Antologia de haicais clássicos

bergamobr 1,867 views 35 slides Jun 04, 2014
Slide 1
Slide 1 of 35
Slide 1
1
Slide 2
2
Slide 3
3
Slide 4
4
Slide 5
5
Slide 6
6
Slide 7
7
Slide 8
8
Slide 9
9
Slide 10
10
Slide 11
11
Slide 12
12
Slide 13
13
Slide 14
14
Slide 15
15
Slide 16
16
Slide 17
17
Slide 18
18
Slide 19
19
Slide 20
20
Slide 21
21
Slide 22
22
Slide 23
23
Slide 24
24
Slide 25
25
Slide 26
26
Slide 27
27
Slide 28
28
Slide 29
29
Slide 30
30
Slide 31
31
Slide 32
32
Slide 33
33
Slide 34
34
Slide 35
35

About This Presentation



Os poetas desta Antologia
Bashô (1644-1694)
Bonchô (?-1714)
Buson (1715-1783)
Chiyo-jo (1701-1775)
Chora (1729-1781)
Gyôdai (1732-1793)
Ishû (1606-1680)
Issa (1763-1827)
Jôsô (1662-1704)
Kijô (1867-1938)
Kikaku (1660-1707)
Kitô (1740-1789) Kyokusui (?-1717)
Kyoroku (1656-1715)
Kyoshi (1874...


Slide Content

Antologia de Haicais Clássicos
Ordenados à maneira tradicional, por estação, traduzidos
para o português e antecedidos do original transliterado para
o alfabeto latino, de acordo com o sistema Hepburn.

O QUE É HAICAI
Haicai é um poema de origem japonesa, que chegou ao Brasil no início do século 20 e hoje conta
com muitos praticantes e estudiosos brasileiros. No Japão, e na maioria dos países do mundo, é
conhecido como haiku.

Segundo Harold G. Henderson, em Haiku in English, o haicai clássico japonês obedece a quatro regras:
 Consiste em 17 sílabas japonesas, divididas em três versos de 5, 7 e 5 sílabas
 Contém alguma referência à natureza (diferente danatureza humana)
 Refere-se a um evento particular (ou seja, não é uma generalização)
 Apresenta tal evento como "acontecendo agora", e não no passado.
No transplante do haicai para outros países, algumas das regras anteriores são seguidas com maior ou
menor fidelidade, enquanto outras podem ser mesmo ignoradas, dependendo de cada poeta ou da
escola seguida. Nestas páginas, tentaremos definir o haicai escrito em português, especialmente a
partir do ponto de vista do Grêmio Haicai Ipê, grupo que se reúne desde 1987 para estudar e praticar
esta forma poética.
Sobre a Antologia
As traduções desta antologia foram feitas por Edson Kenji Iura para a coluna "Um
Mestre Japonês" da página "Haicai Brasileiro" do Jornal Nippo-Brasil (São Paulo), e
publicadas entre os anos de 1999 e 2003. Os haicais originais foram extraídos de
diversas fontes, dentre as quais destacamos:
 Blyth, R.H. Haiku. Tóquio, Hokuseido.
 Blyth, R.H. A history of haiku. Tóquio, Hokuseido.
 Franchetti, P. Haikai, antologia e história. Campinas, Unicamp.
 Maruyama, K. Issa haiku-shû. Tóquio, Iwanami.
 Matsuo, Y. Haiku jiten kanshô. Tóquio, Ôfûsha.
 Mizuhara, S. e outros (ed). Nihon dai-saijiki. Tóquio, Kodansha.
 Nakamura, S. Bashô haiku-shû. Tóquio, Iwanami.
 Ogata, T. Buson haiku-shû. Tóquio, Iwanami.
 Yamamoto, K. Bashô sanbyaku-ku. Tóquio, Kawade.

A edição desta antologia para a web foi preparada pela equipe do Caqui.
Sugerimos que, ao reproduzir qualquer uma das versões aqui constantes, seja
incluído um link para o Caqui:http://www.kakinet.com.

Ano Novo Primavera Verão Outono Inverno


Sobre a Antologia: Fontes e créditos.
O que é Haicai: Conceitos básicos e bibliografia.


