amaldiçoou e espancou seus compatriotas, e arrancou-lhes os cabelos (13.25).
E então concluem que, dificilmente, ele era um homem bom; decerto, não um
homem de grande estatura espiritual, de quem se pode aprender lições
preciosas. Qual é o comentário para tal avaliação? Primeiro, havia algumas
arestas realmente ásperas em Neemias; todo líder as possui. Com base nos
quatro temperamentos, ele parece ter sido um homem colérico, rijo, indócil e
franco, que se sentia extremamente feliz despendendo energia em projetos
desafiadores, e que achava mais fácil fazer do que ser. Pessoas desse tipo são
sempre consideradas assustadoras, em particular quando, guiadas por seu
zelo, falam e agem de modo excessivamente enfático — o que acontece com
frequência. Segundo, Deus prepara Neemias para uma tarefa que um homem
menos franco não seria capaz de executar. E, terceiro, a limpeza que Jesus fez
no Templo e a acusação que lançou aos fariseus foram mais rudes que
qualquer coisa feita por Neemias. Se achamos que a impetuosidade de Jesus
era justificada, podemos admitir a possibilidade de que a de Neemias
também fosse. [...] Todavia, não defendo que Neemias tenha sido impecável.
Eu seria tolo e beiraria à blasfêmia, se o fizesse. Jesus Cristo é o único
homem sem pecado encontrado na Bíblia. [...] Todo servo de Deus falha, de
um modo ou de outro, e Neemias não era a exceção à regra. Contudo, a sua
força era maravilhosa. Por isso, espero que ninguém perca o interesse nesse
estadista, simplesmente por havermos concordado que ele não era perfeito”
(PACKER, J. I. Neemias — Paixão pela fidelidade. 1.ed., RJ: CPAD, 2011,
pp.35,36).