III O DESEMBARQUE
A LFG "ORION" fundeou a NW dos molhes de protecção do porto de Conakry.
A maré estava completamente cheia, o vento era nulo, e apenas o clarão da
cidade iluminava a noite. Os botes de assalto foram colocados na água e, pelas
0045, a equipa Victor, do comando do 2.° tenente Rebordão de Brito e
composta por 14 elementos, largou discretamente em direcção aos molhes.
Encostou ao "Dique Norte", localizou exactamente o objectivo e partiu ao
ataque. O grumete FZE Abu Camará eliminou silenciosamente a sentinela, o
que permitiu a entrada a bordo das três vedetas P6, que se encontravam a N
da ponte do cais bananeiro. Abertas as portas das cobertas foram lançadas
granadas de mão ofensivas para o interior das mesmas neutralizando as
guarnições. A equipa de assalto atravessou velozmente a ponte e invadiu os
restantes navios: mais três vedetas e uma espécie de lancha de desembarque.
Entretanto soara o alarme no porto e o inimigo abriu fogo sobre os nossos
elementos que, repetindo a técnica das granadas de mão, eliminaram os focos
de resistência a bordo. Os incêndios ateados pelas granadas, cresceram
rapidamente e, em breve, de bordo da "ORION", avistaram-se as bolas de fogo
provenientes das explosões das lanchas.
A equipa Victor, que realizou o notabilíssimo trabalho, regressou a bordo pelas
02:10, com dois feridos ligeiros e sem a menor perda de material.
As LFG's "Dragão" e "Cassiopeia", transportando a equipa ZULU, fundearam
em 5 metros de fundo, na pequena baía a N da península de Conakry, junto
aos baixos de "La Prudente", cerca das 0015, a três milhas marítimas do local
de abicagem.
Às 01.40 os botes (em número de 10) largaram dos navios. Houve, poucos
momentos depois, um pequeno contratempo: alguns botes enrodilharam-se em
várias redes de pesca, que não foram avistadas devido à escuridão da noite.
Depois de aturado trabalho a desenvencilhar os hélices, conseguiu-se o
desembarque pelas 02.15.
A equipa dividiu-se em três elementos: o primeiro, comandado pelo 1.° tenente
Cunha e Silva, dirigiu-se imediatamente à prisão "La Montaigne", onde, depois
de violenta escaramuça, eliminou a respectiva guarda e libertou os 26
prisioneiros portugueses que lá se encontravam.
O segundo, comandado pelo sub-tenente Falcão Lucas seguiu para o grupo de
objectivos do PAIGC. Neutralizou uma série de sentinelas, destruíu 5 edifícios
do partido, seis viaturas e abateu vários militantes que se encontravam nas
instalações.
Finalmente o terceiro, comandado pelo 2.° tenente Benjamim Abreu,
encarregou-se do Campo das Milícias e da Villa Silly, residência secundária de
Sekou Touré. Com uma decisão notável, o pequeno grupo (22 homens), forçou
a entrada do Campo, esmagou a débil estrutura que se começou a formar e, à
granada de mão, à bazucada e com bem dirigidas rajadas de metralhadora,
pôs fora de combate cerca de 60 milicianos que guarneciam as duas casernas
existentes. Prevendo que a guarda da casa de Sekou Touré, tivesse acorrido à
defesa dos dois portões de entrada da propriedade, o tenente Benjamim
resolveu saltar o muro que separava os dois objectivos e pôde assim,
colhendo-a de supresa, eliminar a referida guarda. Sekou Touré ainda não
chegara a casa: o quarto de dormir, a cama, impecavelmente aberta,
aguardava o ditador Guineense! Incendiado o objectivo, o grupo retirou-se a fim