3º 2 - Resumão de Literatura - parte 14 MODERNISMO.pptx

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Resumo


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Resumão Escolas Literárias PARTE 14

1. CONTEXTO HISTÓRICO: O modernismo brasileiro surge no fim da chamada República Velha ou Primeira República. Durante grande parte dele, predominou o governo oligárquico, dominado principalmente por fazendeiros de São Paulo e Minas Gerais. Nesse período a maioria da população do país era rural e dominada por fazendeiros (ou coronéis), que se perpetuavam no poder. O Movimento Tenentista, de cunho militar, mostrou sua insatisfação com o regime vigente por meio da Revolta do Forte de Copacabana, em 1922, e da Revolta Paulista, de 1924, além da Coluna Prestes, movimento que se estendeu de 1924 a 1927. Nesse contexto, o movimento modernista surge para mostrar a insatisfação política e principalmente cultural de vários artistas brasileiros. A arte tradicional representava o velho, o passado, e os modernistas valorizavam o novo, o futuro. Por isso, sentiram a necessidade de repensar a nacionalidade e foram em busca da verdadeira identidade brasileira. No período que foi de 1930 a 1945, fatos históricos importantes, no Brasil e no exterior, influenciam os escritores modernistas da segunda geração. A quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929 gerou a crise na bolsa; o que provocou a queda do preço do café, principal produto de exportação brasileiro. No ano seguinte, ocorre o fim da República Velha, com a Revolução de 1930. Deposto o presidente Washington Luís, Getúlio Vargas assume o governo. Sem ainda aceitar a derrota, os paulistas tentaram voltar ao poder com a Revolução Constitucionalista, de 1932, mas Getúlio Vargas se manteve forte, firmando-se na condução do país com a promulgação da Constituição de 1934. Em 1937 Getúlio fecha o Congresso Nacional e decreta o Estado Novo, regime autoritário de cunho fascista. Viveu-se então a Era Vargas, quando artistas e intelectuais de esquerda foram perseguidos pelo governo, que perdurou até 1945. Nesse ano, também chegava ao fim a Segunda Guerra Mundial, com o lançamento das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, duas cidades japonesas. Diante de tais fatos, os escritores brasileiros expressaram o horror da guerra, a desilusão com a humanidade, além de criticarem a ditadura e apontarem os problemas sociais. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a ameaça de uma guerra nuclear passa a pairar sobre o mundo inteiro. Assim, tem início a Guerra Fria, que divide o mundo em países capitalistas e socialistas, representados por duas grandes potências inimigas: Estados Unidos e União Soviética. No Brasil, Getúlio Vargas comete suicídio em 1954. Juscelino Kubitschek, em 1956, assume a presidência do país e decide construir Brasília, que seria a nova capital brasileira. No campo cultural, chega ao fim a era do rádio, com suas estrelas. A televisão tem início no Brasil em 1950 e há o aumento de produções cinematográficas por meio de duas grandes produtoras: Atlântida e Vera Cruz. Todo esse contexto propiciou o crescimento do consumismo. O materialismo e o individualismo começaram a fazer parte da cultura nacional. Daí a produção, na poesia, de uma arte mais material ou objetificada. As obras literárias então se configuram como uma forma de resistência ao produto cultural descartável. 2. CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS MODERNISMO Primeira fase Segunda fase Terceira fase Podemos definir " Modernismo " como um conjunto de correntes culturais e escolas artísticas que surgiram na primeira metade do século XX e foi, sem dúvida, um dos movimentos que mais impactaram as formas como pensamos e criamos. No Brasil, assim como em outros pontos do mundo, o movimento trouxe várias transformações na cultura e na arte, sobretudo no campo da literatura. O seu valor e legado é incalculável, uma vez que os artistas modernistas se tornaram referência para várias gerações de criadores futuros. O início desse movimento em solo brasileiro oi em 1922, com a Semana de Arte Moderna. Já o término é bastante controverso. Para muitos autores, o modernismo teria terminado em 1960, mas há quem defenda o seu fim nas décadas de 70 ou 80. A chamada fase heroica ou fase de destruição (dos valores estéticos do passado) buscou renovar a arte nacional e que tomou como base as Vanguardas Europeias. Apresentou as seguintes características: inovação; ousadia; nacionalismo; crítica sociopolítica; releitura dos símbolos nacionais; busca pela identidade brasileira; liberdade de criação; liberdade formal; uso de versos livres; valorização da linguagem oral; defesa de uma língua brasileira; antiacademicismo. Também conhecida como fase de reconstrução, teve início em 1930 e se encerrou em 1945. As obras dessa fase são caracterizadas pelo conflito existencial, além da crítica sociopolítica, e relacionam-se a dois aspectos distintos: o poético e o prosaico. São características dessa fase: Na poesia: reflexão sobre os problemas contemporâneos; conflito existencial e espiritual; busca por um sentido para a vida; crítica sociopolítica; liberdade de criação; uso de versos regulares, brancos e livres; Na prosa: regionalismo ou neorregionalismo ; realismo ou neorrealismo; crítica sociopolítica; ausência de idealizações; parcialidade da voz narrativa; determinismo; valorização do espaço narrativo; linguagem simples; enredos dinâmicos. Também conhecida como pós-modernismo, teve início em 1945. As obras dessa fase são caracterizadas pelo seu caráter experimental, além da crítica sociopolítica e da metalinguagem. São características dessa fase: Na poesia: valorização da estrutura do poema; crítica sociopolítica; texto engajado; caráter realista; linguagem objetiva; uso de palavras do cotidiano; antissentimentalismo; Metalinguagem. Na prosa: fluxo de consciência; narrativa fragmentada; temas universais; metalinguagem; linguagem experimental; estrutura textual não convencional. parte 1

6. POESIA E PROSA NO MODERNISMO - PRINCIPAIS AUTORES Mário de Andrade (1893 – 1945) Oswald de Andrade (1890 – 1954) Manuel Bandeira (1886 – 1968) Antônio de Alcântara Machado (1901 – 1935) Guilherme de Almeida (1890 – 1969) Raul Bopp (1898- 1984) Ronald de Carvalho (1893 – 1935) Menotti del Picchia (1892 – 1988) Plínio Salgado (1895-1975) Primeira fase Segunda fase Terceira fase Carlos Drummond (1902-1987) Mario Quintana (1906-1994) Jorge de Lima  (1895-1953) Murilo Mendes  (1901-1975) Cecília Meireles (1901-964) Vinicius de Moraes (1913-1980) Péricles Eugênio (1919- 1992) Geir Campos (1924 – 1999) Ferreira Gullar (José Ribamar Ferreira – 1930 – 2016) Ledo Ivo (1924 – 2012) Mauro Mota – (1911 – 1984) João Cabral de Melo Neto (1920 – 1999) Domingos Carvalho (1915 – 2003) Manoel De Barros (1916 – 2014) MODERNISMO parte 2 3. Correntes de pensamento que ganharam força na primeira fase do modernismo. Movimento Pau-Brasil - Fundado por Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, fazia críticas ao passado cultural brasileiro, que copiava os modelos europeus, propondo um olhar para o Brasil com o olhar do brasileiro, apesar das influências europeias. Observações: O Manifesto pau Brasil foi escrito por Oswald de Andrade . Inicialmente publicado no jornal Correio da Manhã , em 18 de março de 1924. Em 1925, uma forma reduzida e alterada do texto, abriu o livro de poesias Pau-Brasil . Proposta de uma literatura vinculada à realidade brasileira, a partir da redescoberta do Brasil. Movimento Verde-Amarelo - Formado por Plínio Salgado, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida e Cassiano Ricardo em 1926, surgiu em resposta ao movimento Pau Brasil. O Verde-Amarelismo tinha como proposta a defesa de um nacionalismo exagerado, valorizando os elementos nacionais sem qualquer influência europeia. Observações a respeito desse movimento: Era contra o nacionalismo Pau-Brasil , de Oswald de Andrade. Apresentava a proposta de um nacionalismo primitivista, ufanista, identificado com o fascismo. Idolatrava o Tupi. Elegeu a anta como símbolo nacional, por conta disso também fica conhecido como “Escola da Anta”. Oswald contra-atacou, primeiro em 1927 com o artigo Antologia , depois em 1928 com o Manifesto Antropófago . Em 1929, o grupo verde- amarelista também publica um manifesto, intitulado “ Nhengaçu Verde-Amarelo - Manifesto do Verde-Amarelismo ou da Escola da Anta”. Esta corrente deu origem à Escola da Anta. Escola da Anta - Em 1927, o Movimento Verde-Amarelo transformou-se na Escola da Anta ou Grupo Anta que, partindo para a idolatria do tupi, defendia o patriotismo em excesso e apresentava inclinações nazistas. Elege a anta como símbolo nacional. Movimento Antropofágico -   Fundado por Oswald de Andrade em parceria com Tarsila do Amaral e Raul Bopp, seu manifesto surgiu em 1928 como uma nova resposta às duas correntes (Verde Amarelismo e Escola da Anta), pregando a aceitação da cultura estrangeira, mas sem copiar e imitar. Para os antropofágicos, a cultura de fora deveria ser absorvida pela brasileira, que colocaria na arte a representação da realidade do Brasil e do elemento popular, valorizando as riquezas nacionais . 4. A REVISTA KLAXON: Primeiro periódico modernista . Fruto das agitações de 1921 e da Semana de Arte Moderna de 1922. Circulou de maio de 1922 a janeiro de 1923. Anunciava a modernidade do século XX. 5. OUTRAS R EVISTAS: De setembro de 1927 a janeiro de 1928, Revista Verde de Cataguazes – Minas Gerais. Em 1924, Revista Estética – Rio de Janeiro. Em 1926, Revista Terra Roxa e Outras Terras – São Paulo. Em 1927, Revista Festa – Rio De Janeiro. Em 1928, Revista Antropofagia – São Paulo. José Américo de Almeida (1887-1980) Graciliano Ramos (1892-1953) Rachel de Queiroz (1910-2003) Jorge Amado  (1912-2001) José Lins do Rego (1901-1957) Érico Veríssimo (1905-1975) Dyonélio Machado (1895 – 1985) Clarice Lispector (1920- 1977) Ariano Suassuna (1927 – 2014) Guimarães Rosa (1908 – 1967) Nelson Rodrigues (1912 – 1980) Lygia Fagundes Telles (1918 – 2022) Dias Gomes (1922 – 1999) Dalton Trevisan (1925) Jorge Andrade (1922 – 1984) A divisão dos autores por fases, como apresentada, é apenas didática; uma vez que muitos deles produziram em todas as fases (ou quase todas), transitando entre os diversos gêneros textuais.

Chama-se de arte moderna (ou  movimento modernista ) o conjunto de  movimentos culturais , escolas e estilos que permearam as artes e o design da primeira metade do século XX. Encaixam-se nesta classificação, dentre outros campos culturais, a literatura, a arquitetura, design, pintura, escultura, teatro e a música moderna. A palavra  moderno  também é utilizada em contraponto ao que é  ultrapassado . Neste sentido, ela é sinônimo de  contemporâneo , embora, do ponto de vista histórico-cultural,  moderno  e  contemporâneo  abranjam contextos bastante diversos.

Estado Novo Legislação Trabalhista (1940) Fim da era Vargas (1945) Bombardeio a Guernica (1937) Nazismo/ Fascismo Combate ao Comunismo Início da Segunda Guerra Mundial (1939) Entrada dos Estados Unidos na Guerra (1941) O Brasil declara guerra aos países do Eixo (1942) A Alemanha se rende aos exércitos aliados (maio/1945) Bombas Hiroshima e Nagasaki (agosto/1945) Fim da Segunda Guerra Mundial (1945) Fim da Era Vargas (1945) Governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) Inauguração de Brasília (1960) Bloqueio a Cuba (1960) Ditadura Militar (1964) Chegada do homem à Lua (1969) Guerra Fria (1945 – 1989) Woodstock (1969) Conflitos interraciais nos Estados Unidos Superinflação Diretas Já (1983-1984) Redemocratização do Brasil (1985) Queda do muro de Berlim (1989) CONTEXTO HISTÓRICO DO MODERNISMO Crise cafeeira Revolução de 30 Fim da República Velha Getúlio Vargas na presidência (governo provisório) Revolução Constitucionalista (São Paulo - 1932) Intentona Comunista (1935) Caça aos comunistas

O TEOR DAS DECLARAÇÕES DO MANIFESTO REGIONALISTA DE 1926 Em resumo bastante objetivo, o conteúdo expressa alguns pontos bastante condizentes ao momento artístico vivido pelo Brasil à época. É importante destacar, sobretudo, no manifesto regionalista que: A expressão de ressaltar uma necessidade em restituir a cultura tanto nacional, mas, sobretudo, regional e nordestina; O nome Manifesto Regionalista teve por objetivo o destaque à cultura regional do Nordeste, além, claro, do Brasil como um todo; Valorizar a cultura nacional e destacar os pontos altos do nordeste; Grandes nomes como José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos, Jorge Amado e Érico Veríssimo surgiram em meados dos anos 1930. É importante destacar o gaúcho Érico Veríssimo como um expoente regionalista fora do Nordeste. Quatro anos após a publicação das declarações contidas no Manifesto Regionalista, inicia-se a Segunda Fase do Modernismo brasileiro, denominado como fase de consolidação do movimento.