Os poetas desta Antologia
Bashô (1644-1694)
Bonchô (?-1714)
Buson (1715-1783)
Chiyo-jo (1701-1775)
Chora (1729-1781)
Gyôdai (1732-1793)
Ishû (1606-1680)
Issa (1763-1827)
Jôsô (1662-1704)
Kijô (1867-1938)
Kikaku (1660-1707)
Kitô (1740-1789)
Kyokusui (?-1717)
Kyoroku (1656-1715)
Kyoshi (1874-1959)
Hokushi (?-1718)
Onitsura (1660-1707)
Raizan (1653-1716)
Rankô (1726-1798)
Ransetsu (1654-1707)
Roseki (1872-1919)
Ryôkan (1756-1851)
Ryûshi (?-1681)
Ryôta (1718-1787

Sazanami (1870-1933)
Senna (1650-1723)
Shiki (1866-1902)
Shirao (1735-1792)
Shô-u (1859-1943)
Sono-jo (1649-1723)
Sora (1649-1710)
Sôseki (1865-1915)
Taigi (1709-1772)
Yaha (1662

Shin-nen
Ano Novo


kozo kotoshi tsuranuku bô no gotoki mono

O ano velho e o ano novo,
Como se houvesse um bastão
A trespassá-los.

Kyoshi


ganjitsu mo betsujô no naki kuzuya kana

Primeiro dia do ano:
Meu barraco,
O mesmo de sempre.

Issa

hatsu yume ya himete katarazu hitori emu

Primeiro sonho do ano —
Sem contar a ninguém
Sorrio em silêncio.

Shô-u

toshidama ya futokoro no ko mo tete o shite

Presentes de Ano Novo —
Até o bebê de colo
Estende as mãozinhas!

Issa

Haru
Primavera

yomibito o shirazaru haru no shûka kana

É anônimo o autor
Deste esplêndido poema
Sobre a primavera.

Shiki


haru no hi ya niwa ni suzume no suna abite

Dia de primavera —
Os pardais no jardim
Tomam banho de areia.

Onitsura

nodokasa no hitori yuki hitori omoshiroki

A tranqüilidade
De andar sozinho,
Divertir-se sozinho.

Shiki

nodokasa ya kakima wo nozoku yama no sô

Tranqüilidade —
O monge da montanha
Espia através da cerca.

Issa

mada nagô naru hi ni haru no kagiri kana

Outro longo dia,
E a primavera
Vai chegando ao fim!

Buson



osoki hi no tsumorite tôki mukashi kana

Dias que se alongam —
Cada vez mais distantes
Os tempos de outrora!

Buson


yuku haru ya tori naki uo no me wa namida

Vai-se a primavera!
Lágrimas no olho do peixe.
Choram as aves.

Bashô

Natsu
Verão

ôta ko ni kami naburaruru atsusa kana

A criança às costas
Brincando com meu cabelo —
Que calor!

Sono-jo


hashii shite saishi o sakuru atsusa kana

Saio na varanda
Para fugir da mulher e filhos.
Que calor!

Buson


otoko bakari no naka ni onna no atsusa kana

Apenas homens,
E uma mulher entre eles.
Que calor!

Shiki


kumo no mine mizu naki kawa o watari keri

Cúmulos-nimbos
Atravessando os céus
Sobre o rio sem água.

Shiki

samidare o atsumete hayashi mogamigawa

Recolhendo toda
A chuva do mês de maio
Corre o rio Mogami.

Bashô

yûdachi ya kusaba o tsukamu murasuzume

Um aguaceiro —
Os pardais da aldeia
Se agarram ao capim.

Buson

yûdachi ni utaruru koi no atama kana

Chuva de verão.
Os pingos batem
Nas cabeças das carpas.

Shiki

junrei no bô bakari yuku natsuno kana

Apenas
Os bastões dos peregrinos —
Campo de verão.

Ishû

natsukawa o kosu ureshisa yo te ni zôri

O rio de verão —
Que alegria atravessá-lo
De sandálias à mão.

Buson

hiya-hiya to kabe o fumaete hirune kana

Refresca um pouco
Pôr os pés na parede
durante a sesta.

Bashô


hirune shite te no ugoki yamu uchiwa kana

Ao fazer a sesta,
A mão que segura o leque
Pára de se mexer ...

