comunicantes brancos (12) para gânglios autônomos locali1.ados
na periferia (p. ex., gânglios do tronco nervoso simpático, -17). Nesse local, ou
mais distalmente no gânglio pré-vertebral (p. ex., gânglio mesentérico cranial,
-10), ocorre sinapse com o segundo neurônio. Os corpos celulares nervosos nos
gânglios autônomos mencionados anteriormente dão origem a fibras pós-gan­
glionares não mielinizadas. Essas fibras pós-ganglionares não mielinizadas
seguem para órgãos efetores dentro das vísceras ou, então, passam pelos ramos
comunicantes cinzentos (11) aos nervos espinais do sistema nervoso somático,
com o qual &io distribuídos ao músculo liso e às glândulas da pele, bem como à
musculatura lisa dos vasos periféricos. Os neurônios aferentes (sensitivos vis­
cerais) (considerados por alguns autores como parte do sistema nervoso autôno­
mo) conduzem impulsos da periferia para o sistema nervoso central -in1pulsos,
por exemplo, com origem em receptores de dor das vísceras. Os corpos celu­
lares dos neurônios citados também estão localizados em algum gânglio espi­
nal (gânglio de nervo espinal) ou gânglio craniano (gânglio de nervo craniano).
Como integrante do sistema nervoso autônomo, temos também o sistema ner­
voso intramural, que se encontra na parede de órgãos ocos (p. ex., no intesti­
no, ver p. 109; em busca de mais detalhes, ver histologia). Os corpos celulares
nervosos do sistema nervoso intramural pertencem predominantemente ao
sistema nervoso parassimpático. O sistema nervoso intramural atua nos órgãos
ocos como um sistema de autorregulação para os movimentos do intestino,
movimentos estes que podem ocorrer mesmo após isolamento do intestino.

Sistema nervoso
Medula espinal (parte lombar)
(vista ventral)
1 N. genitofemoral
1
1
1
1
1
1
1
1
1
L,_ -
,--
1
1
1
1
1
2 Plexo nervoso espinal
4 Corpo da célula ___ _
nervosa e protuberância
axônica (cone axonaQ
5 Dendrito-------.l(
6 Axônio [neurite) -------
7 Fibra nervosa --------
8 Nódulo de Ranvier ----
(ver p. 71, 109)
~i!i:!
N. segmentar
{n. ilio-hipogástrico cranial}
----1 O A. mesentérica cranial
e gânglios mesentéricos
craniais
-----Ramo meníngeo
i+1H-'e----11 Ramo comunicante cinzento
:-- _✓,1',,ç.::;;.:, ::ll(.1- ....\\---12 Ramo comunicante branco
---13 Raiz ventral
· -14 Raiz dorsal
---15 Substância cinzenta
----16 Substância branca
.l,--1.lll.,/ -----17 Gânglios autônomos
{tronco simpático)
Gânglios espinais
---Neurônio eferente
{motor)
---Neurônio aferente
{sensitivo)
---Neurônio autônomo
{simpático) pré-ganglionar
--Neurônio autônomo
{simpático) pós-ganglionar
· --------------19 Epineuro
Endoneuro
Perineuro:
Parte fibrosa
---22 Parte epitelioide
Oligogendrócito (célula de
Schwann ou neurolemal}
------24 Fibra nervosa não
mielinizada
-------------------------25 Fibra nervosa mielinizada
151

7. Sistema endócrino
O sistema endócrino compreende as glândulas endócrinas (glândulas hormo­
nais) e os órgãos secretores endócrinos, que liberam hormônios, além de terem
sua própria função (p. ex., o trato gastrintestinal com suas células endócrinas
intestinais). Os hormônios pertencem a diferentes grupos químicos de com­
postos (p. ex.,esteroides, peptídeos, aminas) e atuam até mesmo em concentra­
ção muito baixa. Em comparação a seu efeito, as glândulas endócrinas parecem
notavelmente pequenas. Em contraste à opinião prévia, um único tipo celular
pode formar vários hormônios. Os hormônios secretados são mensageiros
que influenciam o desenvolvimento de certos órgãos e coordenam diferentes
funções do corpo em cooperação com o sistema nervoso autônomo. As cé­
lulas glandulares endócrinas secretam seus hormônios geralmente no espaço
intercelular de suas adjacências imediatas. Nesse local, o hormônio pode atuar
diretamente sobre células e tecidos adjacentes (p. ex., os hormônios das célu­
las intersticiais testiculares, androgênios, atuam diretamente sobre os túbulos
seminiferos adjacentes) ou, depois de serem absorvidos pelos sistemas vascu­
lares sanglúneo e linfático, os hormônios são transportados para células-alvo
distantes dotadas de receptores (p. ex., as células prostáticas). Para facilitar a
captação de hormônios, os capilares sanguíneos possuem estrutura peculiar
em sua parede endotelial, as fenestrações. Nesse sentido, as gônadas consti­
tuem uma exceção, pois apresentam revestimento endotelial fechado de seus
capilares sanguíneos. Esse revestimento, no caso, garante a função da barreira
hematotesticular (gônada).
1 O sistema hipotálamo-hipofisiário (1) corresponde ao sistema regulador en­
dócrino superior central, que atua sobre as glândulas endócrinas periféricas por
meio de hormônios adenotrópicos (p. ex., no córtex adrenal, mas não na medu­
la adrenal). Dessa forma, o sistema hipotálamo-hipofisiário, com seus hormô­
nios reguladores, atua por meio das células secretoras endócrinas periféricas
(p. ex., células intersticiais testiculares) indiretamente sobre as células-alvo ou
os órgãos-alvo periféricos (p. ex., a glândula prostática). Além disso, formam­
-se hormônios efetores hipofisiais, que atuam diretamente sobre as células ou
os órgãos periféricos, como o hormônio prolactina na glândula mamária.
152
a) O HIPOTÁLAMO ( 1 g) constitui um centro nervoso superior à hipófise e está
intimamente associado com essa última estrutura em termos topográficos, em­
briológicos e funcionais.
b) A HIPÓFISE (hipófise cerebral) desenvolve-se com seu lobo anterior, a ade­
no-hipófise, a partir do ectoderma do teto da boca primitiva e migra até o osso
esfenoide, onde se junta ao lobo posterior da hipófise, a neuro-hipófise, que
se desenvolve a partir do diencéfulo cerebral.
I. Os hormônios liberadores e os hormônios inibidores de liberação são for­
mados no hipotálamo e atuam na adeno-hipófise (1, a -c), controlando a
liberação dos hormônios adeno-hipofisiais (tropinas). Esses hormônios hipo­
talâmicos são formados por células nervosas da região hipotalâmica tuberal,
mas transportados até a eminência mediana dentro de seus axônios. Os axô­
nios formam o trato túbero-infundibular (ilustração do texto c). A eminência
mediana consiste em uma proeminência mediana em formato de meia-lua do
túber cinéreo que se projeta no infundíbulo do terceiro ventrículo.
II. A neuro-hipófise (1, d -e) recebe seus hormônios efetores (ocitocina eva­
sopressina = hormônio antidiurético) do hipotálamo, onde são formados nos
núcleos supraóptico e paraventricular. No hipotálamo, a atividade da barreira
hematoencefálica impede a captação dos hormônios no sangue.
a Tratoparaventriculo--
·hipofisial
b Trato supraóptico­
·hipofisial
c Trato túbero-infundi·
bular
d A. hipofisial rostral
e Rede capilar 1
f V. porta hipofisial
g Rede capilar li
h V. hipofisial
A. hipofisial caudal
Eminência mediana
Esses hormônios são transportados do local de síntese, o hipotálamo, e, de
acordo com o princípio de neurossecreção, são conduzidos pelos axônios dos
tratos paraventricular e supraóptico da hipófise (ilustração do texto, a e b) à
neuro-hipófise. Nesse local, não há barreira hematoencefálica; com isso, os
hormônios são absorvidos por capilares sanguíneos fenestrados e transporta­
dos novamente pelo sistema vascular sanguíneo. A vasopressina (= hormônio
antidiurético) promove a reabsorção de água a partir dos túbulos renais e au­
menta a pressão arterial. A ocitocina atua sobre as células mioepiteliais na pe­
riferia das porções terminais das glândulas sudoríferas e mamárias, bem como
sobre a musculatura lisa do útero, onde deflagra suas contrações no término
da gravidez.
O sistema venoso portal (ilustração do texto, e -g) do sistema hipotálamo-hi­
pofisiário facilita o transporte dos hormôn.ios liberadores da eminência media-2
na até a adeno-hipófise. Em associação a isso, a artéria hipofisial rostral (d) na
eminência mediana (j) divide-se em uma (primeira) rede capilar (rede capi-
lar I, -e), que absorve os hormônios liberadores hipotalâmicos e os transporta
por meio da veia porta hipofisial (f) até a adeno-hipófise, onde são liberados
em uma (segunda) rede capilar (rede capilar II, -g). Nesse local, os hormô­
nios reguladores e efetores também são capturados na corrente sanguínea. 2
c) Na dependência do TSH (hormônio tireoestimulante) da adeno-hipófise, a 3
GLÂNDULA TIREOIDE (2, a), com seus hormônios tiroxina (T4) e tri-iodotironina
(T3), além de outros, estinmla o metabolismo das células e regula o crescimen-
to do corpo. Os hormônios fazem parte da proteína tireoglobulina e são arma­
zenados nos folículos tireoidianos (= glândula de armazenamento, adequada
para armazenar hormônios). Nesse caso, as células epiteliais foliculares são
achatadas. Com liberação crescente da secreção, as células epiteliais tornam-se
cuboides ou colunares. As células-e parafoliculares atuam sobre o metabolis­
mo de cálcio e são antagonistas da GLÂNDULA PARATIREOIDE (2, b).
d) A GLÂNDULA ADRENAL (3) é subdividida em córtex adrenal (a) e medula adre­
nal (b). As três zonas do córtex adrenal sintetizam hormônios esteroides. Na
zona subcapsular, wna glomerulosa (arqueada), são produ1Jdos os mineralo­
corticoides (aldosterona) que atuam sobre o metabolismo de sódio (sal) e água
do corpo. Na zona fasciculada (camada de cordões e colunas), central à wna
glomerulosa, são produzidos os glicocorticoides, que atuam no metabolismo
de carboidrato. Os representantes desse grupo de hormônios incluem a corti­
sona e a hidrocortisona, que também possuem ação anti-inflamatória, além de
ter importância médica primordial. A camada interna do córtex corresponde à
zona reticular, responsável pela produção de androgênios.
e) As GÕNADAS (TEsricuLO, -4A e OVÁRIO, -4B) com as células intersticiais tes­
ticulares (4A, b), também chamadas células intersticiais de Leydig, bem como
as células intersticiais ovarianas (4B, b, também conhecidas como células da
teca interna) e o corpo lúteo (4B, c), constituem as células-alvo do hormônio
luteinizante (LH) adeno-hipofisial. Essas gônadas sintetizam os hormônios an­
drogênios, sendo a testosterona e a hidrotestosterona os representantes mais
importantes. No ovário, os androgênios nas células epiteliais foliculares dos
folículos ovaria nos são aromatizados em estrogênios. O hormônio luteinizante
promove a gênese do corpo lúteo.
O hormônio foliculoestimulante (FSH) da adeno-hipófise estimula o cresci•
mento de folículos secundários e terciários no ovário, bem como (com o LH)
a síntese de estrogênios e androgênios. No testículo, o FSH estimula as células
de Sertoli, entre outras, a produzir proteínas ligadoras de androgênio. Além
disso, o FSH promove a formação de receptores de LH nas células intersticiais
de Leydig.
f) Na segunda metade da gravidez, a PLACENTA (4C) assume a formação de 4
progesterona e estrogênio, previamente produzidos pelo corpo lúteo do ová­
rio. A mudança ocorre em torno da metade da gravidez. Como a produção
de progesterona pelo corpo lúteo cessa, apenas a placenta atua na proteção da
gravidez.
g) A EPÍASE CEREBRAL (GLÁNDULA PINEAL) (5) sintetiza melatonina e antigonado-5
tropina (ver anatomia clínico-funcional).
h) Nos RINS, as células modificadas da túnica média (6, a) da arteríola glo­
merular aferente, que formam parte do complexo justaglomerular (6), pro­
duzem renina e, com isso, controlam a vascularização renal. além da pressão
arterial de todo o corpo.
i) Os seres humanos possuem 1 a 2 milhões de ILHOTAS PANCREÁTICAS (7, a).
As células B dessas ilhotas promovem a formação de glicogênio pela síntese
de insulina e, nesse caso, reduzem a pressão arterial. As células A sintetiwm
glucagon, que eleva a pressão arterial. Além disso, as células D produzem hor­
mônios que pertencem ao grupo de hormônios gastrintestinais.
j) As CÉLULAS ENDÓCRINAS GASTRINTESTINAIS (8, a) são dispersas entre as células
epiteliais da mucosa do trato gastrintestinal.

Sistema endócrino
1 Sistema hipotálamo-hipofisiário
Adeno-hipófise: a Parte tuberal; b Parte intermédia; c Parte distal
Neuro-hipófise: d lnfundíbulo; e Lobo nervoso; f Cavidade hipofisial
2 Glândula tireoide (a) e glândula
paratireoide (b)
'
I
I
~,T4

1
1
'
1
!
TSH
(
------3 Glândula adrenal
a Córtex; b Medula
Renina Aldosterona
6 Complexo justaglomerular
a Célula endócrina mioide
b Glomérulo
c Mácula densa
ACTH
g Hipotálamo; h Corpo mamilar
ICSH
(hormônio
estimulante
das células
intersticiais)
Androgênio
4A Testículo
FSH
a Célula sustentacular epitelial
b Célula intersticial endócrina
c Túbulo seminífero contorcido
7 Pâncreas e ilhotas pancreáticas (a)
5 Glândula pineal
a Recesso pineal
b Recesso suprapineal
c Terceiro ventrículo
}
STH (hormônio
somatotrópico ou
somatotropina)
LH
Prolactina
t
(
4C Placenta
a Placenta fetal
b Placenta materna
4B Ovário
a Folículo ovariano
b Célula intersticial endócrina
c Corpo lúteo

)
I
8 Glândula gástrica própria
a Célula endócrina gastrintestinal
b Célula exócrina principal
c Célula exócrina parietal
153

154
8. Sistema cardiovascular
No sistema cardiovascular, o sangue chega a todas as regiões do corpo pela
ação de bombeamento do coração. Desse modo, o corpo é suprido com nu­
trientes reabsorvíveis, oxigênio, água e hormõnios; por outro lado, os produtos
residuais são removidos e o calor, transferido.
a) O s1sTEMA CAR01ovAscuLAR é dividido em circulação sistêmica, circulação pul­
monar e várias circulações portais. A ampla circulação sistêmica começa no
ventrículo esquerdo do coração e segue por meio das artérias sistêmicas para
todo o corpo, retornando por veias sistêmicas para o lado direito do coração.
A circulação pulmonar menor começa no ventrículo direito do coração e
transporta sangue (desoxigenado) pelo tronco pulmonar e pelas artérias pul­
monares aos capilares alveolares do pulmão para troca gasosa. O sangue rico
em oxigênio passa dos capilares alveolares para o átrio esquerdo do coração
por meio das veias pulmonares. A circulação portal hepática garante o aporte
sanguíneo funcional do fígado (ver também p. 58).
Órgãos como coração, fígado e pulmões têm aporte sanguíneo duplo: apor­
te sanguíneo nutritivo, que supre os tecidos dos órgãos. e aporte sanguíneo
funcional. por meio do qual o órgão desempenha suas funções corporais es­
senciais.
b) Os VASOS SANGUÍNEOS são classificados de acordo com a estrutura de suas
paredes, o que. por sua vez, depende da pressão arterial. Após transplante no
sistema arterial (p. ex .. o sistema arterial coronário). as veias com parede mais
fraca ou débil (p. ex., veias dos membros) desenvolverão pouco a pouco uma
parede arterial típica. A parede dos vasos consiste em três camadas. Existe a
túnica interna ou túnica íntima (2), que consiste em revestimento endote­
lial, camada subendotelial composta de fibras colágenas e, no caso de artérias,
membrana elástica interna. A segunda camada refere-se à túnica média (3),
composta de células musculares Lisas e rede de fibras elásticas. Essa túnica de­
limita a membrana elástica externa com a tú1úca externa ou adventícia (4),
composta principalmente por fibras colágenas. Nos capilares sanguíneos, essas
três camadas não estão presentes. Os capilares consistem exclusivamente em
endotélio com invólucro incompleto de pericitos.
I. As artérias conduzem o sangue do coração e, exceto no tronco pulmonar e
nas artérias pulmonares, contêm sangue rico em oxigênio. De acordo com a
composição da túnica média, as artérias são diferenciadas como artérias elás­
ticas (1), artérias musculares ( 11) e artérias de tipo misto. As artérias elásticas
(aorta, tronco braquiocefálico) estão próximas ao coração e contêm em sua
túnica média menos células musculares lisas, mas principalmente membranas
elásticas fenestradas, responsáveis pelo aspecto amarelado desse tipo de artéria.
As artérias coronárias e as artérias distantes do coração são do tipo muscular. A
túnica média dessas artérias é composta, sobretudo, por células musculares li­
sas, além de haver menos fibras elásticas. As artérias terminais (p. ex., artérias
cerebrais) são de considerável importância médica, pois não possuem artérias
colaterais (7) nem anastomoses suficientes (i. e . ., são ausentes ou insuficientes)
com artérias adjacentes. É por essa razão que tais artérias recebem o nome de
artérias terminais (p. ex .• as artérias cerebrais) ou artérias terminais funcionais
(p. ex .• as artérias coronárias). No caso de oclusão dessas artérias terminais, o
tecido circunjacente sofre necrose (infarto). Artérias contorcidas são artérias
especiais que apresentam trajeto tortuoso distinto. algumas vezes semelhante
a saca-rolhas. Tais artérias existem como artérias heLicinas no pênis, desenro­
lando-se e estirando-se no momento da ereção. No mesovário, a ocorrência
dessas artérias não depende das diferenças de volume. Certas porções das arté­
rias helicinas do pênis são estruturadas de acordo com o princípio de artérias
"bloqueadas". Essas artérias têm função reguladora da corrente sanguínea
até o ponto de o lúmen ser totalmente ocluído por coxins mioides da túnica
intima (6) e, por essa razão, são denominadas artérias "esfincterianas''. Nesse
caso, toda a corrente sanguínea atravessa o leito capilar (ereção, ver anatomia
clínico-fw1cional). Anastomoses arteriovenosas regulam o fluxo sanguíneo.
Apenas alguns órgãos, como rins e cérebro, necessitam de aporte sanguíneo
constante para desempenharem suas funções. O aporte sanguíneo de grande
parte dos órgãos, por exemplo, o trato gastrintestinal, varia e sua intensidade
está ajustada à necessidade funcional efetiva. Essa hemodinâmica é mantida na
primeira linha por anastomoses arteriovcnosas (5) simples. Em sua porção
inicial arterial ativa, essas anastomoses são frequentemente estruturadas como
artérias helicinas. A parte venosa terminal não é particularmente diferenciada.
No caso de obstrução, todo o sangue flui através das arteríolas adjacentes e da
área capilar adjacente. Na desobstrução, o sangue desvia o leito capilar e esco­
lhe a via mais "conveniente" da anastomose calibrosa (i. e .• de lúmen amplo).
Nos dedos e na pele, ocorrem anastomoses arteriovenosas glomerulares (8)
com estrutura muito complexa. Além disso. a primeira parte do lado arterial da
anastomose contém mecanismos de bloqueio epiteLioide ou mioide. As anasto­
moses arteriovenosas glomerulares são ricamente inervadas por nervos autõ­
nomos. A função dessas anastomoses ainda não está totalmente esclarecida. As
anastomoses arteriovenosas não são componentes permanentes do leito vas­
cular, mas podem se desenvolver ou regredir, respectivamente, de acordo com
as condições circulatórias prevalecentes ou as funções corporais relacionadas.
Por exemplo, dentro da pele de extremidades -onde as anastomoses arterio­
venosas desempenham papel importante na termorregulação -, relatou-se que
a formação de anastomoses arteriovenosas diretas ocorre dentro de horas. Al­
terações congestivas crônicas dentro da circulaç,'io de sistemas orgânicos tam­
bém podem levar ao desenvolvimento de desvios arteriovenosos adicionais.
II. As arteríolas (9) têm diâmetro menor que 0,1 mm e contêm em sua túni­
ca média apenas algumas camadas de células musculares lisas arranjadas em
espiral. A arteríola pré-capilar contém apenas uma única camada de células
musculares lisas e pode conter coxins mioides semelhantes a esfíncter para
regulação da microcirculação dentro do leito capilar adjacente.
Uma rede admirável arterial constitui uma peculiaridade a ponto de estar lo­
calizada dentro do ramo arterial do sistema cardiovascular e ser pré-direcio­
nada ao próprio leito capilar arterial (p. ex., rede admirável da artéria maxilar
felina).
II. Nos capilares (10), as camadas da parede são reduzidas à camada inter­
na. Essa camada consiste em revestimento endotelial, lâmina basal e camada
descontínua de pericitos. Os capilares chegam a até I mm de comprimento e
têm diâmetro de 3 a 1 O mícrons. De acordo com o revestimento endoteLial. os
capilares são classificados em três tipos, adaptados às necessidades funcionais
correspondentes. As células endoteliais não fcnestradas (13) formam um re­
vestimento contínuo do lúmen do capilar. Esse tipo de capilar é encontrado na
musculatura, na pele e no tecido conjuntivo. As células endoteliais fenestra­
das (12) encontram-se ao lado de células endoteliais adjacentes sem espaços
entre elas, mas possuem fenestras ou poros intracelulares. Capilares fenestra­
dos ocorrem em órgãos com metabolismo intenso, tais como trato gastrintes­
tinal, glândulas endócrinas e rins. Um endotélio descontínuo com orifícios
entre as células endoteliais (aberturas intercelulares, -14) e com lâmina
basal descontínua ou ausente é encontrado nos sinusoides do fígado, onde a
presença das fenestras aumenta a passagem de metabólitos.
IV. As vênulas ( 16) estão localizadas no início do ramo venoso do sistema
cardiovascular e têm diâmetro de até-50 mícrons. A túnica média não possui
miócitos. mas sim pericitos. Na túnica externa composta de fibras colágenas,
frequentemente se encontram leucócitos e macrófagos. As vênulas pós-capi­
lares ( 17) de alguns órgãos Linfáticos são caracterizadas por endotélio cuboide 1
ou colunar, o que facilita a penetração de linfócitos do lúmen do vaso para o
tecido linforreticular perivascular.
V. As veias estão mais frouxamente estruturadas em comparação às artérias
e suas camadas são menos distintas. Nas veias de médio calibre. os feixes de
fibras musculares dispostas em espiral com tecido conjuntivo dotado de fibras
colágenas intermediárias estão localizados na túnica média. Nas veias calibro­
sas (p. ex., as veias cavas caudais), a túnica externa é particularmente distinta,
pois contém grande quantidade de músculo Liso em arranjo longitudinal. Em
contraste a isso, apenas alguns feixes de células musculares estão presentes na
túnica média.
As válvulas venosas (18) projetam-se como duplicações endoteliais semilu­
nares em direção ao lúmen. Essas válvulas cobrem a camada central de tecido
conjuntivo e regulam a direção do fluxo sanguíneo. Durante a fase inicial de
estase sanguínea, as válvulas semilunares enchem e suas margens aproximam­
-se daquelas de válvulas adjacentes. Nesse caso, o lúmen é ocluído, evitando-se
fluxo retrógrado de sangue. As válvulas s.'io particularmente importantes para
fluxo sanguíneo ortrógrado dentro das áreas periféricas do sistema vascular do
corpo, como os membros.
As veias oclusivas (p. ex., aquelas existentes no fígado) são veias especiais pre­
sentes em estruturas como glândulas endócrinas, útero, tuba uterina, corpos
cavernosos e fígado que, pelo desenvolvimento de coxins mioides da túnica
íntima, funcionam conforme seu nome indica.
Os plexos venosos são redes venosas encontradas, por exemplo, na veia testi­
cular como plexo pampiniforme, o qual atua na termorregulação.
Os seios venosos são evaginações de amplo lúmen das veias (p. ex., na abertura
das veias cavas). Os seios venosos da dura-m,íter do cérebro são veias especiais
de amplo lúmen. Além da ausência de válvulas, esses seios não possuem túnica
média e camada externa em suas paredes.
VI. Vasa vasorum (vaso dos vasos) (15) são vasos sanguíneos nutrícios nas
paredes das artérias. veias e troncos linfáticos caLibrosos. Por conta de seu ca­
libre, esses vasos não são suficientemente nutridos pelo sangue contido dentro
do lúmen do vaso. Por outro lado, vasos menores possuem um "suprimento
próprio" vindo da corrente sangtúnea.
VII. Os nervos dos vasos (IS), na maioria das vezes, não são mielinizados e
pertencem ao sistema nervoso autônomo. A vasoconstrição é controlada pelo
sistema nervoso simpático. (Para informações referentes à inervação e à ação
de hormônios sobre os vasos, consultar livros de fisiologia.)

Sistema cardiovascular
1 A. elástica ----
1
1
2 Túnica interna (íntima)
1
3 Túnica média ------J 1
1
1
4 Túnica externa (adventícia) ----J
6
,-
7 A. colateral
11 A. muscular
Artérias
1 ~;;;;.~:;.,-
12 Célula endotelial fenestrada
1
13 Célula endotelial não fenestrada ------------J
Veias
----------------------------15 Vasos e nervos dos vasos
-----16 Vênulas
.> 1
1
1
1
1
17
,-(,e-'\"" 18 Válvula venosa
. '
~
1
14 Abertura intercelular --------------------------------------------
1
155

156
9. Sistema linfático
O sistema linfático é composto do sistema de defesa (sistema imunológico) e
sistema de transporte (sistema de vasos linfáticos), que se complementam em
termos funcionais. O sistema de defesa envolve o reconhecimento e a elimina­
ção de substâncias estranhas ao corpo. Esse sistema consiste em linfonodos e
órgãos linfáticos.
a) O SISTEMA VASCULAR LINFÁTICO tem função de drenagem, para remover o líqui­
do dos tecidos, e função de transporte, para transportar a linfa aos linfonodos
e, finalmente, ao lado venoso do sistema cardiovascular. Em contraste ao siste­
ma cardiovascular, o sistema vascular linfático não é uma circulaç.'io fechada.
pois começa na periferia por rede de capilares "cegos" (rede linfocapilar, -1)
e termina centralmente, na entrada torácica no chamado ângulo venoso. Esse
ângulo venoso corresponde ao ângulo formado pela confluência das veias ju­
gulares interna e externa (ver p. 15). Com a ausência de bomba central -os
corações linfáticos são encontrados apenas nos vertebrados inferiores e em
algumas espécies de aves -a capacidade de transporte é de apenas 0,035%
daquela do sistema cardiovascular. A linfa é geralmente um líquido amarelado
claro, mas tem coloração leitosa (turva) na região intestinal em virtude de seu
conteúdo de gordura (quilomícrons). A linfa se origina do sangue, chegando
ao interstício pela passagem através da parede do capilar sanguíneo. A partir
desse local, o líquido tecidual flui para a parte venosa do leito capilar ou para
os capilares linfáticos, onde a linfa se origina por fluxo retrógrado do líquido e,
consequentemente, por concentração. Em regiões como sistema nervoso cen­
tral, tecido epitelial, cartilagem, medula óssea, timo e córnea, não há drenagem
linfática; portanto, tampouco há rede capilar linfática. Com o microscópio
óptico comum, não é possível fazer a distinção entre capilares linfáticos e ca­
pilares sanguíneos com segurança. Contudo, isso é claramente possível com o
microscópio eletrônico; nesse caso, a ultraestrutura dos capilares linfáticos será
considerada em detalhes aqui para uma melhor compreensão de sua função.
1. A partir das células endoteliais dos capilares linfáticos (22), especialmente
a partir de seus processos sobrepostos, fibras de fixaç.ão (24) muito finas se
irradiam em direção ao interstício e se ancoram no plexo de fibras colágenas
(25). Apesar desses filamentos de fixação, com frequência os capilares linfáti­
cos se encontram colapsados. Em caso de pressão intersticial elevada (maiores
quantidades de líquido no tecido -edema linfático), os filamentos de fixaç.'io
sofrem estiramento. fixando, assim, a camada externa das células endoteliais
sobrejacentes. A camada interna das células endoteliais é tracionada em dire­
ção ao lúmen pelo líquido circulante interno e. nesse caso, aberturas interen­
doteliais Qunções abertas, -23) são temporariamente formadas. Essas aber­
turas são bem amplas pelos padrões de microscopia eletrônica e consideráveis
quantidades de líquido e também macromoléculas, poeira, vírus, bactérias e
células tumorais inteiras são capazes de penetrar nos capilares linfáticos. Além
disso, produtos metabólitos, hormõnios e, no intestino, ácidos graxos de cadeia
longa na forma de triacilglicerídeos como componentes dos quilomícrons são
conduzidos pelos vasos linfáticos. Em suma, pode-se dizer que tais materiais
conseguem penetrar com êxito nas "junções abertas" dos capilares linfáticos,
mesmo que, por conta de seu calibre, fossem incapazes ou pouco capazes de
atravessar as paredes dos capilares sanguíneos. Sob um exame mais rigoro­
so, o conceito prévio da presença de aberturas nos processos da rede capilar
linfática deve adquirir maior precisão, já que tais aberturas só ocorrem se a
pressão intersticial estiver aumentada e se essas aberturas não estiverem per­
manentemente presentes. Uma outra situação bem distinta está presente na
pleura diafragmática e no peritônio, onde se encontram verdadeiros estomas
linfáticos que se abrem e se fecham em sincronia com o ritmo respiratório por
movimentos passivos de "estalo" e promovem o transporte da linfa.
II. Vasos linfátic.os pós-capilares (vasos linfátkos fibrotípicos, -26) tam­
bém são chamados de vasos condutores, pois "direcionam" o fluxo linfático por
suas válvulas e o "conduzem" até a abertura do vaso linfático miotípico subse­
quente. Exceto pela presença de válvulas, a estrutura da parede corresponde à
dos capilares linfáticos.
111. Os vasos linfáticos que sucedem os vasos linfáticos pós-capilares possuem
paredes musculares (vasos linfáticos miotipicos, -27). Esses vasos de trans­
porte, que geralmente acompanham vasos sanguíneos e nervos, conduzem a
linfu até o linfonodo. Os vasos de transporte possuem parede de três camadas:
a túnica interna ou túnica íntima (28) voltada para o lúmen e composta de
endotélio, bem como a túnica média (29), constituída de músculo, e a túnica
externa ou túnica adventícia (30), basicamente fibrosa. Os segmentos inden­
tados dotados de válvulas, sem músculo em sua parede ou pobres em músculo,
alternam periodicamente com expansões isentas de válvulas com paredes ricas
em músculo. Quando abundantemente preenchidos por linfa. isso dá origem
ao aspecto típico de "colar de pérolas~ As indentações nas válvulas segmen­
tares (36) delimitam um linfângio (2). Na abertura dos vasos linfáticos, onde
desembocam sua linfa, são encontradas válvulas conjuncionais (35).
IV. Os troncos vasculares linfáticos (20) consistem no dueto torácico, na cis­
terna do quilo, bem como nos troncos lombares, intestinais e jugulares. Tais
troncos vasculares linfáticos recebem os vasos de transporte. As partes finais
desses troncos, os duetos torácicos e jugulares, desembocam no ângulo venoso.
A parede de três camadas exibe feixes musculares longitudinais, sobretudo na
adventícia, além de conter vasos e nervos dos vasos (21), ou seja, a irrigação e
a inervação dos próprios vasos sanguíneos.
As válvulas dos vasos linfáticos e sua musculatura constituem a base mor­
fológica de seu próprio peristaltismo, com o fluxo linfático direcionado no
sentido proximal. Isso também é apoiado por outros fatores, tais como "mas­
sagem" por músculos estriados adjacentes e também pelas pulsações de ar­
térias circunjacentes, o que é transferido aos vasos linfáticos por feixes de
tecido conjuntivo em forma de "figura de oito" (ver ilustração). Nas cavida­
des corporais, as atividades motoras do trato gastrintestinal e as variações
da pressão respiratória promovem o movimento da linfa. Após a remoção
cirúrgica de algum linfonodo, o fluxo linfático é, a principio, interrompido.
Perifericamente ao local da interrupção, a região do corpo fica desprovida
de sua drenagem linfática e, por isso, torna-se inchada (edematosa). À pal­
pação, essa região se mostra fria e "encharcada''. As impressões cutâneas são
compensadas muito lentamente naquelas partes do corpo que estão um tanto
deformadas. O fluxo linfático é restabelecido pelo crescimento gradativo jun­
to dos cotos linfáticos isolados.
Veia
Artéria
Vaso linfático
Efeito do pulso arterial sobre o transporte linfático e venoso
b) Os LINFONooos (8) são nomeados de acordo com a região topográfica (p. ex., 2
linfonodo axilar). São distinguidas as estruturas: linfonodos regionais e linfo­
centros. A linfa primária de certa área tributária (afluente) flui para o linfono-
do regional por vasos linfáticos aferentes (9). Dois a quatro vasos linfáticos
eferentes (17) deixam o linfonodo em seu hilo e contêm linfu secundária ou
transitória com cerca de dez vezes o número de linfócitos. Os linfonodos mais
distantes na série, dispostos em cadeia, filtram a linfa secundária e podem, além
disso, absorver a linfa primária. Os linfonodos adjacentes com regiões tributá­
rias sobrepostas comparáveis recebem o nome de linfocentro. Os linfonodos
possuem superfície lisa e firme, com formato semelhante a feijão. Eles costu­
mam estar incrustados em tecido adiposo e circundados por cápsula de teci-
do conjuntivo (10), que é penetrada em seu hilo (14) por vasos sanguíneos,
e também (no cão e na maioria das outras espécies; cf. porco) vasos linfáti­
cos eferentes e, em sua convexidade. por vasos aferentes. A partir da cápsula,
irradiam-se trabéculas (11) direcionadas centralmente. Sob a cápsula, os vasos
linfáticos aferentes desembocam no seio subcapsular (12), que transporta a
linfa por seios intermediários (13), que passam ao lado das trabéculas, e seios
medulares (16), que seguem ao lado dos cordões medulares em direção aos
vasos eferentes.
Os seios linfáticos (3) são vias linfáticas semelhantes a fendas, delimitadas por
células endoteliais (4) e reforçadas no lúmen por sistema "tipo armadilha de
peixe" de células reticulares (6, -alguns autores consideram que essas célu­
las sejam células endoteliais modificadas), bem como por fibras reticulares
intrasinusais (5). Esse sistema "tipo armadilha de peixe" é capaz de capturar
partículas de fuligem, vírus, bactérias, células do próprio corpo ou detritos ce­
lulares e, com isso, possibilita a incorporação dessas partículas pelos macrófa­
gos intraluminais (7).
O parênquima dos linfonodos produz linfócitos B e plasmócitos que atuam na
imunidade humoral. Esse parênquima consiste em tecido linforreticular (31)
com células reticulares (32) e fibras reticulares (33), que são entremeadas por 3
linfócitos (34). No córtex externo, o parênquima forma linfonodos (19) ca­
racterísticos, que são ricos em linfócitos e constituem o principal local dos lin­
fócitos B. Centralmente, o córtex transpassa o tecido linforreticular difuso do
có1tex interno (paracórtex, -18), que representa o principal local de linfócitos
T. Esses linfócitos, que atuam na imunidade celular, têm sua origem no timo,
passam através de vênulas pós-capilares especiais para a corrente sanguínea e
s.'io conduzidos pelo sangue até os linfonodos. Os cordões medulares (15) se
encontram na medula, sendo o principal local de linfócitos B e de sua diferen­
ciação em plasmócitos. Em relação aos órgãos linfáticos, ver anatomia topo­
gráfica, o apêndice sobre anatomia especial, e anatomia clínico-funcional.

Sistema linfático
1 Rede linfocapilar
2 Linfângio
3 Seio linfático ---

4 Célula endotelial ----
5 Fibras reticulares intrasinusais -~
6 Célula reticular ------------
7 Macrófago intraluminal ----------
9 Vasos linfáticos aferentes ----
10 Cápsula-----------
11 Trabéculas----------
12 Seio subcapsular-------
13 Seio intermediário ------
14 Hilo---------
15 Cordões medulares-~~-;;
16 Seio medular-----
17
18
19
20 Tronco linfático
21 Vasos e nervos -----
dos vasos
1
1
Capilar linfático
Junção aberta
___ 24 Fibras de fixação
Fibras colágenas
____ 26 Vaso linfático
fibrotípico
vaso linfático
miotípico
1 1
1 1---------------29
1
Túnica interna
(íntima)
Túnica média
Túnica extema
(adventícia)
L-------------------30
31 Tecido linforreticular
Célula reticular
Fibras reticulares
Linfócito
Válvula segmentar
157

158
1 O. Glândulas, membranas mucosas e serosas
a) A atividade das GLÁNDULAS recebe o nome de secreção. As secreções atuam
externamente às células glandulares (p. ex., saliva, hormõnios). Para produzir
a secreção, as células glandulares absorvem materiais básicos, sintetizam as se­
creções nas organelas celulares e as liberam de acordo com um modo peculiar
de secreção (ver adiante). A secreção é regulada principalmente por hormõ­
nios e pelo sistema nervoso autônomo.
As glândulas são classificadas por diferentes critérios.
Glândulas endócrinas (glândulas hormonais) liberam sua secreção no espaço
intercelular, de onde ingressa nos capilares sanguíneos ou linfáticos. Os hor­
mônios são transportados para os órgãos efetores pelo sistema cardiovascular.
As glândulas exócrinas liberam sua secreção na superfície interna ou externa
do corpo. Tais glândulas são abordadas a seguir (ver também p. 6 e 32).
De acordo com a forma de seus segmentos terminais secretórios, as glândulas
são classificadas como tubulares, acinares e alveolares. Os segmentos terminais
tubulares podem ser 1. tubulares simples, 2. espiralados simples ou 3. ramifica­
dos simples. A glândula tubular composta possui duetos excretores ramificados.
Segundo o modo de secreção, as glândulas são subdivididas em écrinas =
merócrinas (liberação da secreção por exocitose), apócrinas (parte da célula
glandular é liberada com a secreção) e holócrinas (a célula glandular em sua
totalidade é transformada em secreção).
Em relação à natureza da secreção, há glândulas serosas (secreção aquosa
fina), mucosas e mistas (componentes serosos e mucosos) distintas.
No que diz respeito à composição, distinguimos glândulas intraepiteliais uni­
celulares (p. ex., células caliciformes produtoras de muco) e multicelulares.
As glândulas intraepiteliais desembocam sem duetos excretores diretamente
no lúmen adjacente. As glândulas muhicelulares ficam dentro da parede do
órgão envolvido e desembocam no lúmen por meio de dueto excretor curto
{glândulas da parede) ou, então, constituem grupos maiores de glândulas que
se localizam fora da parede e se abrem no lúmen do órgão, geralmente com
dueto eferente mais longo (glândulas associadas).
b) A MEMBRANA MUCOSA (TÚNICA MUCOSA) consiste no revestimento interno de
órgãos ocos que delimita o lúmen e fica em contato com o ambiente externo.
Esses órgãos correspondem ao trato digestório (também conhecido como ca­
nal alimentar), aos tratos respiratório e urinário, bem como às vias dos órgãos
genitais dotados de lúmen. Com exceção das vias urinárias, o lúmen é coberto
por muco que se origina das glândulas da mucosa (células caliciformes, glân­
dulas da parede ou glândulas associadas).
A mucosa do intestino consiste em epitélio colunar na face luminal (7, E,
E') e lâmina própria (Iântina própria da mucosa, -6). Essa lâmina própria
corresponde à camada de tecido conjuntivo. Em amplas áreas do intestino,
a lâmina própria contém camada fina de músculo liso (lânúna muscular da
mucosa, -5). Em muitas regiões do intestino, existem outras camadas além
da mucosa: tela submucosa (4), uma camada deslizante frouxa diretamente
externa à mucosa. Além da submucosa, pode haver camada muscular (túnica
muscular, -2 e 3). Na superfície externa -por exemplo, do intestino-, tam­
bém há túnica serosa (parte visceral, -13) ou camada de tecido conjuntivo,
a túnica adventícia, que une o intestino a seus arredores. Os componentes da
mucosa dos diferentes sistemas orgânicos são adaptados estruturalmente às
necessidades funcionais de cada órgão.
1. No aparelho digestório, que se inicia na boca e termina no ânus, diferenças
relacionadas aos aspectos funcionais podem tornar-se particularmente notá­
veis. A transição com o tegumento é formada em ambas as extremidades do
trato digestório pela mucosa cutânea com epitélio escamoso estratificado (A,
cavidade oral; ver também histologia). Na cavidade oral, em pontos de máxi­
mo estresse mecânico, como palato duro e papilas linguais mecânicas, o epitélio
escamoso estratificado também é cornificado. O rápido transporte do alimento
apreendido pela boca é efetuado pela musculatura estriada da túnica muscular,
que prossegue no esôfago. O transporte é facilitado pelas secreções mucosas das
glândulas salivares da cavidade oral e da faringe. A lâmina muscular da mucosa
está presente como uma camada muscular delicada da mucosa que começa no
esôfago e aumenta levemente em espessura na direção caudal. A musculatura
lisa dessa camada facilita certa mobilidade da mucosa, independentemente da
contração do músculo estriado (esôfago) ou liso (estômago, intestino) predo­
minante da túnica muscular, da qual é separada pela tela submucosa.
A partir do cárdia do estômago. o lúmen é revestido por epitélio colunar alto
(E, intestino delgado). Esse epitélio tem menos função protetora, porém,
mais funções secretoras e reabsortivas. Isso se reflete pelas diferentes células
epiteliais. A secreção de muco no intestino é realizada principalmente pelas
células caliciformes (9), que ficam dispersas no epitélio luminal e aumentam
em número do duodeno até o reto. Os sucos digestórios são secretados pelas
glândulas do estômago e da parede intestinal, bem como pelas glândulas asso-
ciadas (fígado, pâncreas). A reabsorção requer grande área de contato com o
conteúdo intestinal. O amnento da área de superfície é conferido por pregas
transversais circulares (1), vilosidades (E' a) e criptas intestinais (E' b), bem
como por microvilosidades {8) na superfície luminal das células epiteliais
reabsortivas.
II. No trato respiratório, a função do epitélio colunar ciliado pseudoestrati­
ficado (B, -traqueia) com células caliciformes dispersas envolve a produção e
o transporte de muco por meio do qual partículas mais finas de poeira podem
ser excretadas (removidas). A mucosa respiratória é encontrada nas vias de
conduç,'io do ar (i. e., vias aéreas): cavidade nasal, seios paranasais, faringe e
tuba auditiva, incluindo orelha média, laringe, traqueia e brônquios.
UI. A mucosa do trato genital, como a tuba uterina e o útero (ver anatomia
clínico-funcional), é revestida por epitélio colunar simples (C, tuba uterina)
com cílios e células epiteliais dotadas de microvilosidades. O revestimento de
partes do trato genital masculino, por exemplo, do dueto deferente, é cons­
tituído por epitélio pseudoestratificado colunar (D, dueto deferente) com
processos celulares longos, ramificados e imóveis, os chamados estereocílios,
que são microvilosidades longas.
lV. A mucosa do trato urinário do câo é aglandular. Ela reveste as vias uri­
nárias com epitélio de transição, desde a pelve renal até o ureter e da bexiga
urinária até a uretra. O epitélio de transição (F, ureter) é um epitélio pseu­
doestratificado, cujas células (sem exceção) repousam na base, mas nem todas
chegam à superfície (alguns autores classificam o epitélio desse local como es­
tratificado; i. e., não pseudoestratificado). Nas células que delimitam o lúmen,
o epitélio de transição tem mecanismos especiais para proteçáo contra a ação
agressiva da urina.
c) A MEMBRANA SEROSA (G) reveste as cavidades serosas e cobre a superfície ex­
terna de muitos órgãos. Essa serosa consiste em mesotélio (14), um epitélio es­
camoso simples que se desenvolve a partir do mesoderma, com base de tecido
conjuntivo, a lâmina própria (15).
A função da serosa consiste principalmente na formação de superficie lisa e
úm ida por meio da qual o atrito entre os órgãos revestidos por essa membrana
é reduzido. Essa serosa produz um líquido seroso que é liberado nas cavidades
serosas e confere caráter típico (úmido, liso e brilhante) à superfície. De acordo
com o princípio de equilíbrio, a serosa também regula a reabsorção do líquido
(captação de líquido das cavidades serosas). O líquido seroso normalmente é
mantido constante por transudação e reabsorção. O transudato é formado
por sua "liberaç,'io" a partir dos capilares sanguíneos para a lâmina própria da
serosa e sua passagem através do mesotélio da serosa.
Uma camada subserosa (16) funciona como camada deslizante, sendo o prin­
cipal local de depósito para armazenamento de gordura sob a forma de tecido
adiposo subseroso. Essa camada subserosa está presente em toda a cavidade
abdominal e, particularmente, em relação ao rim e aos órgãos sujeitos a grande
variação de tamanho, como, por exemplo, o estômago e o intestino.
No caso das cavidades serosas, estamos lidando com espaços que contêm
apenas um pouco de líquido seroso. São cavidades serosas: cavidades pleura is,
cavidade pericárdica e cavidade peritonial. Os órgãos são externos à serosa,
invaginando-a e tracionando consigo uma parle da serosa que corresponde ao
mesentério, ao omento ou aos ligamentos do peritôn io (p. ex., ligamentos do
fígado; ligamento largo que suspende o ovário, a tuba uterina e o útero etc.). A
serosa que reveste as paredes da cavidade peritonial (peritônio parietal, -11)
é contínua com aquela que cobre a superfície do órgão (peritônio visceral, -
13). O peritônio de ligação que se estende desde o peritônio parietal da parede
corporal até o peritônio visceral que cobre o órgão sempre recebe um nome es­
pecífico: mesentério, omento ou ligamentos peritoniais (p. ex., ligamento largo
do útero, ligamentos triangulares do fígado etc.). O mesentério está ilustrado
na figura da página seguinte (parte intermédia, -12)
A relação topográfica dos órgãos com o peritônio é particularmente impor­
tante para cirurgia. No caso de intervenção cirúrgica, essa relação determina
se a cavidade peritonial deve ou não ser abe1ta com maior risco de infecção do
peritônio (peritonite; ver p. 50).
A inervação sensorial da camada parietal do perilônio é feita pelos nervos
espinais segmentares (nervos lombares e torácicos). O peritônio que cobre a
face abdominal do diafragma recebe sua inervaçáo sensorial pelo nervo frêni­
co. A inervação sensorial dos mesentérios, omentos e ligamentos peritoniais
procede do estiramento e, provavelmente, de outros receptores pouco com­
preendidos, mas não de receptores comuns de dor, temperatura e toque. As
vísceras são relativamente insensíveis às sensações associadas com a pele e o
peritônio parietal. Caso se evite pressão ou estiramento (tensão) excessivo, as
vísceras poderão ser incisadas e submetidas normalmente à manipulação ci­
rúrgica sem dor ao animal.

Túnicas mucosa e serosa
V,/'
'''"'· ✓-./ ~7/"'1' ~
Epitélio da mucosa
A Cavidade oral
(secção transversal)
F Ureter
/
/
B Traqueia
/
/
/
Rim diretto
/
/
/
/
/
/
/
/
/
/
/
Intestino delgado
/
/
/
1
1
1
1
/
C Tuba uterina
'
'
'
'
'
'
Intestino delgado
'
Cavidade peritonial
'
'
12
13
1 Prega circular
Túnica muscular:
2 Camada longitudinal
3 Camada circular
4 Tela submucosa
Túnica mucosa:
5 Lâmina muscular da
mucosa
6 Lâmina própria da
mucosa
---
----
7
7 Epitélio colunar
/
/
/
/
/
D Dueto deferente E Intestino delgado
'
'
(vista craniaQ
------------1 O Espaço retroperitonial
Túnica serosa:
-----------11 Parte parietal
'--------------------12 Parte intermédia
(mesentério)
'
'
'
'
-----------13 Partevisceral
'
'
'
'
'
·e:-~=t~~ç:~Y;} 14 Mesotélio
,S::-...::-:.s::::,_ ,~...._ ~_3• 15 Lâmina própria da serosa
-~=--.:: ,-~-
~4. ~ ~ ~'::=l 16 Camada subserosa
G Túnica serosa ~
159

160
Introdução aos princípios físicos e técnicos dos diagnósticos
radiográficos e ultrassonográficos
Cordula Poulsen Nautrup
1
1.1
Radiografia convencional e radiografia
de magnificação (ampliação) direta
Raios X
Os raios X são ondas eletromagnéticas com frequências de aproximadamente
10
12
a 10" MHz (megahertt).
1.2 Geração dos raios X
Quando elétrons acelerados colidem em algum ânodo ou alvo, parte da energia
cinética é transformada em Bremsstrahl1111g (um espectro de radiação contínua
de vários comprimentos de ondas) e raios X característicos (um espectro de
linhas ou riscas). Grande parte da energia, no entanto, é perdida na forma de
calor.
A radiação X emitida, composta principalmente de Bremsstrahlu11g e, em certo
grau, de raios X característicos, é respons,-\vel pela formação da imagem. A
voltagem determina a radiação mais energética com o menor comprimento de
onda. Diferenças potenciais úteis para o diagnóstico radiológico e as energias
resultantes ficam entre 18 e 120 kV e 1 e 120 kV, respectivamente. Raios X
moles com comprimentos de onda longos (baixos valores de kV) são antago­
nizados por radiação mais dura e mais energética de comprimentos de onda
curtos (altos valores de kV).
1.3 O comportamento dos raios X no material e a formação das
radiografias
Os materiais absorvem e dispersam os raios X. Diferenças em termos de absor­
ção no paciente, na parte do corpo ou no objeto radiografado produzem novo
espectro de radiação. Com isso, todos os planos de um corpo tridimensional
são exibidos em um único plano. A radiografia, assim, constitui uma imagem
somativa, em que as áreas sobrejacentes ou subjacentes a outras são sobrepos­
tas (Fig. 1 ).
1.3.1 Absorção em relação ao material irradiado
A absorção depende da densidade e do número de valência do material irra­
diado. O ar ou os órgãos que contêm ar, em virtude de suas baixas densidades
e, consequentemente, baixas absorções, podem ser diferenciados com facili­
dade de outros tecidos moles com densidades mais altas. Por causa de suas
densidades mais elevadas e números de valência efetivos mais altos, as áreas
calcificadas ou ósseas absorvem os raios X melhor que os tecidos moles e são
claramente contrastados destes.
1.3.2 Absorção em relação à qualidade da radiação
A qualidade dos raios X influencia ainda mais o nível de absorção. Conside­
rando que a absorção é predominante com o uso de raios X moles, a absorç.'io
diminui e a dispersão aumenta com níveis energéticos crescentes de radiação.
Nas exposições à radiação mole, as grandes diferenças de contraste permitem a
diferenciação entre tecidos moles e estruturas levemente calcificadas ou ossifi­
cadas (Fig. 3). Na medicina humana, essa técnica é empregada em mamografia
para diagnóstico radiológico de tumor de mama da mulher. A radiaç.'io de in­
tensidade média a alta {ou seja, "meio dura a dura") é adequada para retratar o
tecido ósseo suficientemente calcificado (Fig. 2).
1.3.3 Meios de contraste
Os meios de contraste são necessários para a diferenciaç.'io de vasos em tecidos
moles e osso (Figs. 4, 5, 6), bem como para a avaliação de certas regiões de
órgãos. làis meios de contraste são classificados como negativos (menor absor­
ção que o osso) ou positivos (maior absorção), de acordo com sua capacidade
de absorver os raios X. O primeiro grupo inclui os gases facilmente absorvidos,
tais como ar, dióxido de carbono e óxido nitroso.
Esses gases são utilizados principalmente para exibir o canal digestório e a bexi­
ga urinária, em geral na forma de imagens de duplo contraste, nas quais o meio
de contraste positivo se combina com outro negativo. Os meios de contraste
positivos possuem densidade mais elevada e número de valência grande. Além
do sulfato de bário, um meio de contraste insolúvel em água para controlar a
passagem pelo esófago e pelo trato digestório, existem muitos meios hidros­
solúveis, que geralmente contêm iodo, para a retratação de vasos (angiografia
-Figs. 4, 5, 6; arteriografia, flebografia, linfografia) e quase todas as cavidades
corporais (urografia, broncografia, artrografia, mielografia).
1.4 Formação e registro de imagens
Os raios X atravessam o filme corporal (efeito fotográfico) ou ativam as subs­
tâncias químicas luminescentes da tela de intensificação ou do amplificador de
imagem (efeito huninescente).
As imagens do filme de raios X &'io negativas; as regiões altamente absorven­
tes, tais como ossos ou calcificações, aparecem de cor branca a cinza-claro,
enquanto as áreas radiotransparentes, tais como órgãos preenchidos de ar e
parenquimatosos, gordura, músculo, cartilagem, tecido conjuntivo ou líquidos
(sangue, urina, ingesta líquida etc.), aparecem escuras (Fig. 7). Como imagem
positiva, o monitor mostra áreas radiopacas na cor preta a cinza-escuro e ra­
diotransparentes na cor branca a ci111.a-daro (Fig. 8).
As imagens análogas dos sistemas de TV de circuito fechado ou das radio­
grafias podem ser digitalizadas e depois retrabalhadas com processador de
imagem. Os métodos tipicamente utili1.ados na medicina diagnóstica envol­
vem mensurações digitais, integração de múltiplas imagens para aumentar o
contraste, realce de bordas para melhorar a profundidade do campo e sub­
tração da imagem para destacar ou isolar os vasos (angiografia por subtração
digital).
Em termos experimentais, a codificaç.'io por cores e a apresentação pseudotridi­
mensional após o desvio do objeto têm se mostrado úteis para avaliar áreas de
baixo contraste (Fig. 9). Todos os métodos de processamento digital de ima­
gens servem não apenas para aumentar a qualidade das imagens do filme ra­
diográfico com possibilidades melhoradas e mais completas de avaliaç.'io, mas
também para reduzir os níveis perigosos de radiação ou as quantidades neces­
sárias de meios de contraste.
Fonte d e radiação
(ponto focal)
Objeto
/ Lado próximo
ao filme
Feixe primãrio de raios X
Figura 1 Desenho esquemático da formação de radiografia (imagem somatória).