Em 1922, Revista Klaxon – São Paulo. De setembro de 1927 a janeiro de 1928, Revista Verde de Cataguazes – Minas Gerais. Em 1924, Revista Estética – Rio de Janeiro. Em 1926, Revista Terra Roxa e Outras Terras – São Paulo. Em 1927, Revista Festa – Rio De Janeiro. Em 1928, Revista de Antropofagia – São Paulo. Revistas Que Difundiram As Ideias Modernistas

PRINCIPIS AUTORES DA PRIMEIRA FASE Mário de Andrade Oswald de Andrade Manuel Bandeira Antônio de Alcântara Machado Guilherme de Almeida Raul Bopp Ronald de Carvalho Menotti Del Picchia

Mário de Andrade Características: A poesia de Mário de Andrade tem caráter revolucionário, que rompe com todas as estruturas do passado. Em toda a sua obra, o autor lutou por uma língua brasileira, que estivesse mais próxima do falar do povo. Valorizava os brasileirismos e o folclore, como bem atestam os livros Clã do jabuti e Remate de males . Suas poesias, romances e contos revestem-se de uma nítida crítica social, tendo como alvo a alta burguesia e a aristocracia. Poema de abertura do livro Pauliceia Desvairada : Inspiração São Paulo! comoção de minha vida... Os meus amores são flores feitas de original... Arlequinal!...Traje de losangos...Cinza e ouro... Luz e bruma...Forno e inverno morno... Elegâncias sutis sem escândalos, sem ciúmes... Perfumes de paris...Arys! Bofetadas líricas no Trianon... Algodoal!... São Paulo! comoção de minha vida... Galicismo a berrar nos desertos da América! ANDRADE, Mário de. Poesias completas . São Paulo: Círculo do livro, 1976.

Moça linda bem tratada Moça linda bem tratada, Três séculos de família, Burra como uma porta: Um amor. Grã-fino do despudor, Esporte, ignorância e sexo, Burro como uma porta: Um coió. Mulher gordaça, filó De ouro por todos os poros Burra como uma porta: Paciência... Plutocrata sem consciência, Nada porta, terremoto Que a porta do pobre arromba: Uma bomba . ANDRADE, Mário de. Poesias completas . São do Livro, 1976

Macunaíma o her o i sem nenhum caráter Criação de uma língua literária nacional Intensa investigação da realidade e da cultura nacional Anti- herói Síntese do povo brasileiro

Gostava de tomar banho no rio, com a família. e mergulhava dando beliscões nas mulheres nuas; quando visitava a maloca,"Macunaíma punha as mãos nas graças dela", se alguma cunhatã se aproximasse dele para acarinhá-lo. O caráter libidinoso do herói começa a se revelar aí. Mais uma vez você pode compará-lo a Peri, de O Guarani: no livro de Alencar, o herói é construído sob o signo da Beleza, Bondade, Justiça, Fidelidade; aqui, nosso herói vai se revelando aos poucos: preguiçoso, mentiroso contumaz, libidinoso. Enfim: "um herói sem nenhum caráter".

Manuel Bandeira Características de sua obra: Liberdade de conteúdo e forma. Valorização do português falado no Brasil. A tristeza e a alegria dos homens. Idealização de um mundo melhor. Humor. Ceticismo. Ironia. Buscou na própria vida inspiração para seus grandes temas: De um lado Do outro A família A rua por onde transitavam os mendigos A morte As prostitutas A infância no Recife Os meninos carvoeiros O Rio Capibaribe Os carregadores de feira-livre Irene no céu Irene preta Irene boa Irene sempre de bom humor Imagino Irene entrando no céu: -Licença, meu branco! E São Pedro, bonachão: -Entra, Irene. Você não precisa pedir licença. Manuel Bandeira

Alcântara Machado: retratos da São Paulo Macarrônica Antônio de Alcântara Machado (1901-1935). Participou da primeira “dentição” da Revista de Antropofagia. Teve seu nome consagrado com a publicação dos livros de contos Brás, Bexiga e Barra Funda (1927) e Laranja da China (1928). Características : A característica mais marcante de sua obra está no retrato, ao mesmo tempo crítico, anedótico, apaixonado, mas sobretudo humano, que faz da cidade de São Paulo e de seu povo, com particular atenção para os imigrantes italianos, quer os moradores de bairros mais pobres, quer os que se vão aburguesando. Narrado no dialeto paulistano, ou “português-macarrônico”. Delírio futebolístico no Parque Antártica Camisas verdes e calções negros corriam pulavam, chocavam-se, embaralhavam-se, caíam, contorcionavam-se, esfalfavam-se, brigavam. Por causa da bola de couro amarelo que não parava, que não parava um minuto, um segundo. Não parava. Neco! Neco! Parecia um louco. Driblou. Escorregou. Driblou. Correu. Parou. Chutou. Gooool! Gooool! Alcântara Machado Capa do livro "Novelas Paulistanas" de Antônio de Alcântara Machado. Neste exemplar estão reunidos os contos: “ Br á s, Bexiga e Barra Funda ” , “ Laranja da China ” (1928), e alguns contos avulsos.

Brás, Bexiga e Barra Funda onze contos caracterizados como notícias linguagem concisa flashes cinematográficos personagens ítalo-brasileiras narrativa isenta de descrições C ost u me s d e i migra n tes it a lia n os que paulistana .

Guilherme de Almeida

Raul Bopp

AUTORES DA SEGUNDA GERAÇÃO MODERNISTA NA PROSA NA POESIA José Américo de Almeida (1887-1980) Graciliano Ramos   (1892-1953) Rachel de Queiroz   (1910-2003) Jorge Amado   (1912-2001) José Lins do Rego   (1901-1957) Érico Veríssimo   (1905-1975) Carlos Drummond de Andrade  (1902-1987) Mario Quintana   (1906-1994) Jorge de Lima   (1895-1953) Murilo Mendes   (1901-1975) Cecília Meireles   (1901-964) Vinicius de Moraes   (1913-1980) Dyonélio   Machado   (1895 – 1985)

Poesia Alguma Poesia ( 1930) Brejo das Almas ( 1934) Sentimento do Mundo ( 1940) José ( 1942) A Rosa do Povo ( 1945) Claro Enigma ( 1951) Fazendeiro do ar ( 1954) Lição de Coisas ( 1964) A falta que ama ( 1968) Nudez ( 1968) As Impurezas do Branco ( 1973) A Visita ( 1977) Discurso de Primavera ( 1977) A Paixão Medida ( 1980) Caso do Vestido ( 1983) Corpo ( 1984) Amar se aprende amando ( 1985) Poesia Errante ( 1988) O Amor Natural ( 1992) Antologia poética A última pedra no meu caminho ( 1950) Antologia Poética ( 1962) Antologia Poética ( 1965) Seleta em Prosa e Verso ( 1971) Amor, Amores ( 1975) Boitempo I e Boitempo II ( 1987) Minha morte ( 1987) A PRODUÇÃO LITERÁRIA DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Prosa Confissões de Minas ( 1944 ) Contos de Aprendiz ( 1951 ) Passeios na Ilha ( 1952 ) Fala, amendoeira ( 1957 ) A bolsa & a vida ( 1962 ) Cadeira de balanço ( 1966 ) Caminhos de João Brandão ( 1970 ) Os dias lindos ( 1977 ) 70 historinhas ( 1978 ) Contos plausíveis ( 1981 ) Boca de luar ( 1984 ) O observador no escritório ( 1985 ) Tempo vida poesia ( 1986 ) Moça deitada na grama ( 1987 ) O avesso das coisas ( 1988 ) As histórias das muralhas ( 1989 ) Infantis O Elefante ( 1983 ) História de dois amores ( 1985 ) O pintinho ( 1988 )

Temas típicos da poesia de Drummond O Indivíduo : "um eu todo retorcido". O eu lírico na poesia de Drummond é complicado, torturado, estilhaçado. Vale ressaltar que o próprio autor já se definia no primeiro poema de seu primeiro livro ( Alguma Poesia ) como alguém desajeitado, deslocado, tímido, posição que marca presença em toda sua obra. A Terra Natal : a relação com o lugar de origem, que o indivíduo deixa para se formar. A Família : O indivíduo interroga, sem alegria e sem sentimentalismo, a estranha realidade familiar, a família que existe nele próprio. Os Amigos : homenagem a figuras que o poeta admira, próximas ou distantes, de Mário de Andrade a Manuel Bandeira, de Machado de Assis a Charles Chaplin. O Choque Social : o espaço social onde se expressa o indivíduo e as suas limitações face aos outros. O Amor : nada romântico ou sentimental, o amor é uma amarga forma de conhecimento dos outros e de si próprio A Poesia : o fazer poético aparece como reflexão ao longo da sua poesia. Os Poemas-piada : Jogos com palavras, por vezes de aparente inocência. A Existência : a questão de estar-no-mundo .

CECILIA MEIRELES: PRINCIPAIS OBRAS Espectros, 1919 Criança, meu amor, 1923 Nunca mais..., 1923 Poema dos Poemas, 1923 Saudação à menina de Portugal, 1930 Batuque, samba e Macumba, 1933 O Menino Atrasado, 1966 Vaga Música, 1942 Problemas de Literatura Infantil, 1950 Romanceiro da Inconfidência, 1953 Poemas Escritos na Índia, 1953 Panorama Folclórico de Açores, 1955 Giroflê , Giroflá , 1956 A Bíblia na Literatura Brasileira, 1957 Antologia Poética, 1963 Ou Isto ou Aquilo, 1964 Obra Poética,1958 Viagem, 1939 Obra principal de Cecília Meireles: Olhinhos de Gato. Olhinhos de Gato é um livro que foi baseado na vida de Cecília, contando sua infância depois que perdeu sua mãe e como foi criada por sua avó.

Ou isto ou aquilo  é um exemplar da poesia voltada para o público infantil (vale lembrar que Cecília foi professora de escola, por isso esteve bastante familiarizada com o universo das crianças). O poema acima é tão importante que chega a dar nome ao livro que reúne 57 poemas. Lançado em 1964, a obra  Ou isto ou aquilo  é um clássico que vem percorrendo gerações. Nos versos do poema encontramos a questão da dúvida, da incerteza, o eu-lírico se identifica com a condição indecisa da criança. O poema ensina o imperativo da escolha: escolher é sempre perder, ter um algo significa necessariamente não poder ter outra coisa. Os exemplos cotidianos, práticos e ilustrativos (como o do anel e da luva) servem para ensinar uma lição essencial para o resto da vida: infelizmente muitas vezes é necessário sacrificar uma coisa em nome de outra. Cecília brinca com as palavras de uma maneira lúdica e natural e pretende se aproximar ao máximo do universo da infância.

MOTIVO Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta. Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento. Atravesso noites e dias no vento. Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, — não sei, não sei. Não sei se fico ou passo. Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada. E um dia sei que estarei mudo: — mais nada. Motivo  é o primeiro poema do livro  Viagem , publicado em 1939, época do Modernismo. A composição se trata de um metapoema , isto é, um texto que se volta sobre o seu próprio processo de construção. A metalinguagem na poesia é relativamente frequente na lírica de Cecília Meireles. A respeito do título,  Motivo , convém dizer que para Cecília escrever e viver eram verbos que se misturavam: viver era ser poeta e ser poeta era viver. Escrever fazia parte da sua identidade e era uma condição essencial para a vida da escritora, é o que se constata especialmente no verso: "Não sou alegre nem sou triste: sou poeta". O poema é existencialista e trata da transitoriedade da vida, muitas vezes com certo grau de melancolia, apesar da extrema delicadeza. Os versos são construídos a partir de antíteses, ideias opostas (alegre e triste; noites e dias; desmorono e edifico; permaneço e desfaço; fico e passo). Uma outra característica marcante é a musicalidade da escrita - a lírica contém rimas, mas não com o rigor da métrica como no parnasianismo (existe e triste; fugidias e dias; edifico e fico; tudo e mudo). É de se sublinhar também que praticamente todos os verbos do poema estão no tempo presente do indicativo, o que demonstra que Cecília pretendia evocar o aqui e o agora.

Retrato Eu não tinha este rosto de hoje, Assim calmo, assim triste, assim magro, Nem estes olhos tão vazios, Nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, Tão paradas e frias e mortas; Eu não tinha este coração Que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, Tão simples, tão certa, tão fácil: — Em que espelho ficou perdida a minha face? O título do poema ( Retrato ) evoca uma imagem congelada, cristalizada, parada no tempo e no espaço. Os versos se referem tanto à aparência física (as feições do rosto e do corpo), como também à angústia existencial interior, motivada pela noção da passagem do tempo. Observamos ao longo dos versos os sentimentos de melancolia, angústia e solidão já característicos da poética de Cecília. Vemos também a tristeza manifestada pela consciência tardia da transitoriedade da vida ("Eu não me dei por essa mudança"). A velhice se nota também a partir da degeneração do corpo. O eu-lírico olha para si mesmo, para aspectos internos e externos. O movimento apresentado nos versos acompanha o decorrer dos dias, no sentido da vida para a morte (a mão que perde a força, se torna fria e morta). O último verso, poderosíssimo, sintetiza uma reflexão existencial profunda: onde foi que a essência do eu-lírico se perdeu?

