significa reunir em torno de si adeptos que só admitem como valido o
que afirma o mestre; ora, Bastide impossibilitava tal maneira de agir, tal
o seu respeito pelo outro. De acordo com o Petit Larousse, significa ter
muitos imitadores (Petit Larousse), 1962:348); mas a existência de co-
piadores era impossível, Bastide era inimitável.
Um grande amigo seu e guia nos diversos templos afro-brasileiros
da Bahia, Pierre Verger, francês inteiramente abrasileirado, descreveu-
lhe as qualidades fundamentais; Bastide era "antes de tudo um homem
que sabia se pôr no lugar dos outros e compreender os pontos de vista
deles. Tinha rara facilidade para raciocinar com os argumentos de seus
interlocutores e ver as coisas com os olhos destes, fosse qual fosse a
estranheza que ressentisse e, o que não prejudicava em nada as coisas,
sabia se colocar na posição do outro de maneira fina e saborosa" (Verger,
1978:52). Não é de estranhar que, por onde tenha andado no Brasil,
deixasse viva a sua imagem e, entre os pesquisadores que trabalharam
sob sua direção, um profundo sentimento de saudade, essa mágua nos-
tálgica banhada de afeição tão caracteristicamente brasileira...
Notas
1 A qualidade, a quantidade, a variedade dos livros, artigos e resenhas é verdadeiramente
extraordinária, segundo mostram as bibliografías existentes: Beylier, 1977, especial-
mente para o Brasil; Dauty, 1978 e 1985; Trindade, 1985.
2 Roger Bastide pertencia à geração dos autodidatas em Ciências Sociais da França, pois só
a partir da década de 1950 teve esse país uma formação especial para tal área; anterior-
mente, a Sociologia era uma disciplina constante dos cursos de Filosofia e de Moral. No
Brasil, a formação específica se inaugurou em 1933 com a Escola Livre de Sociologia e
Política e, em 1934, com o Departamento de Ciências Sociais, da USP.
Referências bibliográficas
ANTÔNIO CANDIDO. Recortes. S. Paulo, Companhia das Letras, 1933.
ARBOUSSE-BASTIDE, Paul. Mon ami Roger Bastide. S. Paulo, Revista do Instituto de
Estudos Brasileiros, USP, n. 20,1978.
BASTIDE, Roger — Les arméniens de Valence. Paris, Revue Internationale de Sociologie, v.
39, n. 1-2,1931.
BEYLIER, Charles - L'Oeuvre Brésilienne de Roger Bastide Paris, Thèse de doctorat de 3e
cycle, École dês Hautes Ètudes en Sciences Sociales, 1960 (xerox).
DAUTY, Denise. Roger Bastide, bibliographie, 1921-1974. Paris, Cahiers d'anthropologie,
numéro spécial, 1978.