46
Pirangi. Aí o pescador, que era o marido, morreu e ela ficou só,
né? Dona Luiza Pirangi era o nome dela. Dona Joana Luiza
Pirangi. Mas a garotada do meu tempo, e hoje, outro mais moço e
outro mais velho, sempre brincava com ela na beira da praia.... ela
andava na praia com um vestidinho, ela com um velhinho, morena,
baixinha.... aí, o marido morreu e ela ficou só, né? Ficou meia
ruim da cabeça, não tem marido, não tem família, sozinha... andava
na praia pra lá e pra cá... limpando a beira da praia; o que ela
achava na praia, ela jogava pra cima. Algum menino mais
curioso... „Mãe Luiza, mulher Joaninha, Mãe Luiza‟... brincava
com ela. Outro que ia brincar com ela com maldade, ela jogava o
que tinha na pessoa, né? Aí, lá vai, lá vai, lá vai... ela juntou-se
com um senhor por nome de João Tibau. É ela tava sozinha....
mudou-se da praia (...) O João Tibau mudou-se da praia pro morro.
Fez uma casinha onde é hoje o farol (...) É... hoje o farol tem o
nome de Farol de Mãe Luiza, né? (...) Antes de ter o farol ela
ajuntou-se mais o homem, era o senhor João Tibau, né? Era um
senhor de idade... juntou-se com ele... dali ela faleceu, né? De
véia... caducando já... faleceu. No tempo da ignorância, não
souberam curar, nada... aí, a véia morre, né? De véia, com
companhia desse senhor João Tibau. (...) aí, ele não teve o que
fazer, pegou, cavou um buraco no quintal, enterrou a velhinha, né?
É, poucos dias, com dois ou três dias, o povo, pescador, os
meninos, sentiram falta dela, dona Joaninha, da Mãe Luiza, aí,
foram a Dr. João Café filho, que era chefe de polícia e morava em
Areia Preta, não me lembro qual era o ano mais... (...) Daí, foram,
reuniram os pescadores, por ali, os guarda civi, aí foram...
conversaram com o véio, o véio descobriu que ela tava enterrada,
com dois dias de morta. Mandou cavar... fez o sepultamento... levou