Tenho fases, como a lua Fases de andar escondida, fases de vir para a rua... Perdição da minha vida! Perdição da vida minha! Tenho fases de ser tua, tenho outras de ser sozinha. Fases que vão e vêm, no secreto calendário que um astrólogo arbitrário inventou para meu uso. E roda a melancolia seu interminável fuso! Não me encontro com ninguém (tenho fases como a lua...) No dia de alguém ser meu não é dia de eu ser sua... E, quando chega esse dia, o outro desapareceu... Lua adversa

Marcha - Cecília Meireles As ordens da madrugada romperam por sobre os montes: nosso caminho se alarga sem campos verdes nem fontes. Apenas o sol redondo e alguma esmola de vento quebraram as formas do sono com a ideia do movimento. Vamos a passo e de longe; entre nós dois anda o mundo, com alguns vivos pela tona, com alguns mortos pelo fundo. As aves trazem mentiras de países sem sofrimento. Por mais que alargue as pupilas, mais minha dúvida aumento. Também não pretendo nada senão ir andando à toa, como um número que se arma e em seguida se esboroa, -- e cair no mesmo poço de inércia e de esquecimento, onde o fim do tempo soma pedras, águas, pensamento. Gosto da minha palavra pelo sabor que lhe deste: mesmo quando é linda, amarga como qualquer fruto agreste. Mesmo assim amarga, é tudo que tenho, entre o sol e o vento: meu vestido, minha musica, meu sonho, meu alimento. Quando penso no teu rosto, fecho os olhos de saudades; tenho visto muita coisa, menos a felicidade. Soltam-se os meus dedos tristes, dos sonhos claros que invento. Nem aquilo que imagino já me dá contentamento. Como tudo sempre acaba, oxalá seja bem cedo! A esperança que falava tem lábios brancos de medo. O horizonte corta a vida isento de tudo, isento... Não há lagrima nem grito: apenas consentimento. “QUANDO PENSO EM VOCÊ…”: CONHEÇA A POLÊMICA DE PLÁGIO QUE ENVOLVE CECÍLIA MEIRELES E RAIMUNDO FAGNER Vamos ouvir CANTEIROS então?

Livros Escritos Os dois primeiros livros inserem-se numa linha designada como Neossimbolista , onde confronta os desejos da alma x o do corpo; A partir de Cinco elegias Vinicius já não rejeita mais a separação do corpo e alma e tenta fundi-los, havendo: O canto do amor concreto e a exaltação da mulher; A valorização do cotidiano e a abertura para o social; A utilização da linguagem coloquial.

OBRA DE VINICIUS DE MORAES Poesia: O Caminho Para a Distância (1933) Forma e Exegese (1935) Ariana, a Mulher (1936) Novos Poemas (1938) Cinco Elegias (1943) Poemas, Sonetos e Baladas (1946) Pátria Minha (1949) Antologia Poética (1955) Livro de Sonetos (1956) O Mergulhador (1965) A Arca de Noé (1970) Teatro: Orfeu da Conceição (1954) Cordélia e o Peregrino (1965) Pobre Menina Rica (1962) Prosa: O Amor dos Homens (1960) Para Viver Um Grande Amor (1962) Para Uma Menina Com Uma Flor (1966)

A mulher é tida como algo que faz o homem pecar; A mulher é a razão de sua perturbação, de sonos perdidos; O homem é induzido pela mulher a pecar; O homem é fraco, por isso pede ajuda para fugir da tentação. A mulher é exaltada, sendo bela, fogosa, símbolo de sensualidade; Agora o homem sente a falta da mulher, sofre por ela; O Homem não quer a separação; O Homem anseia ficar a lado da mulher

A bomba atômica é triste Coisa mais triste não há Quando cai, cai sem vontade Vem caindo devagar Tão devagar vem caindo Que dá tempo a um passarinho De pousar nela e voar... Coitada da bomba atômica Que não gosta de matar! Coitada da bomba atômica Que não gosta de matar Mas que ao matar mata tudo Animal e vegetal Que mata a vida da terra E mata a vida do ar Mas que também mata a guerra... A bomba atômica que aterra! Pomba atômica da paz! Pomba tonta, bomba atômica Tristeza, consolação Flor puríssima do urânio Desabrochada no chão Da cor pálida do hélium E odor de rádium fatal Loelia mineral carnívora Radiosa rosa radical Nunca mais, oh bomba atômica Nunca, em tempo algum, jamais Seja preciso que mates Onde houver morte demais: Fique apenas a tua imagem Aterradora miragem Sobre as grandes catedrais: Guardiã de uma nova era Arcanjo insigne da paz! A BOMBA ATÔMICA Vinicius de Moraes

O poema de Vinicius de Moraes foi adaptado para  música . A canção foi lançada em 1973 no disco de estreia do grupo Secos e Molhados. A sua composição melódica é da autoria de Gerson Conrad, integrante do referido conjunto, cuja formação inicial também incluía João Ricardo e  Ney Matogrosso .

A passagem de poeta do livro para compositor tem uma dimensão enorme. Ao afirmar sua condição de letrista a partir do encontro com Tom Jobim, Vinícius é responsável por boa parte da densidade poética que seria marca da canção brasileira desde os anos 1960. Não só pelo cuidado extremo da construção das letras que músicos que surgiriam nesses anos teriam, mas pelo fato de inaugurar uma tradição que aproximou poetas ao universo da música popular de forma única. Cacaso , Waly Salomão, Torquato Neto, Capinam, Alice Ruiz, Chacal e Paulo Leminski são alguns entre muitos poetas que seguiram essa trilha .

A Eterna Garota de Ipanema”:  Helô Pinheiro.

OBRAS A linguagem que Quintana utiliza em seus textos é simples, fluida, introspectiva e, muitas vezes, irônica. Temas como o amor, o tempo, a natureza são os preferidos do poeta. Ávido leitor e escritor, Mário Quintana escreveu obras poéticas, além de obras infanto-juvenis, sendo que as principais são: A Rua dos Cataventos (1940) Canções (1945) Sapato Florido (1947) Espelho Mágico (1951) Batalhão das Letras (1948) O Aprendiz de Feiticeiro (1950) Poesias (1962) Pé de Pilão (1968) Quintanares (1976) Esconderijos do Tempo (1980) Nova Antologia Poética (1982) Nariz de Vidro (1984) Baú de Espantos (1986) Preparativos de Viagem (1987) Velório sem Defunto (1990)

É partindo de duas dicotomias que se constrói o poema  Presença : por um lado vemos os pares opositores  passado/presente , por outro lado observamos o segundo par opositor que serve como base da escrita ( ausência/presença ). Pouco ou nada ficaremos sabendo dessa misteriosa mulher que provoca  nostalgia  cada vez que a sua lembrança é evocada. Aliás, tudo o que saberemos dela ficará a cargo dos sentimentos originados no sujeito. Entre esses dois tempos - o passado marcado pela plenitude e o presente pela falta - ergue-se a  saudade , mote que faz com que o poeta cante os seus versos.

FRASES DE QUINTANA!

CARACTERÍSTICAS DA OBRA LITERÁRIA DE JORGE DE LIMA:

Poesia XIV alexandrinos  (1914) Poemas  (1927) Essa negra fulô  (1928) Novos poemas  (1929) A túnica inconsútil  (1938) Anunciação e encontro de Mira-Celi  (1943) Poemas negros  (1947) Livro de sonetos  (1949) Vinte sonetos  (1949) Invenção de Orfeu  (1952) Castro Alves. Vidinha  (1952) Romances Salomão e as mulheres  (1927) O anjo  (1934) Calunga  (1935) A mulher obscura  (1939) Guerra dentro do beco  (1950) OBRAS LITERÁRIAS:

O famoso poema já havia sido musicado antes por Oswaldo Santiago, e gravado nessa versão em 1941 por Dorival Caymmi. Este registro de Jorge Fernandes, com melodia de Waldemar Henrique, foi lançado pela Sinter em 1955, em, LP de 10 polegadas com o mesmo título. Clique ao lado em “ouvir” para conhecer o poema por completo.

AS  FASES DE  MURILO  MENDES                                         1ª  FASE  -  O  MODERNISTA COM A PUBLICAÇÃO DE   POEMAS   ( prêmio da FUNDAÇÃO GRAÇA ARANHA), INICIA  UM  MOMENTO, MAIS  VOLTADO  AO  DESENVOLVIMENTO  DE  SUAS IDÉIAS.       Em  pleno  Primeiro Tempo Modernista, o poema abaixo  tem  o  perfeito  ideário  da  época:  além dos versos brancos e livres,  a  paródia  à  tradição  romântica, pois  o poema  inverte  o  tom  de  sua matriz, o “Canção do Exílio”  de Gonçalves  Dias.                  CANÇÃO DO EXÍLIO “ Minha terra tem macieiras da Califórnia onde cantam gaturamos de Veneza. Os poetas da minha terra são pretos que vivem em torres de ametista, os sargentos do exército são monistas, cubistas, os filósofos são polacos vendendo a prestações.” TAMBÉM DEU CONTRIBUIÇÕES PRÓPRIAS, NUMA TENDÊNCIA INTELECTUAL INOVADOTA DO TEXTO, NA NA SNSUALIDADE EXPLOSIVA, UMA DAS BASES DE SEU FAZER POÉTICO. É O QUE PERCEBEMO NO POEMA ABAIXO:                       AQUARELA  ”Mulheres sólidas passeiam no jardim molhado de chuva, o mundo parece que nasceu agora, mulheres grandes, de coxas largas, de ancas largas, talhadas para se unirem a homens fortes.”  (...)

  Em    HISTÓRIA DO BRASIL ,   de 1932,  feito no espírito  dos  poemas-piadas,  todo  o  nosso  passado  “célebre”   vai   ser  olhado de maneira humorística.  Observe-se  no poema  abaixo transcrito esses  aspectos:                                                    DIVISÃO  DAS  CAPITANIAS          A primeira pros londrinos,  Pra assentarem telefones,  Bondes, puxados a burros  Naturais deste país;  Cruzados nos emprestaram  A cinco por cento ao mês. A segunda aos holandeses,  Pra ensinarem a fazer queijo,  Lidar direito com moinhos  E algumas regras de asseio. A terceira pros franceses,  Que trouxeram nas fragatas  Muitos vidros de perfume,  Mulheres muito excitantes,  Maneiras finas, distintas  E romances de adultério.  Quem falou francês foi nós.  A quarta foi para os turcos,  Pra vender chitas, miçangas,  Na porta das mamelucas.  Compraram a capitania  Em diversas prestações. A quinta aos italianos,  Ajudam a lavrar a terra,  Engraxam as botas da gente;  Nas sacolas de emigrante  Trouxeram discos de canto  Que amenizam a nossa vida  Na hora do inglês chegar. A sexta aos americanos,  Trazem fitas de cowboy.  Os colonos veem a fita,  Ficam logo entusiasmados,  Fazem negócios com eles.  A sétima, aos alemães,  Trouxeram cerveja loura,  Fazem grande concorrência  A cachaça nacional.  As outras cinco fazendas,  Pra fazer conta redonda,  Entregaram aos lisboetas  Que fornecem mantimento  Às capitanias restantes.

2ª  FASE  -  O  SURREALISTA A  segunda  base  do tripé poético (a mais famosa) surge  em   o visionário (1930-1933), onde M urilo M endes  dá um  enorme  salto para  as  técnicas  do  surrealismo  ( associa-ção   insólita  entre ideias,  elementos  de sonho  ou do subconsciente . Inicia-se também aqui uma busca desesperada pelo Absoluto, pelo Infinito, pelo Eterno. Observe-se  a  beleza  plástica  inovadora  presente  em  poemas  como  o  seguinte:           METADE PÁSSARO “ A mulher do fim do mundo Dá de comer às roseiras, Dá de beber às estátuas, Dá de sonhar aos poetas. A mulher do fim do mundo Chama a luz com um assobio...”  (...)                             3ª  FASE  -  O  MÍSTICO Essa  obsessão  pelo  absoluto  resultará  na  terceira  fase,  a  poesia  mística  de  tempo  e  eternidade   (1934),  escrito  em  parceria  com  J orge  de  Lima. Murilo Mendes sai de seu momento anterior ao fazer da busca religiosa nada mais do que algo mais ousado: a sondagem da linguage m mística e de seu aspecto mágico e poético:                                                          Novíssimo job   “Eu fui criado à tua imagem e semelhança. Mas não me deixaste o poder de multiplicar o pão do pobre, Nem a neta de M adalena para me amar, O segredo que faz andar o morto e faz o cego ver.”

  O ESPELHO O céu investe contra o outro céu. É terrível pensar que a morte está Não apenas no fim, mas no princípio Dos elementos vivos da criação. Um plano superpõe-se a outro plano, O mundo se balança entre dois galhos, Ondas de terror que vão e voltam, Luz amarga filtrando destes cílios. Mas quem me vê? Eu mesmo me verei? Correspondo a um arquétipo ideal. Signo de futura realidade sou. A manopla levanta-se pesada, Atacando a armadura inviolável: Partiu-se o vidro, incendiou-se o céu.

O Quinze (1930) João Miguel (1932) Caminhos de Pedras (1937) As Três Marias (1939) Três romances (1948) O Galo de Ouro (1950) Lampião (1953) A Beata Maria do Egito (1958) Quatro Romances (1960) O Menino Mágico (1969) Seleta (1973) Dora Doralina (1975) Memorial de Maria Moura (1992) Andira (1992) As Terras Ásperas (1993) Teatro (1995) Falso Mar, Falso Mundo (2002) OBRAS

Enfoque na região nordestina Numa narrativa linear, Rachel retrata a realidade dos retirantes nordestinos quando essa região foi atingida por uma grande seca em 1915. Forte teor social (retrata a realidade do local, a fome e a miséria) Análise psicológica das personagens e o uso do discurso direto Problemas sociais que são desencadeados pela seca. Linguagem simples e coloquial frases curtas, breves e precisas narrada em terceira pessoa, com a presença de um narrador onisciente. O QUINZE

Análise da Obra Com o enfoque na região nordestina, a obra  O Quinze  possui um caráter regionalista. Numa narrativa linear, Rachel retrata a realidade dos retirantes nordestinos quando essa região foi atingida por uma grande seca em 1915. Assim, o romance contém um forte teor social, que além de enfocar na realidade das pessoas do local, retrata a fome e a miséria. A análise psicológica das personagens e o uso do discurso direto, revelam as dificuldades e os pensamentos do ser humano ante os problemas sociais que são desencadeados pela seca. Numa linguagem simples e coloquial, o romance é marcado sobretudo, por frases curtas, breves e precisas. A prosa é narrada em terceira pessoa, com a presença de um narrador onisciente.

