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Em uma visão tradicional do conhecimento, ocorre um processo, no qual o conteúdo
não é visto de uma maneira geral, dentro de um contexto específico, ele é visto como apenas
uma parte separada e acaba sem sentido por si só. Essa visão opera através de paradigmas, ou
seja, padrões pré-estabelecidos há muito. Já a visão construtivista realiza um trabalho de
reconstituição ou tematização, ou seja, ocorre a descentralização e coordenação de diferentes
pontos de vista.
Algo que ocorre frequentemente no método tradicional de ensino é fazer com que o
aluno repita fielmente os conhecimentos transmitidos pelo professor, fazendo assim, com que
estes não absorvam realmente o conteúdo, não havendo interação alguma, afinal, o estudante
não busca formas de obter o conhecimento, ele simplesmente o recebe de uma forma robótica,
mecânica e repetitiva, fazendo com que este apenas decore, mas não aprenda, esquecendo
grande parte do conteúdo após certo tempo, ou mesmo que se recorde, provavelmente não
entenderá onde se aplica, qual sua função ou o porquê de aprender aquele conteúdo.
“Uma visão não-construtivista do conhecimento é,
necessariamente formalizada. Se nele há presença de
conteúdo, este só interessa como exemplo ou descrição de
algo que possa, cada vez mais, ser abstraído de seu contexto.
Ou seja, a forma tende a se tornar independente do conteúdo.
Exemplo disso temos nas clássicas frases das cartilhas. A
maioria delas corresponde a algo sem sentido, porque
provavelmente jamais as ouviríamos em um diálogo real entre
duas crianças ou entre adultos. O autor da cartilha „sabia
disso‟. Mas sentiu-se, talvez, autorizado a escrevê-la porque
quis valorizar, por exemplo a formação silábica
„va,ve,vi,vo,vu‟, recorrendo a um conteúdo qualquer para
praticá-la A produção construtivista do conhecimento é
formalizante, mas não é formalizada. Nela, forma e conteúdo,
ainda que não confundidos, são indissociáveis. Daí, por
exemplo, preferir-se, na aprendizagem da leitura e escrita da
criança, trabalhar a partir do nome dela ou de textos que
tenham sentido ou valor funcional em sua cultura.”
(MACEDO, 1994, p.15)