Os pensadores iluministas teorizavam, debatiam e concluíam que somente a partir do uso da razão, os homens atingiriam o progresso político, social, material etc. "Para a maior parte dos filósofos iluministas à mulher faltava a razão ou, na melhor das hipóteses , possuíam um raciocínio inferior. Segundo eles, não existem mulheres capazes de invenção, elas estão excluídas da genialidade , ainda que possam ter acesso e algum sucesso no campo da literatura e em certas ciências menores. Essa incapacidade é baseada numa psicologia "natural”. A mulher é um ser da paixão e da imaginação, não do conceito. Rousseau até acreditava que a mulher não fosse totalmente desprovida de razão, mas essa faculdade é, na mulher, mais simples e elementar do que nos homens e devem cultiva-la apenas para assegurar o cumprimento de seus deveres naturais ( obedecer ao marido, ser-lhe fiel, cuidar da casa e dos filhos etc.). Segundo Rousseau, a mulher mantém-se perpetuamente na infância; ela é incapaz de ver tudo que é exterior ao mundo fechado da domesticidade que a natureza lhe legou, e daí resulta que ela não pode praticar as "ciências exatas". A única ciência, para além dos seus deveres domésticos, que ela deve conhecer é a dos homens que a rodeiam e, essencialmente , a do seu marido, e que é baseada no sentimento. O mundo doméstico – afirma Rousseau – é o livro das mulheres, e não há necessidade de qualquer outra leitura. A incapacidade de raciocinar como o homem gera na mulher a impossibilidade de compreenderem assuntos de ordem religiosa: é por essa razão que a filha deve ter a religião do pai e toda a mulher a do seu marido. A procura das verdades abstratas e especulativas, os estudos filosóficos e matemáticos não estão ao alcance do raciocínio das mulheres. Os seus estudos devem estar relacionados á prática; a elas cabe aplicar as soluções e propostas que o homem, com sua mente privilegiada, descobriu. Uma das preocupações do "século das luzes" é pensar a diferença feminina, diferença sempre marcada pela inferioridade. Trata-se de conferir ás mulheres apenas papéis sociais: esposa, mãe, dona de casa.....É por essa função doméstica que a mulher pode, de algum modo, ser cidadã. Mas cidadã sem a competência para se envolver em política, cuja análise só poderia estar ao alcance dos homens. Podemos dizer que a ideologia mais representativa do século XVIII consiste em considerar que o homem é a causa final da mulher. Os limites do iluminismo: