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Josefo cita, ele próprio, as maldades praticadas por este governante: “A maior parte do povo obedeceu-lhe, fê-lo
voluntariamente ou por medo; mas estas ameaças não puderam impedir aos que tinham virtude e generosidade de
observar as leis dos pais.
O cruel príncipe fazia a estes morrer por vários tormentos. Depois de os ter feito retalhar a golpes de chicote, sua
horrível desumanidade não se contentava de fazê-los sacrificar, mas, enquanto respiravam, ainda fazia enforcar e
estrangular perto deles suas mulheres e os filhos que tinham sido circundados.
Mandava queimar todos os livros das Sagradas Escrituras e não perdoava a um só de todos aqueles em cujas casas
os encontrava.” (Hist. Dos Hebreus, Vol 4, Cap. 4, § 465)
Afora a História dos Hebreus de Josefo, I e II Macabeus são os únicos relatos que temos acerca do período helênico
na Judéia.
Embora se diga que Josefo parafraseou o livro apócrifo de I Macabeus, suas narrativas são bem mais completas e
diferem em algumas datas e pontos, por exemplo, no que diz respeito ao intento de Antíoco conquistar o Egito:
Conforme I Macabeus, ele logrou fazê-lo, enquanto Josefo diz que Antíoco foi dissuadido por ameaças dos romanos
a abandonar o Egito.
Matatias iniciou a revolta dos Macabeus. No geral, a dinastia que se consolidou em Israel da descendência de
Matatias passou a ser conhecida como “asmoneus”, termo que deriva do nome Asmoneu, ancestral de Matatias,
conforme explica o próprio Josefo: “Naquele mesmo tempo, numa aldeia da Judéia chamada Modim, havia um
sacerdote da descendência de Joaribe, nascido em Jerusalém, que se chamava Matatias, filho de João, filho de Simão,
filho de Asmoneu.” História dos Hebreus, Capítulo 8, § 467)
Na literatura judaica o título “Macabeus” se refere mais propriamente aos filhos de Matatias, Judas e seus irmãos
Jônatas e Simão, sendo o título “Asmoneu” mais apropriado para se referir aos descendentes seguintes.
É mais correto ver os “macabeus” Judas, Jônatas e Simão, filhos de Matatias, como chefes da resistência judaica, e
não propriamente como “reis” de um suposto estado Macabeu. Os três, cada qual a seu tempo, acumularam as
funções de chefes militares e de sumo-sacerdotes do Templo de Jerusalém.
Neste tempo, muitas das cidades de Israel se encontravam tomadas pelos selêucidas e seus aliados judeus, entre as
quais se pode citar Jericó, Emas, Betoron, Betel, Tocon e Gazara entre outras.
Após este período, podemos sim entender a existência de um estado Asmoneu, que experimentará uma completa
independência durante um período de 70 anos entre 134 e 63 AC, o que não deixa de nos sugerir uma antítese com
os 70 anos de cativeiro na Babilônia.