encontram-se, assim, em Daath, a Esfera de Conhecimento, pois Conhecimento somente é
possível onde a dualidade (dois, duo, II, 11) prevalece.
Daath é uma Porta. Nós sabemos que a letra DALETH, o número 4, significa
“Porta” e está atribuída a Vênus, a Deusa do Amor Sexual, como a Porta de toda vida
manifestada; e a Porta Venusiana está simbolizada por uma VESICA (KTEIS).
Para alcançarmos Kether, a Suprema Coroa, urge ultrapassarmos o Dualismo, isto é,
Conhecimento, e isto torna-se difícil enquanto possuímos um ego. Esta passagem, este
transcender, conhecido como A ATRAVESSIA DO ABISMO, quer dizer ultrapassar a
dualidade, o ego. Lá, do outro lado, se é que podemos usar tal expressão, não existem os
pares de opostos, tais como preto e branco, alto e baixo, luz e trevas, frio e quente, etc. Lá
é a morada de NEMO (Nenhum Homem). Lá, TUDO É UMA SÓ E ÚNICA COISA, O
UM INDIFERENCIADO.
No transe da passagem do Abismo, situa-se o maior e mais terrível medo do ego
humano. Pois, para transcender o Abismo e atingir as Supernas, ele terá que ser destruído>
“Se não te tornares outra vez uma criança e voltares ao útero de tua mãe, não verás o Reino
dos Céus”. Isto pode, a grosso modo, ser colocado em termos da Segunda morte da teologia
romana.”
Apresenta-se também como um dos paradoxos do Caminho Iniciático; o ego, após
incríveis dificuldades para se aperfeiçoar, tem que ser destruído. Torna-se, portanto,
compreensível que aquela parte do homem em mudança tema deseperadamente e se rebele
contra o fato, e procure algo que explique o paradoxo em termos racionais. Não podendo
encontrar explicações, atribui logicamente que sua penas sejam provocadas por alguma
força maligna, destrutiva e oposta à divindade. Porém, o Universo não pode ser explicado
em termos da razão, ou do intelecto, pois, tanto a razão quanto o intelecto, trabalham sob o
poder da dualidade, que é uma mentira no Drama Universal. “A loucura de Deus é mais
sábia que a sabedoria dos homens”.
Usando um pouco de poesia, poderíamos afirmar que a beleza de uma árvore, a
harmonia nela existente, está na manifestação total de seu conjunto, isto é, seus ramos,
flores, frutos, tronco e suas RAÍZES, muito embora sejam estas últimas invisíveis ao olhar
do observador superficial e desatento. Entretanto, sem a raízes, a árvore não se manteria
completa e de pé. As raízes estão profundamente mergulhadas na terra negra, no seio da
Mãe, do mesmo modo que todo edifício possui seus alicerces fortemente estabelecidos sob
o solo; e quanto mais profundo for este alicerce, esta base, mais alta e mais firme estará a
estrutura edificada. Pensem nisto...
É patético que qualquer referência ao aspecto avesso ou negativo da Árvore da Vida
tenha sido identificado com o “reino do Diabo”. Somente broncos ou maliciosos possuem
essa religiosidade tão primitiva.
Sob o ponto de vista iniciático, que é o único que nos interessa no momento, o
homem não se encontra em Malkuth, mas sim nos Qliphoth. Sob esse mesmo ponto de
vista, não haverá total e completa Consecução Espiritual sem o direto contato e domínio