A atividade é fundamental para quem deseja falar sobre o sentido da morte e da vida. Nesses termos, caba uma reflexão sobre o papel que a morte desempenha ao longo da história. Cabe para estudantes e professores que têm interesse pelo tema, mas que em especial queiram discutir as comunidades eg�...
A atividade é fundamental para quem deseja falar sobre o sentido da morte e da vida. Nesses termos, caba uma reflexão sobre o papel que a morte desempenha ao longo da história. Cabe para estudantes e professores que têm interesse pelo tema, mas que em especial queiram discutir as comunidades egípcias na sua dimensão da morte e da vida.
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Language: pt
Added: Mar 25, 2024
Slides: 51 pages
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Prof. Ms. Fabio Augusto de Oliveira Santos Religião e morte para entender os egípcios
REFLETINDO SOBRE A MORTE "(...) Morte é o fim da vida, e toda a gente teme isso, só a Morte é temida pela Vida, e as duas refletem-se em cada uma (...)“ - Oscar Wilde "(...) desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor (...)" (Filipensis 2:12)- A visão da Bíblia sobre a Morte.
é uma figura que tem existido na mitologia e na cultura popular desde o surgimento dos contadores de histórias. Na típica imagem Ocidental da Morte, conhecida como "O Ceifador" é empregada nas culturas modernas sob várias formas, desde cartas de tarot é até em trabalhos televisivos e cinematográficos. A Morte
Prof. Ms. Fabio Augusto de Oliveira Santos O triunfo da morte, pintura de Pieter Brueghel o Velho (1562).
Perspectivas históricas da morte “É impossível conhecer o homem sem lhe estudar a morte, porque, talvez mais do que na vida, é na morte que o homem se revela. É nas suas atitudes e crenças perante a morte que o homem exprime o que a vida tem de mais fundamental.” Edgar Morin
“Pensar na morte pode nos ajudar a aceitá-la e a perceber que ela é uma experiência tão importante e valiosa quanto qualquer outra.” Philippe Ariés
A m o r t e c o m o o b j e t o d e e s t u d o A morte é uma experiência humana universal. Morrer e morte são mais do que eventos biológicos; eles têm uma dimensão religiosa, social, filosófica, antropológica, espiritual e pedagógica. Questões sobre o significado da morte e o que acontece quando nós morremos são preocupações centrais para as pessoas em todas as culturas e as têm sido desde tempos imemoriais.
1. A Morte: DA ERA INDUSTRIAL À ERA ATÔMICA ( século XIX à XXI)
TOTEM: o homem poderoso TABU: a morte Conceito: “A morte interdita”: Inflada do seu poder, a sociedade tem dificuldades em lidar com os limites e a morte começa a ser considerada como inimiga e vivenciada com angustia.
Completamente atéia e materialista, essa visão considera a morte como um simples fenômeno físico sem perspectiva de além.
O nascimento da psicanálise busca captar o funcionamento do mundo interior do homem. Mergulhos na metafísica, no onírico e no imaginário são tentativas de responder à angústia existencial e dar sentido à vida.
TOTEM: dinheiro e individualidade TABU: a velhice e a morte A humanidade, traumatizada por seu próprio poder de destruição, se sente fragmentada e perdida. A sociedade de consumo pretende suprir o vazio. O mergulho do homem no entorpecimento consumista e na robotização, levam-no ao sacrifício de si mesmo e de seu meio ambiente, num imediatismo e materialismo desesperados. A simples idéia da morte provoca ojeriza e negação.
2. A Morte: DOS ESTADOS MODERNOS AO ROMANTISMO (do século XVI à XIX) Nasce, na consciência do homem, a primeira dúvida sobre a existência de Deus e sua preocupação com o destino do Homem.
TOTEM: o homem soberano TABU: as restrições religiosas Com o preceito de Descartes: “Penso, logo existo”, surge o despertar da Razão como o guia do homem e a Ciência como meta de conhecimento.
A morte heróica em nome da pátria é glorificada, vivendo-se um momento de fanatismo ideológico exacerbado.
Conceito: “A morte do outro” Como reação ao furor patriótico das revoluções, os Românticos reivindicam o direito à sensibilidade e à individualidade, empreendendo uma busca desesperada do sentido existencial da vida. A ascensão da burguesia, que presa o patrimônio privado, tira os cemitérios das igrejas e cria verdadeiras cidades dos mortos – as necrópoles - com suas ruas e seus túmulos familiares. A partir daí, inicia-se o culto saudoso “ao outro” que morreu.
