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15.22, 45, 47; e 2. 5-11). R.V.G. Tasker Professor Emérito de Exegese do Novo Testamento
na Universidade de Londres em sua obra Mateus - Introdução e Comentário defende a idéia
de que Cristo apartou para si o título em foco porque o termo expressava melhor do que
qualquer outro vocábulo os dois lados da sua natureza. Por um lado, chamava a atenção
para as limitações e sofrimentos a que ele estava por necessidade sujeito durante a sua
existência terrena; como homem real (sendo que o hebraico, “filho do homem: , equivale a
“homem”) esteve abaixo dos anjos, conforme Hb 2.6,7. Por outro lado. Também sugeria a
sua transcendência, que se veria em toda a sua glória quando os homens vissem o Filho do
homem vindo para juízo nas nuvens do céu e reivindicando os seus direitos de propriedade
sobre todos os reinos de acordo com o vaticínio do profeta Daniel (Dn 7.13,14).
3. JESUS DE NAZARÉ PÔDE SER CRISTIFICADO PORQUE TAMBÉM É O FILHO
DE DEUS
Para os teólogos católicos Juan Mateos e Juan Barreto, na obra Vocabulário Teológico
do Evangelho de São João, a terminologia “Filho do homem” indica a condição humana
realizada nele com excelência, plenitude e unicidade que o constitui em modelo de homem,
o vértice da humanidade. Em outro momento da obra, apesar de os autores recomendarem
cautela ao interpretar essa expressão. Admitem que “Homem” acompanhado do artigo
definido “o” no Evangelho segundo escreveu João, ou seja, “O homem” (o Filho do homem)
aparece no texto joanino doze vezes: 1.51; 3.13,14; 6.27,53,62; 8.28; 9.35; 12.12,34; 13.31.
A passagem mais
destacável é Jo 6.27: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que
permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; pois neste, Deus, o Pai,
imprimiu o seu selo” (grifo nosso). Aqui o Filho do homem, distingui-se dos outros homens
por estar marcado com o selo de Deus. Este selo é O Espírito, que recebeu em plenitude,
conforme Jo 1.32,33.
Ora, a visão de João Batista que descreve a descida do Espírito Santo é a explicação
em forma de narrativa da afirmação teológica de Jo 1.14: “E o Verbo se fez carne, e habitou
entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do
Pai”. A glória identifica-se com o Espírito e sua comunicação se realiza e caracteriza o projeto
de Deus feito homem (vemos que em Jo 1.1c “um” Deus era o projeto. O filho do Homem
significa pois nos lábios de Jesus, sua própria humanidade que possui a plenitude do espírito,
o projeto divino sobre o homem realizado nele, o modelo de homem, o ‘vértice humano. É a
realidade de Jesus vista desde baixo, desde sua raiz humanam, que se ergue até à absoluta
realização pela comunicação do Espírito. O seu correlativo é o título “o Filho de Deus”, que
significa a mesma realidade vista de cima, desde de Deus, designado o que é totalmente
semelhante a ele e possui a condição divina.
Nessa linha de análise, a expressão “o Filho de Deus” designa Jesus como o que
possui a plenitude do Espírito de Deus, denotando a relação particular e exclusiva que Jesus
tem com o Pai. a expressão encontra-se pela primeira vez nos lábios de João Batista,
expressando o efeito da descida do Espírito sobre Jesus, conforme Jo 1.32-34. A esta
consagração com o Espírito o próprio Jesus associa a sua qualidade de Filho de Deus,
consoante Jo 10.36. A condição de Filho de Deus,