Caetés, romance, 1933 São Bernardo, romance, 1934 Angústia, romance, 1936 Vidas Secas, romance, 1938 A Terra dos Meninos Pelados, (juvenil) 1942 História de Alexandre, (juvenil) 1944 Dois Dedos, literatura infantil, 1945 Infância, memórias, 1945 Histórias Incompletas, literatura infantil, 1946 Insônia, contos, 1947 Memórias do Cárcere, memórias, 1953 Viagem, memórias, 1954 Linhas Tortas, crônicas, 1962 Viventes das Alagoas, costumes do Nordeste, 1962 OBRAS

Romance de cunho sócio-político, Vidas secas (1938) é uma obra que focaliza o drama de uma família de retirantes que vivem a fugir da seca. É a presença deste flagelo que condiciona o comportamento das pessoas, animalizando-as. Narrado em terceira pessoa, esta obra surpreende pelo relato de uma vida sem horizontes, sem grandes ambições e exploradas por outras pessoas. O romance apresenta uma sucessão de quadros que revelam vários momentos da vida desta família sertaneja, que é formada por Fabiano, Sinhá Vitória (sua mulher) os dois meninos e a cachorra baleia. VIDAS SECAS

Menino de Engenho, romance, 1932 Doidinho, romance, 1933 Banguê, romance, 1934 O Moleque Ricardo, romance, 1934 Usina, romance, 1936 Histórias da Velha Totonia, (infantil) 1936 Pureza, romance, 1937 Pedra Bonita romance, 1938 Riacho Doce, romance, 1939 Água Mãe, romance, 1941 Gordos e Magros, 1942 Fogo Morto, romance, 1943 Pedro Américo, 1943 Poesia e Vida, 1945 Conferências no Prata, 1946 Eurídice, romance, 1947 Homens, Seres e Coisas, 1952 Cangaceiros, romance, 1953 A casa e o Homem, 1954 Roteiro de Israel, 1954 Meus Verdes Anos, memória, 1956 Presença do Nordeste na Literatura Brasileira, 1957 O Vulcão e a Fonte, 1958 OBRAS

Ciclo da cana-de-açúcar Menino de engenho (1932) Doidinho (1933) Banguê (1934) Usina (1936) Fogo morto (1943) Ciclo do cangaço, misticismo e seca Pedra Bonita (1938) Cangaceiros (1953) Obras independentes O moleque Ricardo (1934) Pureza (1937) Riacho doce (1939) Água-mãe (1941) Eurídice (1947) CICLOS NA OBRA DE JOSÉ LINS DO REGO

Carlos, além de personagem, é o narrador de O menino de engenho. Através de sentimentos memorialistas e de recordações saudosistas e fiéis ao que passou, conta aos seus leitores uma parte de sua infância, desde os quatro anos quando seu pai assassina sua mãe, até os doze anos, quando é mandado para um internato e o livro tem seu fim. O autor utiliza uma linguagem simples, direta, verdadeira e própria de um menino; além de ser extremamente espontânea, passando pelos sonhos, medos, curiosidades e amores. O autor mostra uma despreocupação com moldes estilísticos, já prenunciando o movimento do modernismo. Através de tal escrita, o autor toca seus leitores com profundas observações que um menino ingenuamente faz sobre um engenho, onde com tantas complexidades, parece tão simples aos olhos de uma criança. MENINO DE ENGENHO

1943 Romance-sínese da ficção de José Lins do Rego A decadência dos engenhos nordestinos e suas implicações sociais. FOGO MORTO

O País do Carnaval, 1931 Cacau, 1933 Suor, 1934 Jubiabá, 1935 Mar Morto, 1936 Capitães da Areia, 1937 Terras do Sem-Fim, 1943 O Amor do Soldado, 1944 São Jorge dos Ilhéus, 1944 Bahia de Todos os Santos, 1944 Seara Vermelha, 1945 O Mundo da Paz, 1951 Os Subterrâneos da Liberdade, 1954 Gabriela Cravo e Canela, 1958 Os Velhos Marinheiros, 1961 Os Pastores da Noite, 1964 Dona Flor e Seus Dois Maridos, 1966 Tenda dos Milagres, 1969 Teresa Batista Cansada de Guerra, 1972 Tieta do Agreste, 1977 Farda Fardão Camisola de Dormir, 1979 O Menino Grapiúna, 1981 Tocaia Grande, 1984 O Sumiço da Santa: Uma História de Feitiçaria, 1988 Navegação de Cabotagem, 1992 A Descoberta da América pelos Turcos, 1994 O Milagre dos Pássaros, 1997 OBRAS

Romances da Bahia Denúncia das injustiças Sociais em Salvador O país do Carnaval Suor Capitães da areia Ciclo do Cacau Preocupação em denunciar a exploração sofrida pelas classes trabalhadoras nas fazendas de cacau do Sul da Bahia devido aos conflitos sociais decorrentes da oposição entre o trabalhador rural e o exportador de cacau. Cacau São Jorge dos ilh e us Terras do sem fim Crônicas de Costume Narrativas líricas Gabriela, cravo e canela Dona Flor e seus Dois Maridos CICLOS NA OBRA DE JORGE AMADO

Uma história dos meninos-de-rua da Bahia, na década de 30. Narrativa do amor de Dora e Pedro Bala. Peripécias do bando de menores que perambula perigosamente pelas ruas e pelo cais de Salvador, cidade “negra e religiosa”, onde se projeta a personalidade da ialorixá Aninha, mãe-de-santo do Ilê Axé Opô Afonjá. Dora morre, doente, no trapiche enluarado. Pedro Bala é preso, foge, mete-se em greves de estivadores, até que se converte em “militante proletário, o camarada Pedro Bala”. O problema é que o livro é publicado em 1937, logo em seguida à implantação do Estado Novo, regime violentamente anticomunista. Assim, a edição é apreendida – e exemplares do livro são queimados em praça pública, na Cidade da Bahia, por representantes da ditadura. Mas de nada adiantou. Quando pôde voltar à cena, Capitães da areia conquistou o grande público e é ainda hoje um dos maiores sucessos de Jorge Amado. CAPITÃES DA AREIA

Reflexões de uma cabra,1922; A Paraíba e seus problemas, 1923; A bagaceira, 1928; O boqueirão, 1935; Coiteiros, 1935; Ocasos de sangue, 1954; OBRAS Discursos de seu tempo, 1964; A palavra e o tempo, 1965; O ano do nego, 1968; Eu e eles, 1970; Quarto minguante, 1975; Antes que me esqueça, 1976; Sem me rir, sem chorar, 1984.

O romance se passa entre 1898 e 1915, os dois períodos de seca. Tangidos pelo sol implacável, Valentim Pereira, sua filha Soledade e o afilhado Pirunga encaminham-se para as regiões dos engenhos, onde encontram acolhida no engenho Marzagão, de propriedade de Dagoberto Marçal, cuja mulher falecera por ocasião do nascimento do único filho, Lúcio. Passando as férias no engenho, Lúcio conhece Soledade, e por ela se apaixona. O estudante retorna à academia e quando de novo volta, em férias, à companhia do pai, toma conhecimento de que Valentim Pereira se encontra preso por ter assassinado o feitor Manuel Broca, suposto sedutor e amante de Soledade. Lúcio, já advogado, resolve defender Valentim e informa o pai do seu propósito : casar-se com Soledade. Dagoberto não aceita a decisão do filho. Tudo é esclarecido : Dagoberto foi quem realmente a seduziu. Pirunga, tomando conhecimento dos fatos, comunica ao padrinho (Valentim) e este lhe pede, sob juramento, velar pelo senhor do engenho (Dagoberto), até que ele possa executar o seu "dever": matar o verdadeiro sedutor de sua filha. Em seguida, Soledade e Dagoberto, acompanhados por Pirunga, deixam o engenho e se dirigem para a fazenda do Bondó. Cavalgando pelos tabuleiros da fazenda, Pirunga provoca a morte do senhor do engenho Marzagão, herdado por Lúcio, com a morte do pai. Em 1915, por outro período de seca, Soledade, já com a beleza destruída pelo tempo, vai ao encontro de Lúcio, para lhe entregar o filho, fruto do seu amor com Dagoberto. A BAGACEIRA

Fantoche, contos, 1932 Clarissa, ficção, 1933 Caminhos Cruzados, ficção, 1935 Música ao Longe, ficção, 1935 A Vida de Joana D'Arc, biografia, 1935 Um Lugar ao Sol, ficção, 1936 As Aventuras do Avião Vermelho, literatura infantil, 1936 Rosa Maria no Castelo Encantado, literatura infantil, 1936 Os Três Porquinhos, literatura infantil, 1936 Meu ABC, literatura infantil, 1936 As Aventuras de Tibicuera, romance didático, 1937 O Urso com Música na Barriga, 1938 Olhai os Lírios do Campo, ficção, 1938 A Vida do Elefante Basílio, 1939 Outra Vez os Três Porquinhos, 1939 Viagem à Aurora do Mundo, 1939 Aventuras no Mundo da Higiene, 1939 Saga, ficção, 1940 Gato Preto em Campo de Neve, impressões de viagem, 1941 As Mãos de Meu Filho, contos, 1942 O Resto é Silencio, ficção, 1942 A Volta do Gato Preto, impressões de viagem, 1946 O Tempo e o Vento I, O Continente, 1948 O Tempo e o Vento II, O Retrato, 1951 Noite, novela, 1954 Gente e Bichos, 1956 O Ataque, novelas, 1959 O Tempo e o Vento III, O Arquipélago, 1961 O Senhor Embaixador, 1965 O Prisioneiro, 1967 Israel em Abril, 1969 Incidente em Antares, 1971 Solo de Clarineta, memórias, vol.I, 1973; Vol.II, 1975 OBRAS

Romance Urbano O assunto dessas obras é o cotidiano da cidade grande, com seus conflitos de valores morais, sociais, espirituais. Sociedade em crise, o autor analisa-a e insinua uma solução: a solidariedade. Clarissa Olhai os lírios do campo O resto é silêncio Caminhos cruzados Romance Histórico O painel histórico montado pelo escritor abrange a formação social, econômica e política do Rio Grande do Sul, no período compreendido entre 1745 e 1945. O Tempo e o Vento O continente (1949) O retrato (1951) O arquipélago (1961) Romance Político São obras que se atêm à política nacional Incidente em Antares (1971), O senhor embaixador (1965), O prisioneiro (1967) FASES NA OBRA DE ÉRICO VERÍSSIMO

As três partes que compõem O tempo e o vento são : O continente O retrato O arquipélago A saga da formação socioeconômica e política do Rio Grande do Sul se inicia no final do século XVIII e se estende até o ano de 1946. O desenrolar dos fatos ocorre em torno da região de Santa Fé, onde duas famílias – Amaral e Terra Cambará – disputam o poder político. O ponto de partida dessa disputa é a luta histórica de 1893 entre os federalistas (família Amaral) e os republicanos ( família Terra Cambará) Fatos importantes de nossa história aparecem incorporados na obra: a Coluna Prestes, a Revolução de 32, o levante comunista de 1935... Tudo isso tendo como eixo narrativo a disputa pelo poder, envolvendo as famílias Amaral e Terra Cambará. Dessa trilogia, destacam-se como personagens Ana Terra e Rodrigo Cambará. É uma obra épica, a saga do Rio Grande do Sul . O TEMPO E O VENTO

Nasceu em Quaraí-RS / 1895 Morreu em Porto Alegre – RS/ 1985 Médico, romancista, contista e jornalista estreou na ficção com os contos de Um pobre homem (1927). A publicação do romance Os ratos (1935), livro introspectivo voltado para as mazelas sociais de seu tempo, tornou-o conhecido e respeitado. Sua obra foi tardiamente reconhecida e, entre seus títulos, destacam-se O louco do Cati (1942), Desolação (1944), Passos Perdidos (1955) Deuses econômicos (1966), Endiabrados (1980) , Fada (1982) e O cheiro de coisa viva (1995) . Especializado em psiquiatria, sua militância política levou-o à prisão, fato que se reflete em sua obra. BIOGRAFIA Dyonélio Machado

Obras de Dyonélio Machado

O romance Os Ratos foi escrito em 20 noites - \"num dezembro, durante um verão maravilhoso\" - depois da jornada de Dyonélio como médico. Em 1935, Dyonélio Machado recebeu o Prêmio Machado de Assis, da Academia brasileira de letras por esse livro. Ao receber a notícia, estava preso no porão de um navio estacionado no porto de Santos. Enredo: Em apenas 24 horas intermináveis, o autor retrata toda a angústia, desespero e humilhação do protagonista em conseguir o dinheiro para quitar a dívida com o leiteiro. Naziazeno tenta de várias maneiras conseguir o dinheiro. No limite de seu desespero ele consegue penhorar a joia de um amigo e resolve seu problema temporariamente. Vai para casa no início da noite. Após o jantar ele se deita, mas não consegue dormir e pensa em ratos roendo seu dinheiro. Sua frio, pois ele tem a certeza de novas inquietações e angústias, pois ao amanhecer ele se deparará com as mesmas preocupações e dívidas e ao iniciar outro dia caminhará em busca de uma solução. OS RATOS

CLARICE LISPECTOR ARIANO SUASSUNA GUIMARÃES ROSA NELSON RODRIGUES LYGIA FAGUNDES DIAS GOMES DALTON TREVISAN PÉRICLES EUGÊNIO GEIR CAMPOS FERREIRA GULLAR JORGE ANDRADE LEDO IVO MAURO MOTA JOÃO CABRAL DOMINGOS CARVALHO PRINCIPAIS AUTORES DA TERCEIRA FASE DO MODERNISMO BRASILEIRO... ...NA PROSA ...NA POESIA MANOEL DE BARROS

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA GERAÇÃO DE 45:

Características literárias de Ferreira Gullar Tom intimista, presente, principalmente, em sua produção poética inicial e em  Na vertigem do dia  (1980); Exploração da disposição espacial das linhas na página, característica do concretismo; Temas sociais e diálogo com a cultura popular por meio da criação de poemas em cordel; Temáticas ligadas à reflexão política, à experiência do poeta no exílio, como em  Dentro da noite veloz  (1975); Rememoração de passagens da infância e descrições de cenas do cotidiano, como acontece em  Poema sujo  (1976).

