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o
ano de Licenciatura em Ensino de Português; Universidade Pedagogia de Moçambique –
Gaza - 2015
As construções acima apresentadas são frequentes em discursos de natureza propagandista, no
entanto, pelos motivos acima desenvolvidos, as mesmas são desviantes. Se se observar a
construção em a). na primeira oração a forma verbal no presente do indicativo pertence à 3
a
pessoa do singular, neste caso, ela se refere ao pronome “você”, discordando com a segunda
oração cuja forma verbal, já no imperativo se refere à 2
a
pessoa do singular “tu”, e voltando-
se novamente no período a seguir a se usar a forma verbal que concorda com o pronome
“você”, criando desse modo uma discordância entre as partes intervenientes na construção da
coesão frásica. Entretanto, esta construção pode na sua forma correcta, segundo o PE, ser
realizada segundo o exemplo da construção em b). na qual se faz a concordância de todas as
formas verbais com o pronome “você”, ou ainda se realizar segundo o exemplo em c). em que
se faz a concordância entre as formas verbais de toda a construção com o pronome “tu”. No
entanto, convém usar-se para o caso que nos referimos, de que a frase é de natureza
propagandista, a construção em b) vista a necessidade de se usar nesse tipo de discurso a
forma cortês para com os utentes dos seus serviços.
c) Se [pro]desejas trabalhos de tipografia e litografia, [pro]exige qualidade. [pro]Consulta-
nos.
No que se refere ainda à questão de discurso cortês e de solidariedade, condiz comentar sobre
o caso, considerando a produção frásica no PM, recorrendo aos exemplos que se apresentam
em seguida.
Ex1: *Excelência, [pro]dá-me permissão para [pro]expor o caso.
Ex2:*Senhor professor, [pro]corrige-me se [pro]estiver errado.
Nas construções supra-apresentadas, frequentes no PM, observa-se que estas apresentam um
desvio no que tange à questão de cortesia, pois considerando o tipo de relação possível entre o
sujeito enunciador e o sujeito enunciatário, a forma de tratamento tem de ser por excelência
cortês, e não de solidariedade, o que não se verifica nas construções em causa, pois nestas
tende-se a se usar a forma de tratamento “tu” correspondente à solidariedade, em vez da
forma de tratamento “você” correspondente à cortesia. Entretanto, numa forma cortês estas
construções deviam ser:
Ex1:Excelência, dê-me permissão para [pro]expor o caso.
Ex2:Senhor professor, corrija-me se [pro]estiver errado.