Prova de redação da UFMG-2001

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About This Presentation

Prova de redação, UFMG, UFMG-2001


Slide Content

Prova de redação
UFMG 2001
Manoel Neves

INSTRUÇÃO
Redação, UFMG-2001
Leia estes trechos:

TRECHO 01
Redação, UFMG-2001
PRETI, Dino. A linguagem dos idosos. São Paulo: Contexto, 1991. p. 22-23. (Texto adaptado)
O Brasil deixa, aos poucos, de ser um país de jovens. Pode-se afirmar que os velhos constituem,
mais do que uma simples faixa etária, uma verdadeira categoria social da população,
profundamente estigmatizada, por oposição à categoria dos jovens. Tudo contribui para que se
destrua no idoso a expectativa de inclusão social, no sentido de que a sociedade reserve para ele,
dentro de parâmetros reais, um papel adequado, única forma para que esta deixe de exigir-lhe
um comportamento decalcado nos mais jovens, inclusive na linguagem.

TRECHO 02
Redação, UFMG-2001
Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 4 jun. 2000. p. 4. (Texto adaptado)
Eles estão por aí, vagando pelas grandes cidades, catando a sobrevivência nas portas de
restaurantes ou nas latas de lixo. Dormem sobre o papelão. Esmolam nas portas das igrejas. De
tão presentes no cotidiano, nem são mais notados. São os velhos de rua, jogados ao relento por
famílias que os rejeitam ou pela ausência delas , pelo mercado de trabalho, onde não têm mais
vez, pela degradação da idade e da solidão, que traz doenças como a demência e o alcoolismo.
São brasileiros quase invisíveis: nunca se procedeu a uma contagem oficial e específica de
quantos sejam.

TRECHO 03
Redação, UFMG-2001
Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 4 jun. 2000. p. 4. (Texto adaptado)
Deitada na calçada, Dona Belarmina, 71 anos, parece até serena, quase adormecida embaixo do
cobertor quadriculado, a cabeça apoiada em pedaços dobrados de papelão, que lhe servem
também de colchão. Ainda é cedo, oito da noite, e o movimento de carros e pessoas é intenso.
Ninguém presta atenção.
Já perdi tudo, até a vergonha, diz, a voz quase inaudível. Perdeu a família, que lhe virou as costas
quando se tornou um peso difícil de sustentar. Perdeu as condições de trabalhar Eu era uma
mulher trabalhadeira. Perdeu o interesse pela vida. Não sabe quem é o presidente da República,
nem o governador, nem o prefeito. E eles sabem que eu existo? Ninguém sabe nem que estou
viva!

REDIJA um texto dissertativo sobre o processo discriminatório por que passam os idosos.
Para tanto, relacione as idéias dos Trechos 1 e 2 e o depoimento do Trecho 3, utilizando-os como
material de reflexão para seu próprio texto, sem, contudo, transcrever fragmentos dos trechos lidos.
QUESTÃO 01
Redação, UFMG-2001

DISCUTINDO A PROPOSTA
Redação, UFMG-2001
tema
o processo discriminatório por que passam os idosos
analisando a proposta
esperava-se que o candidato relacionasse o assunto da estigmatização dos idosos ao conteúdo
dos trechos 2 e 3, que acrescentam à temática central as instâncias sociais das quais o idoso
é excluído, a saber: o governo, a sociedade, a família e o mercado de trabalho.

TEMA ≠ TÍTULO
tema título
é o assunto sobre o qual se falará
é proposto através de cartuns, textos, charges...
violência, urbana, violência familiar etc
é o resumo do texto produzido
pode ou não fornecer a diretriz do texto
não é frase
TEMA E TÍTULO
Redação, UFMG-2001