Figura 2 Metade esquerda do crânio de cão adulto. Técnica de alta quilovoltagem, 100 k\/, projeção lateromedial -LM.
Estruturas anatômicas (Figs. 2, 3)
Crânio
1 Lâmina externa
2 Osso esponjoso {díploe)
3 Lâmina interna
4 Processo do tentório
Ossos do neurocrãnio
A Osso frontal
5 Seio frontal
B Osso parietal
D Osso temporal
6 Parte escamosa
7 Parte petrosa
8 Parte timpânica/bula timpânica
E Osso etmoide
F Osso occipital
9 Parte escamosa
1 O Protuberância occipital externa
11 Parte lateral
12 Côndilo do occipital
Face
13 Órbitas
Ossos da face
G Osso zigomático
14 Processo temporal
1.5 As leis de projeção
H Osso nasal
1 Maxila
K Pré-maxila
LMandlbula
15 Canal da mandíbula
16 Corpo da mandíbula
17 Ramo da mandíbula
18 Ângulo da mandíbula
19 Processo condilar
20 Processo coronoide
Dentes
C Dente canino
P4 Pré-molar IV
M1 Molar 1
21 Esmalte
22 Dentina
23 Cavidade dentária
Osso hióideo
24 Basi-hióideo
25 Tiro-hióideo
26 Cerato-hióideo
27 Epi-hióideo
28 Estilo e tímpano-hióideo
M Atlas
NÁxis
A formação da imagem com os raios X segue as leis de projeção central; os
raios que emanam de um ponto focal mais ou menos expansivo e idealmente
puntiforme divergem em linhas retas.
1.5.1 Magnificação (ampliação) geométrica
Ao descrever as projeções, é imprescindível a diferenciação entre a distância
filme-foco (DFF), a distância foco-objeto (DFO) e a distância objeto-filme
(DOF). Com imagem convencional em uma escala de 1:1, a distância filme­
-foco é quase a mesma da distância foco-objeto, o que indica que, com uma
ampla distância filme-foco, o paciente ou a área a ser radiografada está próxi­
mo ao plano do filme. Reduções na distância foco-objeto causadas por elevação
do paciente ou do objeto resultam em magnificação (ampliação) radiográfica
direta ( é preciso ter em mente o problema de desfocalização em padrão geomé-
Figura 3 Metade esquerda do crânio de filhote canino de 6 dias de vida. Técni­
ca de baixa quilovoltagem, 40 kV, projeção lateromedial -LM.
trico, item 1.6.1, Fig. 17). O fator de magnificação (ampliação), V, corresponde
ao quociente da distância filme-foco em relação à distância foco-objeto, ou
seja, a relação DFF:DFO (Fig. 1 O).
1.5.2 Sobreposição
Duas estruturas que se localizam uma sobre a outra são projetadas mutuamen­
te, impossibilitando, com isso, sua diferenciação. Fendas, fissuras ou fraturas,
que correm mais ou menos perpendiculares ao trajeto dos raios X ficam ocul­
tas, em virtude da sobreposição (Figs. l lA, 12). Somente por meio da rotação
do objeto, os detalhes correrão paralelamente ao trajeto dos raios e aparece­
rão nas radiografias (Figs. 118, 13). A sobreposição com distorção da imagem
pode ser reduzida ao se examinar preparações anatômicas, confeccionando-se
secções finas {O, 1 a 1,0 mm). 111 vivo, a exibição radiológica, livre de sobreposi­
ção, de estruturas de um único plano é possível com a ajuda da tomografia.
161

162
Estruturas anatômicas
Estruturas ósseas
1 Cabeça do fêmur (epífise)
2 Colo do fêmur
3 Trocanter maior
4 Fossa trocantérica
5 Diáfise (corpo) do fêmur
6 Canal nutrício
7 Substância compacta
8 Substância esponjosa
9 Cavidade medular
Vasos intraósseos
1 O Artéria nutrícia
11 Vaso diafisial
12 Vaso metafisial
13 Vaso epifisial
14 Vaso apofisial
Figura 4 Radiografia dos vasos intraósseos proximais do fêmur esquerdo,
preenchidos por meio de contraste. Projeção mediolateral -ML.
Figura 5 Radiografia dos vasos renais arteriais, preenchidos por meio de con­
traste.
1.5.3 Distorção geométrica
A maior magnificação (ampliação) em radiografias de áreas mais distanIes do
filme, em contraste àquelas próximas ao filme, é conhecida como distorç,'\o
geomélrica (Figs. 1, 14A, 15). Pode ocorrer o aumento da distorção geomé­
trica, colocando-se o objeto na área externa do feixe de raios X (Figs. 148,
16). Tal efeito também pode ser obtido pelo posicionamento do objeto em um
ângulo em relação ao feixe central de raios X. A distorção geométrica pode dar
Estruturas anatômicas
(Figs. 5, 6)
Vasos intrarrenais
1 Artéria interlobar
2 Artéria arqueada
3 Artéria interlobular
4 Arteríola glomerular aferente
5 Capilares glomerulares
Figura 6 Radiografia dos glomé­
rulos no córtex renal, preenchidos
por meio de contraste. (Fatia de
tecido com aproximadamente
5 mm de espessura.)
Figura 7 Radiografia do cotovelo esquerdo= negativa. Projeção lateromedial -LM.
E
Figura 8 Imagem do cotovelo esquerdo
em monitor= positiva. Projeção latero­
medial -LM.
Estruturas anatômicas (Figs. 7, 8, 9)
A Úmero
Diálise (corpo) do úmero
2 Côndilo do úmero
3 Epícôndilos
4 Fossa do olécrano
5 Fossa radial
6 Forame supratroclear
B Rádio
7 Cabeça
Figura 9 Imagem do cotovelo
esquerdo em monitor. Exibíção digital
pseudotridímensional após desvio do
objeto. Projeção lateromedial -LM.
8 Colo do rádio
9 Tuberosidade do rádio
e Ulna
10 Olécrano
11 Tuberosidade do olécrano
12 Processo ancôneo
13 Processo coronoide
D Tecido mole
a impressão de tridimensionalidade e simplificar a categorização de detafües a
planos específicos, sobretudo com magnificação (ampliação) radiográfica dire­
ta. No entanto, mensurações exatas obtidas a partir de radiografias devem ser
feitas apenas em imagens isentas de dislorção geométrica. É recomendável a
localização dos pontos a serem mensurados dentro do feixe central; com dis­
tâncias maiores entre o filme e o foco, esses pontos devem estar próximos ao
plano do filme.

Fonte de radiação (ponto focal)
b·eto
Imagem
1:1
.... •··
Objeto
1----1
.······
Imagem
1,33:1
Imagem
2:1
DFO
DFF
DOF
Fonte de
radiação
Imagem
2:1
Figura 1 O Desenho esquemático de imagem em escala de 1: 1 e várias magni­
ficações (ampliações) geométricas. DFO: distância foco-objeto; DFF: distância
filme-foco; DOF: distância objeto-filme.
A
Fonte de radiação
(ponto focal)
Feixe primário de raios X
Objeto 1
ou da imagem
"-==l<....l<....:.==
B lma em I Lacuna
12
Figura 11 Desenho esquemático de sobreposição na projeção central; A: lacu­
na perpendicular, B: lacuna paralela ao feixe.
1.6 Qualidade das radiografias
A capacidade de avaliar estruturas finas em radiografias ou com amplificador
de imagem e monitor pressupõe uma qualidade suficiente de imagem. Os fato­
res a seguir são responsáveis pela qualidade das radiografias:
• nitidez ou borrão;
• contraste;
• resolução da formação de imagem e do sistema de registro.
As funções nitidez e contraste dependem de diversos parâmetros, fornecidos
pela geometria da fonte de radiação, pela radiação em si, pelo objeto a ser re­
tratado e pelo aparelho de raios X.
1.6.1 Nitidez ou borrão
A identificação de detalhes em radiografias pode ser limitada ou perdida com
borrões formados por movimento, desfocalização em padrão geométrico ou
embaçamento do filme-tela.
Os borrões provocados por movimento resultam da mudança de posição do
paciente quando insuficientemente imobilizado ou do deslocamento de órgãos
(contrações cardíacas, movimentos respiratórios etc.). Isso pode ser evitado
pelo posicionamento estável e pelo uso de tempos de exposição ma is curtos (p.
ex., cardiografias em menos de I ms).
A desfocalização em padrão geométrico é determinada pelo diâmetro do
ponto focal e pela relação DFF:DFO. Enquanto um ponto focal mais am-
Figura 12 Articulação tarsal esquerda. Projeção mediolateral -ML.
Figura 13 Articulação tarsal esquerda. Projeção dorsoplantar -DP. A forma
típica de articulação tipo dobradiça da articulação tarsocrural e das articulações
intertarsais pode ser diferenciada, em contraste com a Figura 12.
Estruturas anatômicas (Figs. 12, 13)
A Tíbia
1 Cóclea da tíbia
2 Maléolo medial
B Fíbula
3 Maléolo lateral
e Ossos do tarso
4 Tálus
5 Corpo do tálus
6 Tróclea do tálus
7 Cabeça
8 Calcâneo
9 Tuberosidade do calcâneo
1 O Osso central do tarso
11 Osso tarsal 1
12 Osso tarsal li
13 Osso tarsal Ili
14 Osso tarsal IV
15 Articulações intertarsais
D Ossos do meta1arso
pio induz ao aparecimento de borrões significativos das bordas externas
quando se ergue o paciente acima do plano do filme/imagem, uma fonte
de radiação idealmente puntiforme fornece imagens nítidas sem bordas
embaçadas em toda área entre o ponto focal e o plano do filme (Figs. 18,
20). Um objeto posicionado diretamente sobre o plano do filme sempre é
projetado com nitidez, independentemente do tamanho do ponto focal. Ao
passo que as ampliações diretas de até 2,5 x são possíveis com pontos focais
de 100 rim (aparelhos de mamografia), ampliações diretas de até 200 x com
nitidez satisfatória são possíveis utilizando-se pontos microfocais abaixo de
10 µm (Fig. 6).
O embaçamento do filme-tela depende do tipo de tela utilizada e do contato
entre a tela e o filme. As telas de radiação ou de intensificação contêm cristas
fluorescentes, que convertem os raios X de entrada em luz visível. O revesti­
mento fotográfico do filme em contato com a tela é escurecido pela luz emitida
pela tela. As telas de intensificação servem para reduzir as doses de radiação.
Quanto mais sensível for a tela (ou seja, quanto maior a amplificação) e menor
for o tempo necessário de exposição para enegrecimento do filme, melhor será
a nitidez (Fig. 23).
Os três parâmetros descritos aqui sobre a formação de borrões sofrem influên­
cia mútua e simultânea. Em virtude dos baixos níveis de dosagem, a redução
da desfocali7..ação em padrão geométrico pelo uso de ponto focal menor resulta
em tempos de exposição prolongados e aumenta o risco de borrões atribuídos
ao movimento. Os três fatores, sem exceção, têm de ser regulados e adaptados
à situação.
13
163

164
Área externa do feixe
Átea central
do feixe
,. ~ · ·· Feixe central
Figura 14 Desenho esquemático de distorção geométrica. Magnifícação (am­
pliação) geométrica de objeto no trajeto central do feixe (A) e no trajeto externo
do feixe (B).
Figura 15 Radiografia da articulação do joelho esquerdo dentro do trajeto
central do feixe. Projeção craniocaudal -CrCd = trajeto do feixe.
1.6.2 Contraste
O contraste significa a diferença entre duas intensidades de enegrecimento no
filme ou entre dois níveis de brilho no amplificador de imagem. O contraste do
sistema de registro de imagem (filme de raios X ou monitor) corresponde às
diferenças em termos de intensidade após absorção do feixe primário pelo pa­
ciente ou objeto. O nível de contraste depende principalmente da qualidade do
feLxe, da região do corpo a ser examinada e da radiação secundária (dispersa).
Os raios X moles produzem diferenças mais claras de contraste em compara­
ção aos duros, cujas gradações de enegrecimento s<'\o menores (ver item 1.3.2).
Uma área exposta à radiação excessivamente dura aparece embaçada ou sem
brilho, ou seja, não exibe a cor branca translúcida nem a negra intensa.
Figura 16 Radiografia da articulação do joelho esquerdo no trajeto externo do
feixe. Projeção craniocaudal, trajeto do feixe em 20° oblíquos ao trajeto cranio­
caudal do feixe -Cr20L-CdMO.
Estruturas anatômicas (Figs. 15, 16)
A Fêmur
1 Diálise (corpo) do fêmur
2 Côndilo medial
3 Côndilo lateral
4 Fossa intercondiloide
5 Trôclea femoral
B Tíbia
6 Eminência intercondilar
7 Diálise (corpo) da tíbia
Figura 17 Desenho esquemático
de deslocalização em padrão
geométrico causada por suspen­
são do objeto a partir do plano do
filme quando se emprega grande
ponto focal.
Figura 18 Desenho esquemático
de magnificação (ampliação) direta
nítida quando se utiliza ponto focal
idealmente puntiforme.
8 Tuberosidade da tíbia
9 Margem cranial
e Flbula
1 O Cabeça da fíbula
D Patela
11 Osso sesamoide do músculo
gastrocnêmio
12 Osso sesamoide do músculo
poplíteo

1

1
f
a

F
.. -~ Ponto focal
i puntiforme
i
I '1
f
·---/d. Objeto
/
;
/
/ Plano
.
i do filme
~
Alta nitidez geométrica

Figura 19 Desfocalização
intensa em padrão geomé­
trico em uma magnificação
(ampliação) direta de 4x
feita com ponto focal de
400 µm (imagem original
fotograficamente reduzida
por razões técnicas de
impressão).
Figura 20 Nitidez geométrica elevada em uma magnificação (ampliação) direta
de 4 x feita com ponto microfocal de 5 µm. Falanges média e distal da pata
traseira direita. Projeção dorsoplantar -DP (imagem original fotograficamente
reduzida por razões técnicas de impressão).
Estruturas anatõmicas
Ossos dos dedos
1 Falange proximal
2 Falange média
3 Falange distal
4 Processo extensor
5 Tuberosidade flexora
6 Crista unguicular
7 Sulco unguicular
8 Processo unguicular
Tecidos moles
9 Coxim do metatarso
1 O Coxim dos dedos do pé
Diferenças claras de contraste são observadas entre ossos e tecidos moles e
entre vasos ou órgãos preenchidos por meios de contraste e as adjacências.
A radiação secundária (dispersa), que se origina no material irradiado, chega
à superfície de registro em múltiplas direções e provoca enegrecimento difuso
do filme de raios X ou energização difusa dos cristais de iluminação da tela de
radiação ou do amplificador de imagem (Fig. 21A). Diferenças sutis de con­
traste (i. e., pequenas diferenças de absorção nos tecidos) são completamente
encobertas. A radiação secundária aumenta com o incremento da dure1A1 do
feLxe primário. Essa radiação também depende das propriedades e do tamanho
do objeto irradiado. Para reduzir a radiação secundária, o feixe primário pode
ser restringido com o uso de diafragma ou grade (Fig. 2 IC) ou com o aumento
da distância objeto-filme (Fig. 218).
As grades antidifusoras (que eliminam a radiação secundária) são feitas de lâ­
minas de chumbo que, colocadas paralelamente ao feixe primário, permitem
a passagem apenas desse feixe, enquanto absorve a radiação secundária mul­
tidirecional. A desvantagem está na necessidade de aumento da potência, já
que, além da radiação secundária, parte do feixe primário é perdida na grade
(Fig. 21C).
Fonte de radiação Fonte de radiação Fonte de radiação
Feixe primário
de raios X
Corpo
Corpo
, Radiação
secundária
1
(dispersa)
Feixe primário
de raios X
\inefetiva da iU/l-HH-IJ.
Radiação secundária
(dispersa) efetiva da
Plano do filme Plano do filme
A imagem B e
Figura 21 Desenhos esquemáticos do efeito (A) e da redução (B, C) da radiação
secundária (dispersa) (B -técnica de distância com DOF ampla, C -uso de
grade).
Figura 22 Ossos da pata dianteira
esquerda observados com filme de
raios X sem tela e de alta resolução
(Structurix D7, Agfa-Gevaert). Valo­
res de exposição: AI filter (filtro de
alumínio) de 2,5 mm de espessura,
80 cm de DFF, 60 kV, 50 mAs.
1.6.3 Resolução da formação de imagem e do sistema de registro
A capacidade de resolução da formação de imagem ou do sistema de registro
determina o tamanho dos detalhes que podem ser imediatamente identifica­
dos. No entanto, não se consegue fuzer a distinção de estruturas periódicas
umas das outras, tais como as lâminas de chumbo da grade, menores que os
grãos de haleto de prata do filme, ou os cristais de iluminação da tela ou do
dispositivo de formação da imagem. A resolução local do filme sem tela é de
aproximadamente 50 ftm (Fig. 22), para sistemas tela-filme entre 80 e 200 ftm
(Fig. 23), e, utilizando-se amplificadores de imagem e sistemas de TV de cir­
cuito fechado, é entre 200 e 420 µm. Para identificar essas pequenas estruturas,
o contraste entre as estruturas e as adjacências tem de ser suficiente. Esse geral­
mente não é o caso para material biológico.
Com radiografias convencionais padronizadas, o sistema tela-filme utilizado
costuma limitar a identificação de detalhes para 100 ftm.
Todos os fatores mencionados. que influenciam a qualidade da imagem, in­
teragem muito entre si. Estruturas pequenas no limite da resolução, que são
afetadas por desfocalização em padrão geométrico ou exibem bordas pouco
definidas e mal delineadas como resultado da sobreposição, podem ser ava-
165

166
Estruturas anatômicas (Figs. 21, 23)
A Ossos do carpo
Osso radial do carpo
2 Osso ulnar do carpo
3 Osso acessório do carpo
4 Osso carpa! 1
5 Osso carpa! li
6 Osso carpa! Ili
7 Osso carpa! IV
B Ossos do metacarpo
8 Base
9 Diáfise (corpo)
10 Cabeça
e Ossos dos dedos
11 Falange proximal
12 Falange média
13 Falange distal
D Ossos sesamoides
Figura 23 Radiografia dos ossos da
pata dianteira esquerda obtida com
uma combinação tela-filme altamente
sensível (tela Trimax T6 e filme XM,
3M). Comparada com a Figura 22, é
possível observar uma resolução mais
baixa e um embaçamento aumenta­
do da tela. Valores de exposição: AI
filter (filtro de alumínio) de 2,5 mm de
espessura, 80 cm de DFF, 60 kV, 1 ,5
mAs.
liadas apenas se o contraste for suficientemente elevado. Por outro lado, com
nitidez satisfatória e tamanho suficiente de detalhes, o contraste se torna de
menor importância.
1.6.4 Identificação das radiografias
A qualidade das radiografias pode ficar ainda melhor por uma identificação
abrangente, incluindo parâmetros de exposição, posicionamento e identifica­
ção do paciente.
Para marcar as faces cranial, caudal, medial e lateral, bem como os lados es­
querdo e direito, pode-se fazer uso de letras de chumbo colocadas em um
cassete no momento da exposição. A terminologia empregada para as proje­
ções exibidas em radiografias geralmente adota as diretrizes estabelecidas pelo
Comitê de Nomenclatura do American College of Veterinary Radiology.• O
posicionamento do paciente e o sentido de penetração do raio central do feixe
primário na parte do corpo, desde o ponto de entrada até o ponto de saída,
devem ser fornecidos utiliwndo-se os termos direcionais da própria anatomia
veterinária.
1. 7 Proteção contra radiação
Em princípio, pode-se dizer que os raios X exercem efeitos dose-dependentes,
geralmente indesejáveis, sobre os tecidos biológicos. A radiação mole tende a
ser mais nociva (sobretudo à pele) em virtude de sua maior absorção.
Os requisitos estabelecidos no equipamento e na operação por agências esta­
duais devem ser seguidos de forma consciente. Acima de tudo, é imprescin­
dível a obtenção da qualidade de imagem requerida com a menor quantidade
possível de radiação.
2 Princípios físicos e técnicos da
sonografia ou ecocardiografia
2.1 Ultrassom
As ondas sonoras são do tipo longitudinal. As partículas de tecido são induzi­
das a vibrar pelo som. O sentido da vibração corresponde à direção de propa­
gação das ondas ultrassônicas, o que resulta em compressão e rarefação dentro
da onda (Fig. 24). Frequências acima de 20 kHz são conhecidas como ultras-
• Srnallwood. J. E .. M. J. Shivcly, V. T. Rendano e R. E. Habcl: A s1a11dardized 11otatio11 for
radiographic projectio11s used i11 veteri11ary medici11e. Vet. Rad. 26, 2-9. (1985).
Sentido da propagação
Compressão Rarefação
Onda longitudinal (onda sonora)
Figura 24 Desenho esquemático da propagação de onda longitudinal no tecido.
som. As frequências utilizadas no diagnóstico ultrassonográfico ficam entre 1
e 20 MHz (megahertz= 1.000 kHz) e são consideravelmente mais altas do que
as frequências ultrassônicas perceptíveis pelos animais, tais como gatos, cães
ou morcegos.
2.2 Comportamento das ondas sonoras no material
2.2.1 Velocidade de propagação da onda e impedância acústica
A velocidade com que o ultrassom se propaga no tecido (velocidade de pro­
pagação da onda) depende da frequência do ultrassom e das propriedades do
material. A velocidade é, em média, de 1.540 m/s em tecidos moles e líquidos,
sendo consideravelmente mais baixa no ar e nitidamente mais alta no osso. A
resistência ou impedância acústica do tecido consiste no produto da velocida­
de do feixe sonoro em um determinado tecido e da densidade tecidual.
2.2.2 Reflexão, transmissão, refração, dispersão e absorção
Quando as ondas sonoras atravessam interfaces entre dois tecidos com di­
ferentes velocidades de propagação de onda ou com diferentes impedâncias
acústicas (ver item 2.2.1), parte do feixe sonoro é refletida (reflexão -Figs. 25,
26). O sentido de reflexão de alguma onda que colide com alguma interface
perpendicularmente é o mesmo do da onda incidente. A onda não refletida
prossegue no segundo meio sem mudar de direção (transmissão -Fig. 25). Se
a interface for colidida em um ângulo, o ângulo de reflexão será o mesmo que
o ângulo incidente. A onda transmitida é refratada (refração -Fig. 26).
Interfaces acústicas irregulares provocam reflexão das ondas sonoras em todas
as direções (dispersão).
Além disso, o feixe sonoro é absorvido à medida que atravessa os tecidos (ab­
sorção). O grau de absorção depende da frequência do som e da qualidade do
tecido insonado. Frequências mais altas são absorvidas com maior intensidade
que as mais baLxas. Ao se considerar os tecidos corporais, os ossos e as calcifi­
cações exibem altas taxas de absorção.
Figura 25 Desenho esquemá­
tico da reflexão e transmissão
de onda sonora incidente que
colide com a interface perpen­
dicularmente.
Figura 26 Desenho esque­
mático da reflexão e refração
de onda sonora incidente que
colide com a interface em um
ângulo.
Transmissor/receptor
Onda
Onda
o:=P
Onda
'--''--' transmitida
Onda
Onda refratada

2.2.3 O efeito do ultrassom utilizado para fins diagnósticos sobre
os tecidos biológicos
As intensidades sonoras utilizadas no decorrer do diagnóstico ultrassonográfi­
co de apenas alguns mW/cm', bem como as frequências empregadas, são con­
sideradas seguras, possibilitando a repetição dos exames durante a prenhez.
2.3 Geração e recepção das ondas de ultrassom
A cabeça (ponta) do scanner serve como transmissor e receptor. O cristal pie­
zoelétrico no transdutor ou sca1111er é induzido a vibrar por pulsos elétricos
de alta frequência e os converte em ultrassom. Ao mesmo tempo, as ondas
sonoras refletidas são transformadas em impulsos elétricos correspondentes,
que podem se tornar visíveis no monitor. Com duração de impulso de I a 2 µs,
a relação entre os tempos de transmissão e recepção gira em tomo de 1:500 a
1:1.000.
2.4 Resolução
A resolução axial ao longo do trajeto do feixe de ultrassom depende princi­
palmente da frequência utilizada. Com frequências de I e 10 MHz, podem
ser demonstradas estruturas de 1,5 mm e 100 µm, respectivamente, na melhor
das hipóteses. Frequências elevadas apresentam não somente alta resolução,
mas também menor penetração, já que a taxa de absorção é mais alta. Uma
frequência de 5,0 MHz tem se mostrado universal para exames cardíacos e
abdominais de cães.
Além de ser menor que a axial, a resolução lateral é determinada principal­
mente pela geometria do transdutor.
2.5 Formação de ultrassonografias bidimensionais
2.5.l Formato das imagens ultrassonográficas dependente do
transdutor
Atualmente, para a exibição de estruturas anatômicas ou patológicas, quase
sempre se emprega a técnica bidimensional em tempo real. Dependendo do
campo ultrassonográfico escaneado, torna-se possível a diferenciação entre a
varredura setorial e a varredura linear ou paralela. Um meio-termo entre es­
sas duas formas é representado pela varredura convexa. Enquanto o scanner
setorial produz imagem triangular (Figs. 27, 28), a imagem gerada por trans­
dutor linear ou paralelo é retangular (Figs. 29, 30). Somente o scanner setorial
é adequado para o exame do coração em virtude da janela acústica intercostal
estreita na área de incisura cardíaca do pulmão. Exames abdominais também
podem ser feitos com facilidade em cães por meio dos transdutores setoriais
(Fig. 28). Scanners lineares ou convexos também podem ser utilizados para
sonografia abdominal canina, especialmente para o diagnóstico de prenhez,
pois esses dispositivos fornecem melhor resolução das estruturas próximas ao
transdutor (Fig. 30).
Interface
Varredura setorial
(imagem em monitor)
Transdutor/scanner
' • • • • .. -.
Interface ~
Objeto
Figura 27 Desenho esquemático da formação de sonografia bidimensional
(secção), utilizando scanner setorial.
A
B
Figura 28 Sonografias setoriais do fígado com exibição longitudinal (A) e sec­
ção transversal (B) da vesícula bíliar.
Estruturas anatômicas
1 Fígado, 2 Vesícula biliar, 3 Ramo da veia porta, 4 Diafragma
· Interface
Varredura paralela
Omagem em monitor)
f----------<
Objeto
Transdutor/
Ultrassom
Figura 29 Desenho esquemático da formação de sonografia bidimensional
(secção), utilizando transdutor linear.
2.5.2 Categorização das estruturas na sonografia
Em contraste à radiografia (Fig. 1 ), a ultrassonografia corresponde a uma sec­
ção que exibe as interfaces acústicas entre vários tecidos moles (Figs. 27, 29).
Em cada interface, ocorrem reflexões do feLxe de ultrassom; essas reflexões,
por sua vez, aparecem como regiôes ecogênicas (i. e., como áreas brilhantes)
no monitor (Figs. 28, 30).
Estruturas de parede fibrosa de vasos e órgãos são observadas como áreas mais
ou menos hiperecogênicas (brancas) quando colidem perpendicularmente com
o feixe de ultrassom. As ultrassonografias de órgãos parenquimatosos (fígado,
baço, córtex renal) e de músculo (inclusive do coração) são compostas de inúme­
ros ecos isolados (áreas mosqueadas brancas).
167

168
Quase toda a intensidade do feixe é refletida (forte eco branco) nas interfaces
entre tecidos moles e estruturas repletas de ar (pulmão), ossos ou calcificações,
como resultado da grande diferença na impedância acústica. Como a intensi­
dade restante do feixe é absorvida ao penetrar nos ossos ou nas calcificações,
torna-se impossível a exibição dos tecidos encontrados por trás dessas estru­
turas; uma área anecoica negra, que produz o sombreamento acústico ou som­
bra acústica, é vista no monitor (Fig. 30). O mesmo vale para tecidos cobertos
pelos pulmões.
Regiões de tecidos homogêneos, como o parênquima renal, ou líquidos, como
sangue, bile ou urina, aparecem como área hipoecoica (cinza escuro constante) A
ou anecoica (negra constante).
Posição do feto
direito
cranial + caudal
esquerdo
1 cm
Figura 30 Varredura linear de cão da raça cairn terrier, 59 dias após a concep­
ção. Secção horizontal de feto, tórax e abdome intratorácico com costelas e
sombras acústicas típicas. (Grof, D., Wissdorf, H., lnstitute oi Anatomy, Hanno­
ver Veterinary School.)
Estruturas anatômicas
1 Ecos das costelas
2 Sombras acústicas das costelas
3 Coração
4 Pulmão (colapsado)
2.5.3 Meios de contraste
5 Diafragma
6 Fígado
7 Veia cava caudal
8 Membro anterior
Os meios de contraste para ultrassonografia são utilizados com o objetivo de
melhorar as exibições de vasos ou câmaras cardíacas ou avaliar a presença de
defeitos cardíacos, como aqueles no septo interventricular ou interatrial (Fig.
31). Esses meios de contraste contêm bolhas de gás fina e extremamente distri­
buídas, como a substância ecogênica. Além do CO, e de várias soluções bem
misturadas, tais como soro fisiológico, solução de glicose a 5%, expansor plas­
mático ou sangue do paciente, futuramente haverá preparações de meios de
ecocontraste disponíveis no mercado. Esses contêm bolhas de gás que ficam
ligadas a micropartículas de sacarídeos. Após injeção intravenosa, o meio de
contraste pode ser rastreado até o tronco pulmonar. Os meios de contraste dis­
poníveis no momento não conseguem atravessar os capilares pulmonares.
2.5.4 Orientação na ultrassonografia
Por meio de rotação, inclinação ou deslizamento do transdutor, todo plano
seccional do corpo pode ser alcançado em princípio (Fig. 28). De acordo com
isso, o plano sonográfico desejado tem de ser selecionado ou reproduzido de
forma exata para a realização de mensurações ou a repetição de exames. Com
respeito às localizações nas ultrassonografias, as áreas próximas ao transdutor
são observadas na parte superior da imagem e aquelas distantes a esse dispo­
sitivo, na parte inferior (Figs. 27, 29). O lado direito ou esquerdo da imagem
corresponde ao lado esquerdo ou direito, dorsal ou ventral, ou cranial ou cau­
dal do corpo.
2.6 Ecocardiografia com Doppler
As ondas refletidas pelas interfaces estacionárias possuem intensidade mais
baixa, porém a mesma frequência que as ondas ultrassõnicas incidentes (Fig.
32A). Se, por outro lado, as ondas se chocarem com algum objeto em movi­
mento (tal como o eritrócito), a frequência da onda refletida será alterada de
acordo com a direção e espaçada da "interface" em movimento (princípio do
Doppler -Fig. 32B).
Por definição, o sangue que flui em direção ao transdutor é exibido acima da li­
nha basal (Doppler contínuo ou pulsado) ou em vermelho (Doppler colorido).
Por outro lado, o sangue exibido abaixo da linha basal ou em azul está fluindo
em direção contrária ao transdutor. Essa apresentação do sentido do fluxo san-
B
Figura 31 Imagem diastólica das quatro câmaras do coração sem (A) e com
(B) meio de contraste no átrio e no ventrículo direitos. (Tobias, R., Small Animal
Clinic, Hannover Veterinary School.)
Estruturas anatômicas
Átrio direito 4 Septo interatrial
1 a Meio de contraste no átrio direito
2 Ventrículo direito
5 Septo interventricular
6 Átrio esquerdo
2a Meio de contraste no ventrículo direito
3 Valva atrioventricular direita
7 Ventrículo esquerdo
(tricúspide) aberta
8 Valva atrioventricular esquerda
(mitraQ aberta
Transdutor
A
Transdutor
B
Onda incidente (frequência fol
Onda refletida (frequência f ,)
t, = 1.
Onda incidente (frequência f.J _
Onda refletida (frequência f ,) _
f, > 1.
Onda incidente (frequência f.J
Onda refletida (frequência f ,)
t, < 1.
Estrutura macroscópica
(aorta como exemplo)
-Objeto que se move
em direção contrária
ao transdutor (sangue
como exemplo)
Figura 32 Representações esquemáticas de ecocardiografia bidimensional (A) e
ecocardiografia com Doppler (8).

A
B
Figura 33 Fluxo sanguíneo no nível da válvula da aorta: Doppler pulsado (A) e
Doppler colorido (B).
Estruturas anatômicas
A seta mostra a velocidade máxima do sangue
no nível da válvula da aorta.
1 Ventríeulo esquerdo (trajeto do fluxo de saída)
Anatomia sonográfica
Cordula Poulsen Nautrup
2 Aorta ascendente
3 Miocárdio
4 Pericárdio
Introdução à anatomia sonográfica
Assim como a anatomia radiográfica, a anatomia sonográfica possui referências
clinicas diretas. Somente um conhecimento detalhado e minucioso da ultrasso­
nografia normal permite o uso clinico bem-sucedido desse método, que é re­
lativamente novo para a medicina veterinária. A seguir, estão expostos vários
CORAÇÃO
guíneo é completamente voluntária e nada tem a ver com o tipo de vaso (arté­
ria ou veia) ou o conteúdo de oxigênio do sangue. O sangue rico em oxigênio
na aorta ascendente, por exemplo, é exibido em azul (Fig. 33B) ou abaixo da
linha basal (Fig. 33A), pois ele flui em direção contrária ao transdutor.
A velocidade do fluxo sanguíneo pode ser interpretada diretamente a partir do
eixo das ordenadas (eixo y) com Doppler convencional e estimada pela inten­
sidade da cor com Doppler colorido.
Se a velocidade do sangue exceder a frequência de recepção do transdutor,
ocorre o chamado fenômeno de a/iasing, que corresponde ao efeito estrobos­
cópico no filme. Isso resulta em inversão das cores com Doppler colorido e
apresentação invertida com Doppler convencional em relação ao eixo das abs­
cissas (eixo x).
2.7 Preparo do cão para o exame ultrassonográfico
Um pré-requisito para ultrassonografias de qualidade é o contato suficiente do
transdutor com a superfície da pele. Para exame cardíaco, a limpeza da pele
com álcool e a aplicação maciça de gel de contato são suficientes para a maioria
dos cães. O mesmo procedimento pode ser utilizado para sonografia abdomi­
nal de cães com quantidades pequenas ou médias de pelo. Animais com pela­
gem longa e grossa, além de muitos subpelos devem, porém, ser submetidos à
tricotomia na área a ser examinada.
O posicionamento do cão depende da preferência do operador, do comporta­
mento do animal e do exame a ser realizado. f sugerida a realização da eco­
cardiografia em decúbito lateral, bem como dos exames cardíacos em cães sen­
tados ou em estação. A sonografia abdominal é possível em decúbito lateral e
dorsal, bem como nos animais em estação.
exemplos de ultrassonografias, exibindo diversos órgãos e sistemas orgânicos.
As estruturas mais importantes nas ultrassonografias estão retratadas em espé­
cies de croquis (esboços) e identificadas. As respectivas posições para o exame
ultrassonográfico estão ilustradas nos desenhos esquemáticos adjuntos.
'
··• .. Valva
atrioventricular direita
(tricúspide)
aberta
1 cm
Figura 34 Via de entrada do ventrículo esquerdo; secção diastólica final do eixo longitudinal desse ventrículo.
169

170
,,7····;,-····:·
: ;·., . ; f 1
' J ..-· .. ,d ,
' . ·•.: .. ,17
Pericárdio········
Figura 35 Via de entrada do ventrículo esquerdo; secção sistólica final do eixo longitudinal desse ventrículo .
.. ~1················:··
\.
1,.>.-'.1./,{{(f!fil'J
')·· ··~
. ····1 ....
1 cm
Cúspide septal
da valva
atrioventricular
esquerda
•(mitral)
1 cm
Figura 36 Via de entrada do ventrículo esquerdo; secção do eixo longitudinal desse ventrículo com influxo de sangue na fase diastólica inicial.
1 cm
Figura 37 Via de entrada do ventrículo esquerdo; secção díastólica do eixo curto no nível da valva atríoventrícular esquerda (mitral).
,
Pericárdio
1cm
Figura 38 Via de entrada do ventrículo esquerdo; secção sistólica do eixo curto no nível dos músculos papilares.

Tronco
braquiocefálico
/
Artéria coronária esquerda
Figura 39 Via de saída do ventrículo esquerdo; secção diastólíca do eixo longitudinal.
Figura 40 Via de saída do ventrículo esquerdo; secção sistólica do eixo longitudinal.
-~········ ........... •
., )
j __ .,..-:-. '· .. ·· .. :.. ,:
. /
Ventrículo
esquerdo
.-~ .. ···· ............. ·
:: _)'•· .... .. l ,
~ , .... ··--,.:
t ...
/_,..-·
Valva /
atí-ioventricÚ lar
'<(direita
~ricúspide)
Figura 41 Via de saída do ventrículo esquerdo; secção diastólica do eixo curto no nível da válvula da aorta.
Miocárdio ....
Valva
atrioventriculá;
direita
(tricúspide)
Figura 42 Vias de saída dos ventrículos direito e esquerdo; imagem diastólica final das quatro câmaras.
S~pto interventricular
Pericárdio
'
,
lan
, cm
1 Válvula semilunar direita
li Válvula semílunar esquerda
Ili Válvula semílunar septal
, cm
Valva
atrioventricular
esquerda
• (mitral)
1cm
171

172
ESTÔMAGO
....
Figura 43 Estômago vazio, secção longnudinal.
FíGADO
Figura 44 Fígado, secção transversal.
' ,_, ,_,
-~ 1 z 1 ~··•.-........ •
)/···< ... :.~. /
ventral
cranial + caudal
direito esquerdo
dorsal
1 cm
-----·------
' I
1
1
'
'
'
'
'
'
'
' --·
'·'
'
'
'
'
'
' 1
'
;
,
,
'
1 ----
ventral
cranial + caudal
dorsal
1 cm
Ramo 9a veia porta
Fígado (
Veias hepáticas
··•::
. ':: : ....... 1•: ..........•
o
o
,._ __
Figura 45 Fígado de filhote canino de 5 dias de vida; exibição do fluxo sanguíneo nas veias hepáticas e na veia cava caudal durante inspiração, em Doppler colorido.
------
,••·····················································
: :
Baço
. ' (
•!
• • ventral
cranial + caudal lrtéria · ...... !
,,~, ~,·g,. .. ,.,,,~
1 cm
·• ............. ....._'----
Intestino delgado
Projeção transversal
Figura 46 Baço e hilo esplênico, secção longitudinal; exibição do fluxo sanguíneo na artéria e veia esplênicas, bem como nos vasos sanguíneos intraesplênicos, em
Doppler colorido.

RIM
···-...
·• ..
Medula renal
1 cm
lateral
cranial + caudal
medial
...... ,-... Artérias
:. •·· interlobares

.. ·.·.·.··.· .. ·::::';·-t~~Jobares
·. .
................................ :·, ....... .
Rim esquerdo
Projeção paramediana
Figura 47 Rim esquerdo, secção longitudinal paramediana; exibição do fluxo sanguíneo nos vasos sanguíneos intrarrenais, em Doppler colorido.
Figura 48 Rim esquerdo, secção longitudinal sagital.
Figura 49 Rim esquerdo, secção transversal.
OVÁRIO
Córtex renal
~q
n·Pirãmide
V\Jrenal
"----.. --.... .... ·-
~)
s~~-:.._· __ ·_·· •. .-~-.:;;~,­
\\'\_., t;~~~ ..
. "
! ' ....... •., .. -"t ,'
" ,
" . .. .
°'\. ,,
... '' ..
lateral ventral
cranial + caudal
ventral dorsal
medial dorsal
1 cm
Ovário esquerdo
.-.-.. -.. -.. -.. -.. -.. -•. -,.~·.·.· ....... Artéria intraovárica . .·
• · .... ···· com cor primária
.··
Figura 50 Ovário esquerdo com folículos terciários em uma cadela no cio; exibição do fluxo sanguíneo na aorta e nos vasos sanguíneos intraováricos, em Doppler
colorido.
173

174
BEXIGA URINÁRIA, CORNOS DO ÚTERO
Bexiga urinária com
repleção moderada
ventral
direito + esquerdo
dorsal
~--1Çf_l. ~ 1 ,-
--· 1
Comos do úÍ~ro i _jJ-_._., Sombreamento acústico
/ -----·-----j 1 (artefato)
1 cm ' ! i --.....1...L----
Figura 51 Bexiga urinária moderadamente repleta e cornos do útero de cadela no cio em secção transversaJ_
PRÓSTATA
ventral
direito + esquerdo
dorsal
1 cm
, ...
Próstata -~ • J //
--/c0
___ _., Vasos __ / ~ -----._
--· sanguíneos -----...__,, -Uretra
---~
Reto
Figura 52 Próstata e uretra em secção transversal; exibição do fluxo sanguíneo em vasos sanguíneos intraprostáticos e periprostáticos, em Doppler colorido_
TESTÍCULO
l j .,,...-•-.,,
r~:---.. : ";: (f !/z/
! . • V Ih ; /
1 1 ; ,/
l / • /
' ' ,, .
' ,~, , .
'. ~, ,; t
, . .. ,"1 .. ,
/ ,, ~ .. ..,.., ......
,, a:
,j,'
1 cm
, ...... ·-· ---............................................. -· .. .
. -
Mediastino do testículo
Vasos
sangu!neos
.....
----;;,.,;_
---------· ......,
Testículo •
e plexo pampiniforme
. ,
...............................................................
Figura 53 Testículo, secção longitudinal; exibição do fluxo sanguíneo na artéria testicular e no plexo pampiniforrne, em Doppler colorido_
Endereço do autor:
PROF-DR_ CORDULA POULSEN NAUTRUP
Institui für Tieranatomie
Tierãrztliche Fakultat
Ludwig-Maximilians-Universitãt
Miinchen
Layout:
SusANNE FASSBENDER,
assistente médico
Ilustrações:
GERTRUD POULSEN NAUTRUP
Gostaria de agradecer a FEINFOCUS Rõntgen-Systeme Co_ por permitir o uso de
seus aparelhos de raios X Microfocus_ Em relação ao suporte com vários equipa­
mentos de ultrassom, inclusive dos sistemas de Doppler colorido, gostaria de agra­
decer ao Dr. W. KÃSTNER, Hannover, além das empresas e pessoas mencionadas a
seguir: aTL Advanced Technology Laboratories, particularmente o Sr_ R-FISCHER,
DYNAMIC IMAGING, especialmente a Sra_$_ WILSON e o Sr_ T. GERHARDS, bem
como DIASONICS SonoGertron, sobretudo o Dr_ H_ SCMNEIDER-

MEMBRO PÉLVICO
Figura 54 Articulação do quadril, secção longitudinal.
Ç,_..:ç:::_:_::::-:_:-~ ... -l_i::e_c_º-u~~-º:s::.,.J:")·~ ;;-~ • ,•· t.:.00
Íleo • f."l ·. · · •· PeriósÍeo
~················
·-
" )'· ...
: ... ~.. : :
. '••·1~ /
~ Fêmur
Púbis
1 cm
(Kresken, J.-G., Kõstlin, R.G., Clinic of Veterinary Surgery, Ludwig-Maximilian-University, Munich.)
1 (Cabeça, epífise ossificada)
li Colo
PRENHEZ
Figura 55 Prenhez precoce, embrião, 20 dias após a concepção.
Figura 56 Prenhez, feto, 38 dias após a concepção.
Saco
................. Areada disposição
do batimento cardíaco
Embrião
,,_ ___ Parede uterina
Cabeça
Posição do feto:
dorsal
cranial + caudal
ventral
:
Cbração · · · ·
'•
1 cm ·······
Pescoço
Líquido placentário
······················,
....
······ ···················
·'
1 an
Figura 57 Estágio final da prenhez, feto com 52 dias após a ovulação. Imagem das cavidades torácica e abdominal, secção paramediana levemente oblíqua. Exibi·
ção da circulação fetal em Doppler colorido.
175

176
Introdução à tomografia computadorizada
Claudia Nõller
O termo tomografia computadoriwda (TC) é derivado da palavra grega tomos
(imagem de fatias). Por essa técnica, um objeto tridimensional é penetrado por
raios X vindos de diferentes direções. As inúmeras imagens bidimensionais re­
sultantes no monitor devem, porém, ser primeiramente calculadas a partir das
projeções mensuradas com o auxílio de um computador. Esses cálculos remon­
tam ao matemático austríaco Johann Radon, motivo pelo qual o sinal que se
origina no detector também é designado como a transformada de Radon do
objeto exibido. Nesse sentido, pela primeira vez em 1972, tornaram-se possíveis
as mensurações da densidade tecidual, que remontam a Godfrey N. Hounsfield
(mensuração da densidade tecidual) e AJlan M. Cormack (conceito de projeç.10
e penetração) (Henninger, 2002). A primeira publicação em medicina veteriná­
ria surgiu em 1980 em "Kleintierpraxis" (Rohde et ai., 1980).
Para ficar familiarizado com a TC, com suas bases físicas e os padrões de exa­
me em pequenos animais, assim como com seu modo de funcionamento, reco­
menda-se a leitura de uma ampla seleção de referências disponíveis (Henninger
e Pavlicek, 200 l; Henninger, 2002; Hofer, 2000; Schwarz, 2002). Na Figura 58, o
princípio da TC é demonstrado pictoricamente. Um tubo de raios X (A) fica em
posição oposta a diversos detectores (B) e é conectado com eles. O tubo gira em
um círctilo em torno do paciente e, durante essa rotação, emite continuamente
radiação X na forma de feixe radiante de largura pré-ajustada (espessura da
camada). O paciente, colocado entre o tubo de raios X e os detectores, absorve
parte da radiação; nesse caso, apenas uma parte reduzida da radiação colide
com a série de detectores (= perfil enfraquecido). Os dados obtidos são ava­
liados de forma mais ou menos rápida dependendo da capacidade de cálculo
do computador, e a imagem correspondente é reconstruída no monitor. Nesse
sentido, a imagem chega ao monitor para reprodução pictórica ( de modo seme­
lhante ao corte de pão em futias, pouco a pouco). Essa "fatia de pão" (camada
corporal de espessura fixa) será demonstrada como uma imagem de TC em re­
soluç.'\o de 512 x 512 pixeis. Contudo, deve-se notar que tal "disco" certamente
é representado em pixeis, mas, por trás dele, estão ocultos valores de densidade
média dos elementos de volume (voxels), que, por sua vez, devem ser obrigato­
riamente retratados de forma bidimensional (Fig. 58).
No levantamento resultante, as variações na densidade em comparação aos ar­
redores de alguma estrutura são indicadas na imagem obtida por TC. Desse
modo, uma variação com menos absorção que os arredores é designada hi­
podensa, enquanto aquela com comportamento similar de absorção recebe o
nome de hiperdensa.
Na representação das imagens obtidas por TC, três planos espaciais podem
ser distintos (Fig. 59). Geralmente, um conjunto de dados transversais de ima­
gens é absorvido e, depois disso, os outros dois planos de secção são calcula­
dos ou reformatados a partir do conjunto de dados existentes ( = reformataç.'\o
multiplanar, MPR).
As secções tomográficas em pequenos animais são predominantemente trans­
versais. Na medicina humana, essa secção é denominada de plano seccional
axial. Contudo, esse termo aparece confuso na medicina veterinária, sobretudo
na secção da cabeça.
A chamada secção sagital é obtida se o paciente for posicionado paralelamente
ao seu eixo longitudinal.
Na medicina veterinária, o terceiro plano espacial recebe o nome de secç.'\o
dorsal. Novamente, na cabeça, há diferenças na nomenclatura em comparação
aos seres humanos, uma vez que, na medicina humana, é denominado plano
de secç.'\o coronal (frontal).
O exame tomográfico computadorizado transcorre com o animal sob anes­
tesia geral; e, em cada caso, requisitos clínicos determinam a região (cabeça,
região cervical cranial, tórax, abdome, pelve, ossos longos, coluna vertebral e
articulações) a ser examinada. O posicionamento do animal (exceto da coluna
vertebral) é simétrico na posição toracoabdominal. O exame da coluna verte­
bral é feito, de preferência, na posição dorsal, já que, na posição toracoabdo­
minal, podem aparecer deslocamentos dorsoventrais das vértebras em virtude
dos movimentos respiratórios.
No início do exame de TC, são gerados dois tomogramas (um escanograma,
outro piloto) {Fig. 60), que correspondem à radiografia laterolateral ou dorso­
ventral. Com esses tomogramas, a própria varredura é planejada, com defini­
ção do número de secções, determinação da inclinação do pórtico (ver Fig. 58)
e resolução do controle de posicionamento.
Imagem no monitor
~ Voxel
!
Pixel
Figura 58 Representação esquemática de tomografia computadorizada de
pequeno animal. modificada segundo Hofer (2000). O tubo de raios X (A) está
localizado do lado oposto à fileira de detectores (1-16 linhas = B na abertura do
chamado pórtico ou "barril" de TC).
transversal sagital dorsal
axial/transversal sagital coronal/frontal
Figura 59 Comparação da nomenclatura dos planos seccionais da cabeça do
ser humano em relação ao animal.
Figura 60 Tomograma laterolateral
para as regiões torácica e abdominal
com guia {orientação) marcada para
as secções. {Imagem por TC: VUW
Wien, Klinik für Rõntgenologie, Prof. E.
Mayrhofer.)

A espessura da secção e o avanço da mesa dependem da região a ser exa­
minada e do porte do animal. Dessa forma, para o exame da cabeça e, parti­
cularmente, do nariz e dos seios paranasais de um cão de 5 kg, por exemplo,
estão descritos um intervalo e uma espessura de secção de 2 mm na literatura
especializada (Henninger e Pavlicek, 2001). Isso significa que o feixe de raios X
é focalizado a 2 mm(= espessura da secção, espessura do "disco") e a mesa (o
avanço d) se desloca para frente 2 mm depois do ciclo rotacional ( = avanço da
mesa/intervalo da secção), para produzir a imagem seguinte. Isso ocorre mais
ou menos de forma semelhante ao "siga e pare" do tráfego em uma rodovia e
corresponde ao manejo das secções camada por camada. Em contraste a isso,
na tecnologia de TC espiral, há um movimento para a frente ou um avanço
contínuo da mesa (hélice ou espiral) com camadas sobrepostas. A vantagem
desse método reside na velocidade com que a varredura pode ser realizada.
Uma vantagem adicional é a aquisição de apenas um único conjunto de dados
de volume, o que talve2 torne possível um subsequente cálculo sem erros.
A radiação, que se choca com os detectores após a absorção pelo tecido, é de­
monstrada em tons de cinza na imagem resultante no monitor. Os aparelhos
atuais demonstram até 4.096 tons de cinza, que representam os diferentes valo­
res de densidade do tecido em unidades de Hounsfield (HU). A calibragem é
feita com base nos valores de densidade da água (O HU) e do ar (-l.000 HU).
Dependendo das condições de iluminação, o olho humano é capaz de distin­
guir apenas 20 a 50 diferentes tons de cinza, embora até 256 tons possam ser
demonstrados no monitor.
UNIDADES DE HOUNSFIELD em pequenos animais:
(segundo Henninger e Kneissl, 2004)
Osso compacto
Osso esponjoso
Disco intervertebral
Musculatura
Parênquima
Sangue
Cérebro
Líquido cerebrospínal
Água
'Tecido adiposo
Pulmão
+1.600
+500 a 800
+80 a 120
+50 a 80
+40 a 70
+40 a 55
+40 a 45
+ 10 a 20
o
-50a-130
-600 a -800
Para ser capaz de avaliar a in,agem a olho nu (20 a 50 tons discerníveis de
cinza), bem como os vários tecidos e estruturas na TC (4.096 tons possíveis de
cinza), o ser humano é auxiliado com a témica da janela (Fig. 61). Com essa
técnica, é possível examinar apenas um determinado espectro de tons de cinza
(uma janela). A intensidade de imagem das outras áreas diminui gradualmen­
te. Ao se fazer isso, distingue-se, por um lado, o nível médio da janela (nível da
janela, WL) e, por outro, a largura da janela (WW !siglas em inglês)). O nível
da janela é selecionado no local onde se localiza a região densa do tecido a ser
examinada. A largura da janela exerce impacto sobre o contraste da imagem.
Na avaliaç,'io resultante da imagem, o examinador deve estar ciente de que a
imagem deve ser estudada em, no mínimo, duas janelas diferentes, já que as
alterações podem facilmente passar despercebidas.
Como auxílio extra com os achados da imagem obtidos por TC, pode-se fazer
uso dos algoritmos de reconstrução. Com esse método, podem ser obtidos, por
exemplo, efeitos de elevação das extremidades a partir dos dados brutos (não
dos dados da imagem!) para demonstraç,'io especial de osso. Como regra, a re­
construção é auferida a partir dos dados "mais moles" (dependendo de como os
dados são produzidos). Um exemplo: para as estruturas ósseas no nariz, uma
demonstração especial do osso com ênfase nas extremidades mostrou-se bem­
-sucedida (Nõller, 2006). As varreduras da cabeça por TC ocorrem, em princípio,
calculando-se uma média de algoritmo de reconstrução de imagem, como, por
exemplo, "detalhe" (mole > padrão> detalhe >osso> extremidade> desempe­
nho), a fim de reconstruir as estruturas mais moles (mole para o cérebro) ou até
mesmo as mais duras (desempenho para o osso) se necessário (Fig. 62).
Para muitos estudos por TC, há necessidade de uma série contrastada (Fig.
63) imediatamente após a série natural. Esses meios de contraste permitem que
o veterinário tire conclusões sobre a nature1..a das alterações patológicas.
Modelos volumétricos tridimensionais (modelos em 30) podem ser recons­
truídos a partir do conjunto de dados obtidos por TC. t comprovado que esses
modelos são representações realísticas, eminentemente adequadas para refres­
car a imaginação muitas vezes superestressada. No futuro, os modelos em 3D
também desempenharão um papel ainda maior na rotina clínica, já que, em
virtude das espessuras ajustadas cada vez menores da fatia, a abundância de
dados e informações aumenta consideravelmente. Por esse motivo, é preciso
dar especial atenção ao erro (distorção por inclinaç,'io do pórtico, efeito devo­
lume parcial) decorrente das reconstruções em 3D (Nõller, 2006).
Figura 61. Varredura por TC na janela pulmonar (à esquerda, cavidade torácica)
e na janela de tecidos moles com meio de contraste (à direita, cabeça). A técni­
ca da janela possibilita a avaliação de tecidos com diferentes densidades. Se,
por exemplo, o pulmão for avaliado, deve ser examinado apenas em uma janela
pulmonar. No entanto, ao se fazer isso, todas as estruturas não pulmonares de
tecido mole são excluídas da avaliação. Na janela de tecidos moles, por outro
lado, a estrutura fina do pulmão é perdida pelo observador. (Varredura por TC:
VUW Vienna, Klinik für Rõntgenologie, Prof. E. Mayrhofer.)
Figura 62 Reconstrução do algoritmo de detalhe (à esquerda) na performance
algorítmica (à direita) na janela óssea. (Varredura por TC: Dissertation Nõller
2006, Freie Universitat Berlin.)
Figura 63 Comparação de imagem por TC nativa (à esquerda) e imagem por
TC enriquecida com meio de contraste (à direita) na janela de tecidos moles. A
eliminação do meio de contraste ocorre pelos rins. Na imagem à direita, o rim
esquerdo acumulou o meio de contraste fisiológico. Nesse caso, o córtex do rim
pode ser muito bem diferenciado da medula do rim. A concentração do meio
de contraste ocorre em tecidos intensamente vascularizados e, por essa razão,
é adequada para o diagnóstico de tumores bem vascularizados. No presente
caso, o rim direito não se encontra uniformemente sombreado ou denso como
tecido mole. À esquerda, a vértebra é penetrada por massa densa de tecido
mole, que comprime a medula espinal consideravelmente. (Varredura por TC:
VUW Vienna, Klinik für Rõntgenologie, Prof. E. Mayrhofer.)
177

178
Anatomia da varredura por TC
Claudia Nõller
Em virtude da grande importância clínica da tomografia computadorizada,
é impreterivelmente necessário o conhecimento básico de anatomia. Primei­
ro, o radiologista precisa ter conhecimento anatômico sólido, que o capacite
a responder com segurança às questões clínicas sobre as imagens obtidas por
varredura. Como o procedimento se baseia na radiaç.'io X, é particularmen-
20
3S
35---:--:-----•--

, ~
te adequado para a demonstração de estruturas ósseas e órgãos pneumáticos.
Apenas a cabeça exibe nítida complexidade e grande variação, portanto. essa
região é especialmente estudada aqui. Em contraste aos dentes e ossos (WL 480
Wv\l 2.500), uma janela óssea modificada é conveniente para a demonstração
das conchas (WL -300 e ·ww 2.500).
Figuras do nariz
1 Prega alar
2 Prega basal
3 Prega reta
4 Tecido erétil ventral do septo nasal
5 Tecido erétil dorsal do septo nasal
6 Duelo incisivo
7 Papila incisiva
8 Meato nasal dorsal
9 Concha nasal ventral (CNV)
9' Lâmina basal da CNV
9• Parte caudal da CNV
1 O órgão vomeronasal
11 Dueto vomeronasal (para o septo nasal)
11' Asa do vômer
12 Osso nasal
13 Maxila
13' Processo zigomático
14 Meato nasal comum
15 Meato nasal ventral
16 Canal infraorbital
16' Forame maxilar
17 Concha nasal dorsal, endoturbinado 1
18 Concha nasal média, endoturbinado li
Ili Endoturbinado Ili
IV Endoturbinado IV
19 Septo nasal
20 Osso zigomático
21 Fossa lacrimal
22 Recesso maxilar
23 Coana (extremidade caudal)
24 Corpo da mandíbula
24' Ramo da mandíbula
24" Processo condilar
25 Língua
26 Cavidade da boca
27 órbita
28 Meato nasofaríngeo
29 Ectolurbínado 1
30 Ectoturbinado 2
30' Cavidade envolvida pelo ectoturbinado 2
31 Ectoturbínado 3
32 Ectoturbinado 4
33 Ectoturbínado 5
34 Ectoturbinado 6
35 Seio esfenoidal
36 Seio frontal lateral
37 Seio frontal medial
38 Lâmina externa do osso frontal
39 Lâmina interna do osso frontal
40 Palato mole
41 Osso esfenoide
42 Osso hióideo
43 Cérebro
44 Articulação temporomandibular
45 Osso temporal, fossa mandibular
45' Osso temporal, processo zigomático
Imagens obtidas por TC: Dr. Ludewig e Dr. Kiefer,
Klinik für Kleintiere, Vet.-med. Fakultãl, Universitãt
Leipzig (Diretor: Prof. Dr. G. Oechtering).

