A Hipótese Alfabética A hipótese alfabética de escrita ocupa a fase final da construção da escrita antes do trabalho de construção da alfabetização e letramento. Embora faça parte do processo de alfabetização, um aluno alfabético ainda não pode ser considerado totalmente alfabetizado Dentro da própria e mesma hipótese alfabética há fases de aprendizagem que levam à alfabetização, portanto quando consideramos o aluno alfabético, significa que sua alfabetização não foi totalmente finalizada.
DIFERENÇA ENTRE ALFABÉTICO E ALFABETIZADO
O ALUNO ALFABÉTICO DOMINA ESTRATÉGIAS DE DECODIFICAÇÃO DA LÍNGUA ESCRITA , PORÉM A CONVENÇÃO SÍLABICA QUE COMPREENDE É C (CONSOANTE), V ( VOGAL). SUA ESCRITA APRESENTA FALHAS NO CONHECIMENTO DA ORTOGRAFIA VIGENTE QUE PRECISA SER TRABALHADO PELO PROFESSOR. NEM SEMPRE CONSEGUE INTERPRETAR O QUE LÊ.
O ALUNO ALFABETIZADO COMEÇA A TER CONHECIMENTO DE REGRAS DAS CONVENÇÕES DE ESCRITA. CONSEGUE LER INTERPRETANDO. APRESENTA POUCAS FALHAS NA ESCRITA.
FASES DE APRENDIZAGEM DO ALUNO ALFABÉTICO Como mencionado anteriormente, o aluno alfabético possui fases de aprendizagem e essas etapas são classificadas de acordo com a qualidade de conhecimentos de sílabas que ele possui. Por este motivo, é essencial que o aluno consiga diferenciar e classificar vogais e consoantes .
CLASSIFICANDO O ALUNO ALFABÉTICO PARA CLASSIFICAR O ALFABETIZADO TEMOS QUE CONHECER OS TIPOS DE SÍLABAS QUE CADA FASE DOMINA. NAS TIPAGENS O C É A CONSOANTE E O V É A VOGAL. V CV CVC CCV VC VV CVV CCV CCVCC
TIPOS DE ALFABETIZADOS Como aprendido anteriormente, temos qualidades diferentes de alfabetizados dentro da hipótese. Vamos trabalhar neste estudo quatro fases diferentes do alfabetizado. Veja a seguir o quadro evolutivo desta hipótese :
Tipos de alfabetizados A1 Cada sílaba possui 2 letras, com forma rígida de cv . Ex : POFESORA A2 Sílaba pode começar com vogal (VC). Admite 2 consoantes seguidas diferentes (CCV) Ex : PROFESORA ANJO A3 Ortografia mais ajustada, admite 2 consoantes iguais seguidas. Ex : PROFESSORA A4 Admite 1 letra para 2 sons e também as sílabas mudas. Ex : PERPLEXO OBJETO Embora o quadro traga a evolução dentro da hipótese alfabética, ainda há lacunas entre as etapas. É preciso conseguir identificar muito mais do que se sugere em cada fase alfabética.
MELHOR METODOLOGIA PARA TRABALHAR COM OS NÍVEIS ALFABÉTICO E ALFABETIZADO Temos, atualmente, sete metodologias diferentes e mais conhecidas para ajudar no processo de alfabetização: alfabético, silábico, fônico, palavração, sentenciação , global e o fonovisioarticulatório .
Há muitas formas de finalizar a alfabetização, ou seja, avançar o aluno alfabético para alfabetizado. Dentre as metodologias de alfabetização mais comuns, a sentenciação e a global são as mais indicadas para alunos nas duas fases iniciais do nível alfabetizado .
O ALFABETIZADO TAMBÉM PODE SER CLASSIFICADO NA PRODUÇÃO DE FRASES E TEXTOS. EX- O LOBO PECEGIRU SO POQUINOS NAS CAZAS. ( O lobo perseguiu os porquinhos nas casas. ALICE ETROU PELA PORTA E TEVE UMA SUPREZA. (Alice entrou pela porta e teve uma surpresa ) O PAI DE JOÃO E MARIA FICARAM PERPLEXOS COM SEU RETORNO. (O pai de João e Maria ficou perplexo com seu retorno. ) PINOQUIO FICOL ASSUSTADO CON O OBIJETO EN SUAS MÃOS. ( Pinóquio ficou assustado com o objeto em suas mãos. )
Sondagem para Alfabéticos Quando o aluno se encontra no nível alfabetizado é preciso intensificar a dificuldade da sondagem, para que o professor possa classificar a qualidade de escrita do mesmo. Sugere-se que a sondagem tenha então 10 palavras e que o aluno faça um reconto de história já trabalhada em aula. As 10 palavras precisam ter qualidades diferentes de sílabas, para que o aluno possa demonstrar na escrita seus conhecimentos. O reconto precisa ser de uma história conhecida para que o aluno possa ter a atenção mais voltada à escrita e não à criação.
