CNBB documento 107 - Aplicação prática

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About This Presentation

Um guia prático para aplicação das propostas do documento 107 - CNBB, na realidade eclesial.


Slide Content

CNBB DOCUMENTO 107
Aplicação prática na Ação Pastoral Paroquial


Breve apresentação do projeto

2

INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ
1
(IVC)

O objetivo principal do projeto INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ é:
Desenvolver um processo que leve a uma maior conversão a
Jesus Cristo, forme discípulos missionários que testemunhem sua fé
na sociedade. O projeto contemplará a centralidade da Palavra de
Deus e a inspiração catecumenal, em uma Igreja em saída.

O projeto Iniciação à Vida Cristã (IVC) é uma urgência porque:
Ele renova a vida comunitária e desperta seu caráter
missionário. Isso requer novas atitudes evangelizadoras e pastorais. É
a Igreja sempre em movimento, em construção e em renovação.

PERGUNTA: Por que a Igreja deve renovar a ação pastoral?
RESPOSTA: O projeto da Iniciação à Vida Cristã, também chamado
projeto catecumenal, é uma retomada do estilo catequético das
primeiras comunidades cristãs. É uma retomada, porque este estilo se
perdeu no decorrer dos tempos. Por que se perdeu? Antes de dar esta
resposta, vamos relembrar o estilo da catequese das primeiras
comunidades cristãs.
O processo catecumenal das primeiras comunidades
cristãs está em At 2,36-42. Destacamos alguns destes versículos
para explicar o modelo catecumenal:
 ANÚNCIO DO QUERIGMA E PRÉ-CATECUMENATO :
“Saiba, pois, com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus,
a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo (v. 36).
E, ouvindo eles isto (...) perguntaram: Que faremos, irmãos?”
(v. 37). “E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós
seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos
pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo” (v. 38)
 CATECUMENATO: “E perseveravam na doutrina dos
apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações (v.

1
Uma prévia orientação: Utilizaremos no decorrer do texto a sigla IVC, que é a
representação da Iniciação à Vida Cristã. Também usaremos para nos referir ao IVC
a expressão “processo catecumenal”, que tem o mesmo significado da Iniciação à
Vida Cristã.

3

42). E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em
comum (v. 44).
 PURIFICAÇÃO/ILUMINAÇÃO: E com muitas outras
palavras isto testificava, e os exortava, dizendo: Salvai-vos
desta geração perversa (v. 40). De sorte que foram batizados
os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia
agregaram-se quase três mil pessoas (v. 41).
 MISTAGOGIA – “E, perseverando unânimes todos os dias
no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com
alegria e singeleza de coração. Louvando a Deus, e caindo na
graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à
igreja aqueles que se haviam de salvar”.

Era assim, em quatro tempos, que a Igreja primitiva agia:
 anunciava o Kerigma, propunha o início da caminhada (pré-
catecumenato),
 praticava a catequese (catecumenato), tendo profunda unidade
entre a Liturgia, a Ação Pastoral e o exercício do conhecimento
da Doutrina dos Apóstolos.
 Eram batizados e participavam da Ceia (Purificação e
Iluminação)
 E perseveravam no louvor a Deus e na prática da vida
comunitária e do anúncio do querigma (mistagogia).

Por que o Catecumenato ficou tanto tempo esquecido?
Depois do período de perseguição, a partir do século V a Igreja
foi oficializada pelo Império Romano. Todo mundo era como que
obrigado a fazer parte dela. Por isso o 1º anúncio (Kerigma) para a
conversão ficou esquecido ou desnecessário. O Catecumenato tornou-
se uma atividade da sociedade, que se baseava quase toda nos valores
cristãos. Os princípios básicos da fé eram ensinados pela família. As
grandes celebrações da Igreja para a instituição dos reis ou
imperadores, as festas dos padroeiros nos povoados e vilas mantinham
a tradição cristã uniforme em toda a sociedade. Mas isso mudou a
partir do século XVI com a Reforma Protestante. A partir de então
surgem novos grupos de cristãos com outras propostas e rejeições à
prática da fé católica.

4

O Concílio de Trento, (realizado no século XVI com a missão
dar uma resposta à Reforma Protestante) produziu o catecismo de
Trento ou Catecismo Romano, que continha a formação doutrinal ou
essencial da fé cristã. E demorou um bocado para existir alguma
reação mais forte. Somente no começo do século XX é que foi
facultada (não era obrigatória) a preparação de crianças à 1ª
Comunhão Eucarística e ao sacramento da Penitência.
No Brasil, até a proclamação da República, o imperador era na
verdade quem dirigia a Igreja, indicando até mesmo Bispos,
colocando ou tirando padres. Por conta disso, por aqui, não chegaram
as reflexões do Concílio de Trento. É certo que houve uma proteção à
prática religiosa católica pelo fato de os protestantes serem impedidos
de pregar sua doutrina nas terras brasileiras. Naquela época quase não
havia processo de catequização. Os padres celebravam os sacramentos
e pronto. O povo católico é que produzia uma espécie de catequese,
mas baseada exclusivamente na religiosidade popular. E assim foi até
o início do século XX quando, após a proclamação da República no
Brasil, foi publicado o Catecismo da Doutrina Cristã, que alimentou a
catequese até o Concílio Vaticano II.
Foi o Concílio Vaticano II (1965) que incentivou o projeto da
Iniciação à Vida Cristã. Enquanto no passado, através do Catecismo
de Trento e, posteriormente, o Catecismo publicado no Brasil se
pensava apenas em fazer os catequizandos decorarem as respostas da
fé, o Concílio Vaticano II propôs o processo catecumenal como o
caminho para a pessoa aprender a viver a fé.
Infelizmente, a prática catequética, mesmo após o Vaticano II,
em muitas paróquias, continuou quase no estilo tridentino (decorar
respostas). A prática era sacramentalista (veja no dicionário o
significado desta palavra). Pensava-se sempre em conseguir ter um
número de celebrações sacramentais significativo, transmitir muitos
conteúdos, mas tudo isso não colaborava para que a fé fosse
transformada em vida ou que as pessoas que recebiam o sacramento
tivessem o verdadeiro encontro com o Senhor Jesus.
As coisas demoram, mas acontecem na Igreja. Faça as contas
comigo: 2017 menos 1965 é igual a quanto? 52. Isso mesmo! Após 52
anos a Igreja como um todo decide assumir o Catecumenato como o

5

processo da Iniciação à Vida Cristã. Então, para que este projeto possa
ir à frente, é preciso mudar a postura evangelizadora que ficou
praticamente viciada em decorar resposta na catequese, praticar
devoções populares, em celebrar muitos sacramentos, receber
sacramentos e não os viver.

POR ONDE PODEMOS COMEÇAR A MUDANÇA?
Para começar esta mudança é preciso parar de pensar que a equipe
da catequese é a única responsável pelo processo do catecumenato.
É dever de todas as pastorais.
 Anunciar o Kerigma
 Acompanhar os catequizandos e acolhê-los na comunidade da
fé, para que aprendam a Doutrina dos Apóstolos.
 Incentivá-los a participar e, principalmente, a viverem a
Liturgia, transformando a graça dos Sacramentos em vida.
 Promover a integração dos catecúmenos com a prática da
Caridade vivida no exercício das Pastorais.

Por isso os Bispos afirmam que sem uma reforma nas
estruturas da evangelização da paróquia não será possível implantar o
projeto catecumenal. E aqui vai uma orientação prática para a leitura.
Quando aparecem os termos “processo catecumenal”, “catecumenato”
ou “Iniciação à Vida Cristã” o significado é o mesmo. Todas estas
expressões indicam não a catequese como foi e é ainda hoje praticada.
Atualmente os grupos catequéticos agem separados um do outro.
“Processo catecumenal”, “catecumenato” ou “Iniciação à Vida
Cristã” (ICV) tem o sentido de uma Igreja que se faz Mãe que
acompanha os seus filhos por toda a vida. É uma catequese integrada,
que não tem por objetivo entregar este ou aquele sacramento, mas sim
em viver a graça dos sacramentos por toda a vida. “Processo
catecumenal”, “catecumenato” ou “Iniciação à Vida Cristã” são
expressões que também podem se traduzir assim: Igreja em atitude de
formação permanente, pois, por mais que nos aprofundemos nos
estudos e reflexões da Graça Divina, sempre haverá mais e mais para
aprender.

6

Tornar nossa Área e comunidades
Uma Casa da “INICIAÇÃO À VIDA CRISTÔ

Organizei esta cartilha com a preocupação de simplificar as
orientações, sem perder a profundidade reflexiva do Documento 107
da CNBB. Não há como montar alguma coisa, até mesmo começar a
usar um aparelho que a gente não conhece bem, sem que se dê uma
olhadinha nas instruções.
Esta cartilha tem a intenção de fazer com que as Reflexões da
Iniciação à Vida Cristã cheguem a todos os comunitários e agentes
envolvidos na obra da evangelização para que, devidamente
instruídos, possam montar o processo catecumenal na nossa realidade
pastoral e eclesial.
Para montar alguma coisa é preciso saber o nome das peças e,
principalmente, para que servem e em quais lugares deverão ser
colocadas. Daí a preocupação de esclarecer as palavras que indicam
as partes do projeto da Iniciação à Vida Cristã. Nesta cartilha, nas
últimas páginas (Anexo 1), há um dicionário das palavras que indica
o que significam e onde colocar ou o que fazer com elas para implantar
o IVC (importante: IVC é a sigla que usaremos também para falar
da Iniciação à Vida Cristã).
O ideal é que se leia os termos deste dicionário específico e
volte a consultá-lo no decorrer da leitura da cartilha, quando os
mesmos aparecerem.
No Cap. 1 temos uma rápida visão do projeto IVC. Tendo a
visão do todo, será mais fácil a compreensão das orientações mais
específicas de cada parte do projeto.
O Cap. 2 trata sobre o Ritual de Iniciação Cristã de Adultos
(RICA), indicado pela Igreja para o enfrentamento dos desafios à
evangelização no século XXI. Sob a inspiração do RICA é possível
propor um itinerário que avance por etapas e tempos sucessivos,
garantindo que o catecúmeno cresça no conhecimento da pessoa de
Jesus e assim amadureça a sua fé, alicerçada numa espiritualidade
madura.

7

No Cap. 3 serão apresentados os quatro tempos do RICA,
baseado em At 2,42-44, com orientações específicas para cada ação
catequética da Dimensão da Iniciação à Vida Cristã
2
.

FRUTOS ESPERADOS DA IMPLANTAÇÃO DO PROCESSO
CATECUMENAL
Todas as pastorais da nossa Paróquia, sejam elas compostas
por crianças, adolescentes, jovens, adultos ou idosos, tem uma missão
importante: ajudar os catecúmenos com seu exemplo a obedecerem
com maior generosidade aos apelos do Espírito Santo. É o Espírito
Santo que age em todos os discípulos missionários dando-lhes olhos
para ver e ouvidos para ouvir as necessidades das pessoas que
encontram em suas ações.
É esta força do Espírito Santo que ilumina o testemunho
solidário dos cristãos comprometidos com as pastorais. Por sua vez,
este testemunho reluz aos olhos das pessoas que enxergam os cristãos.
É isso que faz da Igreja uma comunhão com o Espírito Santo (2Cor
13,13), já que todos confessam Jesus Cristo como Senhor na força do
mesmo Espírito (1Cor 12,3). Todos são ungidos pelo Espírito Santo
(1Jo 2,20), que lhes proporciona autêntico sentido da fé. Não importa
de qual pastoral o cristão faça parte: todos são agraciados com
carismas diversos, em vista da edificação comum, principalmente na
propagação da fé transmitida pela vida Kerigmática e Mistagógica
(1Cor 14,26).
Assim, a ação do Espírito Santo, por meio do processo
catecumenal, faz a Igreja se tornar Mãe, geradora de filhos e filhas que
aprenderão dela a serem também profetas, servidoras e testemunhas.
Essa Mãe Igreja encontra em Maria, mãe do evangelho Vivo, o
exemplo para agir com ternura e solicitude, sempre lembrando que
todos os seguidores devem fazer tudo o que Jesus ordenou.

2
Atenção: A Dimensão da Catequese Ampliada passa a chamar-se DIMENSÃO DA
INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ. Não é simples troca de nome. É uma mudança de
postura, que rompe o isolamento entre equipes catequéticas. É preciso que a Área
ou Paróquia – todas as pastorais – atue com consciência no projeto da Iniciação à
Vida Cristã.

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E assim o projeto IVC, tendo o exemplo de Maria como luz,
ensina que os sacramentos do Batismo e da Crisma é que nos dão
condições de nos aproximarmos da Mesa Eucarística. É o Espírito
quem nos traz e, ao mesmo tempo, revela a presença misteriosa de
Cristo na Eucaristia.
Este esclarecimento deve apagar a ideia errada de que é
preciso ser preparado para a 1ª Eucaristia para ser crismado. Ao
contrário, o sacramento da Eucaristia deve ser o ápice, o centro da vida
daqueles que renasceram pelo Batismo e também ungidos para que,
na ação do Espírito Santo, reconheçam no pão e no vinho o Corpo e o
Sangue de Jesus Cristo.
Em uma Igreja kerigmática, mistagógica e materna, somos
inspirados pelo estilo mariano evangelizador. Maria é modelo de
Igreja para a evangelização, para que ela se torne uma casa para
muitos, uma mãe para todos os povos, geradora de um mundo novo e
de pessoas novas, que se libertam das trevas do individualismo para a
luz da fraterna convivência e se colocam à serviço, seguindo o mesmo
exemplo que Jesus Cristo, Mestre e Senhor, nos deu ao lavar os pés
dos discípulos (Jo 13,14-15).
Seguindo a espiritualidade da Santa Ceia, as Dimensões
Evangelizadoras com suas ações pastorais respectivas, devem gerar
comunhão no espírito do serviço, que acontece no diálogo dos
assessores com os grupos das dimensões que animam. Depois, esta
postura dialógica encontra sua maior eficácia nos Conselhos da
Pastoral Comunitária (CPC) e da Pastoral da Área Missionária
(CPAM).
É esta unidade, alimentada pelo diálogo, que garante o
reconhecimento da vocação da missão de todos os batizados em torno
do maior sinal da comunhão e que é o sentido da nossa vida cristã: a
Santa Eucaristia. É o espírito catecumenal que ajudará a sermos mais
próximos da imagem da Igreja que Cristo institui: “Nisto
reconhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos
outros” (Jo 13,35). Certamente vivendo assim, muitas pessoas serão
atraídas ao nosso convívio.

UM DESAFIO PARA AS PASTORAIS

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Quando uma pastoral atrai alguém não suficientemente
catequizado, é conveniente que membros deste grupo catequizem esta
pessoa, uma vez que já firmaram algum tipo de afinidade com ela.
Para que isso seja possível, há orientações para a catequese de adultos.
Temos atualmente quatro catequistas para os catecúmenos adultos.
Contudo, as pastorais da Paróquia podem e devem catequizar as
pessoas que não fizeram o caminho do catecumenato ou não
completaram. Obviamente que a Coordenação da Catequese de
Adultos pode também colocar-se à serviço destas iniciativas.
Lembrando sempre que: A eficácia do projeto de
evangelização da Iniciação à Vida Cristã dependerá da sintonia entre
a Liturgia e as diversas etapas e tempos do processo catecumenal,
conforme será apresentado no segundo capítulo.