Nesta página, por meio de exemplos, acompanhando as figuras da orelha, há
algumas secções transversais do tórax (WW 1.500 e WL -600 para a avaliação
do pulmão, bem como WW 350 e WL 40 para a avaliação dos tecidos moles).
42' Timpano-hióideo
46 Nervo facial no canal facial
47 Parte escamosa do osso temporal
48 Bula timpânica
49 Membrana timpânica com o manúbrio do
martelo
50 Artéria carótida interna no canal carotídeo
(carótico)
51 Forame jugular
52 Osso occipital
53 Bigorna
54 Meato acústico interno
55 Cóclea
56 Meato acústico externo
57 Traqueia
58 Lobo cranial, pulmão direito
59 Esôfago
60 M. longo do pescoço
61 Esternebras
62 Costela
63 Parte cranial do lobo cranial, pulmão
esquerdo
64 Aorta
65 Veia cava cranial
66 Mediastino
67 Tronco pulmonar
67' Artéria pulmonar esquerda
67" Artéria pulmonar direita
68 Brônquio principal
69 Brônquio lobar cranial
69' Brônquio segmentar do brônquio lobar
cranial
70 Ventrfculo esquerdo
71 Veia ázlgos direita
72 Veias pulmonares
73 Brônquio lobar. lobo médio
7 4 Brônquio lobar, lobo acessório
75 Veia cava caudal
76 Lobo caudal (pulmão esquerdo)
77 Lobo acessório (pulmão direito)
78 Lobo caudal (pulmão direito)
79 Lobo médio (pulmão direito)
80 Processo espinhoso
81 Arco da vértebra
82 Processo transverso
83 Escápula
84 Espinha da escápula
85 Tubérculo costal
86 Corpo da costela
87 Cabeça da costela
88 Músculo supraespinal
89 Músculo infraespinal
90 Corpo da vértebra
91 Músculo subescapular
92 Medula espinal
93 Veias subclávias direüa e esquerda
94 Artéria subclávia esquerda
95 Artéria e veia torácicas internas
96 Artérias carótidas comuns direita e esquerda
97 Artéria vertebral
98 Brônquio lobar caudal
Imagens obtidas por TC: Dr. Ludewig e Dr. Kiefer,
Klinik für Kleintiere, Vet.-med. Fakultãt, Universüãt
Leipzig (Diretor: Prof. Dr. G. Oechtering).
179

180
Contribuições para a anatomia clínica e funcional
4.1 A EPIDERME comprimida durante o período embrionário e deslocada em di­
reção à derme forma cistos epidermoides (ateroma verdadeiro; ver também
6.1 ), que podem alcançar diâmetro de até 5 cm. Além disso, cistos dermoides
apresentam, em suas paredes, constituintes de complexos de órgãos da epider­
me (folículos pilosos, glândulas sebáceas e glândulas sudoríferas).
4.2 O ESTRATO CÓRNEO ou simplesmente queratina forma a barreira semiper­
meável essencial da epiderme. Consiste em células epidérmicas queratiniza­
das unidas entre si por meio de cemento intercelular semelhante a tijolos
unidos por argamassa em uma parede. O cemento intercelular é formado no
estrato espinhoso durante a queratini1.ação e secretado pelas vesículas reves­
tidas por membrana nos espaços intercelulares. Os componentes básicos do
cemento intercelular são lipídios, em particular ceramidas, unidos por liga­
ção química por meio de glicoproteínas do envelope das células epidérmicas.
No pênfigo autoimune, a ocorrência de reação autoimune contra essa gli­
coproteína induz ao destacamento das células epidérmicas umas das outras.
Como consequência disso, ocorrem expansão dos espaços intercelulares e
formação de vesículas. O processo contínuo de neocrescimento e querati­
nização das células epidérmicas despende energia e nutrientes. Essas células
finalmente se cornificam e são separadas da epiderme por meio de desca­
mação ou esfoliação. O processo é regulado por um mecanismo de feedback.
Uma interrupção desse equilíbrio dinâmico, por exemplo, em deficiências de
vitamina A e zinco, pode levar ao espessamento do estrato córneo (hiper­
queratose). Em desarranjo congênito (p. ex., ausência de esteroide-sulfatase
em ictiose congênita) ou adquirido (p. ex., deficiência de ácido graxo) do
metabolismo lipídico, forma-se o cemento intercelular de qualidade inferior,
levando à seborreia como sequela visível.
4.3 Em diferentes regiões do corpo, as fibras colágenas e elásticas do CÓRIO
(derme) possuem, às vezes, orientação definida exibida através das chamadas
linhas de clivagem ou de tensão. Incisões cirúrgicas feitas através das linhas
resultam em deiscência das feridas cutâneas, cujas bordas se afastam. As mar­
gens das incisões feitas ao longo das linhas de clivagem ficam juntas, livres
de tensão. Em injeções intradénnicas (i/d), o resistente tecido conjuntivo do
estrato córneo permite apenas a aplicação de pequenas quantidades de líquido.
O material injetado por via intradérmica entra restritamente em contato com
o mecanismo de defesa da pele e, por esse motivo, esse tipo de injeção é empre­
gado em testes de alergia.
4.4 Do mesmo modo, a frouxa TELA suBCUTÃNEA (hipoderme) de cães é bem­
-adaptada a injeções subcutâneas, que empregam volumes maiores de líqui­
do. As cargas de pressão usuais ou regulares podem resultar na formação de
bolsas subcutâneas sobre uma base sólida, como alguma proeminência óssea.
Es.~as bolsas são encontradas, por exemplo, sobre o túber do olécrano em raças
caninas mais pesadas.
4.5 Os PELOS da pelagem e os PELOS LANOSOS da subpelagem passam por ciclo
regular que determina o crescimento dos pelos no outono e na primavera.
Es.w ciclo é regulado pela epífise ou glândula pineal, dependendo da duração
da luz do dia e da temperatura do ambiente.
6.1. A SECREÇÃO DAS GLÂNDULAS SEBÁCEAS é misturada com a das glândttlas su­
doríferas no dueto excretor do folículo do pelo e forma um filme lipídico su­
perficial sobre a pele e os pelos. Isso confere intenso efeito repelente à água,
particularmente com pelagem muito espessa. A ocorrência de obstrução dos
orifícios foliculares resulta no acúmulo de secreção e na formação de peque­
nos cistos foliculares de retenção (ateroma falso, ver também 4.1). O apare­
cimento de acne ocorre pelo aumento da secreção sebácea, combinado com
hiperqueratose no folículo do pelo. Essa secreção pode ser espremida para fora
do folículo, como se fosse um produto em formato de salsicha.
6.2 A secreção das GLÂNDULAS CERUMINOSAS DA ORELHA é misturada com célu­
las epidérmicas descamadas e forma a cera (cerume) da orelha amarelo-acas­
tanhada. Em caso de obstrução do meato acústico externo por crescimento
excessivo de pelos, como ocorre repetidamente em poodles, a cera da orelha
acumula-se e, por conta de decomposição bacteriana, pode gerar otite externa
ceruminosa como consequência.
6.3 As GLÂNDULAS CIRCUM-ANAIS (PERIANAIS) são glândulas hepatoides que não
possuem duetos excretores. Sob a influência de andrógenos, essas glândulas
são predispostas à hiperplasia, que ocorre em wna frequência dez vezes maior
em cães machos do que nas cadelas. Com distensão mais acentuada, podem
formar abscessos, ulcerar ou formar fístulas sob o revestimento dom. esfínc­
ter externo do ânus e, nesses casos, são submetidas a tratamento cirúrgico.
Os adenocarcinomas mais incomuns das glândulas sudoríferas circum-anais
apócrinas produzem paratormônio autônomo (pseudo-hiperparatireoidismo).
Por isso, em hipercalcemia de gênese duvidosa, a região perianal deve ser obri­
gatoriamente examinada em busca de tumores.
6.4 Em relação aos sE1os PARANAIS, ver o item 56.5.
6.5 As GLÂNDULAS DA CAUDA estão situadas dorsalmente às vértebras caudais
V a VII. Normalmente, em canfdeos silvestres, essas glândulas são comple­
tamente desenvolvidas e servem para reconhecimento olfatório mútuo. Seus
primórdios no cão são considerados atávicos, deixando de ter função apa­
rente. Em sua síntese histológica, essas glândulas correspondem a glândulas
circum-anais hepatoides. Em cães machos idosos, são predispostas à hiper­
plasia, combinada eventualmente com alopecia local. Esse distúrbio, então,
aparece sob a forma de tumefação relativamente macia, identificada como
calo ou área glabra.

.. .... • 4-<"t.
. -. '
6.5 Hiperplasia das glândulas
(dorsais) da cauda em hovawart
macho.
6.6 No revestimento subcutâneos dos cox1Ns, encontram-se as células adiposas
incompressíveis -comparáveis à sola interna de sapato de corrida -envoltas por
septos de tecido conjuntivo elástico. De forma elástica, absorvem as forças acu­
muladas durante o contato dos pés com o chão e protegem os ossos das falanges
contra compressão. A forte carga mecânica gerada pela epiderme do co,dm ne­
cessita de alta taxa de formaç.'\o epidérmica garantida pela vascularização muito
boa do cório do coxim. Por essa razão, lesões dos coxins sangram intensamente.
6.7 As GARRAS (unhas) que sofrem atrito insuficiente ficam muito longas, po­
dem enrolar e, por fim, ficar encravadas. Particularmente, é isso que ocorre
com a garra do primeiro dedo que não participa do contato com o chão. Por­
tanto, deve ser examinada regularmente e cortada se necessário. Para o corte
das garras, deve-se observar que a garra não está localiwda em ângulo reto
em relação à bainha da garra; pelo contrário, dependendo da taxa de desgaste
natural pelo uso, a garra deve ser encurtada em ângttlo levemente agudo.
8.1 A COLUNA VERTEBRAL é elemento essencial da estrutura parabólica da pon­
te tendínea arqueada, que distribui a sustentação da carga do tronco entre os
membros torácicos e pélvicos. Simultaneamente, essa construç.'\o possui alta
flexibilidade que depende da soma dos pequenos acréscimos de movimento
entre cada vértebra. A dinâmica permitida pela curvatura em formato de S
da coluna vertebral é demonstrada particularmente no passo largo de cães de
corrida. Isso não é possível em animais ungulados que possuem suas colunas
vertebrais basicamente estendidas.
8.2 No uso coloquial anatômico, a TERMINOLOGIA RELACIONADA As VÉRTEBRAS deri­
va-se do latim vertebra e, no uso clínico, do grego spondylos.
8.3 HEMIIIÉRTEBRAS possuem formatos irregulares atribuídos à fusão de corpos
de vértebras ou de vértebras completas, com base na interrupção do desen­
volvimento. Com frequência, ocorrem particularmente em raças caninas bra­
quicefálicas ou de crânio curto. As hemivértebras podem causar deformação e
curvatura da coluna vertebral nos sentidos lateral (escoliose), ventral (cifose)
ou dorsal (lordose). Em virtude da constrição do canal vertebral, isso pode
produzir sintomas de paralisia.
8.3 Desenvolvimento comprometido de vT13 e vl2, produzindo hemivértebras
com consequente lordose.

8.4 O CANAL VERTEBRAL protege a sensível medula espinal contra influências
externas. A existência de canal central parcialmente patente congênito é
acompanhada, quase sempre, por sintomas clínicos, tais como paralisia, in­
continência urinária ou fecal. Essa anomalia oriunda da interrupção do desen­
volvimento recebe o nome de espinha bífida (raquisquise). As vértebras mais
afetadas são as lombares e sacrais, porém, mais raramente aquelas das regiões
cervical e torácica também são afetadas. Na espinha bífida aberta, as meninges
ficam expostas na superfície, enquanto na espinha bífida oculta, a pele se en­
contra fechada, permanece intacta e cobre o defeito. O estreitamento do canal
vertebral constitui uma causa frequente de desarranjos funcionais da medula
espinal. Podem ser oriundos de discopatias (ver 10.3), deformações das jun­
turas vertebrais, subluxações ou luxações (ver 10.1 e 10.2), defeitos vertebrais
(ver 8.3) e, mais raramente, tumores e hematomas. Uma instabilidade das vér­
tebras cervicais caudais (espondilomielopatia cervical caudal ou síndrome
de Wobbler) ocorre congenitamente, sobretudo em cães de grande porte e,
nesse caso, a raça dobermann exibe predisposição. Ao exame radiográfico, essa
instabilidade leva ao encurtamento evidente dos espaços intervertebrais e ao
estreitamento do canal vertebral. A compressão crônica da medula espinal com
déficit neurológico típico é uma sequela.
*
vC7
8.4 Demonstração mielográfica de estre~amento (•) do canal vertebral ao nível
de vC6 e vC7 em dobermann com síndrome de Wobbler.
8.5 A RESSECÇÃO COMPLETA OU PARCIAL DO ARCO VERTEBRAL (LAMINECTOMI.A, HEMI­
LANECTOMIA) constitui o método mais frequentemente empregado para alívio
cirúrgico de compressão sobre a medula espinal causada por constrição do
canal vertebral na região toracolombar.
8.6 As protuberâncias ósseas deformantes crônicas (osteófitos) dos CORPOS E
JUNTURAS VERTEBRAIS (espondilose deformante) representam os achados radio­
gráficos acidentais mais frequentes em cães idosos. Especialmente em boxers,
os osteófitos podem atingir dimensões consideráveis com consequente fusão
completa das vértebras lombares entre si (espondiloartrose anquilopoética).
Em casos mais raros, ocorrem sintomas clínicos nos locais onde os processos
transversos em geral direcionados ventralmente comprimem os nervos espi­
nais em sua emergência pelos forames intervertebrais.
8.6 Espondilose deformante pronunciada de vl2 a vl5 com fusão de vl2 e vl3
(espondiloartrose anquilopoética).
8. 7 Anomalias da COLUNA VERTEBRAL CAUDAL ocorrem de várias formas e, do
ponto de vista do criador, são desejáveis em algumas raças, tais como buldogue
francês e pug. A consequente reprodução de cães sem cauda associa-se com
inúmeros outros defeitos vertebrais, tais como espinha bífida. Por essa razão,
do ponto de vista da proteção animal, isso compromete a reprodução de qua­
lidade.
1 o. 1 A INSTABILIDADE DA ARTICULAÇÃO ATLANTOAXIAL provoca flexão excessiva da
articulação, levando à compressão da medula espinal e ao desenvolvimento de
déficit neurológico. A ocorrência desse distúrbio é congênita em raças caninas
anãs e se deve à hipoplasia ou à aplasia do dente do áxis. Também é causada por
traumatismo com fratura do dente do áxis (fratura do pescoço) ou ruptura dos
ligamentos articulares associados.
10.1 Subluxação atlantoaxial com
constrição do canal vertebral (seta).
10.2 Alterações na região da ARTICULAÇÃO LOMBOSSACRAL causam compressão da
cauda equina que pode estar associada com dor, par.ilisia, ataxia e paresia dos
membros pélvicos, bem corno incontinência urinária e fecal. As causas mais
frequentes são alterações degenerativas em vL7 e vSI (espondiloses, ver 8.6),
herniação de disco (ver 10.3) e proliferação dos ligamentos amarelos (flavos),
induzindo à estenose dorsoventral do canal vertebral.
10.2 Estreitamento do canal vertebral e dos forames intervertebrais entre vl7 e
vS1 em cão com síndrome de compressão da cauda equina. (Tomografia com­
putadorizada: Animal Clinic Krüger, Hamburg.)
10.3 Os Discos 1NTERVERTEBRA1s sofrem processos de reconstrução que depen­
dem da idade e evoluem rapidamente em raças caninas condroplásicas por
volta de I ano de idade. O núcleo pulposo e as lâminas internas de tecido con­
juntivo do anel fibroso aumentam de tamanho em virtude do tecido cartila­
ginoso de reposição (metaplasia condroide). Nutrição deficiente por difusão
oriunda dos vasos sanguíneos periféricos induz a alterações degenerativas e
calcificações distróficas, ambas as quais são evidentes em radiografias. O nú­
cleo pulposo reconstruído não se localiza no lugar apropriado e, consequente­
mente, forças de compressão axial promovem seu desarr.injo e sua remoç.10. A
sobrecarga resultante das fibras do anel fibroso produz estiramento excessivo e
abaulamento dorsal ou, então, essa sobrecarga pode arrancar o núcleo pulposo
com impero no sentido dorsal, resultando em herniação do núcleo pulposo no
canal vertebral. O prolapso de disco leva à compressão da medula espinal e/
ou das raízes dos nervos espinais. Isso produz dor caudal severa, bem como
ataxia e paresia de grau baixo a médio, conforme observado com frequência
na "paralisia do Dachshund''. A herniação de disco gera alto grau de dano à
medula espinal, com déficit neurológico grave correspondente. A localização
mais frequente de discopatias é a região de transição toracolombar entre vTII
e vL3, sucedida pela coluna vertebral cervical entre vC2 e vC7. O prolapso de
disco é raro na região das vértebras torácicas entre vT2 e vTl0 em função dos
ligamentos intercapitais completamente desenvolvidos. Em geral, o ligamento
longitudinal dorsal evita a ocorrência de ruptura dorsal direta ou herniação
do disco intervertebral e bloqueia o núcleo pulposo, que é impulsionado para
a frente. Em caso de herniação do disco, associada com sintomas neurológicos
graves, é essencial a realização de descompressão cirúrgica da medula espinal.
Isso implica na abertura do canal vertebral e na remoção do material prolapsa­
do. Na região toracolombar, prefere-se o procedimento de hemilaminectomia
(ver 8.5). Para aliviar a pressão exercida sobre a medula espinal cervical, cria­
-se um slot, ou "fenda ventral': na linha mediana ventral dos corpos vertebrais,
cranial e caudalmente ao disco intervertebral acometido. Dependendo do caso,
10.3 Hérnia de disco entre vC2 e
vC3.
1 Canal vertebral;
2 Prolapso do núcleo pulposo;
3 Corpo de vC3;
4 Processo transverso de vC2.
(Tomografia computadorizada: Animal
CUnic Krüger, Hamburg.)
181

182
isso mede um terço do comprimento ou da largura de um corpo da vértebra.
A remoção de material prolapsado por meio de fenestração ventral do anel
fibroso pode obter, mas nem sempre, alívio adequado da pressão.
12.1 A SÉRIE TORÁCICA DORSAL DE NERVOS SUBCUTÀNEOS forma o ramo aferente
do arco reflexo do panículo (reflexo cutâneo). A irritação da pele ao longo da
linha dorsal leva reflexamente à estimulação do nervo torácico lateral e, com
isso, à contração do m. cutâneo do tronco.
14.1 A VEIA JUGULAR EXTERNA pode ser utilizada na coleta de grandes quanti­
dades de sangue para transfusão sanguínea e também é acessível quando as
veias periféricas já sofreram colabamento. Essa veia também constitui o local
de escolha para cateterização venosa central.
14.2 O NERVO LARÍNGEO RECORRENTE, localizado ao lado da traqueia, deve ser leva­
do em consideração e completamente preservado em cirurgias do pescoço, so­
bretudo naquelas que envolvam a abordagem ventral à coluna vertebral cervical.
O dano ao nervo resulta em paralisia unilateral ou hemiplegia da laringe.
14.3 O UNFONODO CERVICAL suPERACIAL é facilmente palpável e deve ser examina­
do em busca de alterações durante cada exame clínico geral.
14.4 O transp01te de bolus deglutidos para o ESÔFAGO se dá por contrações da
musculatura esofágica, que é ondulada, direcionada aboralmente e involun­
tária. O peristaltismo ocorre de maneira automática após o início do reflexo
da deglutiç.'io, mas também é promovido diretamente ou até liberado por es­
tímulos mecânicos. Dessa forma, não é garantido o transporte completo de
pequenas partículas, como comprimidos, que não exercem qualquer estimulo
de estiramento. A interrupção da motilidade pode envolver a região de tran­
sição entre a faringe e o esôfago localmente ou toda a musculatura esofágica. A
interrupção da motilidade faringoesofágica é causada por desarranjo neuro­
muscular congênito com paralisia do m. cricofaríngeo (acalasia cricofaríngea,
ver 102.1), mas também pode resultar de cinomose ou raiva, por exemplo. O
distúrbio de motilidade da musculatura esofágica resulta em transporte insu­
ficiente de alimento e dilatação do esôfago (megaesôfago). A origem pode ser
algum defeito congênito da inervação, problema ao qual os pastores alemães
são predispostos, bem como sequelas neurogênicas secundárias ou doenças
miogênicas, como polineurite e miastenia grave. Em casos mais raros, a ocor­
rência de dilatação do segmento caudal do esôfago deve-se ao relaxamento
insuficiente dom. esfíncter do cárdia.
Corpos estranhos, tais como ossos deglutidos, "emperram" no esôfago, obs­
truem o lume parcial ou completamente (obstrução). As regiões anatômicas
estreitas predispostas à obstrução são a abertura ou entrada cranial do tórax,
aquela na base do coração, e o hiato esofágico do diafragma. A estimulação
continua por estiramento causado pela presença de corpos estranhos pode le­
var ao espasmo da musculatura esofágica, que, por sua vez. pode culminar em
declínio da circulação sanguínea, necrose isquêmica e, por fim, perfuração da
parede do esôfago. A constrição extrínseca do esôfago (estenose) é causada
com maior frequência por anomalias no trajeto dos grandes vasos sanguíneos
(aorta do lado direito, ver 44.4}
14.4 Radiografia contrastada de megaesôfago pré-cardial em cão com aorta do
lado direito e persistência do dueto arterioso.
14.5 A CONSTRIÇÃO DA TRAQUEIA (ESTENOSE TRAQUEAL) induz à dispneia. A princi­
pal causa dessa constrição consiste em fraqueza e superest iramento da parede
membranosa e dom. traqueal, resultando no achatamento dorsoventral da tra­
queia (colapso traqueal). O distúrbio é diagnosticado quase exclusivamente
em raças caninas anãs (yorkshire terrier, poodle loy, chihuahua} e apresenta,
ao menos em parte, origem congênita. Alterações na forma, taís como achata­
mento lateral (traqueia em bainha} ou hipoplasia das cartilagens traqueaís no
buldogue, são raramente congênitas. A ocorrência de dispneia aguda poten­
cialmente letal causada por obstrução das vias aéreas superiores', por exemplo,
ll'N.R.C.: Termo permanecerá apesar de ser adequado paro o ser humano bipede, e não para
os animais qu~,drúpedcs.
em edema de laringe, pode ser tratada pela abertura da traqueia (traqueoto­
mia). Após exposição ventromediana da traqueia, efetua-se incisão através de
um dos ligamentos anulares entre as cartilagens traqueias II a V, onde é intro­
duzido tubo traqueal em formato de T.
14.5 Achatamento da parte intratorácica da traqueia (colapso traqueal) em
yorkshire terrier. A radiografia foi obtida durante a fase expiratória.
14.6 A GLÀNDULA TIREOIDE é uma glândula endócrina que, em virtude da libera­
ção controlada de seus hormônios tetraiodotironina (tiroxina) e tri-iodotiro­
nina na corrente sanguínea, regula a intensidade do metabolismo. Além disso,
suas células parafoliculares, ou células C, produzem o hormônio calcitonina,
cuja liberação causa declínio no nível de cálcio. A tireoide desenvolve-se, com
sua maior parte dorsalmente, a partir da endoderme da raiz da língua. (As
células C se originam dos corpos ullirnobranquiais e, inicialmente, da crista
neural.) O dueto tireoglosso desce da língua até o limite laringotraqueal ven­
tral. A extremidade distal do duelo tireoglosso se desenvolve nos lobos direito
e esquerdo da glândula tireoide, bem como no istmo glandular, que, em cães,
desenvolve-se completamente apenas de maneira ocasional. Normalmente, as
partes remanescentes do dueto regridem por completo. Os resquícios manti­
dos individualmente diferenciam-se em glândulas lireoides acessórias. Esses
resquícios podem ocorrer em todos os órgãos que, durante o desenvolvimen­
to embriológico, têm contato com o primórdio da glândula tireoide, a saber:
língua, laringe, traqueia e base do coração. Ocasionalmente, pode ocorrer o
desenvolvimento de cistos do dueto tireoglosso, em geral, na base da língua. O
tamanho da glândula tireoide depende de uma série de fatores, tais como peso
corporal, idade, sexo eestaç.'io do ano, e pode ser determinado por meio ultras­
sonográfico. Qualquer forma de aumento de volume da tireoide é conhecida
como bócio e tem muitas origens. Um exemplo clássico é o bócio causado por
deficiência crônica de iodo presente em populações que residem em áreas com
déficit desse elemento, como o sul da Alemanha. Em cães, bócios relaciona­
dos a tumores são frequentemente malignos (bócio carcinomatoso). Nas raças
como beagles, que são predispostos ao problema, uma inílamação autoimune
relativamente frequente da tireoide (tireoidite) pode causar redução do tama­
nho da glândula e hipofunção (hipotireoidismo).
14.6 e 14.7 Secção longttudinal sonográfica através da glândula tireoide (1) e da
glândula paratireoide externa cranial (2).
14.7 As GLÃNDULAS PARAT1RE010Es regulam o metabolismo de cálcio e fósforo. Seu
hormônio, o paratormônio, atua como antagonista da calcitonina, resultando
em aumento nos níveis sanguíneos de cálcio e simultânea redução nos níveis
de fósforo. Dentro de pouco tempo, a falência funcional das glândulas para­
tireoides induz à tetania hipocalcêmica, potencialmente letal; este é o motivo
pelo qual as glândulas paratireoides são incondicionalmente preservadas em
cirurgia da tireoide. Erros na alimentação (p. ex., com alimentação predomi­
nantemente à base de carne, sobretudo em cães jovens) constituem uma fonte
frequente de exposição excessiva ao fósforo e/ou suprimento insuficiente
de cálcio. A contrarregulaçâo resulta em produção elevada do paratormônio
(hiperparatireoidismo secundário nutricional} e, por fim, hiperplasia das
glândulas paratireoides. A sequela consiste no aumento da reabsorção de cál­
cio pelos ossos e, por essa raz.'io, esse problema também recebe o nome de os­
teoporose juvenil ou os1eodis1rofia fibrosa. A desmineralização de ossos leva
à deformação dos ossos longos e tende à ocorrência de fraturas em gaU10 verde
das vértebras. Uma causa típica de hiperplasia das glândulas paratireoides em

cães idosos é a insuficiência renal crônica, a qual, por interrupção da absorção
enteral de cálcio e por aumento da produção do paratormônio (hiperparati­
reoidismo renal secundário), causa hipocalcemia com consequências equiva­
lentes para o sistema esquelético.
Adenomas das glândulas paratireoides podem promover a produção autôno­
ma de paratormônio e levar a sintomas raros de hiperparatireoidismo primá­
rio, cujo sintoma direto é a hipercalcemia {ver também 6.3).
16.1 Para facilitar o acesso lateral ao colo da escápula durante intervenção ci­
rúrgica, o ACRÔMIO pode ser temporariamente deslocado de sua base por meio
de osteotomia. Ao se fazer isso, nota-se a posição relativamente próxima do
nervo supraescapular. Ao término da cirurgia, o acrômio é recolocado com o
uso de parafusos e fios metálicos cirúrgicos.
16.2 Nos cães em crescimento, o ÚMERO possui uma epífise (a cabeça do úmero)
e uma apófise (tubérculos maior e menor). Ambos os centros de ossificaç.'io se
fundem no decorrer do desenvolvimento e, depois, são separados da diáfise
por placa de crescimento (cartilagem fisial) ou sutura (linha fisial) característi­
ca. Distalmente, a tróclea e o capítulo do úmero possuem, cada um deles, cen­
tro de ossificação individual, os quais se fundem após cerca de 2 meses de vida
e, do mesmo modo, formam uma epífise comum. A cartilagem fisial proximal
tem potencial de crescimento essencialmente mais alto que a distal, de modo
que o crescimento longitudinal do úmero ocorre predominantemente em dire­
ção à sua parte proximal. Por essa razão, compressões ou fraturas da cartilagem
fisial proximal têm consequências potencialmente mais agravantes para novo
crescimento longitudinal do úmero que lesões à cartilagem fisial distal.
16.3 FRATURAS oo OLÉCRANO são causadas por traumatismos que atuam lateral­
mente ou se originam de hiperextensão da articulaç.'io do cotovelo. A tração
vigorosa do m. tríceps braquial no túber do olécrano provoca fratura em uma
direção cranioproximal. A parte deslocada do olécrano é reintegrada por via
cirúrgica, utilizando-se fios de Kirschner e placas. Além disso, as forças de tra­
ção dom. tríceps braquial devem ser obrigatoriamente absorvidas por meio de
rede de tensão.
16.4 O PROCESSO ANCôNEO confere estabilidade à articulação do cotovelo es­
tendida diante de movimentos laterais e rotacionais. Seu destacamento (pro­
cesso ancôneo isolado ou fragmentado) induz à leve instabilidade e ao de­
senvolvimento de artrose. Os sintomas do processo isolado estão incluídos
no complexo de displasia do cotovelo. Esse isolamento do processo ancôneo
é causado não somente por traumatismos, mas também constitui provável
consequência de distúrbios nutricionais e de crescimento de sua sutura apo­
fisial cartilagínea. Promovido, por exemplo, por nutrição deficiente e criação
insatisfatória, também existe predisposição genética, como ocorre na raça
pastor alemão.
16.4 e 16.5 Processo ancôneo isolado (à esquerda) em pastor alemão e radio­
grafia (à direita) de fragmentação do processo coronoide medial(*).
16.5 Do mesmo modo, a FRAGMENTAÇÃO oos PROCESSOS CORONOI0ES MEDIAL E LATE·
RAL é incluída no complexo de displasia da articulação do cotovelo e ocorre pre­
dominantemente em raças caninas de grande porte, como berner sennenhund
(pastor dos Alpes Berneses) e rottweiler. Uma das possíveis causas está no re­
tardo de crescimento do rádio (síndrome do rádio curto). O úmero não mais
se articula com o rádio encurtado, mas repousa particularmente no processo
coronoide medial, que, em resposta, fica deformado ou fragmentado.
16.6 Oitenta por cento do crescimento longitudinal da ulna ocorre na SUTU­
RA EP1F1S1AL ULNAR distal. Fatores genéticos (dachshund, basset), traumáticos
ou nutricionais (mineralização tardia, ver 14.7) podem resultar em retardo do
crescimento longitudinal. Como sequela, observam-se encurtamento e defor­
mação da ulna (síndrome da ulna curta), bem como crescimento em degrau
da articulação do cotovelo {distração do cotovelo) ou da articulação do carpo
(distração do carpo). O crescimento do terço distal do rádio além dos limites
do processo estiloide da ulna leva à rotação do segmento distal do membro
(carpo valgo) para fora. O processo de mineralização tardia da sutura epifisial
ulnar cartilagínea é evidente ao exame radiológico como área cônica persis­
tente pouco radiopaca. Em raças caninas de porte muito grande, essa área é
facilmente delimitada quase com regularidade.
16.5 e 16.6 Síndrome do rádio curto (à esquerda) e síndrome da ulna curta (à
direita), como resultado de retardo do crescimento apôs fratura da ulna.
18.1 Os nervos do PLEXO BRAQUIAL podem ser lesionados por compressão, con­
tusão ou hiperextensão, mas também por tumores ou abscessos oriundos dos
linfonodos axilares. Particularmente durante a hiperextensão, os nervos com
trajetos mais curtos entre a lacuna no m. escaleno e a entrada no(s) músculo(s)
apropriado(s) ficam vulneráveis. O nervo axilar é um exemplo disso. Lacera­
ções ou dilacerações das raízes do plexo proveniente da medula espinal são,
em geral, o resultado de extrema abdução do membro, como em acidentes de
carro. A ocorrência de avulsào completa do plexo braquial leva à paralisia de
toda a musculatura do membro torácico, com queda do ombro/cotovelo e ar­
ticulação do carpo fletida. Além disso, a laceração de nTV I ocasiona déficit do
reflexo do panículo {ver 12.1) e, por lesão dos ramos comunicantes brancos
submetidos a "trancd' (puxão) no gânglio cervicotorácico, produz síndrome
de Horner ipsilateral (ver 118.1).
18.2 Lesões do M. BÍCEPS BRAQUIAL costumam estar relacionadas a seu tendão
de origem, que se rompe diretamente ou, em cães jovens, pode se separar do
tubérculo supraglenoidal da escápula (fratura por avulsão). Uma característi­
ca diagnóstica típica dessa ruptura está na possibilidade de hiperflexão consi­
derável da articulação do ombro e ainda de hiperextensão da articulação do
cotovelo.
18.3 Em virtude dos efeitos gerados por traumatismo, o NERVO RADIAL pode ser
facilmente lesionado em seu trajeto sobre a crista supracondilar lateral. O re­
sultado disso consiste em paralisia radial ( distal) acompanhada por déficit de
atividade dos músculos extensores dos dedos e do carpo, levando ao que foi
descrito como "posição manual de beijo''. Em caso de lesão do nervo radial na
região do plexo braquial, há outro déficit de atividade dom. tríceps braquial
(paralisia radial proximal). Além do déficit motor com a paralisia do n. radial,
há tun déficit sensitivo na face dorsal da mão.
18.4 O NERVO ULNAR é palpável na superfície medial do olécrano e, com o co­
tovelo estendido e a musculatura do tríceps relaxada, pode ser acompanhado
proximalmente.
20. 1 A VEIA CEFÁLICA no nível do antebraço é adequada para venopunção naco­
leta de amostras de sangue, para injeções intravenosas (i/v) e para a colocação,
a longo prazo, de cânulas. Medial e lateralmente, a veia é acompanhada porra­
mos sensitivos do nervo radial. Portanto, perfurações paravenosas com agulha
produzem reações violentas de defesa do paciente canino envolvido.
20.2 O NERVO suPRAESCAPULAR pode ser facilmente lesionado em seu trajeto
em torno do colo da escápula por fraturas. Sua lesão resulta em instabilidade
da articulação do ombro, abdução do ombro com sustentação do peso, bem
como problemas com movimento de pronação ou movimento anterógrado
do membro.
20.3 A aplicação de sobrecarga sobre o M. INFRAESPINAL com tumefação (in­
chaço) concomitante induz à diminuição da circulação sanguínea (síndrome
compartimentai funcional aguda), a partir da qual pode ocorrer o desen­
volvimento de fibrose dependente de isquemia e resultar na contração do
183

184
músculo. O encurtamento do músculo produz rotação do membro para fora,
com cotovelo aduzido e mobilidade diminuída. A transecção precoce do m.
infraespinal costuma levar à recuperação completa da função do membro
(ver também 146.2).
20.4 A CABEÇA LONGA DO M. TRÍCEPS BRAQUIAL pode sofrer ruptura por quedas
ou saltos para níveis mais altos. Em consequência disso, o cão acometido não
consegue mais estender seu cotovelo.
22.1 A vigorosa FÀSCIA DO ANTEBRAÇO envolve completamente os músculos cau­
domediais do antebraço e forma compaitimentos fasciais que albergam os
músculos envolvidos. Por outro lado, o envelope fascial dos músculos cranio­
laterais do antebraço não forma qualquer compartimento muscular distinto
(ver também 146.2).
22.2 Em vi1tude de translocaçào cirúrgica para os tendões extensores do carpo,
o tendão de inserção do M. FLEXOR ULNAR oo CARPO pode ser utilizado na recupe•
ração da extensão do carpo em paralisia radial irreversível.
26. J A ARTICULAÇÃO DO OMBRO no cão em estação forma ângulo de 11 O a 120°. Na
articulação fletida, esse ângulo gira em torno de 45 a 70° e, em extensão, possivel­
mente de 10 a 30°. A adução chega até cerca de 30°, enquanto a abdução, talvez
até 40°. Pode ser realizada injeção intra-articular da articulação do ombro a
uma distância equivalente à largura de um dedo distal ao acrômio e acima do
tubérculo maior do úmero. Após punção da pele horizontalmente, a agulha é
impulsionada mediocaudalmente até que o líquido sinovial escoe. Em termos
mecânicos, a superfkie articular da cabeça do úmero é gravemente tensionada
em seu segmento caudal, o que predispõe à lesão da cartilagem articular. Esse
distúrbio é conhecido como osteocondrose dissecante (OCO, ver 142.4).
26.1 OCD da articulação do
ombro. (Tomografia computa­
dorizada: Animal Clinic Krüger,
Hamburg.}
26.2 Na posição de estação, a ARTICULAÇÃO oo COTOVELO ocupa ângulo de 125 a
140°. O ângulo de flexão possivelmente está por volta de 90 a 110°, enquanto
o de extens.'io resulta em apenas S a 20°. A punção da articulaç,'io levemente
fletida é feita pelo sentido craniolateral, inclinando-se a agulha mediodistal­
mente e distal ao palpável epicôndilo lateral do úmero. Uma série de doenças
da articulação do cotovelo (processos ancôneo e coronoide isolados, distração
do cotovelo e luxação congênita da pequena cabeça do rádio) é agrupada sob
o nome de displasia da articulação do cotovelo. Em particular, origina-se de
distúrbio do desenvolvimento esquelético com crescimento longitudinal assin­
crônico do rádio e da ulna (ver 16.6), levando ao desenvolvimento em degrau
da articulação do cotovelo (distração do cotovelo).
26.3 Nas ARTICULAÇÕES RAOIULNARES PROXIMAL E DISTAL, podem ocorrer os mo­
vimentos de pronação em torno de I Oº e supinação ao redor de 20 a 30° com
as articulações do cotovelo e do carpo fletidas em aproximadamente 90°. Por
outro lado, após ruptura do ligamento colateral lateral do cotovelo, há uma
rotação para dentro superior a cerca de 45° e, após ruptura do ligamento co­
lateral medial, possivelmente uma rotação para fora superior a 90°.
26.4 A ARTICULAÇÃO oo CARPO no cão em estação ocupa ângulo de 190 a 200°,
que corresponde a uma posição levemente hiperestendida. Além dessa hi­
perextensão, há também uma leve posição de valgo fisiológico de 12 a 20°.
Uma extensão adicional da articulação do carpo é estritamente limitada (S
0
no máximo). O ângulo de flexão vai até 150 a 160°, enquanto o de supinaç,'io,
possivelmente em torno de 10 a 20°. A flexibilidade das diferentes articulações
dentro da articulação do carpo é muito distinta. A principal mobilidade ocorre
na articulação antebraquiocarpal, que também permite leve rotação de 5 a 10°.
Por outro lado, a articulação mediocarpal pode ser fletida somente até 15° e a
articulação carpometacárpica, apenas Sº. A ocorrência de ruptura traumática
do ligamento palmar resulta em hiperextensão da articulação do carpo.
26.5 A BOLSA SUBCUTÃNEA oo 0LÉCRAN0 pode ficar repleta de líquido sinovial (hi­
groma) como reação à demanda acentuadamente excessiva ou à tensão sobre
ela. Essa bolsa torna-se visível como uma tumefação arredondada e firme (que,
por sua vez, chega até o tamanho do ovo de galinha) no olécrano.
28.1 Os MM. LONGOS ESOUEROO E DIREITO oo PEScoço são separados um do outro
por dissecção romba após incisão através da fáscia profunda do pescoço. Isso
proporciona uma abordagem ventral aos discos intervertebrais da coluna ver­
tebral cervical.
30.1 Os MM. 1NSPIRATÕR1os são mais desenvolvidos do que suas contrapartes EX­
P1RATÓR1AS. A inspiração é um processo mais ativo, enquanto a expiração ocorre
basicamente de forma passiva, devendo-se à contração de elementos elásticos
do pulmão, que ficam estirados durante a inspiração. Apenas em respiração
forçada ou expiração mais difícil (dispneia expiratória}, os músculos expirató·
rios são intensamente envolvidos, inclusive os músculos abdominais que atuam
como músculos expiratórios acessórios. A respiração com expansão notável do
tórax define-se como do tipo costal, distinta da abdominal com envolvimento
principalmente do diafragma. Do ponto de vista fisiológico, predomina a res­
piração costal em cães.
30.2 A ocorrência de HéRNIAS DIAFRAGMÁTICAS pode ser congênita ou adquirida
por via traumática com deslocamento de vísceras abdominais, como figado,
estômago e intestino delgado, para a cavidade pleural. Com isso, na inspiração,
a expansão do pulmão é de certa forma vigorosamente invadida. Em virtu•
de da pressão reduzida durante a inspiração, os órgãos abdominais são, até
certo ponto, sugados para a cavidade pleural. O orifício de ruptura de hémia
diafragmática congênita encontra-se principalmente no local de passagem
do esôfago, a saber, o hiato esofágico. O saco herniário regularmente presente
consiste, muitas vezes, na cavidade serosa distendida do mediastino. Em caso
de oclusão congênita incompleta do segmento ventral da inserção do diafrag­
ma e defeito semelhante do pericárdio, as vísceras abdominais conseguem
penetrá-los. Em geral, a ocorrência de hérnia diafragmática adquirida por
trauma (ruptura do diafragma) é atribuída à ruptura da parte muscular da
parte costal do diafragma e não produz qualquer saco herniário. No entanto,
esse tipo de hérnia sempre gera sintomas clínicos graves.
30.2 Deslocamento parcial do fígado e do estômago para a cavidade pleural
apôs ruptura do diafragma.
32.1 O ôsr10 (0R1Fíc10) PREPUCIAL pode sofrer constriç,'io (fimose) congenita­
mente ou por cicatrização de ferida após lesão, o que impede a exposição do
pênis. Isso pode resultar não só em retenção urinária, mas também em grave
inflamação do prepúcio e da glande do pênis (balanopostite). Em muitos cães
machos, pode ocorrer o desenvolvimento de leve balanopostite bacteriana (ca­
tarro prepucial) crônica.
32.2 A GLÃNDULA MAMÁRIA é uma glândula cutânea, mais especificamente uma
glândula sudorífera apócrina bastante modificada. O tecido das glândulas ma-
32.2 Linfografia indireta de complexo mamário canceroso anonnal adjacente
ao tórax, 20 minutos após aplicação de meio de contraste radiográfico (lotasut",
Schering}. O fluxo linfático aferente segue cranialmente na direção dos linfo­
nodos axilares e caudalmente na direção dos linfonodos inguinais superficiais.
Os vasos linfáticos perfurantes penetram na parede torácica e seguem até a
cavidade pleural. (Radiografia: Prof. Dr. D. Serens von Rautenfeld, Hannover.}

márias encontra-se envolvido por septos de fáscia superficial do tronco. Con­
sequentemente, sua remoção cirúrgica (mastectomia) pode ser orientada pela
fáscia profunda subjacente a ele. Apenas na região das glândulas mamárias
inguinais e torácicas, os vasos sanguíneos chegam ao tecido glandular dorsal­
mente. Na maioria das cadelas, observa-se o processo vaginal repleto de tecido
adiposo localizado dorsalmente ao par inguinal. A lesão do processo vaginal
gera a formação de abertura na cavidade peritonial. A drenagem linfática e os
linfonodos regionais (axilar, inguinal superficial) determinam as rotas de me­
tástases de tumores mamários malignos, que ocorrem com relativa frequência
em cadelas idosas. Vasos linfáticos eferentes oriundos das glândulas mamárias
torácicas também penetram na parede torácica e desembocam nos linfonodos
mediastínicos. A possibilidade de drenagem direta de linfà das glândulas ma­
márias abdominais para os linfonodos ilíacos mediais também foi detectada
em cadelas idosas.
34.l Os MÚSCULOS ABDOMINAIS entram em ação para redução ativa do volume ab­
dominal, que aumenta quando a pressão intra-abdominal se eleva em virtude
da contração do diafragma. Essa pressão é estabelecida durante a defecação, a
micção, o vômito e no decorrer do parto para a expulsão do feto. Em caso de
dificuldade para expiração, por outro lado, o diafragma relaxado é comprimi­
do cranialmente pelas vísceras abdominais em função da tensão da musculatu­
ra abdominal e, com isso, diminui o tamanho da cavidade pleural.
34.2 A LINHA ALBA no cão é eleita como o local mais frequente de acesso cirúrgi­
co à cavidade abdominal (laparotomia). Após incisão da linha alba para aces­
so pré-mnbilical à cavidade, encontram-se os corpos adiposos pré-umbilicais
dentro do ligamento falciforme; esses corpos devem ser destacados da parede
abdominal e rebatidos para longe do local.
34.2 Secção transversal ultrassonográfica da parede abdominal ventral, cranial
ao umbigo. 1. linha alba; 2, 2'. mm. retos do abdome direito e esquerdo;
3, 3'. lâminas internas diretta e esquerda da bainha dom. reto do abdome;
4. corpos adiposos pré-umbilicais. (Ultrassonografia: Prof. Dr. C. Poulsen
Nautrup, Munich.)
34.3 A HÉRNIA UMBILICAL é a hérnia de ocorrência mais frequente no cão. Em
geral, apenas tecido adiposo ou parte do omento sofre prolapso através do ori­
fício relativamente pequeno de ruptura. Com exceção da hérnia inguinal (ver
36.1), outras formas de hérnia dos músculos abdominais são raras.
36. l Basicamente, a HÉRNIA INGUINAL ocorre com maior frequência na cadela do
que no cão macho, o oposto à proporç,'io encontrada em outros mamíferos do­
mésticos. É possível distinguir dois tipos de hérnias inguinais: o tipo indireto,
mais frequente (em geral congênito); e, raramente, o direto, que sempre é adqui­
rido. Na hérnia inguinal indireta, o anel vaginal forma a abertura para ruptura
e o processo vaginal forma o saco herniário. Em contraste a outros mamíferos
domésticos do sexo feminino, esse saco herniário quase sempre é hiperdesen­
volvido na cadela e é predisposto à hérnia inguinal, pois não tem de envolver
as estruturas do cordão espermático como no macho. Além disso, em várias
raças de cães (cocker, dachshund, golden retriever), a presença de um anel va­
ginal anormalmente amplo de origem hereditária foi detectada como a base de
hérnia inguinal indireta. Em animais tão predispostos, por aumento da pressão
na cavidade abdominal (compressão abdominal, prenhez), é fácil ocorrer pro­
lapso não somente de partes do omento e do tecido adiposo, mas também de
alças intestinais, bexiga urinária, útero, entre outras, para o processo vaginal. A
ocorrência de prolapso de partes das vísceras através do anel vaginal do macho é
denominada, na clínica, de hérnia escrotal. Em caso de hérnia inguinal direta,
em geral o orificio de ruptura situa-se mediaimente ao lado do anel inguinal.
Consequentemente, ocorrem laceração de tecido e saída brusca das vísceras ab­
dominais através da parede do abdome pela via direta mais curta.
36.2 Em casos raros, o ANEL FEMORAL constitui o orifício de ruptura (hérnia fe­
moral) através do qual o peritônio e a fáscia transversal são evertidos no espaço
femoral com laceração secundária.
38.l A PROJEÇÃO DO PULMÃO é determinada por percussão. No cão, a margem
caudal do pulmão localiza-se aproximadamente no nível do túber da coxa no
espaço intercostal XI, na metade do tórax no espaço intercostal IX e no nível
do túber do olécrano no espaço intercostal VI.
38.2 A AJNÇÃO DO PULMÃO consiste basicamente na troca gasosa entre o sangue e o
ar inspirado. O ar é introduzido por meio de um sistema de brônquios não anas­
tomóticos nos alvéolos pulmonares envolvidos na troca de ar. Isso representa um
36.1 Preparação anatômica de hérnia inguinal bilateral na gata, que, em princí­
pio, pode se mostrar da mesma forma na cadela. Lado esquerdo da ilustração:
hérnia inguinal direta. Lado direito da ilustração: hérnia inguinal indireta com
processo vaginal aberto (observar a parede abdominal fenestrada).
aumento considerável da superfície interna do pulmão. A respiração baseia-se
em alteração de volume da cavidade torácica. Com a inspiração, o aumento da
cavidade torácica é obtido por achatamento da cúpula do diafragma (respiração
diafragmática) e deslocamento craniolateral das costelas (respiração costal). Em
virtude das forças adesivas na cavidade pleural, o pulmão deve obrigatoriamente
acompanhar os movimentos da parede da cavidade torácica, onde os alvéolos se
expandem. No primeiro momento, a expiração é produzida por redes elásticas
perialveolares que contraem os alvéolos de forma passiva.
38.3 Em radiografias, os BRôNau,os, que contêm ar em seu interior, não são
distintos do tecido pulmonar circunjacente que também contém ar. Se, por
exemplo, o tecido pulmonar for comprimido ou condensado por inflamação,
os brônquios com ar em seu conteúdo ficarão delimitados na região afetada
(broncograma aéreo). A exibição artificial desses brônquios também é possí­
vel pelo uso de meio de contraste positivo (broncograma de contraste). En­
quanto a traqueia possui inervação sensitiva e desencadeia o reflexo da tosse
como reação a algum corpo estranho inalado, nenhum estímulo de tosse é pro­
duzido por corpo estranho semelhante inalado para os brônquios. O diagnós­
tico e a remoção do corpo estranho podem ser realizados por via endoscópica
(broncoscopia).
38.3 Imagem broncoscópica dos brônquios primários de cão saudável (à
esquerda) e exibição broncoscópica de fiapo de grama inalado {à direita). (Fotos
de broncoscopia: Prof. Dr. W. Kraft, Munich.)
40.1 A ARTÉRIA PULMONAR DO LOMBO CRANIAL oo PULMÃO sempre corre dorsal e pa­
ralelamente à veia pulmonar correspondente situada cranioventralmente. Ao
exame radiográfico, ambos os vasos estão claramente separados do pulmão,
com seu conteúdo de ar. Em radiografia laterolateral, ambos os vasos podem
ser identificados de forma confiável com base em sua relação topográfica ca­
racterística, a artéria pulmonar dorsal mente e a veia pulmonar ventralmente.
40.2 A INERVAÇÃO VISCEROSSENSITIVA ausente ou apenas levemente desenvolvida
da árvore bronquial (ver também 38.3) e do pulmão explica o motivo pelo qual
185

