Contudo, o pensamento evoluiu, os costumes transformaram-se e a visão do casal na nossa sociedade tem uma forte implicação da moral e
discurso judaico-cristã.
A compreensão da filosofia católica, considera que no homem a supremacia, feito à imagem de Deus, e confere à mulher um papel inferior,
dada a sua origem da costela de Adão. A ideia conspurca a igualdade e procura da complementaridade que anteriormente falamos. O homem
manda e possui a mulher como um objeto e isso nivela as relações de casal e familiares durante vários séculos.
Contudo as correntes renascentistas trazem uma nova forma de ver o homem, a par do avanço estupendo que a ciência dá desde o século
XVII. A igreja começa a perder supremacia no entendimento do homem e da mulher, começam a aparecer teorias paralelas à teoria
criacionista (Deus criou o homem) e à teoria da geração espontânea (a vida surge espontaneamente na matéria orgânica) e encontramos
Darwin, que nas suas observações naturalistas compreende um passado comum entre todos os mamíferos superiores. Ele desenvolve a
hipótese evolucionista. Homem ou mulher, indistintamente, terá evoluído de seres mais primitivos que, pela ação do meio e da seleção
natural, terão chegado à sua natureza atual. Como tal, parte do seu comportamento terá necessariamente que ser regulado pelo seu passado
animal e a seleção do parceiro deverá obedecer às mesmas regras biológicas que existem no mundo animal.
A par disto, Mendel compreende os primeiros passos para a virtude genética. Daí a compreender-se como se dá a distribuição dos caracteres
que nos fazem únicos fisicamente foi um passo de poucos séculos.
Compreende-se então que a grande conquista biológica dos animais e plantas terá sido a reprodução sexuada, com base em dois gâmetas
distintos, que permitiu que mudanças genéticas fossem introduzidas no código de cada elemento de forma mais rápida do que a ocorrência de
mutações nos seres assexuados. Esta conjugação de dois pools genéticos, permitia então à natureza selecionar e apurar as combinações mais
adaptadas, eliminando aquelas que não seriam tão passíveis de sucesso.
Isto fez com que casais da espécie humana tivessem que desenvolver estratégias de acasalmento de forma a convencer os parceiros de que
seriam a escolha melhor para a manutenção genética da espécie. Portanto a biologia vê o casal como a consequência deste processo. A
procura de um parceiro é pautada pela busca da melhor pessoa para misturar os nossos genes, originando um novo ser, prolongamento desse
casal. Não compreende mais nenhuma utilidade ao casal e por esta lógica, qualquer compromisso estaria terminado quando a fecundação se
desse, devendo cada elemento procurar novas oportunidade de transmitir os seus genes.
No entanto, na espécie humana os casais tendem a permanecer juntos, para lá da conquista biológica…