Taigi


me ni ureshi koigimi no ôgi masshiro naru

Que coisa linda,
Agitando o leque branco,
É o meu amor.

Buson


hito kitara kawazu to nare yo hiyashi uri

Oh, melões frescos,
Se alguém aparecer,
Transformem-se em rãs!

Issa

kyô nite mo kyô natsukashi ya hototogisu

Mesmo em Quioto,
Saudade de Quioto —
O canto do cuco ...

Bashô

chôchin no shidai ni tôshi hototogisu

Se afasta a lanterna
Sumindo na escuridão —
O canto do cuco.

Shiki

hototogisu naki naki tobu zo isogashiki

Olhe para o cuco
Que só canta, canta e voa —
Que vida ocupada!

Bashô

uguisu no naku ya chiisaki kuchi aite

O canto do rouxinol
E seu biquinho —
Aberto.

Buson

tobu ayu no soko ni kumo yuku nagare kana

Salta uma truta —
Movem-se as nuvens
No fundo do rio.

Onitsura

te no uchi ni hotaru tsumetaki hikari kana

Na palma da mão,
Um vagalume —
Sua luz é fria!

Shiki


shizukasa ya iwa ni shimiiru semi no koe

Quietude —
O canto das cigarras
Penetra nas rochas.

Bashô


yagate shinu keshiki wa miezu semi no koe

Nada indica
Que ela vá morrer —
Canta a cigarra.

Bashô


asakaze no ke o fukimiyuru kemushi kana

Veja o vento matinal
Soprando os pêlos
Da taturana!

Buson

ashimoto e itsu kitarishi yo katatsumuri

Quando é que você veio
Para junto de meus pés,
Oh, caramujo?

Issa

katatsumuri soro soro nobore fuji no yama

Caramujo,
Suba sem pressa
O Monte Fuji!

Issa

hae utsu ni hana saku kusa mo utarekeri

Ao matar a mosca
A erva que tem flores
Tambem esmagada.

Issa

waga yado wa kuchi de fuite mo deru ka kana

Em minha cabana
É só assobiar
Que vêm os mosquitos!

Issa

nomi no ato kazoenagara ni soeji kana

a mâe conta
enquanto dá de mamar
as picadas de pulga.

Issa

nomi domo mo yonaga darô zo sabishikaro

Também para as pulgas
A noite deve ser longa
E solitária.

Issa


rôsoku ni shizumarikaeru botan kana

Assim como a vela,
Mergulhada no silêncio,
A peônia

Kyoroku


ara tôto aoba wakaba no hi no hikari

Quão glorioso,
Nas folhas verdes, folhas tenras,
O brilho do sol!

Bashô


yamabata o kosame hareyuku wakaba kana

Entre a roça e a montanha,
A chuvinha vai parando ...
A folhagem nova!

Buson

hirugane ya waka take soyogu yama zutai

Sinos da tarde —
Na passagem da montanha
Tremula o bambu novo.

Jôsô


hasu no hana saku ya sabishiki teishajô

A solidão
De uma estação de trem —
Flores de lótus.

Shiki


keshi saite sono hi no kaze ni chiri ni keri

Abriu-se a papoula
E ao vento do mesmo dia
Ela veio ao chão.

Shiki


natsugusa ya tsuwamonodomo ga yume no ato

tudo o que restou
dos sonhos dos guerreiros —
Capim de verão

Bashô

ki
Outono

mono okeba soko ni umarenu aki no kage

Em qualquer lugar
Onde se deixem as coisas,
As sombras do outono.

Kyoshi


kesa aki ya miiru kagami ni oya no kao

Ao mirar o espelho,
Na primeira manhã de outono,
O rosto do pai.

Kijô


kono aki wa nan de toshiyoru kumo ni tori

Neste outono,
Como estou ficando velho!
Pássaros nas nuvens.

Bashô


yuku aki no kusa ni kakururu nagare kana

O pequeno córrego
Se esconde sob o capim —
O outono fenece.

Shirao

meshidoki ya toguchi ni aki no irihi kage

Hora do almoço.
Pela porta, com os raios de sol,
As sombras do outono.