186
tumores pulmonares e bronquiais não são identificados precocemente ou apenas
muito tarde, pois tais tumores não causam nenhuma ou quase nenhuma dor.
40.3 A AORTA e as grandes artérias que se ramificam nas proximidades do cora­
ção são identificadas como vasos que contêm tecido elástico em virtude de sua
coloração amarelada. A parede da aorta ascendente se distende, pois o sangue
é expelido do coração na sístole. Na diástole seguinte, esse vaso novamente se
contrai e, com isso, transporta o sangue para mais longe de forma passiva ( ver
livro de fisiologia).
40.4 Os LINFONODOS ESTERNAIS não são diretamente acessíveis para procedimen­
tos diagnósticos clínicos, mas são exibidos em radiografias laterolater.iis em
caso de enfartamento patológico.
40.5 O TIMO constitui órgão linfoide primário que, sob fundamentos da ana­
tomia comparada, possui no cão apenas parte torácica com lobos direito e
esquerdo. A involução com degeneração e infiltração adiposa concomitante
nunca é completa; resquícios funcionais acabam permanecendo até mesmo no
animal idoso. De acordo com a opinião predominante, as células-tronco fetais
migram da medula óssea para o timo, onde as células-filha se diferenciam em
timócitos. A partir do timo, os timócitos coloni1.am os órgãos linfoides secun­
dários, como linfonodos e baço, e, depois de sua impressão como linfócitos ·i:
são responsáveis pela imunidade celular (atividade indesejável quando ocorre
rejeição de transplantes). Pode ocorrer atrofia tímica com o desaparecimento
de linfócitos em desarranjos alimentares, estresses e doenças debilitantes. Uma
regressão não fisiologicamente tardia está presente em distúrbios endócrinos
e pode ser consequência de castração prematura. Raramente em cães jovens
portadores de miastenia grave (interrupção nelU'omuscular de condução com
fadiga muscular imediata), ocorre hiperplasia tímica com hiperfunção análo­
ga àquela em seres humanos (ver 144.3). Com o procedimento de timectomia
(remoção do timo), pode-se obter melhora em seres humanos.
42.1 A PLEURA COSTAL é suprida por inervação sensitiva proveniente de ramos
dos nervos intercostais. Em consequência disso, a inflamação da pleura (pleu­
risia) é muito dolorosa. As pleuras diafragmática e mediastinal recebem fibras
nervosas sensitivas provenientes do nervo frênico e inervação viscerossensitiva
do nervo vago. Por outro lado, a pleura pulmonar não é inervada ou, então, é
suprida apenas por fibras viscerossensitivas de baixo limiar de ação.
42.2 O ar é capa1, de penetrar no MEDIASTINO (pneumomediastino) por lesões
da parede traqueal ou bronquial e do esôfago, por exemplo, com corpo estra­
nho perfurante. No pneumomediastino, os órgãos, vasos sanguíneos e vias aé­
reas que não são visíveis sob condições fisiológicas são perceptíveis em exames
radiográficos.
42.2 e 42.3 Projeção bilateral de pneumomediastino, que apresenta uma imagem
nítida dos grandes vasos sanguíneos, e pneumotórax, que apresenta, como se­
quela, o afastamento do ápice do coração da proximidade com o esterno.
42.3 Em termos fisiológicos, as CAVIDADES PLEURAIS simplesmente exibem am­
plo espaço capilar ocupado por um filme líquido seroso. As partes limitantes
da pleura (parietal e visceral) "aderem" uma à outra através do espaço seroso,
sem, no entanto, perder sua capacidade de deslizar durante os movimentos
respiratórios do pulmão. No sentido qualitativo e quantitativo, as cavidades
pleurais podem exibir conteúdo não fisiológico, tal como ar (pneumotórax),
maior quantidade de líquido aquoso (hidrotórax), líquido contendo linfa
(quilotórax após ruptura do dueto torácico) ou líquido sanguinolento (hemo­
tórax). A ocorrência de pneumotórax se dá pela penetração de ar através de
lesão externa na cavidade pleural (pneumotórax externo) ou por laceração do
tecido pulmonar (pneumotórax interno). A consequência disso é a expansão
do espaço virtual preenchido por líquido e, com isso, o fim das forças adesi­
vas que mantêm o pulmão preso à parede torácica. O lobo pulmonar do lado
acometido colaba, sendo redu1,ido a uma parte de seu tamanho original. Pode
ocorrer pneumotórax bilateral se o mediastino de ambas as cavidades pleurais
não for completamente separado. Isso resulta em falta de ar (dispneia) poten­
cialmente letal. Do mesmo modo, o pneumotórax valvular culmina em disp­
neia com risco de vida. Neste quadro, maior quantidade de ar é sugada pelo
local lesionado para a cavidade pleural; esse ar não consegue escapar durante
a expiração, pois o local funciona como uma válvula que permite apenas o
influxo de ar. Durante a auscultação, nenhum ruído respiratório é percebido e
a intensidade dos sons cardíacos também é acentuadamente reduzida. A radio­
grafia de pneumotórax tem aspectos característicos: o lobo pulmonar colabado
sofre deslocamento dorsal em direção ao hilo do pulmão, é radiodenso e está
nitidamente separado da cavidade pleural que contém ar. Da mesma maneira,
o coração é deslocado dorsalmente e não repousa seu ápice sobre o esterno.
Uma causa frequente de hidrotórax é o quadro de insuficiência cardíaca com
refluxo de sangue na circulaç,'io pulmonar. Isso resulta em aumento da difusão
de líquido do sistema vascular sanguíneo para as cavidades circunjacentes.
42.3 Efusão maciça de líquido na cavidade pleural (hidrotórax).
42.4 Os RECESSOS cosroDIAFRAGMÁTICOS são espaços complementares ou reser­
va onde os pulmões não se expandem durante a respiração normal. Em raças
caninas de grande porte, possuem amplitude equivalente à largura de 2 ou 3
dedos. Cranialmente, esses recessos são limitados pela margem caudal do cam­
po pulmonar (ver 38.1) e, caudalmente, pela linha de inserção do diafragma.
Apenas em caso de inspiração profunda, como em bocejo ou em aumento de
volume pulmonar patológico (p. ex., em caso de enfisema), as margens caudais
do pulmão estendem-se parcialmente em direção ao recesso costodiafragmáti­
co. No enfisema pulmonar (que raramente ocorre em c,'ies), o espaço ocupado
pelo pulmão pode estender-se quase até a linha de inserção do diafragma.
42.5 Assim como a cavidade pleural, a CAVIDADE PERICARDICA consiste em um
espaço capilar preenchido por líquido seroso, que possibilita movimentos
cardíacos sem fricção ou atrito. O preenchimento adicional da cavidade com
líquido restringe a expansão dos ventrículos do coração e, portanto, limita a
eficiência e a capacidade cardíacas. O quadro de hidropericárdio crónico pode
ser tratado cirurgicamente pela drenagem na cavidade pleural. Hemorragias
pericárdicas graves após ruptura de grande artéria provocam aumento consi­
derável na pressão do pericárdio (tamponamento pericárdico) e podem causar
estase cardíaca.
44.1 Os TERMOS ESPECIAIS RELACIONADOS AO CORAÇÃO derivam-se do latim, cor
cordis, ou do grego, cardia. lermos de posicionamento, tais como átrio direito,
relacionam-se ao coração propriamente dito e não à posição desse órgão no
corpo como um todo.
44.2 No desempenho de seu PAPEL coMo BOMBA DE PRESSÃO E sucçÃo, o coração
passa por um ciclo regular de contraç,'io (sístole) e relaxamento (diástole) da
musculatura ventricular com frequência de 80 a 120 contrações (batimentos)
por minuto.
44.3 As FACES LATERAIS DO CORAÇÃO convergem para formar o ápice do coração
situado em contato direto com as paredes torácicas esquerda e direita. Nesse
local, é possível palpar o choque da ponta (batimento do ,lpice) em seu ponto
mais intenso. O exame sonográfico do coração (ecocardiografia) (ver p. 168 e
169) também é possível. O exame de percussão também permite a delimitação
dessa área como campo cardíaco surdo. A associação direta do coração com a
parede torácica gera batimento de som intensamente abafado ou enfraqueci­
do (abafamento cardíaco absoluto). Em virtude da posição inclinada do eixo
longitudinal do coração, seu lado direito situa-se mais à direita e voltado cra­
nial mente, enquanto o esquerdo, mais à esquerda e direcionado caudalmente.
Durante a expiração, o coração torna-se contíguo com o diafragma. Em radio­
grafia laterolateral, o coração repousa sobre o esterno por meio da extremidade
apical da margem ventrícular direita.
44.4 O LIGAMENTO ARTER10so consiste no resquício de tecido conjuntivo do
dueto arterioso, que, por ser patente no período pré-natal, condu1, a corrente
sanguínea diretamente do tronco pulmonar para a aorta, evitando, com isso,
o pulmão. Normalmente, o dueto arterioso sofre oclusão completa algumas
semanas após o nascimento, transformando-se no ligamento arterioso fibroso.

Com base na relação volêmica alterada, a persistência anormal desse dueto
leva à intensa sobrecarga sobre o ventrículo esquerdo, já que parte do volu­
me sanguíneo (volume de desvio) chega ao tronco pulmonar diretamente pela
aorta (desvio [sh11nt) da esquerda para a direita) e pelas veias pulmonares para
o átrio esquerdo. O desvio da direita para a esquerda é basicamente raro, sur­
gindo em seres humanos por inversão do desvio. Na auscultaç.'\o de desvio da
esquerda para a direita, são audíveis "sopros típicos em maquinaria''. Às vezes,
o dueto arterioso persistente é associado com outras anomalias cardíacas (p.
ex., defeitos ventriculares). O dueto arterioso é fechado utilizando-se diferen­
tes técnicas cirúrgicas. Durante o procedimento, deve-se prestar atenção ao
nervo laríngeo recorrente esquerdo, que se ramifica a partir do nervo vago e,
na altura do arco aórtico, circunda-o e retorna pelo mesmo trajeto. Em caso de
persistência anormal da aorta do lado direito ( ver embriologia das artérias
dos arcos branquiais), em vez da presença normal da aorta do lado esquerdo, a
aorta fica à direita do esôfago e não à sua esquerda, como seria esperado. Nes­
sa anormalidade, o dueto arterioso nitidamente deslocado segue seu trajeto
dorsalmente a partir do tronco pulmonar, que permanece à esquerda, sobre
o esôfago e distante da aorta anormal do lado direito. O esôfago, então, sofre
constrição pelo dueto arterioso e grave dilatação pré-cardial (causas de dila­
tação esofágica, ver 14.4). A dilatação é observada com facilidade ao exame
radiográfico após ingestão de contraste de bário.
44.4 Persistência da aorta do lado direito. 1. esôfago; 2. aorta descendente;
3. Dueto arterioso. Detalhes, ver p. 41.
44.5 O ENOOCÁR010 funde-se com o revestimento interno dos grandes vasos
sanguíneos, estruturado de forma semelhante a eles.
44.6 O M1ocAR010 consiste predominantemente em miocárdio "funcional" e
miocárdio "condutor" de estímulos. O miocárdio constitui, sem dúvida, a ca­
mada mais espessa da parede cardíaca e consiste de várias camadas de fibras
que correm em diferentes direções até se entremearem completamente de for­
ma semelhante a um vórtice no ápice do coração. O músct<lo cardíaco também
sofre hipertrofia da mesma fom1a que o músculo esquelético com aumento da
carga de trabalho. Com elevação do débito cardíaco, ocorre hipertrofia cardíaca
"harmônica" proporcional em todas as áreas do mioc,írdio. Por comparação,
em hipertrofia desproporcional, apenas certas partes do miocárdio ficam espes­
sadas (p. ex., o ventrículo direito em estenose pulmonar e o ventrículo esquer­
do em estenose aórtica). Como existe uma relação constante entre o número de
células musculares cardíacas e os capilares fornecidos, é possível a ocorrência
de hipertrofia apenas em grau limitado. Quando se excede o limiar, a hipertro­
fia se torna dilatação cardíaca. Esta última alteração, no entanto, é diferenciada
pela variação de espessura da parede cardíaca acessada por radiografia con­
trastada. A dilataç.'io do coração resulta em incapacidade de expulsão completa
do volume sanguíneo durante a sístole, deixando quantidade considerável de
sangue para ser misturada com o influxo sanguíneo.
44.7 O EP1cAR010 equivale à continuação da serosa do pericárdio na superfície
do coração e, assim, corresponde à lâmina visceral do pericárdio seroso. Em
termos gerais, o revestimento mesotelial liso permite o desli1,amento entre as
serosas, nesse caso, o deslizamento sem fricção ou atrito entre o coração e o
pericárdio .
44.8 Na INSUACltNCIA DA VIU.VA ATRIOVENffilCULAR DIREITA (TRICÚSPIOE), o ventrícu­
lo direito sofre hipertrofia. Comparativamente, o átrio direito sofre dilatação,
pois parte do sangue volta por refluxo através do óstio atrioventricular, que se
fecha de maneira inadequada
44.9 A VALVA oo TRONCO PULMONAR frequentemente exibe estenose congênita (es­
tenose pulmonar} contra a qual o ventrículo direito deve trabalhar; como con­
sequência,ele se hipertrofia. A valva do tronco pulmonar, bem como a da aorta,
é uma valva semilunar com três cúspides aderidas à parede interna do vaso,
como ninhos de andorinha. Com o fllLxO sanguíneo através da valva durante a
sístole ventricular, as margens das cúspides são impulsionadas contra a parede
interna do tronco pulmonar. Na diástole, o sangue que tende a refluir "desdobra"
as três cúspides, de modo que as margens se unem hermeticamente e, com isso,
garantem o fechamento da valva. As valvas cardíacas estão presas ao esqueleto
cardíaco. Esse esqueleto é, em parte, cartilagú1eo e até ossificado em bovinos,
e consiste em anéis fibrosos com um triângulo fibroso situado entre eles. Além
de estabilizar o formato do coração, o esqueleto cardíaco serve como inserção
para os miocárdios atrial e ventricular. Estes aproximam o esqueleto cardíaco
de ambas as direções, mas não ultrapassam seus limites. O fechamento das val­
vas semilunares do tronco pulmonar e da aorta produz a segunda bulha car­
díaca (cu1ta). A primeira bulha cardíaca (mais longa) origina-se das vibrações
de tensão do músculo cardíaco na sístole ventricular. Os sopros cardíacos são
ruídos anormais que podem ocorrer por estreitamento (estenose), bem como
por persistência do dueto arterioso (sopros de fluxo) ou, então, por fechamento
defeituoso (insuficiência) das valvas cardíacas (sopros valvulares).
.,,
VC
44.9 Hipertrofia da parede ventricular direita e insuficiência da valva atrioventri­
cular direita (tricúspide), como sequelas de aumento da pressão (Pv) no
ventrículo direito com estenose subvalvular pulmonar (EP). AD, átrio direito;
VC, veias cavas cranial e caudal; AP, artéria pulmonar.
44.10 A FOSSA OVAL é a parte mais fina da parede septal atrial (septo). Ela se
origina por fechamento súbito do forame oval com o primeiro movimento
respiratório durante o nascimento seguindo a alteração súbita das relações de
pressão. Pela presença do forame oval, evita-se o fluxo sanguíneo ao pulmão,
ainda não funcional. Durante o período fetal, o sangue rico em oxigênio flui
da placenta, através da veia umbilical e da veia cava caudal até o átrio direito. A
partir daí, flui através do forame oval para o átrio e o ventrículo esquerdos. Do
ventrículo, o sangue segue via aorta, tronco braquiocefálico e artéria carótida
comum para a cabeça, onde o desenvolvimento é promovido pelo sangue rico
em oxigênio. O sangue proveniente da veia cava cranial é pobre em oxigênio,
seguindo através do átrio direito (onde cruw com o sangue oxigenado men­
cionado anteriormente) até o ventrículo direito. O sangue, então, prossegue
via tronco pulmonar, dueto arterioso e aorta descendente até a parte caudal do
corpo. que, consequentemente, recebe o sangue pobre em oxigênio e se desen­
volve de maneira mais lenta.
44.11 Em sua ampla região apical, o SEPTO 1NTERVENTR1cuLAR consiste basica­
mente de músculo cardíaco. Uma pequena área membranosa de tecido conjun­
tivo situa-se nas adjacências das valvas atrioventriculares, onde pode haver a
presença de um anômalo forame interventricular. Em comparação, forames na
parte muscular são muito raros. Em defeitos septais, correspondentes às dife­
rentes relações de pressão, o sangue flui do ventrículo esquerdo para o direito.
44.12 A insuficiência da VALVA ATRI0VENTRICULAR ESQUERDA (BICÚSPIOE ou MITRAL) é
a causa mais frequente de insuficiência cardíaca em cães idosos. Ela se deve ao
processo contínuo de fibrose e espessamento das margens da valva (endocar­
diose) com seu encurtamento sinmltâneo. O refluxo sanguíneo leva à expansão
44.12 Insuficiência de nível
médio da valva atrioventri­
cular esquerda (mítral), com
evidente fluxo retrógrado
sistólico (marcação de cor
azul, 6) do ventrículo esquerdo
(1) para o átrio esquerdo (5).
2. m. papilar subauricular; 3.
pericárdio; 4. valva atrioventri­
cular esquerda (mitral).
Insuficiência cardíaca des­
compensada com aumento de
volume de alto grau do átrio
esquerdo (3), dilatação do ven­
trículo esquerdo (1) e espessa­
mento da valva atrioventricular
esquerda (mitral, 2). (Imagem
ultrassonográfica: Prof. Dr. C.
Poulsen Nautrup, Muních.)
187

188
do átrio esquerdo, bem como ao represamento retrógrado de sangue nas veias
pulmonares. Há um aumento da pressão arterial na circulação pulmonar, que,
em insuficiência de alto grau, tem como consequência a passagem de líquido
para os alvéolos pulmonares (edema pulmonar).
44.13 A insuficiência da VALVA DA AORTA é rara em cães. Por outro lado, a este•
nose aórtica congênita é frequente em boxers, uma raça predisposta, e se lo­
caliza principalmente em posição subvalvar. O estreitamento do canal de saída
do ventrículo esquerdo provoca sobrecarga de pressão neste, com consequente
hipertrofia do miocárdio.
44.13 Hipertrofia da parede do ventrículo esquerdo (VE) e insuficiência da valva
atrioventricular esquerda (mitral) em consequência do aumento da pressão
(Pv) no ventrículo esquerdo causado por estenose aórtica subvalvular. AE, átrio
esquerdo; VP, veias pulmonares; Ao, aorta.
A mecânica valvar de todas as valvas cardíacas é pré-requisito básico para
a atividade cardíaca. A contração (sístole) e o relaxamento (diástole) dos
músculos ventriculares, cada qual consiste em duas fases, ocorrem nos lados
esquerdo e direito do coração de forma sincrónica. Na diástole, na fase 1, a
liberação de tensão ou fase de relaxamento, todas as valvas se fecham; com
isso, a pressão mais baixa ou a falta de pressão predomina dentro do ventrículo.
Na fase 2, a fase de preenchimento, com pressão mais alta no átrio, as valvas
atrioventriculares são impulsionadas a abrir pelo fluxo sanguíneo, da mesma
forma como uma rajada de vento abre uma porta. (Em nenhum caso a aber­
tura se dá por contração dos músculos papilares.) No primeiro caso, ocorre
o preenchimento ventricular por abaixamento ou remissão (afundamento
gradual) do nível valvar, por meio do qual o sangue do átrio é sugado para o
ventrículo. Além disso, existem outros fatores envolvidos no preenchimento
ventricular: pressão residual nas veias cavas e contração atrial.
Na sístole, em seguida, o músculo ventricular se contrai. Na fase 1, a fase de
tensão, as valvas atrioventriculares fecham-se passivamente, porque a pressão
no ventrículo é maior que a no átrio. Nesse sentido, as pontas das cúspides da
valva atrioventricular são pressionadas na direção do átrio (retração valvar).
No entanto, as cordas tendíneas, agora tensas, impedem a retração do ápice das
valvas para a região do átrio. Do contr-.lrio, as válvulas das valvas em formato
de vela ficam tão estritamente juntas que resultam em uma oclusão à prova
de vazamento. Na fase 2, conhecida como fase de expulsão, em virtude do
aumento adicional de pressão, o sangue é impelido para os vasos sanguíneos,
deixando o coração (aorta, tronco pulmonar). Com isso, as valvas semi lunares
são impulsionadas a abrir-se passivamente pelo fluxo sanguíneo. No final da
fase de expulsão e no início da diástole, a pressão sanguínea no ventrículo cai
abaixo daquela dos grandes vasos sanguíneos. Como resultado, as três cúspides
em formato de bolsa se expandem ou inflam pelo fluxo sanguíneo que as pres­
siona de volta. Essa expansão ocasiona o fechamento da valva.
Por massagem cardíaca externa, a atividade do coração pode ser mantida ar­
tificialmente por período limitado de tempo. Em caso de estase cardíaca tran­
sitória (p. ex., com tônus parassimpático determinado por choque severo), é
exercida uma press.'io externa intensa no ritmo cardíaco com batimento sobre
a parede torácica. Consequentemente, o coração, que, dentro de seu envoltório
pericárdico, não consegue evitar a pressão externa, é comprimido. Em virtude
dessa pressão, as valvas da aorta e do tronco pulmonar são abertas passivamen­
te e, por caus.1 do relaxamento, o sangue é sugado das veias cavas para o átrio.
Sem contração ventricular, portanto, é possível manter artificialmente o fluxo
sanguíneo direcionado, levando à restituição do batimento cardíaco.
46.l Sob critérios anatômicos estritos, as ARTÉRIAS CORONÁRIAS não são artérias
terminais, pois produzem anastomoses com lumes estreitos. As artérias ter­
minais não se anastomosam com outras, apenas irrigam áreas completamente
definidas de tecido. Do ponto de vista funcional, entretanto, as artérias coro­
nárias podem ser consideradas como artérias terminais, pois suas anastomoses
são tão estreitas que elas não conseguem se adaptar à trombose de artéria ad­
jacente, cuja irrigação sanguínea não é completa. Pode ocorrer o aparecimento
de necrose no miocárdio com consequente infarto. Se o paciente sobreviver, as
células musculares cardíacas não conseguem se regenerar, mas são substituídas
por tecido cicatricial, que sofre menos estresse. (Em comparação aos seres hu­
manos, o infa1to cardíaco em cães é de menor importância.)
O perigo de trombose nas artérias coronárias é acrescido por endocardite no
ventrículo esquerdo, pois partes isoladas do endocárdio podem chegar direta­
mente nas artérias coronárias na origem da aorta.
O comprometimento da irrigação sanguínea nas artérias coronárias causa
angina de peito em seres humanos com dores cardíacas intensas que se propa­
gam para o braço esquerdo {ver zonas de Head, 48.1).
A irrigação sanguínea ao coração sobrevém durante a diástole por meio da
aorta ascendente, de onde emergem as artérias coronárias. Com aumento
anormal da frequência cardíaca, a diástole é particularmente encurtada, resul­
tando em abastecimento insuficiente de sangue.
46.2 A GERAÇÃO E A CONDUÇÃO DO IMPULSO CARDÍACO devem atuar de forma per­
manente para manter a atividade do coração, mesmo com perda da consciên­
cia. O sistema de condução consiste em células musculares cardíacas específi­
cas modificadas que, em grande parte, perderam sua capacidade de contração.
Enquanto a formação do impulso não ocorre no nó si noatrial, as partes subse­
quentemente organizadas do sistema de condução (nó atrioventricular e fascí­
culo atrioventricular ou feixe de His) podem assumjr a função de marca-passo
substituto, mas com frequência essencialmente reduzida.
Em caso de transplante do coração, uma parte do sistema de condução, pelo
menos o feixe de His, é tr-Jnsplantada e, com ela, a função cardíaca se man­
tém após a inserção de marca-passo artificial no receptor. O conhecimento da
geração e da condução do impulso torna possível a compreensão do eletro­
cardiograma (ECG). Ao rodar um ECG, é possível derivar, concentrar e regis­
tr-Jr os potenciais elétricos que chegam à superfície corporal com a atividade
cardíaca.
46.3 O SISTEMA NERVOSO AUTÓNOMO modifica a frequência de geração do im­
pulso (efeito cronotrópico positivo ou negativo), a condução do impulso
(efeito dromotrópico positivo ou negativo), bem como a força de contração
do músculo funcional (efeito inotrópico positivo ou negativo). Além disso,
partes simpáticas (positivas) e parassimpáticas (negativas) do sistema autô­
nomo atuam, de forma geral, antagonicamente de maneira excepcional. No
átrio direito e no seio venoso, estão presentes os barorreceptores (receptores
de pressão).
48.l NERVOS AUTÔNOMOS e nervos cutâneos sensitivos do sistema nervoso so­
mático provenientes do mesmo segmento da medula espinal formam arcos
reflexos viscerocutâneos (ou arcos de condução), tornando possíveis os efeitos
recíprocos. Em virtude da comunicação cruzada, estímulos cutâneos em certas
áreas (zonas de Head•) podem influenciar determinadas vísceras; além disso,
excitabilidade reciprocamente excessiva em determinadas vísceras pode ter
consequências nas zonas pertinentes de Head, a saber, as áreas cutâneas cor­
respondentes. O salto de algtun impulso do sistema nervoso autônomo para o
somático e vice-versa ocorre no gânglio espinal, pois é lá que pequenas células
nervosas viscerossensitivas (autônomas) e grandes células nervosas pseudou­
nipolares (somáticas) encontram-se diretamente adjacentes. Em doenças de
certos órgãos internos, nota-se o sintoma de dor em campos cutâneos corres­
pondentes; por exemplo, o infarto do coração em seres humanos produz dor
intensa no braço esquerdo. Unguentos que produzem hiperemia em alguma
zona de Head em seres humanos podem afetar determinado órgão interno
indiretamente.
48.2 Lesões dos segmentos TI a T3 da medula espinal podem reduzir o tônus
simpático no GÂNGLIO CERv1coTORÀc1co, o que se manifesta como síndrome de
Horner associada com os olhos (ver 118.1). Com injeç.'io de anestésico local
no gânglio cervicotorácico, pode-se interromper temporariamente a inervação
simpática da cabeça, do pescoço e do membro torácico ipsilateral (bloqueio do
gânglio estrelado). Esse método é utilizado em neuroterapia para controle de
distúrbios produtores de dor crônica no membro torácico.
48.3 Lesões do NERVO LARÍNGEO RECORRENTE resultam em paralisia unilateral da
musculatura da laringe (hemiplegia laríngea). Este é o motivo pelo qual, du­
rante o acesso cirúrgico à coluna vertebral cervical, esse nervo sempre é levado
em consideração.
50.l A ABORDAGEM c1RúRGICA A CAVIDADE PERrrON1AL recebe o nome de laparoto­
mia. O acesso mais frequente é feito ao longo da linha alba. Com abordagem
pré-umbilical, o panículo adiposo do ligamento falciforme deve ser deslocado
para a frente e divulsionado de sua inserção na linha alba.
Como alternativa, em casos específicos, o acesso é possível por secção paracos­
tal paralela ao arco costal ou no flanco. Na laparoscopia, o endoscópio é intro­
duzido através de pequena incisão até a cavidade abdominal, o que possibilita
a inspeção direta de órgãos intra-abdominais e o planejamento de biopsia com
interferência cirúrgica mínima. Cirurgias minimamente invasivas podem ser
efetuadas unicamente sob controle laparoscópico, com a ajuda de instrumen­
tos específicos introduzidos através de outra incisão pequena.
52.l O OMENTO MAIOR, uma lâmina deslizante, frouxa e expansível, localiza-se
entre a parede abdominal ventral e as convoluçôes do intestino. Além de ser
um importante órgão de defesa da cavidade abdominal, rico em macrófagos e
,.N,T.: Zonas bem definidas do corpo, nomeadas em homenagem a Head (1389), que as des·
crcvcu pela primeira ve-t. Áreas cutâneas às quais se refere à dor de órgãos internos enfermos.

50.1 Laparoscopia: 1. lobo
hepático direito; 2. lobo
quadrado; 3. vesícula biliar;
4. curvatura maior do estô­
mago. (Laparoscopia: Prof.
Dr. W. Kraft, Munich.)
linfócitos, o omento maior serve como local de armazenamento de gordura.
Quando ocorrem in fiam ações ou lesões no revestimento peritonial de órgãos
abdominais ou da parede abdominal, o omento adere ao local e, com isso,
protege-o das estruturas adjacentes. Esse atributo pode limitar os processos
patológicos na cavidade abdominal e retardar as aderências do intestino, o que
limitaria o movimento e o peristaltismo intestinais. Essa função protetora do
omento pode ser colocada em uso em cirurgias, posicionando-o sobre as su­
turas cirúrgicas. A presença de fissuras no omento (ruptura, hérnia omental)
pode levar ao estrangulamento e, por fim, à obstrução intestinal (íleo) se as
alças intestinais entrarem dentro dele. A ocorrência de deslocamento de tais
alças para o forame epiploico com íleo paralítico como sequela é muito rara
en1 cães.
52.2 A LINFA INTESTINAL, ou quilo, dependendo dos processos digestivos, é de
coloração mais ou menos leitosa em virtude de seu conteúdo lipídico. Com
o atLxílio de bomba nas vilosidades, ácidos graxos de cadeia longa são trans­
portados para longe na forma de quilomícrons (ver bioquímica) em capilares
linf.íticos até o vaso linfático central da vilosidade intestinal. Ácidos graxos de
cadeia curta, bem como "blocos de construção" do metabolismo de proteínas
e carboidratos, são conduzidos até o fígado pela rede de capilares sanguíneos e
pela veia porta. Os NÓDULOS L1NFÁT1cos sOL1TAR1os estão dispersos na túnica mu­
cosa da mucosa. (Também estão presentes em órgãos linfáticos, baço e linfono­
dos.) Os nódulos linfáticos agregados (p. ex., placas de Peyer) estão situados
particularmente no segmento antimesentérico da parede do íleo. Nódulos lin­
fáticos primários são agregados de linfócito, com formato esférico ou elíptico e
diâmetro em torno de 0,5 mm. Nódulos linfáticos secundários possuem centro
germinativo amarelo e são importantes na produção de linfócitos B.
52.3 A FUNÇÃO oo BAÇO envolve armazenamento de sangue, regulação da pres­
são arterial, metabolismo por meio da degradação de hemoglobina, processa­
mento do sangue por fagocitose de eritrócitos mais velhos e geração de células
imunocompetentes. Apesar desses inúmeros e variados papéis, o baço não é
essencial para a vida, já que as funções mencionadas obviamente podem ser
assumidas por outros sistemas do corpo. O baço, porém, não é um órgão su­
pérfluo e não deve ser removido de forma negligente. Apesar disso, o procedi­
mento de esplenectomia pode ser necessário em diversos distúrbios, tais como
torç,'\o do estômago, lesões e tumores. Na esplenectomia em seres humanos,
pequenos segmentos de tecido esplênico com alguns centímetros de tamanho
são suturados no omento maior. Rupturas do baço após traumatismos abdo­
minais e lacerações devidos a tumores levam a graves hemorragias potencial­
mente letais na cavidade abdominal, o que necessita de interferência cirúrgica
o mais rápido possível.
O baço está adaptado à sua função de armazenamento do sangue. Isso é
evidenciado pelo tamanho e pelo formato distintos do órgão, devido ao alto
conteúdo de células musculares lisas na cápsula e no sistema trabecular que
procede dela. Em virtude do armazenamento e da dispersão do sangue, o baço
também atua na regulação da pressão arterial, por exemplo, por alívio da car­
ga da circulação porta-hepática onde desemboca a veia esplênica. O aumento
de volume intenso do baço por conta do armazenamento elevado de sangue
resulta em "congestão esplênica~ Essa esplenomegalia pode necessitar de esple­
nectomia, procedimento que se torna difícil em caso de congestão. Pela aplica­
Ç<'IO de adrenalina, a contração das células musculares lisas é obtida e, com ela,
a remoção do sangue. Em eutanásia, pode ocorrer congestão esplênica, supos­
tamente pela paralisia do centro vasomotor do cérebro (observar esta condição
na sala de aula prática de anatonüa).
A polpa branca do baço, com seus corpúsculos esplênicos e bainhas linfáticas
periarteriais, atua na formação de linfócitos, enquanto a polpa venuelha do
baço é assim chamada por conta de seu alto conteúdo de células sanguíneas
vermelhas, já que nela ocorre o processamento de sangue. De acordo com a
opinião predominante dos livros, o sangue na polpa vermelha do baço flui, em
parte, através dos seios esplênicos ( circulação fechada) e, em parte, livre no
tecido conjuntivo linforreticular (circulação aberta). Isso não é incontestável
em função das diferenças de cada animal. Ao exame radiográfico, o baço é
demonstrado na projeção laterolateral. A extremidade ventral do órgão que se
encurva para a direita e sobre a linha mediana até alcançar o lado direito do
corpo é descrita, em geral, como uma sombra triangular. O triângulo corres­
ponde aproximadamente ao formato do baço em secção transversal.
54.1 Os TERMOS ESPECIAIS RELACI0NAoos AO ESTÔMAGO derivam do latim, ventricu­
/11s (= pequeno ventre ou barriga, p. ex., corpo do ventrículo, corpus ventriculi;
o termo também é empregado para os ventrículos do coração e da laringe), ou
do grego,gaster (= estômago, p. ex., ligamento gastroesplênico ou, clinicamen­
te, gastrite= inflamação do estômago).
54.2 A FUNÇÃO DO ESTÔMAGO envolve o armazenamento transitório de alimento
e a regulaç.'io de seu transporte posterior em quantidades menores para o intes­
tino delgado. O ácido clorídrico do estômago promove desinfecção e a ativação
do pepsinogênio produzido pelas glândulas gástricas, que, como pepsina, ini­
cia o processo de digestão.
54.3 O exame direto da TELA MUCOSA DO ESTÔMAGO segue a introdução de endos­
cópio flexível pelo esôfago até o estômago (gastroscopia), o que possibilita a
identificação de úlceras e tumores gástricos, bem como a coleta bem-sucedida
de material para biopsia.
54.4 A TORÇÃO DO ESTÔMAGO consiste em um problema progressivo e drástico
presente, em geral, nas raças caninas de grande porte. Esse problema necessi­
ta da intervenção imediata do veterinário. O estômago é fixado cranialmente
em virtude, apenas, da ligação com o hiato esofilgico, enquanto o mesentério
dorsal do estômago alongado como o omento maior é incompatível para esta­
bilização do estômago em seu lugar. A parte pilórica do estômago e o segmento
inicial do duodeno possuem mobilidade; por isso, também não são capazes de
ÍLxar o estômago na posição correta. Dessa forma, a dilatação aguda do estôma­
go (principalmente devida à sobrecarga desse órgão com uma única refeição
diária combinada com acúmulo incipiente de gás) leva à torção gástrica. O
estômago rotacionado sofre distensão potencialmente letal e, em consequên­
cia, os vasos sanguíneos gástricos, sobretudo as veias, são estrangulados. O
ligamento gastroesplênico é tracionado no sentido da rotação e o fluxo venoso
proveniente do baço, é retardado pela obstrução ou congestão das veias esplê­
nicas. Isso acaba resultando em congestão esplênica maciça. A torção do estô­
mago, por sua vez, induz à falência aguda da circulação, exigindo intervenção
cirúrgica de urgência.
54.4 Torção gástrica combinada com distensão gasosa intensa do estômago.
A curvatura maior está situada dorsalmente (setas), enquanto a curvatura menor
e a incisura angular (*) estão direcionadas ventralmente.
54.5 A interrupç,'\o da motilidade do MÚSCULO ESFÍNCTER DO CÁA0IA, que resulta
em relaxamento insuficiente (acalasia) ou, o que é mais comum, em incapaci­
dade de fechamento (calasia), pode causar megaesôfago. Os animais acometi­
dos ficam predispostos ao raro aparecimento de invaginação do estômago no
esôfago (invaginação gastroesofágica).
54.3 e 54.5 Imagem endoscópica do piloro de cão (gastroscopia, à esquerda)
e invaginação gastroesofágica (esofagoscopia, à direita). (Fotos de endoscopia:
Prof. Dr. W. Kraft, Munich .)
189

190
54.6 O estreitamento do PILORO (estenose pilórica) leva à interrupção do es­
vaziamento gástrico. A forma congênita dessa estenose manifesta-se após o
desmame e a transição para alimento sólido. Em cães adultos, a ocorrência de
hipertrofia da mucosa e da musculatura do piloro pode induzir ao fechamento
funcional desse oriflcio (espasmo do piloro). Acredita-se que a produção ex­
cessiva de gastrina seja a causa. Do mesmo modo, corpos estranhos e tumores
podem produzir fechamento parcial ou completo da saída do estômago.
54.7 No procedimento de GASTROTOMIA (abertura cirúrgica do estômago), a in­
cisão é direcionada na face parietal, ao longo do eLxo do estômago na metade
do cantinho entre ambas as curvaturas que conduzem os vasos sanguíneos.
Por causa do tônus muscular, a mucosa incisada sempre sofre intensa eversão
para fora.
54.8 O PÂNCREAS produz enzimas digestivas em sua parte exócrina para de­
gradação de proteínas, carboidratos e lipídios. As enzimas respon&'Íveis pela
clivagem de proteína estão presentes dentro do pâncreas corno precursores
inativos. A princípio, essas enzimas são ativadas em tripsina e quimotripsi­
na após transporte através dos duetos pancreáticos para o lume intestinal. Se,
com alterações ao pâncreas causadas por doença, a ativação ocorrer dentro
da glândula, isso levará à autodigestação com o desenvolvimento de necrose
pancreática. Após evolução dramática, frequentemente sobrevém o óbito. A
autodigestão pós-morte ocorre com rapidez e, com isso, a coloraç-lo amarela­
da a rósea do pâncreas transforma-se em vermelho-escura acompanhada por
perda da estrutura lobular por tumefação (inchaço). O quadro de pancreatite
pode levar à tumefação inflamatória dos duetos excretores e da papila duode­
nal maior. Com isso, ocorrem alterações como oclu&'io do dueto biliar, refluxo
de bile e aparecimento de icterícia.
Em caso de necrose aguda ou degeneração maligna, há necessidade de pan­
createctomia parcial. A separação de tecido sadio e acometido é feita por meio
de isolamento cuidadoso dos lóbulos glandulares no tecido conjuntivo inter­
lobular, ao mesmo tempo em que se preservam os duetos e vasos pancreáticos
(ver p. 57). No lobo direito do pâncreas, nota-se a anastomose entre as artérias
pancreático-duodenais cranial e caudal.
A parte endócrina (ilhotas pancreáticas ou de Langerhans) regula o metabo­
lismo de carboidratos por meio de seus hormônios glucagon e instdina. Isso é
interrompido por atrofia patológica das ilhotas, com consequente diabete cau­
sada por deficiência relativa ou absoluta de insulina. Tumores (insulinorna) das
células B que produzem insulina de forma autônoma levam à hipoglicemia.
Essa anormalidade, por sua vez, pode causar consequente perda da consciência
e convulsões (espasmos).
54.9 A FUNÇÃO DO INTESTINO DELGADO consiste basicamente nos processos de
secreção, digestão, reabsorção e transporte. A secreção é mantida por cé­
lulas caliciformes produtoras de muco e entremeadas no epitélio superfi­
cial, proveniente de glândulas intestinais tubulares (= criptas intestinais,
indentações epiteliais que contêm células -kryptos = ocultas), de glândulas
duodenais submucosas e, em particular, do pâncreas adjacente e externo ao
intestino delgado.
A digestão, que corresponde à degradação de nutrientes em unidades reabsor­
víveis menores, ocorre tanto no lume intestinal como na membrana celular da
borda em escova do epitélio superficial.
As células da borda em escova localizadas superficialmente atuam na absor­
ção. Tais células produzem um aumento enorme na área de superflcie em fun•
ção das microvilosidades eretas muito espessas, com comprimento em torno
de I milésimo de milímetro. O transporte de nutrientes absorvidos ocorre via
capilares sanguíneos, com exceç,'io dos ácidos graxos de cadeia longa, que são
transportados por vasos linfáticos.
O aumento da superfície leva à criação de grande superfície intestinal de ab­
sorção em virtude de estruturas identificáveis em níveis macroscópico, micros­
cópico ou de microscopia eletrônica.
As pregas circulares identificadas ao exame macroscópico são o resultado
de pregueamento simples da mucosa e da submucosa, mas não de camadas
musculares do intestino. As criptas microscópicas e, sobretudo, as vilosida­
des intestinais evertidas semelhantes a dedos de aproxJrnadarnente I mm de
comprimento são dotadas das células de borda em escova com suas microvi­
losidades detectadas ao exame microscópico. As microvilosidades são cobertas
por glicocálices observados à microscopia eletrônica.
A motilidade do intestino está envolvida com o mecanismo de bombeamento
viloso, movimentos pendulares e ondas peristálticas. A inervação parassirn­
pática promove a motilidade, enquanto a simpática a inibe. A interrupção do
transporte de nutrientes pode ter diferentes causas, levando à maior absorç,10
de água e, consequentemente, à constipação (coprostase; ver também 56.2).
A bomba vilosa induz ao encurtamento das vilosidades por contração de célu­
las musculares lisas esparsas. Nesse caso, o transporte de linfa nos vasos linfá­
ticos centrais (cisterna do quilo} é favorecido.
O movimento pendular provocado pelas contrações da camada muscular lon­
gitudinal serve principalmente para a mistura completa do conteúdo intestinal
ou quimo.
Em virtude das ondas peristálticas, o conteúdo intestinal é transportado
adiante. Inicialmente, o músculo longitudinal se contrai e, depois, sobretudo a
camada muscular circular.
Em exame de ultrassonografia abdominal, as alças intestinais são identifi­
cadas com segurança, por parede composta de cinco camadas. A membrana
mucosa é demonstrada por sua alta ecogenicidade (!).A ampla túnica mucosa
possui baixa ecogenicidade (2), além de estar separada por linha ecogênica
mais delgada (3) da túnica muscttlar anecoica, porém estreita (4). Novamente,
a superfície externa do intestino delgado com seu revestimento seroso externo
é exibida como linha ecogênica estreita (5).
54.10 O DUODENO DESCENDENTE é identificado com segurança por seu trajeto
retilíneo característico ao longo da parede abdominal lateral direita como um
segmento único do intestino delgado. Essa parte do intestino serve como auxí­
lio para orientação da imagem sonográfica do pâncreas.
i

2
, 54.9 Alças do jejuno em
, secção ultrassonográfica
transversal.
2
S
l 1. Superfície mucosa e ingesta
2. Túnica mucosa
3. Tela submucosa
4. Túnica muscular
5. Túnica serosa
56.1 A FUNÇÃO DO INTESTINO GRosso consiste basicamente na extração de líquido,
na inspissação e na concentração do conteúdo intestinal, bem corno na mistura
de muco proveniente de inúmeras células caliciformes. Isso promove a trans­
ferência subsequente do conteúdo ao ânus. O aumento da superficie luminal
deve-se apenas às criptas e não mais à presença de vilosidades.
56.2 Ao exame radiográfico, o cóLON é bem representado, em geral à direita,
em virtude do acúmulo de gases e fezes. Por outro lado, alterações da parede
do cólon por tumores, úlceras e estenose são detectadas com frequência por
meio de contraste. Esse tipo de agente pode ser aplicado de forma retrógrada.
A dilatação do cólon (megacólon) frequentemente ocorre como resultado de
constipação (coprostase) atribuída a erros de alimentação ou obstruções. A
forma congênita (rnegacólon congênito) é rara, causada pela falta de células
ganglionares intramurais do plexo mioentérico (doença de Hirschsprung).
56.3 ATRESIAS DO ÃNus E/ou DO RETO são anomalias que ocorrem durante a on­
togênese (atresia = ausência de abertura do ânus ou do reto embrionário já fe­
chado). Muitas vezes, a anomalia é acompanhada por fístulas entre os sistemas
anorretal e urogenital.
56.2 Obstrução maciça do cólon causada por fezes (coprostase).
56.4 GLÂNDULAS CIRCUM·ANAJS, ver item 6.3.
56.5 Os SACOS ANAIS (mais corretamente denominados seios paranais) arma­
zenam a secreção oriunda de glândulas situadas em suas paredes. Pela adesão
nas fezes, serve para demarcar o território de caç,1 e atrair os parceiros. Nor­
malmente os sacos anais se esvaziam com a defecação pela pressão do rn. es­
fíncter externo do ânus; sendo assim, as fezes normalmente formadas servem
como pilar ou ponto de resistência. A formação de fezes moles em decorrência
de dieta deficiente não consegue atuar corno local de resistência, retardando
o esvaziamento dos sacos anais. A decornposiç,10 da secreção contida pode
causar inflamação e infecção secundária. Também pode ocorrer subsequente
desenvolvimento de abscessos. O saco anal anormalmente preenchido é sub­
metido à compressão manual. A irrigação dos sacos anais é possível pelos due­
tos excretores que desembocam ao longo da linha anocutãnea nas posições
correspondentes às 4 e às 8 horas. É imprescindível que o procedimento de
extirpação dos sacos anais cronicarnente inflamados preserve o m. esfincter
externo do ânus.

56.6 Pelo termo s1STEMA VENOSO PORTAL, entende-se a inserção de um segundo
leito capilar no tronco venoso do sistema circulatório. A veia de conexão entre
o leito capilar arteriovenoso e o leito capilar venovenoso é definida como veia
porta. Nesse local, pode ser introduzido sangue arterial extra para formar o
sangue arteriovenoso misto. Para distinguir as diferentes veias portas, acres­
centa-se o nome do órgão suprido pela veia porta (veia porta hepática, veia
porta hipofisária).
58.l O FÍGADO localiza-se dentro da parte intratorácica da cavidade abdominal,
com exceção da parte ventromedial, que, no entanto, não pode ser palpada.
Com aumento de volume patológico, o fígado estende-se mais caudalmente
além dos limites do arco costal. Isso pode ser determinado por meio dos exa­
mes de palpação, percussão (som mais maciço do fígado) e radiografia, bem
como ultrassonografia. O tamanho do fígado, que normalmente constitui 3,4%
do peso corporal, está correlacionado com sua multiplicidade de funções:
1. função como glândula endócrina (síntese de proteínas plasmáticas sanguí­
neas, como albumina, globulina e fibrinogênio); 2. função como glândula exó­
crina {bile e colesterol); 3. metabolismo intermediário de gordura, proteúrn e
carboidrato; 4. armazenamento de gordura, glicogênio e ferro; 5. glicogenólise
e gliconeogênese, bem como manutenção de níveis fisiológicos de glicose; e
6. detoxificação de drogas e medicamentos. No estágio fetal, o fígado é relati­
vamente maior e ocupa grande parte da cavidade abdominal; esse tamanho, no
caso, está relacionado à formação de sangue. Em caso de cirrose hepática, por
exemplo, pode ocorrer atrofia patológica por formação pronunciada de cicatri­
zes e encolhimento concomitante.
Os "clássicos" lóbulos do fígado são unidades funcionais detectáveis ao exame
macroscópico, com diâmetro de aproximadamente l mm e altura de até 2 mm.
Os lóbulos possuem veia central, que aparece à macroscopia como ponto escu­
ro, com capilares ou sinusoides hepáticos que desembocam no sentido radial.
Também existem trabéculas hepáticas em disposição radial e cápsula limitada
por tecido fibroso na periferia (cápsula de Glisson, ver livro de histologia).
Em virtude dos efeitos de toxinas ou da falta de oxigênio e da indução de cor
amarelada, a degeneração gordurosa patológica do fígado é identificada ao
exame macroscópico em seus estágios avançados. Como o sangue flui nos si­
nusoides hepáticos da periferia do lóbulo para seu centro, as células situadas
perifericamente são afetadas em primeiro lugar e, com isso, sofrem degene­
ração gordurosa. Por outro lado, com a deficiência de oxigênio (hipóxia), a
degeneração gordurosa começa geralmente no centro do lóbulo.
58.2 A arquitetura intramural da VEIA PORTA está adaptada a altas pressões. Essa
elevada pressão sanguínea é necessária para a perfusão do segundo leito capilar
(hepático) do sistema venoso portal. A pressão é mantida por anastomoses
arteriovenosas na região do intestino, bem como pelo efeito de elevação da
pressão sanguínea no baço, cujo sangue venoso chega à veia porta. Os fascí­
culos musculares que repousam externamente e possuem orientação longitu­
dinal são características da estrutura da parede e também recebem o nome de
musculatura subserosa adventícia. Em exame ultrassonográfico da veia porta
e de suas tributárias, há uma ecogenicidade típica distinta causada pela parede
relativamente espessa. Por outro lado, as veias hepáticas não exibem qualquer
estrutura de parede que seja evidente ao exame ultrassonográfico.
Na veia porta, atinge-se pressão sanguínea adequada para a perfusão do lei­
to capilar hepático em virtude das anastomoses arteriovenosas e do baço. A
grande parte do sangue já no começo do ramo venoso (p. ex., na parede in­
testinal) flui através do leito capilar. O declínio limitado na pressão sanguínea
decorrente disso é equiparado pelo papel do baço na regulação da pressão
arterial (ver 52.3) e pelas numerosas anastomoses arteriovenosas na origem
da veia porta, evitando-se, dessa forma, o leito capilar. Em função disso, um
58.2 Radiografia contrastada (portografia) de desvio portocaval extra-hepático.
Após injeção, o meio de contraste flui para a veia jejunal (1) e a veia porta (2) e,
a partir dai, para desviar do fígado (5), escorre através do desvio portocaval (3),
diretamente para a veia cava caudal (4). (Foto: Prof. Dr. Gravei, Leipzig.)
conteúdo suficiente de oxigênio é garantido para o suprimento do fígado, já
que a delgada artéria hepática não consegue irrigar esse órgão gigantesco so­
zinha. A veia porta reúne o sangue de veias não pareadas provenientes de
órgãos não pareados.
O efluxo venoso oriundo do segmento caudal do reto oc01Te via extraportal
por meio das veias pareadas relais medial e caudal. Esse sangue não chega ao
fígado por meio da veia porta, mas flui através da circulação corporal. Essa
circunstância é explorada com a aplicação de tratamentos em forma de supo­
sitório, pois, com isso, o medicamento absorvido será eficiente em virtude de
sua concentração plena.
Na circulação fetal, o sangue venoso portal é conduzido diretamente além do
leito capilar do fígado pelo dueto venoso para a veia cava caudal. Se esse curto
trajeto persistir após o nascimento, será estabelecido o diagnóstico de desvio
portocaval congênito. Evitando-se o fígado, o principal órgão de metabolismo,
a função básica de detoxificação será ineficaz como consequência. A concen­
traç,'io sanguínea de toxinas, como amônia, resulta em lesão ao sistema nervo­
so central, levando, por sua vez, ao desenvolvimento de hepatoencefalopatia.
Desvios congênitos podem ser submetidos à ligadura cirúrgica. Como podem
surgir diversas formas desse desenvolvimento vascular defeituoso, a posição
do desvio deve ser estabelecida pela administração de meio de contraste dire­
tamente em algum vaso na área de drenagem da veia porta (portografia).
58.3 A bile é concentrada na vEsicuLA BILIAR por reabsorção de água. A pre­
sença de esfíncter muscular na abertura do dueto biliar regula o fluxo de bile
para o duodeno. A bile serve como emulsificador de lipídeos, cuja superfície
consequentemente aumenta de tamanho, melhorando, com isso, a eficácia
das enzimas. Os ácidos biliares e os pigmentos biliares são reabsorvidos no
intestino delgado (circulação entero-hepática) e, por conseguinte, secretados
novamente na bile. Um conteúdo excessivo de pigmento biliar no sangue tor­
na-se evidente sob a forma de icterícia (pré-hepática, intra-hepática e pós-he­
pática). Em icterícia pré-hepática, o aumento dos pigmentos biliares origina­
-se de destruição elevada de eritrócitos (hemólise). A icterícia intra-hepática
é causada por lesão de células hepáticas, enquanto a icterícia pós-hepática
ocorre por obstruções dentro do sistema de duetos biliares. No pós-morte,
o processo de autólise da vesícula biliar e dos duetos biliares manifesta-se
prematuramente, com os tecidos adjacentes exibindo embebição• cor de bile
observada durante autopsia.
60. l A PARTE SACRAL oo SISTEMA PARASSIMPÁTICO chega por vias diferentes em
seus órgãos efetores -assunto sobre o qual não há consenso na literatura espe­
cializada. Também existem diferentes relatos sobre seu raio de influência e sua
região de inervação, que se baseiam, talvez, em peculiaridades específicas da
espécie. De acordo com a opinião de vários autores de livros sobre medicina
veterinária, supõe-se que o raio, ou faixa, de influência da parte sacral do sis­
tema parassimpático seja limitado ao reto, com os nervos se estendendo até a
fixação mesentérica do reto e até o limite com o cólon descendente. (De acordo
essa opinião, portanto, o nervo hipogástrico seria puramente simpático.) Na
anatomia humana, o cólon transverso é indicado como o limite de inervação
entre a parte parassimpática da medula espinal sacra! e o nervo vago. As con­
clusões mais recentes de pesquisas falam de uma área mais ampla de inervação
pelo sistema parassimpático sacra!, que, supostamente, inclui todo o cólon.
60.2 Basicamente por causa de sua posição protegida, o PLEXO LOMBAR raras
vezes é acometido por lesões traumáticas, ao contrário do plexo braquial. Em
contraste, distúrbios funcionais são causados com relativa frequência pores­
treitamento dos forames intervertebrais. As causas são, por exemplo, discopa­
tias (ver 10.3) ou espondiloartroses maciças (ver 8.6).
62.1 Em relação ao RIM, a cápsula adiposa de animais vivos possui consistên­
cia mole, de modo que os rins boiam, até certo ponto, em seu próprio tecido
adiposo.
Em radiografias realizadas sem o emprego de meio de contraste, os rins nem
sempre são exibidos satisfatoriamente, em particular o rim esquerdo (caudal).
Na melhor exibição radiológica, emprega-se meio de contraste compatível para
detecção das vias urinárias (urografia, ver 62.2). Por outro lado, a ultrasso­
nografia torna possível a exibição detalhada (ver anatomia tdtrassonográfica,
p.170a 171).
Anomalias congênitas, que se manifestam em uma falha de comunicação do
néfron com o sistema canalicular, levam a formações de cistos nos rins. Esse
defeito é promovido pelas origens diferentes do néfron (do blastema metane­
frogênico) e do sistema canalicular (do broto uretérico). Os vasos sanguíneos
do rim (artéria e veia renais) penetram nesse órgão via artérias e veias inter­
lobares e, por fim, nas aa. e w. arqueadas. Esses vasos desempenham papel na
formação de urina e, além disso, fornecem aporte sanguíneo ao parênquima
renal. Também exercem função na reabsorção de constituintes não urinários
pelas alças do néfron (de Henle).
As arteríolas glomerulares aferentes provenientes da artéria arqueada raramen­
te contribuem para a formação primária de urina, que, por sua vez, é produzi­
da, sobretudo, pelas aa. interlobulares. Dentro dos lóbulos renais, esses vasos
*N .T.: EmbebiÇlio corresponde à absorÇlio de liquido.
191