TOTEM: o Homem, as descobertas do mundo e do corpo - TABU: a limitação da expansão . A ânsia de descoberta de outros horizontes promove as Grandes Navegações, que colocam ao alcance do homem ocidental culturas muito antigas, cujos valores e visões do Sagrado divergem e até se confrontam com a visão cristã.
3. A Morte: DO COMEÇO DO CRISTIANISMO AO RENASCIMENTO TOTEM: Deus TABU: as impurezas da alma e do corpo
Conceito: “A morte domada” Amalgama-se um continente politicamente caótico em torno de um sentimento comum: a sublimação coletiva da dor pela transcendência.
Grandes obras de fé são empreendidas: construção de catedrais, peregrinações, cruzadas, pois um código ético estrito, a chamada “vida de boas obras”, promete a recompensa no Paraíso ou a danação no Inferno.
Conceito: “A morte de si mesmo” No século XII, com o afrouxamento moral da sociedade e a ameaça das “heresias”, a Igreja Católica introduz uma terceira via de salvação: o Purgatório. É a possibilidade de se arrepender dos pecados no momento da morte e de se purificar no além.
4 . A M o r t e n a A n t i g u i d a d e TOTEM: o Sagrado Na Mesopotâmia: A primeira obra literária: “A epopéia de Gilgamesh”, faz uma reflexão sobre a busca da imortalidade, a dor da perda e a necessidade de se resignar diante da inevitabilidade do fim.
A m o r t e n o E g i t o Propõem uma vida voltada para a preparação adequada da morte. Fascinados pelos grandes mistérios, criam as primeiras escolas de iniciação onde são reveladas as leis da criação do universo através dos Princípios herméticos. Primeiro registro de sabedoria espiritual, o Livro Egípcio dos Mortos descreve os processos de “morte migratória” ao mundo dos deuses para os iniciados, e de reencarnação, afim de aperfeiçoamento, para o homem comum.
Textos da literatura egípcia que se referem à morte: O Livro dos Caminhos. O Livro das Portas. Textos das Pirâmides (Antigo Império, V e VI dinastias). Textos dos Sarcófagos (IX dinastia). Várias compilações do Vale dos Reis. O Livro dos Mortos
Vídeo: O Livro dos Mortos
Prof. Ms. Fabio Augusto de Oliveira Santos Página do Livro dos Mortos do escriba Nebseny Império Novo XVIII dinastia (c. 1400 a.C.)
O Livro dos Mortos Finalidade – É uma coleção de fórmulas que facilitam a passagem para o além. O que é – É uma compilação que substitui os textos dos Sarcófagos. Autor – Anônimo. Época – Início da XVIII dinastia no Novo Império. O códice é do reinado de Ramsés II. Título – Per-em-hru (Livro da Chegada à Luz) é o nome do livro em egípcio; O nome Kitabul-maitim (O Livro dos Mortos) é árabe. Composição – 190 capítulos, muitos deles acompanhados de instruções. Exemplares originais – Centenas, em papiro e couro, encontrados nos sarcófagos, além dos gravados nas paredes dos túmulos.
Livro dos Mortos: Informações contemporâneas Descoberta – Jean-François Champollion no Museu de Turim, por volta de 1830. Primeira versão do nome – Saída para o dia. Por Ricardo Lepsius em 1842. Edição em português – Título: O Livro dos Mortos do Antigo Egito. Autor: Anônimo. Tradução: Edith Carvalho Negraes Prefácio: Luiz Carlos Teixeira de Freitas Editora: Hemus Local: São Paulo Ano: 1982. 356 páginas (190 capítulos.)
Hino a Osíris do papirus de Ani
Explicando a morte no Egito A idéia da transcendência está presente nos mitos egípcios, em especial na renascença do deus Osíris, no qual foi morto por Set e seu corpo retalhado, e que retorna à vida através dos poderes da deusa Ísis que reúne as partes dispersas do seu corpo. Mas, ao mesmo tempo em que é facultada a alma o acesso à imortalidade, dando a esperança da continuidade, essa mesma imortalidade dependia da observância de determinadas regras instituídas pela casta sacerdotal, que de certa forma passa a intermediar esse acesso. No momento da morte, a alma era levada à presença de um tribunal na presença dos deuses, Tot, Anúbis e Osíris, e lá suas ações eram contabilizadas através da balança da deusa da justiça, onde o coração do morto seria pesado, tendo como contrapeso a pena de uma ave. Os egípcios acreditavam que este órgão continha todas as virtudes e vícios da alma. As almas generosas teriam, naturalmente, um coração leve e a alma dos maus seriam pesadas e se fossem condenadas, acabariam devoradas pelo deus monstro e não poderiam renascer.