CAPÍTULO 1

RÁPIDA EXPLICAÇÃO DO PROJETO INICIAÇÃO À VIDA
CRISTÃ
O Ritual da Iniciação Cristã de Adultos, com suas celebrações,
tornará solene todos os 04 tempos do processo catequético que serão
os mesmos na preparação para os sacramentos do Batismo, Crisma e
Eucaristia. Também fizemos uma adaptação destes 04 tempos para a
Pastoral dos Noivos que se preparam para o sacramento do
matrimônio. Estes 04 tempos são:
 Tempo do Pré-Catecumenato – Anúncio do Kerigma – tempo
que envolve os seguintes momentos:
 INSCRIÇÃO DOS FUTUROS CATECÚMENOS e/ou
CATEQUIZANDOS
3


3
Para a inscrição no processo catecumenal, atentar para as seguintes orientações:
 Aqueles que já foram batizados, com entrega dos documentos: Certidão de
Batismo; Certidão de Nascimento; comprovante de Residência, uma foto ¾.
 A Inscrição daqueles que foram batizados, mas não têm facilidade de conseguir
a certidão: necessário o testemunho de alguém que presenciou o batismo
(pode ser pai, mãe, padrinho, madrinha ou de quem esteve presente na
celebração batismal). Também devem entregar a Certidão de Nascimento;
comprovante de residência, uma foto ¾.

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(Um esclarecimento importante: Há pessoas que farão suas
inscrições por conta da tradição familiar. Outras virão porque,
atraídas pelo testemunho querigmático dos cristãos, decidiram fazer
parte da comunidade. É preciso distinguir os dois grupos. Para o
primeiro caso, não é possível iniciar o processo do catecumenato sem
que o Kerigma lhes seja anunciado para que não entrem para o
catecumenato por conta do desejo dos pais, mas sim por decisão
própria).

APÓS A INSCRIÇÃO
Não pairando dúvidas nas informações e documentos anexos à
Ficha de Inscrição, o futuro catecúmeno terá o seu primeiro encontro
com a equipe catequética que o acompanhará.
Havendo dúvidas nas informações ou documentos anexos à Ficha
de Inscrição, o futuro catecúmeno terá um encontro com o sacerdote.
Tendo menos de 18 anos, os pais, ou a mãe ou o pai ou quem dele
cuida, deverão estar presentes na entrevista com o sacerdote.

RITO DE ADMISSÃO DOS CATECÚMENOS : Este Rito terá
estes momentos:
– Os futuros catecúmenos de todas as comunidades terão um encontro
dinamizado por todos os catequistas da fase específica
4
.

 Os que não foram batizados, na inscrição, se menores de 14 anos, serão
inscritos no processo catecumenal da 1ª e 2ª Etapas da catequese Eucarística.
Os maiores de 14 anos serão inscritos no processo catecumenal da catequese
Crismal. Tanto os menores como os maiores de 14 anos receberão orientações
especiais quanto ao batismo. Também devem entregar a Certidão de
Nascimento; comprovante de Residência, uma foto ¾.
 As pessoas acima de 18 anos serão inscritas no processo catecumenal da
catequese para adultos. Se batizadas, deverão, conforme o caso, seguir as
orientações dos itens ‘a”, “b” ou “c”.

4
A Pré-Catequese, 1ª e 2ª Etapas para crianças terão um encontro só para eles. Da
mesma forma a Catequese Crismal terá o seu momento de encontro, assim como a
Catequese de Adultos. A separação é importante porque os futuros catecúmenos
irão partilhar os motivos pelos quais pedem o sacramento que almejam receber.
Será de bom proveito neste encontro que a Pastoral Familiar possa assessorar os
momentos específicos para a reflexão com os pais dos futuros catecúmenos.

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– Após este encontro, numa missa dominical celebraremos o Ritual
proposto pelo Rito da Iniciação Cristã de Adultos.
– Depois destes dois primeiros momentos, inicia-se o processo
catecumenal.
Tempo do CATECUMENATO – É o tempo mais longo. Durante
este tempo, os catecúmenos serão instruídos na Doutrina Católica em
todos os seus aspectos, de modo que neles a fé seja iluminada, o
coração orientado para Deus, fomentada a participação no mistério
Litúrgico, desenvolvido o seu espírito de apostolado e de toda a sua
vida alimentada segundo o Espírito de Cristo.

É importante deixar claro desde agora os seguintes pontos:
O projeto INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ não muda o conteúdo
que usamos na Pré-catequese, 1ª e 2ª Etapas Eucarísticas, Catequese
Batismal, Crismal ou Matrimonial.
Os crismandos, inscritos agora, continuarão a serem instruídos
com material existente. Esta mudança também aumentará o tempo da
catequese crismal, que irá da Quaresma de 2018 até a Páscoa de
2020. Portanto, a princípio, todos os materiais que temos
continuam valendo.

Tempo da PURIFICAÇÃO E ILUMINAÇÃO – Acontece
preferencialmente no período quaresmal, a fim de proporcionar
preparação próxima para os Sacramentos, por meio do
aprofundamento das práticas quaresmais junto à comunidade.

TEMPO: MISTAGOGIA – Acontece durante o tempo pascal (o, se
possível, por todo o semestre até a Festa de Cristo Rei), a fim de
aprofundar os mistérios pascais, revestir-se do Cristo e partir para uma
vida nova, marcada pelo assumir um papel concreto na ação pastoral
comunitária.

SÍNTESE DO PROCESSO CATECUMENAL
O projeto da Iniciação à Vida Cristã, em síntese, tem esta
finalidade: favorecer a formação de cristãos que se configurem aos
seguidores de Cristo narrado em At 2,42-44: “Eram perseverantes em
ouvir os ensinamentos dos apóstolos, na comunhão fraterna, no partir
do pão e nas orações. Em todos eles havia temor, por causa dos

12

numerosos prodígios e sinais que os apóstolos realizavam. Todos os
que abraçaram a fé eram unidos e colocavam em comum todas as
coisas”.
O relato bíblico revela-nos que o verdadeiro cristão é aquele
que, sobretudo, vive sua fé em comunidade e cresce graças à catequese
(“ensinamento dos apóstolos”). Desse modo, pode-se destacar um
aspecto essencial do processo de iniciação à vida cristã: a catequese é
realizada em conjunto pelos catequistas, pais, sacerdotes e toda
comunidade de fé.

CAPÍTULO II
Ritual da Iniciação Cristã de Adultos (RICA)
Método escolhido pela Igreja para o enfrentamento aos desafios
do século XXI

O QUE É E QUAL OBJETIVO DO RICA?
O RICA é uma proposta para solenizar o processo
catequético. É importante ter isso em mente; O RICA não é um
curso. O RICA não apresenta o conteúdo a ser ministrado nas
diversas fases da catequese. O RICA é uma proposta de
apresentação da fé e da vida cristã; uma maneira consciente e solene
de acolher aqueles que querem “por atração” viver a fé cristã e
aderir a Cristo e Sua Igreja.
Portanto, o RICA não é a solução dos problemas para cristãos
meio-católicos, católicos relaxados, cristãos não engajados e cristãos
afastados, mas tão somente uma proposta de dinamizar e espiritualizar
o acolhimento dos que querem ser cristãos e pedem da Igreja, a fé.
O RICA tem como objetivo apresentar o candidato e prepará-
lo, assim como os cristãos já comprometidos, para que se unam na
construção da fraterna convivência comunitária.
O RICA compreende tanto o tempo quanto as etapas e
celebrações para a recepção dos Sacramentos do Batismo,
Confirmação e Eucaristia. Entretanto, os sacramentos não podem ser
vistos como ponto de chegada, mas de partida para uma vivencia da
fé e da vida cristã. Na execução do RICA existe um itinerário ou
etapas, que são passos a serem executados de modo pedagógico e que
visam o conhecimento e a adesão do candidato à fé cristã e suas

13

consequências. O itinerário apresentado pelo RICA está organizado
do seguinte modo:


1º TEMPO DE CONVERSÃO (kerigma, pré-catecumentato);
Neste período o candidato pede para ser recepcionado e se
estabelece a instituição do catecumenato. É o que dizemos por aqui,
“curso de…” e se dá início ao primeiro anuncio, o kerigma nos
primeiros encontros. É neste momento que acontece a celebração de
acolhida e apresentação dos candidatos à comunidade. Nesta
celebração, os mesmos anotam os nomes no livro de registro do
compromisso e recebem a cruz, símbolo do seguimento a Jesus. O
tempo dessa etapa vai depender do andamento e contexto de cada
grupo ou comunidade. Esse período é também chamado de Pré-
Catecumenato.

2º TEMPO – PREPARAÇÃO – (Catecumentato)
Período em que o candidato recebe uma catequese sólida dos
conteúdos da fé cristã. É uma preparação intensiva e longa. Seus
conteúdos geralmente estão associados a noções de Bíblia, Liturgia,
Espiritualidade, o Credo e os Sacramentos. Pelo fim desde tempo,
acontece o rito da eleição, momento em que numa celebração o
candidato assume mais concretamente sua adesão à fé e a
comunidade. Aqui o mesmo recebe a Bíblia, Palavra de Deus. Esse
período é também chamado de Catecumenato, Catequese ou Eleição.

3º TEMPO – RECEPÇÃO DOS SACRAMENTOS – (Purificação e
Iluminação)
O candidato é admitido na fé da Igreja e passa a ser ele mesmo
a Igreja Viva junto com todos os outros membros da comunidade. Esta
é a última etapa proposta pelo itinerário do RICA. Após a celebração
dos sacramentos, é a comunidade que age naqueles que foram
sacramentados, inicia-se o período da Iluminação e Purificação, que
nada mais é senão os membros de todas as pastorais sentirem-se como
que mães e pais dos neófitos que os acompanha para que amadureçam
e se tornem também verdadeiros discípulos – missionários de Jesus
Cristo.

4º TEMPO – MISTAGOGIA: O que é MISTAGOGIA?

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É iniciar aqueles que, após a recepção dos sacramentos querem
fazer a caminhada de fé na comunidade cristã, seguindo os passos de
Jesus, nos Mistérios da Fé Cristã, cujo centro e ápice é o próprio
Cristo. O catecúmeno adquiriu experiência e aprofundamento durante
o período do catecumenato. Vivenciou o bom, o belo, o bonito da fé e
da vida cristã e do mistério de Cristo.
Agora é a vez dos cristãos que já possuem uma espiritualidade
amadurecida ajudarem o iniciante a dar passos seguros na caminhada
comunitária. Igreja mistagógica é aquela em que a pessoa iniciante
experimenta um engajamento concreto que a leva a dar passos como
também a estreitar laços de comunhão e relacionamento com Jesus. É
aquilo que costumamos dizer por aí, encontro pessoal com Cristo. E
isso muda a vida e sua maneira de sentir, viver e enxergar as coisas.
Para que possamos ser uma Comunidade Mistagógica, é
preciso aprofundar a espiritualidade dos membros das pastorais. Isso
só é possível através do verdadeiro encontro com o Senhor Jesus. O
projeto IVC trará este benefício para todos. Assumindo a condição de
discípulos, escutaremos atentamente nosso Senhor Jesus Cristo. A
partir desta escuta é que nos tornamos verdadeiros praticantes da
mistagogia e realizamos uma eficaz missão levando adiante o mandato
que nosso Salvador nos deixou: “Ide… fazei discípulos (…)
ensinando-os a guardar e praticar tudo o que vos ordenei” (Mt 28,
18-20).

O PROJETO DA INICIAÇÃO À VIDA CRISTA PROVOCA
PERGUNTAS QUE PRECISAM DE RESPOSTAS
1ª: A partir do rico processo do RICA como vivenciar isso em nossas
comunidades eclesiais?
Resposta: Esse é o desafio! Uma coisa que precisa ser feita de
imediato é tomar consciência do processo; em seguida, fazer todos os
membros, grupos, movimentos, pastorais e a assembleia litúrgica
conhecer, compreender e ajudar a construir o processo. Não há que se
ter muita pressa, mas há que se ter sempre empenho para que o projeto
da Iniciação à Vida Cristã se torne realidade na Paróquia. É uma
proposta ousada!

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2ª: Já sabemos que os conteúdos não mudam. Mas muda o modo de
apresentá-los nos encontros?
Resposta: O conteúdo fica a critério de cada realidade eclesial.
Quanto à metodologia catequética, hoje, temos dois métodos muito
em voga na atualidade e bem recomendado pelos nossos bispos: a
leitura orante da bíblica (lectio divina); e o método de iteração fé e
vida (ver, iluminar, agir, celebrar, avaliar) que já é o método usado
pela catequese e é algo tipicamente da tradição latino-americana.
Estes métodos podem ser adequados aos conteúdos que as
comunidades e áreas já tem.

3ª: Essa forma de proceder pode ser aplicada à Pré-Eucaristia?
Resposta: Sim! Cada um (Batismo, Eucaristia – em todas as suas
etapas- e, Crisma) está dentro do processo do RICA. Agora o método
e os conteúdos apresentados devem seguir sua metodologia própria
conforme cada idade, situação, realidade, contexto, conforme nos
orienta os nossos bispos.

VISÃO RÁPIDA E GERAL DE CADA TEMPO PROPOSTO
PELO RICA
1º TEMPO: PRÉ-CATECUMENATO (ANÚNCIO)
Algumas pessoas podem não ter o conceito exato do que é o Kerigma.
Antes de mais nada, então, vamos esclarecer isso. No centro do
processo formativo, celebrativo e missionário da Igreja está
essencialmente uma pessoa: “Jesus de Nazaré, Filho único do
Pai”. Por isso, de cada discípulo, na comunidade cristã, deve nascer
o testemunho de uma experiência capaz de contagiar a outros (1Jo
1,1).
Este testemunho necessita, tantas vezes, superar as barreiras,
como Jesus assim superou a barreira entre os judeus e a Samaritana
5
.
Também hoje é preciso ir às pessoas, dialogar e, a partir de suas
necessidades, apresentar-lhes o primeiro anúncio sobre Jesus Cristo,
que nada mais é que o Kerigma. Kerigma, pois, é o anúncio da
Salvação que Jesus nos traz e o testemunho de quem anuncia de como

5
No anexo 2 há uma bela reflexão teológica e catequética do encontro de Jesus
com a Samaritana. Não deixe de ler.

16

a fé em Jesus modificou a sua vida. O anúncio do querigma é
sintetizado por S. Paulo em 1Cor 15,1-10.
São Paulo fala essencialmente do real encontro dele e de outras
pessoas com Jesus Cristo. Para muitos, hoje, este encontro aconteceu
num retiro, numa celebração, numa experiência de dor ou alegria, que
tocou o seu coração e o fez tomar a decisão de ser um discípulo
missionário de Jesus. Quem, hoje, anuncia o Kerigma, fala também da
morte de Jesus por nossos pecados, do seu sepultamento e
ressurreição. Mas depois, testemunha o seu próprio encontro com o
Senhor Jesus.
O primeiro anúncio da fé cristã, pois, não é uma aula de
catequese ou sermão, mas sim uma partilha da experiência do
encontro com Jesus. É importante lembrar que o Kerigma não é uma
propaganda para dar visibilidade àquele que anuncia. Alguns têm
denominado de Kerigma, por exemplo, um anúncio que se limita a um
reavivamento religioso, busca por milagres, sem compromisso
profético e sem o seguimento. Mas o importante é formar discípulos
que pratiquem a fraternidade e amor ao próximo e queiram seguir
adiante no caminho de Jesus.
Além da forma testemunhal de anunciar o Kerigma, existem
outras que podem ser utilizadas:
 Expor o Kerigma usando um texto da Sagrada Escritura,
que é uma forma expositiva ou, também, na forma de
contemplação da natureza ou de uma obra de arte;
 Outra forma eficaz da exposição do Kerigma é provocar o
diálogo entre as pessoas que desejam iniciar-se na vida
cristã, deixando que cada uma delas exponha o motivo que
as fez querer os sacramentos;
 As celebrações da Eucaristia, Exéquias, Matrimônio,
Batismo, muitas vezes frequentada por pessoas afastadas
da fé, podem ser oportunidades de colocá-las próximas da
comunidade cristã;
 Sem dúvida que o contato com os pobres e sofredores pode
facilitar uma experiência da misericórdia de Jesus Cristo e
o engajamento pela transformação social.