Obras de Ferreira Gullar Um pouco acima do chão  (1949) A luta corporal  (1954) Poemas  (1958) Teoria do não objeto  (1959) João Boa-Morte, cabra marcado para morrer  (cordel) (1962) Quem matou Aparecida?  (cordel) (1962) Cultura posta em questão  (1965) A luta corporal e novos poemas  (1966) Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come , com Oduvaldo Viana Filho (1966) História de um valente  (cordel) (1966) A saída? Onde fica a saída? , com Antônio Carlos Fontoura e Armando Costa (1967) Dr. Getúlio, sua vida e sua glória , com Dias Gomes (1968) Por você, por mim  (1968) Vanguarda e subdesenvolvimento  (1969) Dentro da noite veloz  (1975) Poema sujo  (1976) Um rubi no umbigo  (1978) Uma luz no chão  (1978) Na vertigem do dia  (1980) Sobre arte  (1982) Etapas da arte contemporânea: do cubismo à arte neoconcreta  (1985) Crime na flora ou Ordem e progresso  (1986) Barulhos  (1987) A estranha vida banal  (1989) Indagações de hoje  (1989) Formigueiro  (1991) Argumentação contra a morte da arte  (1993) Nise da Silveira  (1996) Gamação  (1996) Cidades inventadas  (1997) Rabo de foguete  (1998) Muitas vozes  (1999) Um gato chamado gatinho  (2000) O menino e o arco-íris  (2001) O rei que mora no mar  (2001) O touro encantado  (2003) Relâmpagos  (2003) Dr. Urubu e outras fábulas  (2005) O homem como invenção de si mesmo  (2012)

Algumas obras de Ferreira Gullar:

O AÇÚCAR – Ferreira Gullar Nesse poema, a  crítica social , uma das principais características da poesia de Ferreira Gullar, mostra-se evidente. Ao longo dos versos, a voz lírica, em primeira pessoa do discurso, desencadeia uma  reflexão  a partir do momento em que, em seu apartamento em Ipanema, pega o açucareiro para adoçar seu café. Essa reflexão passa pelo  reconhecimento da alienação  que perpassa muitos, principalmente aqueles das camadas urbanas privilegiadas, até a denúncia da exploração a que são submetidos os trabalhadores que fazem parte do início da cadeia de produção do açúcar .

Ferreira Gullar também escreveu para o teatro, cinema e televisão. Amigo de Dias Gomes, colaborou com ele em vários de seus trabalhos, entre novelas, minisséries e seriados. Fez parte da equipe de roteiristas que lançou as  Séries Brasileiras , em 1979, com  Carga Pesada .

Algumas obras de Mauro Mota

Cantiga de Banheiro A moça vai tomar banho, banho domiciliar. A moça não se dispersa na  piscina nem no mar. A moça entra no banheiro e torce a chave e o ferrolho da porta. (Há na fechadura um olho que chama outro olho). A moça vai tomar banho. Deixa os chinelos no canto. Perdeu os itinerários. Solta os cabelos castanhos. Fica nua. Dela soltam os peitos agressivos de bicos rubros insinuantes, de leite e amor para as bocas dos babies e dos amantes. A moça morena espia Dentro do espelho da pia A exclusivamente sua Liberta beleza nua. Comprime-se o espelho quando a moça se distancia. Na solidão do banheiro, vê-se emparedada viva nas paredes de azulejo e nua fica debaixo do chuveiro de onde a água humaniza-se e, acrobata, dá um pulo de cascata doméstica, com a intenção de levar a moça longe, de fazer um filho plástico no ventre virgem lambido de esponja e de sabonete. Quando a branca toalha asséptica abriu-se na fúria ambiente, a água já roubara a moça camuflada pela espuma, que ia embora pela rua nadando pela sarjeta a imagem da moça nua. Mauro Mota

Boletim Sentimental da Guerra no Recife Meninas, tristes meninas, de mão em mão hoje andais. Sois autênticas heroínas da guerra, sem ter rivais. Lutastes na frente interna com bravura e destemor. À vitória aliada destes o sangue do vosso amor. Por recônditas feridas, não ganhastes as medalhas, terminadas as batalhas de glórias incompreendidas. Éreis tão boas pequenas. Éreis pequenas tão boas! De várias nuanças morenas, ó filhas de Pernambuco, da Paraíba e Alagoas. Tínheis de quinze a vinte anos, tipos de colegiais, diante dos americanos, dos garbosos oficiais, do segundo time vasto dos fuzileiros navais prontos a entregar a vida para conseguir a paz, varrer da face do mundo regimes ditatoriais e democratizar todas as terras continentais a começar pelo sexo das meninas nacionais. Iniciou-se então a fase de convocação e treino todos os dias na Base. Ah! com que pressa aprendíeis, só pela conversa quase! Dentro de menos de um mês sabíeis falar inglês. E os presentes? Os presentes eram vossa tentação. Coisas que causavam aqui inveja e admiração: bolsas plásticas, a blusa de alvas rendas do Havaí, bicicletas " made in USA", verdes óculos "Ray Ban". Era um presente de noite e outro dado de manhã, verdadeiras maravilhas da indústria de Tio Sam.

E as promessas? As promessas eram vossa sedução. acreditáveis que elas não eram mentira, não. Um " Frazer " no aniversário, passeios de " Constellation ", num pulo alcançar Miami, almoçar na Casa Branca, descer a Quinta Avenida, fazer " piquet " pela Broadway ver a "première" no Cine junto dos artistas, com eles todos na platéia . Ouvir na "Opera House ", numa noite Toscanini , na outra noite Lili Pons . Com tanto "it" e juventude podíeis testes ganhar, ser estrelas de Hollywood, ciúmes de Hedy Lamarr . Ah! bom tempo em que corríeis, "pés descalços, braços nus, atrás das asas ligeiras das borboletas azuis". Ó prematuras mulheres, fostes, na velocidade dos " jeeps ", às " garconières " da Praia da Piedade. Quase que se rebentavam vossos úteros infantis quando veio o telegrama da tomada de Paris. Ingênuas meninas grávidas, o que é que fostes fazer? Apertai bem os vestidos pra família não saber. Que os indiscretos vizinhos vos percam também de vista. Saístes do pediatra para o ginecologista. "Babies" saxonizados , que só mamam vitaminas, são vossos "babies", meninas, em vários cantos gerados, mas " mapples " dos automóveis, no interior das cantinas, da praia na branca areia, em noites sem lua cheia. Meninas, tristes meninas, vossos dramas recordai, quando eles no armistício, vos disseram " Good bye". Ouvireis a vida toda a ressonância do choro dos vossos filhos sem pai.

Lêdo Ivo

ALGUMAS DAS OBRAS DE LÊDO IVO

CARACTERÍSTICAS DA OBRA DE LÊDO IVO Lêdo Ivo foi um dos poetas mais representativos do Brasil nas últimas décadas, aparecendo como um dos principais nomes da Geração de 45, marcada por uma literatura intimista, introspectiva e com traços psicológicos. Ivo defendia um modelo de poesia comprometido com o indivíduo e com a sociedade. Algum crítico chegou a se referir a ele como "o poeta indignado", embora ele tenha preferido se qualificar como um "poeta municipal". Sua obra se destacava ao fugir da poesia pura, dirigida a celebração do universo através de rebuscados versos. Distante dessa linha, ele preferia, como fez alusão em mais de uma ocasião, abordar a vida cotidiana e, principalmente, a condição humana. O poeta moderno, segundo Ivo, deve se interessar pelo mundo de hoje e pela experiência pessoal vivida, ao invés de se concentrar em poemas sobre a criação poética.

O CORAÇÃO DA LIBERDADE Estive, estou e estarei no coração da realidade, perto da mulher que dorme, junto do homem que morre, próximo à criança que chora. Para que eu cante, os dias são momentâneos e o céu é o anúncio de um pássaro. Não me afastarei daqui, da vida que é minha pátria, e passa como as águias no sul e permanece como os vulcões extintos que um dia vomitam sono e primavera. Minha canção é como a veia aberta ou uma raiz central dentro da terra. , Não me afastarei daqui, não trairei jamais o centro maduro de todos os meus dias. Somente aqui os minutos mudam como praias e o dia é um lugar de encontro, como as praças, e o cristal pesa como a beleza no chão que cheira à criação do mundo. Adeus, hermetismo, país de mortes fingidas. Bebo a hora que é água; refugio-me na estância quando a aurora é mistura de orvalho e de esterco e estou livre, sinto-me final, definitivo como o tempo dentro do tempo, e a luz dentro da luz e todas as coisas que são o centro, o coração da realidade que escorre como lágrimas.

HINO DE BRASÍLIA Todo o Brasil vibrou E nova luz brilhou Quando Brasília fez maior a sua glória Com esperança e fé Era o gigante em pé Vendo raiar outra alvorada em sua história Com Brasília no coração Epopeia surgir do chão O candango sorri feliz Símbolo da força de um país! Todo o Brasil vibrou E nova luz brilhou Quando Brasília fez maior a sua glória Com esperança e fé Era o gigante em pé Vendo raiar outra alvorada em sua história Capital de um Brasil audaz Bom na luta e melhor na paz Salve o povo que assim te quis Símbolo da força de um país! Todo o Brasil vibrou E nova luz brilhou Quando Brasília fez maior a sua glória Com esperança e fé Era o gigante em pé Vendo raiar outra alvorada em sua história!

Morder o fruto amargo e não cuspir mas avisar aos outros quanto é amargo, cumprir o trato injusto e não falhar mas avisar aos outros quanto é injusto, sofrer o esquema falso e não ceder mas avisar aos outros quanto é falso; TAREFA Geir Campos dizer também que são coisas mutáveis… E quando em muitos a noção pulsar — do amargo e injusto e falso por mudar — . então confiar à gente exausta o plano de um mundo novo e muito mais humano

Obras Rosa extinta : poemas  (1945); Praia Oculta  (1949); Espada e Flâmula  (1950); Livro de Lourdes  (1952); A Fênix refratária e outros poemas (1953-1958)  (1959); A véspera dos mortos : contos  (1966); Girassol de outono  (1966); Gonzaga e outros poetas  (1970); Vida prática : poemas  (1978); Múltipla escolha  (1980);

E quando aos poucos se despetalou no ocaso o sonho, e a noite se tornou realidade solitária e nua. surgiu sobre as estrelas hesitantes, como um lírio ofuscando diamantes, a rosa do teu sexo em meia lua. Soneto Ocasional – Domingos Carvalho Nas fronteiras do sonho eu te esperava, aurora de olhos rubros e mãos frias. Para o meu canto volatilizado, eras um tema azul de águas marítimas.. Tinha estrela nas mãos. E surpreendia pelo ruivo cabelo algas de encanto. Em viagens sempre breves percorria o cais das nuvens junto a um mar de palmas

OBRA POÉTICA Lamentação Floral , 1966 Sol Sem tempo , 1953 Lua de Ontem , 1960 Futuro , 1968 Poesia Quase Completa , 1972 A Noite da Memória , 1988

NAUFRÁGIO   Sob as gaivotas lunares vogam na poeira das ondas teus seios, folha perdida frente a um rebanho de praias.   E à flor das águas resvala teu ventre, promessa extinta: —lamúria de espuma fria gotejando sal e trevas.   Sim, morta quanta esperança tão noturna como a lua!   EPITÁFIO   As ondas nascem, as ondas morrem,   num só minuto;   mas o pensamento pode eternizá-las.   As rosas nascem, as rosas morrem; mas o pensamento pode concebê-las imortais.   Por isso eu vos tirei domar, ó vagas!   Por isso eu vos tirei do lodo, ó rosas! Porém vos fiz etéreas e flamantes, para brilhardes sobre a poeira em que me tornarei.

ÁRIA ÓRFICA   Aragem presa em si mesma (como a esfera em sua forma) o arcanjo de antes do corpo dorme em águas mais profundas;   dorme em águas de mistério, sem pecado ou sofrimento, ar inquieto antes do caule, ar inquieto, nunca o lenho.   Desconhecido de mim, fui eu próprio, hoje não sei: a vida, não seu reflexo, deixei-a em glebas longínquas...   Quem as visse, eis que seria o mais puro dos mortais: pois veria, além do tempo, brilhar a carne das almas; a carne que exige as cinzas deste lodo que nos veste.   Orfeu deitado nas trevas, meu olhar é como o sonho: não vejo, mas estou vendo; e assim, liberto da tumba, na alvorada hei de encontrar-me junto às portas de meu Reino:   — sereno, lúcido e claro, porém coberto de cinza...

