O homem que amou e sofreu Nos idos de 1904, casado há dois anos, experimentou talvez o maior golpe de sua existência. A companheira, num momento de fraqueza, traiu os votos de fidelidade conjugal. Apesar da dor descomunal sentida, por muito amá-la, enfrentou resignadamente a dura prova, comportando-se como lídimo cristão, numa sociedade eivada de tabus e preconceitos e que pressionava psicologicamente o homem aviltado a lavar com sangue a honra ferida. Nesses casos, os desfechos eram, quase sempre, trágicos, como no episódio Euclides da Cunha, de repercussão nacional. Ao relatar este fato da vida de nosso biografado, confessamos a nossa relutância em registrá-lo. Todavia, certificando-nos de que ele nunca o ocultou, mudamos de opinião. perdoou à esposa, mas optou pela separação. Daquele momento em diante, seguiu sozinho o seu desiderato. Foi' difícil recuperar-se rapidamente desse golpe, que lhe abalou profundamente a saúde. Humberto de Aquino [Revista Espírita do Brasil, julho de 1935) sobre este fato escreveu: (...) Lutou contra as maldades e vícios de uma sociedade hipócrita e fútil, dela recebendo, desferido por mão irmã, o golpe ferino, por ingrato, que pulsara o seu coração de amigo e amorável. Ele próprio, num desses momentos de expressiva e incompreendida emoção, impenetrável pela superficialidade dos fóteis e dos insensíveis, retraçara a sua própria mágoa nestes termos: "Assim o teu amor... viveu somente o tempo necessário ao deslumbramento da alegria que embriaga, mas foge traiçoeiramente, deixando na alma ò cravo de uma saudade a chorar sobre o túmulo do sonho transformado em ruínas..."