192
seguem trajeto radial em direção à cápsula do rim. No corpúsculo renal, as ar­
teríolas glomerulares aferentes ramificam-se em alças capilares glomerulares.
As arteríolas glomerulares e ferentes dos corpúsculos renais subcapsulares que
se acumulam a partir dos glomérulos desembocam na rede de capilares (cor­
tical), que, por sua vez, emaranha-se com as alças do néfron (túbulos renais)
do córtex renal e se unem para formar as veias interlobulares. A medula do
rim é irrigada por arteríolas retas (falsas), que provêm do corpúsculo renal
justa medular, bem como por arteríolas retas (verdadeiras), que se irradiam
a partir das artérias interlobulares ou, mais raramente, das artérias arqueadas.
O fluxo sanguíneo fora do córtex do rim ocorre pelas veias interlobulares e
da medula do rim, pelas vênulas retas, que conduzem o sangue pelas veias
arqueadas e pelas veias interlobares para a veia renal.
62.2 O URETER penetra na parede da bexiga urinária, mas a parte associada com
o óstio do ureter adota longo trajeto oblíquo. Nesse caso, evita-se a ocorrência
de fluxo reverso ou refluxo de urina para a pelve renal. Com aumento da pres­
são interna na bexiga urinária durante a micção, o segmento do óstio do ureter
é fechado por compressão. Haverá duplicação unilateral do ureter como ano­
malia congênita se o broto uretérico for prematuramente distribuído antes de
chegar ao seio renal. Isso também pode evoluir para duplicação da pelve renal.
Os óstios ectópicos dos ureteres com incontinência urinária contínua podem
estar presentes em posição caudal ao músculo esfíncter da uretra. A oclusão
do ureter pode ter muitas causas, como cálculos urinários (urólitos), tumores,
tecido cicatricial ou anomalias. Isso leva não só ao represamento e à obstrução
do fluxo de urina, mas também à dilatação dos ureteres (hidroureter) e, por
fim, da pelve renal. Em caso de retenção crônica, há atrofia por compressão
da papila renal comum e, finalmente, de todo o parênquima renal com perda
completa de função. O resíduo do rim remanescente permanece como amplo
saco preenchido por urina.
64.1 A MUCOSA DA BEXIGA uR1NAR1A é pregueada e, em caso de repleção, as pregas
são eliminadas, conferindo-lhe um enorme volume potencial. A ocorrência de
traumatismo abdominal obtuso pode levar à ruptura da bexiga urinária reple­
ta. Basicamente, os cães machos são acometidos com maior frequência do que
as cadelas, nas quais a uretra curta e larga possibilita o esvaziamento rápido e
mais fácil da bexiga urinária com aumento excessivo na pressão.
62.2 Urografia: concentração do meio de contraste no ureter ectópico esquerdo
distendido (1) e na bexiga urinária regularmente preenchida (2).
64.2 A URETRA é curta e ampla em cadelas, mas longa e estreita em cães machos.
Por esse motivo, a obstrução da uretra por cálculos vesicais (urolitíase) ocorre
quase exclusivamente nos machos. Os locais mais eleitos para a obstrução da
uretra do macho são o estreitamento da uretra adjacente ao osso do pênis e a
curvatura da uretra no arco isquiático.
64.3 A MUSCULATURA DA BEXIGA URINÁRIA segue seu trajeto em camadas muscula­
res interna e externa, com camada circular entre elas. As camadas não são exa­
tamente separadas umas das outras e, de trechos em trechos, mudam de lugar
uma com a outra. Os fascículos musculares rompem-se e mudam do colo da
bexiga urinária para o segmento inicial da uretra. Com a contração da bexiga
urinária, o segmento inicial da uretra se dilata. A contração é desencadeada
por fibras parassimpáticas que se originam nos nervos pélvicos. As fibras sim­
páticas chegam à bexiga urinária por meio do nervo hipogástrico. Desarranjos
neurogênicos e miogênicos podem causar perda de controle da emissão uri­
nária (incontinência) ou retenção de urina. A incontinência urinária ocorre
frequentemente após esterilização em cadelas. A perda de estrógenos parece
causar diminuição da resposta do esfíncter à inervação simpática. Isso pode
ser neutralizado por meio de reposição estrogênica e/ou medicamentos sim­
paticomiméticos. Diversas causas, desde discopatias (ver 10.3) até inflamaç.'io
crônica da bexiga urinária, podem produ1Jr paralisia com retenção urinária
e, finalmente, distensão vesical maciça. Do ponto de vista do diagnóstico di­
ferencial, em caso de distensão vesical, a interrupção da via de saída da urina
causada por urolitíase (ver 64.2) tem de ser descartada.
64.4 Em particular, o LIGAMENTO susPENsóR10 oo OVÁRIO do lado esquerdo é re­
lativamente curto e, com a esterilização da cadela (ovariectomia), impede o
posicionamento cranial do ovário. O ligamento é palpado como um cordão
tenso direcionado cranialmente, mas é possível distingui-lo da artéria ovárica,
que corre dorsal mente. Por não conter vasos sanguíneos, o ligamento pode ser
penetrado com segurança sem ligadura prévia.
64.3 Cálculos na bexiga urinária de cão macho.
64.5 As TÚNICAS oo TESTÍCULO -o peritônio e as continuações das camadas da
parede corporal -são abordadas de forma distinta, dependendo dos diferentes
métodos de castração. Em castração (orquidectomia•), com manutenção do
revestimento formado pelo processo vaginal, transeccionam-se o processo não
aberto e o cordão espermático distalmente ao local da ligadura. Em castração
feita com processo vaginal aberto, o dueto deferente "nu" é removido com ner­
vos e vasos sanguíneos.
64.6 Pelo mecanismo de DESCENSO, os TESTicuLos são deslocados de seu local
de origem para o escroto por processo contínuo que ocorre nos períodos pré­
-natal e pós-natal. Os testículos adentram os canais inguinais pela cavidade
abdominal 3 a 4 dias após o nascimento e migram até o escroto ao longo das
semanas seguintes. O descenso é concluído, em média, depois de I mês e meio
e, no mais tardar, deve estar finalizado após 3 meses e meio. Se o descenso dos
testículos for incompleto e esses órgãos permanecerem na cavidade abdominal
ou ficarem presos no canal inguinal e, portanto, escondidos, esse problema
recebe o nome de criptorquidismo (cryptos = oculto, ordús = testículo).
O testículo retido exibe ligamento próprio do testículo e ligamento da cauda
do epidídimo anormalmente longos. Tal testículo também se mostra predis­
posto a neoplasias. Sua temperatura interna aproxima-se daquela do corpo
e, com isso, geralmente ocorre interrupção do processo de espermiogênese,
embora os hormônios sexuais sejam produzidos de forma quase ininterrupta.
Para a espermiogênese normal, há necessidade de temperatura essencialmente
mais baixa; além disso, a temperatura interna do testículo situado normalmen­
te no escroto deve se aproximar daquela da pele.
Com a posição fisiológica do testículo no escroto, vários fatores regulam a
temperatura testicular, que chega a aproximadamente 2ºC abaixo da tempe­
ratura corporal. Podem ser mencionados dois fatores: 1. o efluxo venoso do
testículo ocorre via plexo pampiniforme. Por meio das alças vasculares desse
plexo venoso, passa a artéria testicular, cujo sangue é levemente resfriado
antes de sua perfusão do testículo por sangue um pouco mais frio do plexo
pampiniforme. (Alterações varic-0sas desse plexo podem causar esterilida­
de em homens e animais.) 2. O músculo cremáster (externo) e o músculo
liso da túnica dartos fazem com que o testículo seja tracionado para cima,
aproximando-se do corpo mais quente ou -com o relaxamento desse mús­
culo -o testículo desliza para o fundo do escroto, mais frio. Naturalmente,
isso pode ser mais eficaz em espécies com escroto pendular, como no touro
ou no carneiro, do que no cão.
66.J O OVÁRIO tem dupla função comparável à do testículo, fornecendo os óvu­
los ou oócitos para fertilização e suprindo a produção de hormônios sexuais.
No córtex do ovário, localizam-se os óvulos (oócitos !), que são envelopados
no período pós-natal e, dependendo do estágio de desenvolvimento, estão dis­
postos em folículos de diferentes tamanhos. Nos folículos primordiais, o oó­
cito tem diâmetro de 20 iun e está circundado por células epiteliais escamosas
achatadas que se tornam cuboides. Primeiramente, com a puberdade, os folí­
culos primários individuais crescem até folículos secundários, cujo oócito tem
diâmetro de 0,1 mm circundado pela 1.ona pelúcida e pelo epitélio folicular de
múltiplas camadas, bem como por envelope de tecido conjuntivo (teca externa
e interna). O folículo terciário resultante, que é semelhante à bexiga e contém
líquido folicular, possui antro (cavidade) folicular detectável entre as células
epiteliais foliculares, que são frouxas e separadas umas das outras. O oócito,
,.N.T.: Extirpação dos testículos: sinônimo de orquiectomi~t

com diâmetro de aproximadamente 0,2 mm, é sustentado por uma pilha de cé­
lulas epiteLiais foliculares, o cúmulus oóforus, e circundado pela coroa radiada,
um estrato de camada única de células epiteliais foliculares. Alguns folículos
terciários individuais crescem até folículos maduros (ovulatório), que exibem
diâmetro em lorno de 2 mm. O maior número de folículos não atinge a ovula­
ção, mas morre por atresia folicular (atresos = sem luz ou abertura).
66.1 Secção longitudinal do ovário. 1. folículo primário; 2. folículo secundário;
3. folículo terciário; 4. cúmulus oóforus; 5. coroa radiada; 6. corpo lúteo cíclico;
7. cordões medulares; 8. vasos sanguíneos.
Após ruptura do folículo, uma glândula endócrina, o corpo lúteo (CL), de­
senvolve-se a partir do epitélio e do tecido conjuntivo do envoltório folicular.
Na cadela, o CL persiste por cerca de 75 dias, independentemente de prenhez.
Durante esse período, o corpo lúteo produz progesterona, cuja concentração
no decorrer do ciclo sofre declínio gradual. Isso ocorre de forma semelhante
durante a prenhe1_ No pós-parto, consequentemente após 63 dias, há queda
abrupta na concentração de progesterona. Sob a influência hormonal, tanto no
ciclo reprodutivo da cadela prenhe como na não prenhe, ocorre aumento na
concenlração sanguínea de prolaclina, que prepara a glândula mamária para
lactação. Por conseguinte, nas cadelas em ciclo, após regressão do corpo lúteo,
frequentemente se observa lactação falsa, conhecida também como pseudo­
ciese ou gravidez psicológica.
ln terrupções da função do ovário com a formação de folículos degenerativos
e/ou cistos persistentes na cadela constituem, muitas vezes, uma causa de ciclos
tardios.
O exame ultrassonográfico regular torna possível o registro direto tanto do
folículo em processo de amadurecimento (maturação) como da ovulação e da
formação do corpo lúteo, e ainda pode ser consultado para o controle da fun­
ç.'io do ovário.
66.2 Com a ovulação, a TUBA UTERINA coleta o óvulo. Se o óvulo fertilizado che­
gar à cavidade abdominal, ocorrerá uma gestação abdominal. No peritõnio ex­
trauterino circunjacente à nidação, existem ricas proliferações vasculares que
são insuficientes para o feto; por essa razão, ocorre morte prematura. Portanlo,
em comparação com a gravidez abdominal na medicina humana, a gravide-t
extrauterina, que também pode começar na bolsa ovárica, é de menor impor­
tância veterinária.
66.3 O úTERO (metra em grego), com seu endométrio rico em glândulas eva­
sos sanguíneos, lorna possível a nidação do óvulo ferlilizado. O epitélio ute­
rino consiste em células secretoras livres de cílios e células ciliadas que mu­
dam de forma dependendo da fase do ciclo. Durante a maturação folicular,
o excesso de eslrógenos produz proliferação de glândulas uterinas e edema
fisiológico do endométrio. O processo de diapedese de eritrócitos através do
endométrio leva ao desenvolvimento de corrimento sanguíneo durante essa
fase do ciclo. Após a ovulação, o aumento nos níveis de progesterona induz
à secreção das glândulas uterinas e ao fechamento da cérvix do útero. Com
frequência, na cadela, esse curso de eventos é interrompido por infecção e/ou
disfunção do ovário e isso causa diferentes formas de endometrite. Próximo
ao término do eslro {cio), alé mesmo antes do fechamento da cérvix, as bac­
térias podem penetrar no útero, produzindo endometrite e preenchendo o
lume uterino com secreção purulenta (piometra); essa secreção, por sua vez,
não consegue escoar, já que a cérvix se enconlra fechada. Com persistência
dos folículos, são produzidos estrógenos de maneira permanente, mantendo
o endométrio edematoso por longo período de tempo e induzindo a corri­
mento serossanguinolento crônico e, após infecção bacteriana secundária,
purulento (endornetrite crônica). Na maioria das vezes, ocorre o desenvol­
vimento de cistos luteais foliculares que produzem estrógenos e progestero­
na. A estimulação hormonal contínua das glândulas uterinas induz à proLife­
ração e à secreção contínuas e, por fim, ao desenvolvimento muito frequente
de endometrite cistica glandular.
O rniométrio produz as contrações no momento do parto até a expulsão do
feto, enquanto o perimétrio garante a facilidade de deslocamento do órgão.
Durante a prenhez, as células musculares lisas do miométrio podem se alongar,
talvez, dez vezes mais (até 1 mm) e, ao nascimento, contraem-se pela influência
do sistema hipotalâmico-hipofisário (ocitocina).
66.4 Nos órgãos genitais masculinos, o UTRÍCULO PROSTÁTICO, ou ÚTERO MASCU·
LINO, está presente como uma bolsa de fundo cego nas adjacências do colículo
seminal. Essa bolsa constitui o resquício da extremidade caudal dos duetos de
Müller.
66.5 A céRv1x oo ÚTERO possui tampão de muco em seu canal, o que impede
infecção ascendente. A consistência desse tampão, no entanto, depende da fase
do ciclo estral. Na fase de estro, esse tampão se liquefaz, sendo expelido para
tornar possível a passagem do espermatozoide através do canal da cérvix.
66.6 O EPITÉLIO DA MUCOSA VAGINAL sofre alterações dependendo da fase do ciclo
estral. Por isso, o exame microscópico de esfregaço vaginal possibilita a esti­
mativa da fase do ciclo da cadela. No anestro, predominam grandes células epi­
teliais nucleadas. No decorrer do proestro, essas células são progressivamente
substituídas por grandes células epiteliais queratinizadas não nucleadas que
degeneram no estro. Próximo ao fim do estro e no metaestro, essas células de­
saparecem sob a influência de progesterona. Sob o impacto dos estrógenos no
proestro e no estro, a mucosa, sobretudo em cadelas jovens das raças caninas
maiores, torna-se edematosa. Isso pode levar à ocorrência de prolapso da mu­
cosa. Com esse prolapso sazonal, em contraste ao prolapso vaginal verdadeiro,
o óslio da urelra não é incluído.
66.7 Na cadela, a 6sr10 DA URETRA fica na linha mediana ventral no assoalho da
vagina, 2 a 5 cm craniais à comissura ventral dos lábios da vulva. Para obtenção
da urina, com o auxílio de espéculo vaginal e da visão, é possível a introdução
de cateter rígido com subsequenle avanço alé a bexiga urinária.
66.8 O CLITÓRIS pode aumentar consideravelmente com desequilíbrio hormonal
produ1Jdo, sobretudo, pelas gónadas e pelo córtex da adrenal. Por essa razão, o
clitóris frequentemente é denominado como pênis em miniatura. Apesar disso,
essa analogia lem limilações importantes. Diferentemente do caso do pênis, a
urelra nunca termina no clitóris e parte do corpo esponjoso é deslocada em
direção à parede do vestíbulo da vagina como bulbo do vestíbulo.
68. 1 Em relação ao TESTicuLo, a terminologia anatômica deriva-se principal­
mente do latim, testis, com algumas exceções, como epiórquio, meso-órquio
e periórquio. O uso clínico origina-se da palavra grega orchis, ou orchios, por
exemplo, orquiectomia para castração. O testículo é uma glândula endócrina,
além de produzir espermatozoides, que, com a secreção do epidídimo e da
próstata, compõem o ejaculado. Em cães machos idosos, os tumores lesticula­
res representam o tipo mais frequente. Os estrógenos que são produzidos pelas
céh~as de Sertoli e emanam da neoplasia induzem à feminização (ginecomas­
tia, alrofia do pênis) e à atração de outros machos.
68.1 Secção longitudinal
ultrassonográfica do testículo,
com neoplasias ecogênicas
(3) e cisto (4). 1. parênquima
testicular; 2. mediastino do
testículo. (Ultrassonografia:
Prof. Dr. C. Poulsen Nautrup,
Munich.)
68.2 O EPIDiDIMO (epi -sobre; dídimo -gêmeo em sentido metafórico), com
seus dúctulos eferentes, desenvolve-se a partir cios canalículos transversos
do mesonefro, mas o dueto do epidídimo a parlir do dueto mesonéfrico
(Wolffian). Pelas divisões em cabeça, corpo e cauda do epidídimo, é possí­
vel deduzir os segmentos subjacentes do testículo como as extremidades da
193

194
cabeça e da cauda. O longo dueto do epidídimo constitui o local de armaze­
namento e maturação dos espermatozoides, que, nesse local, adquirem mo­
tilidade e capacidade de fertilização. Os espermatozoides lesionados serão
elimina dos por fagocitose.
68.3 O DUCTO DEFERENTE corresponde à continuação direta do dueto do epi­
dídimo. A remoç.'\o cirúrgica de parte do dueto deferente com consequente
esterilização é conhecida como vasectomia, pois esse dueto era denominado
antigamente de vaso deferente. Em grande parte dos casos, a reunificaç.'\o ci­
rúrgica de ambos os cotos não promove a recuperação da fertilidade do macho.
Com a transecção cirúrgica original, os nervos autônomos são seccionados por
necessidade. Além de isso ser prejudicial à função do testículo, observa-se, dis­
talmente ao local da transecção, déficit de peristaltismo do dueto deferente,
movimento este indispens,-\vel para o transporte do sêmen.
68.4 Com a ejaculação, o coLiCULO SEMINAL fecha o início da uretra na bexiga
urinária em virtude de seu tecido erétil. Dessa forma, o sêmen é desviado dis­
talmente.
68.5 Em cães machos jovens, a PRÓSTATA localiza-se dentro da pelve, deslo­
cando-se gradativamente em direção cranial com o avanço a idade. Até cerca
de 5 anos de idade, essa glândula já se encontra completamente dentro do
abdome. Hiperplasia prostática é o resultado de efeito hormonal "não cali­
brado". Os andrógenos são responsáveis por hiperplasia glandular, enquanto
os estrógenos provocam metaplasia escamosa. A transição para hiperplasia
prostática patológica em cães idosos é um processo mais suave combinado
principalmente com formações císticas intraparenquimatosas. O aumento de
volume da próstata pode causar constrição do reto em posição adjacente,
levando à dificuldade de defecação. Em contraste, a ocorrência de constri­
ção da uretra e de disúria (dificuldade de micção) é rara em cães machos. A
eliminação de efeitos androgênicos por meio de tratamento com antiandró­
genos ou castração resulta em diminuição do volume da próstata em curto
espaço de tempo. Além dos frequentes cistos prostáticos parenquimatosos,
raramente ocorre a formação de cistos grandes de uma ou múltiplas câmaras,
como cistos de retenção. Esses cistos estão ligados à próstata ou, sob a for­
ma de cistos paraprostáticos de origem desconhecida, apenas repousam em
local adjacente à glândula. Os cistos desse tipo podem assumir dimensões
extremas e ocupar proporção considerável da cavidade abdominal antes de
produzir dor clínica ou incômodo.
68.5 Contraste negativo da bexiga urinária (1) causado por insuflação de ar para
diferenciá-la de cisto paraprostático (2) que se localiza caudalmente, além de
ser homogêneo ao exame radiográfico.
68.5 Secção transversal ultrassonográfica de próstata hiperplásica com inúme­
ros cistos intraparenquimatosos. 1. parênquima da próstata; 2. uretra; 3. cistos;
4. reto. (Ultrassonografia: Prof. Dr. C. Poulsen Nautrup, Munich.)
68.6 A EREÇÃO e a ejaculação são controladas, respectivamente, pelas divisões
parassimpática e simpática do sistema nervoso autônomo. A ereção do pênis
é atingida por intumescimento do corpo erétil arterial sólido, o corpo rígido
(cavernoso) do pênis, e do corpo erétil venoso esponjoso, o corpo esponjoso
do pênis.
A ereção ocorre no corpo erétil arterial (corpo rígido do pênis) pela atuação
dos seguintes fatores: 1. os coxins da túnica íntima existentes dentro das arté­
rias helicinas no estado quiescente ocluem esses vasos. Portanto, o sangue é
desviado através de anastomoses arteriovenosas e evita as cavernas do corpo
rígido (cavernoso) do pênis. Com a ereção, os coxins da túnica íntima nivelam­
-se na horizontal e o fluxo sanguíneo é conduzido nas artérias helicinas até as
cavernas. 2. Por oclusão das anastomoses arteriovenosas mencionadas ante­
riormente, é conduzido fluxo sanguíneo intenso nas cavernas, que, por meio
disso, são preenchidas de forma tensa e distendida. 3. As cavernas são "aber­
tas" em função do relaxamento das células musculares lis.1s circunjacentes. 4.
As veias, com seus trajetos oblíquos, são pinçadas pelas trabéculas estiradas.
5. O ingurgitamento ou represamento de sangue no ramo venoso é intenso em
virtude da contração do m. isquiouretral e do esforço compressivo dos corpos
eréteis no vestíbulo da vagina da cadela. O m. isquiouretral origina-se no arco
isquiático e insere-se com o do outro lado em um anel fibroso situado mediai­
mente. Pela contraç.'\o do m. isquiouretral, o fluxo sanguíneo proveniente da
veia dorsal do pênis, que atravessa esse anel, é diminuído ou interrompido. Em
função também dos coxins da túnica íntima nas veias, a drenagem do sangue é
protelada. Em pesquisas mais recentes, no entanto, a existência de ereção que
favoreça os coxins arteriais e venosos da túnica íntima é duvidosa.
Na primeira fase do coito, o corpo rígido pareado do pênis fica ereto em pri•
meiro lugar e, não até que ocorra penetração vaginal, ocorre ereção completa
do corpo esponjoso não pareado do pênis, mais especificamente, o corpo da
glande do pênis. A ejaculação começa dentro de 1 minuto após o início do coi­
to. Na segunda fase, o macho gira 180° e, a princípio, não consegue se separar
da cadela. Uma torção ( em formato de S) do pênis atrasa ainda mais o fluxo de
s.1ída venoso, particularmente a partir da glande do pênis, do que se orig.ina o
fenômeno de "travamento''. (Aporte sanguíneo do pênis, ver p. 71.)
A inervação do pênis ocorre via neurônios parassimpáticos, simpáticos e sen­
sitivos. A inervação parassimpática procede do plexo pélvico e causa ereção,
enquanto a inervaç.'\o simpática inerva o músculo liso e as artérias heücinas,
além de ser responsável pela ejaculação. As terminações nervosas sensitivas
s.fo inúmeras na glande do pênis e no prepúcio.
68.7 Em virtude de sua sobreposição abobadada, o osso oo PÊNIS restringe a
capacidade de dilatação da uretra peniana. Portanto, cálculos urinários prove­
nientes da bexiga urinária podem ficar "encurralados", acumulando-se direta­
mente em posição caudal ao osso do pênis (uretrolitíase).
68.8 O enfartamento dos UNFONooos 1LiAcos MEDIAIS é demonstrado ao exame
radiográfico como uma sombra ventral à última vértebra lombar e pode caus.1r
deslocamento ventral do reto.
70.J O ovário é irrigado e drenado pelas ARTÉRIAS E VEIAS ovAR1cAs E UTERINAS,
respectivamente, e tais vasos se anastomosam. Na esterilização da cadela, é im­
prescindível a ligadura de ambas as tributárias (afluentes) vasculares.
70.2 O TRONCO LOMBOSSACRAL e suas raízes nos segmentos L6 a S 1 da medula
espi na! podem ser lesionados e, assim, perder sua funcionalidade por diver­
sas causas. Os problemas mais frequentes são constriçôes lombossacrais (ver
10.2), espondiloses laterais com estreitamento dos forames intervertebrais
(ver 8.6), mas também fraturas, subluxações e luxações da parte caudal da co­
luna vertebral lombar.
70.3 As GLÂNDULAS ADRENAIS, exatamente como os rins e os grandes vasos san­
guíneos (aorta e veia cava caudal), estão localizadas no espaço retroperitonial.
Tais glândulas situam-se na extremidade cranial dos rins. Essas relações pró-
70.3 Secção longitudinal ultrassonográfica da glândula adrenal esquerda em
formato de haltere (1); 2. aorta abdominal; 3. artéria renal; 4. artéria abdominal
cranial.

ximas determinaram a terminologia de glândulas suprarrenais. A constrição
da adrenal esquerda causada pela presença da veia abdominal cranial confere
a essa glândula um formato característico de haltere observado em secção lon­
gitudinal ultrassonográfica, enquanto a adrenal direita tem formato de vírgula.
Como glândula endócrina, a adrenal possui função completamente divergente
daquela do rim. A medula da adrenal, que se desenvolve a partir do ectoderma
(simpaticoblastos), produz adrenalina e noradrenalina. Já o córtex da adrenal
desenvolve-se a partir do mesoderma embrionário e produz os hormônios
esteroides. Hiperplasia e tumores (adenoma e adenocarcinoma) do córtex da
adrenal são relativamente frequentes em cães. O aspecto característico do cór­
tex deve-se à produção excessiva de hormônios adrenocorticais (ver 150.1).
Em caso de remoção cirúrgica realizada possivelmente em virtude de neopla­
sias, a presença do nervo esplâncnico maior em sua superfície dorsal e de sua
irrigação sangtúnea (originária das artérias adrenais cranial, média e caudal)
deve ser levada em consideração.
72.1 Atualmente, ao contrário das definições mais antigas, o PEAINEO é consi­
derado como todo o fechamento muscular cutâneo da saída da pelve nos arre­
dores do canal anal e da parte caudal do aparelho urogenital. Com frequência,
a atrofia do diafragma da pelve, especificamente do m. levantador do ânus,
leva ao surgimento de hérnia perineal em cães machos idosos. Influências hor­
monais são consideradas a causa. Ao menos, atribui-se um papel crescente à
hiperplasia prostática (ver 68.5), já que isso leva ao aumento da compressão
durante a defecação e, com isso, ao incremento da tensão exercida sobre o pe­
ríneo. O saco herniário contém principalmente tecido adiposo retroperitonial,
mas, raras vezes, intestino delgado ou grosso. Às vezes, também pode ocorrer
deslocamento caudal da bexiga urinária e/ou da próstata. O fechamento ci­
rúrgico da hérnia pode ser efetuado após destacamento do tendão do m. ob­
turador interno (ver ilustração, p. 78) e sua transposição e sua união com o
m. esfíncter externo do ânus e o m. coccígeo, que s.'\o suturados um ao outro.
Recomenda-se a castração simultânea, que neutraliza a tendência à hipertrofia
da próstata.
72.1 Radiografia de hérnia perineal em collie macho. A bexiga urinária, preen­
chida por meio de contraste via sonda, está deslocada em direção ao saco her­
niário (retroflexão da bexiga urinária). (Radiografía: Prof. Dr. E. Henschel, Berlin.)
A incisão da vagina e do períneo (episiotomia) é utilizada para alívio do par­
to por meio do aumento da rima da vulva ou para remoção de neoplasias va­
ginais. A rima da vulva é submetida à incisão dorsal, mas não chega até o m.
esfincter externo do ânus.
74.l O cíNGUL0 ÓSSEO DA PELVE é fraturado com frequência em acidentes de car­
ro. Em fraturas com deslocamento mínimo das partes fraturadas, pode ocor­
rer recuperação espontânea em um ambiente calmo e tranquilo, sem interven­
ção cirúrgica. Os músculos adjacentes aderidos a todas as superfícies podem
promover a consolidação óssea por seu efeito estabilizante, mas também, por
sua contração, podem aumentar o deslocamento das partes fraturadas. Nesse
caso, a consolidação espontânea pode ter graves consequências, tais como es­
treitamento do canal do parto. Lesões de órgãos intrapélvicos são frequente­
mente combinadas com fraturas pélvicas que envolvam, por exemplo, a bexiga
urinária, a uretra, o reto e ramos do plexo lombossacral (ver 78.2).
74.2 Na siNFISE PÉLVICA, o osso do quadril (coxal) de um lado pode ser separa­
do do outro em virtude de traumatismos acompanhados, ocasionalmente, por
separação simultânea da articulação sacroilíaca. Tais separações afetam, em
particular, animais jovens, visto que a sínfise pélvica nesses animais ainda é
cartilagínea e sofre o processo de ossificação pela primeira vez na fase adulta. A
articulação sacroilíaca, estreita, também fica mais resistente ou mais compacta
com o avanço da idade. Em animais jovens, a união sinfisial, que ainda é carti­
lagínea, permite o alargamento insignificante do canal ósseo do parto.
76.1 Nos cães em fase de crescimento entre 4 e 12 meses de vida, ocorre necrose
asséptica da CABEÇA DO F~MUR (doença de Legg-Calvé-Perthes). Presume-se que
o aporte sanguíneo insuficiente seja o agente causal (ver 84.1), além de existir
predisposição racial (terrier, poodle toy). Ao exame radiográfico, em estágios
progressivos da doença são identificáveis as seguintes alterações: deformação e
indentação da cabeça do fêmur, além de reações de reparo, como compress.'\o
da substância esponjosa e desenvolvimento fibroso do endósteo. Na doença
progressiva, alterações morfológicas podem invadir o colo do fêmur, com o
desenvolvimento de tecido conjuntivo endosteal. São obtidos resultados tera­
pêuticos satisfatórios com a ressecção da cabeça do fêmur. Em cães jovens, o
aporte sanguíneo da cabeça do fêmur ocorre por meio de plexo vascular na
cápsula articular e pela artéria epifisial, que corre no ligamento da cabeça do
fêmur. Até o fechamento da placa de crescimento fisial, a cabeça do fêmur tam­
bém é suprida por vasos intraósseos (artérias diafisiais) (ver ilustração).
76.1 Deformação da cabeça do fêmur do lado direito decorrente de necrose
asséptica da cabeça do fêmur.
76.2 Fraturas do COLO DO FÊMUR são importantes e prejudiciais ao aporte san­
guíneo da cabeça do fêmur. Portanto, elas devem receber atenç.'io especial para
rápida correção cirúrgica e anatômica.
76.3 A TUBEROSIDADE DA TiB1A, local de inserção dom. quadríceps femoral, é uma
apófise que se une ao restante da tíbia por cartilagem fisial durante o período
de crescimento. Essa cartilagem fisial consiste em parte caudoproximal, quase
perpendicular, e parte craniodistal, quase horizontal. A parte craniodistal da
cartilagem, por conta da tensão dom. quadríceps femoral via ligamento patelar,
que é contínua, tem a capacidade de tração aderindo-se à margem cranial da
tíbia distalrnente. A ocorrência de apofisiólise é rara e causada principalmente
por traumatismo (ver ilustração 138.5). Esse distúrbio ocorre quase exclusi­
vamente em cães jovens entre 4 e 6 meses de vida, e se dá antes da ossificação
final da cartilagem fisial, que se fecha depois de I ano de idade. Em virtude da
patogénese distinta, a fratura da tuberosidade da tíbia no cão não é equiparada
com a doenç.1 de Osgood-Schlatter em seres humanos.
76.3 Radiografia (ilustração à esquerda) e corte histológioo (ilustração à direita)
da tuberosidade da tíbia de cão jovem com ossificação inicial da cartilagem
fisial. (Radiografia: Ora. Von Ruedorffer, Berlin.)
76.4 Os OED-OS RUDIMENTARES (esporão ou ergot) são particularmente bem de­
senvolvidos em raças caninas de grande porte (mastim, são-bernardo) e tam­
bém podem ser duplicados. Em raças caninas específicas, como b1iard (pastor
de Brie), esses dedos constituem um pré-requisito do padrão racial.
78. l Em cães, o local mais comum para injeção intramuscular é a MUSCULATURA
QUE CIRCUNDA O iSOUIO.
78.2 O NERVO 1sau1Anco é propenso à lesão em seu trajeto sobre a incisura is­
quiática maior, em razão de fraturas pélvicas. Com falhas nas técnicas de in-
195

196
jeção, as aplicações int,Jmusculares de medicamentos irritantes nos músculos
isquiáticos longos também podem levar a dano irreversível do nervo.
80.1 O M. GRÁCIL pode sofrer ruptura por traumatismo causado por atividade
intensa. Como resultado, a articulação do joelho não consegue mais se esten­
der de forma ativa. Em consequência de síndrome compartimentai funcional
crônica, pode ocorrer encurtamento dom. grácil em c<'\es extremamente ativos
ou rigorosamente adestrados da raça pastor alemão. No cão acometido, duran­
te um passeio e, mais intensamente, no trote, o jarrete, ou articulação do tarso,
fica hiperestendido e posicionado para fora, enquanto o pé é direcionado para
dentro. A cirurgia consiste em ressecção completa do músctdo.
80.2 O M. PECTiNEO (E ADUTOR LONGO), além de sua atividade como adutor, tra­
ciona o fêmur proximalmente, pressiona a cabeça desse osso na margem dor­
sal do acetábtdo e, portanto, estabiliza a articulação do quadril de morfologia
normal. Em caso de displasia coxofemoral (ver 86. 1 ), por outro lado, essa pres­
são aumenta os sintomas de dor na margem do acetábulo reduzida e acelera o
processo de desgaste da articulação. Por essa r-Jzào, na displasia coxofemoral, o
procedimento de pectinomiotomia pode levar à melhora temporária dos sin­
tomas sem, no entanto, deter a evolução do processo.
80.3 O encurtamento do m. quadríceps femoral gerado por meio traumáti­
co leva a rigidez e hiperextensão da articulação do joelho, combinados com
abdução ou arrastamento do membro pélvico. O músculo acometido fica de
coloração branco-amarelada, atrofiado e, por fim, fibrótico, com degeneraç,'\o
e necrose locais.
82.1 A VEIA SAFENA LATERAL pode ser utilizada para venopunção antes da coleta
de sangue ou para injeções intravenosas.
82.2 O NERVO FIBULAR COMUM também recebe o nome de nervo peroneal comum
na clínica. Com déficit funcional, a articulação do tarso mantém-se estendida e
não consegue mais flexionar de forma ativa (paralisia fibular). A ocorrência de
déficit dos extensores dos dedos induz à flexão da articulação metacarpofalân­
gica.* 1àmbém há perda de sensibilidade na face dorsal do pé.
82.3 Os MúscuLos ns1A1s CRANIOLATERAJS E CAUDAIS estão isolados em um com­
partimento fechado por f.íscia na perna (crura e no joelho, conforme o caso).
Após fraturas ou lesões oblíquas da tíbia causadas por mordidas, pode ocor­
rer aumento intenso da pressão nesses locais (síndrome compartimentai, ver
146.2).
82.4 Raramente ocorre laceração óssea no tendão de origem do M. EXTENSOR
LONGO DOS DEDOS; quando ocorre, é mais frequente em cães jovens. Com o ten­
dão deslocado distalmente, fragmentos ou lascas de osso lesionam a articula-
ltN.T.: Também conhecida como deformidade de ílexâo da articulação mecacarpofolângica.
Do inglês knuckling of fe1lock. indica que as articulações metacarpofalângicas são mantidas
levemente flexionadas. em vez de permanecerem estendidas.
86.1 Articulação da coxa saudável, com a cabeça de cada fêmur ajustada
profundamente no acetábulo.
ção do joelho, levando à claudicação de alto grau. A extensão dos dedos, na
verdade, não fica limitada.
82.5 A ruptura parcial ou completa do TENDÃO CALCÃNEO COMUM é causada prin­
cipalmente por traumatismo. Apenas a raça dobermann é predisposta à rup­
tura espontânea. Após ruptura completa, ocorre POSTURA PLANTi0RADA DOS Pés.
Em geral, as rupturas parciais afetam apenas os tendões ílexores superficiais
dos dedos.
82.6 A "cABeçA" DO CALCÃNEO pode luxar lateralmente ou, o que é mais raro,
mediaimente. Além de estar associada com tumefação grave da bolsa sinovial
subtendínea, a luxação ocorre particularmente em cães acima do peso ideal (i.
e., com sobrepeso).
82.7 A dilaceraç,ão do tendão de origem do M. POPLiTEo leva ao deslocamento
do osso sesamoide nele contido, que é detectado radiograficamente.
84.l As ARTÉRIAS FEMORAIS CIRCUNFLEXAS LATERAL E MEDIAL desenvolvem um ple­
xo vascular na cápsula da articulação do quadril, de onde provém o principal
aporte sanguíneo para a cabeça do fêmur.
86.l A ARTICULAÇÃO DA coXA na postura em estaç,'io ocupa ângulo de 85 a 100°.
O ângulo de flexão gira em torno de 45 a 79°, enquanto o de extensão, de 30
a 75°. Às vezes, os movimentos de adução e abdução podem ocorrer em ân­
gulo de 70 a 80º. Para injeção intra-articular da articulação da coxa, deve-se
avançar uma agulha de 5 a 7 cm de comprimento, 4 a 6 cm horizontalmente a
partir da margem craniodorsal do trocanter maior. Luxações da articulação
da coxa são causadas principalmente por pancada ou impacto externo intenso
e, em geral. ocorrem no sentido craniodorsal. O membro acometido parece
encurtado e, em caso de luxação, um triângulo imaginário formado entre o
túber da coxa, o túber isquiático e o trocanter maior do fêmur fica mais achata­
do dorsalmente e, em contraste, mais largo ventralmente (teste do triângulo).
Displasia coxofemoral é o problema mais frequente dessa articulação em cães.
Além de ser um distúrbio particularmente familiar em muitas raças caninas de
porte médio e grande, esse tipo de displasia é hereditário como traço poligê­
nico. Em caso de displasia coxofemoral, há um problema de retardo pós-natal
de desenvolvimento dessa articulação. Possivelmente por estímulo insatisfató­
rio gerado pela cabeça do fêmur no desenvolvimento, o acetábulo permanece
achatado ou chanfrado (biselado). A cabeça do fêmur é mantida de maneira
insatisfatória no acetábulo e pode sofrer subluxação ou luxação. A instabili­
dade na articulação do quadril leva à tensão excessiva sobre a cartilagem ar­
ticular e à formação de osso subcondral, o que causa alterações degenerativas
secundárias da articulação mencionada (coxoartrose). O diagnóstico é feito
por radiografia e, com isso, a classificação dos cães examinados é subd.ividida
em giupos A a E (Grupo A= livre de clisplasia coxofemoral, Grupo E = grave
displasia coxofemoral). Um critério para avaliação da profundidade do acetá­
bulo é o ângulo de Norberg. Esse ângulo situado entre uma linha traçada até
o ponto central de ambas as cabeças do fêmur e outra linha projetada a partir
86.1 Grave displasia coxofemoral. A cabeça de cada fêmur não está suficien­
temente cercada pela margem chanfrada ou achatada do acetábulo. A direita,
observa-se artrose do quadril (coxoartrose) completamente desenvolvida.

desse ponto até a margem cranial do acetábulo em raças caninas saudáveis de
grande porte deve ser equivalente a não menos que 105°. Em cães de porte
médio e pequeno, recorre-se a ângulos específicos variados de cada raça para
fazer a avaliação. Em casos graves, há diversos procedimentos cirúrgicos à dis­
posição. Pectineomiotomia é a técnica mais simples e confere alívio paliativo
sintomático (80.2}. Com as diferentes técnicas cirúrgicas empregadas, tenta-se
melhorar a congruência entre o acetábulo e a cabeça do fêmur. Isso é obtido
após osteotomia dos ossos ilio, ísquio e púbis com a técnica de osteotomia pél­
vica tripla, por meio da qual o acetábulo é inclinado sobre a cabeça do fêmur.
Com a técnica de osteotomia de varização, a cabeça do fêmur é ainda mais
inclinada para o acetábulo por remoção de osso em formato de cunha a partir
da diáfise proximal do fêmur. A substituição total da articulação do quadril por
prótese também foi realizada por alguns anos.
86.2 A ARTICULAÇÃO DO JOELHO no cão em estação ocupa ângulo de !OS a 160°
em sua face poplítea. O ângulo de flexão varia entre 65 e 90°. enquanto o de ex­
tensão, entre 35 e 60º. Com ângulo de 90º da articulação do joelho, a tíbia pode
ser rotacionada 10 a 20° para dentro e 35 a 40° para fora. Comparativamente,
em extensão, os ligamentos colaterais tensos não permitem qualquer rotação.
Com injeção intra-articular, avança-se a agulha na articulação levemente fletida
mediaimente ao ligamento patelar no meio do trajeto entre a tuberosidade da
tíbia e a patela. A agulha, então, é direcionada no sentido caudoproximal e para
a cavidade articular. A ocorrência de ruptura do ligamento cruzado cranial da
articulação do joelho está entre os problemas ortopédicos mais frequentes de
cães. As raças de porte médio são acometidas entre 5 e 8 anos de idade. As raças
de grande porte são afetadas já no primeiro ano de vida, enquanto as anãs, não
antes dos 12 anos. A ra1.ão da suscetibilidade à ruptura do ligamento cruzado
cranial está na diferenciação progressiva da cartilagem fibrosa na parte média
do ligamento com o avanço da idade, a qual reduz sua força tênsil. A base para a
diferenciação da cartilagem fibrosa é a torção do ligamento cruzado cranial em
torno de seu próprio eixo longitudinal. Isso se amplia em cada flexão da articu­
lação. produzindo aumento da pressão dentro do ligamento. A ruptura não cos­
tuma ocorrer de forma súbita. Com as fases de sobrealongamento (estiramento
excessivo), há desintegração imperceptível da estrutura ligamentar, rupturas
dentro do ligamento e ruptura parcial, incluindo da superfície do ligamento.
Por fim, isso resulta em ruptura total após traumatismo de baixa intensidade. O
"teste de gaveta" fornece a prova diagnóstica do problema. Com o fêmur imóvel
no lugar, a tíbia pode ser deslocada no sentido cranial. Na maioria dos casos
de ruptura do ligamento cru1.ado, a instabilidade rotacional na articulação do
joelho leva a dano do menisco medial. Técnicas cirúrgicas muito distintas fo­
ram desenvolvidas para estabilizar a articulação do joelho: uma tira de fáscia
femoral ou parte do ligamento da patela pode ser arrastada até a cavidade arti­
cular como substituto intra-articular do ligamento. Em comparação, materiais
sintéticos são empregados como substitutos extra-articulares do ligamento. Es­
ses materiais são envoltos em torno dos ossos sesamoides do m. gastrocnêmio
(fabelas) medial e lateralmente, e ancorados através de orifício perfurado na
tuberosidade da tíbia.
Além dos métodos clássicos de substituição do ligamento, também foi desen­
volvido um método cirúrgico biomec.'ico: a remoç.'\o da cabeça da fíbula
desloca a inserção do ligamento colateral lateral cranialmente, de modo que
ele pode assumir a funç.'\o do ligamento cruzado cranial. Em outro método,
a superficie articular proximal da tíbia é inclinada no sentido craniodistal por
osteotomia cuneiforme, evitando-se, com isso, seu deslizamento para a frente.
A parte traumatizada do menisco, geralmente o corno caudal do menisco me­
dial, é submetida à ressecção.
Outros problemas da articulação do joelho que ocorrem com relativa frequên­
cia são osteocondrose dissecante (ver 142.4), localizada, em geral, no côndilo
lateral do fêmur, e ruptura do ligamento cru1..ado caudal.
86.2 Radiografia do teste de
gaveta em caso de ruptura do
ligamento cruzado. Em relação
ao fêmur, a líbia está desloca­
da cranialmente.
86.3 Em caso de luxação da PATELA, essa estrutura é deslocada mais para a face
medial, raramente para o lado. Na maioria das vezes, as raças toy são acome­
tidas. Esse quadro é tratado como um problema congênito. Em luxação con­
gênita da patela, a tróclea do fêmur permanece achatada/plana ou está com­
pletamente ausente por causa da ausência de estímulo formativo de pressão
exercida pela patela. As técnicas cirúrgicas mais empregadas consistem no
deslocamento da tuberosidade da tíbia com a inserção do ligamento da patela
lateralmente e/ou no aprofundamento da tróclea do fêmur.
86.4 Em estação. a ARTICULAÇÃO DO TARSO ocupa ângulo de 110 a 135°. O ângulo
de flexão é de aproximadamente 60 a 80°, enquanto o de extens.'io, 20 a 35°.
Apenas na articulação fletida há uma pequena possibilidade de rotação em
torno de 10 a 15°. A presença de mobilidade para o lado é indicação de fratura
do maléolo medial ou lateral, ou ruptura dos ligamentos colaterais. Para exame
artroscópico da articulação tarsocrural, pode-se introduzir o endoscópio late­
ralmente ao tendão dom. extensor longo dos dedos. A artroscopia é realizada
particularmente para identificar lesões de osteocondrose dissecante da cartila­
gem articular na tróclea do tálus.
88.1 Em sua forma original em peixes cartilaginosos. o CRÂNIO PRIMORDIAL cons­
titui uma cápsula cerebral cartilaginea tubular. No decorrer da filogênese, o
teto torna-se cada vez mais defeituoso, de modo que, por fim, permanece ape­
nas um crânio cartilagíneo na base. Os defeitos do tecido conjuntivo são pre­
enchidos por lâminas ósseas que se originam diretamente do tecido conjuntivo
do desmocrânio e, mais tarde, fundem-se com o crânio primordial cartilagíneo
remanescente na base do crânio. Em virtude da ossificação que emana de inú­
meros focos, o crânio primordial cartilagíneo divide-se em vários ossos endo­
condrais, ou ossos de reposição. Esses ossos se fundem parcialmente com os
ossos membranosos ou de tecido conjuntivo do teto do crânio, dando origem a
ossos de natureza mista, por exemplo, o osso temporal. Em adultos, as únicas
partes do crânio primordial que persistem são as cartilagens nasais e as suturas
de crescimento cartilagíneas na base do crânio.
Fontículos ou fontanelas são fissuras de tecido conjuntivo que se desenvolvem
no período pré-natal entre os ossos do crânio. Por conta do pulso palpável de­
tectado nesses ossos, eles recebem o nome em latim de fonticulus, que significa
fonte. Em função do crescimento periférico dos ossos do crânio em processo
de delimitação, os fontículos se unem prematuramente, dando origem às su­
turas do crânio. Esse processo varia de acordo com a raça. Em raças toy com
crânios acentuadamente arredondados ou abaulados (ver 88.2), os fontículos
podem desaparecer com fechamento completo.
88.2 Uma curvatura acentuada do CRÂNIO com encurtamento simultâneo da
sua parte facial é característica de braquicefalia, o que é típico de muitas raças
caninas condrodistróficas (buldogues inglês e francês. chihuahua, pug. pequi­
nês, yorkshire terrier, etc.). Esse formato do crânio induz a vários problemas
de saúde nos animais acometidos e, por essa razão, é rejeitado como defeito de
criação ("má-criação").
88.3 O APARELHO H1610Eo une a raiz da lingua à laringe. Com a deglutição, a
língua é arqueada para cima, a laringe é tracionada no sentido craniodorsal
sob a raiz da língua e a epiglote é fechada. Estrangulamentos podem fratw·ar
o aparelho hióideo, envolvendo, em geral, o componente estilo-hioidc. Após a
ingestão alimentar, os processos de mastigação e deglutição ficam gravemente
prejudicados ou tornam-se impossíveis.
90.1 A PAAEDE DO cRÃN10 (teto do crânio = calvária) consiste em cinco camadas:
I. O pcrióstco externo ou pericrânio é fundido com o tecido conjuntivo das
suturas do crânio, ao mesmo tempo em que pode ser desprendido da gran­
de superfície óssea interjacente (por essa razão, hemorragia subperiosteal não
consegue passar para o lado de fora pelas suturas do crânio).
ll. A lâmina externa consiste em camada óssea ( compacta) cortical dos ossos
do crânio.
III. A díploe corresponde à camada reduzida de osso esponjoso que, apesar dis­
so, exibe peculiaridades estruturais. As suas pequenas cavidades contêm veias
diploic.1s, que atuam na regulação da temperatura. Em virtude do fllLxo intenso
de sangue através da díploe, as diferenças de temperatura são equalizadas entre o
escalpo (couro cabeludo) e o cérebro (uma demanda excessiva do mecanismo de
regulação da temperatura resulta em intermação ou insolação).
IV. A lâmina interna refere-se à camada óssea (compacta) cortical interna dos
ossos do crânio.
V. O periósteo interno ou endocrânio é fundido com a dura-máter sólida.
90.2 Os seios PARANASA1s são cavidades ósseas existentes entre as lâminas in­
terna e externa dos ossos do crânio, nas quais se estende a mucosa nasal respi­
ratória. Em neonatos, esses seios paranasais são muito pequenos e aumentam
consideravelmente de tamanho com o avanço da idade. Em raças c.1ninas de
cr.inio comprido. todos os três seios frontais sempre são bem desenvolvidos,
ao passo que, em raças de crânio extremamente curto, esses seios estão de todo
ausentes. Infecções das vias aéreas superiores e também neoplasias podem le­
var ao acúmulo de muco e pus nos seios frontais. Em caso de resistência ao
tratamento, os seios frontais devem ser abertos por via cirúrgica (trepanação)
para tratamento local direto. O recesso maxilar constitui uma evaginação da
197

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maxila direcionado lateralmente, mas delimitado mediaimente pelos ossos et­
moide, lacrimal e palatino. As raízes do dente carniceiro superior estão próxi­
mas ao recesso maxilar, de modo que, em caso de empiema radicular, tanto o
recesso como a glândula nasal lateral nele contida são acometidos.
90.3 A SELA TúRC1CA é completamente ocupada pela hipófise e pelo espaço su­
bar.icnoidal circunjacente. Portanto, com radiografia indireta, pode-se deduzir
o tamanho da hipófise, impossível de ser exibida.
90.4 Crânio de boxer com braquignatia superior [encurtamento do maxilar
superior) pronunciada.
90.4 Um distúrbio de crescimento da MAXILA com encurtamento como conse­
quência resulta em br.iquignatia superior e é uma característica típica de dife­
rentes raças condrodistróficas, como buldogue, pequinês e pug.
90.5 Em caso de braquignatia inferior, a MANDÍBULA é muito curta em relação à
maxila. Hiperdesenvolvimento ósseo periosteal sobre a mandíbula e na região
da bula timpânica é car.icterístico de osteopatia craniomandibular. Tr.ita-se
de uma osteopatia proliferativa de cães jovens que ocorre em west highland
white terrier (terrier branco das colinas do oeste). A mobilidade limitada da
articulação temporomandibular leva a problemas de ingestão de líquido e ali­
mento. As alterações parecem bilateralmente simétricas e, portanto, podem ser
diferenciadas de tumores ósseos.
90.5 Tumor ósseo do ramo da man­
díbula. (Tomografia computadoriza­
da: Animal Clinic Krüger, Hamburg.)
92.1 No cão narcotizado, a VEIA SUBLINGUAL está situada na fuce ventral da lín­
gua e é facilmente acessível para injeções intravenosas em situações de emer­
gência.
92.2 Após exposição à lesão, a PARALISIA FACIAL sempre induz a deficiências pa­
tológicas distintas que aparecem unilateral ou bilater.ilmente. Em caso de pa­
ralisia facial central, a lesão se localiza na medula oblonga do cérebro nas ad­
jacências do núcleo facial. Com déficit dos músculos da mímica, a musculatura
das pálpebras e a testa permanecem total mente intactas, pois os núcleos apenas
desses músculos conservam os impulsos provenientes de ambos os hemisférios
cerebrais. Em caso de paralisia facial periférica, as lesões estão presentes ao
longo do trajeto do nervo facial e, em geral, são provocadas por pancada ou
golpe em torno da margem ventral da mandíbula no processo condilar.
Em paralisia periférica completa, os ramos nervosos que deixam a parte
petrosa do osso temporal podem ser lesionados com diferentes graus de dano
(p. ex., distúrbio do paladar por dano à corda do tímpano; bloqueio da audi­
ção por dano ao nervo estapédio; secreção defeituosa das glândulas lacrimais
por alterações das fibras nervosas pré-ganglionares no nervo petroso maior;
e lesão à formação de saliva por dano à corda do tímpano, que é significativa
no homem). Os músculos da mímica (músculos da expressão facial) sofrem
paralisia flácida corno, por exemplo, com queda dos lábios. Com déficit do rn.
bucinador, o alimento se acumula no vestíbulo da boca adjacente às boche­
chas, o que impossibilita a preensão entre a série de dentes. Em caso de dé­
ficit dos músculos da pálpebra, as pálpebras podem não ser completamente
fechadas (m. orbicular do olho) nem completamente abertas (m. levantador
do ângulo medial do olho). O m. levantador da pálpebra superior (nervo
oculornotor) intacto e a musculatura lisa (m. tarsal superior) evitam a queda
completa dessa pálpebra. Em virtude da perda da capacidade de piscar, as
lágrimas não &'\o distribuídas sobre a córnea e isso leva a ressecamento e
opacidade dessa estrutura, além de infecção ocular. (Lesão semelhante com
alterações do nervo petroso maior resulta em comprometimento da forma­
ção de lágrimas.) O reflexo palpebrocorneal (ver 118.l) sofre diminuição em
caso de paralisia facial.
94.1 Com cirurgia plástica, o M. ESCUTULOAURICULAR SUPERFICIAL é deslocado no
sentido dorsomedíal para a elevação dos músculos da orelha em caso de queda
de orelha pendente. O músculo é suturado ao m. interescutular e com a carti­
lagem escutiforme.
94.2 Os MÚSCULOS DA MASTIGAÇÃO sofrem par.ilisia espástica em caso de tétano,
o que impossibilita a abertura da boca e a ingestão de alimento. Uma infla­
mação de origem desconhecida (miosite eosínofílica) leva à atrofia crônica
completa dos músculos da mastigação e gera nítida proeminência dos con­
tornos ósseos.
96.1 A PARALISIA oo NERVO MANDIBULAR induz a déficit dos músculos da masti­
gação e, com paralisia bilateral, à queda da mandíbula. Além de inflamaç.'\o e
tr.iumatismo, é preciso considerar também o envolvimento de doenças infec­
ciosas, como raiva e cinomose, corno agentes causais.
96.2 Os NERVOS MENTUAIS são bloqueados por meio de anestesia local em suas
&1ídas palpáveis pelos forames mentuais. Esses nervos fornecem inervação
sensorial para o lábio inferior.
96.3 Para eliminar a dor, o NERVO INFRAORBITAL é anestesiado durante cirurgia
em lábios, nariz, dentes incisivos e molares pela injeção de anestésico local no
canal infraorbital.
98.1 A GLÂNDULA LACRIMAL E A GLÂNDULA DA PREGA SEMILUNAR DA CONJUNTIVA
(TERCEIRA PÁLPEBRA) secretam líquido lacrimal seroso. Isso fornece nutrição
e umidade à córnea, mantendo seu estado de tumescência. A secreção não
só limpa a córnea, a conjuntiva e o saco conjuntiva!, mas também confere
proteç.10 contra processo inflamatório, por ser composta de substâncias an­
tibacterianas eficazes.
A ocorrência de ressecamento patológico do filme lacrimal resulta em cerato­
conjuntivite seca (inflamação seca da córnea e conjuntiva).
98.2 Em caso de obstrução do DUCTO NASOLACRIMAL, o filme lacrimal é secretado
sobre a margem da pálpebra inferior (epífora). Com a introduç.'\o de cateter
fino no orifício lacrimal superior ou inferior, é possível fazer a irrigação do
dueto. Em particular nas raças caninas toy, o dueto nasolacrímal não é comple­
tamente desenvolvido. O fluxo lacrimal crônico proveniente do ângulo medial
do olho culmina em irritação crônica da pele e aparecimento de mancha de
coloração castanha no pelo.
98.3 A ANESTESIA DO OLHO é obtida por injeção na periórbita ou na fissura orbi­
tal. O nervo oftálmico (sensitivo) (V l) e os nervos motores do olho (III, IV, VI)
são bloqueados, evitando-se a retração da órbita durante cirurgia.
98.4 Em raças caninas braquicefálicas (como pequinês), as NARINAS revelam
tendência ao desenvolvimento de estenoses, já que a sustentação cartilagínea
desses orifícios é insuficiente. De acordo com o princípio funcional de válvula
unidirecional, há fechamento das narinas e dispneia grave com a inspiração. A
correção cirúrgica é feita por meio de ressecção seccional em formato de cunha
das cartilagens nasais later.iis. Em r.iças br.iquicefálicas, os ossos do esqueleto
da face são proporcionalmente curtos e não cobrem as cartilagens nasais no
nível da ponta do nariz. Ao manter o focinho fechado durante exame clínico
das cartilagens do nariz deformadas, pode-se interromper o fluxo de ar sem
intenção.
100.1 A CAVIDADE NASAL pertence às "vias aéreas anteriores•: onde o ar da respi­
ração modifica sua temperatura e umidade em seu trajeto, além de ficar livre
de partículas estranhas. A equalização da temperatura respiratória e da tem­
peratura corporal é atingida em virtude da turbulência e do aporte sanguíneo
muito satisfatório da cavidade do nariz. Por exemplo, o ar inspirado a -30°C
no inverno é aquecido até 3 7°C. A mucosa nasal quente e úmida garante a
ampla s,1turação do ar inspirado. Corpos estranhos, como partículas finas e
insetos, podem ficar presos pelo revestimento piloso das narinas. As partículas
100.1 Imagem endoscópica da
cavidade nasal (rinoscopia) e do
septo nasal.

