adulto sofre uma decepção amorosa o em seguida apresenta dificuldades de ingerir alimen-
tos e vômitos (histéricos) está manifestando de forma oral o seu sentimento aversivo; sofreu
uma regressão.
Com o passar do tempo as zonas erógenas (boca, anus etc.) vão deixando de ser apenas
regiões anatômicas delimitadas para se tornarem mais ampliadas. Tudo aquilo capaz de
incorporar ou de “vomitar” torna-se uma “boca”; tudo capaz de reter ou excretar (dinheiro,
emoções, pensamentos, conhecimentos etc.) passam a comportar-se como um “anus”. Do
mesmo modo esses comportamentos vão, aos poucos, deixando de estar tão intimamente
ligados a funções orgânicas para se tornarem, progressivamente mais simbólicos. É desse
modo que se transformam em “comer com os olhos”, “devorar um livro”, não engolir is-
so-assim-assim”, “tal coisa me dá vontade de vomitar”, “istio é uma mamata” ou “fazer
uma cagada”, “estar cagando e andando”, etc e é assim que nossa linguagem afetiva con-
tinua plena de uma terminologia oral e anal. A primeira, como é fácil perceber, permite-nos
melhor expressar sentimentos de aceitação ou rejeição e a segunda, de agressividade. É
assim que chamamos de “gostosa” uma pessoa que queremos, dizemos que “dá nojo” uma
que repudiamos e mandamos “à merda” aquela a quem odiamos.
O sexo adulto reúne todos os componentes que evoluem rumo à síntese final, quando
então é colocado “a serviço da reprodução”. A Psicanálise vê a patologia psíquica como
um resultado de distúrbio dessa evolução. Que o sexo seja da máxima importância na vida
deve-se a três fatores:
1- è gerador de grande prazer;
2- é a máxima união possível entre duas pessoas;
3- é o garantidor da continuidade da vida.
Ele não é, contudo, apenas (e nem principalmente) genital. Esse componente se acres-
centa a ele mais tarde e não existe desde a infância; os demais, no entanto, existem desde
sempre.
Ao separar a libido de outras formas de energia psíquica Freud partiu da premissa de
que os processos sexuais diferem em natureza dos outros, por uma química especial.
Ao descrever o Narcisismo, em 1914, Freud verificou que a libido pode tomar o pró-
prio ego como objeto e reconheceu nela duas parcelas: uma dirigida ao interior e outra aos
objetos externos e as chamou, respectivamente, libido do ego e libido de objeto. A libido do
ego só é acessível ao estudo analítico depois de ter sido empregada para investir os objetos,
ou seja, quando se converteu em libido de objeto.
Essa libido (de objetos) pode retrair-se deles. A libido retirada dos objetos mantém-se,
em princípio, em suspenso, em estado tensão e, por fim, é trazida de volta para o interior do
ego, assim se reconvertendo em libido do ego. A essa libido chama-se narcísica. Essa libi-
do narcísica parece-nos ser o reservatório de onde partem as catexias de objeto e se nos
afigura como o estado originário da primeira infância, encoberto pelas emissões posteriores
de libido, mas que, no fundo, se conserva por trás delas.
A teoria da libido só pode ser mantida pelo caminho da especulação. Não se deve, a
exemplo de Jung, fazer esse conceito igual à força pulsional geral. A distinção entre as for-
ças sexuais e as restantes e a restrição do conceito de libido às primeiras, encontra forte
apoio na distinção de uma química particular da função sexual. Libido deve continuar a ser
um termo empregado para descrever a manifestação dinâmica da sexualidade. Vejamos
uma descrição dos desenvolvimentos por que a teoria dos instintos passou na Psicanálise.