Filosofia da Arte

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11ºano


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FILOSOFIA DA ARTE – O problema da definição de arte 3 Capítulo Sara Raposo Carlos Pires FILOSOFIA 11.º

Podemos usar a palavra « arte » a propósito de coisas diferentes : A DIVERSIDADE DE ARTES MÚSICA DANÇA GRAFFITI

1550 Cadeiras , de Doris Salcedo (2003): 1550 cadeiras colocadas num espaço aberto entre dois prédios , em Istambul , na Turquia . Muitos exemplos de obras de arte poderão não ser motivo de discussão. Outros exemplos que não envolvem as capacidades que tradicionalmente associamos à arte poderão ser polémicos ; por exemplo, 1550 Cadeiras , uma obra de Doris Salcedo . Exemplos como estes levam-nos a questionar: A DIVERSIDADE DE ARTES O que é a arte?

O QUE É A ARTE? Como pode a palavra «arte» designar coisas tão diferentes? Por que razão, então, algumas coisas são consideradas arte e outras não? Como distinguir o que é arte do que não é arte? A Filosofia da arte é a disciplina filosófica que se dedica ao estudo deste problema. Ao contrário do que acontece com o quadro de Renoir, poucas pessoas dirão que o desenho da criança é uma obra de arte. O Almoço dos Barqueiros , de Pierre-Auguste Renoir (1880-81) Qual é a definição de arte?

A DEFINIÇÃO DE ARTE O que terá de dizer uma boa definição de arte? Terá de dizer o que é a arte e distingui-la do que não é arte. É necessário identificar características: que todas as obras de arte possuam; e que só as obras de arte possuam. Se algo é uma obra de arte, então é X . condição necessária Se algo é X, então é uma obra de arte. condição suficiente Algo é uma obra de arte se, e só se, é X . Basta um contraexemplo para uma definição de arte ser falsa : uma obra de arte que não seja X coisas que sejam X e não sejam arte = quais as condições necessárias e as condições suficientes para algo ser arte

Muitas teorias apresentam uma resposta à pergunta « O que é a arte? »: podem identificar-se condições necessárias e suficientes para definir a arte. Teorias essencialistas e teorias não-essencialistas Teorias essencialistas Existem características que constituem a natureza da arte. São inerentes às obras de arte. Teorias não-essencialistas Há características comuns a todas as obras de arte, mas essas características não são inerentes às obras de arte. A DEFINIÇÃO DE ARTE Definição de arte Teorias essencialistas Teorias não- -essencialistas Apresentação de condições necessárias e suficientes

Teorias essencialistas e teorias não-essencialistas Teorias essencialistas Aceitam a existência de uma essência da arte. Tentam captar essa essência quando definem arte. Teorias não-essencialistas Há características comuns a todas as obras de arte e só a elas. Essas características não são observáveis nas próprias obras de arte: têm a ver com o contexto social. A DEFINIÇÃO DE ARTE O problema da definição de arte Teorias essencialistas Teorias não- -essencialistas Teoria representacional Teoria institucional Teoria histórica Teoria expressivista Teoria formalista

A TEORIA DA ARTE COMO REPRESENTAÇÃO Segundo esta teoria: Se algo é arte, então é uma representação . Foi a primeira teoria a surgir. Foi defendida por Platão e Aristóteles . Durante séculos este modo de entender a arte foi quase consensual. Para Aristóteles; a palavra « mimésis » caracteriza a arte. « Representação » traduz « mimésis » melhor do que « imitação ». David , de Miguel Ângelo (1501-04)

A arte era uma representação imitativa . Os artistas procuravam imitar as coisas do modo mais fiel possível. Quanto mais fossem parecidas com o que representavam, mais valor artístico as obras teriam. A imitação é apenas um tipo de representação entre outros. O conceito de representação é mais abrangente do que o de imitação. IMITAÇÃO REPRESENTAÇÃO A TEORIA DA ARTE COMO REPRESENTAÇÃO

Uma coisa pode representar outra mesmo que não a imite. Há obras que não imitam nada , embora representem alguma coisa . Exemplo : frequentemente, o escultor Antony Gormley representa o corpo humano sem o reproduzir . A ideia de que arte é re presentação continua a ser defendida por muitas pessoas Sujeito , de Antony Gormley (2018) A TEORIA DA ARTE COMO REPRESENTAÇÃO