mais finas, bactérias e esporos, permanecem aderidas ao muco úmido. &sas
partículas são transportadas para longe com o muco associado por meio de
espirro ou, preferencialmente, pelo movimento dos cílios. A cavidade do na­
riz desempenha outro papel importante na regulação da temperatura corporal
pela emissão de calor com respiração ofegante.
Em distúrbios da cavidade do nariz, o diagnóstico é centrado em exames de
radiologia e microbiologia, bem como micologia, histopatologia, tomografia
computadorizada e ressonância magnética. Entre esses processos, a endos­
copia desempenha papel proeminente. Não somente as alterações estruturais
são compreendidas, mas também pode ser coletado material de biopsia para
exame microbiológico e histopatológico em andamento. Com radiografia e,
mais proveitosamente, com tomografia computadorizada, é possível diferen­
ciar alterações não só nos turbinados e no septo nasal, mas também nos tecidos
moles, como em tecido neoplásico ou infiltraç.'\o micótica. Pela obtenção de
imagem muito detalhada dos tecidos moles, tende-se ao uso da ressonância
magnética.
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,,. ... ' T f •· •
100.1 Rinite e sinusite purulen­
tas com destruição óssea na
cavidade nasal direita e no seio
frontal com secreção de pus em
direção ao meato nasofaríngeo.
(Tomografia computadorizada:
Animal Clinic Krüger, Hamburg.)
Para a remoção cirúrgica de neoplasias, como exemplo, o acesso cirúrgico à
cavidade do nariz é feito sobre a ponte do nariz após realização de osteotomia
e retirada de retalho (jlap) da narina pelo osso nasal (rinotomia). (fístula oro­
nasal, ver 104.11.}
100.2 É possível avançar uma sonda nasal através do MEATO NASAL VENTRAL até o
estômago. Depois de fixá-la, a extremidade da sonda pode ser deixada no local
por vários dias para permitir a alimentação artificial.
100.3 A MUCOSA DA LARINGE pode inchar de forma acentuada na região do ves­
tíbulo como em reações alérgicas, obstruindo as vias aéreas em grau extremo.
O conceito popular de "edema da glote" é incorreto, pois a glote (adjacente às
pregas vocais) não incha, mas sim a edematosa epiglote. Em relação às pregas
de mucosa da laringe, ao lado das pregas ventriculares e vocais, a prega arie­
piglótica, que se estende desde a epiglote até a cartilagem aritenóidea, forma o
limite lateral do ádito• da laringe. Lateralmente à prega ariepiglótica e ao ádito,
encontra-se o recesso piriforme da faringe.
Os processos cuneiforme e corniculado da cartilagem aritenóidea formam o
suporte cartilagíneo da prega ariepiglótica. Em raças caninas braquicefálicas
pequenas, ocorre "colapso" do processo cuneiforme, frequentemente associado
com estenose das narinas. Isso pode causar falta de ar inspiratória grave, pois,
durante a inspiração, o processo cuneiforme é deslocado em direção ao lume
da laringe, que, como resultado, estreita-se.
100.4 A GLOTE é formada ventralmente pelas pregas vocais (a parte inter­
membranosa) e, dorsalmente, pela cartilagem aritenóidea (a parte intercar­
tilagínea). A glote atua na formação do som, ou fonação, por vibrações das
pregas vocais. A tensão das pregas vocais em vibração pode ser alterada vo­
luntariamente pelos músculos da laringe. Com a força do fluxo de ar, isso
afeta a frequência e a amplitude da vibração ao mesmo tempo em que regula,
dessa forma, o tom (altura) e a intensidade do som. fatores como idade, sexo
e nível de testosterona influenciam o comprimento e a espessura das pregas
vocais e, com isso, o tom. Com a castração, o crescimento longitudinal do
ligamento vocal cessa. O som é modificado pelas câmaras de ressonância,
como cavidade do nariz, seios para nasais e cavidade da boca. A glote também
participa ftmcionalmente da produção de tosse. Para tal, primeiramente a
glote é fechada. Depois, através de impulso expiratório, a glote é forçada a
abrir sob pressão muito elevada, para que o ar seja literalmente impulsionado
adiante. A tosse drena e limpa as vias aéreas, porque, com o impacto do ar,
corpos estranhos e muco são expelidos.
:-tN.T.: Do latim aditus. que indica entrada ou acesso a um órgão ou uma cavidade.
100.5 O LIGAMENTO vocAL estende-se desde o processo vocal da cartilagem ari­
tenóidea até a face interna ventral da cartilagem tireóidea. Esse ligamento con­
siste, sobretudo, em fibras elásticas e, em conjunto com o m. vocal, pertence à
prega vocal.
100.6 Em raças caninas braquicefülicas, os VENTRÍCULOS LATERAIS podem sofrer
prolapso em direção ao lúmen da laringe, o que ocorre em virtude das relações
de pressão negativa. O tratamento cirúrgico envolve a excisão dos ventrículos
laterais.
100.7 As CARTILAGENS DA LARINGE formam o esqueleto da laringe. A elástica
cartilagem epiglótica situa-se sobre a entrada da laringe, protegendo-a com
a deglutição. As outras cartilagens da laringe são completa ou parcialmente
hialinas (aritenóideas) e, no idoso, há tendência à calcificação detectável em
radiografias. As cartilagens são unidas mutuamente por articulações e, com
isso, possuem certa liberdade de movimento. A articulação cricotireóidea
localiza-se entre o corno caudal da cartilagem tireóidea e a margem cranial da
cartilagem cricóidea, ao passo que a articulação cricoaritenóidea encontra-se
entre a cartilagem aritenóidea e a margem cranial da cartilagem cricóidea.
100.7 Cartilagens da laringe (1) com o osso basi-hi6ideo (2), a nasofaringe (3), a
traqueia (4) e a orofaringe (5). Detalhes do osso basi-hióideo, ver p. 88.
(Radiografia: Prof. Dr. E. Henschel, Berlin.)
100.8 Os MúscuLos DA LARINGE unem as cartilagens tireóidea, cricóidea e ari­
tenóidea entre si. De acordo com a função, diferenciam-se em (a) músculos
posicionais, que se prendem à cartilagem aritenóidea e, por meio da mu­
dança de posição da cartilagem, alteram a abertura da glote, e (b) músculos
de tensão, que modificam a tensão das paredes vibrantes da laringe. O m.
cricoaritenóideo dorsal é um músculo posicional que traciona o processo
muscular da cartilagem aritenóidea caudodorsal e mediaimente e, com ele,
o processo vocal para o lado, ampliando, dessa forma, a glote. Do mesmo
modo, o m. cricoaritenóideo lateral é um músculo posicional que atua como
antagonista do primeiro músculo. O músculo cricoaritenóideo lateral tracio­
na o processo muscular da cartilagem aritenóidea ventral e lateralmente e,
por meio disso, gira o processo vocal dessa cartilagem mediaimente. Assim,
as pregas vocais ficam juntas. O m. cricotireóideo, inervado pelo nervo la­
ríngeo cranial, é um dos músculos de tensão. Após lesão ao nervo laríngeo
recorrente (ver 14.2), os músculos da laringe inervados por ele sofrem para­
lisia flácida (hemiplegia laríngea) e atrofia. Isso resulta em perda de tensão
na prega vocal ipsilateral, hiperdesenvolvimento de ruído inspiratório e, por
fim, dispneia sob estresse.
100.9 Por meio de indícios, o vesTiBuLo DA BOCA é dividido rostromedialmente
em duas metades pelos frênulos dos lábios superior e inferior. O filtro (do gre­
go pl,iltron, que significa poção do amor) segue seu trajeto na linha mediana
até o septo nasal. A chamada fenda labial lateral (ou lábio leporino, em seres
humanos) constitui defeito congênito na formação do lábio que fica entre os
processos nasal e maxilar embrionários. Já a fenda maxilar localiza-se em di­
reção à maxila, entre o dente canino e os incisivos.
100.10 No PALATO ouRo, verifica-se a presença de fenda palatina como de­
feito embrionário ou após traumatismo; com frequência, observa-se fenda
palatina mediana em gatos após acidentes. A fenda palatina congênita me­
diana origina-se c-0mo uma união defeituosa ou incompleta dos processos
palatinos laterais embrionários. A separação entre as cavidades da boca e do
nariz por palato secundário cessa e, com isso, a deglutição fica consideravel­
mente prejudicada. Na configuração de fenda labiomaxilar, pode ocorrer
a combinação de vários defeitos. Fatores hereditários, tóxicos, hormonais e
ambientais, como hipervitaminoses e hipovitaminoses, são citados como a
causa dos defeitos.
199

200
Em contraste ao palato duro, o palato mole não possui base óssea, mas é sus•
tentado por músculo estriado e pela aponeurose palatina. A mucosa de reves­
timento do palato mole, cuja face adjacente à cavidade da boca e a adjacente
à cavidade do nariz consistem em mucosa cutânea e respiratória, respectiva­
menle, apresenta mobilidade e sofre grave inlumescência com inflamação. Na
maioria das raças caninas braquicefálicas, um alongamento do palato mole
como malformação costuma estar combinado com estenose das narinas e da
laringe. A correção cirúrgica envolve encurlamento do palato mole em sua
margem livre.
100.10 Fenda palatina mediana
congênija em rodesiano de crista
dorsal jovem.
100.11 A TUBA AUDITIVA que se estende desde a nasofaringe é circundada por
coxim que se desenvolve, em parte, a partir da carlilagem de sustentação e,
outra parte, do músculo limitante. A tuba auditiva serve como equalizador de
pressão entre a orelha média, que ocupa a cavidade do túnpano, e o meato
acústico exlerno; o tímpano (membrana do 1ímpano) que se localiza entre eles
consegue oscilar de forma ideal apenas se os níveis de pressão do ar forem
iguais em ambos os espaços. Isso é estabelecido pela deglutiç.'\o. O m. tensor
do véu palatino em contração insere-se na parede da tuba auditiva, que se abre
em vista disso. Em caso de faringite com presença de catarro na tuba auditiva,
o mecanismo de abertura falha em virtude da tumefação grave do palato mole.
Em virtude do fechamento da tuba auditiva, não se consegue mais ajustar a
pressão mais alta ou mais baixa na cavidade do tímpano. As sequelas compre­
endem otalgia e déficit auditivo, já que a membrana do tímpano não consegue
mais vibrar livremente.
100.12 As TONSILAS pertencem aos órgãos linfáticos. A tonsila palatina é a ton­
sila mais impor1an1e do "anel faríngeo" linfálico. Sob princípios da anatomia
comparada, essa tonsila é classificada como fossular, pois está albergada em
uma fossa, e não possui criptas e folículos•.
100.12 Tonsila palatina no seio tonsilar. 1. epitélio de superfície; 2. nódulos
linfáticos; 3. cápsula tonsilar; 4. glândulas mucosas.
Em termos morfológicos (formais), a lonsila palatina caracteriza-se por epité­
lio escamoso estratificado. O tecido linforreticular, caracterizado por nódulos
linf.ílicos primários e secundários típicos em relação direta com glândulas da
mucosa, silua-se na lâmina própria da mucosa sob o epitélio. Inúmeros linfó­
citos penetram no revestimento epitelial a partir do tecido linforreticular, que,
ll'N.R.C.: A tonsila palatina, segundo a NAV 2005 e outras referências, possui cripta e foH•
culo.
desse modo, torna-se "reticulado''. Profundamente, o tecido linforrelicular está
limitado por nílida cápsula tonsilar de tecido conjuntivo.
Do ponto de vista funcional, as tonsilas participam da defesa do organismo
contra infecções que penetram no nariz e na boca. A deflagração de infecção
penetrante é detectada e anticorpos específicos organizados são liberados. Da
mesma forma que outro tecido linfático é particularmenle bem desenvolvido
no animal jovem, assim são as tonsilas. Isso é necessário, pois esse animal deve
resistir a infecções às quais o animal adulto já se tornou imune. Com o avanço
da idade, as tonsilas sofrem regressão. Em caso de tonsilile ou fali ngite crônica,
ou ainda carcinoma de células escamosas da tonsila, indica-se o procedimento
de tonsilectomia; nessa técnica, o tecido tonsilar é completamente "descasca­
do" (removido) de sua cápsula 1onsilar subjacenle. Pode haver complicações
decorrentes de hemorragia uma vez que a tonsila palatina é ricamente irrigada
por inúmeros ramos da artéria lingual. As tonsilas não devem ser removidas
de fo1ma negligente, já que esses órgãos desempenham papéis importantes no
processo de imunidade; no entanto, a formação excessiva de imunocomplexos
(complexos de antigenoanticorpo) pode levar a lesões renais e cardíacas rele­
vantes na evolução da tonsilite recorrente.
102.1 Dos MÚSCULOS DA FARINGE, os constritores originam-se do crânio, do osso
hióideo e da laringe. As "tipoias" assim formadas, que se abrem ventral mente,
terminam na linha mediana dorsal da faringe, ao longo de sua rafe. Isso cor­
responde a uma faixa tendú1ea direcionada longitudinalmente, que, por sua
ve1, prende a faringe ao crânio. Os músculos do palato mole irradiam-se na
aponeurose palatina, formando o esqueleto de tecido conjuntivo do palato. A
interaç.'io organizada desses músculos é essencialmente engrenada para a de­
glulição.
Com o processo de deglutição, o alimento umedecido pela cavidade oral é
condu1jdo através da faringe até o esôfago, período durante o qual se fecham
as vias aéreas, ou seja, os áditos da nasofaringe e da laringe. Durante a fase
voluntária inicial da deglutição, os músculos do assoalho da boca ficam lensos
e a língua, como um pistão, é pressionada contra o palato duro. Nesse trajeto,
o alimento é impulsionado caudalmente, chegando à orofaringe e, por arquea•
mento da base da língua para cima, alé as adjacências do óstio intrafaríngeo. A
fase involuntária final da deglutição começa nesse local com a contração dos
músculos constritores da faringe. O quimo, como resultado, desliza diretamen­
te para a direita e para a esquerda além da epiglote, e através dos recessos piri­
formes esquerdo e direito até o esôfago. Por meio de peris1al1ismo, esse quimo,
então, chega ao estômago. Em caso de estreitamento da orofaringe, o trajeto do
alimento deve ser obrigatoriamente garantido, dirigindo-se por três "vias erra­
das''. 1. A retrogressão do alimento de volta à cavidade da boca é impedida por
compressão da língua contra o palato. 2. O acesso à nasofaringe é abolido por
elevação e tensão do palato mole. 3. Em relação ao revestin1ento do ádito da
laringe, este é deslocado rostralmente, mas a epiglo1e elástica sofre desvio em
virtude do arqueamento da base da língua para cima e repousa passivamente
sobre a entrada da laringe, fechando-a. A passagem da digesta pelo esôfago em
direção ao estômago é promovida por contrações peristállicas.
O relaxamento deficiente do m. cricofaríngeo contrai a en1rada ao esôfago e
interrompe a deglutição (acalasia cricofaríngea).
102.2 Os NERVOS GLOSSOFARÍNGEO E VAGO fornecem inervação sensitiva à mucosa
da faringe e inervação motora à musculatura da faringe, respectivamente. Por
conseguinle, formam ramos aferentes e eferentes do reflexo de deglutição me­
diado pelo contalo do alimento com a mucosa da faringe.
102.3 A PARTE SIMPÁTICA da inervação autônoma da cabeça, por meio de fibras
nervosas pós-ganglionares, segue seu trajeto até os órgãos efetores em compa­
nhia dos grandes vasos sanguíneos, particularmente a artéria carótida interna
(como o plexo carotídeo interno), a veia jugular (como o nervo jugular) e a
artéria carótida externa (como o plexo carotídeo externo). A estimulação da
parte simpática provoca dilatação da pupila (midríase) por forte contração do
m. dilatador da pupila e ampliação da rima das pálpebras por potente contra­
ção dom. tarsal liso. Na síndrome de Horner, a condução nervosa simpática
pode sofrer desarranjo em seu longo trajeto até a cabeça (p. ex., por bócio,
linfonodos enfartados, tumores do mediastino e prolapso de disco vertebral).
A síndrome é evidenciada por ptose (rima palpebral estreita), miose (pupila
constrita), prolapso da prega semilunar da conjunliva** e enoftalmia (órbita si­
tuada mais profundamente).
102.4 A PARTE PARASS1MPAT1CA do sistema nervoso autônomo da cabeça está li­
gada aos pares de nervos cranianos Ili, Vil, IX e X. Os neurônios parassimpá­
ticos pré-ganglionares do nervo oculomotor (lll) seguem seu trajeto na órbita
até o gânglio ciliar e, a partir daí, os neurônios pós-ganglionares estendem-se
até o m. ciliar (acomodação visual) e o m. esfíncter da pupila (miose). As fibras
parassimpáticas do nervo facial (Vil) estão direcionadas no nervo do canal
pterigóideo alé o gânglio plerigopalatino e, a partir daí, após realizarem sinap­
se com fibras pós-ganglionares, até as meninges, as glândulas nasais e lacrimais
e a mucosa nasal. Outra parte parassimpática inerva as glândulas salivares via
corda timpânica. A parte parassimpática do nervo vago estende-se predo­
minantemenle até as cavidades corporais maiores e sofre sinapse em primeiro
,.*N.T.: Conhecida também como membrana niclitante ou terceira pálpebra.

lugar nos gânglios intramu,Jis dos órgãos efetores. O gânglio proximal que
se localiza no forame jugular contém os corpos celulares nervosos dos neurô­
nios sensitivos (aferentes). Os corpos celulares nervosos dos neurônios visce­
rossensitivos se localizam no gânglio distal (nodoso). Não ocorre sinapse nos
gânglios proximal e distal, como geralmente ocorre nos gânglios sensitivos.
Os corpos celulares dos neurônios motores autônomos estão localizados no
rombencéfalo.
102.5 MEATO ACÚSTICO EXTERNO, ver 120.2
104.1 A RAIZ OA úNGUA é visivelmente ampla e torulosa em raças caninas braqui­
cefálicas e, portanto, pode reduzir o fllLxO de ar e impedir a respiração.
(rostral)
104.2 Secção transversal da parte rostral da língua com sua lissa mediana (1).
104.2 O ÁPICE DA LÍNGUA contém a lissa, locafüada rostromedialmente, erronea­
mente identificada com a raiva (também conhecida como "lissá'). Além de ser
uma especialização morfológica existente na lú1gua de carnívoros, a lissa pode
ser levemente detectada em secção transversal da ponta da língua. Esse tubo de
tecido conjuntivo, com cerca de 4 cm de comprimento, contém tecido adiposo,
músculo estriado e células cartilagíneas.
104.3 Os RECEPTORES DO PALADAR são componentes dos botões gustativos pre­
sentes, sobretudo, nas pregas circulares das papilas valadas, nas papilas fo.
lhadas e, em menor número, nas papilas fungiformes. Em seres humanos e,
possivelmente, nos mamíferos domésticos, também existem botões gustativos
na base da língua e na epiglote, inervadas pelo nervo vago. Os botões gustati­
vos exibem formato de barril e cada um deles consiste em cerca de 30 células
(células gustativas, de sustentação e basais). A "extremidade aberta do barril':
que corresponde ao poro do botão gustativo, fica na superficie da mucosa. As
células gustativas são células sensoriais secundárias que entram em contato
com fibras nervosas sinápticas. A prega circular da papila valada contém apro­
ximadamente 150 botões gustativos. No assoalho dessa prega, desembocam as
glândulas gustativas serosas, que, possivelmente, dissolvem o material a ser
saboreado e, além disso, após a percepção do sabor, conduzem-no para longe.
Ademais, no terço caudal da língua, há glândulas serosas e seromucosas que
pertencem às glândulas salivares dispersas.
104.4 Por conta do arranjo tridimensional dos feixes de fibras musculares lon­
gitudinais, transversas e perpendiculares, os MÚSCULOS INTRiNSEcos oA úNGUA de­
monstram características estruturais específicas ao órgão. O envoltório normal­
mente típico dos feixes de fibras por endomísio, perimísio e epimísio, bem como
por fáscia muscular ou profunda, é modificado em grau notável. Os feixes mus­
culares estriados também revelam ramificações ocasionais de forma atípica.
Em termos funcionais, o arranjo tridimensional dos feixes musculares lon­
gitudinais, transversos e perpendiculares permite enorme mobilidade, que é
de patticular benefício para a captação de alimento. Com a sucção, a língua
forma tuna espécie de tubo. Pela contração de fibras musculares perpendicu­
lares e transversas, a língua fica até mesmo mais longa, uma função muscular
considerada única.
104.5 O NERVO HIPOGLOSSO pode ser lesionado por traumatismo ou inflamação
do espaço mandibular. Em caso de paralisia unilateral, a língua curva-se para o
lado saudável e atrofia-se no lado paralisado. Com distúrbio bilateral do nervo
hipoglosso, há paralisia completa da língua que pende com flacidez na boca.
104.6 As GLÂNDULAS SALIVARES secretam saliva na cavidade ou no vestíbulo oral.
As glândulas apendiculares são agrupadas nas grandes glândulas salivares.
Destas, no cão, a glândula parótida possui secreção serosa, enquanto as glân­
dulas mandibulares e sublinguais possuem secreção seromucosa. A regulação
do fluxo salivar ocorre por via parassimpática e, em menor grau, por fibras
simpáticas.
Medicamentos parassimpaticomiméticos estimulam a secreção de saliva, com
seu fluxo estimulado por via reflexa prévia e pela ingestão de alimento. Con­
creções salivares e cálculo dentário (tártaro) são sedimentos salivares, que
contem detritos celulares de odor fétido e em decomposição. Os dentes mo­
lares situados nas adjacências dos orifícios das glândulas parótida e zigomá­
tica são particularmente predispostos ao acúmulo de cálculo. As concreções
salivares localizam-se nos duetos excretores e podem obstruí-los, levando a
represamento da secreção, formação de cistos de retenção e atrofia da glândula
por compressão.
104.7 No interior de seu parênquima, a GLÂNOULA PARÓTIDA é atravessada por va­
sos sanguíneos e pelo nervo facial. Por essa razão, alterações patológicas, como
inflamação e neoplasias, podem causar paralisia facial. O dueto parotídeo, que
passa sobre o m. masseter, pode ser redirecionado por via cirúrgica para a co­
missura lateral da pálpebra, servindo como substituto de lágrimas em caso de
"ressecamento" patológico do fllLxo lacrimal.
104.8 As GLÃNDULAS suBUNGUAIS são importantes do ponto de vista clínico, pois
lesões aos seus duetos excretores podem levar à formação de cistos salivares.
O cisto sublingual repousa no assoalho da cavidade oral e é conhecido como
rânula por conta de sua similaridade com o abdome da rã. Em posição cervical,
fala-se de cisto de mel ou melícero, por causa de seu conteúdo semelhante a
mel. Com radiografia contrastada após injeção do meio de contraste via carún­
cula sublingual, pode-se garantir o diagnóstico de lesão do lado esquerdo ou
direito. Como as glândulas sublinguais e mandibulares monostomáticas estão
estritamente ligadas entre si, torna-se impossível a cirurgia da glândula su­
blingual sem comprometimento da glândula adjacente; dessa forma, ambos os
órgãos são removidos juntos.
104.9 Polidontia, revelando duplicidade do dente de lobo (primeiro pré-molar
[P1)) na maxila. (Preparação anatômica: Prof. Dr. E. Henschel, Berfin.)
104.9 O NÚMERO EXCESSIVO DE DENTES (POUDONnA) origina-se do excedente de
órgãos dentários primordiais. Um número menor (oligodontia) é observado
em raças braquicefálicas, nas quais, como regra, os últimos dentes (caudais)
da série dentária estão ausentes. Com déficit de primórdios dentários, apare­
cem lacunas não fisiológicas entre os dentes (diastasia). Em caso de perda de
dente por traumatismo ou extração, o alvéolo ósseo já estará fechado depois de
algumas semanas. Isso não é verdadeiro, no entanto, para o alvéolo do dente
canino do cão idoso. O acúmulo de partículas de alimento no alvéolo pode
resultar em inflamação da cavidade do nariz. Dentro da série dentária, existe
uma autorregulação com tendência ao restabelecimento da continuidade da
dentição. Em posição normal do dente, os dentes incisivos da maxila ficam
situados um pouco rostralmente em frente daqueles da mandíbula (dentição
de cisalhamento fisiológica). Em caso de denti<;<'\o setorial defeituosa, as arca­
das dentárias superior e inferior repousam exatamente uma em cima da outra.
Existem anomalias de posição causadas por rotação dos dentes em torno do
eixo longitudinal (torção) e do eixo transversal, particularmente em caso de
braquicefalia.
104.10 Os 1Nc1s1vos são dentes providos de três pontas e seu desgaste está sujei­
to a padrões de alimentação e comportamento.
104.1 l No cão, o DENTE CANINO é utilizado como arma. A raiz muito longa difi­
culta a extração. Como complicação de extração, a parede óssea muito delgada
que conduz até a cavidade do nariz pode sofrer fratura e provocar o desenvol­
vimento de fístula oronasal.
Para fechar o orifício da fístula, retalhos (jlaps) teciduais obtidos da mucosa
adjacente do palato e da mucosa de conexão da bochecha são deslocados, aco­
modados sobre o defeito e suturados.
104.12 Os DENTES PRÉ-MOLARES E MOLARES OA BOCHECHA esmiúçam e trituram
o alimento. Diferentemente dos outros dentes pré-molares, o primeiro pré­
-molar (PI), ou dente de lobo, sempre tem uma raiz e, portanto, pode ser
identificado ao exame radiográfico. Em termos filogenéticos no cão, esse
dente está em regressão, deixando assim o local para a grande raiz do dente
canino.
104.13 O NÚMERO OE RAÍZES dos dentes pode revelar considerável variação,
principalmente em virtude da fusão de várias raízes; com o procedimento
de extração, podem ser observados fragmentos de partes remanescentes da
raiz. Anomalias radiculares posicionais, em particular aquelas divergen­
tes e compressivas entre si, tornam a extração dentária consideravelmente
difícil.
201

202
104.13 Dentição temporária, exibindo os primórdios subjacentes da dentição
permanente em tomografia computadorizada seccional obtida por meio da man­
díbula de filhote canino. (Fotografia: Dr. Fahrenkrug, Quickborn, e Animal Clinic
Krüger, Hamburg.)
104.14 Os DENTES CARNICEIROS possuem três raízes na maxila e duas na mandí­
bula. Inflamação e purulência do dente carniceiro superior podem se propagar
para seus arredores. A partir de sua raiz caudal, os orifícios procedentes de
fístulas são encontrados ventralmente à órbita.
104.14 Dente carniceiro (Ml) da
mandíbula. Esmalte (1 ); dentina (2);
cemento (3) e cavidade do dente
(pulpar -4). (Radiografia de microfoco:
Prof. Dr. C. Poulsen Nautrup, Munich.)
104.15 O ESMALTE oo DENTE consiste na substância mais rígida do corpo, basi­
camente mais dura que os ingredientes alimentares. As células formadoras do
esmalte também formam seu epitélio, constituindo uma capa sobre o esmalte.
Após erupção dentária, as células formadoras do esmalte e o epitélio do esmalte
são logo desgastados. O esmalte não consegue se regenerar caso, por exemplo,
sofra desmineralização, e se desintegra com c.-ies dentárias causadas por bac­
térias formadoras de ácido. Em casos decinomose, ocorre hipoplasia do esmal­
te com a formação de defeitos semelhantes a depressões nesse esmalte e, com
isso, predisposição concomitante a cáries dentárias, particularmente nos den­
tes incisivos (dentição de cinomose). O aparecimento de cáries não relaciona­
das à infecção ataca o último pré-molar e o primeiro molar da arcada dentária
superior. Em virtude da desintegração do esmalte, a dentina exposta é corada
de castanho-escuro. As cavidades das coroas dos dentes podem se comunicar
com a cavidade dos dentes (pulpar). Em cães, as cáries geralmente aparecem
na superfície oclusal do dente, raras vezes no limite esmalte-cemento. Em seres
humanos, esse local representa o principal risco de cáries. A cavidade do dente
(pulpar) contém vasos sanguíneos e nervos envolvidos por tecido conjuntivo,
o que é sugestivo de mesênquima.
104. 16 A GENGIVA corresponde ao segmento da mucosa oral que protege os al­
véolos dentais dos ossos envolvidos na mastigação. A gengiva projeta-se para
cima de forma semelhante a uma gola ou a um colarinho com seu epitélio mar­
ginal externo e, depois, com seu epitélio marginal interno, penetra profunda­
mente, aderindo-se ao colo do dente. Por meio disso, a membrana periodontal
é protegida superficialmente. Com a separação do epitélio marginal interno
do dente, formam-se bolsas gengivais. Com a extração dentária, o dente aco­
metido é exposto pela gengiva e, ao se fazer isso, é preciso prestar atenção à
inervaç,'\o suprida pelos nervos bucais e sublinguais.
104.16 Bolsa na gengiva (1 ), formada pela separação do epitélio marginal inter­
no e do osso (bolsa óssea -2) a partir do dente.
104.17 Em virtude do LIGAMENTO PERIOO0NTAL, o dente fica suspenso no alvéolo.
A pressão exercida pela mastigação é transmitida por fibras colágenas oblí­
quas como uma carga de impulso sobre o osso alveolar suscetível à pressão.
Em geral, a inflamação do ligamento periodontal (paradontite) origina-se em
bolsas gengiva is infectadas por bactérias. Com o curso progressivo da infecção,
ocorre afrouxamento e, por fim, perda do dente acometido.
106.1 A ARTICULAÇÃO TEMPOROMAN0IBULAR é importante, antes de tudo, como
principal articulação da mastigação desenvolvida a partir de derivados da car­
tilagem de Meckel (c.1rtilagem do arco branquial!). No decorrer da evolução,
sofreu mudança de papel com sua transformaç,'io em ossículos da orelha e es­
truturação da articulação temporomandibular (remanescente) secundária. A
articulação é classificada como condilar, com maior mobilidade proporcionada
simultaneamente por amplo ângulo de abertura. A ocorrência de luxações é
rara no cão e se dá apenas sob a forma de subluxações em conjunto com fratu­
ras de mandíbula. Nas raças basset e cocker spaniel, podem ocorrer luxações
temporomandibulares espontâneas por desenvolvimento defeituoso da cavida­
de óssea e encurtamento do côndilo da mandíbula (displasia temporomandi­
bular). Isso deve ser levado em conta na reprodução.
106.2 Fraturas da siNASE INTERMANDIBULAR são frequentes em cães. Após reposi­
cionamento, os fragmentos podem ser fixados por fios de cerclagem em torno
de ambos os dentes caninos ou por pinos.
108.1 A ouRA-MÁTER pode sofrer ossificação (paquimeningite ossificante) em
machos idosos de raças maiores (mastim, s,'io-bernardo). Apenas raramente, a
ossificação pode causar sintomas clínicos.
108.2 A técnica de ANESTESIA EPI0URAL envolve a aplicaç,'io de anestésico local
no espaço epidural, adequado para bloquear a condução nervosa. O local da
injeção é selecionado, em princípio, de modo a evitar a ocorrência de lesão à
medula espinal e a aplicação no espaço subaracnoidal. O anestésico difunde-se
através dos envoltórios meníngeos das raízes dos nervos espinais que saem da
medula e, de forma reversível, bloqueia a transmissão do impulso nervoso. Em
correspondência à quantidade de anestésico aplicado (e dependendo do local
da injeção), segmentos situados cranialmente (= superiores) a partir do nervo
isquiático ou caudalmente (= inferiores) são dessensibilizados. Desse modo,
diferencia-se anestesia epidural alta ou baixa. Com anestesia epidural alta, os
nervos motores do membro pélvico, nervos femorais, obturadores e isquiáti-
108.3 Mielografia após aplicação de meio de contraste no espaço subaracnoidal através da articulação atlantoccipital (cranialmente à cisterna cerebelomedular) e atra­
vés do espaço lombossacral (caudalmente ao espaço subaracnoidal). Entre as partes torácica e lombar da coluna vertebral, na altura da interrupção de preenchimento
com o meio de contraste, há aumento não fisiológico na circunferência, levando à compressão do espaço subaracnoidal. (Radiografia: Prof. Dr. K. Hartung, Berlin.)

cos, são anestesiados e o animal perde a capacidade de se manter em estação.
Com anestesia epidural baixa, dessensibilizam-se predominantemente os ner­
vos sensitivos (nervos pudendo e cutâneo femoral caudal) e os nervos motores
direcionados aos músculos da cauda e do diafragma da pelve. Além disso, o
paciente consegue se manter em estação, o que é importante em cirurgia de
grandes animais.
Como local de injeção para anestesia epidural alta, geralmente se opta pelo
espaço lombossacral interarqueado (injeção lombossacral). A injeção é feita
perpendicularmente no canal vertebral entre ambas as tuberosidades sacrais e
em posição caudal ao processo espinhoso da última vértebra lombar. Com as­
piração, estima-se que a agulha não fique situada nem no espaço subaracnoidal
(aspiração do líquido cerebrospinal) nem no plexo vertebral venoso {aspiração
de sangue). Em vez disso, a agulha é levemente recuada e aspirada mais uma
vez para checar o local correto da anestesia. O espaço interarqueado sacrococ­
cígeo ou os espaços intercoccígeos interarqueados I a II são selecionados como
locais de injeção para anestesia epidural baixa.
108.3 Por meio de injeção do meio de contraste no ESPAÇO suBARACN0I0AL, os
contornos da medula espinal são exibidos ao exame radiográfico (mielogra­
fia). Constrições e lesões da medula espinal são causadas por alterações nas
vértebras {ver 8.4, 10.2), discopatias (ver 10.3) e, por exemplo, neoplasias, mas
podem ser exibidas com mielografia. A injeç,'io do meio de contraste é feita
pelo espaço atlantoccipital na cisterna cerebelomedular ou entre as vé1tebras
lombares V e VI no espaço subaracnoidal. Ambos os locais de injeção também
são adequados para coleta de liquido cerebrospinal.
108.4 Em termos funcionais, as fibras nervosas que seguem seu trajeto den­
tro da MEDULA ESPINAL são fasciculadas em tratos comuns (mútuos). Os tratos
sensitivos ascendentes podem ser subdivididos em tratos para propriocep­
ção consciente (funículo dorsal), propriocepção inconsciente (trato espino­
cerebelar) e dor profunda (trato espinotalâmico). Um sintoma típico de lesão
da medula espinal consiste em retardo ou déficit de propriocepção conscien­
te. Assim, o pé ou a mão do animal acometido posicionado passivamente
sobre sua face dorsal não consegue -ou consegue somente após certo lapso
de tempo -ser recolocado em sua posição original. Os tratos motores des­
cendentes sob a forma de neurônios motores superiores originários do cór­
tex cerebral estão direcionados caudalmente no funículo ventral (extensores)
e no funículo lateral (flexores). Após sofrer sinapse nas células nervosas no
corno ventral da substância cinzenta (neurónio motor inferior), as informa­
ções são conduzidas aos músculos correspondentes. Lesão não apenas aos
neurónios motores superiores, mas também aos inferiores, conduz à parali­
sia; em caso de lesão aos neurônios inferiores, o tônus muscular ipsilateral
e os reflexos são perdidos simultaneamente, o que não é o caso com lesão
aos neurônios motores superiores. Como peculiaridade no cão, existem neu­
rônios ascendentes oriundos da medula espinal lombar que bloqueiam os
neurônios motores inferiores dos extensores do membro torácico. O dano
a esses neurônios bloqueadores por lesões na medula espinal torácica leva
a tônus muscular excessivo dos extensores do membro torácico (reação de
Schiff-Sherrington). Em relação à sintomatologia motora resultante, as lesões
da medula espinal são bem localizadas.
Uma degeneração da substância branca na medula espinal torácica (mielopatia
degenerativa) leva a ataxia progressiva, fraqueta dos membros pélvicos e, fi.
nalmente, paralisia. Isso é observado, sobretudo, em cães idosos da raça pastor
alemão.
110.l A ocorrência de inflamação das MENINGES CEFÁLICAS E ESPINAIS (meningite)
é rara por si só em cães, mas, geralmente, consiste em sequela de doença pri­
mária, como endocardite com bacteremia resultante. As infecções virais mais
diversas induzem a encefalites (ver 110.3), que podem se estender para as me­
ninges cefálicas (meningoencefalite).
110.2 CISTERNA CEREBEL0ME0ULAR, ver 116.3.
110.3 Pode ocorrer INFLAMAÇÃO oo CÉREBRO (ENCEFAUTE) como resultado de inú­
meras doenças infecciosas. De maior importância, destacam-se as infecções
virais, como raiva, cinomose, doença de Aujesky, e infecções por protozoários,
como toxoplasmose.
Em geral, o virus da raiva ganha acesso por meio de mordida nos tecidos e,
depois, prossegue ao longo dos nervos até o sistema nervoso central, onde o
vírus causa inflamação das células nervosas e, por fim, leva a óbito.
Em caso de cinomose, primeiramente a substância branca do encéfalo e da
medula espinal revela alterações inflamatórias (sintomas relacionados ao tron­
co encefálico: transtorno motor, distúrbios da consciência; sintomas atribuidos
ao cerebelo: ataxia; sintomas referentes à medula espinal: paresia).
Com frequência, a toxoplasmose provoca inflamação da medula espinal e dos
nervos, bem como lesões do cérebro e do cerebelo.
Os tumores cerebrais podem começ,1r nas células gliais (parte ectodérmica)
e nas meninges cefálicas, junto a vasos sanguíneos associados (parte meso­
dérmica). Como metástases, esses tumores podem surgir de outros sistemas
orgânicos e chegar ao cérebro por meio do sistema vascular. Os tumores le­
sionam o tecido cerebral por compressão ou transformação em tecido neo­
plásico. O aumento da pressão exercida sobre o cérebro leva a distúrbio de
permeabilidade e formação de edema (inchaço) nesse local em virtude do
acúmulo não fisiológico de líquido. No diagnóstico de tumores cerebrais, as
técnicas de obtenção de imagens (particularmente a tomografia computado­
rizada e a ressonância magnética), são de grande importância. Esses exames
tornam possível a obtenção de imagem "desimpedida" {livre de sobreposi­
ção) das estruturas de tecidos moles, inclusive daquelas contidas dentro do
crânio.
110.4 Em caso de lesões do tronco encefálico, a FORMAÇÃO RETICULAR medeia
alterações no tônus muscular e distúrbio de movimento até comprometimento
da consciência, que varia desde apatia até coma (inconsciência profunda).
110.5 O CEREBELO regula e coordena o movimento voluntário por ligação sen­
sitiva com a condução motora. Esse órgão recebe não só informações dos
tratos ascendentes da medula espinal, mas também impulsos dos centros
de equilíbrio, da visão e da audição, bem como de áreas motoras do córtex
cerebral. Uma degeneração hereditária progressiva do córtex cerebelar leva
ao quadro clínico de ataxia cerebelar. Há aumento no tônus dos músculos
extensores do membro pélvico e, finalmente, do membro torácico e, nos es­
tágios finais do distúrbio, o animal acometido não consegue mais se manter
em estação.
110.6 A parte ventral do MESENCÉFAL0 serve como condutor para os tratos
nervosos longos que se comunicam entre o cérebro e a medula espinal. Cen­
tros autônomos importantes estão situados no tegmento, como centros res­
piratórios e vasculares. O impulso motor complexo é mediado, por exemplo,
via nervos até os músculos dos bulbos dos olhos. O colículo rostral, situado
dorsalmente, contém o centro para reflexos ópticos, facilitando o reflexo pu­
pilar. No colículo caudal, encontra-se o centro de integração subcortical para
a função auditiva.
110.7 O TÁLAMO constitui um centro de integração subcortical para sensibili­
dade, como percepç,'io de temperatura e dor, além de sensibilidade profunda.
O tálamo também contém um centro de coordenação para a visão. Distúrbios
que não podem ser tratados com analgésicos resultam em dor intensa.
110.8 Em virtude da produção do hormônio neurossecretor melatonina, a EPI­
ASE (glândula pineal) exerce influência negativa sobre o desenvolvimento das
gónadas (antigonadotrofina). O déficit desse hormônio causa prematuridade
sexual. De acordo com a opinião controversa de vários autores, supõe-se que a
epifise regule o ritmo circadiano.
110.9 No HIPOTÁLAMO, situam-se os núcleos supraóptico e paraventricular que
sintetizam os hormônios do lobo caudal (neuro-hipófise) da hipófise (ocito­
cina, hormônio antidiurético). Outros núcleos hipotalâmicos sintetiwm hor­
mônios liberadores que regulam a secreção do lobo rostral (adeno-hipófise)
da hipófise (glândula pituitária) (ver 150.1). O hipotálamo também contém
importantes centros autônomos para regular a temperatura corporal, a econo­
mia de água, a fome e a sede.
110. 10 A AOENO-HIPÓASE corresponde ao local de produção de inúmeros hor­
mônios que modulam a atividade de grande parte das glândulas endócrinas do
corpo (ver p. 150). Tumores da adeno-hipófise são relativamente frequentes
em cães. Em geral, esses tumores estendem-se dorsalmente, levando à lesão do
hipotálamo. Como consequência, há produção insuficiente de adiuretina (hor­
mônio antidiurético) e desenvolvimento de diabete insípido. Na presença de
tumor da adeno-hipófise produtor de hormônio, o quadro clinico estará ligado
ao hormônio produzido, conforme o caso. Por exemplo, a produção excessiva
de ACTH induz ao desenvolvimento de hiperadrenocorlicismo (síndrome de
Cushing).
112.1 O CÉREBRO está organizado em lobos (lobos frontal, parietal, temporal
e occipital, bem como lobo da ínsula). Do ponto de vista funcional, o córtex
cerebral exibe arranjo somatotópico. Partes definidas do corpo são represen­
tadas por áreas fixas do córtex cerebral. Um "mapa" com sua ação recíproca
entre o cérebro e as partes relacionadas do corpo é visto como uma espécie de
homúnculo• ilustrado sobre a superfície do cérebro. A forma desse homúnculo
é desproporcional e gravemente distorcida. Funções importantes em termos
biológicos e as partes pertinentes do corpo, como mão e cabeça, são exibidas
de tamanho proporcionalmente maior e representadas em grandes áreas cor­
respondentes do cérebro.
112.2 A CÁPSULA INTERNA contém o segmento inicial fortemente comprimido do
trato piramidal, mas cerca de 4/5 da cápsula muda para o lado oposto do cor­
po na decussação das pirâmides, que fica entre a medula oblonga e a espinal.
Lesões da cápsula interna emanam de vasos sanguineos adjacentes e, em seres
humanos, causam o sintoma complexo de apoplexia. Em cães, essa doença é
muito rara.
112.3 O TRONCO ENCEFÁLICO controla as funções corporais vitais (respiratórias,
cardiacas), bem como os processos de micção, defecação, deglutição e vômito.
O tronco encefálico inclui os centros para controle de postura e mobilidade
do corpo, além de albergar os núcleos dos pares de nervos cranianos III a
XII, os centros reflexos para todas as funções motoras, sensitivas e visceros­
sensoriais na região da cabeça. O distúrbio funcional do tronco encefálico
*N .T.: Do latim lronumculus. que significa "homenzinho~
203

204
torna-se aparente em um conjunto correspondente de sintomas graves. Tais
sintomas podem estar associados com déficits de movimento, reações postu­
rais e posicionais, distúrbios de consciência que chegam até o coma e déficits
das funções vitais.
112.4 Os NÚCLEOS DA BASE são centros sinápticos para movimento voluntário,
particularmente movimentos lentos (comparáveis à função do cerebelo).
114.l Amostras teciduais são obtidas do CORNO DE AMMON no diagnóstico histo­
patológico de raiva, conduzindo à detecção de antígeno virai e corpúsculos de
inclusão pelo uso de imunofluorescência.
114.2 As ARTÉRIAS CEREBRAIS são artérias terminais com áreas nitidamente de­
finidas de fluxo terminal, ou seja, elas não realizam qualquer anastomose com
artérias paralelas adjacentes. Em geral, o aporte deficiente atribuído à redução
do fluxo sanguíneo (espasmo vascular ou êmbolos) ou a ocorrência de hemor­
ragia maciça causada por ruptura de vasos sanguíneos causa infartos nitida­
mente delimitados com formação cicatricial contínua.
A barreira hematoencefálica se situa na região do leito capilar (substrato mor­
fológico, ver livros de histologia). Em função dessa barreira, os capilares, em
particular, tornam-se impermeáveis. Consequentemente, muitas substâncias
presentes no sangue não chegam ao sistema nervoso central. Assim, por um
lado, o tecido cerebral é protegido de constituintes sanguíneos perigosos; por
outro, certos medicamentos chegam ao tecido cerebral apenas em concentra­
ções gravemente reduzidas. Por conta da barreira hematoencefálica, mantém­
-se um meio cerebral adequado no líquido intersticial indispensável para a fun­
ção do cérebro, especificamente para a comunicação sináptica entre as células
nervosas. Por um lado, o cérebro deve ficar protegido das oscilações metabóli­
cas na composição do sangue e, por outro, ser responsável pelo fornecimento
de nutrientes e pelo descarte de resíduos com o sangue em contato indireto.
A barreira hematoencefülica possibilita a execução da tarefa completa. Para a
fabricação e a aplicação de agentes farmacológicos, é essencial o desenvolvi­
mento de estratégias efica1,es para o transporte de materiais através da barreira
hematoencefálica. Substâncias lipofílicas vencem essa membrana semipermeá­
vel com mais facilidade que outros materiais e conseguem difw1dir-se mais
facilmente do sangue para o tecido cerebral.
A barreira sangue-líquido cerebrospinal pode ser concebida como uma va­
riante altamente modificada da barreira hematoencefálica.
116.l Os SEIOS CEREBRAIS servem, no geral, para a termorregulaçâo da cabeça (i.
e., "manter a cabeça fria"). O sangue das veias diploicas é resfriado na calvária
ou no teto do crânio. Na cavidade do nariz, o sangue também é resfriado pelo
ar inalado ou exalado. A partir de ambas as regiões, o sangue flui nos seios
cerebrais, estabelecendo, assim, um sistema resfriador para o cérebro.
A importância clínica está no fato de que o sangue venoso fora da cavidade do
nariz é absorvido pelo plexo oftálmico no sistema ventral do seio venoso do
cérebro. Com alterações neoplásicas na cavidade do nariz, as células podem ser
disseminadas e sedimentadas nos seios com fluxo sanguíneo lento a ausente.
Isso pode resultar em tumores cerebrais.
A venografia do seio venoso é um procedimento radiográfico para a exibição
dos seios venosos do cérebro. A aplicação do meio de contraste é feita na veia
angular do olho e, através do plexo oftálmico, chega-se ao sistema do seio ve­
noso do cérebro. Interrupções do fluxo do meio de contraste podem ser causa­
das por demanda de espaço do processo patológico na região do cérebro; nesse
caso, pode-se fular em lesão ocupadora de espaço.
116.2 Com o exame de ENCEFALOGRAFIA, o material de contraste pode ser distri­
buído na cisterna cerebelomedular de modo que se possa formar uma opinião
sobre a configuração da superfície do cérebro. Um método específico consiste
na ventriculografia, por meio da qual qualquer ventrículo lateral do cérebro
(ver ilustração, p. 116) é puncionado através do cérebro. O líquido cerebrospi­
nal contido é retirado e os ventrículos cerebrais são preenchidos com ar, o qual
serve como material de contraste (pneumoencefalografia). A ventriculografia
representa um meio de estimar o tamanho e a simetria dos ventrículos do cé­
rebro. Com o advento da tomografia computadorizada no diagnóstico médico
veterinário, a importância da encefalografia diminuiu.
116.3 O Líau100 CEREBR0SPINAJ. é formado em quantidades consideráveis; es­
tima-se um volume em torno de 350 mUdia para o cão. Como a quantidade
global de líquido nos ventrículos do cérebro, somado àquele existente no canal
central da medula espinal e no espaço subaracnoidal, permanece constante,
deve haver equilíbrio entre a formação e a reabsorção. As granulações da arac­
nóidea (ver p. 117) são consideradas locais de reabsorção, bem como ramifica­
ções do espaço subaracnoidal nos segmentos iniciais dos nervos espinais, além
dos vasos sanguíneos cerebrais aferentes e eferentes. Em caso de desequilíbrio
entre a formação e a reabsorção, com aumento da formação ou interrupção do
escoamento, ocorre o quadro de hidrocefalia interna. Além disso, os ventrí­
culos cerebrais sofrem dilatação com consequente deslocamento progressivo
do tecido cerebral. A cabeça fica desproporcionalmente grande e os ossos do
crânio se afinam. Aumentos patológicos da circunferência entram em questão
como a causa, especialmente nas regiões estreitas dos espaços líquidos "inter­
nos" (forame interventricular, aqueduto do mesencéfalo e abertura lateral no
quarto ventrículo do cérebro que se comunica entre os espaços líquidos "inter-
116.3 Dilatação grave de ambos os ventrículos laterais (hidrocefalia interna)
com deslocamento dos hemisférios cerebrais. (Tomografia computadorizada:
Animal Clinic Krüger, Hamburg.)
nd' e "externo"). Em cães anãos com crânios desproporcionalmente grandes
(chihuahua, yorkshire e mancl,ester terriers, poodle miniatura), bem como em
raças braquicefálicas, com frequência ocorre hidrocefalia interna como resul­
tado de interrupção congênita ao escoamento do líquido cerebrospinal.
Além das funções nutritivas e termorregulatórias, o líquido cerebrospinal em
animais saudáveis exerce papel principalmente mecânico, pois forma uma
espécie de envoltório protetor. Em caso de golpes ou pancadas na cabeça, o
movimento do cérebro é inibido pela presença do líquido cerebrospinal. Isso
ocorre no local de impacto e, após certo lapso de tempo, no lado oposto. Com
rotação intensa, ocorrem forças de cisalhamento nas passagens de estruturas
vasculares e nervosas do crânio, o que leva a hemorragias nas aberturas das
veias cerebrais nos seios venosos do cérebro. Em muitas infecções indutoras de
inflamação do cérebro e das meninges, o líquido cerebrospinal muda sua com­
posição. Isso se relaciona primeiramente ao aumento dos conteúdos proteico
e celular (linfócitos e macrófagos). Em algumas infecções, o agente pode ser
detectado por via direta. O líquido cerebrospinal, portanto, é obtido para fins
diagnósticos. Com o uso de cânula espinal específica, penetra-se na cisterna
cerebelomedular ( cisterna magna) através do espaço atlantoccipital e aspira-se
o líquido cerebrospinal.
118.l As PÁLPEBRAS SUPERIOR e INFERIOR limitam a rima da pálpebra, que, em casos
congênitos raros, permanece fechada. As pálpebras são lâminas de tecido fibro­
muscular com revestimento epitelial. A superfície interna da pálpebra sustenta
o epitélio escamoso estratificado não queralinizado, o qual se toma cuboide no
saco da conjuntiva, estendendo-se, por fim, até a esclera e, depois, até a córnea.
Ambas as superfícies palpebrais fundem-se na margem livre da pálpebra, que se
apresenta retangular em secção transversal, e sustenta os cílios ao longo de suas
faces externa e interna. O esqueleto "interno" da pálpebra, o társus, consiste em
uma lâmina curva de fibras colágenas adaptadas à curvatura da órbita.
118.1 1. Fórnice da conjuntiva superior; 2. túnica da conjuntiva (epitélio com
células caliciformes); 3. esclera; 4. limbo da córnea; 5. córnea; 6. m. tarsal supe­
rior; 7. társus superior; 8. m. orbicular do olho; 9. linfonódulos conjuntivais;
1 O. glândulas tarsais; 11. glândulas ciliares.

