Futebol: Construção do Treino com base no Contexto Competitivo João Mota 24/04/2025
João Mota Português - Lisboa Pro License Conmebol Último trabalho Al–Hussein da Jordânia Passagens por Portugal / Emirados Arabes /Brasil Arábia Saudita /Sudão/ Kuwait/ Jordânia Vencedor Super Taça da Jordânia 20024
DO TREINO PARA O JOGO OU DO JOGO PARA O TREINO ?
Antes de Treinar Poderíamos falar em Planejamento da época desportiva, Competições, Calendário de jogos, Objetivos do clube, Que plantel à disposição etc...Mas, falando de treino eu acredito que o objetivo primordial é o desenvolvimento de um jogar que queremos que seja enxergado no campo de jogo. E para isso é fundamental: Modelo de Jogo , que deverá estar baseada nos 4 momentos mais as bolas paradas... As características dos jogadores ao nosso dispor, essa realidade definirá a forma ideal para que a equipa seja competitiva e consigamos tirar o melhor de cada jogador ao serviço do coletivo... Cultura do País , ( Acredito que o treinador deverá ter uma grande capacidade de adaptação aos contextos) Será possível isso sem perca da nossa forma de ver o jogo?
MODELO DE JOGO E O TREINO Nosso modelo ( forma de jogar ) será sempre o princípio orientador de todo o processo de trabalho. Grande princípio fundamental do trabalho deve ser a compreensão dos futebolistas sobre tudo o que vai ser trabalhado. Eles entenderem os quandos , os comos e os porquês para assim, e de uma forma sistémica, sectorial , intersectorial e individual saberem o que fazer nos determinados momentos do jogo. Conseguirmos influenciar os jogadores á nossa forma de trabalhar, fazê-los crer que a nossa ideia é ótima para eles (como individuo) e para o nosso jogar como equipe.
Por outro lado, existe sempre uma adaptação ao adversário, pois não podemos nos alhear dela, e num jogo no qual as ações são imprevisiveis na sua sequência, a influência do adversário sempre influenciará comportamentos, mas não na nossa forma de jogar. Adaptação não significa nos subjugar ao adversário. O único caminho para modelar uma equipa é o treino. Desde o primeiro minuto de treino, procuramos através de comportamentos, incorporar a nossa Ideia de Jogo, de forma a chegarmos à ideia utópica da nossa forma ideal de jogar. Utópica porque nunca lá chegaremos… Ao modelarmos a equipa através dos nossos Princípios relacionados com os 4 momentos de jogo– sem nunca esquecer a ligação entre estes– há sempre algumas coisas que podemos melhorar, e outras coisas que se vão perdendo no decorrer do tempo e jogos. No fundo, modelar uma equipa é uma permanente construção/reconstrução.
UM PADRÃO Sabemos que o futebol é um jogo de erros e enganos. Teremos de estar sempre conscientes de que não podemos treinar tudo, não podemos ter tudo na nossa forma de jogar, mas podemos e devemos ter uma ideia, um ADN, um padrão que chamamos de «nosso». E para haver padrão tem de haver repetição e entendimento. Acredito que devemos ter como prioridade onde queremos ser muito fortes. Existe um conjunto grande de cenários que estão dentro das probabilidades . Logicamente teremos o lado estratégico mas temos a noção de que temos de ganhar por um lado sem perder no outro, esta balança tem de ser equilibrada e rica em conteúdo.
Modelo de Jogo Organização Ofensiva A regra Queremos a bola
Ter a posse de bola não significa nada se não soubermos o que fazer com ela . Sempre teremos mais chance de ganhar se nós tivermos a bola e o adversário andar atrás dela, mas, temos de ter um objetivo concreto quando a temos (iludir o adversário para uma zona para atacar pela outra, atraír por dentro para atacar por fora ou vice versa etc... Iniciar o ataque pela 1ª fase de construção (linha defensiva), pode ser uma solução, mas vai depender de vários factores ( que jogadores temos? Como pressiona o adversário? Que tipo de ideia de jogo é a nossa? Etc... Jogar direto em algumas situações ou contextos não significa estar jogando a bola fora, se optarmos por uma saída mais direta só temos de ter trabalhado esse momento.
Não gosto muito de moldar os jogadores a ações a desempenhar quando estamos perto da baliza adversaria, acredito que devemos ajudá-los até a um certo ponto, mas devemos deixar fluir sempre as suas caracteristicas , talentos e capacidades individuais de cada um no momento em que é preciso mais criatividade . Quando o Adversário está organizado defensivamente devemos circular mais a bola , mas com ideias, mobilidade, mudanças de velocidade e agressividade. Correr riscos necessários em zonas mais avançadas ( a criatividade e a fantasia deve estar sempre presente). Toda a equipa participa no processo de construção de jogo ofensivo e em sua manutenção.
Exemplos de Comportamentos trabalhados
A TER EM CONTA A mobilidade e a posição dos jogadores (Jogo posicional) A utilização de todo o campo de jogo ( Amplitude e Profundidade )...Não é o facto de utilizarmos todo o campo, mas sim como o aproveitamos, os timings certos e a ocupação inteligente tanto do espaço a ocupar como no seu timing) Prioridade sempre que possível para o jogo vertical Mudanças de ritmo ( está relacionado com a inteligência e maturidade dos jogadores como equipe) Nunca esquecer que não podemos separar o ataque da defesa , o jogo é uno e a forma como defendemos também nos prepara para o ataque e vice versa.