Chora


kare-eda ni karasu no tomare keri aki no kure

Num galho seco,
Um corvo pousado.
Tarde de outono.

Bashô


kono michi ya yuku hito nashi ni aki no kure

Por este caminho,
Ninguém mais passa —
Tarde de outono.

Bashô


chichi haha no koto nomi omou aki no kure

Penso apenas
Em meu pai e minha mãe —
Tarde de outono.

Buson

meigetsu ya ittemo ittemo yoso no sora

Lua cheia!
Por mais que caminhe,
O céu é de outro lugar.

Chiyo-jo

meigetsu wo totte kurero to naku ko kana

Lua cheia.
Me dá, me dá!
Chora a criança.

Issa

meigetsu ya ike o megurite yo mo sugara

Ah, lua de outono —
Andando em volta do lago
Passei toda a noite.

Bashô

meigetsu ya za ni utsukushiki kao mo nashi

Ah, lua cheia!
Nem mesmo um rosto bonito
Entre os presentes...

Bashô

zendera no mon o izureba hoshizukiyo

Ao deixar o portão
Do templo zen,
Uma noite estrelada!

Shiki

araumi ya sado ni yokotau ama no gawa

Mar agitado —
Estende-se até a ilha de Sado
A Via-láctea.

Bashô


sabishisa ya hanabi no ato no hoshi no tobu

Solidão.
Após a queima de fogos,
Uma estrela cadente.

Shiki


aka aka to hi wa tsurenaku mo aki no kaze

Apesar do sol
Ardendo sem compaixão,
O vento de outono.

Bashô


sabishisa ni meshi o kû nari aki no kaze

Em solidão,
Como minha comida —
Vento de outono.

Issa

uma no o ni busshô ari ya aki no kaze

No rabo do cavalo
Também há natureza búdica?
Vento de outono.

Shiki

inazuma ni satoranu hito no toutosa yo

Venerável
É quem não se ilumina
Ao ver o relâmpago!

Bashô

inazuma ya kinô wa higashi kyô wa nishi

Trovão —
Ontem a leste,
Hoje a oeste.

Kikaku

shiratsuyu ni jôdo mairi no keiko kana

No orvalho branco
Encontrarás o caminho
da Terra Pura!

Issa

mono no oto hitori taururu kakashi kana

Algo faz barulho —
Cai sozinho, sem ajuda,
O espantalho.

Bonchô

kakashi kara kakashi e wataru suzume kana

De espantalho
Para espantalho,
Voam os pardais.

Sazanami
yo no naka wa ine karu koro ka kusa no io

Minha casa de sapê —
Será tempo de colheita
No mundo lá fora?

Bashô

waga koe no kaze ni nari keri kinokogari

Minha voz
Torna-se vento —
Coleta de cogumelos.

Shiki
tanabata no uta kaku hito ni yorisoinu

A moça rodeia
O poeta que escreve versos —
Festival das Estrelas.

Kyoshi

furu-inu ya saki ni tatsu nari haka-mairi

O velho cão,
Na visita ao cemitério,
Segue à frente.

Issa

kari yo kari ikutsu no toshi kara tabi o shita

Oh gansos selvagens!
Desde que tempo
Tendes viajado?

Issa


kitsutsuki no hashira o tataku sumai kana

Ah, esta casa —
Pica-paus vêm bicar
Sua madeira.

Bashô


tombô ya toritsuki kaneshi kusa no ue

A libélula,
Sem conseguir se agarrar
A uma folha de capim.

Bashô


yuku mizu ni ono ga kage ou tombo kana

Sobre o curso d'água,
Perseguindo sua sombra,
Desliza a libélula.

Chiyo-jo

waga kage no kabe ni shimu yo ya kirigirisu

De noite minha sombra
Embebe-se na parede —
O grilo cricrila

Ryôta

io no yo ya tana sagashi suru kirigirisu

Noite na cabana —
Um grilo na prateleira
Procura por algo.

Issa

muzan ya na kabuto no shita no kirigirisu

Que tocante!
Debaixo da armadura
Sai um grilo.

Bashô

tombô ya mura natsukashiki kabe no iro

Libélulas!
Dá saudades da terra natal
A cor deste muro.