A base muscular da pálpebra é formada pelo m. orbicular do olho (inervação:
nervo facial), m. levantador da pálpebra superior na pálpebra superior (nervo
oculomotor), bem como pelo m. tarsal liso (inervação simpática). A queda da
pálpebra superior pode ter diferentes origens, tais como lesão no nervo oculo­
rnotor, paralisia facial (ver 92.2) ou paralisia da inervação simpática. Em caso
de lesão às fibras simpáticas, distinguem-se os quadros de síndrome de Horner
com miose ipsilateral (constrição da pupila), estreitamento da rima palpebral
por queda da pálpebra superior (prose), protrusão da prega sernilunar da con­
juntiva (membrana nictitante) e enoftalmia (posição anormalmente profunda
do bulbo do olho na órbita). Das glândulas palpebrais, as tarsais (glându­
las sebáceas de Meibom) desembocam na margem da pálpebra; em caso de
obstrução de seus duetos excretores, ocorre a formação de nódulo doloroso
conhecido como terço!. Do mesmo modo, as glândulas ciliares (glândulas dos
cílios, glândulas de Moll -glândulas sudoríferas apócrinas), quando obstruí­
das, podem ficar inflamadas.
Com o movimento de piscar, as lágrimas (líquido lacrimal} são distribuídas
sobre a córnea. O fechamento das pálpebras é desencadeado por via reflexa
pelo contato com a córnea (reflexo corneal). As fibras nervosas aferentes do
arco reflexo estão contidas nos nervos ciliares longos (V 1, ver p. 98), enquanto
as eferentes, no nervo facial até o m. orbicular do olho. Em raças caninas com
olhos acentuadamente s.~lientes, o fechamento completo das pálpebras não é
mais possível em alguns casos. Uma faixa horizontal central da córnea não é
mantida suficientemente úmida, tornando-se cada vez mais opaca ou turva.
Deformidade da margem livre da pálpebra está presente sob a forma de (a)
entrópio ou "invaginação" (pálpebra voltada para dentro) e, por conta dessa
anormalidade, a córnea sofre irritaç.'io mecânica; e (b) ectrópio ou "evagina­
ção" (pálpebra voltada para fora), que expõe o saco da conjuntiva. Sem corre­
ç.'io cirúrgica, o posicionamento anormal das margens livres das pálpebras leva
à inflamação da córnea e da conjuntiva.
118.2 A PREGA $EMILUNAR DA CONJUNTIVA (conhecida também como terceira pál­
pebra ou membrana nictitante) fica no ângulo medial do olho, sustentada por
sua cartilagem. Com aplicação de pressão, a prega semilunar da conjuntiva
aparece na órbita e, com contração do rn. retrator do bulbo, corno no tétano, e
com inflamação específica do m. temporal em cães pastores alemães (miosite
eosinofílica), a prega se inclina passivamente sobre a córnea. Na face externa
e, particularmente, na superfície interna da prega semilunar da conjuntiva, há
inúmeros nódulos linfáticos (denominados folículos linfáticos}, que aumen­
tam de tamanho em caso de conjwltivite folicular e, portanto, são removidos
por raspagem.
A conjuntiva estende-se desde a superfície interna da pálpebra no fómice da
conjuntiva (o saco da conjuntiva) até a superfície rostral da esclera e seu limite
com a córnea.
O epitélio cuboide do fórnice está adaptado à reabsorção, por isso a aplicação
de colírios no saco da conjuntiva. O saco também produz secreção mucosa
por suas células caliciformes, o que diminui a fricção (atrito) durante o ato de
piscar.
118.3 A CÓRNEA conserva sua transparência pelo estado preciso de tumefação
ou intumescência mantido externamente pelo filme lacrimal e internamente
pelo humor aquoso. A luz sofre refração na superfície externa da córnea, mas
não na interna; por essa razão, a córnea pode ser comparada com a lente fron­
tal rígida de uma câmera.
A córnea sadia é avascular. Como é nutrida por difusão, doenças metabólicas,
corno diabete melito, podem causar turbidez ou opacidade da córnea. Além
disso, em caso de inflamação, corno ceratite, os vasos sanguíneos se proliferam
e se dirigem à córnea, reduzindo a visão. Em caso de processos inílamatórios
superficiais, os vasos da conjuntiva também "brotam" a partir da periferia da
córnea e, com inflamação das camadas mais profundas da córnea, os capilares
penetram pelo círculo arterial maior da íris. Tecido cicatricial e curvaturas não
fisiológicas da córnea caus.1m distorções. Logo após o óbito, ocorre opacidade
da córnea, pois o estado tumefeito normal se perde por alterações das mem­
branas limitantes externa (membrana de Bowrnan) e interna (membrana de
Descemet).
118.4 A inspeção da ESCLERA é parte integrante de todo exame veterinário geral.
Dessa forma, a autocoloração defeituosa da esclera possibilita a identificação
de, por exemplo, icterícia em um estágio precoce.
118.5 Inflamação da úVEA recebe o nome de uveíte.
118.6 Na SUPERFÍCIE INTERNA DA íR1S, encontra-se o epitélio pigmentado reluzente
responsável pela cor azul ou verde do olho, presente, por exemplo, em huskies
siberianos. Se, além disso, houver pigmentos em quantidades maiores no es­
troma da íris, será observada coloração castanha do olho. As concentrações de
tecido conjuntivo da iris, que são isentas de pigmento, parecem brancas. Urna
íris parcialmente branca é característica de heterocromasia; nesse quadro, a cor
da íris difere entre os olhos direito e esquerdo, enquanto um "ofüo estrábico" se
apresenta difusamente branco. Ambas as condições raramente estão presentes
em cães. Os músculos lisos da íris desenvolvem-se a partir do ectoderrna, de
acordo com a visão predominante. O m. esfíncter da pupila é inervado por
fibras parassirnpáticas. Uma pupila estreita (miose) pode ser produzida por
agentes rnióticos por meio de estimulação parassimpática (estados de medo)
ou em paralisia simpática. O rn. dilatador da pupila é induzido a se contrair
com agentes simpaticomiméticos, levando à dilatação pupilar (midríase). For­
mações semelhantes a estroma ou rede que repousam sobre a superfície exter­
na da irise recobrem a pupila são indicativas de membrana pupilar persistente.
Isso é um problema de persistência de resquícios da túnica vascular anterior
embrionária do cristalino, que, na evolução normal de eventos, regride com­
pletamente por volta de 3 a 5 semanas de vida. Interstícios teciduais na íris
(coloboma de íris} devem-se à interrupção do desenvolvimento, com oclusão
incompleta da fissura coróidea.
118.7 A RETINA pode ser examinada com o uso de oftalmoscópio. Além disso,
a pupila é dilatada com agente midriático, enquanto o feixe de luz é refletido
no fundo do olho por um espelho. O examinador inspeciona o fundo do olho
através de abertura central no espelho. Nesse exame, podem ser detectados
problemas da retina tais como inflamação, atrofia e descolamento. O aumento
da pressão intracraniana (p. ex., em caso de hidrocefalia} gera tumefação anor­
mal do disco óptico sobre a superfície da retina. Dos fotorreceptores, os basto­
netes predominam claramente sobre os cones, em uma relação de 95:5 nos cães
e 50:50 em seres humanos. Como os cones são responsáveis pela percepção
da cor, em cães provavelmente há apenas urna leve express.'io deles. Os cones
da mácula amarela são responsáveis pela acuidade da visão. Como a mácula é
comparativamente subdesenvolvida, é provável que a acuidade visual seja bem
menos definida. Os bastonetes servem puramente para a apreciação da inten­
sidade luminosa. A eletrorretinografia permite a realização de teste funcional
da retina, mesmo com catarata extensa da lente. Potenciais de ação (potenciais
visualmente induzidos) são registrados após o aparecimento de flash de luz na
retina.
118. 7 Fundo do olho de cão com
ramificação da artéria central e visuali­
zação da retina. O tapete lúcido é azul
claro. (Oftalrnoscopia: Dr. 1. Allgower,
Berlin.)
118.8 A CATARATA DA LENTE (cRISTAUNo) pode ter origens muito diversas, sendo
diferenciada naquelas de causa congênita, inflamatória, traumática ou tóxica.
Por exemplo, a hipoglicemia pode acarretar o aparecimento de catarata meta­
bólica (diabética). Em casos de catarata progressiva com visão restrita, o único
tratamento possível consiste na extração do núcleo da lente, ao mesmo tempo
em que se mantém sua cápsula. O implante de lente artificial dentro da cápsula
é cirurgia de rotina no cão. Após ruptura das fibras zonulares, pode ocorrer
luxaç.'io do cristalino em direção à cfünara anterior do olho ou para o assoalho
da câmara posterior. Em terriers, as luxações da lente ocorrem de forma cumu­
lativa por conta de fraqueza hereditária das fibras zonulares.
118.9 A PRODUÇÃO E A DRENAGEM DO HUMOR Aauoso estão em estado de equilí­
brio de fluxo. O distúrbio do fluxo de saída no ângulo iridocorneal da câmara
anterior interrompe esse equilíbrio e provoca aumento da pressão intraocular,
levando a glaucoma. A elevação da pressão resulta em atrofia da retina por
compressão e, por fim, em cegueira. A visualizaç.'io dentro do ângulo iridocor­
neal (gonioscopia) é possível após a acomodação de lente de contato sobre a
córnea. A gonioscopia constitui um importante método para elucidar a origem
do glaucoma.
118.9 Imagem do ângulo iridocorneaI
exibindo o ligamento pectinado. (Go­
nioscopia: Dr. I. Allgower, Berlin.)
120. 1 A CONCHA DA AURÍCULA produz hematomas (oto-hematomas) extensos
em sua face côncava interna e, raramente, em sua superfície externa. Esses he­
matomas são causados por diferentes fatores (em alguns casos, ainda não eluci-
205

206
dados}, tais como meneios de cabeça em caso de otite externa ou ocorrência de
golpe ou impacto brusco. Isso provoca hemorragia proveniente dos pequenos
ramos dos vasos auriculares, que seguem desde os pequenos orifícios na car­
tilagem da aurícula até a supe1fície interna côncava da concha. O tratamento
é feito por meio de drenagem ou ressecção cirúrgica e deve ser repetido I ou 2
vezes por conta das altas taxas de recidiva.
120.2 O MEATO Acúsnco EXTERNO exibe curvatura aguda ao longo de seu trajeto.
Para examinar a membrana do tímpano por meio da otoscopia, o canal deve
ser esticado caudodorsalmente por tração na concha da aurícula. A inflama­
ção crônica do meato acústico externo (otite externa, ver também 6.2) é um
problema frequente em cães. Em casos difíceis, há necessidade de abertura
cirúrgica do segmento perpendicular do canal para proporcionar drenagem
da secreção e melhor acesso para tratamento local. Além disso. efetua-se ex­
cisão de faixa de cartilagem pela parede lateral do meato; na sequência, a pele
externa é suturada à pele do canal auditivo externo que reveste sua superfície
interna. Alterações patológicas básicas, como neoplasias na parte horizontal do
meato, podem exigir, em casos raros, a remoção dos segmentos perpendicular
e ho1izontal de todo o meato.ao mesmo tempo em que se preserva a parte livre
da concha da aurícula.
120.3 A ORELHA MÉDIA se comunica com a cavidade da faringe por meio da
tuba auditiva (tuba de Eustáquio). Infecções podem ascender da faringe em
direç.'io à cavidade do tímpano e causar inflamação da orelha média (otite
média). Os animais acometidos revelam inclinação típica da cabeça para o
lado infeccionado. O tratamento local e a remoção da purulência causada
por inflamaç.'io da orelha média são feitos pelo meato acústico externo após
perfuração otoscópica da membrana do tímpano. O defeito assim provocado
na membrana cicatriza-se, sem complicações. Em casos difíceis, a cavidade
do tímpano deve ser aberta obrigatoriamente por sua face ventral (osteoto­
mia da bula}.
120.3 Secção de tomografia computadorizada: cavidades do tímpano esquerda
(1) e direita (1 '); meato acústico externo (2, 2'); cóclea (3); meato acústico
interno (4). (Tomografia computadorizada: Animal Clinic Krüger, Hamburg.)
120.4 Em geral, a INFLAMAÇÃO oo LABIRINTO (LABIRINTITE) é consequência de infla­
mação da orelha média que evolui até a orelha interna. Os animais acometidos
sofrem considerável distúrbio de equilíbrio, vómito e inclinação da cabeça.
120.5 A paralisia do NERVO vesneuLococLEAR pode ser causada por inflamação
ou tumores das orelhas média e interna. São efeitos típicos: movimentos em
círculo, queda para o lado acometido e ataxia.
122.1 Os FUSOS MUSCULARES E TENDiNEos sáo receptores de sensibilidade pro­
funda involuntária. As informações relacionadas ao estado de tensão de cada
músculo, tendáo e ligamento sáo transmitidas adiante. Em primeiro lugar, in­
formações a respeito do estado de tensáo de componentes individuais da loco­
moção tornam possível a marcha de movimento suave. O exame neurológico
avalia a sensibilidade profunda involuntária por reflexo muscular. A sensibili­
dade profunda consciente, por outro lado, facilita a condução de informações,
por exemplo, sobre a posição do membro no espaço. Essa sensibilidade é exa­
minada por meio de avaliação do reflexo proprioceptivo (ver também 108.4).
138.1 A estase intrauterina de OSSIFICAÇÃO ENOOCONDRAL por OSSIFICAÇÃO PERI­
C0NDRAL ininterrupta leva à paralisação do crescimento longitudinal de ossos.
Esse distúrbio hereditário denominado condrodistrofia (condro -cartilagem,
dis -defeito, trofia -nutrição) é instituído em muitas raças de cães de forma
consciente para obter características raciais definidas (p. ex., buldogue, boxer,
dachshund, pequinês, West Highland White Terrier [terrier branco das colinas
do oeste), sealyham terrier, welsh corgi [corgi galês]}.
138.2 Para permitir ATIVIDADE CONDR0CLÂSTICA, a mineralizaçáo da substância
fundamental da cartilagem durante o crescimento ósseo é pré-requisito essen­
cial. A cartilagem não minerali1,ada não pode ser desintegrada por condroclas­
tos e, portanto, não pode ser substituída por osso. Em caso de deficiência da
vitamina D. deficiência de c.-ílcio ou alteração da relação ideal de Ca/P, a mine­
ralizaçáo fica restrita na zona de reabsorção da cartilagem. Os condroclastos
penetrantes não conseguem degradar a cartilagem e, por conta da proliferação
contínua, é detectado espessamento da cartilagem fisial (placa de crescimen­
to) ao exame radiográfico. Isso, então, não se mostra mais adequado para sus­
tentar a carga estática.
138.3 Interrupção congênita da FUNÇÃO OSTE0BLÂSTICA, inclusive da síntese de
colágeno, gera desenvolvimento ósseo defeituoso (osteogênese imperfeita
congênita}, um distúrbio hereditário que ocorre em poodles, collies e shelties.
Já no útero, isso provoca fraturas e deformações esqueléticas. Em raças caninas
de grande porte e rápido crescimento, pode ocorrer outra forma de insuficiên­
cia osteoblástica entre 3 e 8 meses de vida, a osteodistrofia hipertrófica, que,
possivelmente, tem origem infecciosa ou dietética. Os animais são acometidos
por tumefação dolorosa das metáfises do rádio, da ulna e da tíbia, o que pode
vir combinado com hiperdesenvolvimento do períósteo.
138.3 Aumento da densidade radio­
gráfica das metáfises do rádio e da
ulna, combinado com hiperdesenvol•
vimento do periósteo (setas) em cão
jovem com osteodistrofia hipertrófica.
138.4 Os CENTROS DE oss1F1cAçÃo sáo nitidamente delimitados e bem identifica­
dos ao exame radiográfico de fundo em virtude do processo de mineralização
da substância esponjosa. Os centros de ossificaçáo que aparecem em diferentes
ossos em períodos muito definidos podem ser utilizados para estimar a idade.
138.5 Avulsão da tuberosidade da
tíbia (*) com subsequente desloca•
mento por tração do m. quadríceps
femoral.
138.5 O crescimento longitudinal de ossos ocorre na PLACA DE CRESCIMENTO
(CARTILAGEM F1s1AL). Fatores genéticos. traumáticos e nutricionais (ver 14.7 e
16.6) podem causar interrupções do crescimento longitudinal. Ocorrerão
epifisiólise e apofisiólise causadas por traumatismo, particularmente em cães
jovens. se a placa de crescimento, ainda cartilagínea e mais fraca, não for
capaz de sustentar a tensão. A rápida resposta ao problema e a fixação das
extremidades da fratura sáo visadas para manter a capacidade de crescimen­
to da placa. Dentro de certos limites, o crescimento longitudinal reduzido na
cartilagem fisial de um único membro pode ser compensado por crescimento
longitudinal intensificado de outros ossos. A oclusão da placa de crescimento
é bem demonstrada ao exame radiográfico e recorre-se a ela para estimativas
da idade. No cão, quase todas as placas de crescimento se fecham ao término
do primeiro ano de vida.
138.6 O CRESCIMENTO LONGITUDINAL cessa com o início da puberdade sob a in­
fluência dos hormônios sexuais. Com a castração antes da puberdade, o cres­
cimento longitudinal contínua por um período mais longo; dessa forma, a
castraç.'io precoce produz um porte corporal maior que a média (grande cres-

cimento eunucoide). O crescimento longitudinal é promovido por hormônios
da tireoide e do crescimento. A deficiência congênita do hormônio de cresci­
mento, como consequência de hipofunção da adeno-hipófise, está presente sob
a forma de defeito genético recessivo em cães da raça pastor alemão e induz a
d warfismo hipofisial. A produção elevada do hormônio de crescimento causa
gigantismo. O crescimento extremo de raças muito grandes depende do su­
primento temporário, mas excessivo, do hormônio de crescimento no período
pré-puberal.
138.6 Avaliação objetiva de crescimento long~udinal por identtticação da diáfise
de filhote canino (à esquerda) e após término do crescimento longitudinal (à direi­
ta). A cartilagem fisial no terço proximal do úmero possui potencial de crescimento
nitidamente maior. (Radiografia: Prof. Dr. E. Henschel, Berlin.)
138.7 O CRESCIMENTO DOS ossos EM ESPESSURA procede do periósteo e do en­
dósteo. Adenomas da adeno-hipófise ligados à hipersecreção do hormônio de
crescimento em animais adultos provocam crescimento excessivo na espessura
do osso, sobretudo nas extremidades dos membros (acromegalia) e no crânio.
Também ocorre pregueamento da pele da face. Na forma branda, esse aspecto
da condição é desejável como característica racial típica em cães terra-nova e
são-bernardo. Tumores na cavidade torácica podem causar hiperdesenvolvi­
mento do periósteo nos ossos dos membros. Isso leva a aumento maciço na
espessura de todos os ossos longos (acropaquia•, síndrome osteopulmonar), o
que é visível externamente.
O reparo de fraturas ósseas por segunda intenção ou cicatrização (consoli­
dação) secundária começa a partir do periósteo, do tecido conjuntivo perivas­
cular de vasos sanguíneos associados com o osso e do revestimento endosteal
da cavidade medular, o que estabiliza a fratura inicialmente pela formaç,'io de
calo ósseo. Ao induzir à formação desse calo ósseo, as células do tecido conjun­
tivo diferenciam-se em osteoblastos. Ocorrerá a formação de calo ósseo primá­
rio a partir do osso esponjoso se, por consolidação secw1dária da fratura, for
alcançada fixação extensa dos fragmentos por meio de atividade osteoblástica.
Se as extremidades da fratura forem fixadas de forma insuficiente e sucumbi­
rem às oscilações de tração e pressão, o tecido conjuntivo acompanhado por
tecido cartilagíneo de reposição que se desenvolve antes do calo secundário
pode surgir a partir do osso esponjoso. O reparo de fratura óssea chega ao fim
quando o calo é substituído por tecido ósseo lamelar. Após consolidação da
fratura e com remodelagem da espessura óssea no local da formação do calo, a
fratura mal é identificada.
138.8 A REGENERAÇÃoóssea é promovida pela união cirúrgica de fragmentos ós­
seos previamente reposicionados. O processo de osteossíntese é efetuado utili­
zando-se diferentes técnicas, tais como colocação de pino ou uso de parafusos
cirúrgicos. Assim, o tempo de consolidação é abreviado. Ocorrera crescimento
regenerativo por cicatri1.ação primária se, após reposicionamento exato, as ex­
tremidades estáveis da fratura forem fixadas juntas, uma sobre a outra, sem
qualquer movimento. De modo ideal, a regeneração ocorre ao longo da linha
de fratura livre de fissura, de acordo com o princípio de reconstrução óssea
fisiológica. Nesse caso, chega-se a un1a situação que envolve desenvolvimento
nulo ou dispensável de tecido de reposição óssea (calo).
*N.T.: Presença de baqueteamento de dedos das mãos ou dos pés.
138.8 Sustentação de fratura da tíbia
por meio de placa cirúrgica
140.1 A RECONSTRUÇÃO ÓSSEA, que se dá continuamente, possibilita a adaptação
permanente à sua carga ti.tncional, cuja manifestação envolve o sistema trajeto­
rial do osso. Em casos de processos degenerativos, ocorre atrofia local predo­
minante, que pode ser desencadeada por compressão contínua. A ocorrência
de atrofia generalizada de um ou mais ossos pode ser uma manifestação de car­
ga funcional deficiente. Por exemplo, isso aparece após claudicação prolongada
com perda completa da capacidade de algum membro afetado.
A reconstrução óssea fisiológica também é efetuada com implantes ósseos an­
tólogos em forma de chip ("chips ósseos") para compensar o dano ósseo após
fraturas. Acima de tudo, o implante serve como estabilizador e sofre desin­
tegração gradativa; no entanto, os vasos sanguíneos sobreviventes preparam
caminho para o leito circunjacente do implante, promovendo, com isso, a pro­
liferação dos osteoblastos.
140.2 As fixações musculares ficam ancoradas no PER1óSTEO e ocupam ampla
área de superfície, visto que os feixes de fibras tendíneas se propagam no local
(tipo de fixação periósteo-diafisial). Em caso de contração muscular excessiva,
os fragmentos ósseos podem ser avulsionados, dando origem ao que é cha­
mado de fratura por avulsão. Com insulto mecânico local contínuo, o periós­
teo reage com o desenvolvimento de cartilagem ou tecido ósseo. Nesse caso,
originam-se protuberâncias ósseas conhecidas como exostoses.
140.3 O ENDÓSTEO, que fica no limite da cavidade medular e, no local, cobre
as células medulares, é essencialmente mais fino que o periósteo. Durante o
crescimento ósseo, a desintegração do ósteon pelos osteoclastos provém do en­
dósteo. Logo, o espessamento da substância compacta induzido pelo periósteo
é mantido dentro dos limites e a cavidade medular é dilatada continuamente
(princípio: construção externa, destruição interna).
140.4 Os vASos SANGUÍNEOS dos ossos longos pertencem a quatro sistemas dife­
rentes de suprimento, que se unem por anastomose com algum outro sistema e
garantem aporte sanguíneo intenso. Consequentemente, as anastomoses e seus
vasos sanguíneos colaterais possibilitam a manutenção da irrigação sanguínea
após fraturas ósseas múltiplas, osteossíntese terapêutica e ligadura de vasos
sanguíneos individuais. Os quatro sistemas de suprimento estão descritos de
forma consecutiva, de acordo com o tamanho.
I. O maior dos vasos sanguíneos é representado pelos vasos nutridos, que,
na secção do terço médio da diáfise, penetram através do forame nutrício
(forames) e do canal nutrício conector em direção à cavidade medular. Por
fim, esses vasos ramificam-se nos sinusoides da medula óssea e suprem a
substância compacta desde a face interna até a externa. Os capilares seguem
seu trajeto ao longo de canais centrais contínuos (canais de Havers) nos
ósteons e suprem o tecido ósseo. Comunicações cruzadas entre os ósteons,
os canais perfurantes (canais de Volkmann), são drenadas por vênulas es­
pecíficas às veias periosteais.
II. A artéria e a veia metafisiais começam em posiç,'io adjacente à linha epifi­
sial no segmento metafisial da diáfise.
III. A artéria e a veia epifisiais suprem a extremidade do osso, com seu re­
vestimento de cartilagem articular. (No fêmur, os vasos sanguíneos chegam à
epífise do fêmur, desde a pelve até o ligamento redondo da cabeça do fêmur.)
207

208
140.4 Radiografia de área circuns­
crita (setas) na diálise do úmero com
panosteíte eosinofílica.
Antes do término do crescimento longitudinal, os vasos epifisiais são separa­
dos dos vasos metafisiais e diafisiais pela cartilagem da placa de crescimento.
Após oclusão ela epífise, de acordo com a opinião predominante, formam-se
anastomoses.
IV. Os vasos periostais, que são finos e também correm a partir da cápsula
articular ao longo do osso, chegam a todo lugar, mas suprem exclusivamente os
segmentos superficiais do estrato compacto. Os ramos infiltram-se na periferia
do estrato compacto, enquanto os vasos calibrosos, mencionados anteriormen­
te, pertencem ao sistema de aporte centrífugo.
O distúrbio de crescimento do osso pode causar estreitamento dos vasos san­
guíneos interósseos, provocando interrupção do fluxo de saída venoso. Isso
gera a formação de edema na cavidade medular, o que leva ao aumento na
pressão interóssea e compressão de outros vasos sanguíneos. Os ossos longos
acometidos ficam suscetíveis à pressão e revelam sombreamento característi­
co ao exame radiográfico. Essa alteração, chamada de panosteíte eosinofilica,
aparece em cães ele raças de grande porte em crescimento e pastores alemães
de 6 a 8 (mesmo até 18) meses de idade.
140.5 Em relação ao FORMATO oo osso, a comissão internacional de nomencla­
tura ele 1983 introduziu o termo os.~o irregular. De acordo com a nova classifi­
cação, a vértebra pertence a essa categoria e não é mais considerada como osso
curto. Como base para isso, a forma do osso envolve o modo de ossificação,
que ocorre em ossos curtos por meio de ossificação endocondral, e em ossos
longos e vértebras por meio de ossificação encloconclral e pericondral.
140.6 Ossos sesamoides da arti­
culação do joelho.
1. Patela; 2 e 3. ossos sesamoides
dom. gastrocnêmio; 4. osso sesa­
moide do m. poplíteo. [Radiografia
de microfocus: Prof. Dr. C. Poulsen
Nautrup, Munich.)
140.6 Os ossos SESAMOIDES atuam como corpos de "pressão-deslizamento·: que,
em geral, associam-se com tendões direcionados sobre a face externa de algu­
ma articulação.
140.7 Em contraste ao osso, a cartilagem é muito resistente à pressão; por esse
motivo, as extremidades das articulações são revestidas por cartilagem. O teci­
do cartilagíneo é pouco ou nada infiltrado por vasos sanguíneos e, consequen­
temente, recebe seus nutrientes por meio de difusão do meio circunjacente. A
vascularização deficiente retarda a continuidade da cicatrização de feridas e
promove processos autoimunes.
142.1 Pela ausência de reparo da fratura por conta de instabilidade ou repo­
sicionamento defeituoso das extremidades da fratura, surgem PSEUDOARTROSES
("ARTICULAÇÕES FALSAS"). Essas extremidades unem-se por tecido conjuntivo ou
cartilagem. Nesse local, observam-se alterações como mobilidade e instabili­
dade não fisiológicas da articulação.
142.1 Formação de pseudoartrose após esta­
bilização insatisfatória de fratura da tíbia.
Ocorrerá NEARmoSE se, após luxação, tecido semelhante à cartilagem e cápsula
articulares se desenvolver no local da deformidade (p. ex., desenvolvimento de
novo acetábulo). A formação de nova articulação é desejável após ressecção da
cabeça do fêmur (ver 76.1) e possibilita uma função satisfatória do membro
pélvico.
142.2 A CÁPSULA ARTICULAR se situa em pregas, particularmente na face flexora
da articulação, mas tais pregas desaparecem com a extensão articular. As ar­
ticulações com grande liberdade de movimento possuem cápsulas articulares
amplas. Em contraste, articulações rígidas com pouca ou nenhuma liberdade
de movimento exibem cápsulas articulares pressionadas muito estreitas. Ins­
tabilidade articular leva a aumento na carga exercida sobre a cápsula articular,
com espessamento do estrato fibroso. Estímulos inflamatórios causam sinovi­
te que, em casos crônicos, leva a espes.~amento e formação vilosa da camada
sinovial.
142.3 Os LIGAMENTOS são hiperestirados (hiperalongados) com esforço e podem
sofrer ruptura com luxações, causando alterações degenerativas da articulação
(artroses). No cão, o ligamento cruzado cranial é, de longe, o mais frequente­
mente acometido por ruptura (ver 86.2).
142.4 A CARTILAGEM ARTICULAR serve como coxim deslizante, elasticamente com­
pressível e capaz de sofrer deformidade reversível. Essa cartilagem possui alto
conteúdo hídrico, que diminui com a idade. Na superfície lisa da cartilagem
hialina, não há pericõndrio e, portanto, a capacidade de regeneração fica limi­
tada. As articulações nunca s.'\o completamente congruentes com cargas leves.
Não até que a cartilagem articular seja deformada sob carga, a congruência
será melhorada e a carga, distribuída sobre uma superfície mais ampla. Em
virtude do movimento, a deformação regular da cartilagem articular avascu­
lar promove correntes de líquido na cartilagem, melhorando, basicamente por
meio disso, o fornecimento de nutrientes. No caso de (osteo)condrose disse­
cante, a cartilagem articular fica nitidamente espessada nos locais e não é nu­
trida de forma adequada em suas partes mais profundas; com isso, essas partes
exibem necrose. O segmento acometido por alteração patológica não consegue
sustentar a carga estática, e a cartilagem intacta sobreposta perde sua base e
pode fraturar ou ceder à pressão. A osteocondrose dissecante ocorre em cães,
particularmente na articulação do ombro, mas também nas articulações do
cotovelo, do joelho e do tarso.
A carga do corpo é absorvida pela cartilagem articular e transmitida para a
placa óssea compacta subcondral, cuja espessura está ligada à carga funcional.
142.4 Osteoabsortometria por
tomografia computadorizada
[CTOAM, sigla em inglês): indica­
ção colorida da espessura do osso
subcondral na incisura troclear da
ulna e na cabeça do rádio.
Vermelha = espessura óssea
elevada
Azul = espessura óssea escassa
[Fotografia: Dr. J. Maierl. Munich.)

A espessura exata da placa óssea subcondral pode ser averiguada no exame de
osteoabsortometria por tomografia computadorizada. Simbolizada em cores, a
espessura projeta-se na superfície articular, que é reconstruída em 3-D (ima­
gem tridimensional) a partir do banco de dados da tomografia. A ausência e o
excesso de carga sobre alguma articulação causam aumento local de espessura
(endurecimento) da placa óssea subcondral.
142.5 As BOLSAS s1NovtA1s reagem à tensão (esforço) crônica com formação ele­
vada de sinóvia (higroma, ver 26.5).
142.6 Discos INTERVERTEBRAIS, ver 10.3.
144.1 De acordo com as diferenças na COR do músculo, pode-se deduzir sua
função. O músculo "branco" basicamente anaeróbico consiste em maior quan­
tidade de fibra "brancà' do que vermelha. As fibras do tipo branco podem se
contrair mais rápido que as do tipo vermelho, mas também sofrem fadiga com
maior rapidez. As primeiras estão associadas com a postura, enquanto as úl­
timas, com o movimento. Os músculos aeróbicos vermelhos do movimento
possuem alto conteúdo de mioglobina em suas fibras musculares (menores)
predominantemente vermelhas e são mais bem irrigados que sua contraparte
branca. Não só a contração, mas também a taxa de fadiga é mais lenta no mús­
culo vermelho do que no branco.
144.2 O processo de MIOGêNESE começa em grande parte a partir do miótomo
da vértebra primitiva (ver Embriologia). A partir daí, os mioblastos primá­
rios diferenciam-se em duas direções. O tipo de mioblasto (primário) predo­
minante em termos numéricos desenvolve-se com células do mesmo tipo em
uma longa série ordenada, formando uma espécie de "miotubo~ Esse miotubo
inclui núcleos celulares de arranjo central, embora não haja lume; portanto, a
nomenclatura de miotubo ou tubo muscular é errônea. Dentro dos miotubos,
os plasmalemas desaparecem entre os mioblastos secundários para produzir
uma célula muito longa, o sincícío, que se caracteriza por inúmeros núcleos
localizados na periferia. Uma menor quantidade de mioblastos (primários)
diferencia-se em algumas células satélites que se localizam entre as células
musculares e a resultante lâmina basal externa.
Com o processo de regeneração muscular, a importância das células satéli­
tes fica mais clara. Na medida em que a lâmina basal permanece intacta com
lesão da célula muscular, os debris celulares são removidos por macrófagos.
As células satélites dormentes dividem-se por mitose e unem-se sobre o de­
feito. Com diferenciação adicional desses segmentos unidos que procedem
das células satélites, pela síntese de miofilamentos, a descontinuidade entre
as extremidades defeituosas das células musculares é gradativamente fecha­
da. Logo, a continuidade é restabelecida. Com defeitos maiores (p. ex., lace­
rações nos feixes de fibras musculares), ocorre cicatrização com a produção
de tecido cicatricial.
144.3 O estímulo para transmissão nervosa nas PLACAS TERMINAIS MOTORAS ocor­
re por meio da acetilcolina. Em virtude da formação de anticorpos contra os
receptores da acetilcolina, interrompe-se a excitabilidade neuromuscular. Essa
doença, conhecida como miastenia grave, é congênita ou adquirida (ver 40.5),
sendo caracterizada por rápida fadiga muscular. Com muita frequência, o
músculo estriado do esôfago é tão acometido que se dilata (megaesôfago).
144.3 Radiografia contrastada de esôfago gravemente dilatado (megaesôfago).
144.4 A CONTRAÇÃO DO MúscuLo uso é desencadeada pelo estímulo de alonga­
mento (estiramento) e descarga espontânea na junção neuromuscular (p. ex.,
em vasos linfáticos e na parede intestinal).
144.5 LAcERAÇôEs MUSCULARES ocorrem por tração abrupta de músculo contraí­
do ou por hiperextensão adicional em uma posição já extrema de extensão, por
exemplo, após salto ou queda de alturas maiores. Os músculos mais frequente­
mente acometidos são m. grácil e m. tríceps braquial.
144.6 A ESTRUTURA INTERNA DO MÚSCULO pode ser determinada in vivo fa7.endo
uso da ultrassonografia. Com isso, também é possível o diagnóstico de hema­
tomas, abscessos ou fibroses.
146.1 Os TENDÕES mudam seu trajeto nas articulações. Em geral, a presença
de sulco ósseo ou retináculo serve como "polia de orientação''. A fibrocartila­
gem encontra-se incrustada no tendão normal com suas fibras paralelas para
eliminar a pressão e as forças de cisalhamento. Essas assim-chamadas regiões
de deslizamento dos tendões possuem força tênsil mais baixa que aqueles seg­
mentos tendíneos com fibras puramente paralelas associadas com os movi­
mentos. Por esse motivo, ocorre ruptura de tendão, quase exclusivamente em
suas partes de deslizamento, por exemplo, no tendão de origem do m. bíceps
braquial (ver 18.2).
146.2 LOCAIS osTEOABRór1cos desenvolvem compartimentos completamente
fechados que não conseguem se expandir por envolverem outros componen­
tes. Por essa razão, a ocorrência de sangramento extenso após fratura ou tume­
fação de músculos após tensão (esforço) intensa induz a considerável aumento
na press.'\o, conhecido como síndrome compartimentai. São sequelas a queda
da vascularização e o distúrbio de função neuromuscular, com ataques de dor
capazes de causar lesão isquêmica maciça da musculatura acometida sem tra­
tamento pontual (ver 20.3, 22.1, 82.3).
146.3 A INERVAÇÃO DE MÚSCULO ESOUELÊT1co pode ser avaliada por meio da ele­
tromiografia.
148.1 As NEURÓGLIAS envolvem os corpos e processos celulares das células
nervosas, mas as separam dos vasos sanguíneos com envoltório de tecido
conjuntivo. As neuróglias periféricas (células de Schwann, ou neurolemó­
citos, e células satélites, ou capsulares) são diferenciadas das células gliais
centrais (células ependimárias, astrócitos, oligodendrócitos e microglióci­
tos). As células gliais desenvolvem estrutura de suporte ou estroma e são
importantes para a nutrição do tecido nervoso. Essas células mantêm um
meio perineural favorável pela remoção das substâncias neurotransmissoras
no sistema nervoso central e protegem os nervos pela síntese da bainha de
mielina (importância para a regeneração dos nervos, ver 148.3). Tumores
benignos ou malignos (gliomas) originam-se das células gliais. Em comum
com fibras mielinizadas e não mielinizadas, as neuróglias, que constante­
mente estreitam as lacunas intercelulares, formam o neurópilo. Na subs­
tância cinzenta do sistema nervoso central, isso separa os corpos celulares
nervosos uns dos outros.
148.2 A FORMAÇÃO DE MIELINA começa no período pré-natal e prossegue no pós­
-natal (maturidade da mielina}; as unidades funcionais importantes se desen­
volvam mais rápido que aquelas menos relevantes. De certo modo, a bainha de
mielina lamelada envolve o axônio como isolante. Em cooperação com os nó­
dulos de fibra nervosa (de Ranvier), isso acarreta uma transmissão de impulso
saltitante. O impulso s.1lta de um nódulo a outro e, por conta disso, a velocida­
de de condução é basicamente aumentada em comparação àquela da fibra não
mielinizada. Como regra prática, é mais ou menos verdade que, quanto mais
grosso for o axônio ou dendrito, mais espessa for a bainha de mielina e mais
longo for o internodo, mais rápida será a condução do impulso.
Oligodendrócito Neurolemócito
·. :-:-:-:-.
Fibra nervosa não mielinizada Fibra nervosa mielinizada
148.2 Esquema de formação da bainha de mielina.
148.3 A REGENERAÇÃO DOS NERVOS (restauração da neurocondutividade) começa
após transecçào ou depois de lesão no coto nervoso proximal e, principalmen­
te, no distal, envolvendo degeneração. Apenas alguns internodos sofrem dege­
neração no segmento proximal, pois, na maioria dos casos, os corpos de célttlas
209

210
nervosas permanecem intactos. Os axônios do coto nervoso distal degeneram­
-se até as placas terminais. Ocorre regeneração no terço proximal, com brota­
mento ou germinaç,'io das células de Schwann, que, com o brotamento similar
das células de Schwann do coto nervoso distal, desenvolvem uma ponte contí­
nua sobre o defeito. A série ( em formato de banda) das células de Schwann atua
como "talas" de condutividade para o brotamento axonal do coto proximal,
que se regenera até o órgão efetor. A regeneração evolui muito lentamente em
torno de 3 mm por dia. O pré-requisito para regeneração dos nervos é, entre
outros, uma distância relativamente curta entre os cotos nervosos proximal e
distal. A regeneração é favorecida por aproximação e sutura dos cotos nervo­
sos. (Por outro lado, em caso de neurectomia para bloqueio da dor, efetua-se
ablação de fragmento suficientemente longo do nervo para evitar que os cotos
cresçam juntos -um método terapêutico controverso para cavalos de esportes,
utilizado com menos frequência hoje em dia.)
148.4 As três bainhas de tecido conjtmtivo (ENOONEURO, PERINEURO E EPINEURO)
protegem os nervos contra tensão excessiva, enquanto o paraneuro ancora os
nervos a seus arredores.
148.5 Os NôouLos OE RANVIER localizam-se em intervalos existentes na bainha
de mielina, onde o axônio se encontra levemente espessado. Entre dois nódu­
los, há o internódulo. Em virtude da falta de mielina, o uso de anestésico local
exerce seu efeito inicial nos nódulos de Ranvier e estende-se a partir daí.
150.1 SÍNTESE HORMONAL NO SISTEMA HIPOTÁLAMO·HIPOFISIÁRIO
As glândulas endócrinas periféricas (tireoide, córtex da adrenal, gónadas)
atuam pelo mecanismo de feedback sobre o sistema hipotálamo-hipofisiário.
Segue exemplo de feedback negativo: uma situação de estresse provoca a li­
beração de ACfH -RH (CRH) no hipotálamo e o aumento do ingresso de
ACTH na adeno-hipófise. Isso é acompanhado por produção elevada de gli­
cocorticoides no córtex da adrenal. Finalmente, por feedback negativo sobre
o hipotálamo, isso causa, por sua vez, declínio na liberação de ACTH -RH,
ACTH e glicocorticoides. Comfeedback positivo gerado pela alta taxa de sín­
tese hormonal das glândulas periféricas (p. ex., estrógenos nas células inters­
ticiais e células epiteliais foliculares), a liberação dos hormônios hipotálamo­
-hipofisários (p. ex., GnRH e LH) ainda permanece elevada até o término da
ovulaç,'io (ver também 110.10, 138.6 e 7).
Hipotálamo
Ocitocina
Vasopressina
= adiuretina
(ADH)
RH eRIH
RH e RIH
RH
RH
RH
RH eRIH
Hormô1úo
efetorda
neuro-hlpófise
Neurossecretor
Transporte até a
neuro-hipófise
Hormônio efe-
tor da adeno-
-hipófise
Hormônio soma-
totrófico (STH)
Prolactina
Hormônio regu-
lador da adeno-
-hipófise
Hormônio tireoes-
timulante (TSH)
Gonadotrofina:
hormônio foli-
culoestimulante
(FSH)
Hormônio luteini-
wnte (LH = fêmea
e ICSH = macho)
Hormônio adre-
nocorticotrófico
(ACTH)
Melatrofma da
parte intermédia
Hormônio estimu-
lante dos melanó-
citas (MSH)
Órgão ou Função
célula-alvo principal
Mioepitélio Por exemplo, dores
Musculatura de parto, fluxo de
lisa. riin, vasos leite, reabsorção de
sangtúneos água no rim, au-
mento da pressão
arterial
Associação com Crescimento
as células em corporal
crescimento
Glândula ma- Secreção láctea
mária
Glândula tireoide Metabolismo
Células de Sertoli Maturação testicu-
(epiteliócitos) e lar e folicular
células epiteliais
foliculares
Células intersti-Síntese de andró-
dais ovarianas e genos, estrógenos e
testiculares progesterona
Corpo lúteo Síntese de hormô-
Córtex da adrenal n io esteroide
Células pigmen-Pigmentação
tares
RIH = hormônio inibidor de liberação; RH = hormônio liberador
ICSH = hormônio estimulante das células intersticiais
150.2 GLÂNDULAS TIREOI0E E PARATIREOI0E, ver 14.6 e 7.
150.3 GLÂNDULAS ADRENAIS, ver 70.3.
150.4 A RENINA, hormônio liberado por queda na pressão arterial do rim, con­
verte o angiotensinogênio do plasma sanguíneo em angiotensina 1. Em dife­
rentes órgãos (p. ex., no pulmão), isso é transformado em angiotensina, li que
estimula as células da zona glomerular do córtex da adrenal a sintetizar aldos­
terona. Esse mineralocorticoide produz aumento no volume do líquido intra­
vascular por meio da reabsorção de sódio e água. Com isso, ocorre aumento na
pressão arterial com subsequente retardo da síntese de renina.
150.5 INSUL.INEMIA insuficiente induz à hiperglicemia e à excreção de glicose na
urina, problema do qual se deriva seu nome (diabete melito).
152.1 Ação de dentro para fora do pulso arterial sobre o retorno venoso.
152.1 Com base em inúmeras características morfológicas e estruturais, as
VEIAS são claramente distintas das artérias. Em geral, as veias possuem lume
mais amplo e são mais numerosas. Diversas veias colaterais podem acompa­
nhar uma única artéria em uma via neurovascular comum. O sistema venoso
de lume amplo de órgãos individuais (p. ex., fígado, pulmão, baço e pele) atua
no armazenamento sanguíneo. Quantidades consideráveis de sangue podem
ser retiradas temporariamente da corrente sanguínea e, assim, as necessidades
cardíacas são reduzidas por manutenção econômica da função.
O retorno sanguíneo venoso é promovido por diversos modos:
1. Pela atividade de sucção do coração, o sangue é sorvido dos orifícios de am­
bas as veias cavas e do átrio direito por deslocamento dos folhetos valvulares.
2. Com movimentos corporais, segmentos do corpo (p. ex., partes de articu­
lações e coxins dos dedos) são comprimidos de forma repetida. É exercida
pressão sobre as veias associadas, direcionando o fluxo sanguíneo para o cora­
ção pelas valvas venosas. Por contração muscular, o fluxo sanguíneo também
é "impelido" para a frente. Isso é verdadeiro particularmente para essas veias
que ficam dentro da fáscia muscular.
3. A onda de pulso pode ser transmitida com vibrações de pressão rítmica para
as veias acompanhantes estritamente adjacentes.
154.1 Linfografia das regiões caudais de filhote canino. 1. linfonodos poplíteos;
2. linfonodo ilíaco medial; 3. cisterna do quilo; 4. dueto torácico. (Radiografia:
Prof. Dr. Serens von Rautenfeld, Hanover.)
4. Com ritmo respiratório e pressão negativa variada na cavidade pleural, o
sangue é sugado em direção ao coração. (Em caso de lesão às veias próximas ao
coração, o ar pode ser aspirado por causa da pressão negativa com consequente
risco de formação de êmbolos.)
154.1 "JUNÇÕES ABERTAS" constituem a base morfológica para linfografia di­
reta e indireta (radiografia do sistema linfático). Com o exame de linfografia
indireta, injeta-se inicialmente corante (violeta azul patente) no tecido intersti­
cial. As partículas de corante (com diâmetro em torno de 0,1 µm) chegam não
só aos capilares linfáticos pelas junções abertas que marcam esses capilares,

mas também aos vasos linfáticos e linfonodos que prosseguem no sentido pro­
ximal. Em virtude dessa marcação, os vasos linfáticos, outrora insignificantes,
podem ser identificados com mais facilidade e puncionados para injeção do
meio de contraste. Com o exame de linfografia direta, injeta-se meio de con­
traste adequado no vaso linfático. Na sequência, é possível identificar canais
linfáticos e, talve1, interrupções patológicas ao fluxo da linfa (p. ex., em casos
de alterações dos linfonodos e linfangiopatia obliterante após alterações endo­
teliais distróficas degenerativas) ao exame radiográfico.
154.2 Os LINFONooos são de importância médica por serem acometidos por
inflamação em suas áreas de drenagem. Consequentemente, tais áreas devem
ser conhecidas. Os linfonodos inflamados ficam enfartados, dolorosos e quen­
tes, propagando calor. No que diz respeito a diagnósticos clínicos, é mais fácil
palpar esses linfonodos; normalmente, apenas os linfonodos superficiais são
mais ou menos distintos. Com o fluxo da linfa, células tu morais malignas flu­
tuantes ficam depositadas nos linfonodos e podem ser o ponto de partida para
tumores secundários (metástases).
154.3 Os LINFóc1Tos, de acordo com o tamanho, são classificados como células
pequenas, médias e grandes. Do ponto de vista funcional, diferenciam-se lin­
fócitos 8 e T, que certamente são diferenciados em termos morfológicos e por
métodos especiais. Os linfócitos B surgem na medula óssea, são marcados na
bolsa da cloaca, ou em órgãos equivalentes, e desembocam na corrente san­
guínea e nos linfonodos. 8 corresponde à bolsa da cloaca de aves. Uma bol­
sa equivalente em mamíferos não é conhecida ou definida com exatidão. De
acordo com muitos autores, a medula óssea (bone marrow) enquadra-se nessa
categoria; por essa razão, em um sentido incorreto, 8 pode ser empregado para
medula óssea. Os linfócitos B são responsáveis pela imunidade humoral. Isso
se baseia na capacidade desses linfócitos, que se transformam em plasmóci­
tos. de produzir imunoglobulinas (anticorpos). Os linfócitos T originam-se
na medula óssea, diferenciam-se no timo (T equivale ao timo) e, depois, sào
liberados nas áreas timo-dependentes do linfonodo (paracórtex) e do baço.
Do ponto de vista funcional, é possível diferenciar células auxiliares (helper),
exterminadoras (killer), supressoras e células de memória. As células extermi­
nadoras, de vida cmta, são respon&íveis pela imunidade celular. Essas células
eliminam outras células (p. ex., bactérias ou células transplantadas -rejeição a
transplante) e sofrem deterioração espontânea (supuração, formação de pus).
As células auxiliares regulam a transformação de linfócitos Bem plasmócitos
e, com isso, controlam a imunidade humoral. As células supressoras inibem
as células exterminadordS e auxiliares e, por meio disso, retardam as reações
imunes excessivas. As células de memória, de vida longa(> 1 ano), fazem com
que o sistema de defesa, por confronto repetido com antígeno específico, reaja
rapidamente com resposta imune secundária.
211

212
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Índice remissivo
A
Abdome, 50
Aberturas intercelulares, 154
Abordagem cirúrgica à cavidade
peritonial, 188
Absorção, 166
Acetábulo, 74
Acrômio, 16, 183
Adeno-hipófise, 152,203
Aderência intertalâmica. 110
Adventícia, 154
Alças do intestino delgado, 50
Algorihnos de reconstrução, 177
Alvéolos dentários, 88
Ampola
da tuba uterina, 66
do dueto deferente, 68
do reto, 56
Anastomoses arteriovenosas. 4, 154
glomerulares, 154
Anel(is)
femoral, 36, 185
fibrocartilagem, 120
fibrosos, 46
inguinal
externo, 34, 36
interno, 36
profundo. 36
superficial, 36
ósseo pericondral, 140
umbilical, 34
vaginal, 36, 52, 64, 68
Anestesia
do olho, 198
epidural, 202
Anfiartrose, 144
Angulação da articulação, 122
Ângulo
da mandíbula, 90
iridocorneal, 118
Antebraço, 16
Aorta, 186
abdominal, 60
descendente, 40, 42
Aparelho(s)
digestório, 158
hióideo, 88, 106, 197
lacrimal, 98
suspensórios fascial e muscular, 32
valvular, 46
vocal, 100
Ápice
do nariz, 98
do pulmão, 38
Apófises, 140
Aponeuroses, 148
Aqueduto do mesencéfalo, 110, 116
Aracnóidea, 108, 110
Arco
aórtico, 40
do palato mole (arco do véu palatino),
100
dorsal, 8
hemal, 8
isquiático, 74
palatofaríngeo, 100
Áreas corticais, 112
Arquipálio, 112
Artéria(s), vaso(s)
abdominal cranial, 60
alveolar inferior, 102
arqueadas, 62
auricular
caudal, 102
rostral, 102
axilar, 24
basilar, 114
bicipital, 24
bloqueadas, 154
braquial, 24
profunda, 24
superficial, 24
broncoesofágica, 40
carótida
comum, 14, 102
direita, 40
esquerda, 40
externa, 102
interna, 102, 114
cecal, 56
ccliaca, 56, 60
cerebrais, 203
cervical superficial, 40
circunflexa
caudal do úmero, 24
cranial do úmero, 24
femoral lateral, 84
coccígea lateral, 70
colaterais, 154
cólica
direita, 56
esquerda, 56
média, 56
contorcidas, 154
coronárias, 46, 188
descendente do joelho, 84
do clitóris, 72
do dueto deferente, 68
do pênis, 72
dorsal do pé, 84
elásticas, 154
epigástrica
caudal, 70
cranial, 40
superficial, 32
caudal, 32, 36
cranial,40
escrotal ventral, 32
esfenopalatina, 102
espinal ventral, 108
esplên ica, 56
facial, 92, 102
femoral, 84
caudal
distal, 84
média,84
proximal, 84
profunda, 70, 84
gástrica(s)
curtas, 56
direita, 56
esquerda, 56
gastroduodenal, 56
gastroepiploica
direita, 56
esquerda, 56
glútea
caudal, 70, 84
cranial, 70, 84
hepática, 56, 58
hipofisial rostral, 152
ileal, 56
ileocólica, 56
ilíaca(s)
circunflexa
profunda, 60
superficial, 84
externa, 60, 70, 84
internas, 60, 70
iliolombar, 70
infraorbital, 102
intercostais, 40
interlobares, 62
interóssea comum, 24
jejunais, 56
labial ventral, 32
laríngea cranial, 102
lingual, 102
maxilar, 102
mediana. 24
mesentérica
caudal, 56, 60
cranial, 56, 60
musculares. 154
occipital, 102
oftálmica externa, 102
ovárica, 60, 66, 70
palatina
maior, 102
menor, 102
pancreático-duodenal
caudal, 56
cranial, 56
perineal
dorsal, 70, 72
ventral, 72
plantar
lateral, 84
medial, 84
poplítea, 84
prostática, 70
pudenda
externa, 32, 36, 70
interna, 70, 72
radial, 24
renal, 60, 62
retal
caudal, 72
cranial, 56
média, 70
sacral mediana, iO
safena, 80, 84
subclávia
direita, 40
esquerda, 40
subescapular, 24
sublingual, 102
temporal
profunda
caudal, 102
rostral, 102
superficial, 102
terminais, 154
testic,tlar, 68
tibial cranial, 84
torácica
externa, 24
interna, 32, 40
lateral, 24, 32
toracodorsal, 24
transversa do cotovelo, 24
ulnar, 24
colateral, 24
uterina, 66, 70
vaginal, 70
vertebral, 40, 114
vesical caudal, 70
Arteríolas, 154
Articulação(ões), 10
atlantoaxial, 10
atlantoccipital, 10
biaxial, 144
cápsula, 208
cartilagineas, 144
coclear, 144
complexa, 144
composta, 144
condilar, 144
costotransversas, 10
cricoariten6idea, 106
cricotireóidea, 106
da cabeça, 1 06
da mão,26
deslizante, 144
do carpo, 26, 184
do cotovelo, 26, 184
do joeU10 (femorotibiopatelar), 86,197
do membro torácico, 26
do quadril, 78, 86, 196
do tarso, 86, 197
dos dedos, 86
elipsóidea, 144
esferóidea (enartrose), 144
espiral, 144
esternocostal, 10
falsa, 208
fibrosas, 144
interfalângicas distais da mão, 26
intermandibular, 106
ligamentos, 144
líquido, 144
lombossacral, 181
metacarpofalângica, 26
multiaxial, 144
ombro, 26, 184
plana, 144
radiulnar distal, 26
receptores, 122
sacroilíaca, 10, 86
selar ( em sela), 144
simples, 144
temporo-hióidea, 106
temporomandibular, 106, 202
tibiofibular
distal, 86
proximal, 86
tibiotarsal (jarrete), 86
trocóidea, 144
uniaxial, 144
verdadeira, 144
Artrologia, 144
Árvore da vida, 11 O
Asa
do ílio, 74
do nariz, 98
do sacro, 8
Associação péh•ica pequena, 129
Atividade condroclástica, 206
Atlas, 8
Atresias do ânus e/ou do reto, 190
Átrio
direito, 44
esquerdo, 44
Aurícula, 120
Axis, 8
Axônio, 150
B
Baço,50,52
Bainha
do reto, 34
linfática periarterial (PALS), 52
sinovial, 26, 86,144, 148
do músculo coracobraquial, 26
intertubercular, 26
Bandas de tecido conjuntivo, 6
Base
do estapédio, 120
pulmonar, 38
Basi-hióideo, 88
Bexiga urinária, 50, 62, 64
Bifurcação da traqueia, 38
Bigorna, 120
Bolsa(s)
bicipitorradial, 26
calcãnea subtendínea, 82, 86
cutânea, 120
infrapatelar distal, 86
ovárica (do ovário), 64, 66
sinovial, 26, 144, 148,209
subcutânea, 148
subtendínea, 148
subcutânea do olécrano, 26, 184
subtendinea, 26
infrapatelar distal, 144
testicular, 64
Botão gustativo, 122
Brõnquio(s), 38, 185
lobar(es), 38
acessório. 38
caudal, 38
cranial, 38
Bula timpànica, 88, 120
Bulbo
da glande, 68
do olho, 118
do pênis, 68
olfatório, 114
e
Cabeça
da ulna, 16
do calcâneo, 82, 196
do fêmur, 76, 195
do martelo, 120
do rádio, 16
do úmero, 16
Calcãneo, 76
Camada
basal, 4
espi 11hosa, 4
fibrosa, 144, 148
osteogênica, 142
papilar, 4
reticular, 4
subserosa, 158
Câmara
anterior do olho, 118
posterior do olho, 118
vítrea do olho, 118
Câmbio, 142
Canal(is)
alar,88
alveolares, 88
auditivo externo, 206
central, 108, 116, 142
condilar, 88
da cérvix, 66
do nervo trigêmeo, 90
do seio transverso, 90
facial, 90
femoral, 36, 80
hipoglosso, 88
ingui na!, 36
213

