Conceitos de Gramática.pptx

JacksonCiceroFranaBa 259 views 14 slides Apr 10, 2023
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Capítulo do livro "Manual de linguística", de Mário Martelotta.


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Conceitos de Gramática Martelotta o (2012) Prof. Dr. Jackson Cícero França Barbosa DL/CH/UEPB Sexta 5

1 [...] os falantes não combinam os elementos do modo como querem, já que sua língua apresenta restrições quanto a esse processo. Quando pretendemos, por exemplo, utilizar a desinência -s para designar o plural de um vocábulo em português, sabemos que devemos encaixá-la no final desse vocábulo, e não no início ou no meio(casa/casas).Restrições de combinação desse tipo existem em todos os níveis gramaticais e se aplicam a todos os elementos linguísticos. Vejamos como isso ocorre no nível da frase: a) O aluno trabalho o trabalho b) O trabalho o aluno entregou c) ?Entregou o aluno o trabalho. d) *Aluno o entregou trabalho o

Neste ponto já sabemos que os falantes não combinam unidades de qualquer modo. Eles seguem tendências de colocação que parecem estar associadas ao conhecimento geral que possuem de sua própria língua, que lhes permite formular e compreender frase sem contextos específicos de comunicação. Resta agora saber qual é a natureza desse conhecimento ou, mais especificamente, dessas restrições de combinação. Desde a Antiguidade Clássica, os estudiosos da linguagem vêm sugerindo interpretações que reflitam a natureza e funcionamento das línguas, bem como propostas de sistematização descritiva apoiadas nessas interpretações. Com a evolução dos estudos linguísticos, essas interpretações foram sendo aperfeiçoadas, abandonadas e até mesmo retomadas em função de novas descobertas científicas. O conjunto dessas interpretações e descrições acerca do funcionamento da língua recebe o nome de gramática. 2

3 Aqui é importante fazermos uma distinção entre dois sentidos do termo gramática". Por um lado, esse vocábulo pode ser usado para designar o funcionamento da própria língua, que é o objeto a ser descrito pelo cientista. Nesse sentido, gramática diz respeito ao conjunto e à natureza dos elementos que compõem uma língua e às restrições que comandam sua união para formar unidades maiores nos contextos reais de uso. Por outro lado, o termo é utilizado para designar os estudos que buscam descrevera natureza desses elementos e suas restrições de combinação. Nesse segundo sentido, "gramática' se refere aos modelos teóricos criados pelos cientistas a fim de explicar o funcionamento da língua. Quando aqui falarmos em concepções de gramática, como a gramática tradicional, a gramática histórico-comparativa, entre outras, estaremos utilizando o segundo sentido.

Gramática Tradicional A gramática tradicional, também chamada de gramática normativa ou gramática escolar, é aquela que estudamos na escola desde pequenos. Nossos professores de português nos ensinam a reconhecer os elementos constituintes formadores dos vocábulos (radicais, afixos, etc.), a fazer análise sintática, a utilizar a concordância adequada, sempre recomendando correção no uso que fazemos de nossa língua. Entretanto, raramente nos é dito o que é esse estudo, qual sua origem, como ele se desenvolveu e com que finalidades. Tentaremos aqui, de modo bastante resumido, suprir essas informações, buscando argumentar que, principalmente por apresentar uma visão preconceituosa do uso da linguagem, a gramática tradicional não fornece ao estudioso da linguagem uma teoria adequada para descrever o funcionamento gramatical das línguas. A chamada gramática tradicional, utilizada como modelo teórico para a abordagem e o ensino da nossa língua nas escolas, tem origem em uma tradição de estudos de base filosófica que se iniciou na Grécia antiga.

Gramática Tradicional Os filósofos gregos se Interessaram por estudar a linguagem, entre outros motivos, porque queriam entender alguns aspectos associados à relação entre a linguagem, o pensamento e a realidade. Desse modo, os gregos discutiram questões como, por exemplo, a relação entre as palavras e as coisas que elas designam: alguns viam nas palavras a imagem exata do mundo, outros, vendo-as como criações arbitrárias dos seres humanos, consideravam-nas incapazes de refletir, de modo perfeito, a realidade.

Gramática histórico-comparativa Na primeira metade do século XIX, toma força na Alemanha uma tendência nova de estudar as línguas chamada de gramática histórico-comparativa, que pode ser definida, em linhas gerais, como uma proposta de comparar elementos gramaticais de línguas de origem comum a fim de detectar a estrutura da língua original da qual elas se desenvolveram. Essa nova abordagem dos fenômenos da linguagem surgiu a partir da constatação da grande semelhança do sânscrito, língua antiga da Índia, com o latim, com o grego e com uma grande quantidade de línguas europeias. Essa semelhança pode ser ilustrada com os termos correspondentes ao sentido da palavra portuguesa "mãe' (mulher que gera filhos): maatar , em sånscrito ; māter , em latim; mēter , em grego; mother , em inglês, mutter , em alemão.

