Aula de filosofia sobre o pensamento de filósofo francês Michel Foucault
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Added: Sep 24, 2019
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Michel Foucalt : da microfísica do poder ao biopoder Professor Herbert Galeno
Michel Foucalt (1926-1984) Paul-Michel Foucalt nasceu na França em 1926; foi influenciado pelos estudos linguísticos de Fernand de Saussure, pelos trabalhos de Nietzche , Martin Heidegger, Sigmund Freud e Karl Marx.
O Arqueólogo do saber Foucalt foi um severo crítico da tradição moderna, pretendendo fundar um conhecimento calcado em reflexões sobre a ética e a política à luz de estudos históricos. Admitia que seu trabalho estava mais ligado à história da cultura do que da filosofia tradicional.
Os homens, objetivação, subjetivação e poder Foucalt tinha especial interesse pela investigação histórico-filosófica acerca da objetivação dos indivíduos no Ocidente. Como principal foco de seus estudos, dividiu em três modos de objetivação do ser humano.
Primeiro modo de objetivação Diz respeito a pesquisa humana que tenta atingir um patamar de ciência, como é o caso da filosofia (linguística), na construção de um discurso de “verdade”. A esse modo Foucalt denominou de “ arqueologia do saber ”.
Segundo modo de objetivação Concerne às chamadas “práticas divisórias” no interior da sociedade que, baseadas no discurso de “verdade”, visam estabelecer, por exemplo, o normal e o anormal. A esse modo de objetivação o filósofo denominou de “ genealogia do poder ”.
Terceiro modo de objetivação Este está relacionado ao indivíduo como sujeito, mais precisamente como se reconhecem como sujeitos de desejos e atuam, assumem comportamentos sob as linhas de força constituídas na sociedade, ao qual denominou de “ analítica-interpretativa ” da ética.
Os três domínios se articulam na definição da vida. O primeiro corresponde ao saber , o segundo ao poder e o terceiro à posição do indivíduo objetivado socialmente. De acordo com o filósofo, há uma perpétua articulação do poder com o saber e do saber com o poder; o exercício do poder cria necessariamente novos tipos de saber e o saber, por sua vez, reconduz os efeitos de poder.
A microfísica do poder Trata-se de uma relação de poder que não fica restrita ao estado, mas está disseminada na sociedade. Foucalt recusa-se a acreditar no conceito clássico, ou seja, o Estado como o centralizador do poder. O poder é visto como uma prática social, ocorrendo em qualquer nível de relação como forma de manutenção de certa organização.
O poder e a “multiplicidade de correlações de força” O poder não é uma instituição nem uma estrutura, tampouco uma potência de que alguns sejam dotados. É, de fato, uma situação estratégica complexa em uma determinada sociedade.
O que o poder não é Primeiro Não se pode conceber o poder como um conjunto de instituições e aparelhos garantidores da sujeição dos indivíduos em um Estado determinado. Segundo O poder não deve ser concebido como um modo de sujeição que, por oposição à violência, tenha a forma da regra. Terceiro: o poder não deve ser entendido como “um sistema geral de dominação exercida por um elemento ou grupo sobre o outro e cujos efeitos, por derivações sucessivas, atravessem o corpo social inteiro”.
Então o que vem a ser a Microfísica do poder???
Nas palavras do próprio Foucalt ...
Ora, o estudo desta microfísica supõe que o poder nela exercido não seja concebido como uma propriedade, mas como uma estratégia, que seus efeitos de dominação não sejam atribuídos a uma apropriação, mas a disposições, a manobras, a táticas, a técnicas, a funcionamentos que se desvende nele antes uma rede de relações sempre tensas, sempre em atividade, do que um privilégio que se pudesse deter; ... FOUCALT, Michel. Vigiar e Punir. História da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes, 1975. p 29.
... que seja dado como modelo antes da batalha perpétua do que o contrato que faz uma cessão ou uma conquista que se apodera de um domínio. Temos em suma que esse poder se exerce mais do que se possui, que não é “privilégio” adquirido ou conservado da classe dominante, mas o efeito de conjunto de suas posições estratégicas – efeito manifestado e às vezes reconduzido pela posição dos que são dominados . FOUCALT, Michel. Vigiar e Punir. História da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes, 1975. p 29 .
Nesse sentido Foucalt tese uma crítica aos pensamento de Karl Marx Para Marx a noção de poder somente pode ser exercida pelo Estado . O Estado é apenas uma das pontas, talvez a mais visível por onde se exerce o poder, mas sua constituição é uma derivação das relações dos micropoderes que instituem a sociedade.
O caráter jurídico ou legal do poder Para o filósofo a lei tem uma tripla função: Conceber o poder como algo homogêneo; Instituir a ordem por negação (censura: “não deves”); Constituir o poder como um “ato de fala”, como uma interdição; O que escapa disso e que deve ser compreendido é que o poder se institui por consentimento, por obediência e não apenas por imposição estatal ou jurídica.
Da microfísica ao biopoder Professor: Herbert Galeno
O disciplinamento dos corpos Foucalt percebeu, ao apreciar a microfísica do poder, a disciplinarização dos corpos. Afinal, toda estratégia de organização social somente é possível através do corpo. Essa estratégia ficou conhecida como micropoder .
O Biopoder Se os micropoderes disciplinavam os corpos individuais, o Estado passaria a realizar políticas de disciplinamento do corpo social como um todo, nascendo assim o biopoder .
Mas, como o estado faria isso? Por meio de discursos sobre a verdade, fundamentados na ciência e na racionalidade operante. Assim, em nome da vida e de sua preservação instituíram-se políticas de eliminação e erradicação de ameaças a esta ou aquela sociedade.
O discurso e em defesa da vida – a manipulação dos corpos. O discurso em defesa da vida, aceito como verdade, ceifou milhões de pessoas ou excluiu-as da vida social.
O nazismo Exemplo notório do biopoder encontra-se na experiência do extermínio em massa de judeus nos campos de concentração nazista. O discurso de limpeza racial, de defesa do espaço vital da “raça ariana” impunha a eliminação de dos judeus, considerados “inferiores”.
27/01/1945. Auschwitz foi o maior e mais terrível campo de extermínio do regime de Hitler. Nas suas câmaras de gás e crematórios foram mortas pelo menos um milhão de pessoas. No auge do Holocausto, em 1944, eram assassinadas seis mil pessoas por dia. Auschwitz tornou-se sinônimo do genocídio de judeus e tantos outros grupos perseguidos pelos nazis. Fonte: https:// ocaisdamemoria.com
O Stailinismo Stalin matou e perseguiu milhões de pessoas que não concordavam com o regime soviético ou, que eram contra o seu governo. É considerado por muitos estudiosos como o maior genocida da história.
Outros exemplos de biopoder O Fascismo italiano, a ditadura militar no Brasil , o racismo, entre outros.
Para Foucalt , as experiências totalitárias do século XX eram as formas mais acabadas do biopoder . Afinal, violências foram praticadas em nome de discursos sobre a verdade contra populações e a guerra se tornou a forma de afirmação da vida em uma escala nunca antes vista. O Nazismo, o Fascismo e o Stalinismo seriam as formas mais visíveis do Biopoder .
A adesão da população O mais importante do biopoder é o que se faz num contexto de adesão das populações, pois há uma articulação entre o poder e o saber. O discurso do saber confere força à ação de extermínio. Afinal, ninguém questionará ações que são para a salvação, para a preservação da vida. O racismo , nesse sentido, foi a maior expressão da violência do biopoder nos séculos XIX e XX.