O Texto LiteráRio

ewertongindri 3,165 views 18 slides Oct 05, 2009
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O Texto
Literário
Prof. Ewerton Rezer Gindri

Nossa mãe, o que é aquele
vestido, naquele prego?
Minhas filhas, é o vestido
de uma dona que passou.
Passou quando, nossa mãe?
Era nossa conhecida?
Minhas filhas, boca presa.
Vosso pai evém chegando.
Nossa mãe, dizei depressa
que vestido é esse vestido.
Minhas filhas, mas o corpo
ficou frio e não o veste.
O vestido, nesse prego,
está morto, sossegado.
Nossa mãe, esse vestido
tanta renda, esse segredo!
Minhas filhas, escutai
palavras de minha boca.
Era uma dona de longe,
vosso pai enamorou-se.
E ficou tão transtornado,
se perdeu tanto de nós,
se afastou de toda vida,
se fechou, se devorou,
chorou no prato de carne,
bebeu, brigou, me bateu,
me deixou com vosso berço,
foi para a dona de longe,
mas a dona não ligou.
Em vão o pai implorou.
Dava apólice, fazenda,
dava carro, dava ouro,

beberia seu sobejo,
lamberia seu sapato.

Mas a dona nem ligou.
Então vosso pai, irado,
me pediu que lhe pedisse,
a essa dona tão perversa,
que tivesse paciência
e fosse dormir com ele...
Nossa mãe, por que chorais?
Nosso lenço vos cedemos.
Minhas filhas, vosso pai
chega ao pátio. Disfarcemos.
Nossa mãe, não escutamos
pisar de pé no degrau.
Minhas filhas, procurei
aquela mulher do demo.
E lhe roguei que aplacasse
de meu marido a vontade.
Eu não amo teu marido,
me falou ela se rindo.
Mas posso ficar com ele
se a senhora fizer gosto,
só pra lhe satisfazer,
não por mim, não quero homem.
Olhei para vosso pai,
os olhos dele pediam.
Olhei para a dona ruim,
os olhos dela gozavam.
O seu vestido de renda,
de colo mui devassado,
mais mostrava que escondia
as partes da pecadora.
Eu fiz meu pelo-sinal,
me curvei... disse que sim.

Sai pensando na morte,
mas a morte não chegava.
Andei pelas cinco ruas,
passei ponte, passei rio,
visitei vossos parentes,
não comia, não falava,
tive uma febre terçã,
mas a morte não chegava.
Fiquei fora de perigo,
fiquei de cabeça branca,
perdi meus dentes, meus olhos,
costurei, lavei, fiz doce,
minhas mãos se escalavraram,
meus anéis se dispersaram,
minha corrente de ouro
pagou conta de farmácia.
Vosso pais sumiu no mundo.
O mundo é grande e pequeno.
Um dia a dona soberba
me aparece já sem nada,
pobre, desfeita, mofina,
com sua trouxa na mão.
Dona, me disse baixinho,
não te dou vosso marido,
que não sei onde ele anda.
Mas te dou este vestido,

última peça de luxo
que guardei como lembrança
daquele dia de cobra,
da maior humilhação.
Eu não tinha amor por ele,
ao depois amor pegou.

Mas então ele enjoado
confessou que só gostava
de mim como eu era dantes.
Me joguei a suas plantas,
fiz toda sorte de dengo,
no chão rocei minha cara,
me puxei pelos cabelos,
me lancei na correnteza,
me cortei de canivete,
me atirei no sumidouro,
bebi fel e gasolina,
rezei duzentas novenas,
dona, de nada valeu:
vosso marido sumiu.
Aqui trago minha roupa
que recorda meu malfeito
de ofender dona casada
pisando no seu orgulho.
Recebei esse vestido
e me dai vosso perdão.
Olhei para a cara dela,
quede os olhos cintilantes?
quede graça de sorriso,
quede colo de camélia?
quede aquela cinturinha
delgada como jeitosa?
quede pezinhos calçados
com sandálias de cetim?
Olhei muito para ela,
boca não disse palavra.
Peguei o vestido, pus
nesse prego da parede.

Ela se foi de mansinho
e já na ponta da estrada
vosso pai aparecia.
Olhou pra mim em silêncio,
mal reparou no vestido
e disse apenas: — Mulher,
põe mais um prato na mesa.
Eu fiz, ele se assentou,
comeu, limpou o suor,
era sempre o mesmo homem,
comia meio de lado
e nem estava mais velho.
O barulho da comida
na boca, me acalentava,
me dava uma grande paz,
um sentimento esquisito
de que tudo foi um sonho,
vestido não há... nem nada.
Minhas filhas, eis que ouço
vosso pai subindo a escada.

Análise
•Escrito em versos de sete sílabas, de
acordo com a tradição popular;

•Mostra a mais funda raiz brasileira e,
•Ao mesmo tempo, abre-se ao que há de
universal nas pequenas tragédias
humanas.

