Cantídio Tolentino de Figueiredo Brêtas, chegou a Goiás. Entre todas as moças casadoiras
da cidade, mais bonitas e “talentosas” que Cora, ele se apaixonou por ela, sendo
prontamente retribuído. Tudo parecia perfeito entre eles e ela poderia finalmente entregar-
se ao matrimônio, contrariando todas as expectativas dos moradores do lugar. Seu sonho,
no entanto, não durou muito tempo, pois descobriu-se que Cantídio não só já era casado em
São Paulo, onde tinha três filhos, mas também havia se tornado pai de outra criança no
Norte do país, quando morou por lá, antes de mudar-se para Goiás. A mãe de Cora, então,
proibiu-a de vê-lo, destruindo, dessa forma, toda e qualquer esperança de casamento para
ela. Desafiando a autoridade de sua mãe, entretanto, Cora continuou a encontrar Cantídio
em segredo e, como resultado desses encontros, ela se viu grávida. Como os habitantes
conservadores da cidade, naquela época, não aceitariam sua gravidez e sua união com um
homem que já era casado, Cora e Cantídio decidiram fugir para o Estado de São Paulo.
Assim, viajando em lombo de cavalo e de trem, eles chegaram à cidade de São Paulo, de
onde partiram, alguns dias depois, para Jaboticabal.
Em Jaboticabal, Cora dedicou-se a instituições de caridade, que tinham como
principais objetivos a distribuição de leite para crianças carentes, proporcionar tratamento
médico para pessoas idosas e obter empregos para os mendigos da cidade. Ela também
comprou uma fazenda, onde iniciou uma plantação de rosas, as quais eram vendidas para
amigos e vizinhos. Após 15 anos vivendo juntos, Cora e Cantídio receberam a notícia da
morte da primeira esposa dele e eles puderam finalmente se casar. Essa união documentada,
todavia, não durou muito. Em 1934 Cantídio também veio a falecer. Esse acontecimento
levou Cora a mudar-se para a cidade de São Paulo, onde seus filhos poderiam continuar a
estudar. A fim de custear a educação deles, ela abriu uma pensão, que lhe rendia algum
dinheiro, mas, ao mesmo tempo, deixava-a exausta. Ela, então, fechou a pensão e tornou-se
vendedora de livros. Seu próximo empreendimento foi mudar-se para Penápolis, onde abriu
uma loja de tecidos. Mudou-se mais uma vez, algum tempo depois, para Andradina, onde
comprou uma fazenda e começou a cultivar milho e algodão. Nessa última localidade, Cora
teve uma grande surpresa. Um deputado do Rio de Janeiro pediu-a em casamento, mas ela,
apesar de muito lisonjeada, não pretendia casar-se novamente e recusou a proposta.
Em 1956, Cora Coralina retornou a Goiás e começou a fazer e vender doces na Casa
Velha da Ponte. Nessa época, ela passou a considerar seriamente a idéia de publicar seus