Proteinúria >3,5 g/24 h f
Hipoalbuminemia <3g/dl
Edema
SÍNDROME NEFRÓTICA – Definição:
Síndrome Nefrótico
Síndrome Nefrótico
Edemas, desde facial até
anasarca
Sintomas da doença de base
Sintomas de insuficiência
renal crônica
Risco aumentado para TEV
SÍNDROME NEFRÓTICA – Manifestações
História Clínica variada
Manifestações clínicas:
-Edema periférico ou
anasarca -Nictúria
-Dispnéia
(Edema pulmonar/derrame
pleural/ascite)
-Aumento de peso p/edema
-Aumento de infecções
-TVP,TEP Trombose
arterial -Semiologia
mínima (só edema)
Sintomas da doença de base
Sintomas de insuficiência
renal crônica
SÍNDROME NEFRÓTICA – Manifestações
Síndrome Nefrótico - Outras
expressões
Susceptibilidade aumentada a infecções - ↓ Ig e
componentes do sistema complemento
Desnutrição proteica
↓Níveis de Tiroxina – perda de TBG
Anemia microcítica hipocrómica resistente ao ferro -
perda de transferrina
Aumento dos fenómenos tromboembólicos - ↓ volume
intravascular
- ↓ antitrombina III
- ↑ fibrinogénio
Alterções imprevisíveis da farmacocinética de fármacos
que circulam ligados a proteínas
Doença por Lesão Mínima (Lesão
Nil)
Em ME – lesão dos pedicelos que apoiam os podócitos epiteliais com
enfraquecimento das membranas com fendas e poros.
Responsável por 80% dos casos de SN indivíduos com menos de 16 anos e
15% dos adultos.
Fig. A – Glomérulo normal.
Fig. B – Lesão Mínima.
Doença por Lesão Mínima (Lesão
Nil)
Incidência máxima entre os 6-8 anos de idade. Ás vezes
ocorre após uma infecção respiratória ou imunização
profiláctica de rotina.
Maioria dos casos é idiopática.
Glomérulo normal em MO.
Não se observa deposição de complexos imunes.
Inicio súbito de edema e SN acompanhada por sedimento
urinário acelular.
Hematúria microscópica em 20-30% dos casos.
Hipertensão e disfunção renal são muito raras.
Excelente resposta à corticoterapia (prednisona).
Amiloidose
Caracterizada pela acumulação nos tecidos de proteínas fibrosas que podem por
em causa funções vitais.
Amiloidose
Os glomérulos são afectados em 75-90% dos doentes.
A amiloidose renal é causada normalmente pelos tipos
AL (amiloidose primária) e AA (amiloidose secundária).
A evidência mais comum é a proteinúria nefrótica.
Hipertensão presente em 20-25% dos caos.
Diagnóstico é definido quando o doente se submete a
biopsia (depósitos de amilóide).
Glomerulonefrite
Gl. membranosa Gl. Membrano-proliferativa.
A imunoflurescência demonstra depósitos granulosos difusos de IgG e C3 e a
microscopia electrónica revela tipicamente depósitos subepiteliais electro-densos.
Responsável por 30% de SN em adultos. Causa mais comum em idosos.
Glomerulonefrite Membranosa
Incidência máxima entre os 30-50 anos de idade.
Proporção homens mulheres de 2:1
Caracterizada pelo espessamento difuso da MBG.
Pode ser: idiopática – 75%
secundária – 25%: - fármacos (penicilina, captopril);
- neoplasias (carcinoma do pulmão);
- LES;
- infecções (malária, VHB crónica);
- distúrbios metabólicos (DM)
Remissão espontânea e completa em até 40% dos
doentes.
Causa isolada mais comum de IRC.
Nefropatia por aumento da TFG e hipertensão glomerular.
Há espessamento da membrana basal e expansão do
mesângio.
Microalbuminúria (30-300mg/24h)
Proteinúria
Doença renal
em estádio
terminal
Diagnóstico da
diabetes
10-15 anos
Factores de risco
mantidos:
•Glicémia não
controlada
•HTA não controlada
•HT glomerular
•Hiperfiltração
•Tabagismo
Nefropatia diabética
Biopsia Renal
Indicações para a realização de biopsia
renal em crianças:
Início antes de 1 ano de idade ou após os 10 anos.