Obras 1937 —  Poemas concebidos sem Pecado 1942 —  Face imóvel 1956 —  Poesias 1960 —  Compêndio para uso dos pássaros 1966 —  Gramática expositiva do chão 1974 —  Matéria de poesia 1980 —  Arranjos para assobio 1985 —  Livro de pré-coisas 1989 —  O guardador das águas 1990 —  Gramática expositiva do chão: Poesia quase toda 1993 —  Concerto a céu aberto para solos de aves 1993 —  O livro das ignorãças 1996 —  Livro sobre nada 1996 —  Das Buch der Unwissenheiten  - Edição da revista alemã Akzente 1998 —  Retrato do artista quando coisa 2000 —  Ensaios fotográficos 2000 —  Exercícios de ser criança 2000 —  Encantador de palavras  - Edição portuguesa 2001 —  O fazedor de amanhecer 2001 —  Tratado geral das grandezas do ínfimo 2001 —  Águas 2003 —  Para encontrar o azul eu uso pássaros 2003 —  Cantigas para um passarinho à toa 2003 —  Les paroles sans limite  - Edição francesa 2003 —  Todo lo que no invento es falso  - Antologia na Espanha 2004 —  Poemas Rupestres 2005 —  Riba del dessemblat . Antologia poètica  — Edição catalã 2005 —  Memórias inventadas I 2006 —  Memórias inventadas II 2007 —  Memórias inventadas III 2010 —  Menino do Mato 2010 —  Poesia Completa 2011 —  Escritos em verbal de ave 2013 —  Portas de Pedro Viana

Algumas obras de Manoel de Barros:

Alguns contos de Clarice Lispector

CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS Grande pesquisador e conhecedor de diversas línguas, Guimarães Rosa fez inúmeras viagens de campo, tornando sua  literatura  uma  fusão de arcaísmos,  cultura  popular e mundo erudito . São principalmente as localidades rurais e seus universos de pobreza, sempre periféricas ao mundo do capital e da divisão do trabalho, que aparecem na obra do autor. É nesse cenário que Rosa mergulha na  experiência do homem iletrado , calcada na natureza, na religiosidade, no  mito , na providência divina, num sentido de trabalho ligado a rituais antigos etc. Suas personagens, distantes da modernidade, recuperam um  pensamento mítico-mágico : não enxergam o mundo prioritariamente pelo universo lógico-racional. O mundo mágico não é um universo do outro, mas se dilui na própria voz do narrador. Sua literatura adere-se ao mundo do  homem rústico . Esse universo do iletrado, privilegiado pelo autor, envolve uma  busca poética  e uma latente discussão acerca da  arte . A visão de mundo que Rosa recupera é a do  alógico . Crianças, loucos, velhos, deficientes, desajustados, milagreiros e até bichos: há um predomínio dessas vozes incomuns em sua obra, distantes da realidade empírica e concreta, mais próximas do mito. Essas personagens ganham um estatuto de  vidência , pois o autor  questiona a ordem do mundo lógico-racional , que entende os fatos como verdade e a poesia como imaginação. O mito e o mundo encantado estão à margem da sociedade moderna; estão na boca e no imaginário dessas personagens desajustadas. E é nelas que Rosa vê a  origem da poesia , que teria sido de certa forma contagiada pelas necessidades da vida fática, do desgaste da linguagem pela mera comunicação. A verdade não está na realidade, mas na poesia. Rosa cria um universo atrelado a um estilo. Potencializa vários recursos da língua portuguesa para levar a cabo essa criação, de modo a superar o utilitarismo da língua. Ele constrói esse mundo mágico pela  revitalização da linguagem , em busca de uma linguagem novamente poetizada, e o universo da “pessoa simples”, do iletrado, tem uma  potencialidade poética .

1936:  Magma 1946:  Sagarana 1952:  Com o Vaqueiro Mariano 1956:  Corpo de Baile :  Noites do Sertão 1956:  Grande Sertão: Veredas 1962:  Primeiras Estórias 1964:  Campo Geral 1967:  Tutaméia – Terceiras Estórias 1969:  Estas Estórias  (póstumo) 1970:  Ave, Palavra  (póstumo) 2011:  Antes das Primeiras Estórias  (póstumo)

Grande sertão: veredas Grande sertão: veredas  é o grande romance de Guimarães Rosa. Trata-se do longo relato de  Riobaldo , um ex-jagunço que, já envelhecido e afastado das funções, põe-se em prosa com um visitante, letrado e urbano, cuja voz não aparece, e que deseja conhecer o sertão mineiro.  Narrado em primeira pessoa , Riobaldo é aquele que conta a sua história e a trajetória dos seus pensamentos, refazendo as lembranças dos caminhos percorridos e trazendo à luz novas reminiscências. De maneira  não linear , como no fluxo da memória e das conversas ao pé da fogueira, o  narrador  conta a história da vingança contra  Hermógenes , jagunço traidor, e envereda-se pelo labirinto dos sendeiros que o levaram à  jagunçagem , aos recônditos do  sertão , a espaços pouco conhecidos do Brasil.

Prêmios 1937 : 1º Prêmio de Poesia da Academia Brasileira de Letras, pelo livro  Magma 1937 : Segundo lugar no Prêmio Humberto de Campos, da Livraria José Olympio, pelo livro  Contos 1946 : Prêmio da Sociedade Felipe d’Oliveira, pelo livro  Sagarana 1956 : Prêmio Machado de Assis, Prêmio Carmen Dolores Barbosa e Prêmio Paula Brito, todos pelo livro  Grande sertão: veredas 1961 : Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto da obra 1963 : Prêmio do Pen Club brasileiro, pelo livro  Primeiras estórias 1966 : Recebimento da Medalha da Inconfidência e da condecoração da Ordem de Rio Branco Frases “A gente só sabe bem aquilo que não entende.” “Moço! Deus é paciência. O contrário, é o diabo.” "Querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal por principiar.“ "A colheita é comum, mas o capinar é sozinho." “Coração cresce de todo lado. Coração vige feito riacho colominhando por entre serras e varjas, matas e campinas. Coração mistura amores. Tudo cabe.” “O senhor… mire e veja: o mais importante e bonito do mundo é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas — mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior.” “O rio não quer chegar a lugar algum, só quer ser mais profundo.” “Sorte nunca é de um só, é de dois, é de todos… Sorte nasce cada manhã, e já está velha ao meio-dia…” “Quando o coração está mandando, todo tempo é tempo!”

Principais características: Interpretação moderna a respeito do universo feminino, quebrando tabus e moralismos; Fluxo de consciência; Monólogo interior; Exploração de problemas sociais; Fusão entre o fantástico e o real; Utilização de sinestesia; Uso da ambiguidade e da ironia.

MELHORES CONTOS DE LYGIA F. TELLES - ANÁLISE

CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS DE ARIANO SUASSUNA A produção de  Ariano Suassuna, principalmente a teatral,  tem como característica a  presença do humor , muitas vezes atrelado à  crítica socia l, e de  elementos da cultura popular nordestina . Ele foi um dos fundadores do Movimento Armorial, que buscava criar a arte  erudita  por meio da cultura popular desenvolvida no Nordeste. Esse movimento, lançado em 1970, não se restringiu à  literatura , mas incluiu também teatro, música, arquitetura, artes plásticas. Além das influências da cultura popular nordestina em sua produção literária, Ariano Suassuna  filiou-se à geração de 1945 , também conhecida como  terceira geração modernista. Essa vertente do  modernismo  surgiu em um contexto histórico que propiciou uma  experiência literária voltada para a questão estética , já que, com o fim da  Segunda Guerra Mundial   e a queda de  Getúlio Vargas  do poder, pairou um clima de normalidade democrática, o que propiciou o olhar dos escritores para os aspectos formais e estéticos de suas obras, sobretudo no que se refere à pesquisa da própria linguagem literária. Assim, os autores da  geração de 1945  secundarizaram as preocupações políticas, ideológicas e culturais que caracterizaram a  geração de 1930  e enveredaram em direção à  experimentação estética. Nesse sentido, Ariano Suassuna apropriou-se de estruturas da tradição literária, como os autos religiosos, e subverteu-lhes a forma, agregando ao tradicional elementos regionais da cultura nordestina.

Textos teatrais Uma Mulher Vestida de Sol ( 1947); Cantam as Harpas de Sião  (ou  O Desertor de Princesa ) (1948); Os Homens de Barro  (1949); Auto de João da Cruz  (1950); Torturas de um Coração  (1951); O Arco Desolado  (1952); O Castigo da Soberba  (1953); O Rico Avarento  (1954); Auto da Compadecida  (1955); O Desertor de Princesa  ( Reescritura de  Cantam as Harpas de Sião - 1958); O Casamento Suspeitoso  (1957); O Santo e a Porca , imitação nordestina de Plauto (1957); O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna  (1958); A Pena e a Lei  (1959); Farsa da Boa Preguiça  (1960); A Caseira e a Catarina  (1962); As Conchambranças de Quaderna  ( 1987). Romances A história do amor de Fernando e Isaura ( 1956); Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta – r omance armorial popular   (1971); As Infâncias de Quaderna –  folhetim semanal no  Diário de Pernambuco  (1976-77); História d’O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão / Ao Sol da Onça Caetana –  romance armorial e novela romançal brasileira (1977); A Ilumiara – Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores  (2017) – publicação póstuma. Poesias O pasto incendiado  (1945-1970); Ode  (1955); Sonetos com mote alheio  (1980); Sonetos de Albano Cervonegro   (1985); Poemas  (antologia) (1999); Os homens de barro  (1949). Obras de Ariano Suassuna

Ariano Suassuna Auto da compadecida é uma peça de teatro, em forma de auto, em três atos escrita e em 1955 por Ariano Suassuna. Sua primeira encenação foi em 1956, em Recife, Pernambuco. É uma comédia de tipo sacramental que põe em relevo problemas e situações peculiares da cultura do Nordeste do Brasil. Insere elementos da tradição da literatura de cordel, apresenta traços do barroco católico brasileiro, mistura cultura popular e tradição religiosa. Esta peça projetou Suassuna em todo o país e foi considerada, em 1962, por Sábato Magaldi "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro".

Ariano Suassuna Ariano Suassuna um líder da Literatura Popular Nordestina, tem como fundamento da sua arte buscar a junção daquilo que há de mais popular na arte do seu povo e mesclar com o que chamamos de literatura acadêmica ; mesclar a linguagem teatral, a prosa e a poesia e assim fortalescer a cultura popular brasileira.

Ariano Suassuna “ João Grilo - Ah isso é comigo. Vou fazer um chamado especial, em verso. Garanto que ela vem, querem ver? (recitando) Valha-me Nossa Senhora, / Mãe de Deus de Nazaré! A vaca mansa dá leite, / A braba dá quando quer. A mansa dá sossegada, / A braba levanta o pé. Já fui barco, fui navio, / Mas hoje sou escaler. Já fui menino, fui homem, / Só me falta ser mulher. Encourado – Vá vendo a falta de respeito, viu? João Grilo – Falta de respeito nada, rapaz! Isso é o versinho de Canário Pardo que minha mãe cantava para eu dormir. Isso tem nada de falta de respeito! Já fui barco, fui navio, / Mas hoje sou escaler. Já fui menino, fui homem, / Só me falta ser mulher. Valha-me Nossa Senhora, / Mãe de Deus de Nazaré. “

Ariano Suassuna Suassuna foi o idealizador do Movimento Armorial, que tem como objetivo criar uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular do Nordeste Brasileiro . Tal movimento procura orientar para esse fim todas as formas de expressões artísticas : música , dança , literatura , artes plásticas , teatro , cinema, arquitetura , entre outras expressões .

CARACTERÍSTICAS DA OBRA DE NELSON RODRIGUES Mergulho no psicológico das personagens As peças de teatro de Nelson Rodrigues colocam em primeiro plano o psicológico das figuras apresentadas. Não é apenas uma análise comportamental padrão, pois o autor destrói determinadas convenções e aproxima as personagens de um mundo destruído e, a partir desse ponto, revela seus instintos, mesmo os mais doentios. Obsessão pelo sexo O afastamento dos valores patriarcais e cristãos e o apego à teoria freudiana resultam na formação de narrativas em que o sexo é tratado com certo protagonismo. Essa característica, porém, não torna Nelson Rodrigues um autor de peças eróticas ou ainda pornográficas, pois as figuras apresentadas em suas obras são vítimas de paixões arrebatadoras e, ao mesmo tempo, ruinosas. Comportamento obsessivo e paranoico das personagens As peças de teatro de Nelson Rodrigues tendem a ser complexas em sua encenação justamente por essa característica. A natureza humana é retratada pelos seus instintos, muitas vezes abomináveis. Esse comportamento leva as figuras criadas pelo dramaturgo ao suicídio, ao adultério, à neurose ou à loucura. O homem moderno, portanto, recai como vítima de suas próprias ações.

Outras características: Clima mórbido:  a morbidez está relacionada ao comportamento das personagens, que ao seguirem seus instintos, criam ambientes nos quais diversas convenções sociais são quebradas. Diálogos enxutos e multiplicidade de ações:  o ritmo das peças de Nelson Rodrigues é ágil e direto; mas, ao mesmo tempo, composto de diversos núcleos narrativos. Trama folhetinesca:  enredo focado no dia a dia, mas que ganha profundidade pela construção de dilemas morais e marcas das dualidades das personagens. Nelson Rodrigues, em sua extensa produção, escreveu crônicas, romances e peças teatrais. O dramaturgo revolucionou o teatro brasileiro, principalmente pelo mergulho no psicológico das personagens e pelas técnicas utilizadas para compor o espaço de suas produções. A influência de Freud em suas peças é notável, constrói figuras arquetípicas e sonda seu consciente e subconsciente. Destacou-se também como cronista. Entre as peculiaridades de suas crônicas, é possível citar também a criação de frases de efeito, o retrato iconoclasta dos costumes da sociedade brasileira e a fusão entre personagens reais e fictícias.

