Linguagem, estilo e estrutura
Enquanto romance
Os Maias são classificados como um romance, isto porque, segundo as regras deste género literário,
se trata de uma narrativa longa, em que existe mais do que uma linha de ação e um número
considerável de personagens. Por esse motivo, multiplicam-se os espaços em que o enredo se
desenvolve e a organização temporal torna-se mais complexa.
A ação principal d’ Os Maias é a relação amorosa de Carlos e Maria Eduarda: esta linha narrativa
funciona como um motor do romance, e é a vida e o destino destas personagens centrais que
dinamizam o texto. A linha de ação secundária é o casamento de Pedro de Maia e Maria Monforte.
O título e o subtítulo
O título do romance é uma referência direta à família, que ocupa uma posição central na narrativa.
De facto, se Carlos da Maia é a personagem nuclear da ação principal, a vida do seu pai e do seu avô
assumem relevância no romance. Aliás, o enredo d’ Os Maias remonta a algumas décadas anteriores
ao nascimento do protagonista.
A pertinência do título manifesta-se também na relação incestuosa de Carlos e Maria Eduarda, visto
que foram uma consequência dos infortúnios e dos desencontros da família.
A vida das quatro gerações d’ Os Maias, representando os diferentes períodos do século XIX
português:
Caetano da Maia – adepto do absolutismo*;
Afonso da Maia - defende o liberalismo;
Pedro da Maia – representa a segunda geração liberal e mentalidade romântica;
Carlos da Maia – contemporâneo da Regeneração.
*Caetano manterá uma relação tensa com o seu filho Afonso pois este defende o liberalismo
O subtítulo, Episódios da vida romântica, abre o leque para a narrativa se tornar um estudo da
sociedade portuguesa, sobretudo, da segunda metade do século XIX.
Este subtítulo aponta para a crónica de costumes que atravessa o romance e se desenvolver a par
da intriga principal. Nesse estudo da sociedade portuguesa analisam-se os comportamentos, os
hábitos, as práticas de um povo, criticam-se os vícios, incongruências e falhas.
Nos episódios do romance, manifestam-se as características dos portugueses. Desmarcam-se traços
da identidade coletiva portuguesa, como o parasitismo, o oportunismo, a inércia, a falta de cultura,
e outros vícios.
Linguagem e estilo
A prosa revela-se admiravelmente versátil e maleável. Por outro lado, atinge rasgos de grande
beleza com construção frásica elegante e cuidada. Ainda por outro lado, sobretudo na reprodução
das falas das personagens, recorre-se aos registos de uma fala familiar e corrente, ocasionalmente
ao calão.
Na “reprodução do discurso no discurso”, o discurso direto e o discurso indireto livre revelam-se
estratégias do gosto da literatura realista na medida em que se colocam as personagens em
interação de forma a exporem-se através do que dizem e a denunciarem o seu caráter.
Recursos expressivos
Ironia: serve de crítica social, pois este recurso confere leveza, encanto e humor à narrativa; revela-
se adequada para denunciar contradições, incongruências e as falhas das personagens e dos
comportamentos socias;
Comparação e metáfora: são formas de caracterização insultuosa;