Este guia aborda conceitos fundamentais para relatórios de sustentabilidade e ESG:
Materialidade: questões relevantes que afetam financeiramente a empresa (impacto nos investidores e nas demonstrações contábeis).
Dupla materialidade: considera tanto o impacto das questões externas sobre a em...
Este guia aborda conceitos fundamentais para relatórios de sustentabilidade e ESG:
Materialidade: questões relevantes que afetam financeiramente a empresa (impacto nos investidores e nas demonstrações contábeis).
Dupla materialidade: considera tanto o impacto das questões externas sobre a empresa quanto o impacto da própria empresa sobre o meio ambiente, sociedade e economia.
Abordagens:
IFRS e SASB: foco na materialidade financeira.
GRI, Relato Integrado e CSRD: foco na dupla materialidade (financeira + impacto social/ambiental).
Benefícios: melhor gestão de riscos, transparência, atração de investidores, reputação fortalecida e cumprimento de exigências regulatórias.
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Language: pt
Added: Sep 24, 2025
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Slide Content
UM GUIA PRÁTICO!
MATERIALIDADE
E DUPLA
MATERIALIDADE
SUMÁRIO
O QUE É 3
A ORIGEM DA DUPLA MATERIALIDADE E A MATERIALIDADE NO
MUNDO DA SUSTENTABILIDADE DIFERENTES ABORDAGENS 7
IFRS E SASB: MATERIALIDADE DE IMPACTO 7
GRI, RELATO INTEGRADO E CSRD: DUPLA MATERIALIDADE 10
OS BENEFÍCIOS DA ADOÇÃO DA DUPLA MATERIALIDADE 13
3TODOS OS DIREITOS RESERVADOS DEEP 2024 ?
O QUE É
A materialidade é um conceito fundamental em qualquer
estratégia de sustentabilidade. Originalmente um termo
utilizado em contabilidade e círculos jurídicos, a materialidade
descrevia questões que seriam consideradas significativas para
um investidor razoável (devendo afetar, assim, a construção
das peças contábeis).
Dentro da sustentabilidade, a definição de materialidade foi
estendida para descrever questões de importância significativa
não apenas para investidores (isto é: com impacto financeiro
para os acionistas), mas também para as principais partes
interessadas de uma organização (impacto nos stakeholders –
de maneira ampla, incluindo também o planeta).
Para empresas preocupadas com práticas de sustentabilidade
e ESG, o levantamento da materialidade é essencial para
informar e aprimorar sua estratégia, permitindo que se
concentrem em iniciativas que criem valor compartilhado para
seus stakeholders.
4TODOS OS DIREITOS RESERVADOS DEEP 2024 ?
A ORIGEM DA DUPLA MATERIALIDADE
E A MATERIALIDADE NO MUNDO DA
SUSTENTABILIDADE
No contexto dos relatórios de sustentabilidade, o conceito de dupla materialidade trata
não apenas de como as empresas impactam o ambiente ao seu redor, mas também são
impactadas por medidas de fora da organização.
Em outras palavras, as organizações preocupadas com dupla materialidade entendem
que impactam e são impactadas por investidores, stakeholders, meio ambiente,
sociedade, economia e direitos humanos e se orientam tanto pela materialidade
financeira, quanto pela materialidade de impacto.
A materialidade financeira se concentra em como as questões ambientais, sociais
e de governança (ESG) impactam uma empresa, adotando uma perspectiva de fora
para dentro. Perguntas que as empresas que consideram materialidade financeira
costumam fazer:
5TODOS OS DIREITOS RESERVADOS DEEP 2024 ?
• Quais riscos são apresentados por essa questão ou
tendência ESG para o meu negócio?
• Questões trabalhistas ao longo da cadeia de suprimentos,
como trabalho forçado ou infantil, apresentam riscos para a
minha empresa?
• Como posso aproveitar a crescente demanda de mercado
por tecnologia de baixo carbono na minha estratégia de
desenvolvimento de produtos?
• Qual será o impacto financeiro dos riscos e oportunidades
ESG no meu bottom line?
• Como o aumento dos preços do carbono afetará os custos de
energia ou os retornos sobre o investimento dentro do meu
portfólio?
• Qual é o valor da dependência da minha empresa em
serviços ecossistêmicos, como a polinização?
• Qual é o custo da não conformidade relacionada às questões
ESG – por exemplo, o que aconteceria caso uma nova
legislação ou o mercado regulado de carbono seja aprovado
e minha empresa precise se adequar?
