Associação Nacional de Pós-Graduação em Ciências Sociais
Size: 1.34 MB
Language: pt
Added: Sep 05, 2025
Slides: 16 pages
Slide Content
“Depois que eu entrei aqui” narrativas sobre gênero e etnicidade entre estudantes de um curso de Licenciatura em Educação do Campo Melquisedeque de Oliveira Fernandes Professor do curso de Licenciatura em Educação do Campo – UFERSA/Mossoró/RN
Responde por mais de 90% da produção de sal marinho do Brasil O Estado do Rio Grande do Norte O Rio Grande do Norte é um dos maiores exportadores de frutas frescas do Brasil Em novembro de 2018 o Brasil possuía 568 parques de produção de energia eólica, dentre os quais 472 estão localizados na região Nordeste e 146 estão no RN 2
A Ledoc Docência Gestão das escolas do campo Gestão dos processos comunitários 1 2 3 Pragmaticamente visa dar conta de elevado índice de professores leigos: 30,1% no E.F. e 24,2% no E.M. (Inep, 2018). Politicamente visa dar continuidade ao programa do MST de educação para o desenvolvimento dos territórios camponeses. 3
Ledoc : uma unidade complexa e contraditória 4
Sexo 5
Identidade de Gênero 6
Cor ou Raça 7
Religião 8
Ledoc e Movimentos Sociais 9
A negra, feminista e evangélica 10 [...] conheci então, os “direitos sociais” das mulheres [...] os quais tinham me feito refletir qual mulher eu queria ser, se era a cópia da minha mãe, ou se eu queria ser uma mulher casada, porém independente, com seu trabalho, formada, isto é, bem diferente da mulher que minha mãe queria que eu fosse. Ao iniciar o minicurso meu pensamento era de que tudo era macumba [...] quando passei a ter conhecimento da mesma vi que não era muito diferente da outras, percebi que estava totalmente com um pensamento injusto. Que essas pessoas as quais são dessa religião tem direitos de expor sua crença, que eles têm direito de cultuar os deuses deles, e principalmente que essas pessoas devem ser respeitadas, pois os mesmos têm direito ao respeito dos demais.
Neuza Santos Souza “Tornar-se Negro: as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascenção social” 11 “O irracional, o feio, o ruim, o sujo, o sensitivo, o superpotente e o exótico são as principais figuras representativas do mito negro [...] A representação do negro como elo entre o macaco e o homem branco é uma das falas míticas mais significativas de uma visão que o reduz e cristaliza a instância biológica” (SOUSA, 1983, p.27)
A ex-tímida 12 “fiquei de oito a nove anos em casa sem fazer nada” Nessa marcha eu vi o que eu achava o maior dos absurdos que é a questão de gênero pois para mim ver a intimidade entre duas mulheres era muito difícil ver e aceitar e quando eu cheguei na marcha foi a primeira coisa que eu vi. Mulher beijando outra mulher eu não sei nem sei explicar o que senti foi uma coisa inexplicável eu não sabia se olhava ou se virava a cara, ver duas mulheres trocando intimidades para mim era muito estranho. Minha vontade era de sair daquele local e vim embora para casa aquela cena não saia da minha cabeça ver duas mulheres se beijando na boca, desde pequena eu fui ensinada que mulher tinha que casar cedo ter filhos e obedecer a seu marido e etc.
A recém convertida aos Movimentos Sociais 13 Existe uma Milena antes e uma depois de entrar na Ledoc . Eu não tinha ideia do que era os movimentos sociais [...] eu não tinha ideia do que eram os movimentos sociais, pensava que o MST [...] era o que muita gente que não tem informação pensa, que eram um bando de desocupados brigando por terra, eu não tinha uma clareza dos meus direitos assegurados, antes eu mim reconhecia como estar na minha certidão de cor parda, eu ria de certas brincadeirinhas racistas, só mim importava com as coisas da minha religião, não sabia identificar quando de certa forma acabava sendo preconceituosa ou conivente. quando a chamam de “morena” ela prontamente responde: “morena não, negra!”
O conservador em desconstrução 14 Eu não me identificava com o público da Ledoc ! Entendia que eram jovens que moravam na Zona Rural, que o máximo que já tinham feito em relação aos estudos era o Ensino Médio, não me identificava com as conversas que muitos colegas tinham. Trazia comigo um senso que me fazia ver estas pessoas como vagabundos, sem futuro, baderneiros [...] eu dizia que nunca iria me juntar com pessoas de movimentos sociais. [quando foi solicitado a escolher um movimento social para apresentar na disciplina de MS ele escolheu o “movimento contra o aborto”]
A filha que compreendeu sua mãe 15 [...] daí foi esclarecido muita coisa que durante toda minha vida eu imaginava de uma forma que não era, intendi principalmente o quanto a vida da minha mãe foi sofrida principalmente pelo fato dela ter criado minha irmã sozinha, em uma favela e que mesmo sozinha, garantiu os estudos da minha irmã, e que ao contrário de mim que sempre tive tudo, minha irmã não teve nada, mais sempre teve foco nos estudos e que uns dois mais tarde, seria uma concursada da marinha. [...] com a minha aproximação no curso foram surgindo curiosidades e conhecimento sobre movimentos e sobre os nossos direitos, direitos os quais muitas vezes discordei por conta de atitudes e comentários de pessoa que assim como eu não conheciam a realidade, apenas dão ouvidos a jornais que ocultam a verdade por trás dos fatos [...] o tempo foi mostrando o que eu não enxergava, tenho uma família preconceituosa, complicada de se lidar e que o fato da minha mãe se desprezada, é por ela não ter conquistado patrimônio.
A “ escabriada ” 16 Antes a Ledoc existia um preconceito forte com relação aos negro, brincadeiras racista disfarçada de afetos, olhares injustos com pessoas que também mim representa na universidade, hoje mim auto declaro negra e justa com meus ancestrais, minha avó que é uma mulher negra e meu pai que e negro, mais ambos não se reconhecem como negro/a. Hoje mim tornei uma pessoa justa com minha ancestralidade. Eu antes da Ledoc não entrava em consenso com relação aos movimentos sociais, hoje uma mente mais ampla para entender todo o processo de luta dos diversos movimento que existe no Brasil. Hoje entendo que todos os direitos garantido para homens e mulheres foram resultado de muitas lutas e resistências para que hoje possamos ter um pouco de direitos e deveres na sociedade burguesa em vivemos.