O que é o ouvir?

Algumas reflexões sobre o verdadeiro OUVIR pelos olhos de Rogers.

1. PSICOLOGIA
Sobre alguns textos de Rogers
O que é Ouvir?
Esse texto traz à luz a verdadeira acepção do ouvir na psicologia, que o ouvir diferente do,
somente, escutar. É o ouvir atento, o ouvir significado trazido por Rogers. Muito maior do que a
necessidade de comunicação é a nossa necessidade de compreensão. Somos escutados, mas
sempre entendidos? O que é dito é apenas o começo da viagem.
A palavra proferida é a extensão de um pensamento, muitas vezes, muito perturbado em si
mesmo para que lhe confiramos crédito total à compreensão do sujeito falante. É preciso olhar
o que está por trás, desvendar o sentido, perscrutar as direções. Nem sempre falamos o que
queremos dizer, nem sempre sabemos exprimir em palavras o que é sentido, nem sempre
usamos os termos corretos; perceber o que vai além do exteriorizado é a base de um ouvir
extraordinário.
Heidegger diz que o importante é receber a palavra e que é essa possibilidade que lhe abre
para o mundo real do outro. A partir desse entendimento, confere-se ao ouvir a abertura para
o mundo e para além, não ao falar. Quando apenas escuto o que o outro fala, eu lhe reduzo a
um ser falante, mas quando escuto o que ele me diz, eu o conheço além das palavras, eu
conheço os seus significados.
O ouvir implica também interpretar. Mesmo numa fala não autêntica, ainda pode-se
rebuscar alguns fundamentos do sujeito, alguns alicerces e é, nesse ponto, necessário que se
interprete a sua fala, os seus simbolismos.
Para Rogers, ouvir atentamente pressupõe um contato com esse outro. Quando a fala desse
outro não me move, não me toca, é porque não houve um verdadeiro contato; isso implica que
eu não o ouvi direito porque o ouvir aproxima, enriquece e afeta.
Uma concepção muito interessante de Rogers é a de “conhecimento íntimo”. Ela traduz
que, enquanto eu coloco o outro como objeto de observação e compreensão, eu não posso
atingi-lo por completo, conhecê-lo intimamente. Essa intimidade diz de uma relação. O outro
precisa estar presente para mim, eu preciso vê-lo em sua totalidade, dinamicidade.
O ouvir atento necessita, antes de tudo, de uma disposição intensa do seu interlocutor. Você
precisa estar aberto, disponível, receptível para o que vai ser dito e para as consequências que
lhe implicarão enquanto um ser de também significados. Sem o seu desprendimento é
impossível mergulhar nas águas do outro. O ouvir pressupõe entrega!
Paula Rafaela de Souza