Tipos de palavras que devem estar presentes na sondagem do alfabetizado. 1-Palavras com sílabas rígidas CV – Ex : PIRULITO 2-Sílabas travadas CCV – Ex : TR/ BR/ BL/ CL/ PR 3-Dígrafos – Ex : LH/ NH/ RR/ CH/ SS 4-Sílabas mudas – Ex : pneu, objetivo 5-Palavras iniciadas com vogal – Ex : ESCREVO 6-Palavras com nasalização – Ex : CONTAR 7-– Palavras com 4 ou 5 letras em uma sílaba – Ex : TRANSPORTE
ALTERAÇÕES ORTOGRÁFICAS COMUNS NOS NÍVEIS ALFABÉTICOS E ALFABETIZADOS
1 – Omissão de Letras – são palavras escritas de modo incompleto, isto ocorre devido à complexidade de construção silábica. As crianças não são capazes de analisar (segmentar) com precisão determinados sons, ou pela falta de conhecimento ao escrever determinados sons, uma análise deve ser feita se os erros cometidos estão dentro do padrão de normalidade para aquela criança “idade cronológica e escolar”. Exemplo: ando – ado – prato – pato. (nível A1). 2 – Inversão de Letras - palavras apresentando letras em posição invertida no interior da sílaba ou sílabas em posição distinta daquela que deveriam ocupar. Posição de letra em relação ao eixo: “esperar” – “separar”. Posição da letra em relação à sílaba: “acertou” por “ arcetou ”. (nível A1) .
3 – Representações Múltiplas - Confusão entre letras e sons, ou seja, um som pode ser representado por várias letras. Por exemplo: esqueça – pode ser confundido por “ esquesa ”, “ esquessa ”. “Chuva” por “ xuva ” – neste caso o som ao falar estas palavras são iguais, mas na hora de registrar graficamente, “a escrita”, tem que ser estabelecida por normas gramaticais. (nível A1 e A2). 4 Apoio na Oralidade - A criança não sabe diferenciar o modo de falar do modo de escrever, a criança só leva em conta o padrão articulatório e precisa saber que a fala é diferente da escrita. Por exemplo: nos falamos MININU, na escrita se escreve MENINO. Na fala dizemos CAUÇA, mas na escrita escrevemos CALÇA. A criança se apoia na emissão oral pensando que escrevemos como falamos. (nível A1 e A2).
5 – Junção e Separação – (segmentação indevida) – como o fluxo oral é contínuo, a criança acha que o mesmo acontece com a escrita, ela não tem critérios em termos de segmentação e separação de uma palavra de outra. Exemplo: “quero mais” ela escreve “ queromais ” ou então falamos “devagar” e a criança acha que escreve “de vagar”, neste caso separando o que deveria na escrita estar junto. (nível A1 e A2 ). 6 – Confusão de ÃO – AM – Existe uma diferença em relação a sílaba tônica e ao contexto do que está sendo escrito. Ao falarmos o som é o mesmo, por exemplo: na emissão oral falamos falaram ou falarão dando ênfase a sílaba tônica, na mente da criança ela não enfatiza esta tonicidade da sílaba, criando confusões quanto ao escrever falaram ou falarão. Sendo que falaram está no passado e falarão está relacionado ao futuro. Exemplos: criaram/criarão .(nível A3).
7 - Letras Parecidas grafia semelhante no traçado das letras. Pode ocorrer com as letras NH, CH, LH e CL, M – N, CL – CH, CH – CL, Ã – AM – AN, EM – EN , IM – IN, OM – ON, UM – UM, como exemplos temos: Moça – noça ; Bicicleta – bicicheta ; Cachorro – caclorro ; Irmã – imã; Anjo – amjo . (nível A3) 8 – Acréscimo de letras – algumas palavras apresentam mais letras do que convencionalmente deveriam ter. a crinça cria a regra onde cada consoante dever ser acrescida de uma vogal. Por exemplo na palavra casa – é feita por consoante e vogal, consoante e voga l, então a criança pensa ou cria regras que todas as palavras são escritas assim, portanto ao escrever apareceu – que agora é construído assim: vogal, consoante e vogal,consoante e vogal, consoante e vogal e vogal , a criança cria regras e escreve assim papareceu , fugiu ela escreve fuigiu . (nível A3
9 – Generalização das Regras – a criança cria regras para escrever, por exemplo, ao escrever “ cenema ” ao invés de “cinema”, “ tesolra ” ao invés de “tesoura”, “ mininu ” ao invés de “menino”, “caio” ao invés de “caiu”, “ chapel ” ao invés de “chapéu”. (pertinente a todos os níveis). 10 – Trocas de Surdos/ Sonoras – a criança não sabe diferenciar os traços de sonoridade, ela escreve “ pola ” ao invés de “bola”, “ sebra ” ao invés de “zebra”, ou seja, na escrita também faz esta confusão: “jornal”, a criança fala “ chornal ”, “bandeja” por “ pantecha ”, “andar” por “antar”. (pertinente a todos os níveis). Fonte: Fonoaudiólogo Jaime Luiz Zorzi