[O fantasma convoca Hamlet]
Horácio. Ele acena para que vás com ele... Como se participar algo
quisesse a ti somente.
Marcelo. Olha com que ação cortejadora ele te sinaliza um chão mais afastado! Mas não
vás com ele!
Horácio. Não, de forma alguma!
Hamlet. Ele não fala, então o seguirei.
Horácio. Não o faça, milorde!
Hamlet. Por quê, que devo eu temer? Eu não dou a minha vida o preço de um alfinete, e
quanto a minh'alma, que pode ele fazer a ela, sendo coisa imortal como ele mesmo? Ele
me acena que siga novamente, eu o seguirei.
Horácio. E se ele te tentar rumo ao dilúvio, milorde, ou ao temível cume do
despenhadeiro que se projeta sobre sua base para dentro do mar, e lá assumir alguma
outra forma horrível que possa privar-te de tua soberania da razão, e arrastá-lo à
loucura? Pensa nisto: o lugar em si põe brinquedos de desespero, sem mais motivo, em
todo cérebro que olha tantas braças mar adentro e o ouve rugir lá embaixo.
Hamlet. Ele me acena ainda. Vai adiante, Eu te seguirei.
Marcelo. Tu não irás, milorde.
Hamlet. Afastai vossas mãos.
Horácio. Sê obediente, tu não irás!
Hamlet. Meu destino dá um grito, e faz cada pequena artéria neste corpo tão tesa quanto
o nervo do leão de Neméia. Ainda sou chamado. Liberai-me, senhores! Pelos céus, Eu
farei um fantasma daquele que me prender! Eu digo, p'ra longe! Vai adiante, eu te
seguirei.
[Saem o fantasma e Hamlet]

Ponto de partida: a linguagem

“É muito comum relacionarmos a
linguagem literária com norma culta e com
registro formal. As duas aproximações
são equivocadas, ou, pelo menos,
parciais.”

“Comecei a namorar o pai do meu filho e fiquei grávida aos 16 anos. A gente
ficou um ano juntos, só que não deu certo porque a gente era muito novo.
Depois de um tempo, conheci meu segundo ex-marido num site de
relacionamento. Achei que era o príncipe encantado. Quando ele me traiu a
primeira vez, faltava um mês para o meu casamento. E o pior! Ele me traiu
com uma segunda pessoa, depois do meu casamento. Eu dizia: ‘se você me
contar, eu te perdôo’, mas ele não me contou”.
“Com a minha mãe foi assim, com a minha avó também, e comigo não ia ser
diferente. A mulher sempre foi mais sentimento, mas o homem sente mesmo
desejo quando vê o corpo de uma mulher. A partir do momento que ele vem e
me conta a verdade, está perdoado. Isso pra mim não é traição. Ele não deixa
de me amar porque esteve com outra”.
“Acho que quando você tem uma vida sexualmente ativa, as chances de
traição diminuem bastante”, disse o amigo.
“Todo dia ele chegava e eu estava de espartilho, com o jantar preparado em
cima da mesa. Todo dia era uma coisa diferente, e nem por isso deixou de
acontecer”.
Leiamos este outro texto.

“...o sinal estético é aquele...em que a
evocação semântica não se consome na
referência ao denotatum, mas se
enriquece continuamente toda vez que
fruímos a maneira insubstituível pela qual
se incorpora ao material com que se
estrutura; o significado reflete-se
continuamente sobre o significante e se
enriquece com novos ecos.”
(Eco, U.)

“Não é de metrificar ou não que diferem o
historiador e o poeta...a diferença está em
que um narra acontecimentos e o outro,
fatos quais podiam acontecer. Por isso, a
Poesia encerra mais filosofia e elevação do
que a história; aquela enuncia verdades
gerais; esta relata fatos particulares.”
(Aristóteles)

Triângulo de Ogden e Richards

Exemplo: rosa
Significante = /ro za/
Significado =
Referente = amor, delicadeza, perfume,
mulher, etc.
Os primeiros significante e significado
tornam-se significante de um outro
significado, o SIGNIFICADO POÉTICO.
(D’Onofrio, S.)

“Cada palavra poética constitui assim
um objeto inesperado, uma caixa de
Pandora, de onde escapam todas as
virtualidades da linguagem.”
(Barthes, R.)

Plurifuncionalidade do texto literário
Segundo Salvatore D’Onofrio.
•Função estética: arte da palavra e expressão
do belo;
•Função lúdica: provoca prazer;
•Função cognitiva: forma de conhecimento de
uma realidade objetiva ou psicológica;
•Função catártica: purificação de
sentimentos;
•Função pragmática: pregação de uma
ideologia.

“A literatura nos mostra o homem com
uma veracidade que as ciências talvez
não têm. Ela é o documento espontâneo
da vida em trânsito. É o depoimento
vivo, natural, autêntico...”
(Cecília Meireles)
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