17

Após esclarecermos o que é o Kerigma, vamos seguir explicando
como agir para acolher as pessoas que procuram os sacramentos
na fase do Pré-Catecumenato.

Para os que não têm batismo ou não receberam a 1ª
Eucaristia, nesse período é realizada a primeira evangelização,
iniciando com o anúncio do Querigma. Depois é apresentado o reino
de Deus e a Bíblia, para inspirar o desejo à conversão por meio da fé
e oração.
Para os que já foram batizados e receberam a 1ª Eucaristia
e que vão receber a Crisma, serão motivados a buscar o sacramento
da reconciliação, mesmo durante o processo catecumenal. É um dos
erros que precisamos superar: motivar o sacramento da reconciliação
somente próximo à celebração da Crisma.

ORIENTAÇÃO PARA A CELEBRAÇÃO DE
ACOLHIMENTO DOS INSCRITOS E QUE VÃO INICIAR O
PROCESSO CATECUMENAL

Na celebração da acolhida, que acontece numa Liturgia
dominical da comunidade, há dois momentos. O primeiro é
espontâneo e pode ser dinamizado criativamente. Os que serão
acolhidos são saudados com palavras informais, recebidos pelo
sacerdote e catequistas.
O segundo momento, sim, tem a orientação do RICA. Ao final
da saudação espontânea inicial, seguiremos a Admissão ao
Catecumenato, descrita no RICA para os não batizados, e adaptado
para os já batizados. Até agora falamos bastante do Kerigma. Pode ser
que algumas pessoas não estejam familiarizadas com o seu
significado. Por isso vamos esclarecer o que é o Kerigma.

2º TEMPO CATECUMENATO – terá TRÊS etapas

1ª ETAPA
Devemos lembrar que a celebração da acolhida também é, no
mesmo tempo, a abertura do CATECUMENATO. No rito da
admissão onde os candidatos, reunidos pela primeira vez em público,

18

manifestam à igreja a sua vontade de receber os sacramentos, são
acolhidos no processo catecumenal.
É a comunidade cristã que os recebe como membros. Nessa
etapa, o candidato é incentivado a aderir a Jesus Cristo, a Igreja e ao
desejo de viver uma nova vida. Os nomes dos catecúmenos são
anotados em livro próprio com indicação dos introdutores. A duração
deste processo do candidato para se formar, é variada. O termômetro
para saber a hora do candidato é o seu amadurecimento da conversão
e consequente prática da fé.
Como já foi dito anteriormente, o Projeto da Iniciação à Vida
Cristã não apresenta um conteúdo expositivo nos encontros, mas uma
metodologia para dinamizar e solenizar o processo catequético.
Contudo, os ritos não podem secundar o conteúdo catequético. Por
isso, há que se ter a preocupação de garantir os elementos próprios do
conteúdo da Iniciação Cristã, que são:
1. O Símbolo dos Apóstolos (Credo);
2. Narração da História da Salvação, vividos como
instrumentos do compromisso com Jesus;
3. Reflexões a partir do Catecismo da Igreja Católica sobre a
moral cristã, a partir do amor, das bem-aventuranças e dos
mandamentos da Lei de Deus e da Igreja.

2ª ETAPA = TEMPO DE PURIFICAÇÃO E ILUMINAÇÃO
Realizado na Quaresma. O processo catequético, nesta fase de
Iluminação, é como um grande retiro Quaresmal, cujos grandes
objetivos são a maturação das decisões e o exame de tudo aquilo que
se opõe à vida cristã, bem como a entrega dos grandes documentos da
fé. Começa com o Rito da Eleição ou inscrição dos nomes dos não
batizados que se celebra preferencialmente no 1º domingo da
quaresma, chegando ao ponto culminante na Vigília Pascal
6
.

3ª ETAPA – CELEBRAÇÃO DOS SACRAMENTOS DA
INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ

6
Nas celebrações com catecúmenos ou catequizandos adultos (já batizados),
prefira-se o esquema da Liturgia da Palavra do Ano “A”, que valoriza o caráter
batismal, especialmente no terceiro, quarto e quinto domingos da Quaresma.

19

Recebimento dos sacramentos da iniciação (Batismo, Crisma,
Eucaristia) na Vigília Pascal. Os eleitos recebem a remissão dos
pecados, e são incorporados ao povo de Deus. Assim, tornam-se seus
filhos adotivos e são introduzidos, pelo Espírito, na prometida
plenitude dos tempos. E participam desde já no Reino de Deus, pelo
sacrifício e banquete Eucarístico.




4º tempo – MISTAGOGIA
Esse último tempo é realizado no tempo Pascal. Nele a pessoa
experimenta a vivência do “mistério”. A comunidade, juntamente com
os neófitos, aprofunda e procura traduzir o mistério Pascal cada vez
mais na vida pela meditação do evangelho, pela participação na
Eucaristia e pelo exercício da caridade. Este tempo é também o de
prever uma continuidade na caminhada por inserção concreta em um
setor de pastoral para intensificar sua participação (é o período da
Mistagogia). Acima de tudo, deve-se garantir que o leigo assuma a sua
vocação. Todo o processo catecumenal pode se encerrar com uma
celebração no término do tempo Pascal, nas proximidades do domingo
de Pentecostes.

Celebrados os sacramentos do Batismo, da Crisma e da Eucaristia, a
comunidade, unida e orientando aos recém iniciados (mistagogia), vai
progredindo no conhecimento mais profundo do mistério pascal e em
sua vivência cada vez maior pela meditação do Evangelho,
participação da Eucaristia e prática da caridade.

CAPÍTULO 3 –
AÇÃO ESPECÍFICA DE CADA EQUIPE DA INICIAÇÃO À
VIDA CRISTÃ

A PASTORAL DO BATISMO ILUMINADA PELO
RITUAL DA INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ

DICAS
7
PARA A EQUIPE DO BATISMO DE CRIANÇAS

7
DICAS QUE VALEM PARA TODAS AS EQUIPES: Deve ser apresentado o itinerário da
Iniciação à Vida Cristã para os pais e demais familiares daqueles que serão batizados.

20

O Batismo das crianças e adolescentes é uma excelente
oportunidade para uma experiência catecumenal. Mais do que um
“curso para pais e padrinhos”, de efeitos muito limitados, é ocasião
para um acompanhamento personalizado da família. Já antes do
nascimento da criança, através de celebrações especificamente
preparadas para grávidas) é possível ajudar a família a acolher a nova
vida como dom de Deus.

MOMENTOS IMPORTANTES DO CATECUMENATO
BATISMAL
 VISITA ÀS FAMÍLIAS – Os catequistas do Batismo visitam a
família para acolher suas motivações e anunciar o amor de Deus,
revelado em Jesus Cristo (Kerigma). Esse acompanhamento vida
renovar a fé da família e integrá-la à comunidade.
 APRESENTAÇÃO DE QUEM SERÁ BATIZADO À
COMUNIDADE: Outro elemento importante é a apresentação da
criança, adolescente, jovem, adulto ou idoso à comunidade, antes
da celebração do sacramento. Trata-se de despertar, na
comunidade cristã, a alegria por acolher novos filhos. Recomenda-
se o Batismo de crianças e adolescentes em etapas, conforme
prevê o Ritual do Batismo de Crianças no Brasil.

BATISMO DE JOVENS E ADULTOS
O jovem e o adulto buscam a Iniciação à Vida Cristã por
decisão pessoal, procurando o sentido da vida, do mundo, da morte
que não encontra em si e nas propostas do mundo. A Iniciação de
jovens e adultos à vida cristã requer o envolvimento e a
responsabilidade de toda a comunidade de fé. Sobre eles exerce
grande influência positiva o testemunho da participação da
comunidade nos ritos e nas celebrações que realizam a experiência de
Deus, iniciada na escuta da Palavra.

Essa é uma ótima oportunidade para reforçar a fé das famílias e integrá-las à
comunidade. Tenha-se o cuidado de valorizar os casais, as mães e os pais como
sujeitos ativos da catequese (…). De grande ajuda é a Catequese Familiar (Pastoral
Familiar) enquanto método eficaz para formar os pais e jovens e torná-los
conscientes de sua missão como evangelizadores da própria família.

21

Pais e padrinhos que pedem o batismo aos filhos e afilhados
devem ser acolhidos por cristãos que se disponham a conhecê-los e
saber de suas reais necessidades catequéticas. Em seguida deve ser
apresentado para eles o primeiro anúncio sobre Jesus Cristo, que os
desperte para o desejo de conhecer Jesus (cf. Lc 24,32 / IVC 154).

O primeiro anúncio (Kerigma) deve
provocar o ardor no coração daqueles que o
escutam, assim como suscitar neles o desejo
de se encontrarem com Jesus. Este encontro
é por excelência possibilitada pela Liturgia
Eucarística.

Por isso, a preparação para o Batismo deve incluir a participação na
Santa Eucaristia, ou melhor, aqueles que se preparam devem sentir
que o Batismo brota da Salvação que Jesus Cristo nos favoreceu por
sua entrega livre ao sacrifício da Cruz. Aquele que foi morto de forma
cruenta, Deus o ressuscitou ao terceiro dia. O Ressuscitado oferece
aos seus seguidores a salvação por meio do alimento sagrado: a
Eucaristia.
Para que esta preparação centrada no Kerigma seja efetivada,
requer-se uma nova concepção de preparação de pais e padrinhos para
o Batismo de seus filhos e afilhados. Esta preparação necessita de 04
momentos interligados e necessitados um do outro, que começam
depois da inscrição para a preparação batismal
8
.

1º Momento – INSCRIÇÃO PARA O PROCESSO
CATECUMENAL PARA O BATISMO.
Via de regra a inscrição é feita na secretaria. Os documentos
necessários são:
1- Cópia da Certidão de nascimento de quem será batizado.

8
No Ato da Inscrição para o Batismo devem ser entregues os seguintes
documentos: certidão de nascimento da criança, cópia da identidade dos pais e dos
padrinhos. Depois da ficha, é realizada uma entrevista com o sacerdote para sanar
dúvidas dar as orientações necessárias.

22

2- Cópia dão Documento de Identidade dos pais ou
cuidadores de quem será batizado, bem como comprovante
de residência.
3- Cópia da Certidão do Casamento religioso, no caso de
casais serem escolhidos para serem padrinhos, bem como
a certidão do Batismo ou lembrança do mesmo.
Depois das fichas preenchidas, o sacerdote se encontra com a
família de quem será batizado. Então as fichas são repassadas para a
Equipe dos Catequistas do Batismo e inicia-se o processo dos quatro
tempos do processo Catecumenal.



1º TEMPO: PRÉ-CATECUMENATO – dividido em duas etapas

1ª Etapa – visita dos membros da Pastoral do Batismo às famílias que
pedem o sacramento. Neste encontro acontece o primeiro anúncio
(Kerigma) e ao mesmo tempo conhecem a realidade da família.
Verificam se há crianças em idade da catequese ou jovens, adultos ou
idosos que não foram batizados, não receberam a 1ª Eucaristia ou a
Crisma. Também podem perguntar aos que ainda não receberam o
sacramento do matrimônio quais os porquês de ainda não o
celebraram. Estas informações são repassadas para as devidas
equipes. Ao final da visita, os membros da Pastoral do Batismo
informam a data na qual a família do batizando deverá comparecer à
celebração da Santa Eucaristia.

2ª Etapa – Numa celebração dominical a criança ou adolescente
(podemos também praticar isto com jovens, adultos e idosos) será
apresentado à comunidade cristã e receberá o sinal da cruz na fronte.
Os pais recebem um crucifixo. Para que este momento seja solene, a
Equipe da Pastoral do Batismo deve prepará-la junto com a equipe
celebrativa do dia.

2º TEMPO– CATECUMENATO :
Todos os pais e padrinhos são convidados a participarem de um
encontro. Neste encontro acontece a preparação que envolve os
símbolos batismais. Também há a ênfase quanto ao Credo e à Oração

23

do Senhor. Ao final, as famílias são convidadas a participarem de
outra celebração dominical da comunidade.

3º TEMPO – PURIFICAÇÃO E ILUMINAÇÃO – Dividido em
duas etapas, a saber:
1ª Etapa – Em uma celebração dominical as famílias recebem o Credo
e a Oração do Senhor. Para que este momento seja solene, a Equipe
da Pastoral do Batismo deve prepará-la junto com a equipe celebrativa
do dia.

2ª Etapa– CELEBRAÇÃO DO BATISMO. A comunidade cristã é
convidada a participar deste momento. Membros da Pastoral Familiar
podem, neste dia, reforçar o convite para a celebração do matrimônio
dos pais que ainda não o receberam. As Equipes da Catequese da 1ª
Eucaristia e Crisma podem motivar as crianças, jovens, adultos ou
idosos que ainda estão fora do processo catequético a dele
participarem.

4º TEMPO – MISTAGOGIA – É o tempo que membros da
Pastoral do Batismo dinamizam a visita às famílias que batizaram seus
filhos. Importante: não é só a equipe do Batismo que deve visitar, mas
sim que ela dinamize esta visita envolvendo membros das outras
pastorais que se disponham a este serviço. Neste tempo mistagógico a
Pastoral do Batismo pode, com criatividade, convidar as famílias que
batizaram seus filhos a vir celebrar a cada ano o aniversário batismal.
Isto pode ser feito a cada semestre. Nestes momentos podem ser
entregues às famílias outros símbolos. Isso deve acontecer até a
criança atingir a idade para se inscrever no processo catequético.

A pré-catequese, 1ª e 2ª etapas eucarísticas iluminadas pelo
RICA
INDICATIVOS PRÁTICOS PARA A CATEQUESE COM
CRIANÇAS
A criança é capaz de manter uma relação com Deus e o faz de
forma muito espontânea e pura. Consegue perceber a beleza, a justiça
e a bondade de Deus, ao reconhecer a criação, a amizade e os gestos
de valorização da vida. O que aprende por meio de dinâmicas e

24

músicas, literatura infantil e o que experimenta pela escuta da Palavra
de Deus e pelos ritos tende a repercutir por toda a vida.
No processo de Iniciação à Vida Cristã com crianças, devem
predominar a convivência em clima de fé E o amor, como caminho,
para a experiência do transcendente e a relação do que lhe é
comunicado sobre Deus com a vida prática.
As histórias bíblicas e parábolas podem envolver as crianças
de uma forma atrativa e sensível, levando-as a acolher o que lhes é
anunciado. Isso supõe também uma escolha de textos bíblicos
adequados à compreensão e aos sentimentos de cada idade.
É recomendável que os responsáveis pela iniciação das
crianças aprendam a “ler” o que a expressão corporal infantil revela e
o que, no profundo do ser, tenta comunicar com expressões, desenhos,
olhares e gestos. O processo formativo supõe aprender com a
pedagogia das perguntas e das respostas, para se chegar ao que
realmente as crianças querem expressar. É importante construir com
elas regras e responsabilidades.
As crianças também têm um espontâneo potencial de
sensibilidade pelos que sofrem, de fazer algo em benefício dos outros
e de atrair para a comunidade a própria família. A prática catequética
em todas as idades deve motivar o desejo do Encontro com Jesus,
principalmente na participação da Liturgia Eucarística
A preparação de crianças, adolescentes, jovens, adultos e até
mesmo idosos, requer uma educação mais unitária que vá além apenas
da preparação sacramental. Ser cristão, hoje em dia, requer convicção
de fé, encontro com Cristo e o seu Evangelho. Apenas um verniz de
catequese não resolve. É preciso despertar nos catecúmenos o desejo
ardoroso de participar da Liturgia Eucarística e nela viverem o
encontro com o Senhor Jesus.
Por isso, a Catequese terá a missão de
revelar o que os sinais rituais representaram
na história da salvação e como hoje eles
continuam eficazes na celebração

25

Eucarística. Daí a necessidade da Catequese
e a Liturgia terem as mãos unidas
9
.

