frutos que a terra e as árvores de si deitam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto,
com quanto trigo e legumes comemos.”
CASTRO, Silvio. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996.
A carta de Pero Vaz de Caminha, é reconhecida como o primeiro documento escrito em língua portuguesa no território
onde hoje é o Brasil. Ela apresentava ao Rei de Portugal as primeiras impressões da terra recém-conquistada.
Sobre a chegada dos portugueses ao Brasil e o contexto da expansão marítima europeia, é CORRETO afirmar que:
a) Caminha, numa visão eurocentrista, exalta a cultura do “descobridor”, menosprezando todos os aspectos referentes
ao modo de vida dos nativos, por exemplo, a não exploração daqueles mamíferos placentários exóticos, citados na carta,
introduzidos no Brasil quando da colonização.
b) Caminha realiza, através de farta adjetivação, descrições botânicas minuciosas acerca da flora da nova terra,
destacando o tipo de alimentação do europeu — rica em vitaminas e sais minerais — em contraposição à indígena, que
é rica em lipídios.
c) A religiosidade está presente ao longo do texto, quando se constata que o emissor, tendo em mente a conversão dos
índios à “santa fé católica” — pretensão dos europeus conquistadores —, ressalta positivamente a existência de crenças
animistas entre os nativos.
d) Na carta de Pero Vaz de Caminha, que apresenta linguagem formal, por ser o rei português o destinatário, há
forte preocupação com aspectos da necessária conversão dos índios ao catolicismo, no contexto de crise
religiosa na Europa.
e) Ao realizar concomitantemente a narração e a descrição dos hábitos dos nativos, o remetente destaca informações
não só do habitat como dos usos e costumes indígenas, exaltando o cultivo das plantas de lavouras e dos pomares.
Questão 09
Pneumotórax
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
- Diga trinta e três.
- Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
- Respire.
- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
"Pneumotórax", palavra que dá título ao famoso poema de Manuel Bandeira, é vocábulo constituído de dois radicais
gregos (pneum[o]- + -tórax]. Significa o procedimento médico que consiste na introdução de ar na cavidade pleural,
como forma de tratamento de moléstias pulmonares, particularmente a tuberculose. Tal enfermidade é referida no
diálogo entre médico e paciente, quando o primeiro explica a seu cliente que ele tem "uma escavação no pulmão
esquerdo e o pulmão direito infiltrado". Esta última palavra é formada com base em um radical: "filtro". Quanto à
formação vocabular, o título do poema e o vocábulo "infiltrado" são constituídos, respectivamente, por
a) composição, e derivação prefixal e sufixal.
b) derivação prefixal e sufixal, e composição.
c) composição por hibridismo, e composição prefixal e sufixal.
d) simples flexão, e derivação prefixal e sufixal.
e) simples derivação, e composição sufixal e prefixal.