Alterações clínico-laboratoriais que sugerem outro diagnostico.
Ausência de resposta clínica ao fim de 28 dias de prednisona.
Dependência de esteróides.
Desenvolvimento de resistências aos esteróides.
Alteração do curso clínico (ex.: desenvolvimento de características
de glomerolonefrite).
Antes de iniciar terapêutica citotóxica .
Síndrome Nefrótico -
Tratamento
Monitorizar valores de ureia, creatinina e electrólitos;
PA;
Dieta hipossalina e hipoproteica;
Restrição hídrica.
Tratamento dos sintomas:
- HTA – Diuréticos, β-bloqueantes, IECAS, antagonistas Ca, ARAII
- Proteinúria – IECAS ou ARAII
- Edemas – furosemida, albumina e diuréticos
- Hiperlipidémia – restrição calórica, estatinas (sinvastatina)
- Tromboembolismo – varfarina (profilaxia em acamados com
heparina)
Tratar doença causal quando possível…
Síndrome Nefrótico -
Prognóstico
Depende de: etiologia, idade e tipo de lesão renal observada
no exame ao microscópio do tecido obtido por biopsia.
Os sintomas podem desaparecer completamente quando a
síndrome é provocada por uma perturbação que se pode
tratar (infecção, etiologia medicamentosa).
Geralmente é bom se a perturbação subjacente responder
aos corticosteróides.
As crianças com S. Nefrótico congénito quase nunca
sobrevivem para além do 1ºano, embora algumas tenham
sobrevivido graças à diálise e ao transplante renal.
S. Nefrítico - Definição
Lesão glomerular do tipo inflamatório, caracterizada por
início abrupto de:
Síndrome nefrítica focal ou leve:
Lesão glomerular afetando menos que
50% dos glomérulos, na microcopia
ótica de biopsia renal
Hematúria dismórfica
Proteinúria <3,5 g nas 24 h
Expressão clínica mínima
Dimorfismo eritrocitário:
Alteração na morfologia das
hemácias no sedimento urinário
Glomerulares – origem renal, com
alterações na cor, forma, volume e
conteúdo de hemoglobina
Não-glomerulares – origem urológica
Hemácias isomórficas
Parecidas com as do sangue
SÍNDROME NEFRÍTICA – Manifestações
S. Nefrítico - Mecanismos
Inflamação Glomerular
Edema / Obstrução
Glomerular
Alteração da permeabilidade
capilar glomerular
↓ Coeficiente de filtração
glomerular (superfície)
Retenção de H
2
O e Na
↑ P hidrostática LEC
HTA
↑ UREIA
↑ CREATININA
EDEMA OLIGÚRIA HEMATÚRIA PROTEINÚRIA
S. Nefrítico- Manifestações
HematúriaMicroscópica ou macroscópica; Eritrócitos dismórficos
CilindrúriaMatriz proteica + eritrócitos/ leucócitos
Proteinúria
< 3.5 g/ 24h
Albumina (> 50%) + proteínas de elevado peso molecular (IgM, IgG)
HTA Devido ao ↑ volémia, como consequência da ↓ TFG e ↑ reabsorção de
água e sódio (estimulação do sistema RAA)
Edema Por ↑ P hidrostática e ↓ P oncótica intravascular; menos marcado que
no S. nefrótico
OligúriaPor obstrução do lúmen dos capilares glomerulares, o que causa ↓ fluxo
sanguíneo renal e ↓ TFG
Urémia A inflamação a nível glomerular leva a ↓ coeficiente de filtração
glomerular, o que causa ↑ ureia sérica e ↓ clearance de creatinina
Leucocitúri
a
Por perda de selectividade da MBG e infiltração leucocitária
S. Nefrítico - Etiologia
Lesões Glomerulares Primárias
Nefropatia por IgA
Glomerulonefrite Proliferativa Mesangial
Glomerulonefrite Membranoproliferativa
Lesões Glomerulares Secundárias
Doenças Infecciosas
Glomerulonefrite Pós-estreptocócica
Glomerulonefrite associada a endocardite
Doenças Sistémicas
Lúpus Eritematoso Sistémico (LES)
Vasculite de pequenos vasos
