Introdução à Filosofia - Do Mito à Razão

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About This Presentation

Professor: Jorge Freire Póvoas - Introdução à Filosofia

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Slide Content

13/02/14 Prof. Jorge Freire Póvoas 1
Do Mito à Razão:
O Nascimento da Filosofia
na Grécia Antiga

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 Há controvérsia a respeito da época em que teria vivido o poeta Homero
e até se ele realmente teria existido (séc. IX a.C).
 É costume atribuir-lhe a autoria de dois poemas épicos (epopéias): a
Ilíada, que trata da guerra de Tróia e Odisséia que relata o retorno de
Ulisses a Ítaca, após a guerra de Tróia.
 As epopéias tiveram função didática importante na vida dos gregos
porque transmitiam os valores da cultura por meio das histórias dos
deuses e ante-passados, expressando uma determinada concepção de
vida. Por isso, desde cedo as crianças decoravam passagens dos poemas
de Homero.
 As ações heróicas relatadas nas epopéias mostram a constante
intervenção dos deuses, ora para auxiliar um protegido seu, ora para
perseguir um inimigo. O homem homérico é presa do Destino (Moira), que
é fixo, imutável e não pode ser alterado.
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O Nascimento da Filosofia na Grécia Antiga

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 O homem vive, portanto, na dependência dos deuses e do destino,
faltando a ele a nossa noção de vontade pessoal, de livre-arbítrio. Mas isto
não o diminui diante dos outros. Ao contrário, ter sido escolhido pelos
deuses é sinal de valor e em nada tal ajuda desmerece a sua virtude.
 A virtude do homem se manifesta pela coragem e pela força, sobretudo
no campo de batalha, mas também na assembléia como no discurso, pelo
poder de persuasão.
 Hesíodo é outro poeta que teria vivido por volta do final do século VIII e
princípios do VII a.C., que produz uma obra chamada Teogonia de (teo:
deus; gonia: origem) que reflete ainda a preocupação com a crença nos
mitos e relata as origens do mundo, dos deuses, e as forças que surgem
como: Gaia (Terra), Urano (Céu), Cronos (Tempo).
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O Nascimento da Filosofia na Grécia Antiga

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 Mas, é no período arcaico que surgem os primeiros filósofos gregos, por
volta de fins do século VII a.C. e durante o século VI a.C.
 Alguns autores costumam chamar de “milagre grego" a passagem do
pensamento mítico para o pensamento crítico racional e filosófico.
 Algumas novidades surgidas no período arcaico ajudaram a transformar
a visão que o homem mítico tinha do mundo e de si mesmo.
 São elas: a invenção da escrita, o surgimento da moeda, a lei escrita, o
nascimento da pólis (cidade-estado), todas elas tornando-se condição
para o surgimento do filósofo.
 Os primeiros filósofos viveram por volta do século VI a.C. e, mais tarde,
foram classificados como pré-socráticos (a divisão da filosofia grega se
centraliza na figura de Sócrates).
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O Nascimento da Filosofia na Grécia Antiga