6TODOS OS DIREITOS RESERVADOS DEEP 2024 ?
Já a materialidade de impacto se baseia nos impactos de uma
empresa nas causas ambientais, sociais e de governança e adota
uma perspectiva inerentemente de dentro para fora. Neste caso,
as perguntas mais frequentes são:
• Qual é o impacto ambiental do meu negócio no clima e no
ambiente natural? Qual é a contribuição da minha empresa
para o orçamento global de carbono?
• Quais são os impactos ambientais da produção de resíduos
da minha operação? Como isso impacta as comunidades do
meu entorno?
• Como as práticas do meu negócio podem proteger ou
restaurar os ecossistemas locais?
• Qual é o impacto social do meu negócio nos funcionários,
trabalhadores ao longo da cadeia de suprimentos e
comunidades onde operamos? Como posso criar um
ambiente de trabalho para meus funcionários prosperarem?
• Qual papel a minha empresa pode desempenhar na
contribuição para sociedades éticas e justas? Como
as práticas anticompetitivas podem minar o ambiente
competitivo da indústria?
• Como posso apoiar e fortalecer as instituições locais?
Para responder a essas e outras questões, é fundamental que
haja dados granulares, confiáveis, rastreáveis e comparáveis.
Hoje, esse é o principal desafio para as empresas e os agentes
financeiros.
De um modo geral, temas da materialidade de impacto acabam
(em mais ou menos tempo) virando temas materiais também
financeiramente, principalmente quando os impactos gerados
pela organização afetam a sua sustentabilidade de longo prazo.
O que diferencia as duas materialidades é o seu princípio de
construção. Uma, a materialidade financeira parte de uma
perspectiva voltada aos shareholders, mesmo quando incorpora
as idéias da sustentabilidade e os temas ESG na sua análise. Já
a outra, a materialidade de impacto, busca abarcar os temas
relevantes para todos os stakeholders, inclusive o planeta.
7TODOS OS DIREITOS RESERVADOS DEEP 2024 ?
IFRS E SASB: MATERIALIDADE DE IMPACTO
O IFRS (International Financial Reporting Standards) se destaca como a pedra angular da comunicação financeira global,
estabelecendo um idioma contábil comum para empresas de todos os portes e setores. Mais do que um conjunto de regras contábeis,
o IFRS representa um farol de transparência e comparabilidade, permitindo que investidores, credores e demais stakeholders avaliem
com precisão a saúde financeira de empresas em todo o mundo.
Na última década, a necessidade de um conjunto de normas globais para relatórios de sustentabilidade tornou-se cada vez mais
urgente, especialmente para auxiliar o desenvolvimento dos mercados de capitais globais. As normas IFRS já eram observadas por
mais de 140 países para a elaboração de relatórios financeiros. No entanto, com o crescente número de jurisdições exigindo a aplicação
das normas de sustentabilidade, tornou-se evidente a necessidade de um organismo dedicado exclusivamente a essa área. Nesse
contexto, em 2021, foi criado o International Sustainability Standards Board (ISSB).
DIFERENTES ABORDAGENS
As principais normas de relatórios, como SASB, IFRSS, GRI e CSRD, têm diferentes enfoques em relação à materialidade. O debate
entre esses padrões está no cerne da definição de materialidade e na forma como as empresas devem considerar e relatar
questões relevantes.
Enquanto SASB e IFRS enfatizam a materialidade financeira, a abordagem do GRI, do Relato Integrado e da CSRD é de dupla
materialidade, levando em consideração tanto a materialidade financeira, quanto a de impacto.
8TODOS OS DIREITOS RESERVADOS DEEP 2024 ?
Em 2023, o ISSB publicou suas primeiras normas – IFRS S -, que demonstram o compromisso
em evoluir com as demandas do mercado, incorporando a sustentabilidade como um elemento
essencial da informação financeira.
Atualmente existem duas normas publicadas, a IFRS S1, que define os requisitos gerais para
divulgação de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade, e a IFRS S2 que se
concentra especificamente em informações relacionadas aos riscos e oportunidades climáticas –
clique aqui e saiba mais.
Ao adotar as normas do IFRS para a sustentabilidade, as empresas não apenas cumprem com
obrigações regulatórias, como é o caso de companhias de capital aberto no Brasil, mas também
demonstram maturidade e compromisso com a transparência, atraindo investidores que
valorizam práticas sustentáveis e governança corporativa robusta.
Vale ressaltar que o IFRS serve de referência para as normas brasileiras de contabilidade.
Assim, o Conselho Federal de Contabilidade criou o Comitê Brasileiro de Pronunciamentos
de Sustentabilidade (CBPS). Este comitê tem como objetivo o estudo, preparo e a emissão de
documentos técnicos sobre padrões de divulgação sobre sustentabilidade e a divulgação de
informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pelas entidades reguladoras
brasileiras, levando sempre em conta a adoção dos padrões internacionais editados
pelo International Sustainability Standard Board – ISSB (saiba mais: Comitê Brasileiro de
Pronunciamentos de Sustentabilidade (CBPS) | ::Conselho Federal de Contabilidade:: (cfc.org.br)
Ao longo dos próximos anos, deveremos ver, então, a adoção desses princípios de maneira mais
ampla para as companhias brasileiras.
9TODOS OS DIREITOS RESERVADOS DEEP 2024 ?
As normas SASB (Sustainability Accounting Standards Board), cujos conteúdos técnicos servem de referência às orientações
construídas pelas normas IFRS, oferecem padrões de divulgação específicos para 77 setores empresariais e um desenho do que é a
materialidade provável para cada setor.
Dessa forma, as empresas deverão focar na construção dos seus relatórios contábeis na divulgação de informações ESG materiais
financeiras, como parte integrante das demonstrações; pois omiti-las ou distorcê-las pode levar a avaliações incorretas da empresa e
decisões financeiras equivocadas.
O IFRS reconhece dentro da sua construção a existência da materialidade de impactos (apesar de não torná-la parte da construção dos
relatórios financeiros), e adota uma abordagem conhecida como “building blocks”, que visa fornecer informações de sustentabilidade
de maneira compreensível e adaptável às necessidades específicas das jurisdições, ao mesmo tempo em que mantém a consistência e
a comparabilidade das informações financeiras.
Os “Building Blocks” são compostos por três blocos principais – normas de natureza financeira (IFRS); normas de natureza de
sustentabilidade (ISSB); e requisitos específicos das jurisdições – e sua estrutura é baseada nas recomendações do TCFD.
10TODOS OS DIREITOS RESERVADOS DEEP 2024 ?
GRI, RELATO INTEGRADO E CSRD:
DUPLA MATERIALIDADE
A Global Reporting Initiative (GRI), fundada em 1997, é uma
organização internacional independente que desenvolveu o
primeiro e mais amplamente adotado padrão para relatórios de
sustentabilidade.
O foco principal da GRI é orientar as empresas a relatarem seus
impactos nas três dimensões da sustentabilidade (econômica,
ambiental e social), utilizando o conceito de materialidade de
impacto para identificar e priorizar questões que podem ter um
impacto significativo – positivo ou negativo – em sua operação e
no ambiente em que atuam.
Ao mesmo tempo, reconhece e defende a importância
da dupla materialidade: “a materialidade financeira e a
materialidade de impacto, juntas sob o guarda-chuva da
‘dupla materialidade’, são as únicas formas relevantes de
materialidade”.
“A GRI apoia totalmente esse conceito. Acreditamos que
cada direção da dupla materialidade precisa ser considerada
por si só. Impactos no meio ambiente e na sociedade não
podem ser despriorizados com base no fato de que não são
financeiramente materiais, ou vice-versa. Além disso, uma
empresa deve começar com a avaliação do componente de
impacto externo do princípio da dupla materialidade seguido
pela identificação do subconjunto de informações que são
financeiramente materiais para a empresa e suas partes
interessadas”, afirmou Peter Paul van de Wijs, Chief External
Affairs da GRI, na introdução do white paper “The double-
materiality concept – Application and issues”
11TODOS OS DIREITOS RESERVADOS DEEP 2024 ?
ATIVIDADES
INTERAÇÕES
RELACIONAMENTO
VALOR CRIADO,
PRESERVADO OU
CORROÍDO PARA
A ORGANIZAÇÃO
VALOR CRIADO,
PRESERVADO OU CORROÍDO
PARA OS OUTROS
FIGURA 1:
VALOR CRIADO, PRESERVADO OU CORROÍDO
PARA A ORGANIZAÇÃO E PARA OS OUTROS
Criado pelo International Integrate Reporting Council (IIRC), uma
aliança internacional de reguladores, investidores, empresas,
organismos de normalização, profissionais de Contabilidade,
Organizações não Governamentais, entre outros, o Relato Integrado
é um framework que trabalha com foco na criação, preservação ou
corrosão de valor para a organização e para outros.