ACOLHER A FAMÍLIA E OS CATEQUIZANDOS TAMBÉM É
EVANGELIZAR
Pais que pedem o sacramento aos filhos ou a própria pessoa,
devem ser acolhidos com atenção e carinho desde a feitura da ficha de
inscrição. Esta acolhida acontece através de cristãos que se dispõem a
conhecê-los e saber de suas reais necessidades catequéticas. Em
seguida deve ser apresentado para eles, na visita à família ou em um
encontro geral, o primeiro anúncio sobre Jesus Cristo, que seja capaz
de lhes fazer arder o coração e desejarem encontrar com Jesus Cristo
(Lucas 24,32 / IVC 154).
Isso só é possível se os anunciadores proclamarem o Kerigma
com a verdade do coração que se alegra com a presença de Jesus em
suas vidas. E a cada fase catequética o Kerigma deve estar presente,
marcando no coração das pessoas a alegria do encontro com o Senhor
Jesus.
Para que esta preparação centrada no Kerigma seja efetivada,
requer-se uma nova concepção de preparação catequética, não tanto
no seu conteúdo, mas sim no seu processo. Esta preparação necessita
de 04 momentos interligados e necessitados um do outro.

Ocasião especial – INSCRIÇÃO PARA A CATEQUESE
 Entrega dos documentos: 1. Certidão de batismo da pessoa que
será catequizada (não tendo sido batizada, ou não havendo certeza
do batismo, os pais e o futuro catequizando devem ser orientados
a procurarem o sacerdote); 2. Cópia da Certidão de nascimento
do catequizando e do documento de identidade dos pais; 3. Uma
foto ¾.
 Entrevista com o Catequista que acompanhará o inscrito para
sanar dúvidas e estabelecer as orientações necessárias.


9
Os catequistas devem ajudar o catecúmeno a fazer a experiência dos símbolos e gestos
celebrados. Não há como realizar esta tarefa senão ter a percepção de que a celebração
também faz parte da catequese e isso é que amplia a educação para a Eucaristia para que se
perceba que os sinais tão simples e tão humanos da liturgia não são apenas elementos deste
mundo, mas, aos olhos da fé, também são realidades divinas.

26

1º TEMPO: PRÉ-CATECUMENATO – dividido em duas etapas
1ª Etapa – Após a entrevista feita na Igreja, deve acontecer a
visita do catequista ou de seus auxiliares às famílias dos futuros
catequizandos. No mesmo tempo que o primeiro anúncio (Kerigma) é
realizado os visitadores conhecem a realidade da família que pede o
sacramento. Verificam se há outras crianças em idade da catequese ou
jovens, adultos ou idosos que não receberam os sacramentos. Também
podem perguntar aos pais, que ainda não receberam o sacramento do
matrimônio quais os porquês de ainda não o celebraram. Estas
informações são repassadas para a Pastoral Familiar e outras equipes
indicadas pela necessidade da família.
2ª Etapa – Ao final da visita, a família é informada sobre a
data que deverá comparecer à celebração da Santa Eucaristia, quando
a criança será apresentada à comunidade e receberá o sinal da cruz na
fronte e nos sentidos. Os pais recebem um crucifixo. Para que este
momento seja solene, a Equipe da Catequese Eucarística deve
prepará-la junto com a equipe celebrativa do dia.
Lembrando que esta celebração da acolhida deve envolver a
Pré-Catequese e também as 1ª e 2ª Etapas Eucarísticas. Nesta
celebração os que estão na 2ª Etapa podem ser motivados a abraçar os
que iniciarão a 1ª Etapa. Nesta celebração acontecem a acolhida e a
abertura do catecumenato.

2º TEMPO - CATECUMENATO : Inicia-se o processo da catequese
propriamente dita. Durante o período quaresmal acontecem várias
celebrações que envolvem os catecúmenos, conforme orientação do
RICA.

3º TEMPO – PURIFICAÇÃO E ILUMINAÇÃO – Dividido em
duas etapas, a saber
1ª Etapa – Próximo à celebração da 1ª EUCARISTIA,
criativamente os catequistas podem provocar vários tipos de
celebração para despertar nos catecúmenos o bom gosto da
celebração. Para que estes momentos sejam solenes, catequistas, junto
com a equipe celebrativa do dia, devem preparar a celebração. Um
momento importante é o dia da primeira confissão, que pode ser

27

antecedida por uma tarde ou manhã intensa de reflexão com todos os
catecúmenos.
O encontro com seus familiares também é uma atividade que
favorece a maturidade da fé dos pais ou cuidadores daqueles que
receberão a 1ª EUCARISTIA.

2ª Etapa – CELEBRAÇÃO DA 1ª EUCARISTIA. A
comunidade cristã é convidada a participar deste momento. Deve-se
evitar neste dia um clima de formatura ou de desfile de roupas
exuberantes.

4º TEMPO: MISTAGOGIA – É o tempo que um grupo de
Catequistas dinamizam visitas às famílias daqueles que receberam a
1ª Eucaristia. Importante: não é só os catequistas ou seus auxiliares
que fazem estas visitas. É necessário que uma comissão de
catequistas dinamize esta visita envolvendo membros das outras
pastorais que se disponham a este serviço.
Neste tempo mistagógico, a equipe catequética pode, com
criatividade, convidar as famílias e seus filhos a vir celebrar a cada
ano o aniversário da 1ª Eucaristia. Nestes momentos podem ser
entregues às famílias outros símbolos. Isso deve acontecer até a
criança atingir a idade para se inscrever no processo catequético
crismal. No caso dos adultos, podemos criar momentos diferenciados.

ORIENTAÇÕES PRÁTICAS PARA
OS CATEQUISTAS DA CRISMA ILUMINADAS PELO RICA
A preparação para a Crisma, que envolve adolescentes, jovens,
adultos e, ocasionalmente até mesmo idosos
10
, precisa ir além da
sensibilização e do entretenimento, priorizando o crescimento
espiritual, a educação para a responsabilidade pessoal e social, a ética
nas relações humanas, profissionais, afetivas e sexuais, e a orientação
vocacional.

10
A Catequese Crismal, embora tenha na maior parte dos seus membros
adolescentes e jovens, também acolhe jovens, adultos e idosos. Por isso, não
podemos considerar, a princípio, a Crisma como uma extensão da pastoral da
juventude, muito embora a pastoral juvenil tenha que ter atenção aos jovens que
se preparam para a Crisma.

28

As diversas pastorais da comunidade devem ter uma atenção
especial à catequese Crismal, pois é um ambiente muito propício para
atrair novos membros para as diversas ações da paróquia. Obviamente
que a idade será o determinante para que as pastorais atraiam pessoas
para suas atividades. Os catequistas da Crisma é que devem dinamizar
estes encontros, motivando situações específicas nas quais os
crismandos, através de pessoas das diversas pastorais da paróquia,
podem conhecer como agimos para a transformação do mundo pela
graça de Jesus Cristo. O Work Shop Pastoral é um momento de muita
importância para o discernimento pastoral daqueles que receberão o
sacramento da Crisma. Porém, o encontro dos crismando com as
pastorais não pode ficar só nele.

QUEM SÃO AS PESSOAS QUE PEDEM A CRISMA?
As pessoas que pedem o sacramento da Crisma podem ser
inseridas em 03 grupos:
 Os Filhos, cujos pais, por conta da tradição, exigem
que se inscrevam;
 Aquelas que ouviram o Kerigma e sentiram
necessidade do sacramento;
 Aquelas que vão se casar e foi exigido que elas fossem
crismadas.
Vale ressaltar que ninguém pode ser obrigado a receber nenhum dos
sacramentos.
É preciso distinguir de qual grupo o inscrito faz parte. Para os
que são levados pelos pais para a recepção da Crisma, é preciso que o
Kerigma lhes seja anunciado para que sintam eles próprios a Vontade
de serem crismados. A nossa Paróquia não exige que ninguém seja
crismado ou até mesmo batizado para receber o matrimônio. O Código
do Direito Canônico prevê que ao menos uma das partes seja batizada
para que o casal receba o matrimônio. Mas pode ser que a pessoa vá
celebrar o matrimônio em outra paróquia que lá lhe foi exigido isso.
Neste caso, esta pessoa deve ser orientada a procurar o sacerdote.
Independente do grupo que façam parte, todos devem ser
acolhidos com carinho. Os primeiros quatro encontros devem ser com

29

todos os catecúmenos com vistas à Crisma. Nestas quatro primeiras
reuniões deve ser apresentado o Kerigma (cf. Lc 24,32 / IVC 154).
Em uma catequese Kerigmática, a Iniciação à Vida Cristã
assume um rosto evangelizador que favorece a verdadeira experiência
de fé. Promove o encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo, o
que ajuda a despertar a consciência do futuro discipulado missionário,
e a inserção na comunidade cristã e nas pastorais, que é o objetivo da
catequese Crismal. Isso só acontece quando o catecúmeno tem o
verdadeiro encontro com: Jesus de Nazaré, Filho único do Pai (cf. IVC
155).

Para que esta preparação centrada no
Kerigma seja efetivada, requer-se uma
conversão de toda a comunidade paroquial.
Ou seja, todas as pastorais da paróquia
devem visualizar o espaço catequético da
crisma como local privilegiado para
conquistar novos membros.

Para que isso aconteça, os catequistas e auxiliares da Crisma
devem sempre convidar as pastorais para que visitem e exponham
suas atividades para os catecúmenos, incluindo aí o Workshop
Pastoral.
Obviamente que o Workshop Pastoral terá como preocupação
central a exposição de suas atividades para os crismandos, sem perder
de vistas os outros catecúmenos
11
. Esta é a nova concepção de
preparação catequética, não tanto no seu conteúdo, mas sim no seu
processo.

Momento especial – Inscrição para a catequese Crismal
 Entrega dos documentos (1. Certidão ou lembrança do batismo –
não tendo sido batizado ou não tendo certeza de tal, o crismando
deve ser orientado a procurar o sacerdote; 2. Lembrança da 1ª
Eucaristia – no caso de não ter feito a 1ª Eucaristia, o crismando
receberá encontros especiais para tanto)

11
Obviamente que o Workshop Pastoral terá como preocupação central a exposição
de suas atividades para os crismandos, sem perder de vistas os outros catecúmenos.

30

 Entrevista com o catequista para sanar dúvidas dar orientações
necessárias, como escolher desde agora o padrinho ou madrinha.

Na entrevista ou uma semana depois, o crismando deverá informar
quem será o seu padrinho ou madrinha. Estes terão que entregar na
secretaria paroquial os seguintes documentos:
1- Sendo casado, deverá apresentar a certidão do
casamento religioso. Pode a pessoa escolhida para
apadrinhar ser solteira.
2- Em ambos os casos deverá apresentar a certidão da
crisma ou uma foto que comprove a recepção do
sacramento.
Importante: Não podem ser padrinhos ou madrinhas os pais, esposo,
esposa, namorado(a) ou filhos.
 Importante desde a inscrição informar o crismando ou seus
familiares sobre a taxa do sacramento e também esclarecer que é
um recurso repassado para o seminário diocesano.

1º TEMPO – PRÉ-CATECUMENATO – dividido em duas etapas
1ª Etapa – Com a ficha do inscrito nas mãos e os dados cadastrais, o
catequista e seus auxiliares entram em contato e marcam uma visita às
famílias dos futuros catequizandos. Neste encontro, no mesmo tempo
conhecem a realidade da família que pede o sacramento, anunciam o
Kerigma. E também verificam se há outras crianças em idade da
catequese ou jovens, adultos ou idosos que não receberam os
sacramentos.
Também podem perguntar aos pais, que ainda não receberam
o sacramento do matrimônio quais os porquês de ainda não o
celebraram. Estas informações são repassadas para a Pastoral Familiar
ou equipes afins. Importante nesta visita informar ao catecúmeno que
ele deve escolher o futuro padrinho ou madrinha. Não podem ser
padrinhos ou madrinhas os pais, esposo, esposa ou filhos.

2ª Etapa – Ao final da visita, a família é informada sobre a data na
qual deverá comparecer à celebração da Santa Eucaristia, quando
aquele que será crismado é apresentado à comunidade cristã e recebe
o sinal da cruz na fronte e nos sentidos. Os padrinhos, que já devem

31

ser escolhidos neste início do processo, e os pais ou cuidadores
recebem na celebração um crucifixo. Para que este momento seja
solene, a Equipe da Catequese Crismal deve prepará-la com a equipe
celebrativa do dia.

2º TEMPO – CATECUMENATO : Inicia-se o processo da catequese
propriamente dita. Durante o período quaresmal ocorrem várias
celebrações que envolvem os catecúmenos, conforme orienta o RICA.

3º TEMPO – PURIFICAÇÃO E ILUMINAÇÃO (Dividido em
duas etapas, a saber):
1ª Etapa – Próximo à celebração da Crisma, criativamente os
catequistas podem provocar vários tipos de celebração que envolva os
catecúmenos. Para que estes momentos sejam solenes, catequistas,
junto com a equipe celebrativa do dia, devem preparar a celebração.
Um momento importante é o dia da confissão, que pode ser antecedida
por uma tarde ou manhã intensa de reflexão com todos os
catecúmenos.
O encontro com seus familiares também é uma atividade que
favorece a maturidade da fé dos pais ou cuidadores daqueles que
receberão a Crisma. Faremos também um encontro com os padrinhos
e madrinhas junto com seus afilhados para explicar a importância do
seu ato na celebração Crismal.

2ª Etapa – CELEBRAÇÃO DA CRISMA. A comunidade
cristã é convidada a participar deste momento. Deve-se evitar neste
dia um clima de formatura ou de desfile de roupas exuberantes.

4º TEMPO – MISTAGOGIA – É o tempo que um grupo de
Catequistas Crismal dinamiza visitas às famílias daqueles que
receberam a Crisma. Importante destacar: não é só os catequistas que
fazem estas visitas, mas sim que uma comissão de catequistas
dinamize esta visita envolvendo membros das outras pastorais que se
disponham a este serviço. Seria muito interessante que os crismados
indicassem a pastoral que mais lhes chamou a atenção e que membros
deste grupo escolhido visitasse a pessoa que foi crismada.
Neste tempo mistagógico a Equipe Catequética pode, com
criatividade, convidar as famílias, os crismados e seus padrinhos a vir

32

celebrar a cada ano o aniversário da Crisma. Nestes momentos podem
ser entregues às famílias outros símbolos. No caso dos adultos,
podemos criar momentos diferenciados.