Buson

michinobe no mukuge wa uma ni kuwarekeri

A flor
Da beira da estrada
Foi comida pelo cavalo.

Bashô

kaki kueba kane ga naru nari hôryûji

Ao comer caqui
Ouve-se um sino tocar —
Templo Hôryûji.

Shiki
banshô ya tera no jukushi no otsuru oto

Sinos do anoitecer —
O barulho de um caqui maduro
Caindo no templo.

Shiki

yama kurete momiji no ake o ubaikeri

O morro escurece
E das folhas do bordo
O escarlate rouba...

Buson
yanagi chiri nakuzu nagaruru ogawa kana

O salgueiro se desfolha.
Restos de verduras
Descendo o regato.

Shiki

asagao no chi o haiwataru akiya kana

As campânulas
Se espalham pelo terreno —
Casa abandonada.

Shiki

Fuyu
Inverno

hatsu-fuyu ya futatsu-go ni hashi torasekeru

Início de inverno —
Minha filha de dois anos
Ensino a usar "hashi"

Gyôdai

toshi kurenu kasa kite waraji hakinagara

O ano chega ao fim —
Capa de chuva nas costas
E sandálias nos pés.

Bashô

sore-zore no hoshi arawaruru samusa kana

Estrelas, surgindo
Aqui e acolá —
Ah, o frio!

Taigi

hito-goe no yahan o suguru samusa kana

No meio da noite,
A voz das pessoas que passam —
Que frio!

Yaha

kumo korosu ato no sabishiki yosamu kana

A solidão
Após matar uma aranha —
Noite fria.

Shiki

atataka ni fuyu no hinata no samusa kana



Aconchegantes,
Os raios do sol de inverno —
Mas que frio!

Onitsura


sara o fumu nezumi no oto no samusa kana



O som de um rato
Andando sobre o prato —
Que frio!

Buson


mikazuki wa soru zo samusa wa saekaeru

A lua crescente
Está arqueada —
Que frio cortante!

Issa

fuyuzare no komura o yukeba inu hoyuru



Desolação de inverno —
Ao passar pela pequena aldeia,
Um cão late.

Shiki


inu o utsu ishi no sate nashi fuyu no tsuki

Nem mesmo uma pedra
Para atirar no cachorro —
Lua de inverno.

Taigi


kangetsu ya mon naki tera no ten takashi

A lua fria —
Sobre o templo sem portão,
O céu tão alto.

Buson


tsure mo naku no ni suterareshi fuyu no tsuki

Sem ter companhia,
E abandonada no campo,
A lua de inverno.

Roseki

yuki yori mo samushi shiraga ni fuyu no tsuki

Mais fria que a neve,
Sobre os meus cabelos brancos,
A lua de inverno.

Jôsô


kogarashi ya hôbare itamu hito no kao

Tormenta hibernal —
O rosto do passante,
Inchado e dolorido.

Bashô


ike no hoshi mata haraharato shigure kana

As estrelas no lago
Aparecem e desaparecem —
Chuva de inverno.

Sora


tabibito to waga na yobaren hatsu shigure

"Viajante",
Poderia ser meu nome —
Primeira chuva de inverno.

Bashô

hatsu-shigure saru mo komino o hoshige nari

Primeira chuva de inverno —
O macaco também quer
Uma capinha de palha.

Bashô


kasa mo naki ware o shigururu ka nanto nanto

Sem guarda-chuva
E sob a chuva de inverno —
Bem, bem!

Bashô


shigururu ya nezumi no wataru koto no ue

Chuva de inverno —
Passando sobre o "koto"
O ruído de um rato.

Buson


hatsu-yuki ya ichi no takara no furu-shibin

Primeira neve —
Este velho penico
É meu maior tesouro.

Issa

uma o sae nagamuru yuki no ashita kana

Manhã de neve.
Até mesmo os cavalos
Ficamos olhando.

Bashô


kimi hi o take yoki mono misen yuki maroge

Acenda o fogo.
Que lhe mostro algo legal —
Uma grande bola de neve.

Bashô


no ni yama ni ugoku mono nashi yuki no asa

Nada se move
No campo ou nas montanhas —
Manhã de neve.