Este valor é manifestado através de alterações nos capitais da
organização, causadas por suas atividades e produção, e tem dois
aspectos centrais: o valor criado para a própria organização, que afeta
os retornos financeiros para os fornecedores de capital financeiro, e o
valor criado para outros, que pode afetar a capacidade da organização
de criar valor para si mesma. Portanto, uma abordagem da dupla
materialidade.
A dupla materialidade também é um conceito central para a
abordagem da Corporate Sustainability Reporting Directive
(CSRD), já implementada na União Europeia desde 2023, que está
promovendo uma expansão significativa do escopo de relatórios de
sustentabilidade obrigatórios por empresas dentro da UE. Trata-se
de um marco regulatório ambicioso com implicações relevantes para
empresas que atuam na UE.
12TODOS OS DIREITOS RESERVADOS DEEP 2024 ?
A CSRD se aplica a um universo mais extenso de empresas, com relação a regulamentações predecessoras, incluindo grandes
empresas de capital aberto e outras com receita ou número de funcionários acima de determinados limites. Essa expansão busca
garantir que um espectro mais representativo da atividade empresarial esteja sob o guarda-chuva da regulamentação, capturando
impactos mais abrangentes da economia na sociedade e no meio ambiente.
O conceito de dupla materialidade assume um papel central na CSRD. As empresas serão obrigadas a demonstrar como seus impactos
sociais e ambientais influenciam seus negócios e perspectivas financeiras, e vice-versa. Essa abordagem bidirecional reconhece a
interdependência entre os fatores ESG e o desempenho financeiro, incentivando empresas a considerá-los como elementos intrínsecos
à sua estratégia e tomada de decisões.
É interessante perceber que o relato de informações de sustentabilidade podem estar alinhados tanto com os indicadores SASB, de
materialidade financeira, quanto da GRI, de materialidade de impacto.
13TODOS OS DIREITOS RESERVADOS DEEP 2024 ?
OS BENEFÍCIOS DA ADOÇÃO
DA DUPLA MATERIALIDADE
Um processo estruturado de levantamento da materialidade é
fundamental para avaliar quais questões são mais relevantes
para uma organização e todos os envolvidos com as suas
atividades.
Ele ajuda a identificar riscos e oportunidades que podem
vir a afetar o desempenho financeiro, a reputação e a
sustentabilidade a longo prazo da organização. Isso permite
uma melhor alocação de recursos e a priorização de ações nas
áreas mais críticas para os negócios e partes interessadas.
Além disso, promove a transparência, ao comunicar
abertamente as questões mais relevantes para a organização,
aumentando a confiança das partes interessadas e
demonstrando responsabilidade corporativa. Ao mesmo tempo,
ajuda a preservar a conformidade com as regulamentações
relacionadas à sustentabilidade.
14TODOS OS DIREITOS RESERVADOS DEEP 2024 ?
Para companhias empenhadas com as práticas de sustentabilidade e governança, a análise de materialidade é vital para nortear e
refinar sua tática nesses domínios. Isso possibilita que a organização foque em empreendimentos que gerem valor mútuo para si e
seus stakeholders.
Há ainda um aspecto regulatório em relação ao qual as empresas brasileiras precisam se atentar com relação à materialidade. Como
a CVM obriga companhias de capital aberto a realizarem seus relatórios de sustentabilidade com base nas normas IFRS S, elas
deverão trabalhar com a ideia de materialidade financeira. Mas, se suas operações tiverem alguma conexão com a União Europeia,
provavelmente também precisarão seguir as diretrizes do CSRD, que exige a abordagem de dupla materialidade em seus relatos.
Em resumo, um procedimento organizado de análise de materialidade é imprescindível para garantir o cumprimento de obrigações
legais e também para direcionar os movimentos estratégicos da organização, facilitando a identificação de áreas de impacto relevantes
e a comunicação clara de seu plano de ação.
CONTEÚDO:
DEEP BRASIL INFORMAÇÃO E TECNOLOGIA S.A.
R. Orós, 146 - Palmeiras de São José, São José dos
Campos - SP, 12237-150 [email protected]
+55 12 39331428
www.deepesg.com
ARTHUR COVATTI
CEO da DEEP
CAIO GIUSTINA
Analista de Sustentabilidade
na DEEP
Data de publicação: outubro de 2024