A PASTORAL DO MATRIMÔNIO (NOIVOS) Iluminada pelo
RICA
A Catequese dos Noivos com vistas ao sacramento do matrimônio
é uma das extensões da Pastoral Familiar. No contexto da Iniciação à
Vida Cristã, é preciso destacar que a Pastoral Familiar tem que ter os
olhos abertos às famílias que estão próximas da Paróquia nas
seguintes situações:
 Famílias que pedem o batismo dos seus filhos
 Famílias que inscrevem seus filhos para a 1ª Eucaristia
 Famílias que inscrevem seus filhos para a Crisma
 Jovens que participam dos grupos juvenis e que estão
namorando.
 Famílias que recebem as cestas básicas
 Famílias que têm idosos e que recebem a assistência da
Pastoral da Pessoa Idosa ou da Pastoral dos Enfermos
 Famílias que recebem a assistência da Pastoral d Criança
É comum existir dificuldade na promoção do encontro de
casais, quando, de forma aleatória, convidam famílias para a inscrição.
De comum acordo com as pastorais acima indicadas, a Pastoral
Familiar pode promover estes encontros de forma muito mais eficaz.
Para isso, é preciso que também as pastorais indicadas vejam a
Pastoral Familiar como um instrumento de apoio para suas atuações e
possibilidade de crescimento dos Lares assistidos na espiritualidade.
Esta é a proposta do projeto da Iniciação à Vida Cristã: acabarmos
com o isolamento entre as diversas atividades evangelizadoras.

COMO A PASTORAL FAMILIAR PODE AJUDAR À
CATEQUESE POR ETAPAS
A educação dos filhos deve ser marcada por um percurso de
transmissão da fé que se vê cada vez mais dificultada pelos horários
de trabalho, pela complexidade do mundo atual, onde muitos têm

33

ritmo frenético para sobreviver
12
. Apesar destas dificuldades, a
Pastoral Familiar deve atuar junto às famílias para que as desperte ao
chamado de serem o lugar da Iniciação à Vida Cristã, onde se aprende
a rezar e a viver os valores da fé. Aos pais cristãos cabe a primeira
responsabilidade pela formação de seus filhos no seguimento de Jesus
Cristo.
A Pastoral Familiar pode também promover encontros com os
adolescentes e jovens que pedem a 1ª Eucaristia ou a Crisma. Muitos
deles vivem situações da violência familiar, exclusão social, carência
afetiva, vivência sexual pré-matrimonial, gravidez não planejada. A
pastoral familiar pode ajudar estes adolescentes e jovens a
enfrentarem tais situações com mais lucidez ou a prevenir ocasiões
que possam perverter o projeto divino para a família.

SITUAÇÕES DE CASAIS IRREGULARES OU NOVAS
UNIÕES
Quando o grupo de catequistas percebe famílias dos
catequizandos em situações difíceis ou as “novas uniões
homoafetivas”, devem buscar a ajuda da Pastoral Familiar. A Pastoral
Familiar poderá ajudá-las, partindo de suas situações particulares, a
abrir-lhes portas para o serviço na comunidade, ajudando-as a aceitar
a viver o amor em sua situação real
13
.

A PASTORAL DOS NOIVOS SOB A ILUMINAÇÃO DO
PROJETO DA IVC
Para a preparação dos Noivos com vistas ao sacramento do
Matrimônio, pode-se adotar um itinerário catecumenal que favoreça
aos noivos os elementos necessários para construírem o Lar alicerçado
no sacramento do Matrimônio e assim tenham melhores disposições e
solidez na vida familiar. Esse itinerário deve oferecer propostas que
ultrapassem a mera instrução para receber o sacramento e se converter
em autêntico acompanhamento por parte da comunidade cristã para
que o casal viva de fato o Matrimônio.

12
Amoris Laetitia nº 287
13
Diretório Nacional da Catequese nº 241

34

Daí a necessidade de que exista na Paróquia a preparação
remota ao sacramento do Matrimônio, que acontece nos encontros da
Crisma, com casais de namorados e nas reflexões entre os grupos de
jovens. A preparação próxima é aquela que acontece para os que se
decidiram casar e participam da catequese dos noivos. O
acompanhamento após a Celebração matrimonial é importante para
que o casal se mantenha unido à comunidade e que esta possa ajudá-
lo a superar as dificuldades da convivência, que aparecem. O casal que
busca o sacramento do matrimônio deve se sentir acolhido na
comunidade, fazer ali novas amizades e descobrir maneiras
gratificantes e que favoreçam a sua comunicação com Deus.

A PREPARAÇÃO DOS NOIVOS PROPRIAMENTE DITA
O Papa Francisco nos fez olhar com mais carinho e acolhida
às novas realidades da composição da vida familiar, o que não
significa aceitar tais situações. Por isso, a Igreja Católica sempre vai
primar pelo anúncio da família composta pelo homem, a mulher e seus
filhos, abençoados pelo sacramento do Matrimônio. E, quando pedem
este sacramento, a comunidade cristã deverá prepará-los
adequadamente para que vivam em um Lar que tenha a presença
divina como luz para a convivência.
Para isso, é necessária uma preparação que tenha por intenção
primeira a descoberta do nome “família cristã” como sendo a mais alta
dignidade que um casal alcança neste mundo. Esta descoberta
acontece através do anúncio da Salvação que Jesus nos concede por
sua vida, paixão, morte e ressurreição (Kerigma).
Encontrar-se com os casais no estágio de vida que estão
passando, desenvolver misericórdia e compaixão com suas dores e
alegrar-se com suas conquistas é o primeiro passo para ajudá-los a
realizar a experiência de Deus em sua convivência familiar. Envolvido
por este clima de acolhida, é muito mais provável que o anúncio do
Kerigma provoque no coração dos que o escutam o desejo de se
encontrarem com Jesus. Deste primeiro anúncio brota, então o desejo
do encontro que, por excelência, é possibilitado pela Santa Eucaristia.
A fim de que o espírito catecumenal seja implantado na
preparação dos casais para a recepção do sacramento do Matrimônio

35

e que, principalmente, se encontrem com Jesus Cristo na Liturgia
Eucarística, o processo preparatório terá estes momentos.

Ocasião especial
INSCRIÇÃO PARA O PROCESSO MATRIMONIAL
a) Entrega dos documentos (1. Certidão original do batismo dos
nubentes – a data da emissão não pode ser superior a seis meses da
data da celebração do matrimônio; 2. Cópia do Documento de
identidade dos nubentes e comprovantes de residência dos dois; 3.
Caso o casamento seja com efeito civil, a certidão de habilitação para
o casamento civil; 4. Documentos de identidade dos padrinhos do
religioso com suas qualificações [estado civil, profissão, endereço]).
b) Entrevista com o sacerdote para sanar dúvidas e orientar o casal
para o processo de preparação.

1º TEMPO – PRÉ CATECUMENATO – dividido em duas etapas
1ª Etapa – visita de um casal (que pode ser da Pastoral
Familiar, Pastoral do Batismo ou Ministros Extraordinários da Santa
Comunhão) àqueles que pedem o matrimônio. Através do contato
telefônico se marca o dia da visita na casa da noiva ou do noivo, se
ainda não estiverem morando juntos. Nesta visita é que se conhece a
realidade do casal e também se verifica se há mais pessoas na casa em
idade da catequese que não estão neste processo do catecumenato. Se
isto for um fato, os visitantes repassam as informações para as equipes
devidas.
2ª Etapa – Ao final da visita, o casal é informado sobre a data
na qual deverá comparecer à celebração da Santa Eucaristia, quando
serão apresentados à comunidade cristã e receberão o sinal da cruz na
fronte e nos sentidos para que sejam protegidos contra as tentações.
Também receberão um crucifixo como sinal do compromisso deles
com Jesus Cristo. Para que este momento seja solene, a Pastoral
Familiar deve prepará-la junto com a equipe celebrativa do dia.

2º TEMPO – CATECUMENATO – é o momento do encontro com
todos os casais que receberão o sacramento do matrimônio. As
Palestras não sofrerão mudanças de conteúdo, mas deverão sempre
enfatizar o Kerigma. Ao escutar o anúncio do Kerigma, a parti de

36

diversos prismas, muitos vão desejar o encontro com Jesus, que é, por
excelência, possibilitado pela Liturgia Eucarística. Por isso, a
preparação para o Matrimônio deve incluir a participação na Santa
Eucaristia.
Ao final do encontro, geralmente entrega-se aos casais o
certificado da preparação para o matrimônio na celebração
comunitária. Pode-se fazer de uma forma diferente. Na celebração
Eucarística no final do encontro entrega-se uma mensagem-convite
para que participem de outra liturgia – que pode ser na semana
seguinte
14
. Aí sim receberão o certificado e também os símbolos dos
Apóstolos (Credo) e a Oração do Senhor (Pai Nosso).

3º TEMPO – PURIFICAÇÃO/ILUMINAÇÃO – dividido em 02
etapas
1ª Etapa – Celebração da Eucaristia, quando será entregue
para o casal o Credo, a Oração do Senhor e o certificado de
participação do processo de preparação para o Matrimônio.
2ª Etapa – Celebração do Matrimônio – A comunidade cristã
é convidada a participar deste momento.

4º TEMPO – MISTAGOGIA – É o tempo que a PASTORAL
FAMILIAR dinamiza a visita aos casais que receberam o
matrimônio. Importante: não é só a Pastoral Familiar que deve visitar,
mas sim que ela dinamize esta visita envolvendo membros das outras
pastorais que se disponham a este serviço.
Neste tempo mistagógico a Pastoral Familiar pode, com
criatividade, convidar os casais a vir celebrar a cada ano o aniversário
da celebração. Isto pode ser feito a cada semestre. Nestes momentos
podem ser entregues para o casal outros símbolos.

CATEQUESE PARA SITUAÇÕES ESPECIAIS
A Iniciação à Vida Cristã supõe a coragem de sair de si para ir às
periferias existenciais, ao encontro daquelas pessoas que sofrem as

14
Poderemos ter casos nos quais o casal mora fora da área ou que vão se casar na
semana seguinte. Não vamos criar conflitos. Para estas situações o certificado será
entregue ao final do encontro.

37

diversas formas de conflitos, carências e injustiças. Em nossa
realidade é grande o número de pessoas que vivem situações
específicas.
Cabe à Igreja identificá-las, acompanhá-las, com misericórdia e
paciência, nas possíveis etapas de crescimento, que vão sendo
construídas, dia após dia, no percurso da via da caridade.
Recordando-nos sempre de que uma pessoa que não tivesse
plena consciência do erro da atitude que a levou a determinada
situação, não pode ser-lhe imputada culpa que não lhe cabe.
Para acompanhar pessoas em situações especiais é preciso:
 Compreender e discernir suas fragilidades
 Aplicar a lógica da misericórdia pastoral
15
, levando em
conta que devemos crescer na compreensão do Evangelho
e no discernimento das possibilidades do Espírito,
procurando comunicar cada vez melhor a fé nas realidades
específicas que aparecem.
 A área deve formar catequistas que sejam capazes de
dialogar com as pessoas nas diversas situações especiais
em que se encontram.
Para os casos mais complexos, caberá ao Pároco encontrar o
itinerário específico para o aprofundamento espiritual. Por isso, todas
as pastorais, quando se depararem com estas situações, devem orientar
a pessoa para que procure o sacerdote ou anotar o telefone destas
pessoas e repassá-lo para o padre a fim de que entre em contato com
tais pessoas.

UMA ANOTAÇÃO ESPECIAL PARA A CATEQUE
DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA
Para acolher alguém com deficiência, é necessário escutar a
própria pessoa, procurando saber como ela habitualmente realiza suas
atividades na vida diária, em casa, na escola e em outros ambientes.
No caso de crianças, é importante conversar com a família e,
se necessário, com o consentimento dos pais, contatar a escola, uma
vez que os professores, por já estarem em interação com ela, poderão
ajudar com sugestões interessantes. Na nossa Paróquia temos

15
Amoris Laetitia nº 307-312

38

psicopedagogos e psicólogos que, de forma gratuita, colaboram para
o êxito da catequese para crianças com deficiência.
Importante: Não deve existir a criação de grupos especiais
para pessoas com deficiência. O melhor para elas e para a comunidade
é estarem incluídas nos grupos existentes.

A Catequese de Adultos é o grande desafio para a Evangelização
nos dias atuais
As Pastorais do Batismo e dos Noivos, por tratarem
diretamente com adultos, podem encontrar pessoas não catequizadas
ou que ainda não completaram o ciclo da Iniciação à Vida Cristã.
Havendo disponibilidade dos membros da equipe, eles próprios
podem se colocar a serviço da catequização destas pessoas.
Precisamos de mais catequistas. Mais ainda: precisamos de
catequistas que se adequem à linguagem do mundo atual.

O CUIDADO COM A LINGUAGEM
Em nosso tempo, marcado pela civilização da imagem, a
linguagem audiovisual adquiriu um lugar relevante no âmbito da
cultura. As pessoas que acessam as novas tecnologias de informação,
especialmente as redes sociais, produzem novas formas de viver em
sociedade e de interpretar a realidade.
A Igreja precisa de uma linguagem adequada para comunicar
a fé cristã. Atenção especial seja dada à interatividade, interconexão e
à valorização das experiências vividas, veiculadas pelas redes sociais.
Em sua missão, a Igreja necessita tanto garantir uma linguagem que
seja expressão de sua fé quanto assumir criativamente novas
linguagens significativas para as pessoas.
Devemos ter em conta que hoje vivemos na cultura digital, que
é sinônimo de acesso, conexão com pessoas e lugares de todo o
mundo. É importante conhecer e valorizar a cultura da conexão,
superando preconceitos e a desconfiança sobre as novas tecnologias.
Os novos meios de comunicação social são excelentes
instrumentos para a ação evangelizadora não somente com adultos,
mas especialmente com jovens e adolescentes, porque oferecem
importantes benefícios e vantagens desde para as informações

39

religiosas. Para que haja uma prévia instrução sobre a Catequese com
Adultos, segue abaixo alguns esclarecimentos:

Passos Metodológico para uma Catequese de Adulto: Perguntas
e Respostas

Como começar um grupo de Catequese de Adultos
No geral, o grupo nasce da necessidade de aprofundar a fé cristã
por parte de alguns fiéis que já despertaram para uma vivência mais
comprometida ou que sentem necessidade da mesma. Isso pode
acontecer no processo da preparação para o Matrimônio ou para o
Batismo dos filhos. Pode até mesmo ser possível encontrar pessoas
sem a Iniciação à Vida Cristã entre os pais dos catecúmenos para a 1ª
Eucaristia ou Crisma.

Que material usar?
Depende muito da necessidade do grupo; da realidade em que
vive; de suas reais motivações. Não há um subsídio específico, mas
existem muitos e bons materiais e livros, especialmente na área de
Bíblia, Doutrina, Espiritualidade, Orientações de Fé e Vida, etc. A
Guadalupe, que é a Coordenadora da Catequese com Adultos, pode
indicar os materiais.
No geral, a Bíblia é o principal referencial de catequese,
contudo, tem que haver não só um bom livro ou manual de ajuda para
compreendê-la, mas deve haver também a passagem da fé para a vida
e vice-versa. Ela deve ser aplicada de modo seguro na vida e leva as
pessoas aos passos seguintes, sem se fechar em si. Podemos utilizar
os cinco passos para a catequese da 1ª Eucaristia também com os
adultos

Como integrar um grupo nascente dentro do processo de
engajamento da comunidade?
O engajamento nasce aos poucos, como necessidade, na
medida em que o processo vai dando passos. Não deve ser cobrado,
imposto. Na hora certa, na hora do grupo, isso vai acontecer. Forçar e
incentivar um engajamento sem que o grupo todo tenha despertado
para isso é no mínimo atropelar o processo.

