"Mensagem" de Fernando Pessoa- "O Infante"
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Feb 25, 2019
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Análise interna e externa do poema "O Infante" do livro "Mensagem" de Fernando Pessoa, no âmbito da disciplina de Português do 12º ano.
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Language: pt
Added: Feb 25, 2019
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Slide Content
“Mensagem”
“O Infante” Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Deus quis que a terra fosse toda uma, Que o mar unisse, já não separasse. Sagrou-te, e foste desvendando a espuma. E a orla branca foi de ilha em continente, Clareou, correndo, até ao fim do mundo, E viu-se a terra inteira, de repente, Surgir, redonda, do azul profundo. Quem te sagrou criou-te português. Do mar e nós em ti nos deu sinal. Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. Senhor, falta cumprir-se Portugal!
Estrutura Externa Deus/ quer,/ o / ho / mem / so / nha /, a o/ bra / nas/ ce . 10 sílabas métricas Deus/ quis/ que/ a/ ter/ ra / fos /se/ to/da u/ ma , 10 sílabas métricas Que o/ mar/ u/nis/se/, já/ não/ se/ pa / ras / se . 10 sílabas métricas Sa /grou/- te, e/ fos /te/ des / ven / dan /do a es /pu/ ma . 10 sílabas métricas E a orla branca foi de ilha em continente, Clareou, correndo, até ao fim do mundo, E viu-se a terra inteira, de repente, Surgir, redonda, do azul profundo. Quem te sagrou criou-te português. Do mar e nós em ti nos deu sinal. Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. Senhor, falta cumprir-se Portugal! Rima cruzada Realização (2º parte); Regularidade estrófica (composto por três quadras); Regularidade métrica (constituído por versos decassilábicos); Regularidade rimática.
Estrutura Interna Deus quer , o homem sonha , a obra nasce . Deus quis que a terra fosse toda uma, Que o mar unisse, já não separasse. Sagrou-te, e foste desvendando a espuma . Vontade divina e o sonho do homem Concretização da obra Desejo de Deus Infante Portugueses Metáfora
E a orla branca foi de ilha em continente, Clareou , correndo, até ao fim do mundo, E viu-se a terra inteira, de repente, Surgir, redonda, do azul profundo . Ideia do divino e espiritual Mistério Passagem do desconhecido para a luz Metáfora Estrutura Interna
Quem te sagrou criou-te português . Do mar e nós em ti nos deu sinal . Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez . Senhor , falta cumprir-se Portugal! Nacionalismo e patriotismo Vontade divina Império material Morte do Infante Império espiritual Apóstrofe Estrutura Interna
“O Infante” “O Infante”, neste poema, refere-se ao Infante D. Henrique que foi considerado o homem que contribuiu para o impulso que levou aos Descobrimentos. Primeira estrofe Na primeira estrofe está presente a vontade divida (“Deus quer”), o sonho do homem (“o homem sonha”) e a concretização da obra (“a obra nasce”). Sem a vontade de Deus, o sonho não seria despertado no homem e consequentemente a obra não seria criada. Nesta estrofe, Deus desejava que os continentes se unissem e, que em vez de os separar, o mar servisse como elemento de ligação entre eles. A sua vontade guiaria as ações dos marinheiros e faria com que os portugueses trabalhassem na missão divina de unir e conhecer o mundo, sem que pensassem nos seus proveitos/interesses pessoais. Para o cumprimento deste desejo, Deus “sagrou” o Infante. Este, representava todos os portugueses uma vez que em todos eles o sonho de desvendar o mar/desconhecido (“desvendando a espuma”) e unir a terra surgiu, o que levou ao “nascimento” dos Descobrimentos- concretização da obra.
“O Infante” Segunda estrofe Nesta estrofe a metáfora “orla branca” corresponde ao rasto de espuma deixado pelas naus, no mar, e representa a pureza e a presença do espírito divino, assim como o verbo “clareou”. Os terceiro e quarto versos, simbolizam a esperança visto que os portugueses descobriram que a terra era redonda e que o “fim” do mar (o visível aos olhos) não era fosso profundo como pensavam. Com isto, observa-se a descrição do crescimento do Império (“(…) foi de ilha em continente”).
“O Infante” Terceira estrofe No primeiro verso desta estrofe, a expressão “criou-te português” representa o nacionalismo e o patriotismo presentes no país naquela época e o Infante é considerado símbolo do herói português. No segundo verso, está novamente presente a vontade divina em “deu sinal”, dado que Deus escolheu o Infante para executar a sua missão. A sentença “Cumpriu-se o mar” significa que o mar foi desvendado, ou seja, ocorreram os Descobrimentos, mas na expressão “e o império se desfez” constata-se que as terras que conquistaram foram perdidas, isto é, o império material desfez-se. Além disso, adianta também a morte do Infante D. Henrique. Nesta estrofe a exclamação “Senhor falta cumprir-se Portugal!”, relaciona-se com o Império espiritual (Quinto Império), uma vez que é o único que não se desfaz, e simboliza a esperança que ainda se mantém. Pode ser considerada uma nova missão espiritual. Assim, pode concluir-se que não eram os Descobrimentos a maior glória de Portugal, mas sim a sua língua, cultura e a alma. Apesar de terem cumprido a missão dada por Deus, o destino glorioso e imaterial do espírito, a entidade nacional, estava ainda por cumprir.