OBRAS MAIS IMPORTANTES Destaque como teatrólogo e cronista, Nelson Rodrigues produziu muito ao longo de sua carreira. Seu legado conta com 17 peças publicadas, além de crônicas, contos e romances. As listas abaixo apresentarão a divisão comumente encontrada para a extensa obra do autor pernambucano. NO TEATRO Peças psicológicas:  A mulher sem pecado (1941); Vestido de noiva (1943); Valsa nº 6 (1951); Viúva, porém honesta (1957); Anti-Nelson Rodrigues (1973). O enredo recai nos anseios e medos do homem dentro de uma sociedade hipócrita e decadente. Peças míticas:  Álbum de família (1945); Anjo Negro (1947); Senhora dos afogados (1947); Doroteia (1949). São obras focadas nos instintos humanos e na análise da origem deles. Tragédias cariocas:  A falecida (1953); Perdoa-me por me traíres (1957); Os sete gatinhos (1958); Boca de ouro (1959); Beijo no asfalto (1960); Otto Lara Resende ou Bonitinha mas ordinária (1962); Toda nudez será castigada (1965); A serpente (1978). As peças focam no mundo moderno e o desmascara, principalmente em relação à futilidade presente nele.

NA CRÔNICA Crônicas esportivas:  Nelson Rodrigues era apaixonado por futebol, mas em suas crônicas não era o esporte em si que saltava aos olhos. A partir de metáforas, o autor focava nas batalhas primordiais do homem, de sua existência. Crônicas sociais e comportamentais:  o autor nunca se posicionou plenamente em relação à ditadura militar, mas sempre fez críticas à esquerda brasileira. Além disso, sentia saudades da Belle Époque e via um Brasil que se perdeu em sua modernidade. Crônicas memorialistas:  são crônicas que se passam na época de Machado de Assis, especificamente no Rio de Janeiro. Escritas com extremo lirismo, as memórias de Nelson Rodrigues perpassam a visão de um menino e sua visão saudosista do mundo. Os principais livros de crônicas de Nelson Rodrigues são O óbvio ululante (1969), A cabra vadia (1970) e O reacionário (1977). Entre seus contos, o mais notório é a série A vida como ela é…, publicada pelo jornal Última Hora.

Boca de Ouro conta a história de um temido e respeitado bicheiro, figura quase mitológica no bairro de Madureira (Rio de Janeiro) durante os anos 60. Sua ambição, amores e pecados despertam a curiosidade do jornalista Caveirinha, que procura uma ex-amante do criminoso para colher material para uma reportagem sobre a vida do contraventor. Após o assassinato de um bicheiro, um repórter decide relatar a sua vida a partir do depoimento de uma de suas amantes. As lendas sobre o bicheiro, dentre outras coisas, revelavam que ele usava uma dentadura de ouro, e que estava preparando um caixão mortuário com o mesmo valioso metal. Mas, na hora de seu enterro, se sabe toda a verdade sobre isso. Abaixo, as três versões cinematográficas dirigidas até hoje.

Para conhecer um pouco mais a obra de Nelson Rodrigues, clique nos vídeos abaixo. Vídeo 1 Vídeo 2 Vídeo 3

CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS DE DIAS GOMES Tom satírico, cômico, humorístico; Crítica à política populista, demagógica e autoritária; Crítica aos costumes moralistas e hipócritas da sociedade brasileira; Ambientação geralmente interiorana. Romances Duas sombras apenas  (1945) Um amor e sete pecados  (1946) A dama da noite  (1947) Quando é amanhã  (1948) Sucupira, ame-a ou deixe-a  (1982) Odorico na cabeça  (1983) Derrocada  (1994) Decadência  (1995) Contos “A tarefa ou Onde estás, Castro Alves?” In:  Livro de cabeceira do homem , ano I, v. III (Civilização Brasileira, 1967) A tortuosa e longa noite de Emiliano Posada  (inédito) PRODUÇÃO LITERÁRIA DE DIAS GOMES

Teatro   A comédia dos moralistas  (1939) Esperidião  (1938) Ludovico  (1940) Amanhã será outro dia  (1941) Pé-de-cabra  (1942) João Cambão  (1942) O homem que não era seu  (1942) Sinhazinha  (1943) Zeca Diabo  (1943) Eu acuso o céu  (1943) Um pobre gênio  (1943) Toque de recolher  (revista), em parceria com José Wanderlei (1943) Doutor Ninguém  (1943) Beco sem saída  (1944) O existencialismo  (1944) A dança das horas  (inédita), adaptação do romance  Quando é amanhã  (1949) O bom ladrão  (1951) Os cinco fugitivos do Juízo Final  (1954) O pagador de promessas  (1959) A invasão  (1960) A revolução dos beatos  (1961) O bem-amado  (1962) O berço do herói  (1963) O santo inquérito  (1966) O túnel  (1968) Vargas  (Dr. Getúlio, sua vida e sua glória), em parceria com Ferreira Gullar (1968) Amor em campo minado  (Vamos soltar os demônios) (1969) As primícias  (1977) Phallus  (inédita) (1978) O rei de Ramos  (1978) Campeões do mundo  (1979) Olho no olho  (inédita) (1986) Meu reino por um cavalo  (1988).

Televisão Telenovelas na TV Globo: A ponte dos suspiros , sob o pseudônimo de Stela Calderón (1969) Verão vermelho  (1969/1970) Assim na terra como no céu  (1970/1971) Bandeira 2  (1971/1972) O bem-amado  (1973) O espigão  (1974) Saramandaia  (1976) Sinal de alerta  (1978/1979) Roque Santeiro  (1985/1986) Mandala  (1987/1988) Araponga , com Ferreira Gullar e Lauro César Muniz (1990/1991) Minisséries Um tiro no coração , em coautoria com Ferreira Gullar (inédita) (1982) O pagador de promessas  (1988) Noivas de Copacabana  (1993) Decadência  (1994) O fim do mundo  (1996) Seriados O bem-amado  (1979/1984) Expresso Brasil  (1987) Especiais ( telepeças )   O bem-amado , em adaptação de Benjamin Cattan , TV Tupi, TV de Vanguarda (1964) Um grito no escuro  (O crime do silêncio), TV Globo, Caso Especial (1971) O santo inquérito , em adaptação de Antonio Mercado, TV Globo, Aplauso (1979) O boi santo , TV Globo (1988) A longa noite de Emiliano  (inédita), TV Globo. Cinema O pagador de promessas , direção de Anselmo Duarte, Leonardo Vilar, Glória Menezes, Dionísio Azevedo, Geraldo Del Rey, Norma Benguell , Othon Bastos e Antonio Pitanga (1962) O marginal  (roteiro), direção de Carlos Manga, com Tarcísio Meira e Darlene Glória (1974) O rei do Rio  (adaptação de  O rei de Ramos ), direção de Bruno Barreto, com Nuno Leal Maia, Milton Gonçalves e Nelson Xavier (1985) Amor em campo minado , direção de Pastor Vera, Cuba (1988) PRODUÇÃO TELEVISIVA E CINEMATOGRÁFICA DE DIAS GOMES

O PAGADOR DE PROMESSA Para salvar o seu burrinho Nicolau O Zé ingênuo fez promessa a Iansã Levar nas costas uma cruz a capital E lá chegou às quatro e meia da manhã Então o Zé conhece a Marli e o Bonitão E Zé libera sua Rosa para o cafetão MAS ZÉ DO BURRO FEZ PROMESSA PRA SANTA BÁRBARA QUE PRA ELE É IANSÃ MAS PADRE OLAVO DISSE: ESQUEÇA! ESSA PROMESSA FOI FEITA A SATÃ! A manhã nasce e o galego abre seu bar E a minha tia vende o seu acarajé Vem o Dedé, cuspindo rima popular E o Mestre Coca, capoeira ele é Mas um repórter faz do Zé a sensação E o delegado vai tentar levar Zé pra prisão MAS ZÉ DO BURRO FEZ PROMESSA E NADA VAI FAZÊ-LO RECUAR POIS MESMO MORTO PRA IGREJA O ZÉ E A CRUZ O POVO VAI LEVAR Clique aqui Para ouvir!

ALGUMAS DAS OBRAS DE JORGE ANDRADE

PRIMEIRA FASE SEGUNDA FASE TERCEIRA FASE

Vamos para os exercícios!

01. (Enem 2019) HELOÍSA: Faz versos? PINOTE: Sendo preciso... Quadrinhas... Acrósticos... Sonetos... Reclames. HELOÍSA: Futuristas? PINOTE: Não senhora! Eu já fui futurista. Cheguei a acreditar na independência... Mas foi uma tragédia! Começaram a me tratar de maluco. A me olhar de esguelha. A não me receber mais. As crianças choravam em casa. Tenho três filhos. No jornal também não pagavam, devido à crise. Precisei viver de bicos. Ah! Reneguei tudo. Arranjei aquele instrumento (Mostra a faca) e fiquei passadista. ( ANDRADE, O. O rei da vela. São Paulo: Globo, 2003.) O fragmento da peça teatral de Oswald de Andrade ironiza a reação da sociedade brasileira dos anos 1930 diante de determinada vanguarda europeia. Nessa visão, atribui-se ao público leitor uma postura Preconceituosa, ao evitar formas poéticas simplificadas. Conservadora, ao optar por modelos consagrados. Preciosista, ao preferir modelos literários eruditos. Nacionalista, ao negar modelos estrangeiros.

02. (Enem 2019)  Uma ouriça Se o de longe esboça lhe chegar perto, Se fecha (convexo integral de esfera), Se eriça (bélica e multiespinhenta ): E, esfera e espinho, se ouriça à espera. Mas não passiva (como ouriço na loca); Nem só defensiva (como se eriça o gato); Sim agressiva (como jamais o ouriço), Do agressivo capaz de bote, de salto (Não do salto para trás, como o gato): Daquele capaz de salto para o assalto. Se o de longe lhe chega em (de longe), De esfera aos espinhos, ela se desouriça . Reconverte: o metal hermético e armado Na carne de antes (côncava e propícia), E as molas felinas (para o assalto), Nas molas em espiral (para o abraço). ( MELO NETO, J. C. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.) Com apuro formal, o poema tece um conjunto semântico que metaforiza a atitude feminina de Tenacidade transformada em brandura. Obstinação traduzida em isolamento. Inércia provocada pelo desejo platônico. Irreverência cultivada de forma cautelosa. Desconfiança consumada pela intolerância.

3. (Enem PPL 2019)  Biografia de Pasárgada Quando eu tinha meus 15 anos e traduzia na classe de grego do D. Pedro II a Ciropédia fiquei encantado com o nome dessa cidadezinha fundada por Ciro, o Antigo, nas montanhas do sul da Pérsia, para lá passar os verões. A minha imaginação de adolescente começou a trabalhar, e vi Pasárgada e vivi durante alguns anos em Pasárgada . Mais de vinte anos depois, num momento de profundo desânimo, saltou-me do subconsciente este grito de evasão: “Vou-me embora pra Pasárgada !” Imediatamente senti que era a célula de um poema. Peguei do lápis e do papel, mas o poema não veio. Não pensei mais nisso. Uns cinco anos mais tarde, o mesmo grito de evasão nas mesmas circunstâncias. Desta vez, o poema saiu quase ao correr da pena. Se há belezas em “Vou-me embora pra Pasárgada !”, elas não passam de acidentes. Não construí o poema, ele construiu-se em mim, nos recessos do subconsciente, utilizando as reminiscências da infância — as histórias que Rosa, minha ama-seca mulata, me contava, o sonho jamais realizado de uma bicicleta etc. (BANDEIRA, M. Itinerário de Pasárgada . São Paulo: Global, 2012.) O texto é um depoimento de Manuel Bandeira a respeito da criação de um de seus poemas mais conhecidos. De acordo com esse depoimento, o fazer poético em “Vou-me embora pra Pasárgada !” Acontece de maneira progressiva, natural e pouco intencional. Decorre de uma inspiração fulminante, num momento de extrema emoção. Ratifica as informações do senso comum de que Pasárgada é a representação de um lugar utópico. Resulta das mais fortes lembranças da juventude do poeta e de seu envolvimento com a literatura grega. Remete a um tempo da vida de Manuel Bandeira marcado por desigualdades sociais e econômicas.

4. (Enem PPL 2019) Canção No desequilíbrio dos mares, As proas giram sozinhas… Numa das naves que afundaram É que certamente tu vinhas. Eu te esperei todos os séculos Sem desespero e sem desgosto, E morri de infinitas mortes Guardando sempre o mesmo rosto. Quando as ondas te carregaram Meus olhos, entre águas e areias, Cegaram como os das estátuas, A tudo quanto existe alheias. Minhas mãos pararam sobre o ar E endureceram junto ao vento, E perderam a cor que tinham E a lembrança do movimento. E o sorriso que eu te levava Desprendeu-se e caiu de mim: E só talvez ele ainda viva Dentro destas águas sem fim. MEIRELES, C. In: SECCHIN, A. C. (Org.). Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. Na composição do poema, o tom elegíaco e solene manifesta uma concepção de lirismo fundada na: Contradição entre a vontade da espera pelo ser amado e o desejo de fuga. Expressão do desencanto diante da impossibilidade da realização amorosa. Associação de imagens díspares indicativas de esperança no amor futuro. Recusa à aceitação da impermanência do sentimento pela pessoa amada. Consciência da inutilidade do amor em relação à inevitabilidade da morte.