40

Uma vez que o grupo já começa a despertar para isso, é preciso
tomar conhecimento e aprofundar a vida comunitária, o projeto
vivencial paroquial (quais as pastorais, movimentos, grupos sociais
existe e qual a ação pastoral da paróquia, seu calendário) e como o
grupo pode contribuir. Isso acontece naqueles grupos em que a
maioria tem uma vivencia religiosa de missa, contribui com alguma
campanha, mas sem vínculo de compromisso mais sério.

Que método e ou roteiro usar?
A princípio, conforme algumas experiências, o método é sempre
partir da realidade do adulto. Enxergar suas necessidades e
inquietações sobre a fé, sua religiosidade, sua forma de ver, pensar e
agir no mundo que o cerca. Saber o que quer, porque quer, o que o
motiva a buscar aprofundamento catequético. Para isso é
imprescindível do catequista, alguns requisitos como: a escuta,
capacidade de compreensão da realidade, capacidade criativa na ação
pastoral catequética.
Uma coisa é importante ao catequista: conhecer e saber sobre os
documentos da catequese e da igreja, bem como está atualizado sobre
o processo de catequese e suas novidades no contexto atual. Há o
método de interação fé e vida (VER, ILUMINAR, AGIR) que ajuda
no processo de formação catequética. Existem roteiros para realização
do encontro catequético. Cada um há que achar o melhor para sua
realidade.

Por quanto tempo deve durar a Catequese de Adulto com o
grupo?
O tempo vai depender da motivação do grupo e da criatividade
do catequista. A catequese é um processo permanente, progressivo,
sistemático, ordenado, pessoal e comunitário da fé. Não se restringe a
informações somente, ou a doutrina e muito menos a ideias. Trata-se
de um conteúdo que envolve a pessoa e o grupo dentro de um projeto
maior, que é o Reino.
O grupo faz parte da Igreja e a Igreja existe por causa da
missão que lhe foi confiada: a pregação do Reino. Isso implica uma
relação adulta dos seus membros, um compromisso consciente, um
testemunho eficaz e uma comunhão pessoal e comunitária com o

41

Senhor, com a Trindade e com o Seu Projeto. Cada membro faz parte
do Corpo Místico de Cristo e quanto mais aprofunda sua relação com
Ele com a Igreja mais vontade tem de caminhar e aprofundar. É o
encontro pessoal com Ele. É o encontro do grupo com Ele.
A maturidade em Cristo acontece no percurso e no verdadeiro
encontro com Ele na vida comunitária. Não é algo isolado,
individualista. É pessoal, mas não individualista. Por isso, o tempo é
não é parado, mas frutífero e contínuo.

Quais os objetivos específicos da Catequese de Adulto?
Como já foi dito, que cada um como pessoa e como grupo, possa
alcançar a maturidade em Cristo. Isto acontece dentro de um processo.
Logo, a catequese com adultos tem algumas metas que proporciona
uma boa iniciativa:
 Aprofundar os rudimentos da fé, das verdades da fé
confessada, meditada, celebrada e anunciada;
 Dar elementos para a compreensão do “encontro pessoal
com Cristo”;
 Formar discípulos missionários; criar católicos
conscientes e conscientizadores;
 Ser membro católico atuante dentro (que nem sempre
significar estar atrelado a um movimento ou pastoral, para
sabe-se engajado) e fora da igreja;
 Ser pessoa equilibrada e cidadão responsável no mundo
em que habita (casa, trabalho, social, político, etc);
 Respaldar sua vida pelas linhas mestra do Evangelho.
Devemos, pois, entender que nem “tudo” foi dito aqui,
evidentemente.




Como organizar a Catequese com Adulto?
Primeiramente é conhecer a experiência dos catequistas de
adultos que já existem nas comunidades e área; segundo, se a
necessidade assim convier, formar pequenos grupos nas comunidades
e paróquia. Uma vez detectada a existência desses grupos, convocar
suas lideranças para compor na paróquia uma equipe de catequese de

42

adultos e na medida do possível fazer a ligação com a coordenação
diocesana de catequese. Tudo isso evidentemente, combinado com o
pároco.

Quais os conteúdos da catequese com adulto?
No geral, tais conteúdos partem da necessidade e da realidade
do grupo. Porque cada indivíduo e também o grupo tem uma história
própria e está num estágio mais ou menos, comparado com o que já
possui do querigma (primeiro anúncio) e dos rudimentos da catequese.
Há que se analisar todos os lados da questão. Porém, a
princípio, é importante começar pelo conhecimento das Sagradas
Escrituras; das verdades contidas no Catecismo em linguagem própria
para adultos; oferecer alguma coisa sobre a caminhada da Igreja na
história; conhecer, aprofundar e incentivar aquilo que é próprio na
vida da Igreja através da Liturgia; da Oração e da sua ação pastoral.

Palavras que não finalizam, mas abrem esperança
Não fazemos aqui uma conclusão. Esta cartilha é o início de
um longo processo que envolverá a todos da nossa comunidade
eclesial e sua prática pastoral. Num primeiro momento vamos estudar
o conteúdo. Isso poderia acontecer até dezembro de 2018. A partir de
fevereiro de 2019, se pode começar a esquematizar e treinar os
trabalhos de cada equipe aqui orientadas. Após a Páscoa de 2019, aí
sim,pode se iniciar o processo catecumenal com toda força e
entusiasmo.
O importante é que a nova postura da prática do projeto da
Iniciação Cristã estabelecerá o diálogo entre o processo catecumenal
e a Liturgia. Ao mesmo tempo, os serviços oferecidos pela IVC
tornam-se, cada qual, um centro de unidade entre todo o processo
catequético (Batismo, Eucaristia, Crisma ou Matrimônio).
A implantação do processo catecumenal necessita que todas as
pastorais estejam unidas em um único objetivo que é conquistar as
pessoas que se dispuseram a receber os sacramentos para que os vivam
através da convivência e da prática pastoral eclesial.
É urgente construir uma Igreja que seja a casa da Iniciação à
Vida Cristã e que esta nova Igreja tenha como eixo uma decidida
postura de renovação da consciência dos cristãos. Somente esta nova

43

postura ajudará a superar o isolamento das equipes para que elas se
integrem numa pastoral orgânica.
Quando usamos a palavra “orgânica”, queremos utilizar a
comparação com o corpo, que é um organismo perfeito. Cada parte do
corpo (olhos, nariz, boca, coração, veias, ossos, etc.) existe não para
si, mas para o bem-estar de todo o organismo. Assim também, cada
pastoral não existe para si, mas para o bem da Igreja -, cuja cabeça é
o Senhor Jesus. Este corpo – a Igreja – existe para a vida em
abundância (cf. Jo 10,10).
Ao celebrarmos os 300 anos do encontro da Imagem de Nossa
Senhora Aparecida, a Estrela da Nova Evangelização confiamos
nossos esforços pastorais. E com o Papa Francisco suplicamos:
“Virgem e Mãe Maria, alcançai-nos agora um novo ardor de
ressuscitados para levar a todos o Evangelho da vida que vence a
morte. Dai-nos a santa ousadia de buscar novos caminhos, para que
chegue a todos o dom da beleza que não se apaga- (…) Mãe do
Evangelho vivente, manancial de alegria para os pequeninos, rogai
por nós. Amém. Aleluia!”!

ANEXO 1
VOCABULÁRIO DO PROCESSO CATECUMENAL
Admissão: é o chamado “rito de entrada”, quando o candidato se
transforma em catecúmeno; “celebra-se o rito de admissão entre os
catecúmenos quando as pessoas que desejam tornarem-se cristãs,
tendo acolhido o primeiro anúncio do Deus vivo, já possuem a fé
inicial no Cristo Salvador” (RICA nº 62; cf. nº 9,15). O rito da
admissão é considerado como a primeira etapa do catecumenato (cf.
Estudos da CNBB 97, nº 80-81)

Banho Batismal: o mesmo que batismo, palavra do grego que
significa “mergulho”; o batismo é mergulho na morte e ressurreição
de Cristo, participando da salvação (cf. Rm 6,3-6); é o primeiro dos
três sacramentos da Iniciação, numa “unidade indissolúvel” com os
outros dois (cf. Estudos da CNBB 97, nº 63).

Catecumenato: é o segundo tempo da iniciação cristã “dedicado à
catequese completa… um espaço de tempo em que os candidatos

44

recebem formação e exercitam-se praticamente na vida cristã” (RICA
nº 7,19). Estritamente falando catecumenato seria o ‘segundo tempo”
da iniciação cristã, ou “catecumenato propriamente dito” (RICA, nº
134; cf. Estudos da CNBB 97, nº 82), porém muitos chamam de
catecumenato todo o processo da iniciação (cf. DNC, nº 36.45-50).
Veja mais na frente: “processo catecumenal”.

Catecúmenos: do grego “catekoúmenoi”: aqueles que recebem a
instrução oral (verbo “catekéo”). Há o catecumenato batismal ou pré-
batismal, para os que ainda não foram batizados; e o catecumenato
pós-batismal, para os que já foram batizados e agora completam ou
refazem o próprio itinerário em direção a um maior compromisso com
sua opção cristã (cf. Estudos da CNBB 97).

Catequizandos : aqueles que já foram batizados e agora se preparam
para receber a Primeira Comunhão Eucarística, a Crisma e demais
sacramentos.

Catequese: propriamente falando é o segundo tempo do
catecumenato, tempo mais longo dedicado ao ensino, à reflexão e
aprofundamento da fé (cf. RICA, nº 7), tempo em que os
catequizandos “recebem formação e exercitam-se praticamente na
vida cristã” (RICA, nº 19); “distribuída por etapas e integralmente
transmitida, relacionada com o ano litúrgico e apoiada nas celebrações
da Palavra, leva os catecúmenos, não só ao conhecimento dos dogmas
e preceitos, como à íntima percepção do mistério da salvação de que
desejam participar” (RICA, nº 19:1). A finalidade da catequese “é
aprofundar e amadurecer a fé educando o convertido para que se
incorpore à comunidade cristã… ela exige contínuo retorno ao núcleo
do Evangelho (querigma), ou seja, ao mistério de Jesus Cristo em sua
Páscoa libertadora, vivida e celebrada continuamente na Liturgia”
(DNC, nº 33). A catequese é precedida do primeiro anúncio (pré-
catecumenato) e sucedida pela formação permanente na comunidade.
Conforme Aparecida a catequese de iniciação é a “maneira ordinária
e indispensável de introdução na vida cristã e como a catequese básica
e fundamental. Depois, virá a catequese permanente que continua o
processo de amadurecimento da fé” (nº 294).

45

Catequese mistagógica: veja “Mistagogia“.

Catequese sacramentalista: concepção equivocada de catequese que
a reduz à preparação dos sacramentos, isolados do resto da vida cristã
(Estudos da CNBB 97, nº 53: toda catequese conduz aos sacramentos,
mas não se reduz a eles, pelo contrário, tem em vista toda a vida cristã.

Competentes: veja “eleitos”.

Conversão: mudança radical de vida”, reconhecer Jesus Cristo como
seu Salvador: At 2.37-41; cf. RICA, nº 1, 4, 6a, 10, 15, 223, 51.

Eleição: rito de eleição, no início da Quaresma: é o momento central
do Catecumenato, pelo qual, após o discernimento (escrutínios)
aqueles que realmente querem receber os sacramentos e se julgados
preparados, são escolhidos (eleitos) para celebrarem os sacramentos.
“Denomina-se eleição porque a Igreja admite o catecúmeno baseada
na eleição de Deus, em cujo nome ela age” (RICA, nº 22; cf. Estudos
da CNBB 97, nº 83).
Eleitos: assim são chamados após a eleição: escolhidos por Deus a
participar de seu Povo, a Igreja de Jesus Cristo. São chamados também
de competentes (cf. RICA, nº 153, nº 155; Est. da CNBB 97, n. 83).

Entregas: ritos de entrega dos documentos-síntese da fé (Símbolo ou
Credo) e da oração cristã (Pai Nosso). “Essas entregas representam a
herança da fé que é passada aos caminhantes. Outros rituais vão
acompanhando o processo” (veja “tradítio” e “reddítio“).

Equipe (Comissão) de Coordenação da Iniciação à Vida Cristã: é
formada pelos encarregados da tradicional preparação ao Batismo, à
Confirmação e à Eucaristia; tal equipe coordenará todo o processo da
Iniciação à Vida Cristã dando unidade a ele. É uma equipe
fundamental para o modo como todo o processo da Iniciação vai ser
vivido (cf. Estudos da CNBB 97, nº 146-148).

Escrutínios: ritos de discernimento com relação ao progresso no
catecumenato e de purificação interior. Também significam exame da
conduta moral (cf. RICA 25: nº 1, 52, 153, 157- 59…; Estudos da
CNBB 97, nº 76; 85; 94).

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Etapa: conforme o RICA são “passos, pelos quais o catecúmeno, ao
caminhar, como que atravessa uma porta ou sobe um degrau” (nº 6).
São as três grandes celebrações que marcam a passagem de um tempo
para o outro, dando o sentido de gradualidade ao processo
catecumenal (cf. Est. da CNBB 97, nº 75).

Exorcismo: rito com a imposição das mãos, pedindo a Deus “a
libertação das consequências do pecado e da influência maligna, para
que os catecúmenos sejam fortalecidos em seu caminho espiritual e
abram o coração para os dons do Senhor” (Estudos da CNBB 97, nº
77;93; cf. RICA, nº 156).

Família: seu papel no processo da Iniciação à Vida Cristã (cf. Estudos
da CNBB 97, nº 133-139).

Garante (veja INSTRUTOR)

Iluminação: assim era chamado o Batismo; é também o tempo de
preparação próxima para recebê-lo: a Quaresma. É o terceiro tempo
do catecumenato, “destinado à mais intensa preparação espiritual”
(RICA final do n. 7; cf. nº 21-22. Cf. Estudos da CNBB 97, nº 84-86).

Iniciação Cristã: é a introdução de alguém no “mistério de Cristo, da
Igreja e dos sacramentos”, por meio da proclamação da mensagem
(querigma), da catequese e dos ritos sacramentais e outras
celebrações. É obra do amor de Deus, por seu Filho no Espírito Santo;
realiza-se na Igreja e pela mediação da Igreja, requer a decisão livre
da pessoa e nela se realiza a participação humana no diálogo da
salvação (cf. Est. da CNBB 97, nº 62- 66; DNC, nº 35-37, nº 45-50).

Iniciático: aquilo que se refere ao processo de iniciação.

Inscrição do nome: é o rito que se realiza por ocasião da “eleição” no
tempo quaresmal. “Chama-se inscrição dos nomes porque os
candidatos, em penhor de sua fidelidade, inscrevem seus nomes no
registro dos eleitos” (cf. RICA, nº 22; 51, 17, 133).