Objeções à teoria da arte como representação A ideia de que a representação é uma condição necessária da arte é muito discutível . Há muitas obras de arte que não representam nada . Contraexemplos «Se algo é arte, então é representação» significa que todas as obras de arte são representação, mas não significa que só a arte é representação. O conceito é muito abrangente, inclui coisas que não são arte , por exemplo, os sinais de trânsito. Não apresenta uma definição de arte Atenção! Estas não são todas as objeções possíveis à teoria da arte como representação. Vega 200 , de Victor Vasarely (1968) A TEORIA DA ARTE COMO REPRESENTAÇÃO

A TEORIA EXPRESSIVISTA Exprimir = clarificar Para R. G. Collingwood : « Algo é arte se e só se 1) isso foi produzido por alguém com o intuito de exprimir as suas emoções individuais, 2) de modo a clarificá-las. » Aires Almeida, O Que É a Arte – O Essencial , Plátano, 2019, p. 41 Teorias expressivistas : a arte é expressão de sentimentos ou emoções . Vamos estudar a teoria expressivista defendida por R. G. Collingwood (1889-1943). O Grito , de Edvard Munch (1893)

A TEORIA EXPRESSIVISTA Exprimir = clarificar R. G. Collingwood : A expressão de emoções: é a essência da arte; é um esforço do artista para clarificar as suas emoções. As emoções : não são gerais, são específicas ; não está em causa apenas se o artista sente insatisfação ; mas também que insatisfação é essa. Teoria expressivista de R. G. Collingwood

A TEORIA EXPRESSIVISTA Arte ≠ ofício R. G. Collingwood : algumas coisas normalmente consideradas como arte não o são . Existe a « arte autêntica », aquilo que genuinamente é arte; e aquilo que não é arte, mas sim, « ofício ». Por exemplo, dizer «arte do carpinteiro» é usar inadequadamente a palavra arte. A carpintaria transforma um material num produto seguindo um plano previamente estabelecido . O artífice sabe o que quer fazer antes de o fazer.

A TEORIA EXPRESSIVISTA Arte ≠ ofício O artífice sabe o que quer fazer antes de o fazer . Os artistas : não têm um plano prévio; só ganham consciência do que estão a expressar durante o processo de construção ou criação . Pablo Picasso, pintor espanhol (1881-1973)

A TEORIA EXPRESSIVISTA A arte do entretenimento Collingwood : É incorreto designar como arte a música , o cinema ou o teatro quando têm por objetivo o entretenimento . Porquê? Procura provocar emoções previamente concebidas no público. A «arte» do entretenimento não é arte autêntica , é, sim, uma forma de ofício . DJ Solomon, Ibiza

A TEORIA EXPRESSIVISTA Autoconhecimento através da arte A verdadeira arte não tem por finalidade despertar emoções . A contemplação da arte não deve ser passiva. O artista partilha a sua experiência com o público. Artista e público ganham consciência do seu mundo interior a arte promove o autoconhecimento AUTO-CONHECIMENTO ARTISTA PÚBLICO

A TEORIA EXPRESSIVISTA Objeções à teoria expressivista Muitas vezes não é possível saber o que sentiram determinados artistas ao fazerem as suas obras. A apreciação de uma obra não pode depender dos sentimentos do artista. É implausível que a expressão de emoções seja a essência da arte. O estado de espírito dos artistas é muitas vezes desconhecido Definir arte como expressão e clarificação de emoções é demasiado restritivo . Exclui : obras que não parecem exprimir emoções do artista; obras criadas para entretenimento e reconhecidas como obras-primas. Há muitos contraexemplos Atenção! Estas não são todas as objeções possíveis à teoria expressivista .

A TEORIA FORMALISTA Bell propõe a seguinte definição de arte: Um objeto ou atividade é arte se, e só se, tem forma significante. A forma significante : constitui a essência da arte; está presente em tudo o que é obra de arte . Vamos estudar a teoria formalista defendida por Clive Bell (1881-1964). Forma significante

A TEORIA FORMALISTA A forma significante : não é a forma física dos objetos ; é uma determinada relação entre as partes da obra ; é independente de qualquer função ; destaca-se por si mesma e impressiona-nos . Exemplo: Na dança, é uma certa organização dos movimentos . Forma significante Grupo de balé contemporâneo

A TEORIA FORMALISTA Clive Bell : A forma significante provoca uma emoção estética . Esta emoção : não é como a alegria ou a insatisfação ; é uma emoção especial ; é uma emoção apenas suscitada por uma obra de arte . Forma significante e emoção estética Calmaria , de Nicolas Poussin (1650-1651)

A TEORIA FORMALISTA Clive Bell: A emoção estética só é sentida por pessoas que têm sensibilidade estética . Há quem não a tenha de todo. Sem sensibilidade estética , estar diante de uma pintura ou de uma escultura é como estar num concerto e ser surdo . Sensibilidade Museu Rijksmuseum , Amesterdão, 2014. O quadro ao fundo, A Ronda da Noite , de Rembrandt, é considerado uma obra-prima da pintura.