Chiyo-jo


tada oreba oru tote yuki no furi ni keri

Apenas estando aqui,
Estou aqui.
E a neve cai.

Issa


massugu na shôben ana ya kado no yuki

Após urinar,
Um buraco perfeito
Na neve do portão!

Issa

karakasa no hitotsu sugikuku yuki no kure

Na tarde de neve
Passa desaparecendo
Um só guarda-chuva.

Yaha

yado kase to katana nagedasu fubuki kana

"Pouso para a noite!"
E joga sua espada ao chão —
Tormenta de neve

Buson


uma shikaru koe mo kareno no arashi kana

Sobre o campo seco,
A voz que grita ao cavalo
Em meio à tormenta.

Kyokusui

tabi ni yande yume wa kareno o kakemeguru

Doente de viagem,
meus sonhos vagueiam
pelo campo seco.

Bashô

kure madaki hoshi no kagayaku kareno kana

Anoitece mais cedo —
As estrelas brilham
Sobre o campo seco.

Buson


tori ichiwa michizure ni shite kareno kana

Apenas um pássaro
Companheiro do caminho
Pelo campo seco.

Senna


sato no ko no inu hiite yuku kareno kana

Levando o cachorro
O menino da vila
Pelo campo seco.

Shiki


tabibito no mikan kui yuku kareno kana

O viajante
Chupa uma laranja
Pelo campo seco.

Shiki

kôri nigaku enso ga nodo o uruoseri

o gelo é amargo
Para o rato que no esgoto
Aplaca a sua sede.

Bashô

nobotoke no hana no saki kara tsurara kana

O Buda da roça —
Da ponta do nariz
Um filete de gelo.

Issa

fuyugomori kokoro no oku no yoshino yama

Reclusão de inverno —
As montanhas de Yoshino
No fundo do coração.

Buson

oya mo kô mirareshi yama ya fuyugomori

Meu pai também
Viu estas montanhas —
Reclusão de inverno.

Issa

tomoshibi mo ugokade marushi fuyugomori

A chama da vela
Imóvel, arredondada —
Reclusão de inverno.

Yaha

nora-neko no fun shite iru ya fuyu no niwa

Jardim no inverno —
Um gato sem dono,
Defecando.

Shiki


zubunure no daimyô o miru kotatsu kana

Eu e meu aquecedor —
Lá fora o Senhor do Feudo
Passando ensopado.

Issa


onakama ni neko mo za-toru ya toshi-wasure

O gato também
Vem aqui sentar conosco —
Festa de fim de ano.

Issa


umi kurete kamo no koe honoka ni shiroshi

Anoitece no mar —
Os gritos dos patos selvagens,
Vagamente brancos.

Bashô

kiete mo sen ariake tsuki no hama chidori

Logo se esvaecem
Como a lua na alvorada —
Maçaricos da praia.

Chora


kadobata ya neko o jarashite tobu konoha

As folhas caindo
Na roça em frente ao portão
Divertem o gato.

Issa
shizukasa ya ochiba o ariku tori no oto

Quietude —
O barulho do pássaro
Pisando folhas secas.

Ryûshi

hakikeru ga tsui ni wa hakazu ochiba kana

Varrer o chão
E então parar de varrê-lo —
Estas folhas secas.

Taigi

taku hodo wa kaze ga motekuru ochiba kana

Dá para uma fogueira —
O tanto de folhas secas
Trazidas pelo vento.

Ryôkan

hyaku nen no keshiki o niwa no ochiba kana

Cem anos de idade —
A paisagem das folhas
Caídas no jardim.

Bashô


furudera no fuji asamashiki ochiba kana

Tão miseráveis,
As glicínias sem folhas
Do velho templo.

Buson


nishi fukaba higashi ni tamaru ochiba kana

Soprando o vento do oeste,
Ajuntam-se a leste
As folhas caídas.

Buson


hito chirari ko no ha mo chirari horari kana

Algumas pessoas.
Folhas caem também
Aqui e ali.

Issa

daiko-biki daikon de michi o oshiekeri

O plantador de nabos,
Apontando com um nabo,
Ensina o caminho.

Issa


negi shiroku araitatetaru samusa kana

As cebolinhas
Lavadas e tão brancas —
Que frio!

Bashô
Tags