Inspiração catecumenal: um processo de iniciação cristã que, sem
reproduzir estritamente o esquema do catecumenato pré ou pós-
batismal, procura traduzir suas principais características (cf. Estudos

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da CNBB 97). Catequese de inspiração catecumenal é o mesmo que
catequese com dimensão catecumenal, com caráter catecumenal,
cunho catecumenal, feição catecumenal, etc.

Instituição dos catecúmenos: assim pode ser denominado o “rito de
entrada”, ou a primeira grande celebração do catecumenato (cf. RICA,
nº 6, 14, 50, 60…).

Introdutor (no Ritual da Iniciação Cristã de Adultos, repassado
para as pastorais, o termo instrutor é grafado como “garante”):
alguém da comunidade cristã que introduz na vida da Igreja e
acompanha o(a) catecúmeno(a): “homem ou mulher, que o conhece,
ajuda e é testemunha dos costumes, fé e desejo do catecúmeno”
(RICA, nº 42; cf. Estudos da CNBB 97, nº 127-130; 78; 91b; 124).

Ministros ordenados: ministros que, pelo sacramento da Ordem, são
os primeiros responsáveis pelo processo de iniciação na comunidade:
o Bispo, presbíteros e diáconos (cf. Estudos da CNBB 97, nº 151-154;
DNC, nº 248-251; 324-325, 327, 329).

Mistagogia: a palavra significa “introdução ao mistério”; na verdade
toda catequese é mistagógica; porém, no processo catecumenal, é o
último tempo da iniciação, durante o período pascal: visa ao progresso
no conhecimento do mistério celebrado através de novas explanações,
e ao começo da participação integral na comunidade; é o
prolongamento da experiência dos iniciados (cf. Estudos da CNBB
97, nº 88-89; cf. RICA, nº 7d,37-40, 237; DNC, nº 46c). Célebres são
as “catequeses mistagógicas” dos Santos Padres (Estudos da CNBB
97, nº 153).

Mistagogo: à semelhança da palavra pedagogo, é aquele que introduz
o catecúmeno ou catequizando nos mistérios da fé; todos que
trabalham no processo catecumenal são mistagogos: ministros
ordenados, catequistas, introdutores, pais, padrinhos…

Mistério: palavra grega (mystérion) usada no Novo Testamento para
designar o plano de salvação que o Pai realizou em Cristo Jesus,
principalmente por sua Morte e Ressurreição; por consequência,
mistério é tudo o que a Igreja realiza para manifestar e realizar essa

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salvação divina ao longo da História, sobretudo os sacramentos (a
palavra latina sacramento é tradução da palavra grega mystérion). A
iniciação cristã é sempre iniciação aos mistérios de Cristo Jesus e de
sua Igreja, através, sobretudo, do exercício da vida cristã e da
celebração dos sacramentos (cf. Estudos da CNBB 97, nº 37-39;52-
54; DNC, nº 35-37, 45-50, 14g, 33, 60, 117-122).

Mistérico: aquilo que se refere ao mistério.

Modelo catecumenal: o mesmo que “catequese de inspiração
catecumenal” (veja acima “inspiração catecumenal”; cf. Estudos da
CNBB 97, nº 95).

Neófitos: o mesmo que recém iniciados na fé ou recém batizados.

Padres da Igreja ou Santos Padres: assim são denominados os
escritores antigos que viveram entre os séculos I a VII dC e se
distinguiram como mestres da fé e promotores da unidade da igreja.
Sua doutrina é reconhecida pela Igreja como ortodoxa, verdadeira (cf.
Estudos da CNBB 97, nº 44;153).

Padrinho/madrinha: pais espirituais da fé; “entre suas tarefas há o
acompanhamento para ajudar o catecúmeno a viver o Evangelho,
auxiliá-lo nas dúvidas e inquietações, velar pelo seu crescimento na
fé, na fraternidade, na vida de oração, no interesse pela comunidade e
pelo Reino de Deus” (Estudos da CNBB 97 e cf. RICA, nº 43).

Processo Catecumenal: o mesmo que “catecumenato”: os
procedimentos, práticas, ritos e celebrações que constituem a
autêntica iniciação à vida cristã. Conforme o catecumenato antigo, o
processo catecumenal é constituído em 4 tempos: pré-catecumenato,
ca leeu menato, purificação-iluminação e mistagogia; e três grandes
celebrações: admissão ao catecumenato, preparação para os
sacramentos (eleição) e celebração dos três sacramentos da iniciação.

Pré-catecumenato: é o primeiro tempo do catecumenato: um espaço
indeterminado de tempo para o acolhimento na comunidade cristã, o
primeiro anúncio (querigma) ou evangelização e uma primeira adesão
à fé (cf. RICA, nº 7a, 9-13; Estudos da CNBB 97).

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Purificação: Iluminação: é o terceiro tempo do catecumenato, que se
inicia com a segunda grande celebração (segunda etapa): é o tempo
consagrado para preparar mais intensamente o espírito e o coração dos
catecúmenos/catequizandos para celebrarem os sacramentos. “Nessa
etapa, a Igreja procede à “eleição” ou seleção, e admite os
catecúmenos que se acham em condições de participar dos
sacramentos da iniciação nas próximas celebrações” (RICA, nº 22; cf.
Estudos da CNBB 97, nº 84-86).

Querigma: originalmente significava “proclamação em alta voz” ou
anúncio. No Novo Testamento é o anúncio central da fé, o núcleo de
toda mensagem cristã, a boa notícia da salvação (evangelho). O
querigma é tão importante na evangelização, que muitas vezes se torna
sinônimo dela, embora seja apenas um dos seus aspectos (o mais
importante). Veja também abaixo: “querigmático”.

Querigmático: tudo o que se refere ao anúncio essencial da fé; o pré-
catecumenato consiste basicamente nesse “anúncio essencial ou
central da fé”.

Reddítio: em latim significa “devolução”: o catecúmeno, uma vez que
recebe os principais documentos da fé (tradítio) “devolvia” essa
mensagem recebida à comunidade em forma de vivência cristã,
práticas evangélicas assimiladas em sua própria maneira de ser (cf.
DNC, nº 39, principalmente sua nota 14). Veja traditio.
Religiões iniciáticas: religiões que na antiguidade ou ainda hoje
praticam os ritos de iniciação. “O cristianismo foi até confundido com
uma das tantas religiões iniciáticas que pululavam o Oriente Médio.
Mas ele era algo muito mais profundo: para participar do mistério de
Cristo Jesus é preciso passar por uma experiência impactante de
transformação pessoal e deixar-se envolver pela ação do Espírito”
(Estudos da CNBB 97, nº 41).

RICA: é a sigla do Ritual de Iniciação Cristã dos Adultos destinado à
celebração do Batismo de Adultos, o que por sua vez requer série
preparação, ou catecumenato. O RICA oferece pistas para o processo
catequético catecumenal, ajudando os adultos para que iluminados

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pelo Espírito Santo, conscientes e livres, procurem Jesus vivo através
do caminho da fé e o da conversão.

Rito: Conjunto de gestos, orações, fórmulas litúrgicas, sinais e
símbolos expressando na celebração uma realidade que não se quer
significar. E o conjunto das cerimônias próprias de uma igreja ou
religião.

Sacramento: tradução latina da palavra grega mystérion (cf. Estudos
da CNBB 97, nº 52); 6 um sinal visível de uma realidade invisível. O
sacramento por excelência é Jesus Cristo, a Igreja é Sacramento de
Jesus Cristo, e os sete sacramentos expressam a ação salvadora de
Jesus hoje através da Igreja. Os sacramentos são “momentos
culminantes da participação no mistério de Cristo. O Vaticano II
afirma que a liturgia, por ser celebração dos sacramentos, é cume e
fonte da vida cristã” (Estudos da CNBB 97, nº 56). Veja acima a
palavra mistério.

Sacramentalismo – É uma prática equivocada da fé. A preocupação
primeira de uma paróquia sacramentalista é o número de pessoas que
recebem o sacramento e não o como estas pessoas vivem os
sacramentos. Pessoas que vivem em paróquias sacramentalistas não
deixam que o Evangelho renove suas vidas e por isso não conseguem
ter um verdadeiro encontro com o Senhor Jesus.

Sacramentos da Iniciação: são os sacramentos do Batismo, Crisma
e Eucaristia que, na tradição antiga, eram recebidos simultaneamente,
após um longo período de catecumenato (cf. DNC, nº 35). “Os três
sacramentos da iniciação, numa unidade indissolúvel, expressam a
unidade da obra trinitária na iniciação cristã: o Batismo nos torna
filhos do Pai, a Eucaristia nos alimenta com o Corpo de Cristo e a
Confirmação nos unge com unção do Espírito” (Estudos da CNBB 97,
nº 63). Hoje a Igreja pede que se recupere essa unidade dos três
sacramentos.

Símbolos: em grego synballon, significa colocar junto, confrontar.
Mostra as relações entre dois elementos da realidade: um objetivo e
outro subjetivo. O símbolo evoca, por meio de um objeto ou sinal um
outro significado de algo que ele deseja expressar, como acontece por

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exemplo, com a bandeira, a cruz… e todos os símbolos cristãos, (cf.
Estudos da CNBB 97, nº 12; 53; 74). Muitas vezes a palavra Símbolo
designa também o Símbolo dos Apóstolos ou Credo (cf. RICA, nº
25,26,33,57).

Sinais: é a associação de duas realidades concretas unidas por uma
conexão natural ou convencional que leva a um determinado sentido
ou realidade (cf. RICA, nº 215, 258, 349).

Tempo: no catecumenato “tempo” é o período em que transcorrem as
quatro grandes partes do processo de iniciação à vida cristã: o pré-
catecumenato, o catecumenato, a purificação iluminação e a
mistagogia. Entre um tempo e outro há as etapas ou grandes ritos de
passagem (cf. RICA, nº 6-7; Estudos da CNBB 97, nº 72; 153; DNC,
nº 46).

Tradição: em latim “traditio” vem do verbo “tradere”, que significa
“entregar, transmitir, passar adiante”. Na linguagem teológica, a
Tradição (com T maiúsculo) é o processo pelo qual o conteúdo da
verdade revelada é transmitido às diversas gerações e ambientações
culturais, empregando palavras e normas diversas, mas conservando
sempre a sua essência, e tendo a chancela da autoridade dos sucessores
dos Apóstolos.

Traditio: em latim significa “entrega”: num rito durante o
catecumenato a comunidade entrega ao catecúmeno ou catequizando
os “tesouros da fé” ou seus principais documentos da fé: Bíblia, Credo
e Pai-nosso. Veja acima a palavra “entrega”.

ANEXO 2
Um Ícone Bíblico: O encontro de Jesus e a Samaritana
Se os Atos dos Apóstolos inspiram a metodologia do processo
catecumenal, a narrativa do evangelista João do encontro de Jesus com
a Samaritana no poço de Jacó dá a base da espiritualidade da ação
evangelizadora. Desejam os Bispos que os cristãos encontrem no
relato deste encontro a motivação necessária para a renovação da
espiritualidade da ação pastoral das paróquias. Portanto, não se trata
somente de uma reformulação da prática catequética, mas sim de uma

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mudança de atitude de toda a ação evangelizadora paroquial. Vamos
ler e refletir este divino encontro de Jesus com a mulher sedenta de
uma água nova, água da vida.

Deixemo-nos iluminar por uma página do Evangelho:
o encontro de Jesus com a mulher samaritana (Jo 4,5-42)

11. Não há homem ou mulher que, na sua vida, não se
encontre, como a mulher da Samaria, ao lado de um poço com uma
âncora vazia, na esperança de encontrar que seja satisfeito o desejo
mais profundo do coração, o único que pode dar significado pleno à
existência. Esperamos que o encontro de Jesus com a Samaritana
ilumine nossas reflexões sobre a Iniciação à Vida Cristã, animando-
nos a dar novos passos no caminho de nossa ação evangelizadora.

12. É verdade que nos Evangelhos, como nos demais textos do
Novo Testamento, há muitos exemplos inspiradores que podem ajudar
a perceber os processos de iniciação ao discipulado de Jesus. Podemos
recordar alguns:
12.1- os primeiros chamados (Mc 1,16-20);
12.2- Pedro, quando convidado a avançar para as águas mais
profundas (Lc 5,1-11);
12.3- a narrativa sobre Zaqueu (Lc 19,1-10);
12.4- a experiência dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35);
12.5- Até o caso do jovem rico, seguido do diálogo de Jesus
com os discípulos (Mt 19,16-30) pode ser lembrado como um caso
fracassado de iniciação ao seguimento.

13. Aqui vamos refletir sobre o texto da Samaritana, que nos
mostra como um encontro com Jesus muda a própria vida e atinge
outras vidas, porque quem descobre essa presença salvadora não a
guarda só para si. Vai levá-los a outros. Convidamos, pois, o leitor (a),
a contemplar esse encontro transformador. Um diálogo profundo,
fundado na verdade, carregado de esperanças e de promessas, atento
aos anseios das pessoas, ao respeito por elas e suas buscas.

PRIMEIRO PASSO: o encontro – Dá-me de beber (Jo 4,7)

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14. Já em um primeiro olhar, quem lê o texto de Jo 4,1-42
talvez pense que o pedido de Jesus tinha, como expectativa, apenas
um simples gesto de cortesia da parte daquela mulher samaritana, que
viera ao poço de Jacó retirar água para suas necessidades. Porém, um
leitor mais atento, conhecedor dos capítulos anteriores, sabe quem é
aquele homem que pede água para beber. Ele é a Palavra que se fez
carne e veio morar entre nós (Jo 1,14), o Cordeiro de Deus, aquele que
tira o pecado do mundo (Jo 1,29); é aquele que Natanael chamou de
Filho de Deus (Jo 1,49) e é o mesmo que, em Caná da Galiléia,
oferecera o vinho bom aos convivas e os discípulos creram nele (Jo
2,1-11).

15. Um dos versículos iniciais diz que “(…) era preciso passar
pela Samaria” (Jo 4,4). A expressão “era preciso”, quando empregada
pelos evangelistas, aponta para um desígnio de Deus. Na realidade,
havia outros caminhos para chegar à Galileia, evitando a região da
Samaria. Mas Deus quer que seu Filho passe por lá, justamente pela
região em que viviam os considerados distantes do verdadeiro culto.
E o que se afigura como um simples pedido por água para beber, dá
início a um impressionante diálogo, em que a “água”, os “maridos” e,
por fim, “o culto verdadeiro”, a ser prestado a Deus ganham um
significado especial.

16- Jesus, cansado da viagem, vai sentar-se junto ao poço. Era
meio-dia. Os discípulos tinham ido à cidade providenciar o almoço.
Justamente naquela hora, chega uma samaritana para buscar água (Jo
4,6-7). O “poço”, desde o Antigo Testamento, é um lugar de encontros
que suscitam belas experiências de comunhão amorosa. No tempo de
Jesus, naquela cultura, era incomum um homem pedir água para beber
a uma mulher, mais ainda se samaritana, filha de um povo cuja
religiosidade era malvista. Tudo sugeria adversidade recíproca,
pluralismo, diferença, contraste. Mas Jesus se apresentou com sede.
Dar de beber era símbolo de acolhimento. A sede de Jesus é o seu
desejo de nos ver seguindo seu caminho.

17- A Samaritana se surpreende com a solicitação. Afinal,
segundo o costume da época, não era esperado que judeus e
samaritanos tivessem um bom relacionamento. Mas o evangelista quer

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mostrar a disposição de Jesus em revelar-se àquela mulher. Ele se
apresenta reconhecendo, primeiramente, que ela pode oferecer-lhe
algo que está precisando. E o que Jesus precisa, ainda hoje, é que todos
nós conheçamos o dom de Deus em nossas vidas.