A TEORIA FORMALISTA Clive Bell: É indiferente se a arte representa ou não alguma coisa. A representação não é essencial . Também é indiferente se houve ou não intenção artística na sua criação . Essencial é uma obra: ter forma significante ; e provocar emoção estética . Só a forma significante e a emoção estética contam O contexto (social, político, religioso, etc.) em que uma obra surgiu também é irrelevante .

A TEORIA FORMALISTA Para Bell: se possuírem forma significante e suscitarem emoção estética : edifícios ; tapetes; cerâmica; etc.; podem ser considerados obras de arte . Pelo contrário, vários quadros famosos e muito apreciados foram rotulados por Bell como meros documentos ou descrições que não mereciam o título de obras de arte. Só a forma significante e a emoção estética contam Pormenor de A Estação de Paddington , de William Powell Frith (1862). Para Bell, pinturas como esta não eram obras de arte.

A TEORIA FORMALISTA Objeções à teoria formalista A teoria formalista é circular : as explicações de forma significante e de emoção estética remetem uma para a outra. Circularidade Há objetos considerados artísticos que não se distinguem de outros (com a mesma forma) que não são artísticos; logo, a forma significante não permite diferenciar o que é arte do que não é. Por exemplo: se Fonte, de Marchel Duchamp , é arte, então todos os urinóis com essa forma são obras de arte . Contraexemplos Atenção! Estas não são todas as objeções possíveis à teoria formalista. Fonte , de Marcel Duchamp (1917)

CETICISMO ACERCA DA POSSIBILIDADE DE DEFINIR ARTE Existem razões para pensar que as teorias representacional , expressivista e formalista não conseguem definir arte adequadamente. Morris Weitz é um dos filósofos que pensa deste modo. E afirma que a dificuldade está na natureza da atividade artística: os artistas valorizam muito a criatividade e a liberdade ; experimentam frequentemente novas possibilidades e coisas diferentes ; a arte vai estando em permanente construção . Wim Delvoye, artista belga, faz tatuagens em porcos vivos.

CETICISMO ACERCA DA POSSIBILIDADE DE DEFINIR ARTE Morris Weitz : «Arte» é um conceito aberto e não fechado. O conceito tem mudado ao longo da história e pode continuar a mudar . Tal como as atuais , as futuras teorias também não encontrarão a essência da arte . Não é possível definir a arte – posição cética de Weitz . A Impossibilidade Física da Morte na Mente de Alguém Vivo , de Damien Hirst (1991), um tubarão conservado em formol.

A TEORIA INSTITUCIONAL George Dickie Procura responder aos desafios colocados pelos desenvolvimentos da arte no século XX, nomeadamente o aparecimento de obras como Fonte , de Marcel Duchamp . Tal como Weitz T eoria não - - essencialista proposta pelo filósofo norte - -americano George Dickie (1926-2020). pensava não ser possível encontrar uma essência da arte pensava ser possível definir arte Ao contrário de Weitz

A TEORIA INSTITUCIONAL Dickie acredita ser possível indicar condições necessárias e suficientes da arte, mas: essas características não fazem parte das próprias obras de arte; fazem parte do contexto institucional em que as obras são apreciadas. A teoria institucional é uma teoria não-essencialista . Propriedades das obras de arte Intrínsecas, observáveis nas obras e comuns a todas Extrínsecas, dependentes do contexto (institucional ou histórico) Teorias não- -essencialistas Teorias essencialistas

Para a teoria institucional , algo é arte se for um artefacto e se for considerado arte por alguém que faz parte de uma certa instituição social – o «mundo da arte». Por outras palavras : um membro do mundo da arte atribui a um objeto ou atividade o estatuto de candidato a apreciação ; esse objeto ou atividade torna-se uma obra de arte . Cadeira com Gordura , de Joseph Bueys (1984). A forma triangular sobre a cadeira é gordura. A TEORIA INSTITUCIONAL

