O Medo
A fobia é um medo irracional. O condicionamento clássico fornece explicações para alguns tipos de fobias.
John B. Watson, (o tal que acabou por se dedicar à publicidade e que deu o nome de behaviorismo à corrente
da Psicologia que se encarregou de estudar o condicionamento), e Rosalie Rayner demonstraram o papel do
condicionamento clássico em fobias de uma criança (Albert era o seu nome). Mostraram à criança um rato
branco de laboratório (uma cobaia, portanto), para verificar se ela tinha medo do animal. O Albert não tinha
medo de cobaias. Na altura em que o Albert estava a brincar com o rato, foi produzido um ruído de estrondo
muito forte por trás da sua cabeça. Não foi surpresa para ninguém, nem é para nós, o facto de a criança
começar imediatamente a chorar, assustada com o estrondo que ouviu sem saber de onde vinha. Após sete
(só sete) associações do ruído assustador com o rato branco, o Albert começou a ter medo do rato, mesmo no
mais absoluto silêncio. O medo do Albert generalizou-se ainda a um coelho, a um cão e até (quem diria?) a
um casaco de peles de foca.
Nos dias de hoje, o estudo de Watson e Rayner seria contrário às normas éticas da investigação em
Psicologia. Sobretudo porque não se preocuparam em reverter o efeito que criaram no pobre Albert, que
abandonou as sessões experimentais com um medo irracional de ratos, e de outros animais e até coisas,
perfeitamente construído pelos experimentadores.
Mesmo assim, e por isso mesmo, Watson concluiu, e bem, que muitos dos nossos medos têm origem em
processos de condicionamento clássico. Com efeito, podemos desenvolver medo dos dentistas em resultado
de experiências (não são precisas muitas) dolorosas, medo de conduzir automóvel depois de um acidente de
viação, medo de cães depois de ter sido mordido por um.
A boa notícia é que os medos que têm origem no condicionamento clássico (nem todos têm essa origem)
também podem, em grande número de casos, ser eliminados com procedimentos de condicionamento.
Contra-condicionar é um procedimento clássico de condicionamento que visa enfraquecer a resposta
condicionada (RC), associando o estímulo que provocou o medo a uma nova resposta que é incompatível
com o medo. Embora Watson se tenha esquecido de eliminar os medos que construiu no Albert, uma
colaboradora de Watson, Mary Cover Jones, eliminou medos de uma criança de 3 anos, chamado Peter.
Peter tinha alguns dos medos com que ficou o Albert; No entanto, os medos de Peter não foram produzidos
pelas experiências de Mary Jones. Mesmo assim, Peter tinha medo de ratos, de coelhos, de casacos de peles,
sapos, peixes e brinquedos mecânicos. Para eliminar estes medos, Jones trouxe um coelho para a sala,
mantendo-o inicialmente a uma distância que não perturbasse a criança. Ao mesmo tempo que o coelho era
trazido para dentro da sala, Peter era convidado a comer “crackers” com leite (de que gostava muito). Em
cada um dos dias seguintes, o coelho era colocado cada vez mais perto da criança, enquanto esta se deliciava
com o seu alimento favorito. Após algumas sessões, Peter chegou ao ponto de ser capaz de comer as
“crakers” com uma mão e fazer festas ao coelho com a outra. O sentimento de prazer produzido por aquela
refeição de cereais, dada à criança, era incompatível com o medo produzido pela presença do coelho.
Emoções Agradáveis
O condicionamento clássico não se restringe a emoções desagradáveis como o medo. De entre as coisas que
podem produzir nas nossas vidas sensações agradáveis, na sequência de um condicionamento, podemos
mencionar um arco-íris, um dia de sol, uma canção especial. Se tivermos uma experiência positiva, o sítio
onde essa experiência aconteceu pode tornar-se um estímulo condicionado, como resultado da associação de
um lugar (EC) ao acontecimento positivo (EI). Os estímulos, muitas vezes associados à sexualidade como
uma música suave, roupa sensual, um restaurante romântico, transformam-se frequentemente em estímulos
condicionados que produzem atracção sexual.
PSICOLOGIA JB
Esc. Sec Dr. Manuel Gomes de Almeida 7