SEGUNDO PASSO – o diálogo – “Se conhecesses o dom de
Deus” (Jo 4,10)

18- São muitas as barreiras sociais, culturais, religiosas,
políticas presentes naquele encontro. Tudo, portanto, sugere mais
desencontro que diálogo. O evangelista, porém, quer que o leitor
perceba a disposição de Jesus em dialogar com a Samaritana. Para
tanto, era preciso superar as distâncias. Então, eis que Ele apresenta
àquela mulher “distante” três grandes possibilidades: o dom de Deus,
a água viva e quem naquele momento oferece graça (Jo 4,10). E o que
parecia ser uma cena de muitas suspeitas (um homem e uma mulher,
um judeu e uma samaritana; dois desconhecidos, próximos de um
poço; ela sem nome), torna-se um encontro entre a necessidade
humana e a gratuidade de Deus.

19- É digno de nota o emprego repetido do verbo “conhecer”.
Nossas traduções empregam-no, por vezes, com sentido de “saber”. A
Samaritana, por exemplo, “sabe” que virá um Messias e que Ele tudo
anunciará (Jo 4,25). Todavia, seu saber é apenas uma informação. Mas
“conhecer”, no sentido pretendido pelo evangelista, é muito mais: é
experenciar, é viver o encontro pessoal, é deixar-se marcar pela
presença da pessoa encontrada. A Samaritana ainda não “conhece” o
dom, nem quem é aquele que o pode dar. Tampouco sabe o que pedir,
mas vai viver uma experiência transformadora, vai conhecer a
verdadeira “água viva”. Todavia, é preciso que o diálogo começado
avance.

20- Nem tudo é compreendido em um primeiro momento. A
mulher questiona Jesus: de onde poderia vir aquela tal “água viva”, se
ele não tem vasilha e o poço é profundo? Por agora, há uma série de
questões que lhe fogem à compreensão. Ela ainda não conhece outra
água, a não ser aquela do poço. Por estar apenas no início do encontro,
há mais perguntas do que percepções. Também o “dom de Deus”,

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associado à água viva merece um olhar atento. O “dom” que ela
conhecia era apenas aquele de Jacó (“que nos deu este poço”). Como
desconhece o sentido da água viva, tampouco ela é capaz dos meios
para dispor dessa água. Soa-lhe estranho que Jesus fale de água, mas
sem vasilha em um poço profundo (v.11).

21- Na tradição bíblica, o simbolismo da água é muito rico:
além de restaurar, purificar, produzir frutos, faz lembrar o Espírito de
Deus (Is 44,3-4); simboliza também a salvação (Is 12,3; Ez 47, 1-12).
O próprio Deus é apresentado como “fonte de água viva” (Jr 2,13). A
Samaritana ainda não consegue alcançar o sentido das palavras de
Jesus. No entanto, ela se mostra interessada na conversa. Por isso
mesmo, sente-se encorajada a fazer algumas perguntas. O encontro
está apenas começando.

22- A Samaritana tem uma interrogação “(…) de onde, pois,
tiras essa água viva?” (Jo 4,11). Esse “de onde” aparece outras vezes
no Evangelho de João. Em Caná, os serventes sabiam “de onde” viera
o vinho bom, pois tinham “feito tudo o que Jesus lhes dissera” (Jo
2,9). Nicodemos não sabia “donde” vinha o vento; tampouco lhe seria
possível “nascer do Espírito”, sem “conhecer Jesus” (Jo 3,1-21).
Agora é a Samaritana a indagar “de onde” pode vir a “água viva”.

1.3- TERCEIRO PASSO: conhecer Jesus – “Quem beber da
água que eu lhe darei, nunca mais terá sede” (Jo 4,14).

23- A Samaritana conhecia apenas o dom de Jacó (Jo 4,12: “ele
nos deu este poço”). Não lhe fora apresentado, até então, um outro
dom, uma “outra água”. Ela sabe que onde não há água, não há vida.
Mas Jesus fala de outra “água viva” que efetivamente atenda à nossa
verdadeira sede de estar com Deus. Isso só acontece em um encontro
pessoal com Ele, em um novo caminho, que Jesus revela.

24- A água que Jesus oferece é dada gratuitamente. Basta
aceitá-la. Mais ainda: quem assim fizer, também se tornará fonte. A
água do poço sacia momentaneamente. A que Jesus oferece, faz do
sedento “uma fonte de água, jorrando para a vida eterna” (Jo 4,14). Há
um sentido mais pronunciado de abundância, de transbordamento e de

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movimento. Tudo isso se contrapõe à água estagnada, sem
dinamismo, sem vida.
25- A oferta de Jesus e sua promessa de vida despertaram o
anseio da mulher: “Senhor, dá-me dessa água para que eu não tenha
mais sede, nem tenha de vir aqui para tirá-la!” (Jo 4,15). Ela tem agora
o desejo da nova fonte. Embora tudo pareça novidade à Samaritana, o
leitor já pode perceber os sinais para onde aponta aquele encontro. E
também o sentido daquela “água viva”. Sem muita demora, ela mesma
ouvirá de seus conterrâneos que reconhecem naquele homem o
Salvador do mundo (v. 42). O dom de Deus aponta para algo
vinculado à salvação. Por enquanto, a mulher e, depois, os
samaritanos estão maravilhados. O leitor, por sua vez, é convidado a
continuar a busca. Como poderia aquela mulher, se bebesse da água
que Jesus lhe daria, tornar-se fonte de água abundante a jorrar para a
vida eterna? A resposta começará a aparecer em Jo 7,37-39. Lá,
retornará o tema da sede humana. Para saciar-se, será preciso crer. Os
samaritanos creram. Mas ao leito, virão proposições ainda mais
explícitas: a água viva é o Espírito que receberiam os que
acreditassem. A Samaritana e os leitores do Evangelho são
interpelados a continuar o diálogo.

26- A mulher descobre que, para receber da nova água/vida, é
preciso tomar consciência dos próprios descaminhos das infidelidades
e dos pecados. Em sua narrativa, o evangelista faz entrar, de modo
inesperado, a temática dos maridos da Samaritana (Jo 4,16). Parece
uma mudança abrupta de assunto, mas, quando se trata de “água viva”,
o confronto com o passado, a partir do encontro com Jesus, requer
outra direção quanto ao hoje e ao futuro. É preciso mudança de vida.
É preciso conversão. Ora, a aliança com Deus é, muitas vezes,
simbolizada pelo casamento. Assim, os “maridos” podem representar
aspectos desviados (idolatrias) da religião praticada na Samaria. Isso
faria parte da história de um povo que se distanciou de seu Deus, mas
que, mesmo assim, busca-o com sinceridade. Os muitos ídolos não
saciaram, e o povo voltou a “ter sede”. Jesus apareceu na história
daquela mulher / daquele povo, como a nova fonte, fonte de uma nova
água. E ele vai revelar o verdadeiro “marido” e, como consequência,

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a verdadeira adoração em espírito e verdade. Tudo em vista de uma
nova vida.

1.4- QUARTO PASSO: a revelação – “Sou eu que estou falando
contigo” (Jo 4,26)
27- A mulher (que representa o povo samaritano) reconhece
em Jesus “um profeta”. Ela descobrira que, na fala de Jesus, sua
própria história repleta de “muitos maridos”, era interpretada, na
perspectiva da Misericórdia de Deus. Não havia condenação. Não
havia juízos ante os erros, Diante da atitude acolhedora de Jesus,
sentiu-se encorajada a abordar o tema do culto verdadeiro em
Jerusalém ou em Samaria? Onde Deus poderia ser encontrado? Tudo,
porém, ainda se apresentava em quadros restritos de culto de templo.
Para Jesus, é fundamental dar um novo passo. Em suas palavras, Deus
recebe um nome novo. Pais (Jo 4,21). É esta a razão pela qual
encontrá-lo não depende de lugar e/ou de formato de culto. O que
conta é que sejam adoradores do Pai, em espírito e verdade (Jo 4,23-
24).

28- Para aquela samaritana chegar a “hora”. Até então era
excluída; agora Ele a faz saber que pode ser incluída entre os
“adoradores que o Pai procura” (Jo 4,23), que encontrá-la é anseio do
Pai. É admirável sua reação: confessa-se disposta a aceitar o Messias,
quando Ele chegar (Jo 4,25). Na mente dos samaritanos, o Messias
esperado teria a função de revelar a verdade de Deus (Jo 4,25: “quando
Ele vier, nos fará conhecer todas as coisas”). Embora ainda não tivesse
reconhecido quem era Jesus, compreendera que suas palavras
anunciavam dias de graça; eram os tempos messiânicos. Estavam,
pois, preparados o ambiente, o clima, as condições para que Jesus se
identificasse e se revelasse.

29- As duas breves frases pronunciadas por Jesus, mas de
pleno significado, dizem tudo: “Sou eu que estou falando contigo” (Jo
4,26). Chega-se aqui ao ápice daquele encontro. Ela, até então, falara
do Messias. Agora fala diretamente com Ele, em pessoa. O que antes
era esperança mal definida, agora é presença, é pessoa encontrada. Até
o cântaro para levar água, antes um instrumento indispensável para
saciar a sede da água do poço, agora perde relevância. Aquele cântaro

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apontava para um cotidiano escravizador. Agora, a mulher descobrira
que sua fonte de vida vem não do poço, mas de Jesus, que se
aproximara e se deixara encontrar.
30- Ao ouvir a expressão “sou eu”, certamente afloraram na
mente da Samaritana as antigas experiências de libertação. Outror
Deus se apresentara como libertador (Ex 3,14: “Eu sou”). Uma nova
história de liberdade pode estar começando. Mas o leitor tem uma
grande vantagem em relação à Samaritana. Essa expressão poderá lhe
ressoar ainda muitas vezes. Se continuar o diálogo com Jesus, vai
ouvi-lo dizer “Eu sou o pão vivo” (Jo 6,35); “Eu sou o bom pastor”
(Jo 10,11); “Eu sou a ressurreição e a vida” (Jo 11,25); “Eu sou o
caminho, a verdade, a vida” (Jo 14,6); “Eu sou a videira” (Jo 15,1).
Ao falar, as possibilidades são muito maiores que à Samaritana.

1.5 – QUINTO PASSO: o anúncio – “Vinde ver (…) não será ele
o Cristo?” (Jo 4,29)
31- Já por várias vezes, o leitor de João se deparou com frase
semelhante: “Vinde ver” (João 1,39); “Vem e vê” (Jo 1,46). Os
convidados foram, viram e permaneceram com Ele. Algo semelhante
aconteceu com aquela mulher da Samaria. O que ela comunica aos
seus resulta de uma experiência viva e pessoal. No quarto Evangelho,
quando usados juntos, os verbos “vir” e “ver” apresentam uma
verdade de fé, possível de ser conhecida somente através da
experiência. De fato, aproximar-se de Jesus e “vê-lo” é momento
fundamental, indispensável, para a adesão amadurecida a ele. Não há
outro caminho, a não ser o encontro pessoal, para tê-lo como Senhor.
Isso valeu para aqueles samaritanos e continua valendo para nós hoje.

32- É interessante ainda comparar a mulher com outros
discípulos. Ela “diz” às pessoas da cidade: “vinde ver um homem que
medisse tudo o que eu fiz” (Jo 4,29). Algo muito semelhante dissera
André a seu irmão Simão (Jo 1,41). Fora assim também entre Felipe e
Natanael (Jo 1,45). Nos três casos, eles e elas se maravilharam com o
Senhor e foram comunicar isso a outros. Tal maravilha suscita nela a
esperança: “Não será ele o Cristo?” (Jo 4,30). Seu conhecimento
acerca daquele “homem” estava apenas no início, mas ela já sentia o
desejo de propor a outros a mesma experiência.

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33- Do mesmo modo que ela, os samaritanos têm sede.
Percebem, também eles, pelo anúncio daquela mulher, que algo de
essencial lhes faltava. Daí a resposta imediata que lhes dão: “saíram
da cidade ao encontro de Jesus” (Jo 4,30). Para melhor compreender
o sentido e o alcance do movimento daqueles samaritanos que partem
ao encontro de Jesus, recordemos que Natanael veio ao encontro de
Jesus e, em seguida, tornou-se discípulo (Jo 1,45-51). Esse é o mesmo
movimento realizado agora pelos samaritanos: “foram ao encontro de
Jesus”, a fonte de água viva que ela quis partilhar com eles.

1.6- SEXTO PASSO: o testemunho – “Nós mesmos ouvimos e
sabemos (…) é verdadeiramente o Salvador do mundo” (Jo 4,42)
34- Muitos samaritanos “creram em Jesus por causa da palavra
da mulher que testemunhava” (Jo 4,39). A fé em Jesus nasce de um
encontro com Ele. Mas tudo começou com um testemunho. Eles,
sedentos, partem e, depois de estar com ele, não querem que se vá:
“pediam que permanecesse cm eles” (Jo 4,40). Tudo muito
semelhante ao que ocorrera com os primeiros discípulos: “foram,
viram onde morava e permaneceram com ele aquele dia” (Jo 1,39).
Foi um novo passo, uma resposta de fé, uma nova progressão no
caminho do discipulado.

35- Jesus permaneceu com eles dois dias. “Permanecer” indica
a continuidade, indispensável na alimentação da fé. Foram dias ricos
de belas experiências. Mas o processo não parou aí. O texto diz:
“muitos (…) acreditaram (…) por causa da palavra da mulher” (Jo
4,39). É a valorização do testemunho e do anúncio.
A seguir, porém, a mesma experiência revela motivos mais
profundos: “muitos outros ainda creram por causa da palavra dele” (Jo
4,41). É o encontro pessoal. Viveram uma experiência pessoal, que é
a base da fé e que vai gerar um processo de contínuo crescimento.

36- O primeiro anúncio abriu caminhos para uma adesão que
gerou vida nova aos discípulos. O que se iniciara por uma experiência
pessoal e individual, desdobrou-se em vivência de comunidade de fé.
São eles, os samaritanos, a dizer à mulher: “(…) este é
verdadeiramente o Salvador do mundo” (Jo 4,42). Ela lhes havia

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apresentado Jesus. A comunidade ajudou-a a reconhecer o Salvador
do mundo. Aconteceu uma bela experiência de fé partilhada.

37- Esse encontro de Jesus com a Samaritana é exemplo
perfeito da maneira como Ele se faz conhecer àqueles que o procuram.
Ele se faz conhecer progressivamente, como acontece na Iniciação à
Vida Cristã. Lentamente, a mulher vai descobrir quem é Jesus. No
início do diálogo, Ele era simplesmente um “judeu” (Jo 4,9), depois
ela descobre que é “um profeta” (Jo 4,19), quando lhe diz que
precisamos adorar Deus em espírito e verdade, o próprio Jesus revela
que é o “Messias” (Jo 4,26). No final do encontro, os samaritanos o
reconhecem como “Salvador” (Jo 4,42), ponto de chegada da
revelação.

38- “Como Jesus no poço de Sicar, também a Igreja sente que
deve sentar-se ao lado dos homens e mulheres deste tempo, para tornar
presente o Senhor na sua vida, para que possam encontrá-lo, porque
só o seu espírito é água que dá a vida verdadeira”. Nesse sentido, é
que entendemos que um processo consistente de Iniciação à Vida
Cristã, é indispensável ao tipo de missão que os novos interlocutores
de hoje estão pedindo à nossa Igreja.