1) O defunto (à esquerda), vestido com uma longa túnica pregueada, é conduzido pelo deus Anúbis para junto da balança do julgamento.
2) O coração do defunto (seta branca), simbolizando seu pensamento e sua vida, é colocado em um dos pratos da balança enquanto no outro prato (seta vermelha) é colocado uma pluma, simbolizando o princípio do equilíbrio e da norma. Anúbis está de joelhos observando a pesagem enquanto o "grande devorador", um animal representado por um leão com cabeça de crocodilo e anca de hipopótamo, está apenas aguardando a pesagem. Se o coração do morto for mais pesado que a pluma, quer dizer que sua vida não foi justa, e o "grande devorador" estraçalha o coração, destruindo a memória do defunto para sempre.
3) O deus Thoth também observa a pesagem e aguarda para registrar o resultado do julgamento.
4) Com o resultado justo, o deus Hórus leva o defunto até a presença de Osíris, retratado no papiro como uma múmia usando a coroa ritual (atef), segurando o cetro (heka) e o chicote (flagellum). Atrás de Osíris estão as deusas Ísis e Néftis.
Reflexão: A m o r t e e a r e l i g i ã o n o E g i t o Homem ocidental moderno – Religião separada dos outros aspectos da vida. Povos primitivos – Não há separação entre a religião e a vida cotidiana. Religião – Explica fenômenos naturais, interferi nas atitudes pessoais, diminui a ansiedade e mantém a produtividade. Egípcios – A religião impregnava tudo. Da cheia do Nilo à morte de um gato, tudo dependia dos deuses.
A f o r ç a d o s a s p ec t o s r e l i g i o s o s Surgimento da civilização egípcia Homem dominado pela natureza e da natureza provinha os aspectos da religiosidade. Deuses ligados à natureza: deus sol (Ra).
Deuses animais: Ex: Anúbis
Domínio do homem sobre a natureza: a n t r o p om o r f i za çã o . Surgimentos dos deuses zoomórficos + deuses a n t r o p om ó r f i co s ( Hórus ) A f o r ç a d o s a s p ec t o s r e l i g i o s o s Período Pré-Dinástico
Animais divinizados eram criados nos templos: gato, boi, crocodilo. Eram mumificados após a morte.
D e u s e s Eram muitos, cada cidade ou localidade tinha seu deus. Um deles poderia ganhar destaque nacional conforme sua cidade ganhasse importância política. Ex: Rá de Heliópolis na IV dinastia.
Prof. Ms. Fabio Augusto de Oliveira Santos
Deuses egípcios = Conteúdo moral Maat, conceito relacionado com ordem, verdade, justiça e retidão = criação dos deuses perfeição ausência de crítica social.
C u l t o
A e x i s t ê n c i a a p ó s a m o r t e Existia vida além-túmulo. Existência feliz, repetição dos melhores momentos terrenos. Possibilidade de uma segunda e definitiva morte por falta de objetos e principalmente de alimentos. Mumificação: a existência além-túmulo estava ligada à existência corporal.
Prof. Ms. Fabio Augusto de Oliveira Santos
Prof. Ms. Fabio Augusto de Oliveira Santos
Vídeo: Mumificação
Os princípios do ser humano que deveriam ser contemplados após a mort e: Khet , o corpo; Ka , a personalidade espiritual; Ba , a alma; Khai Bit , a sombra; Akh , o espírito; Ib , o coração; Sekhem , a energia espiritual; Ren , o nome e Sakh , o corpo espiritual.
A D e f es a no j u l g a m e n t o ( o u A c o n f i ss ã o ne g at i v a ) * “Não causei sofrimento aos homens. Não empreguei violência com meus parentes. Não substituí a justiça pela injustiça. Não frequentei os maus. Não trabalhei em meu proveito em excesso. *Do Livro dos Mortos
Como os egípcios encaravam a morte? Não eram mórbidos e tristes. Encaravam a vida além-túmulo como uma feliz continuação da vida terrena. Dedicavam-se a ela com entusiasmo. Qualquer um que pudesse pagar para uma boa morte não poupava esforços.