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e com o Espírito de Deus. Todos eles são sementes
plantadas, no solo da vida da Igreja.
Na qualidade de educadores e educadoras, nos-
sa tarefa é a da semeadura. As sementes são os va-
lores e princípios da palavra de Deus, que recebe-
mos Dele em primeira mão, por meio do processo
de crescimento em fé que nós mesmos atravessa-
mos. Eu sempre digo que ninguém pode dar o que
não tem. Para que haja em nós a alegria dos fru-
tos, é preciso, em primeiro lugar, que sejamos,, nós
mesmos o resultado de sementes (1Co 11.1). Sem
a experiência pessoal com Cristo, a pessoa que tra-
balha com crianças pode ser um excelente educa-
dor ou professor, mas jamais será alguém que dis-
cipula nos moldes de Cristo. Ele jamais ofereceu, a
qualquer de seus seguidores, uma perspectiva de
Deus que não fosse resultado de sua própria vivên-
cia.
Ensinamos nossas crianças a desenvolver seus
frutos, por meio de nossas histórias, acerca do que
Cristo fez em nós. Fomentamos nelas o espírito de
adoração, à medida em que nos deslumbramos
,diante delas, ao ler a Palavra divina e quando lou-
vamos e adoramos. Mostramos que Cristo é nosso
Senhor, ao invocá-Lo, cotidianamente, diante dos
desafios que se nos apresentam. E essa é uma ra-
zão primordial para que também celebremos seus
pequenos passos de fé, suas afirmações teológicas
mais lúdicas, as surpresas com que nos presen-
teiam, ao demonstrar seu modo de entender a re-
velação divina.
Por isso e por fim, creio que é preciso que nós,
adultos e adultas, reaprendamos o valor da cele-
bração. Sofremos tanto, plantando e cuidando da
semente que, quando ela brota, damos um suspiro
aliviado e nos viramos para o próximo campo seco,
sem nos apercebermos do milagre que é esse bro-
tar da fé, no coração de nossos pequenos.
Damos por certas tantas coisas! Achamos que a
independência nos levará a algum lugar, mas es-
tamos criando nossas crianças, para uma vida sem
Deus, esperando que em algum momento elas
decidam sozinhas... Como? Se não estamos plan-
tando? Se não investimos nelas por meio da Escola
Dominical, dos grupos pequenos, dos ministérios
bem preparados? Se os pais ocupam seus dias com
tantos afazeres que, aos domingos, elas não que-
rem ir à igreja?
Esses dias mesmo, eu me assombrei de ver, numa
postagem de facebook, acerca de um batismo por
imersão, alguém comentar, dizendo que finalmen-
te, a Igreja Metodista havia assumido essa forma de
batismo e que, assim, as crianças agora poderiam
decidir, sendo batizadas a penas quando adultas.
Perceba, não é a forma de batismo a questão aqui,
mas de que maneira uma forma de batismo traz
uma teologia que, claramente, exclui os peque-
ninos e pequeninas do processo da graça, faz os
pais e mães se omitirem de seu papel, na aliança
com Deus e joga por terra nosso esforço de anos e
anos tentando educar nosso povo, dentro de nos-
sa teologia inclusiva, do valor da experiência delas
e de nosso selo como pais e mães sobre suas vidas.
Eu jamais abdicarei da fé no batismo infantil. Sou
fruto dele, como cristã e como metodista. Minhas
filhas foram acolhidas nessa fé. Meus irmãos e irmã
também. E meus tios e tias. Tenho uma história de
frutos para contar. As sementes que eu plantei vie-
ram da mesma raiz das quais fui alimentada. E “se a
raiz é santa, os ramos também o serão” (Rm 16.11).
Por isso é que quando algo emerge como amos-
tra de fé e frutos na vida das crianças, temos de
reunir os amigos e amigas e fazer uma grande
festa. A igreja precisa celebrar a fé dos pequenos
e pequenas. Dar-lhes espaço de testemunho e lou-
vor. Investir pesado para que tenham as melhores
condições de frutificar e depois celebrar, celebrar
muito, a festa da vida.
Hideide Brito Torre
[email protected]