Gramática histórico-comparativa Considera-se que essa tendência marca o início de uma nova ciência, a linguística, já que pela primeira vez um grupo de cientistas se interessa por analisaras características inerentes às línguas naturais, sem interesses filosóficos ou normativos, mas observando critérios estritamente linguísticos. O interesse em analisar a estrutura das diferentes línguas surgiu, principalmente, a partir de Gottfried Wilhelm von Leibniz, filósofo e matemático alemão que, no início do século XVII, chamou atenção para a necessidade de se estabelecer em estudos comparativos sobre as línguas, abandonando ideias preconcebidas acerca da essência da linguagem. Isso viria a dar o caráter empírico - e, ao mesmo tempo, comparativo - que marca as pesquisas linguísticas do século XIX .

Gramática histórico-comparativa Costuma-se dizer também que a gramática histórico-comparativa se desenvolveu em função dos seguintes fatores: O surgimento do Romantismo naAlemanha , [...] O sentimento romântico levou os primeiros comparatistas a tentar reconstruir, através do método comparativo, um estado de língua original, considerado idealmente perfeito em função de uma concepção da época de que a mudança era uma espécie de degeneração de um estado de língua primitivo [...] b) A descoberta do sânscrito, antiga língua da India , que se mostrou muito, parecida com as línguas da Europa. [...] c) OsurgimentodasideiasdeDarwin,quetiveraminfluênciasobreopensamento científico da época. Seguindo a tendência de incorporar as novas descobertas das ciências naturais, alguns linguistas adotaram inicialmente as concepções darwinianas sobre aorigemdasespéciese aseleção-natural,queexplicariamasmudançasnas línguas, assim como seu desaparecimento.-

Gramática histórico-comparativa c) O surgimento da ideias de Darwin, que tiveram influência sobre o pensamento científico da época. Seguindo a tendência de incorporar as novas descobertas das ciências naturais, alguns linguistas adotaram inicialmente as concepções darwinianas sobre a origem das espécies e a seleção-natural, que explicariam as mudanças nas línguas, assim como seu desaparecimento.

Gramática Estrutural A tendência de analisar as línguas, conhecida como gramática estrutural, ou estruturalismo, se desenvolveu na primeira metade do século XX, sob a influência das ideias de Ferdinand de Saussure, divulgadas através da publicação póstuma de seu livro, o Curso de linguística geral. Essas ideias revolucionaram os estudos da época, dando às pesquisas em linguística, sobretudo na Europa, uma nova direção, distinta da que caracterizava a gramática histórico-comparativa. Nos Estados Unidos, estruturalismo se desenvolveu através do trabalho de Leonard Bloomfield (ver o capítulo "Estruturalismo"). Assim como ocorre, de um modo geral, com as escolas linguísticas, a gramática estrutural não constitui um movimento unificado. Entretanto, podemos caracterizar essa escola, em linhas gerais, com no uma tendência de descrever a estrutura gramatical das línguas, vendo-as como um sistema autônomo, cujas partes se organizam em uma rede de relações de acordo com leis internas, ou seja, inerentes ao próprio sistema. Para compreendermos bem essa definição, é interessante lembrarmos a distinção entre langue e parole" proposta por Saussure, que, como vimos, é o precursor dessa tendência nos estudos da linguagem.

Gramática Estrutural Desenvolvendo um pouco mais essa noção tão importante para a compreensão da concepção estrutural de gramática, podemos relacionar a concepção saussuriana de sistema a três aspectos importantes: a existência de um conjunto de elementos; b) o fato de que cada elemento só tem valor em relação a outros, organizando-se solidariamente em um todo, que deve sempre ter prioridade sobre as partes que contém; a existência de um conjunto de regras que comanda a combinação dos elementos para formar unidades maiores. O fato de que as línguas apresentam um conjunto de elementos e que estes se unem formando unidades maiores não é a novidade dessa proposta. Foi a ideia indicada no item (b) que melhor representou a proposta saussuriana e que serviu de base para o desenvolvimento dos estudos posteriores. A tendência comparatista de trabalhar com unidades isoladas é abandonada em favor de uma metodologia em que a relação entre os elementos dentro do sistema passa a ser essencial para a compreensão da estrutura das línguas.

Gramática Estrutural O segundo fato a ser destacado em relação à dicotomia entre langue e parole ć a atitude assumida por Saussure de propor a langue como objeto de estudo da linguística, retirando a parole do campo de interesse dessa ciência. Para ele, os atos comunicativos individuais são assistemáticos e ilimitados, e uma ciência só pode estudar aquilo que é recorrente e sistemático. No caso da linguagem, a sistematicidade e a recorrência estão na langue, que se mantém subjacente aos atos individuais. Isso significa que, na concepção saussuriana, o estudo linguístico deve deixar de lado os aspectos interativos associados ao ato concreto da comunicação entre os indivíduos, restringindo-se a observar o conhecimento compartilhado que os interlocutores possuem e sem o qual a comunicação entre eles seria impossfvel : o sistema linguístico. A questão é saber qual a natureza dos elementos formadores do sistema e como eles se agrupam para lhe dar uma estrutura peculiar.

Gramática Estrutural Voltando aos três aspectos básicos associados à noção de sistema apresentados anteriormente, podemos dizer que a análise estrutural das línguas busca descrever cada um deles. Assim, ao analisar uma língua, o estruturalista busca constatar que elementos constituem o sistema daquela língua, assim como observar como eles se organizam dentro desse sistema e como eles se unem para formar unidades maiores. Como esses dados se concretizam de modo diferente em línguas diferentes, a gramática estrutural via nesse processo uma natureza convencional e se limitava a descrever as diferentes línguas.