CONSTRUINDO DO TÍTULO
Redação, UFMG-2001
pode não pode
abordar assunto genérica ou especificamente
usar formas nominais [ou verbo de ligação]
fornecer a diretriz que se quer dar ao texto
usar ponto final, pois título não é frase
usar verbo conjugado, salvo o de ligação
repetir o tema ou copiar trechos da coletânea

tema tese = frase tópico
Os idosos brasileiros vêm sofrendo intensamente com a discriminação.
apresentação dos argumentos que serão desenvolvidos
São segregados da sociedade
Vivem completamente à margem de qualquer plano de desenvolvimento e recolocação.
o parágrafo pronto
Os idosos brasileiros vêm sofrendo intensamente com a discriminação. São segregados da sociedade e
vivem completamente à margem de qualquer plano de desenvolvimento e recolocação.
A INTRODUÇÃO
Redação, UFMG-2001

argumento 01
a exclusão do mercado de trabalho
ampliação
para encontrar um argumento, faça a pergunta por quê; para ampliá-lo, faça a pergunta como
1. idade avançada [acredita-se que]
2. baixa produtividade [acredita-se que]
3. prejuízo p/ o empregador [acredita-se que]
4. exclusão do mercado [consequência]
o parágrafo pronto
A idade avançada não os deixa trabalhar, levar uma vida ativa. Por preconceito, acredita-se que o
tempo de vida pode influenciar na sua produtividade. Qualquer trabalho poderia ser sinônimo de
prejuízo para o empregador. Sem oportunidades, dependem sempre dos outros.
O DESENVOLVIMENTO
Redação, UFMG-2001

argumento 02
a exclusão na família
ampliação
para encontrar um argumento, faça a pergunta por quê; para ampliá-lo, faça a pergunta como
1. saúde debilitada
2. alto grau de dependência
3. internação em asilos [consequência]
4. isolamento [consequência]
o parágrafo pronto
Muitas famílias não veem com satisfação a presença de um idoso em casa. A saúde debilitada e a
constante dependência fazem com que o número de idosos em asilos, longe das famílias, seja grande:
sofrem com a solidão.
O DESENVOLVIMENTO
Redação, UFMG-2001

argumento 03
a exclusão pela sociedade em geral e pelo governo
ampliação
para encontrar um argumento, faça a pergunta por quê; para ampliá-lo, faça a pergunta como
1. falta de projetos de recolocação
2. falta de projetos de inserção social
3. exclusão [consequência]
4. falta de dignidade [consequência]
o parágrafo pronto
Os órgãos competentes não têm projetos de recolocação do idoso na sociedade. São marginalizados e
não têm perspectiva alguma por não serem incluídos em programas que os façam recuperar a
dignidade.
O DESENVOLVIMENTO
Redação, UFMG-2001

articulador longo
Dessa forma Dado o exposto Por tudo isso Por motivo dePode-se dizer que
paráfrase da introdução
resumo da argumentação
peroração
o locutor, para reapresentar o assunto, pode parafrasear a frase tópico
pode-se usar 1 ou + frases para, resumidamente, fazer referência aos argumentos desenvolvidos
dependendo da proposta, o locutor pode propor uma solução de problema [facultativa]
o parágrafo pronto
Diante disso, faz-se necessário dar importância, não somente em teorias sociais e governamentais, a
uma parcela da população que está crescendo e a cada dia é esquecida.
A CONCLUSÃO
Redação, UFMG-2001

INSTRUÇÃO
Redação, UFMG-2001
Leia estes textos:

TEXTO 01
Redação, UFMG-2001
CORTELLA, Mário S. Folha de S. Paulo, São Paulo, 18 maio 2000. Folha Equilíbrio, p. 15. (Texto adaptado)
A pressa não é mais inimiga da perfeição? Devagar não se vai mais ao longe? Há, ainda, algum
valor que possa ser atribuído a algo que demora um pouco mais para ser feito, fruído ou
conquistado?
Não, não temos mais tempo! Cada dia levantamos mais cedo e vamos dormir mais tarde, sempre
com a sensação de que o dia deveria ser mais extenso ou de que não soubemos nos organizar
direito. Nem o relógio olhamos mais para ver que horas são, mas, isso sim, para verificar quanto
falta. É essa urgência de visualizar o intervalo espacial entre os ponteiros que fez, por exemplo,
com que os relógios de pulso digitais não obtivessem sucesso duradouro, pois precisam ser lidos,
em vez de apenas percebidos de relance; hoje, só os usam os que têm algum tempo sobrando.
Vai demorar para ficar pronto? Vou demorar para aprender isso? A conexão é demorada? A
leitura desse livro é demorada? A visita ao museu é demorada? O culto é demorado? Aprender a
tocar esse instrumento é demorado? Demora para fazer essa comida? Então, não posso querer.
Há alguma coisa errada nessa turbinação toda.