A TEORIA INSTITUCIONAL Para Dickie , – um artefacto : não tem de ser um objeto produzido pelo próprio artista; pode ser um objeto escolhido pelo artista. Exemplo: um tronco de árvore apanhado do chão e colocado num museu pode ser um artefacto . – mundo da arte : artistas, críticos, historiadores de arte, galeristas, público. O mundo da arte é uma instituição social , como a família ou uma religião . Objetos e atividades concebidos pelo artista Objetos fabricados por outras pessoas Coisas retiradas na natureza e colocadas noutro contexto Artefactos

A TEORIA INSTITUCIONAL A teoria institucional é classificativa e não avaliativa; pretende apenas dizer o que é arte e o que não é arte ; não pretende distinguir a boa e a má arte . Dickie tenta contornar o problema das teorias essencialistas: a avaliação de obras de arte. Ao fazê-lo, acaba-se por negar valor a obras geralmente consideradas como artísticas. Dickie pretende: limitar-se a indicar as características que as obras de arte possuem ; abster-se de indicar características que deveriam ter . Deste modo, se alguém do mundo da arte considerar algo como como candidato a apreciação, nada impedirá que seja uma obra de arte.

A TEORIA INSTITUCIONAL Objeções à teoria institucional Ninguém parece ser capaz de estabelecer muito bem as regras e os procedimentos do mundo da arte. Se um dos principais conceitos da teoria é pouco claro, esta não parece ser uma definição de arte satisfatória . Circularidade Há obras artísticas de autores que não fazem parte do mundo da arte . Autores que nunca publicaram nada em vida só foram reconhecidos após a sua morte. Contraexemplos Atenção! Estas não são todas as objeções possíveis à teoria institucional.

A TEORIA HISTÓRICA A teoria histórica é uma teoria não-essencialista . Tal como a teoria institucional, Jerrold Levinson defende: é possível indicar condições necessárias e suficientes da arte; essas características não são intrínsecas às obras de arte, mas sim um aspeto contextual . Este aspeto contextual é o caráter histórico ou retrospetivo da arte. Todas as obras de arte se relacionam de modo intencional com as anteriores. Por vezes, Levinson refere-se à sua teoria como histórico-intencional . T eoria não - - essencialista proposta pelo filósofo norte - -americano Jerrold Levinson (nascido em 1948).

A TEORIA HISTÓRICA Jerrold Levinson Um objeto (ou atividade) é arte na medida em que o seu autor quer que este seja encarado como o foram as obras de arte do passado e estas, por sua vez, são arte porque os seus autores queriam que elas fossem encaradas como foram encaradas as obras de arte anteriores . INTENÇÃO Essa intenção de inserir as obras numa tradição histórica explica a unidade e a continuidade da arte ao longo dos séculos.

A TEORIA HISTÓRICA INTENÇÃO: sem a intenção, a semelhança de uma obra com as obras do passado poderia dever-se ao acaso ; essa intenção tem de ser firme e duradoura para poder transparecer na própria obra . A relação com o passado não significa: que as obras imitem as obras do passado; que se inspirem nas obras do passado. Se assim fosse, a arte não mudaria . Mas é facto que muda , e muito . Artefacto Obra de arte A intenção do titular do artefacto para que este seja encarado como outras criações artísticas do passado, reconhecidas pela tradição histórica.

A TEORIA HISTÓRICA Levinson propõe a seguinte definição de arte : X é uma obra de arte se, e apenas se, X é um objeto acerca do qual uma pessoa (o artista), possuindo o direito de propriedade sobre X , tem ou teve a intenção séria de que seja encarado como as obras de arte anteriores foram encaradas. A referência ao DIREITO DE PROPRIEDADE visa evitar que um artista possa tentar transformar em arte coisas que não lhe pertençam ou cujo uso não esteja devidamente autorizado pelos legítimos proprietários .

A TEORIA HISTÓRICA Objeções à teoria histórica Se algo é uma obra de arte se for visto como o foram as obras anteriores, como surgiu uma primeira obra de arte sem qualquer referência anterior? O problema da primeira obra de arte É possível realizar obras artísticas e não deter o direito de propriedade . Exemplo : os autores de graffitis quando realizam obras em paredes. Não é plausível que nenhum graffiti seja uma obra de arte . Contraexemplos Atenção! Estas não são todas as objeções possíveis à teoria histórica. Ao que parece, o problema da definição de arte continua em aberto.
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