Nesta parceria com Leandro Pierucci e Rafael Oliveira, trouxemos o olhar e as abordagens de Rafael Cardoso na obra Design para um mundo complexo, em conversa com outros
autores que permeiam o tema. Identifique nos exemplos as teorias estudadas.
Size: 5.4 MB
Language: pt
Added: Jul 10, 2018
Slides: 23 pages
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DIOGO LEANDRO RAFAEL
Resenha. Neste estudo vocês acompanharão a interlocução da obra do designer brasileiro, Rafael Cardoso, com outros conceitos e concepções em torno do mote principal da obra, design para um mundo complexo. Uma parceria entre Rafael Oliveira, Leandro Pierucci e Diogo Ferreira.
O livro teve sua primeira impressão no ano de 2011 e conta com participações de Francisco França para as ilustrações, e André Stolarski no Conselho Editorial, cuidando de toda a parte de Design do livro e principalmente da capa.
O autor Rafael Cardoso nasceu no ano de 1964 no Rio de Janeiro, graduado em sociologia pela Johns Hopkins University, mestre em artes visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutor em história da arte pela University of London. O mesmo não se considera um designer, mas é atualmente um dos grandes nomes na construção de uma bibliografia para o design brasileiro.
Leio, logo penso. Design para um Mundo Complexo é dividido em cinco capítulos. Logo no início da obra, encontramos um apelo, onde Rafael Cardoso diz que a leitura hoje em dia está cada vez mais em desuso. Ele elogia diretamente os leitores que ainda insistem em pegar um livro e se aprofundar em um tema, mantendo viva a nossa cultura.
Nesta obra, Nicholas Carr afirma que as pessoas estão ficando mais burras, e que a culpa é da internet. Segundo ele, as pessoas têm acesso quase ilimitado à informações na grande rede, mas perdem a capacidade de focar em apenas um assunto. A mente do internauta está caótica, poluída, impaciente e sem rumo, e Carr faz um manifesto destacando a importância da calma e do foco.
Mundo globalizado. Mundo redefinido. No decorrer da leitura, o autor se refere bastante à globalização e ao impacto que esta tem no design — desde a fabricação, a distribuição e o consumo — bem como a sua complexidade, que diz ser: “um sistema composto por muitos elementos, camadas e estruturas, cujas inter-relações condicionam e redefinem continuamente o funcionamento do todo.”
"Pode algo ser belo para qualquer outro propósito a não ser aquele para o qual é belo que seja usado?" Sócrates, 400 A.C. Forma e função
A relação entre o tempo e a forma. O autor afirma que a “forma” pode ser vista de diferentes ângulos, mas sempre remete à primeira impressão, ou àquilo que a nossa mente guarda com o primeiro contato visual. A “forma” é inconstante e alterável, e o seu significado é adaptável, ligando diretamente a experiência do utilizador e aquilo que o nosso olhar alcança. Com o passar do tempo, mudamos a nossa percepção das coisas. Muitas vezes o que nos agrada agora, pode não nos agradar algum tempo depois.
" O olhar é uma construção social e cultural, circunscrito pela especificidade histórica do seu contexto " Baxandall , 1991.
O design equilibra o real e o virtual. O autor afirma que as mídias como internet e celulares estão influenciando completamente o mundo de hoje. Pessoas confundem o significado de coisas materiais e imateriais, além da velocidade intensa em que as informações têm chegado até os consumidores das mesmas. A conclusão então é que o papel do Design tem sido de “ajustar conexões entre coisas antes desconexas” — O contraste existente dentro de um espaço tão pequeno .
Em Hooked, Nir Eyal usa o Instagram como exemplo de aplicação do Design de uma ferramenta do mundo digital moderno pensada para influenciar o comportamento humano. Ele inclui o desenvolvimento do uso da ferramenta em seu método Hook, onde o comportamento é impulsionado para um ciclo infinito de quatro fases: gatilho, ação, recompensa e investimento.
Logo no início do livro, o autor disserta sobre criação de identidades visuais, e como a memória influencia diretamente na “experiência do usuário”. “a memória é um processo de reconstituição do passado pelo confronto com o presente e pela comparação com outras experiências paralelas.” Por isso, algumas marcas preferem manter alguns elementos primordiais de sua identificação. Pois mantém sua familiaridade e valores com seus usuários .
O valor da marca bem trabalhada. “todo artefato material possui também uma dimensão imaterial de informação” Seguindo essa linha de raciocínio, Rafael Cardoso apresenta exemplos de marcas como Casio, Rolex e Swatch. No mundo moderno, a função do relógio mudou. Agora, é como um acessório. Entretanto, apesar de possuírem a mesma funcionalidade, a marca Rolex possui mais valor atribuído, pois agrega outros significados como poder, luxo e exclusividade.
O posicionamento começa com um produto. Uma mercadoria, um serviço, uma companhia, uma instituição ou mesmo uma pessoa. Talvez, você mesmo. Mas o posicionamento não é aquilo que você faz com um produto. Posicionamento é aquilo que você provoca na mente do cliente potencial. Em outras palavras, você posiciona o produto na mente do cliente potencial. RIES, A (2002)
A hospitalidade sobre rodas
A busca por um ciclo virtuoso a partir do design. O valor atribuído aos artefatos varia de pessoa para pessoa, e a busca pelo consumo e identificação com os mesmos reflete diretamente no design atual. Fazendo assim com que a mídia invista incansavelmente para mudar os padrões estéticos, para que os consumidores desejem os novos bens. Rafael Cardoso aborda também questões de descarte, ressignificação e pós uso. Faz pensar que não só as áreas do design, mas também da indústria, pense ciclicamente no processo produtivo, e não mais linearmente.
Caiu na rede, é pixel. Ao tentar explicar a complexidade da rede virtual de computadores, a web, Rafael Cardoso exemplifica com um diálogo imaginário com um viajante no tempo para demonstrar o quão abrangente é a quantidade de informações a que temos acesso instantaneamente hoje em dia. E o que nós fazemos com ela? Como lidamos com isso? Por trás das redes existem pessoas, governos, sistemas… muitas informações que devemos usufruir ao nosso favor.
Concluindo o que está no início. Na conclusão do livro o autor expõe as falhas no ensino de design no Brasil. Fala que desde a década de 60 o Brasil copia sem muitas adaptações o ensino e diretrizes de escolas do design internacional. Talvez pela falta de experiência daqueles primeiros professores que se aventuraram no ensino do design na época, que aceitavam tudo como verdades absolutas e questionavam pouco. No livro, Rafael Cardoso recomenda o pensamento crítico, a manutenção da curiosidade e a transformação do aprendizado num processo contínuo.