TEXTO 02
Redação, UFMG-2001
LAERTE. In: DIMENSTEIN, G. Aprendiz do futuro: cidadania hoje e amanhã. São Paulo: Ática, 1998. p.11.

Com base nessa leitura, REDIJA um texto dissertativo, argumentando favoravelmente à posição
defendida pelos autores no que se refere à relação do homem de hoje com o tempo.
QUESTÃO 02
Redação, UFMG-2001

SOLUÇÃO COMENTADA
Redação, UFMG-2001
CORTELLA, Mário S. Folha de S. Paulo, São Paulo, 18 maio 2000. Folha Equilíbrio, p. 15. (Texto adaptado)
No texto 1, o autor deixa claro que é contra a correria do dia-a-dia, ao contrário dos quadrinhos
do cartunista, que, de início, podem dar a impressão de que é preciso ter pressa para ser bem-
sucedido. O elemento dificultador desta questão é a duplicidade de sentidos dos quadrinhos.
Numa primeira leitura, eles podem aparentar uma posição favorável à correria – e, nesse caso,
eles se oporiam à de Cortella –, mas o candidato deve perceber a ironia que Laerte usa para
mostrar o ritmo alucinante que a informática vem imprimindo à sociedade, uma vez que as
novidades reapidamente são sucateadas, e criticar, na verdade, a correria da vida moderna.
A questão exigia, pois, dos candidatos uma reflexão acerca dos aspectos negativos do acelerado
cotidiano do homem moderno. Por outro lado, demandava maturidade da parte dos leitores no
que se refere à capacidade de ler e interpretar diferentes gêneros textuais, inferindo relações
não-explícitas entre eles.

INSTRUÇÃO
Redação, UFMG-2001
Leia este trecho:

TEXTO
Redação, UFMG-2001
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo, 8. ed., p. 162.
26 DE JULHO ... Era 19 horas quando o senhor Alexandre começou a brigar com a sua esposa.
Dizia que ela havia deixado seu relogio cair no chão e quebrar-se. Foi alterando a voz e começou
a espancá-la. Ela pedia socorro. Eu não imprecionei, porque já estou acostumada com os
espetaculos que ele representa. A Dona Rosa correu para socorrer. Em um minuto, a noticia
circulou que um homem estava matando a mulher. Ele deulhe com um ferro na cabeça. O sangue
jorrava. Fiquei nervosa. O meu coração parecia a mola de um trem em movimento. Deu-me dor
de cabeça.
Os homens pularam a cerca para impedi-lo de bater na pobre mulher. Abriram a porta da frente e
as mulheres e as crianças invadiram.

Esse trecho do livro de Carolina Maria de Jesus distancia-se da escrita que se espera de um adulto
que teve de abandonar a escola no segundo ano primário.
QUESTÃO 03
Redação, UFMG-2001
REDIJA um texto identificando e explicando 3 diferentes aspectos linguísticos do trecho citado
que comprovem essa afirmativa.

SOLUÇÃO COMENTADA
Redação, UFMG-2001
uso de vocabulário e expressões até certo ponto mais sofisticados que os que se espera de
alguém de tão pouca instrução, como "imprecionei", "alterando", "a notícia circulou";
uso de tempos verbais mais comuns na escrita e pouco usados na fala, como "havia deixado";
uso de metáforas, que dá ao texto um ar poético, como "O meu coração parecia mola de um
trem em movimento", "estou acostumada com os espetáculos que ele representa";
uso de concordância verbal e nominal de acordo com a norma culta;
elaboração de períodos coesos, revelada por meio de articuladores;
opção por uma tipologia textual de determinada espécie.