TRANSIÇÃO DEFENSIVA A Regra Compromisso coletivo
Assim como o momento de transição ofensiva é caracterizado pela forma como defendes, o momento da transição defensiva é caracterizado também pela forma como atacamos. A situação da cobertura ofensiva quando estamos a atacar é decisiva neste ponto, pois o facto de atacarmos com os jogadores juntos (no minimo 5), vai ser importante na reação é perda da bola e á recuperação da mesma. Esta situação de contrapressão é praticada nas minhas equipes em praticamente todos os treinos e na grande maioria dos exercícios que compoem as sessões, pois acredito que é um momento do jogo decisivo para quem quer a bola para atacar. Só temos uma bola em jogo e é com ela que podemos fazer golo e ganhar então a nossa mentalidade é ter esse «brinquedo» a maior parte do tempo.
Exemplo de Comportamentos Trabalhados
ORGANIZAÇÃO DEFENSIVA A REGRA Se não temos a bola “ATACAMOS” a bola!
Quando falo em organização defensiva lembro que não gosto muito quando o adversário tem a bola , é um momento do jogo em que sou mais exigente e meticuloso. Sempre temos as nossas referências de pressão (diferentes dependendo do jogo, adversário, resultado etc...) esses momentos de pressão devem ser muito bem trabalhados para não falharmos no jogo, sabemos que quando fazemos uma pressão coletiva se um vai tarde demais ou cedo demais pode colocar todos em causa. Sem a bola também é um momento de jogo , e devemos encará-lo com motivação, porque poderá haver jogos em que «permitimos» que o adversário tenha a posse, mas sempre a terá onde a permitirmos. Tudo é ponderado no treino , estratégia algumas vezes, mas conscientes que; Quando não temos a bola, temos de estar mais juntos, mais perto uns dos outros, com um grande compromisso e motivados para a irmos buscar onde nós desejamos, porque normalmente o momento seguinte (transição Ofensiva) pode ser onde vamos dar o nosso golpe .
Exemplos de comportamentos trabalhados
A TER EM CONTA Nem sempre fazemos a pressão da mesma forma, gosto de diversificar , é algo que nos torna imprevisiveis , faz os jogadores crescerem também no aspecto cognitivo do jogo e também poderá ser diferente devido ás caracteristicas dos jogadores adversários. Na maioria pressionamos na saída da equipa adversária e «encaixamos» quase que individualmente...quase porque os nossos jogadores mais longe da bola devem saber fechar espaço interior e criar dessa forma superioridade numérica, ou no minimo igualdade numérica. Gosto de usar o método defensivo de zona pressionante , pois acredito que se queremos defender longe da nossa baliza não podemos deixar que o adversário desfrute de bola descoberta.
TRANSIÇÃO OFENSIVA A Regra A forma como defendemos dirá a forma como vamos atacar
É a forma como estamos a defender que vai definir ou pode definir como e por onde vamos atacar. Como sempre, a transição ofensiva, assim como outros momentos do jogo, deve ser muito bem trabalhada, ensaiada, repetida, pois acredito que é através da repetição, do erro, e da repetição novamente que vamos evoluir. Importante ressaltar que neste momento do jogo temos bem definido se ao ganharmos a posse atacamos verticalmente e o mais rápido possivel , ou se, rapidamente tiramos a bola da zona de pressão para retomarmos o ataque pelo outro corredor. Isso vai depender da zona do campo onde ganhamos a posse, porque se o fizermos no inicio de construção do adversário é proibido voltar para trás, pois acredito que o facto do o adversário estar «aberto», poderá ser uma boa oportunidade de atacarmos a baliza adversária.
Exemplos de Comportamentos Trabalhados
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO SEMANAL Apesar de darmos alguma importância ao lado estratégico que está mais relacionado com o adversário, eu creio que se nos focarmos demasiadamente nesse aspecto em particular deixaremos de adquirir um «jogar» próprio e podemos correr o risco de ficarmos menos preparados para o lado caótico do jogo. Desta forma balizamos o nosso trabalho no nosso jogar, e tentamos equilibrar com o lado estratégico do jogo. Um dos factores mais importantes do Treino é a recuperação e a frescura fisica dos jogadores, acredito que devemos treinar sempre a 100% e não o conseguiremos fazer se os jogadores estiverem em fadiga. Organizamos os factores de rendimento ( Fisica , Técnica, Táctica e Psicológica) em relação aos dias de competição e ao binómio esforço/recuperação que também está relacionado com as contrações musculares que queremos provocar.
Tenho a noção que a parte psicológica também é cansativa (capacidade de interpretar os momentosdo jogo) Para isso também procuramos ter um dia ou até dois na semana que possamos descansar mais esse factor . Desta forma e a cada dia, o grande objetivo diario é fornece-los de cargas propicias para esse dia da semana e preparar imediatamente a recuperação para o dia seguinte. No entanto, acredito que se deve treinar tudo o que no jogo podemos ter «Probabilidade»...Se no jogo teremos que pensar, nos concentrar, executar sob pressão etc.. Então porque não o fazemos no treino? FACTOR PSICOLÓGICO É FUNDAMENTAL
IDEIAS METODOLÓGICAS GERAIS NÃO É VERDADE QUE EXISTEM BONS E MAUS TREINADORES. O QUE HÁ SÃO TREINADORES COM CORAGEM E OUTROS NÃO O SÃO. (Juan Lillo ) NÃO JOGO PELO ESTILO, JOGO PARA GANHAR...MAS PARA MIM NÃO VALE TUDO PARA GANHAR. GANHAR TODOS QUEREM, MAS ESSA PALAVRA VEM NA CONSEQUÊNCIA DE UM PROCESSO, DE UMA IDEIA,. SE QUEREMOS O ARCO-IRIS TEMOS DE SUPORTAR A CHUVA.