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 É interessante notar que Hesíodo, ao relatar o princípio do mundo e dos
deuses, refere-se a sua gênese e de como as preocupações dos
primeiros pensadores levam à elaboração de uma cosmologia, já que
eles procuram a racionalidade do universo.
 Mas, como seria possível emergir do Caos um "cosmos" ou seja, como
da confusão inicial surgiu o mundo ordenado? Os pré-socráticos
procuram o princípio (a arché) de todas as coisas. Buscar a arché é
explicar qual é o elemento constitutivo de todas as coisas.
 Já podemos observar a diferença entre o pensamento mítico e a
filosofia nascente: os filósofos divergem entre si e a Filosofia se distingue
da tradição dogmática dos mitos oferecendo uma pluralidade de
explicações possíveis. Assim justificamos a perspectiva comumente
aceita da ruptura entre mythos e logos (razão).
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 Enquanto o mito é uma narrativa cujo conteúdo não se questiona, a
Filosofia problematiza e, portanto, convida à discussão. Enquanto no mito
a inteligibilidade é dada, na Filosofia ela é procurada.
 A Filosofia rejeita o sobrenatural, a interferência de agentes divinos na
explicação dos fenômenos. Ainda mais: a Filosofia busca a coerência
interna, a definição rigorosa dos conceitos, o debate e a discussão,
racional.
 Na nova abordagem do real caracterizada pelo pensamento filosófico,
podemos ainda notar a vinculação entre Filosofia e Ciência. O próprio teor
das preocupações dos primeiros filósofos é de natureza racional, de
maneira que, na Grécia Antiga, o filósofo é também o homem do saber
científico. Só no século XVII as Ciências encontram seu próprio método e
separam-se da Filosofia, formando as chamadas Ciências Particulares.
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 Quando se dá a passagem da consciência mítica para a racional,
aparecem os primeiros sábios, sophos. Um deles, chamado Pitágoras
(séc. VI a.C.), que também era matemático, usou pela primeira vez a
palavra filosofia (philos-sophia), que significa "amor à sabedoria".
 É bom observar que a própria etimologia mostra que a Filosofia não é
puro logos, pura razão: ela é a procura amorosa da verdade..
 Para Platão, a primeira virtude do filósofo é admirar-se. A admiração é a
condição de onde deriva a capacidade de problematizar, o que marca a
Filosofia não como posse da verdade, mas como sua busca.
 Para Kant, filósofo alemão do século XVIII, "não há Filosofia que se
possa aprender; só se pode aprender a filosofar". Isto significa que a
Filosofia é sobretudo uma atitude, um pensar permanente. É um
conhecimento instituinte, no sentido de que questiona o saber instituído..
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 A teoria do filósofo não constitui um saber abstrato. O próprio tecido do
seu pensar é a existência e seus acontecimentos. Por isso a Filosofia se
encontra no seio mesmo da história. No entanto, está mergulhada no
mundo e fora dele: eis o paradoxo enfrentado pelo filósofo. Isso significa
que o filósofo inicia a caminhada a partir dos problemas da existência,
mas precisa se afastar deles para melhor compreendê-los, retornando
depois a fim de dar subsídios para as mudanças.
 Na ordem do saber estipulada por Platão, o homem começa a conhecer
pela forma imperfeita da opinião (doxa), depois passa ao grau mais
avançado da ciência (episteme), para só então ser capaz de atingir o nível
mais alto do saber filosófico.
 Na medida em que somos seres racionais e sensíveis, estamos sempre
dando sentido às coisas. Ao “pensar espontâneo” do homem comum,
costumamos chamar de Senso Comum e a compreensão crítica da
realidade chamamos de Senso Crítico.
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 Enquanto o Senso Comum é fragmentário, incoerente, preso a
preconceitos e dogmático, o Senso Crítico ou Reflexão Filosófica é radical,
rigorosa e de conjunto.
 É radical no sentido de "fundamento, base“ pois busca explicitar os
conceitos fundamentais usados em todos os campos do pensar e do agir.
 No Senso Crítico o filósofo deve dispor de um método claramente
explicitado a fim de proceder com rigor, garantindo a coerência e o
exercício da crítica. Mesmo porque o filósofo não faz afirmações apenas,
precisa justificá-las com argumentos, por ter rigor nas suas afirmações.
 As Ciências são particulares, porque abordam "recortes" da realidade,
mas ainda sim se distinguem de outras formas de conhecimento como a
magia, por exemplo. Já a Filosofia é de conjunto, porque examina os
problemas sob a perspectiva universal, relacionando os diversos aspectos
entre si.
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 A Filosofia é portanto, conhecimento crítico da realidade, como da
ideologia, enquanto forma ilusória de conhecimento que visa a
manutenção de privilégios.
 Atentando para a etimologia do vocábulo grego correspondente à
verdade (a-létheia “desnudar”), vemos que a verdade é pôr a nu aquilo
que estava escondido,
 Aí reside a vocação do filósofo: o desvelamento do que está encoberto
pelo costume, pelo convencional, pelo poder.
 Finalmente, a Filosofia exige coragem. Filosofar não é um exercício
puramente intelectual. Descobrir a verdade é ter a coragem de enfrentar
as formas estagnadas do poder que tentam manter o status.
 É aceitar o desafio da mudança ou seja, saber para transformar.
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Na tragédia Édipo-Rei de Sófocles (496 c. 406 a.C. Grécia) Laio, senhor
de Tebas, soube pelo oráculo que seu filho recém-nascido haveria um dia
de assassiná-lo, casando-se em seguida com a própria mãe.
Por isso, Laio antecipa-se ao destino e manda matá-lo, mas suas ordens
não são cumpridas, e a criança cresce em lugar distante.
Quando adulto, Édipo consulta o oráculo e ao tomar conhecimento do
destino que lhe fora reservado, foge da casa dos supostos pais para evitar
o cumprimento daquela sina.
No caminho desentende-se com um desconhecido e o mata. Esse
desconhecido era, sem que Édipo soubesse, seu verdadeiro pai.
Entrando em Tebas, casa com Jocasta, viúva de Laio, ignorando ser sua
mãe.
E assim se cumpre o destino...
A Visão Mitológica da Tragédia
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