Com base na leitura dos textos motivadores seguintes e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto
dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema SER PROFESSOR(A) NO BRASIL DE NOSSOS
TEMPOS, no qual você exponha suas ideias de forma clara, coerente e em conformidade com a norma culta da língua, em defesa de
um posicionamento crítico e seguro, apontando uma proposta de intervenção social.
O futuro do magistério
Há quem diga que em breve teremos um apagão na educação,
provocado pela falta de professores. Salários baixos, violência nas
escolas e falta de licenciaturas suficientes para a demanda de
estudantes são as razões principais. Ser professor, hoje,
principalmente em escolas públicas de ensino fundamental e
médio, é uma aventura. Não há mais como estimularmos os
jovens a abraçarem a carreira do magistério.
Hoje, os alunos de licenciaturas, ao concluírem seus cursos,
passam logo para especializações, mestrados e doutorados, com
o fim de ingressarem no magistério já no ensino superior. Há um
temor em iniciar a carreira pela base, pelo ensino fundamental.
Por isso, a falta de professores nas séries iniciais vai aumentando
a cada ano. A nossa educação pública, que investe
prioritariamente no ensino superior, constrói uma pirâmide com
seu cimo de ouro e a base de barro.
(...)
Houve um tempo em que se ingressava no magistério,
ministrando aulas para alunos do ensino básico. Era o melhor
aprendizado para se galgarem turmas adiantadas. Não faltava
professor nas escolas. Mesmo ainda na Universidade, já se
ministravam aulas, o que era o melhor estágio para a futura
carreira profissional. Atualmente, os pais ficam desconcertados
quando um filho revela que vai fazer uma licenciatura e se tornar
professor. Não há mais estímulo nem no seio familiar. Pelo
contrário, ser professor, hoje, significa como última opção no
mercado de trabalho.
Batista de Lima
[email protected] 17.01.2012
Segundo o IBGE, porém, a diferença para demais profissionais
com nível superior caiu
O salário dos professores da educação básica no Brasil registrou,
na década passada, ganhos acima da média dos demais
profissionais com nível superior, fazendo encurtar a distância
entre esses dois grupos. Esse avanço, no entanto, foi insuficiente
para mudar um quadro de trágicas consequências para a
qualidade do ensino: o magistério segue sendo a carreira de pior
remuneração no país.
Tabulações feitas pelo O Globo nos microdados do Censo do
IBGE mostram que a renda média de um professor do ensino
fundamental equivalia, em 2000, a 49% do que ganhavam os
demais trabalhadores também com nível superior. Dez anos
depois, esta relação aumentou para 59%. Entre professores do
ensino médio, a variação foi de 60% para 72%.
Apesar do avanço, o censo revela que as carreiras que levam ao
magistério seguem sendo as de pior desempenho. Entre as áreas
do ensino superior com ao menos 50 mil formados na população,
os menores rendimentos foram verificados entre brasileiros que
vieram de cursos relacionados a ciências da Educação —
principalmente Pedagogia e formação de professor para os anos
iniciais da educação básica.
Em seguida, entre as piores remunerações, aparecem cursos da
área de religião e, novamente, uma carreira de magistério:
formação de professores com especialização em matérias
específicas, onde estão agrupadas licenciaturas em áreas de
disciplinas do ensino médio, como Língua Portuguesa,
Matemática, História e Biologia.
Pagar melhor aos professores da educação básica, no entanto, é
uma política que, além de cara, tende a trazer retorno apenas a
longo prazo em termos de qualidade de ensino. A literatura
acadêmica sobre o tema no Brasil e em outros países mostra que
a remuneração docente não tem, ao contrário do que se pensou
durante muitos anos, relação imediata com a melhoria do
aprendizado dos alunos.
No entanto, o achatamento salarial do magistério traz sérios
prejuízos a longo prazo. Esta tese é comprovada por um relatório
feito pela consultoria McKinsey, em 2007, que teve grande
repercussão internacional ao destacar que uma característica dos
países de melhor desempenho educacional do mundo —
Finlândia, Canadá, Coreia do Sul, Japão e Singapura — era o alto
poder de atração dos melhores alunos para o magistério.
— Não dá para imaginar que, dobrando o salário do professor,
ele vai dobrar o aprendizado dos alunos. O problema é que os
bons alunos não querem ser professores no Brasil. Para atrair os
melhores, é preciso ter salários mais atrativos — afirma Priscila
Cruz, diretora-executiva do Todos Pela Educação.
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em
Educação (CNTE), Roberto Franklin de Leão, concorda com o
diagnóstico da baixa atratividade da profissão. Ele afirma que a
carreira de professor, salvo exceções, acaba atraindo quem não
tem nota para ingressar em outra faculdade. Para Roberto Leão,
salário é fundamental, mas não o suficiente para melhorar a
qualidade do ensino.
— Sem salário, não há a menor possibilidade de qualidade. Agora,
claro que é preciso mais do que isso: carreira, formação e gestão.
Priscila Cruz também diz que o salário é só parte da solução:
— É preciso melhorar salários para que os alunos aprendam mais.
Mas o profissional também tem que ser mais cobrado e
responsabilizado por resultados. Não pode, por exemplo, faltar e
ficar tantos dias de licença, como é frequente.
ANTÔNIO GOIS, DEMÉTRIO WEBER, Publicado: 20/05/12