214
lacrimal, 90
óptico, 88, 90
perfurantes (de Volkmann), 142
radie<~ar, 104
semicirculares ósseos, 120
Canalículo da corda do tímpano, 88, 90
Capilares, 154
linfáticos, 156, 158
sanguíneos, 158
Cápsula
adiposa, 62
articular, 144
de tecido conjuntivo, 156
fibrosa, 62
Cartilagem(ns). 208
anular, 102, 120
aritenóidea, 100
articular, 102. 142,144,208
elástica, 120
cricóidea, 100
da laringe, 100, 199
do meato acústico, 120
elástica, 142
epiglótica, 100
escutiforrne, 94
fisial, 140
hialina, 142
iliopúbica, 34
septal, 46
tireóidea, 100
Carúncula sublingual, 104
Catarata da lente (cristalino), 205
Categorização das estruturas na
sonografia, 167
Cauda equina, 108
Cavidade(s)
abdominal, 50
articular, 144
da laringe, 100
do crânio, 88, 90
glenoidal, 16
medular, 142
primária, 140
nasal (ou do nariz), 100,198
oral. 100, 158
pélvica, 70
pericárdica, 42, 186
peritonial, 50, 52
pulpar, 104
serosas, 42, 158
timpânica, 120
torâcica, 38, 42
Ceco, 56
Célula(s)
basais, 122
caliciformes, 158
endócrinas gastrintestinais, 152
endoteliais, 156
fenestradas, 154
não fenestradas, 154
formadoras de osso (osteoblastos), 140
intersticiais
ovarianas, 152
testiculares, 152
mesenquimatosas, 140
miocárdicas (modificadas)
endócrinas, 46
modificadas da túnica média, 152
musculares lisas, 146
nervosas, 150
neurolemal, 150
reticulares, 156
sensoriais secundárias, 122
sustentaculares, 122
Cemento, 104
Centro de ossificação
diafisial, 140
epifisial, 140
primário, 140
secundário, 140
Centros visuais, 118
Cerato-hióideo, 88
Cerebelo, li O, 203
Cérebro, 11 O, 112, 203
Cérvix do útero, 66, 193
Cíngulo
dos membros pélvicos, 74
escapular, 16
ósseo da pelve, 74, 195
peitoral (escapular), 16
Circ,fação
portal hepática, 154
sistên1ica, 154
Círculo arterioso do cérebro, 114
Circunferência articular, 16
Cisterna
cerebelomedular, 108, 110,203
do quilo, 52
intercrural, 110
Claustro, 112
Clitóris, 66, 193
Coanas,88
Cóclea, 120
da tíbia, 76
Colículo
caudal, llO, 114
rostral, 11 O
seminal, 64, 68, 194
Colo
da bexiga urinária, 64
da mandíbula, 90
do fêmur, 76, 195
do martelo, 120
do rádio, 16
do úmero, 16
Cólon, 56, 190
Coluna(s)
vertebral caudal, 181
uretéricas, 64
Comissura rostral, 110, 112
Complexo justaglomerular, 152
Composição, 144, 158
Concha
da aurícula, 120, 205
dorsal, 90
nasal
ventral, 90
Côndilo
do occipital, 88
do úmero, 16
femoral
lateral, 76
medial, 76
medial da tíbia, 76
Condroclastos, 140
Cone
arteriosoJ 44
medular, 108
Conexões dos ossos, 144
Constrição da traqueia, 182
Constritor{ es)
caudais da faringe, 102, 133
médio da faringe, 133
rostrais da faringe, 133
Contração do músculo liso, 209
Coração, 44
valvas, 46
vasos, 46
Corda(s)
do tímpano, 88
tendíneas, 44, 46
Cordão(ões)
espermático, 64, 68
medulares, 156
Cório, 4, 180
Córnea, 118,205
Corno
das garras, 4
de Ammon, 204
dorsal, 108
lateral, 108
solear, 6
termjnal, 6
ventral, l 08
Coroa
ciliar, 118
do dente, 104
Coroide, 118
Corpo(s)
amigdaloide, 112
caloso, 110,112
cavernoso
da glande, 68
do pênis, 68
ciliar. 1 l8
da bexiga urinária, 64
da mandíbula, 90
da tíbia, 76
da ulna, 16
do fêmur, 76
do rádio, 16
do úmero, 16
erétil, 68
esponjoso
da glande, 68
do pênis, 68
estriado, 112
geniculado
lateral, 110, 114
medial, 110, 114
lúteo, 152
mamilar, 110, 114
medular, 110
quadrigêmeos, 110
rígido do pênis, 68
trapezoide, 114
vítreo, 118
Corpúsculos
em formato de clava, 122
lamelares, 122
de Vater-Pacini, 4
táteis de Meissner, 4
Córtex
adrenal, 152
cerebelar, 110
cerebral, 112
do ovário, 66
Costela(s), 8, 10
Coxins mioides da tl1nica ínthna, 154
Cranial,2
Crânio, 88, 90, 197
primordial, 197
Criptas intestinais, 158
Crista(s)
amp,fares, 120
do tubérculo
maior.16
menor, 16
do úmero, 16
etmoidal ( crista galli), 90
externa, 88
frontal externa, 88
ilíaca, 74
nucal, 88
pterig6idea, 88
sacra!
intermediária, 8
lateral, 8
mediana,8
supracondilar, 16
Cristalino, 118
Cúspide
parietal, 44
septal, 44
Cutícula pilosa superficial, 4
D
Decussação da pirâmide, 114
Dedos rudimentares, 195
Dendritos, 150
Dente(s)
canino, 104,201
carniceiros, 202
de lobo (primeiro pré-molar), 104
incisivos, 104
molar, 201, 104
pré-molar, 104
setorial, 104
Dentição, 104
Dentina, 104
Derme, 4
Descenso dos testículos, 192
Diáfise, 140
Diafragma, 30, 127
da sela, 110
pélvico, 72, 128
Diâmetro(s)
anatômico) 146
conjugado, 74
da pelve, 74
fisiológico, 146
transverso
dorsal, 74
médio, 74
ventral, 74
vertical, 74
Oiastema, 104
Diencéfalo, 110
Dilatador da faringe, 102
Diploe, 90
Disco(s)
articular) 144
fibrocartilagíneos, 144
intervertebrais, 144, 181,209
óptico, 118
Dispersão, 166
Divisão
somatotópica, 112
tenninal
da aorta, 70
da veia cava caudal, 70
Dorso
da língua, 104
da mão,24
dérmico, 6
dos pés, 84
nasal, 98
Drenagem linfática, 24, 54
Dueto
biliar comum, 54
cístico, 58
colédoco, 54, 58
deferente, 68, 158, 194
descendente, 50, 190
endolinfático, 120
hepáticos, 58
incisivo, 122
lact(feros, 32
nasolacrimal, 198
pancreático acessório, 54
papilar, 32
comum,62
parotídeo, 104
semicirculares, 120
torácico, 14, 42
Duodeno, 50, 54
Dura-máter, 108,110,202
E
Ecografia, 166
Ectomeninge, 108, li O
Ectoturbinados, 90
Elemento
epi-hióideo, 88
estilo-hióideo
Eminência
iliopúbica, 34, 74
intercondilar, 76
Enartrose, 144
Encefalite, 203
Encefalografia, 204
Endocárdio, 44, 187
Endolinfa, 120
Endomeninge, 108
Endomísio, 146
Endoneuro, 150,210
Endósteo, 142,207
Endotélio descontínuo, 154
Endoturbinados, 90
Epicárdio, 42, 44, 187
Epicõndilo
lateral, 16, 76
medial, 16, 76
Epiderme, 4, 180
Epidídimo,68, 193
Epílise, 110, 114, 140. 203
cerebral, 152
Epimísio, 146
Epineuro, 150, 2010
Epíplon, 52
Epitálamo, 110
Epitélio
colunar, 158
alto, 158
ciliado pseudoestratificado, 158
simples, 158
de transição, 158
escamoso estratificado, 158
pseudoestratificado colunar, 158
Epitimpânico, 120
Eponíquio, 6
Ereção, 194
Erupção, 104
Escápula, 16
Escavação
pubovesical, 52
retogenital, 52
vesicogenital, 52
Esclera, 118, 205
Esmalte, 104
do dente, 202
Esôfago, 14, 42, 54, 182
Espaço(s)
femoral, 36, 80
inguinal, 36
interósseo crural, 76
lombossacral, 8
medulares, 142
porta hepático, 58
retroperitonial, 50, 62
sacrocaudal, 8
sacrococcígeo, 8
subaracnoidal, 108,110,203
Espessura da camada, 176
Espinha
alar, 74
da escápula, 16
ilíaca dorsal
caudal, 74
cranial, 74

isquiática, 74
ventral caudal, 74
Esponjosa, 90
Esqueleto cardíaco, 46
Estapédio, I 20
Estenose traqueal, 182
Esternebras, 8
Esterno, 8
Estômago, 50, 54
Estrato
córneo, 4, 180
genninativo, 4
granuloso,4
lúcido, 4
Estriado, 146
Estrutura(s)
a,Lxiliares dos músculos, 148
do dente, 104
interna do músculo, 209
viscerais cervicais, 14
Extensores
F
da articulação do carpo, 22
dos dedos, 22
Face, 88
áspera, 76
auricular, 8, 74
costal, 16
glútea, 74
ilíaca, 74
sacropélvica, 74
serrata, 16
Facetas articulares, 8
Falange
distal, 16, 76
proximal, 16, 76
Faringe, 100
Fáscia, 146, 148
do antebraço, 184
endotorácica, 32, 42
espermática
externa, 32, 36
interna, 32, 36
externa do tronco, 32, 36
gl(1tea, 78
ilíaca, 36
externa, 36
interna, 36
interna do tronco, 32, 36
lata, 32
pélvica, 32
profunda do tronco, 32
superficial, 78
do tronco, 32
toracolombar, 12, 32, 34
transversal, 32, 36
FasCÍClUO
cuneiforme, 108, 114
grácil, 108, 114
Feixe
atrioventricular, 46
primário de fibras musculares,
146
Fibra(s)
aferentes, 150
colágenas, 142
comissurais do fórnice, 112
de fixação, 156
de projeção, 112
nervosa(s), 150
eferentes, 150
mielinizada, 150
não mielini1.ada, l50
parassimpáticas, 46, 102
pós•ganglionares não mielinizadas,
150
pré-ganglionares míelinizadas, 150
reflexas, 34
reticulares, 146,156
i ntrasinusais, 156
sensoriais, I 50
simpáticas, 46
zonulares, l 18
Fibrilas colágenas, 146
Fígado, 50, 58, 191
Filamento(s)
olfatórios, 114
terminal, 108
Filtro, 98
Fímbrias da tuba uterina, 66
Fissura(s)
interlobares, 38
orbital, 88
palatinas, 88
petroccipital, 90
petrotimpânica, 88, 90
Foice do cérebro, 110
Forame(s)
alar
caudal, 88
rOSlral, 88
apical, 104
carotídeo, 88
caudal, 88
externo, 88
interno, 88
da mandíbula, 90
das veias cavas, 30
epiploico, 52
estilomastóideo, 88, 90
etmoidais, 88
infraorbital, 90
interventricular, l 16
intervertebral. 8, 108
jugular, 88
magno, 88
maxilar, 90
mentuais, 90
obturador, 74
oval,88
palatino(s)
caudal, 88
maior, 88
menores,88
redondo, 88
retroarticular, 90
sacral(is)
dorsais, 8
ventral, 8
supratroclear, 16
transversos, 8
vertebral lateral, 8
Forma
das articulações, 144
dos mÚSClUOS, 146, 148
dos pulmões, 38
dos segmentos terminais secretórios,
158
Formação
de mielina, 209
e registro de imagens, 160
reticular, 108, 203
Formato
do osso, 142, 208
Fórnice, 112
superior da conjuntiva, 98
Fossa(s)
caudal do crânio, 90
cerebelar, 90
do saco lacrimal, 90
etmoidais, 90
hipofisial, 90
infraespinal, 16
intercondilar, 76
intercrural> l l0
isquiorretal, 72
mandibular, 88
massetérica, 90
oval, 44, 187
pirifonnes, 90
pterigóidea, 90
pterigopalatina, 88
radial, 16
subescapular, 16
supraespinal, 16
trocantérica> 76
Fóvea da cabeça, 76
Fraturas do olécrano, 183
Frênulo, 104
Função
do baço, 189
do estômago, 189
do nariz, 100
osteoblástica, 206
Funículo
dorsal, 108
espermático, 64
lateral, 1 OS
nucal, 10
Fusos
G
musculares e tendíneos, 206
neuromusculares, 122
neurotendineos, 122
Gânglio(s), 48
autônomos, 150
celfaco, 60, 108
cervical cranial, 102
cervicotorácico (estrelado), 48, 188
ciliar, 98
do tronco nervoso simpático, 150
espinal, 108, ISO
espiral, I 20
mesentérico
caudal, 60
cranial, 60, 150
Garra, 6, 180
Gastrotomia, 190
Gengiva, 104, 202
Gínglimo, 144
Giros do cérebro, 112
Glande do pênis, 68
Glândula(s)
acinares, 158
adrenal(is), 62, 70, 152.194, 210
alveolares, I 58
apócrinas, 158
associadas, 158
ceruminosa(s), 6
da orelha, 180
circum-anal(is), 6, 180, 190
cutâneas, 6
da parede do seio paranal, 6
das pálpebras, 6
écrinas, 158
endócrinas, 158
exócrinas, 158
genital acessória, 66
holócrinas, 158
hom,onais, I 58
lacrimal, 98, 198
mamária, 6, 32, 184
mandibular, 104
mistas, 158
mucosas, 158
multicel,tlares, 158
odoríferas, 6
paratireoide, 14, 152, 182
parótida, I 04, 20 L
perianais, 180
pineal, 110, 152
salivares, 104,201
sebácea(s), 4, 6, 180
sublingual(is), 201
monostomática> 104
polistomática, 104
sudorifera(s), 6
apócrina, 5
merócrinas, 6
superficiaJ da prega semi lunar da
conjuntiva, 98, 198
tireoide, 14, 152,182,210
tubulares, 158
unicelulares, 158
zigomática, 104
Globo pálido, 112
Glote, 100, 199
Gónadas, 152
Gonfoses, 144
Grupo vago, 102
Gubernáculo
caudal, 64
cranial, 64
Gustativo(a)s
botão, 122
células, 122
órgãos, 122
papilas, 104, 122
poro, 122
sentido, 122
H
Hâmulo, 90
Helicotrema, 120
Hernilaminectomia, 181
Hemisférios cerebrais, 110, 112
Hemivértebras, 180
Hérnia(s)
diafragmáticas, 184
inguinal, 185
umbilical, 185
Hilo do baço, 52
Hiperdensa, 176
Hipocampo, 112, 114
propriamente dito (corno de
Ammon), 114
Hipodensa, 176
Hipófise, 110, 152
Hiponíquio
lateral, 6
tenninaJ, 6
Hipotálamo, 110,152,203
Hipolimpânico, 120
I
Identificação das radiografias, 166
Ilhotas
de langerhans, 54
pancreáticas, 54, I 52
llio, 74
Imagens de varredura, 178
Impedância acústica, 166
Impressão
esofágica, 58
medular, 90
pontina, 90
Incisivos, 201
Incisura
alar,8
cardíaca
direita, 38
esquerda, 38
isquiática
maior, 74
menor. 74
radial, 16
troclear semilunar, 16
Inervação, 4
de músculo esquelético, 209
do platisma cervical, 12
parassimpática, 104
sensorial, 32, 158
viscerossensitiva, 185
lnfundíbulo, 66
Inserção do tendão no osso, 146
Insuficiência da tricúspide, 187
Insulina, 190
Interior do 0U10, 118
1 ntersecçào( ões)
clavicular, 14
tendíneas, 34, 148
Intestino delgado, 54
Intumescência
cervical, 108
lombar, 108
!ris, 118
Irrigação (aporte sanguíneo), 4
fsquio, 74
Istmo da tuba uterina, 66
1
Jejuno, 50, 54
Joelho da costela, 8
Junção(ôes)
L
abertas, 156, 210
miotendínea, 146
lábios do pudendo, 66
Labirintite, 206
labirinto
membranáceo, 120
ósseo, 120
Lacerações musculares, 209
lacuna
neuromuscular, 36
vascular, 36
lamelas
circunferenciais
externas, 142
internas, 142
dérmicas,6
intersticiais, 142
Lâmina
cribriforme, 90
espiral óssea, 120
externa, 90
horizontal, 90
ilíaca, 36
interna. 90
rnuscular da mucosa, lSS
perpendicular, 90
própria da mucosa, 158
quadrigêmea do teto, 110
Laminectomia, 181
laringe, 100
Laringofaringe, 100
leptomeninge, 108, 110
Ligamento(s), 10, 102
alar, 10
apical do dente, 1 O
aritenóideo transverso, 106
arterioso, 44, 186
costotransverso. 10
cricotireóideo, 106
cricotraqueal, 106
da cauda do epidídimo, 64
da coluna vertebral, 10
da laringe, I 06
215

das gônadas, 64 arqueada. 74 Mesovário, 64 digástrico, 94, 132, 148
denliculados, 108 de pressão e tensão, 142 Metáfise, 140 dilatador da pupila, 118, 132
escrotal, 64 do músculo lríceps, 16 Melra (útero), 66 do antebraço, 22
espiral da cóclea, 120 glúrea caudal, 74 Microvilosidades. 158 do nariz, 94, 131
falciforme, 50, 52, 58 milo-hióidea, 90 Mielencéfalo, 110 do olho, 98, 132
frenicopericárdico, 42 terminal, 74 Miocárdio, 44, 187 do palato mole, 133
gastroesplênico, 52 Líquido cerebrospinal, 116,204 Miogênese, 209 do polegar, 22
gastrolienal, 52 Lissa, 104 Miologia, 124, 146, 148 dorsais que unem o !ronco, 124
gonadais, 64 Lobo Modelos em 30, 177 dos lábios, 94, 131
hepatoduodenal, 52 frontal, 112 Modificações da pele, 6 eretor do pelo, 4
hepatogástrico, 52 occipital, 112 Modíolo, 120 escaleno, 28, 127
hepatorrenal, 58 parietal, 112 Mucosa escutuloauricular superficial, 94, l3 l,
hioepig.lórico, 106 piriforme, 112, 114 da bexiga urinária, 192 198
inguinal, 34, 36 temporal, 112 da laringe, 100, 199 esfincter
do ovário, 64 Locais osteofibróticos, 209 do intestino, 158 da pupila, 118, 132
do testíC<tlo, 64 do traio do cárdia, 54, 189
intercapital, 10 M genital, 158 do piloro, 54
inlerespinhoso. 10 Macrófagos inlraluminais, 156 urinário, 158 externo do ânus, 56, 72, 128
largo do útero, 64 Mácula gástrica, 54, 189 interno do ânus, 56, 128
lateral, 10, 106 do sáculo, 120 Musculatura, 146 profundo do pescoço, 131
longitudinal do utriculo, 120 cardíaca (miocárdio), 146 superficial do pescoço, 94, 131
dorsal, 10 Maléolo medial, 76 da bexiga urinária, 192 espinal
ventral, 10 Mamas, 32 esquelética, 146, 148 do pescoço, 28
mediano da bexiga urinária, 52 Mandíbula, 90, 198 estriada, 146 do tórax, 28
nucal, 10, 28 Manga que circunda o lsquio, 195 e semiespinal do pescoço e do
patelar, 80 de osso trabec,tlar, 140 Músculo(s) tórax, 28, 126
periodontal, 202 ílexora, 22 abdominais, 34, 185 esplên i o, 28, 126
próprio Manúbrio, 8, 120 ventrais, 128 esrapédio, 120
do ovário. 64 Mão,24 abdutor esrernoccipital, 14
do testículo, 64 Margem caudal da perna, 129 esrernocleidomastóideo, 14, 124
redondo alveolar, 90 crural caudal 78 esrerno-hióideo, 14, 124
da bexiga urinária, 70 caudoventral (basal), 38 curro, 130 es1ernomas1óideo, 14
do útero, 64 cranial longo esrernotireóideo, 14, 124
supraespinal, 10 da tíbia, 76 do dedo 1, 22 esrilofarlngeo caudal, 102, 132
suspensor do pênis, 32 do triângulo, 38 do polegar, 126 esriloglosso, 104, 133
suspensório dorsal, 16 magno, 80, 130 expiratórios, 30, 127, 184
do ovário, 192 do triãngulo, 38 ancôneo, 20, 125 extensor
do testículo, 64 Martelo, 120 aritenóideo transverso, 133 comum dos dedos, 22, 126
tireoepiglótico, 106 Matriz auriculares, 94, 120, 131 curto dos dedos, 82, 130
transverso do alias, 10 carrilagínea, 140 bíceps do dedo 1, 22, 82, 126, 130
vocal, 106, 199 óssea, 140 braquial, 18, 125, 183 lateral dos dedos, 22, 82, 126, 130
Limbo da córnea, 118 Maturidade sexual, 32 femoral, 78, 129 longo dos dedos, 82, 130, 196
Limite faringoesofágico, 100 Maxila, 90, 198 bipeniforme, 146 radial do carpo, 22
Linfa intestinal, 189 Meato biventre do pescoço, 28 ulnar
Linfângio, 156 acústico externo, 102, 120,200 braquial, 18 do carpo, 22, 126
Linfocentro, 134 ósseo, 120 braquiocefálico, 14, 124 lateral, 22
axilar, 135 nasal, 100 braquiorradial, 22, 126 externos da mastigação, 94, 132
bronquial, 134 comum, 100 bucinador, 94, 131 extrínsecos
celíaco, 135 dorsal, 100 bulboesponjoso, 72, 128 da língua, 133
cervical ventral, 100, 199 canino, 94, 131 dorsais dos membros, 12
profundo, 134 Mediastino,42, 186 caudais da perna (crurais), 130 femorais, 130
superficial, 134 do tesriculo, 68 caudomediais do antebraço, 22, 125 fibular (peroneal)
iliossacral, 135 Medula, 112 cervicoauricular, 131 curro, 82, 130
inguinal superficial, 135 adrenal, 152 superficial, 94 longo, 130
lombar, 135 do ovário, 66 cervicoescutular, 94, 131 ílexor
mediastínico, 134 espinal, 108,203 ciliar, 118, 132 lateral dos dedos, 82
mesentérico oblonga, 110 cleidobraquial, 14, 20 medial dos dedos, 82
caudal, 135 óssea, 142 cleidocervical, 12, 14, 124 profundo dos dedos, 22, 82, 125,
cranial, 135 Membrana cleidomastóideo, 14 130
poplíteo, 135 atlanroaxial, 10 coccígeo, 72, 128 radial do carpo, 22, 125
retrofaríngeo, 134 atlanroccipital, 10 e levantador do ânus, 128 superficial dos dedos, 22, 82, 125,
rorácico espiral
1 l 20 complexo, 28 130
dorsal, 134 fibroelástica da laringe, 106 constritor ulnar do carpo, 22, 125, 184
ventral, 134 sinovial, 148 da vulva, 72, 128 frontoescutular, 94, 131
Linfócitos, 156,211 timpânica, 120 do vestíb,tlo, 66, 72, 128 gastrocnêmio, 82, 130
Linfonodo(s), 52,134,156,211 tiro-hióidea, 106 coracobraquial, 18, 125 gêmeos. 78, 129
aórticos lombares, 62, 68 Membro pélvico, 76, 84 craniolaterais genioglosso, 104, 133
axilar, 18, 24 Meninges, 108 da perna (crurais), 130 genio-hióideo, l04
acessório, 18, 24 cefálicas e espinais, 203 do antebraço, 22, 126 glúteo
cervical superficial, 14, 24, 182 cerebrais, 110 cremáster (externo), 36 médio, 78, 129
cólico, 52 delgadas, li O cricoaritenóideo profundo, 78, 129
escrotais superficiais, 68 internas, 110 dorsal, 133 superficial, 78, 129
esplênicos, 52 Meniscos lateral, 133 grácil, 80, 130, 196
esternais, 186 arliculares, 144 cricofaríngeo, 102,133 hiofaringeo, 102, 133
craniais, 40 táteis, 122 cricotireóideo, 133 hioglosso, 104, 133
gástrico, 52 Mesencéfalo, 110,203 crurais (da perna) hióideos, 104
hepático, 52 Mesentério, 158 caudais, 82 longos, 124
ilíacos mediais, 62, 68, 194 dorsal comum, 52 craniolaterais, 82 ilíaco, 60, 128
inguinais superficiais, 32, 68 Mesocólon, 52 cutâneo(s), 12,148 iliocostal, 28, 126
intercostal, 40 Mesoducto deferente, 64 da face, 94 iliopsoas, 36
jejunal, 52 Mesoepidídin10,64 tronco, 12 infraespinal, 20, 125, 183
lienais, 52 MesofunícuJo, 64 da artic,tlação do quadril, 129 inspiratórios, 30, 127, 184
mandibulares, 92, 134 Mesogástrio, 50 da coluna vertebral, 28, 126, 127 intercostais
mediastínicos craniais, 40 dorsal, 50, 52 da expressão facial, 131 externos, 30, 127
mesentéricos caudais, 52 ventral, 50, 52 da face, 94 internos, 30, 127
parotídeo, 92, 134 Mesométrio, 64 da faringe, 102, 132,200 in1erescu1ular, 94, 131
poplíteo superficial, 84 Mesoniquio, 6 da laringe, 100, 133, 199 inlerespinais, 1 O, 28, 126
portais, 52 Mesórquio da língua, 104 internos da mastigação, 96, 132
pulmonares, 40 distal, 64 e do aparelho hióideo, 133 inlerlransversos, 28, 126
retrofaríngeo medial, 14, 92 proximal, 64 da mandíbula, 94, 132 intrínsecos
sacrais, 62 Mesorreto, 52 da mastigação, 96, 198 da laringe, 133
traqueobronquial, 40 Mesossalpinge, 64 das bochechas, 94, 131 da língua, 201
Língua, 104 Mesotélio, 158 das nádegas, 78, 129 isquiocavernoso, 72, 128
Linha(s) Mesotendíneo, 148 das pálpebras, 94, 131 isquiotibiais, 78
alba, 34, 185 Mesotimpânico, 120 deltoide, 14, 20,124,125 caudais da coxa, 129
216

laterais do ombro e do braço, 20, 125 lateral, 28, 126 esplãncnico(s) Nódulos
Iatíssimo do dorso, 30 medial, 126 maior, 48, 108 de Ranvier, 209
levantador(es) sartório, 80, 130 menor, 108 linf.lticos solitários, 189
da costela, 30, 127 semiespinal da cabeça, 28, 126 lombares, 60 Núcleo(s)
da pálpebra superior, 98, 132 semimembranáceo, 78, 129 esplênicos, 52 caudado, 112, 114
do ângulo medial do olho, 94, 131 semitendíneo, 78,129 etmoídal, 98, 136 da base, 112, 204
do ânus, 72, 128 serrálil facial, 92, 114 lentiforme, 112
do lábio superior, 94, 131 dorsal femoral, 36, 60, 80
do véu palatino, 102, 133 caudal, 30, 127 6bltlar (peroneal) comum, 78, 82, 196 o
nasolabial, 94, 131 cranial, 30, 127 frênico, 30 Olécrano, 16
liso interno do bulbo do olho, 132 ventral, 14, 124 frontal, 98, 136 Olho, 118
longo subcostais, 30, 127 genitofemoral, 32, 36, 60, 150 Oligogendrócito (célula de Schwann),
da cabeça, 28, 127 subescapular, 18, 125 glossofaríngeo, 102,114,138 151
do pescoço, 28, 127, 184 sublombares, 60, 128 evago,200 Oliva, 114
longuíssimo, 28, 126 supinador, 22, 126 glúteo Omento
malar, 94, 131 supraespinal, 20, 125 caudal, 70, 78 maior, 50, 52, 189
mandibuloauricular, 131 supramamário cranial, 32 cranial, 70, 78, 84 menor, 50, 52
masseter, 94, 132 temporal, 94,132 hipogástricos, 60 Ora serrata, 118
mediais tensor hipoglosso, 104,114,201 Oroicltlar ciliar, 118
da coxa, 130 da fáscia ilio-hipogástrico Órbita, 88
do ombro e do braço, 18, 125 do antebra\X), 18, 125 caudal, 28, 32, 34, 60 Orelha, 120
milo-hióideo, 94, 132 lata, 78, 129 cranial, 28, 32, 34, 60 externa, 120
,mtltí6dos, 28, 126 do tímpano, 120 ilioinguinal, 28, 34, 60 interna. 120
multipeniforme, 146 do véu palatino, 102, 133 infraorbital, 96, 198 média, 120,206
obliquo tibial(is) infratroclear, 98, 136 Órgão(s)
caudal da cabeça, 28, 127 caudal, 82, 130 intercostais, 32 abdominais, 50
cranial da cabeça, 28, 127 cranial, 82, 130 intermediofacial, 92 caudal dorsal (cauda), 6
dorsal, 98, 132 craniolaterais e caudais, 196 isquiático, 70, 78, 195 do sentido, 118
externo do abdome, 34, 36, 128 tireoaritenóideo, 133 lacrimal, 98 espiral, 120
interno do abdome, 34, 36, 128 lireofaríngeo, 102, 133 laríngeo (de Corti), 120
ventral, 98, 132 tireo-hióideo, 97 caudal, 102 genitais, 62, 64, 68
obturador tiro-hióideo, 133 cranial, 102, 138 externos, 66, 68
externo,78,80, 129 transverso recorrente, 14, 182, 188 femininos, 66
interno, 78, 129 do abdome, 30, 34, 36, 128 esquerdo, 48 masculinos, 68
occipital, 94, 131 do tórax, 30, 127 lingual, 96, 136 linfáticos, 156
omotransversário, 12, 124 trapézio, 12, 124 mandibular, 96, 136 olfatório, 100, 122
orbicular, 148 triceps braquial, 20, 125, 184 mastigatório, 96, 136 terminal dos dedos, 6
daboca,94, 131 tronco-membro, 12, 14 maxilar, 96, 136 vomeronasal, 100,122
do olho, 94 ulnar lateral, 126 mediano, 18, 22 Oro faringe, 100
palatofarfngeo, 102, 133 unipeniforme, 146 mentuais, 198 Ossículos da orelha, 120
papilar(es), 46 uretra!, 68 milo-hióideo, 96, 136 tuba auditiva, 100, 120,200
grande,44 vertebrais musculocutâneo, 18 via, 114
magno, 44 dorsais, 126 nasal caudal, 96 Ossificação, 140
pequenos, 44 ventrais, 127 nasociliar, 98, 136 condral, 140
subarterial, 44 zigomático, 94, 131 obturador, 60, 80 endocondral, 206
subauricular, 44 oculomotor, 98, 114, 136 membranosa, 140
parotidoauricltlar, 94, 131 N oftálmico, 98, 136 pericondral, 206
pectíneo, 44 Nádegas, 78 olfatório, 100, 114, 136 Osso(s)
(e adutor longo), 34, 80, 130, 196 Narinas, 198 óptico, 88, 98,110, 118, 136 acessório do carpo, 16
peitoral Nariz, 98, 100 palatino basiesfenoide, 88
descendente, 14 externo, 98 maior,96, 136 central do tarso, 76
profundo, 14, 124 Nasofaringe, 100 menor, 96, 136 chatos, 142
superficial, 14, 124 Neartrose, 208 perineais profundos, 72 curtos, 142
transverso, 14 Neopálio, 112 plantar da concha nasal ventral, 90
perineal, 72, 128 Nervo(s) lateral, 82 da costela, 8
piriforme, 78, 129 abducente, 98, 114, 138 mediaL 82 da face, 90
poplíteo, 82, 130, 196 acessório, 14,102,108,114,138 pterigopalatino, 96, 136 da perna, 76
prepucial cranial, 32 alveolar inferior, 96, 136 pudendo, 70, 72 do carpo, 16
profundos da articulação do quadril, auricular radial, 18, 20, 22, 183 do fêmur, 76
78,129 caudal, 92 retal caudal, 72 do pênis, 68, 194
pronador(es), 22 magno, 12 safeno, 36, 80 dos dedos, 16, 76
quadrado, 22, 125 auriculopalpebral, 92 subescapular, 18 esfenoide, 88
redondo, 22, 125 auriculotemporal, 96 sublingual, 96 etmoide, 88, 90
próprio da lúigua, 104, 133 a.x.ilar, 14, 18, 20 supraescapular, 18, 20, 183 femoral, 76
psoas acessório, 14, 18 temporais profundos, 96, 136 frontal, 88
rnaior, 60, l 28 braquiocefálico, 14, 18 tibial, 78, 82 hióideo, 88, 106
menor, 60, 128 bucal, 96 torácico ilio, 74
pterigofaríngeo, 102, 133 cardíacos, 46, 48 lateral, 18 incisivo, 90
pterigóideo, 96, 132 cervical transverso, t2 longo, 14, 18 interparietal, 88
quadrado ciliar longo, 98, 136 toracodorsal, 12, 18 irregulares, 142
femoral, 78, 129 coclear, 120, 138 trigêmeo, 96, 114 ísquio, 74
lombar, 60, 128 cranianos, 136, 150 troclear, 98, 114, 136 lacrimal, 90
quadríceps femoral, 80, 130 do grupo vago, 102 ulnar, 18, 22, 183 lenticular, 120
redondo cutâneo(s), 12 vago,48, 102,114 longos, 142
maior, 125 caudal do antebraço, 18 vertebral, 48 metacárpicos, 16
menor, 125 cranial do antebraço, 20 vestibulococlear, 114,120,206 metatarsais, 76
respiratórios, 30, 127 femoral vomeronasal, 122 nasal, 90
reto caudal, 70, 72 zigomático, 96 occipital, 88
do abdome, 34, 36, 128 lateral, 28, 60 Neurite, ISO palatino, 90
do tórax, 30, 1 27 lateral cranial do braço, 20 Neuro-hipófise, 152 parietal, 88
dorsal, 98, 132 lombar(es) Neuróglia, 209 pré-esfenoide, 88
maior da cabeça, 28, 127 dorsais, 28 Neurônios, 150 púbico, 75
menor da cabeça, 28, 127 laterais, 28 aferentes, 108,150 radial do carpo, 16
lateral, 98, 132 ventral, 28 eferentes, 108, 150 sesamoides, 16, 76,142,208
medial, 98, 132 medial do antebraço, 18 motores, 108 distais, 16, 76
ventral, 132 sural parassimpáticos, 108 proximais, 16, 76
retococcígeo, 74, 128 caudal, 82 sensitivos, 108, 150 tarsais, 76
retrator lateral, 82 viscerais, 150 temporal, 88
da costela, 30, 127 da pelve, 70 simpáticos, 108 viscerais, 142
do ângulo lateral do olho, 94,131 dorsal(is) Neurotélio, 150 zigomático, 88
do bulbo, 132 comuns dos dedos, 22 Nitidez ou borrão, 163 Osteologia, 140, 142
do clitóris, 74, 128 do clitóris, 72 Nó óstio(s)
do pênis, 74, 128 do pênis, 72 atrioventricular, 46 abdominal da tuba uterina, 66
romboide, 12, 124 dos vasos, 154, 156 neurofibroso (nódulosdeRanvier), 150 atrioventric1tlar, 44
sacrocaudal (coccígeo) dorsal espinais, 18, 150 sinoatrial, 46 cecocólico, 56
217

da bolsa ovárica, 66 de crescimento (cartilagem fisial), 206 direito, 38 medula espinal, 70
da uretra, 193 terminais motoras, 150, 209 esquerdo, 38 plexo, 70
do ureter, 64 Placenta, 152 Pulmonar túber, 74
externo da uretra, 66, 68 Plano nasal, 6, 98 circulação, 154 Sacro, 8
faríngeos das tubas auditivas, 100 Plataforma, 120 ligamento, 42 Sáculo, 120
ileal, 56 Platisma, 12, 131 pleura, 42 Sagilal, 2
interno da uretra, 64, 68 Pleura, 42, 186 tronco, 40 Saída da pelve, 72
nasolacrimal, 98 costal, 42, 186 Pupila, 118 Salpinge, 66
papilar, 32 diafragmática, 42 Putame, 112 Secção transversal da medula espinal,
prepucial, 32, 184 parietal, 42 108
uterino pericárdica, 42 Q Secreção, 158
externo, 66 visceral, 42 Quarto ventrículo, 116 Seio(s)
interno. 66 Plexo(s) Quiasma óptico, 114 basilar, 116
Ovário, 50, 66, 152, 192 adrenal, 60 carotídeo, l 02
aórtico, 60 R cavernosos, 116
p braquial, 183 Rádio, 16 cerebrais, 204
Paladar, 122 celiacomesentérico, 150 Radiográfico(a), 160 da dura-máter, 110, 116
Palato duro, 199 coroides, 114, 116 absorção, 160 das veias cavas, 44
Paleopálio, 112 lombar, 60, 191 leis de projeção, 161 epididimal, 64
Pálpebra(s), 118 mioentérico, 108 proteção, 166 frontal(is), 88
inferior, 118 nervosos, 150 qualidade das radiografias, 163 lateral, 90
superior, 118 oftálmico, 116 sobreposição, 161 medial, 90
superior e inferior, 204 pampiniforme, 68 Rafe palatina, 100 rostral, 90
Pâncreas, 50, 54, 190 solar, 150 Raios X, 160 intercavernoso, 116
Papila(s), 6 sub mucoso, 108 Raiz(es) intermediários, 156
cônicas, 104 subseroso, 108 da língua, 104,201 lactífero, 32
duodenal venosos, 154 do dente, 104 medulares, 156
maior, 54 vertebral interno ventral, 108, 116 do nariz, 98 paranais, 56, 90, 180, 197
rnenor, 54 Polidontia, 201 do pênis,68 petroso ventral, 116
filiformes, 104 Polpa dorsal, 108, 150 pilosos, 4
folhadas, 104,122 branca do baço, 52 dos nervos espinais, 108 reto, 116
fungiformes, 104, 122 vermelha do baço, 52 espinais, 114 sagital dorsal, 116
incisiva, 100, 122 Ponta da língua, 201 medulares, 114 sigmoide, 116
mamária, 32 Ponte, 11 O, 114 ventral, 108, 150 subcapsular, 156
marginais. 104 Ponto cego, 118 Ramo(s) temporal, 116
mecânicas, 104 Poro acústico auriculares rostrais, 92 transverso, 116
uterina, 66 externo, 88 bucal dorsal, 92 venoso, 4, 44
valadas, 104, 122 interno, 90 caudal, 120 Sela túrcica, 88, 90, 198
Paracórtex, 156 Prega(s) cervical, 92 Sensibilidade, 122
Paralisia alar, 100 comunicantes profunda, 122
do nervo mandibular, 198 basal, 100 brancos, 108, 150 superficial, 122
facial, 198 circulares, 158 cinzentos, 48,108,150 visceral, 122
Paramétrio, 64 das veias cavas. 42 da mandíbula, 90 Septo(s)
Paraunguícula, 76 do dueto deferente, 64 interganglionares, 48 de tecido conjuntivo, 68
Parede ileocecal, 54 lingual, 102 do telencéfalo, 112
abdominal, 28 peritoniais, 64 longo, 120 interalveolares, 88
corporal, 32 reta, 100 mamários, 40 interatrial, 44
do crãnio, 90, 197 semilunar da conjuntiva (terceira sinfisial do isquio, 74 interventricular, 44, 187
torácica, 28 pálpebra), 1 18, 205 zigomaticofacial, 96 pelúcido, 112
Parte transversais. 158 zigomaticotemporal, 96 Série radiográfica com meio de
cartilagi nea, 120 vasculosa, 64 Rampa contraste, 177
cega da retina, 118 Prenhez, 32 do tímpano, 120 Sesamoide dorsal, 16
laríngea da faringe, 100 Prepúcio, 32 do vestíbulo, 120 Sincondrose(s), 144
nasal da faringe, 100 Processo(s) Rapidez do movimento, 122 costocondral, 10
óptica da retina, 118 acessório, 8 Reabsorção, 158 esternais, 10
petrosa do osso temporal, 90 alveolar, 90 Receptores do paladar, 201 intermandibular, 106
septal do rinencéfalo, 114 ancôneo, 16, 183 Recesso(s) Sindesmoses, 144
simpática, 200 angular, 90 caudal do omento, 52 Sínfise, 144
Patela, 76, 197 articular(es) costodiafragmático, 42, 186 intermandibular, 106, 202
Pé,84 articulações dos, 10 costomediastínico, 42 intervertebral, 1 O
Pécten do púbis, 74 caudais, 8 da pelve,62 pélvica, 74, 195
Pedúnc,tlo cranial, 8 lateral, 116 Sinostose, 144
cerebelar ciliares, 118 maxilar, 90 Sistema
caudal, 114 condilar, 90 Rede cardiovascular, 154
rostral, 114 coracoide, 16 adrnirável arterial~ 154 de condução do estímulo cardíaco, 46
do cérebro, 1 1 O coronoide, 90 capilar I e li, 152 de geração de estímulo, 46
olfatório, 114 lateral, 16 linfocapilar, 156 endócrino, 152
Pele, 4, 36 medial, 16 subpapilar, 4 extrapiramidal, 114
Pelo(s), 4 costal, 8 Regeneração dos nervos, 209 hipotálamo-hipofisiário, 152
lanosos, 180 do tentório, 90 Região(ões) límbico, 112
táteis, 4 espinhoso, 8 abdominal linfático, 14, 40, 156
Pelve, 62 estiloide caudal, 50 nervoso, 150
Pênis,68 lateral, 16 cranial, 50 autônomo, 48, 60, 102, 150, 188
Perfil enfraquecido, 176 medial, 16 cervical, 12 central, 108, 150
Pericárdio fibroso, 42 extensor, 16, 76 do corpo, 2 intramural, 150
Perilinfa, 120 frontal, 90 inguinal, 36 parassimpático, 48
Perimétrio, 64 hamato, 16 torácica, 12 da medula espinal, 60
Perimísio hernais, 8 umbilical, 50 periférico, 150
externo, 146 jugular, 88 xifoide, 50 simpático, 48
interno, 146 lateral, 8 Relação das fáscias, 32 somático, 150
Perineo, 195 mamilar, 8 Rerúna, 210 vegetativo, 48, 150
Perineuro, 150,210 mastoide, 88, 90 Retina, 118, 205 piramidal, 114
Período de lactação, 32 nasal, 90 Retináculo(s), 148 vascular linfático, 156
Periósteo, 108, 110, 140,142,207 palatino, 90 flexor, 82 venoso portal, 152, 191
Peritônio, 36, 50, 52, 158 retroarticular, 88 Reto, 56 ventral dos seios venosos da dura~
parietal, 50, 52, 158 temporal, 90 Revestimentos meníngeos, 110 máter, 116
visceral, 50, 52, 158 transverso, 8 Rim(ns), 62,152,191 Subcutâneo, 4, 180
Perna, 76 vaginal do peritônio, 36, 64 Rinencéfalo, 110, 114 Substância
Pia-máter, 108, 110 zigomático, 88, 90 Rombencéfalo, 11 O branca, 108, 112, 150
Pilar(es) Projeção do puhnâo, 185 Rugas palatinas, 100 cinzenta, 108,112,150
do cérebro, 110 Promontório, 8 esponjosa, 142
do pênis, 68 Próstata, 68, 194 s óssea
Piloro, 54, 189 Protuberância occipital externa, 88 Sacos a na is, 1 90 cortical (ou compacta), 142
Pirâmide, 114 Pseudoartrose, 208 Sacral(is) Sulco(s)
Placa(s) Pulmão, 38, 185 linfonodos, 68 alveolares, 88
218

coronário, 44
do cérebro, 112
do músculo braquial, l6
do quiasma. 90
do seio transverso, 90
extensor, 76
intermediário dorsal, 108
intertubercular, 16
interventricular
paraconal, 44
subsinuoso, 44
lacrimal, 90
lateral dorsal, 108
septal, 90
Superflcie
articular, 8, 16. 76, 88
da fíbula, 76
lunada, 74
Sustentáculo do t:\Jus, 76
Sutura(s), 144
T
da maxila, 106
epifisial ulnar, 183
intermandibular, 106
Tábua do isquio, 74
Tálamo, 110, 203
Tálus, 76
Tapete
celular, 118
lúcido, 118
Tecido(s)
cartilagíneo, 142
linforreticular, 156
moles do osso, 142
ósseo, 142
Técnica da janela, 177
Tegmento do mescncéfalo, li O, 114
Tegumento cornum, 4
Tela submucosa, 158
Telencéfalo. 110, 112
Tendão(ões), 146,209
abdominal, 34
calcãneo comum, 82, 196
central, 148
flexor
profundo dos dedos, 82
superficial dos dedos, 82
pélvico, 34
pré-púbico, 34
sinfisial, 80
Tentório
membranoso do cerebelo, 1 1 O
ósseo do cerebelo. 90, 110
Terceiro ventrículo, 110, 116
Terminações nervosas. 4
em formato de disco, 122
Testíc,~o. 68, 152, 193
Teto, 32, 110
Timo, 40, 186
Timpano-hióideo, 88
Tiro-hióideo, 88
Tomografia computadorizada, 176
Tomogramas, 1 76
Tonsila(s), 100,200
palatina, 100
Tórax, 8, 10
Torção do estómago, 189
Toros (coxins), 6, 180
Trabéculas
cárneas,44
ósseas primárias, 140
primárias do osso reticular, 140
septomarginais, 44
Trajetos visuais, 118
Transudação, 158
Traqueia, 14, 42,158
Trato(s)
de fibras, 114
do coxim do rnetatarso, 6
olfatório
intermédio, 1 14
lateral, 114
óptico, 114
respiratório, 158
Trígono
femoral, 36
olfatório, 114
Trocanter
maior, 76
menor, 76
Tróclea, 76, 98
do rádio, 16
femoral, 76
medial, 16
Tronco
braquiocefálico, 40
costocervical, 40
encefálico, 112,203
lombossacral, 70, 194
pudendoepigástrico, 70
simpático, 102, 108
lombar, 60
vagai
dorsal,42, 48, 108
vagossimpático, 14
ventral,42,48, 108
Tuba uterina,66, 158,193
Túber
da coxa, 74
isquiático. 74
Tubérculo
do músculo psoas menor, 74
faríngeo, 88
flexor, 16, 76
infraglenoidal, 16
maior, 16
menor, 16
púbico ventral, 74
supraglenoidal, 16
Tuberosidade
da tíbia, 76,195
deltoide, 16
do calcâneo, 76
do olécrano, 16
do rádio, 16
flexora, 16, 76
glútea, 76
supracondilar
lateral, 76
medial, 76
Túnica(s)
u
adventícia, 156, 158
do testículo, 192
externa, 154, 156
fibrosa, 118
interna, 156
íntima, 154, 156
média, 154, 156
mucosa, 158
muscular, 54, 158
serosa, 54, 158
vaginal, 68
no macho, 36
parietal, 64
visceral, 64
vascular, 118
Ulna, 16
Ultrassom, 166
bexiga urinária, 174
coração, 169
cornos do útero, 174
ecocardiografia com Doppler, 168
estômago, 172
fígado, 172
formato dependente do transdutor,
167
membro pélvico, 175
orientação, 168
ovário, 173
prenhez, 175
próstata, 174
reflexão, 166
refração, 166
resolução, 167
rim, 173
testículo, 174
velocidade de propagação da onda, 166
Úmero, 16, 183
Ung11icula, 6. 16, 76
Unha de lobo (quinto dedo), 76
Unidades de Hounsfield, 177
Ureter, 62, 158, 192
Uretra, 64, 192
feminina, 66
masc,~ina, 68
Otero,50,64,66, 193
masculino, 193
Utriculo. 120
prostático, 193
Úvea, 205
V
Vagina, 64, 66
Vale da unha, 6
Valva(s)
atrioventricular(es), 46
direita (tricúspide), 46
esquerda (bicúspide ou mitral), 44,
46. 187
da aorta, 46
do tronco pulmonar, 46, 187
Válvula(s)
conjuncionais, 156
da aorta, 44, 188
dos vasos linfáticos, 156
semilunares, 44, 46
Vaso(s)
coronários, 46
dos ossos, 142
dos vasos, 154, 156
linfáticos, 32
aferentes, 156
eferentes, 156
fibrotípicos, 156
miotipicos, 156
pós-capilares. 156
profundos do antebraço, 24
sanguíneos, 32, 40, 148, 154,207
da retina, 118
Veia(s). 18,210
angular
da boca, 92
do olho, 92
auricular
caudal, 92
rostral, 92
axilar, 18, 24
axilobraquial, 14, 20
ázigos direita, 42
bicipital, 24
braquial, 18, 24
profunda, 24
superficial, 18, 24
braquiocefálica. 42
direita, 42
esquerda, 42
cardíaca(s), 46
direitas, 44, 46
magna, 46
média,46
mí1úmas, 46
cava
ca11dal, 42, 58, 60, 70
cranial) 42
cefálica, 14, 20, 183
acessória, 20
cerebral(is). 116
dorsais, 116
magna, 116
cervical superficial, 14
circunflexa
caudal do úmero, 18, 24
cranial do úmero, 18, 24
coccigea lateral, 70
costocervical, 42
cutâneas superficiais laterais, 20
da parede do crânio, 116
diploicas, 116
epigástrica
superficial, 32
caudal, 32, 36
escrotal ventral, 32
espl/inica, 56
facial, 92
profunda, 92
gástricas, 54
gastroduodenal, 56
glútea
caudal, 70
cranial, 70
hepáticas, 58
ilíaca
comum, 70
interna. 70
iliolombar, 70
interóssea comum, 18, 24
jugular
externa, 14, 42, 92, 182
interna, 14, 42, 116
labial
inferior, 92
superior, 92
ventral, 32
lingual, 92
linguofacial, 14, 92
maxilar, 14, 92, 116
mediais do membro torácico, 18
mediana, 18, 24
do cotovelo, 18, 20
n1esentérica
caudal, 56
comum,56
cranial,56
nasal
dorsal, 92
lateral, 92
oclusivas, 154
omobraquial, 14, 20
ovárica, 65
perineal dorsal, 70
periosteais, 142
porta, 56, 58, 91
hipofisial, 152
pudenda
externa, 32, 36
interna, 70. 72
p,tlmonares, 40, 44
radial, 24
sacra! mediana, 70
safena
lateral, 82, 196
medial,80
subclávia, 42
subescap,tlar, 18, 24
sublinguaL 92. 198
submentual, 92
temporal superficial, 92
testicular, 68
torácica
externa, 18, 24
interna, 32, 42
lateral, 18, 24, 32
toracodorsal, 18, 24
transvers.1 do cotovelo, 24
ulnar, 24
colateral, 24
última veia parietal (veia glútea
caudal), 70
uterina, 66
Ventrículo(s), 54
cerebrais, 1 16
da laringe, 100
direito, 44
esquerdo, 44
laterais, 114,116,199
Vênulas, 154
pós-capilares, 154
Vênulas, 154
Vértebra(s), 8, 180, 181
Vértice, 64
Vesícula biliar, 50, 58, 191
Vestibular(es)
aparelho, 120
bulbo, 66
gânglios, 120
janela, 120
ligamento, 106
membrana, 120
pregas, 100
Vestíbulo
da boca, 199
da bolsa do omento, 52
da laringe, 100
nasal. 100
Véu omental, 50, 52
do omento maior, 52
Vias
de condução, 114
motoras, 114
Vilosidades intestinais, 158
Vômer, 90
Vulva, 66
z
Zona
de reserva, 140
intermédfa, 142
reabsorvente, 140
219

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"O presente livro-atlas oferece aos estudantes um material ilustrativo didático atrelado a
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É também de grande utilidade para revisões e no preparo para exames. Para os clínicos e
cirurgiões veterinários, trata-se de mna obra referencial, que possibilita a consulta rápida
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Acta Veterinaria Hungarica
"Esta obra é de grande valia nas aulas de anatomia cujos cursos não dispõem de muito
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VIN -Veterinary Information Network
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Manole
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