Microangiopatia trombótica
Síndrome de Goodpasture
S. Nefrítico – Lesões Glomerulares
Primárias
Nefropatia por IgA
Predominante no sexo ♂
Incidência máxima entre 20- 30 anos
Deposição de IgA1 no mesângio + hipercelularidade
mesangial
Apresenta-se sob 2 formas:
Doença de Berger – forma primária (limitada aos rins)
Púrpura de Henoch- Schonlein – forma sistémica
(exantema petequial nos membros, artropatia, dor
abdominal e GN)
S. Nefrítico – Lesões Glomerulares
Primárias
Nefropatia por IgA
Episódios recorrentes de hematúria macroscópica,
durante ou imediatamente após uma IR superior
(crianças)
Hematúria microscópica sintomática (adultos)
Dx por Biópsia Renal
Tx: Prednisona, Ciclofosfamida ou Azatioprina
Prognóstico: raramente evolui para IRA e GNRP
IRC e HTA persistente em < 10% dos
doentes
S. Nefrítico – Lesões Glomerulares Primárias
Glomerulonefrite Proliferativa Mesangial
Hipercelularidade e depósitos imunes mesangiais (IgM,
C1q e C3)
Proteinúria + Hematúria
Pode acontecer na: Nefropatia por IgA
Malária por P. falciparum
GN pós-infecciosa em fase de resolução
Nefrite lúpica classe II
Dx por Biópsia Renal em <15% dos doentes
Tx: IECAS, Esteróides e agentes citotóxicos
S. Nefrítico – Lesões Glomerulares Primárias
Glomerulonefrite Membranoproliferativa
Espessamento da MBG + alterações proliferativas
mesangiais
Proteinúria, hematúria e piúria (30% dos doentes)
↓C3 (70% dos doentes)
Tx: IECAS, esteróides
Prognóstico: doença em estadio terminal 10 anos após Dx
(50%)
IRC após 20 anos (90% casos)
S. Nefrítico – Lesões Glomerulares Primárias
S. Nefrítico – Lesões Glomerulares Primárias
Glomerulonefrite Membranoproliferativa
Tipo I (mais comum)
Idiopática
Endocardite Bacteriana Subaguda
Lúpus Eritematoso Sistémico
Hepatite C + Crioglobulinémia
Crioglobulinémia mista
Hepatite B
Neoplasia: pulmão, mama e ovário (germinal)
•O tipo mais proliferativo
•Na biopsia renal: proliferação mesangial com
segmentação lobular
•Depósitos subendoteliais com ↓C3 típicos
Tipo II (doença com depósitos densos)
Idiopática
Associada ao factor nefrítico C3
Lipodistrofia Parcial
•↓C3, espessamento denso da MBG, com
fitas de depósitos densos e C3
•Tufo glomerular com aspecto lobular,
depósitos mesangiais raros e subendoteliais
geralmente ausentes
Tipo III
Idiopática
Deficiência do receptor do complemento
•O tipo menos proliferativo
•Frequentemente de natureza focal
•Deposição mesangial rara
•Depósitos subepiteliais ao longo de
segmentos alongados da MBG
S. Nefrítico – Lesões Glomerulares secundárias
Glomerulonefrite Pós-estreptocócica
Crianças 2-14 anos (10% doentes >40 anos), ♂
1-4 semanas após infecção estreptocócica da pele ou
faringe por estirpes nefritogénicas (M, tipo 1, 2, 4, 12, 18,
25, 49, 55, 57, 60)
Depósitos granulares subepiteliais de IgG, IgM e C3 e na
MBG
Em MO: - hiperplasia epitelial e endotelial
- Edema
- Infiltrado inflamatório
- Obstrução glomerular com hipercelularidade
S. Nefrítico – Lesões Glomerulares
secundárias
Glomerulonefrite Pós-estreptocócica
Hematúria, piúria, cilindros hemáticos, edema,
hipertensão, IR oligúrica
CH50↓, C3↓ e C4 normal (1ª semana)
Crioglobulinas e imunocomplexos circulantes (60-70%
casos), ANCAs anti-MPO + (10% casos), Factor
reumatóide + (30-40% casos)
↑TASO (30% casos); ↑ Ac anti-DNAase (70% casos)
Tx: antibioterapia
Prognóstico: muito bom, raramente causa DRT (1-3%
casos)
resolução completa dentro de 3-6 semanas
(crianças)
proteinúria persistente e/ou comprometimento
da TFG 1 ano após Dx (20% dos adultos)
S. Nefrítico – Lesões Glomerulares
secundárias
Glomerulonefrite associada a endocardite
Complicação de endocardite bacteriana subaguda
Causa hemorragias sub-capsulares
Biópsia Renal: proliferação focal ao redor dos focos de
necrose, com depósitos imunes mesangiais,
subendoteliais e subepiteliais de IgG, IgM e C3
Hematúria, piúria, ligeira proteinúria, anemia
normocítica, ↑F. reumatóides
Tx: Antibioterapia 4-6 semanas
Bom prognóstico
S. Nefrítico – Lesões Glomerulares
secundárias
Nefrite Lúpica
Deposição de imunocomplexos circulantes
Proteinúria, hematúria, hipertensão, IR variável,
cilindros hemáticos
Ac. Anti-dsDNA
CH50↓ (infecção aguda)
Tx: esteróides, ciclofosfamida ou micofenolato mofetil
(2-6 meses doses de manutenção)
S. Nefrítico – Lesões Glomerulares
secundárias
Nefrite Lúpica
Classe I Deposição mesangial
mínima
Histologia normal com depósitos
mesangiais
Classe IIProliferação mesangial Hipercelularidade mesangial com
expansão da matriz
Classe III Nefrite focal Lesões focais e segmentares com
proliferação ou fibrose e depósitos
imunes subendoteliais focais
Classe IV Nefrite difusa Lesões proliferativas globais e difusas e
depósitos imunes subendoteliais
difusos; ↑ ac anti-DNA, ↓
Complementémia, hematúria,
cilindros hemáticos, proteinúria,
hipertensão
Classe V Nefrite membranosa Depósitos imunes subepiteliais e MB
espessadas; complicações
trombóticas
Classe VI Nefrite esclerótica >90% glomérulos esclerosados e DRT
com fibrose intersticial
S. Nefrítico – Lesões Glomerulares
secundárias
Vasculite dos pequenos vasos induzida por ANCA
Granulomatose de Wagener Ac. Anti-PR3
Glomerulonefrite necrosante segmentar
sem depósitos imunes, com granulomas na biópsia
Poliangiite microscópica
Não apresenta granulomas na biópsia
Síndrome de Churg-Strauss
Glomerulonefrite necrosante segmentar
Na biópsia ausência de eosinófilos ou granulomas
Ac. Anti-MPO
Glomerulonefrite Pauci-imune
S. Nefrítico – Lesões Glomerulares
secundárias
Síndrome de GoodPasture (Hemorragia pulmonar +
Glomerulonefrite)
♂ > 30 anos, ♀ 70-80 anos
Ac. Anti- MBG (epitopos no colagénio tipo IV)
Hemoptises, febre, dispneia, hematúria, ausência de hipertensão
Velocidade de instalação muito rápida
Necrose focal ou segmentar
Dx por Biópsia Renal
Tx: plasmaferése ou imunoabsorção
Metilprednisolona, Ciclofosfamida (3-4 meses), Azatioprina
Prognóstico mau se: crescentes e fibrose em fase avançada
creatininémia > 5-6mg/dl
oligúria ou necessidade de diálise precoce
S. Nefrítico - Tratamento
Tratamento dos sintomas:
HTA- Diuréticos, β-bloqueantes, IECAS, antagonistas
Ca
2+
, ARAs II
Proteinúria- IECAS, ARAs II
Edemas- Furosemida, Albumina e Diuréticos
Dieta hipossalina e hipoproteica
Tratamento da Doença de Base
GN Pós-estreptocócica, GN associada a endocardite-
Antibioterapia
GN por doenças auto-imunes- Corticoterapia,
Ciclofosfamida ou Azatioprina, Ciclosporina
S. Nefrítico - Prognóstico
Em geral, a recuperação é total (85-95% nas crianças).
Mas, a evolução para Insuficiência Renal é possível.
A evolução para S. nefrítica rapidamente progressiva
ocorre em 1% das crianças e 10% dos adultos.
Nas crianças, a probabilidade de desenvolver HTA
posteriormente é superior relativamente aos adultos.