5. (Enem PPL 2019) O mato do Mutum é um enorme mundo preto, que nasce dos buracões e sobe a serra. O guará-lobo trota a vago no campo. As pessoas mais velhas são inimigas dos meninos. Soltam e estumam cachorros, para ir matar os bichinhos assustados — o tatú que se agarra no chão dando guinchos suplicantes, os macacos que fazem artes, o coelho que mesmo até quando dorme todo-tempo sonha que está sendo perseguido. O tatú levanta as mãozinhas cruzadas, ele não sabe — e os cachorros estão rasgando o sangue dele, e ele pega a sororocar. O tamanduá. Tamanduá passeia no cerrado, na beira do capoeirão. Ele conhece as árvores, abraça as árvores. Nenhum nem pode rezar, triste é o gemido deles campeando socorro. Todo choro suplicando por socorro é feito para Nossa Senhora, como quem diz a salve-rainha. Tem uma Nossa Senhora velhinha. Os homens, pé-ante-pé, indo a peitavento , cercaram o casal de tamanduás, encantoados contra o barranco, o casal de tamanduás estavam dormindo. Os homens empurraram com a vara de ferrão, com pancada bruta, o tamanduá que se acordava. Deu som surdo, no corpo do bicho, quando bateram, o tamanduá caiu pra lá, como um colchão velho. ROSA, G. Noites do sertão (Corpo de baile). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016. Na obra de Guimarães Rosa, destaca-se o aspecto afetivo no contorno da paisagem dos sertões mineiros. Nesse fragmento, o narrador empresta à cena uma expressividade apoiada na: Plasticidade de cores e sons dos elementos nativos. Dinâmica do ataque e da fuga na luta pela sobrevivência. Religiosidade na contemplação do sertanejo e de seus costumes. Correspondência entre práticas e tradições e a hostilidade do campo. Humanização da presa em contraste com o desdém e a ferocidade do homem.

06. (Enem 2018) O trabalho não era penoso: colar rótulos, meter vidros em caixas, etiqueta-las, selá-las, envolve-las em papel celofane, branco, verde, azul, conforme o produto, separá-las em dúzias... Era fastidioso. Para passar mais rapidamente as oito horas havia o remédio: conversar. Era proibido, mas quem ia atrás de proibições? O patrão vinha? Vinha o encarregado do serviço? Calavam o bico, aplicavam-se ao trabalho. Mal viravam as costas, voltavam a taramelar. As mãos não paravam, as línguas não paravam. Nessas conversas intermináveis, de linguagem solta e assuntos crus, Leniza se completou. Isabela, Afonsina, Idália, Jurete , Deolinda – foram mestras. O mundo acabou de se desvendar. Leniza perdeu o tom ingênuo que ainda podia ter. Ganhou um jogar de corpo que convida, um quebrar de olhos que promete tudo, à toa, gratuitamente. Modificou-se o timbre de sua voz. Ficou mais quente. A própria inteligência se transformou. Tornou-se mais aguda, mais trepidante. ( REBELO, M. A estrela sobe. Rio de Janeiro: José Olympio, 2009.) O romance, de 1939, traz à cena tipos e situações que espelham o Rio de Janeiro daquela década. No fragmento, o narrador delineia esse contexto centrado no: Julgamento da mulher fora do espaço doméstico. Relato sobre as condições de trabalho no Estado Novo. Destaque a grupos populares na condição de protagonistas. Processo de inclusão do palavrão nos hábitos de linguagem. Vínculo entre as transformações urbanas e os papéis femininos.

7. (Enem PPL 2018) Uma das funções da obra de arte é e presentar o contexto sociocultural ao qual ela pertence. Produzida na primeira metade do século XX, a Estrada de Ferro Central do Brasil evidencia o processo de modernização pela: Verticalização do espaço. Desconstrução da forma. Sobreposição de elementos. Valorização da natureza. Abstração do tema. 8. (Enem PPL 2017) O exercício da crônica Escrever prosa é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz um cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é levado meio a tapas pelas personagens e situações que, azar dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino. Senta-se diante de sua máquina, acende um cigarro, olha através da janela e busca fundo em sua imaginação um fato qualquer, de preferência colhido no noticiário matutino, ou da véspera, em que, com as suas artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo. (MORAES, V. Para viver um grande amor: crônicas e poemas. São Paulo: Cia. das Letras, 1991) Nesse trecho, Vinicius de Moraes exercita a crônica para pensá-la como gênero e prática. Do ponto de vista dele, cabe ao cronista: Criar fatos com a imaginação. Reproduzir as notícias dos jornais. Escrever em linguagem coloquial. Construir personagens verossímeis. Ressignificar o cotidiano pela escrita.

09. (Enem 2017) O farrista Quando o almirante Cabral Pôs as patas no Brasil O anjo da guarda dos índios Estava passeando em Paris. Quando ele voltou de viagem O holandês já está aqui. O anjo respira alegre: “Não faz mal, isto é boa gente, Vou arejar outra vez.” O anjo transpôs a barra, Diz adeus a Pernambuco, Faz barulho, vuco-vuco , Tal e qual o zepelim Mas deu um vento no anjo, Ele perdeu a memória... E não voltou nunca mais. MENDES, M. História do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira , 1992 . A obra de Murilo Mendes situa-se na fase inicial do Modernismo, cujas propostas estéticas transparecem, no poema, por um eu lírico que Configura um ideal de nacionalidade pela integração regional. Remonta ao colonialismo assente sob um viés iconoclasta. Repercute as manifestações do sincretismo religioso. Descreve a gênese da formação do povo brasileiro. Promove inovações no repertório linguístico.

10. (Enem PPL 2016) Anoitecer A Dolores É a hora em que o sino toca, Mas aqui não há sinos; Há somente buzinas, Sirenes roucas, apitos Aflitos, pungentes, trágicos Uivando escuro segredo; Desta hora tenho medo. [...] É a hora do descanso, Mas o descanso vem tarde, O corpo não pede sono, Depois de tanto rodar; Pede paz — morte — mergulho No poço mais ermo e quedo; Desta hora tenho medo. Hora de delicadeza, Agasalho, sombra, silêncio. Haverá disso no mundo? É antes a hora dos corvos, Bicando em mim, meu passado, Meu futuro, meu degredo; Desta hora, sim, tenho medo. ( ANDRADE, C. D. A rosa do povo. Rio de Janeiro: Record, 2005 - fragmento). Com base no contexto da Segunda Guerra Mundial, o livro A rosa do povo revela desdobramentos da visão poética. No fragmento, a expressividade lírica demonstra um(a): Defesa da esperança como forma de superação das atrocidades da guerra. Desejo de resistência às formas de opressão e medo produzidas pela guerra. Olhar pessimista das instituições humanas e sociais submetidas ao conflito armado. Exortação à solidariedade para a reconstrução dos espaços urbanos bombardeados. Espírito de contestação capaz de subverter a condição de vítima dos povos afetados.

11. (Enem PPL 2016) A partida de trem Marcava seis horas da manhã. Angela Pralini pagou o táxi e pegou sua pequena valise. Dona Maria Rita de Alvarenga Chagas Souza Melo desceu do Opala da filha e encaminharam-se para os trilhos. A velha bem-vestida e com joias. Das rugas que a disfarçavam saía a forma pura de um nariz perdido na idade, e de uma boca que outrora devia ter sido cheia e sensível. Mas que importa? Chega-se a um certo ponto — e o que foi não importa. Começa uma nova raça. Uma velha não pode comunicar-se. Recebeu o beijo gelado de sua filha que foi embora antes do trem partir. Ajudara-a antes a subir no vagão. Sem que neste houvesse um centro, ela se colocara do lado. Quando a locomotiva se pôs em movimento, surpreendeu-se um pouco: não esperava que o trem seguisse nessa direção e sentara-se de costas para o caminho. Angela Pralini percebeu-lhe o movimento e perguntou: — A senhora deseja trocar de lugar comigo? Dona Maria Rita se espantou com a delicadeza, disse que não, obrigada, para ela dava no mesmo. Mas parecia ter-se perturbado. Passou a mão sobre o camafeu filigranado de ouro, espetado no peito, passou a mão no briche . Seca. Ofendida? Perguntou afinal a Angela Pralini : — É por causa de mim que a senhorita deseja trocar de lugar? LISPECTOR, C. Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980 (fragmento). A descoberta de experiências emocionais com base no cotidiano é recorrente na obra de Clarice Lispector. No fragmento, o narrador enfatiza o(a) Comportamento vaidoso de mulheres de condição social privilegiada. Anulação das diferenças sociais no espaço público de uma estação. Incompatibilidade psicológica entre mulheres de gerações diferentes. Constrangimento da aproximação formal de pessoas desconhecidas. Sentimento de solidão alimentado pelo processo de envelhecimento.

12. (Enem PPL 2016) O bonde abre a viagem, No banco ninguém, Estou só, estou sem. Depois sobe um homem, No banco sentou, Companheiro vou. O bonde está cheio, De novo porém Não sou mais ninguém. (ANDRADE, M, Poesias completas. Belo Horizonte: Wa Rica, 1993) O desenvolvimento das grandes cidades e a consequente concentração populacional nos centros urbanos geraram mudanças importantes no comportamento dos indivíduos em sociedade. No poema de Mário de Andrade, publicado na década de 1940, a vida na metrópole aparece representada pela contraposição entre: Solidão e a multidão. A carência e a satisfação. A mobilidade e a lentidão. A amizade e a indiferença. A mudança e a estagnação.

13. (Enem PPL 2016) Poema tirado de uma notícia de jornal João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número. Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro Bebeu Cantou Dançou Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado. (BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira: poesias reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980) No poema de Manuel Bandeira, há uma ressignificação de elementos da função referencial da linguagem pela: Atribuição de título ao texto com base em uma notícia veiculada em jornal. Utilização de frases curtas, características de textos do gênero jornalístico. Indicação de nomes de lugares como garantia da veracidade da cena narrada. Enumeração de ações, com foco nos eventos acontecidos à personagem do texto. Apresentação de elementos próprios da noticia, tais como quem, onde, quando e o quê.

14. (Enem PPL 2016)  Descobrimento Abancado à escrivaninha em São Paulo Na minha casa da rua Lopes Chaves De sopetão senti um friúme por dentro. Fiquei trêmulo, muito comovido Com o livro palerma olhando pra mim. Não vê que me lembrei que lá no norte, meu Deus! Muito longe de mim, Na escuridão ativa da noite que caiu, Um homem pálido, magro de cabelos escorrendo nos olhos Depois de fazer uma pele com a borracha do dia, Faz pouco se deitou, está dormindo. Esse homem é brasileiro que nem eu... (ANDRADE, M, Poesias completas. São Paulo: Edusp, 1987) O poema Descobrimento, de Mário de Andrade, marca a postura nacionalista manifestada pelos escritores modernistas. Recuperando o fato histórico do “descobrimento”, a construção poética problematiza a representação nacional a fim de: Resgatar o passado indígena brasileiro. Criticar a colonização portuguesa no Brasil. Defender a diversidade social e cultural brasileira. Promover a integração das diferentes regiões do país. Valorizar a Região Norte, pouco conhecida pelos brasileiros.

15. (Enem PPL 2016) O modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas europeias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira definitivamente. Tomando como referência o quadro  O mamoeiro , identifica-se que, nas artes plásticas, a: Forma estética ganha linhas retas e valoriza o cotidiano Imagem privilegia uma ação moderna e industrializada. Imagem passa a valer mais que as formas vanguardistas. Natureza passa a ser admirada como um espaço utópico. Forma apresenta contornos e detalhes humanos. 16. (Enem PPL 2015)  O peru de Natal O nosso primeiro Natal de família, depois da morte de meu pai acontecida cinco meses antes, foi de consequências decisivas para a felicidade familiar. Nós sempre fôramos familiarmente felizes, nesse sentido muito abstrato da felicidade: gente honesta, sem crimes, lar sem brigas internas nem graves dificuldades econômicas. Mas, devido principalmente à natureza cinzenta de meu pai, ser desprovido de qualquer lirismo, duma exemplaridade incapaz, acolchoado no medíocre, sempre nos faltara aquele aproveitamento da vida, aquele gosto pelas felicidades materiais, um vinho bom, uma estação de águas, aquisição de geladeira, coisas assim. Meu pai fora de um bom errado, quase dramático, o puro-sangue dos desmancha-prazeres. (ANDRADE, M. In: MORICONI, I. Os cem melhores contos brasileiros do século. São Paulo: Objetiva, 2000) No fragmento do conto de Mário de Andrade, o tom confessional do narrador em primeira pessoa revela uma concepção das relações humanas marcada por: Distanciamento de estados de espírito acentuado pelo papel das gerações. Relevância dos festejos religiosos em família na sociedade moderna. Preocupação econômica em uma sociedade urbana em crise. Consumo de bens materiais por parte de jovens, adultos e idosos. Pesar e reação de luto diante da morte de um familiar querido.

17. (Enem PPL 2015)  Vei , a Sol Ora o pássaro careceu de fazer necessidade, fez e o herói ficou escorrendo sujeira de urubu. Já era de madrugadinha e o tempo estava inteiramente frio. Macunaíma acordou tremendo, todo lambuzado. Assim mesmo examinou bem a pedra mirim da ilhota para vê si não havia alguma cova com dinheiro enterrado. Não havia não. Nem a correntinha encantada de prata que indica pro escolhido, tesouro de holandês. Havia só as formigas jaquitaguas ruivinhas. Então passou Caiuanogue , a estrela da manhã. Macunaíma já meio enjoado de tanto viver pediu pra ela que o carregasse pro céu. Caiuanogue foi se chegando porém o herói fedia muito. — Vá tomar banho! — ela fez. E foi-se embora. Assim nasceu a expressão “Vá tomar banho” que os brasileiros empregam se referindo a certos imigrantes europeus. (ANDRADE, M. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Rio de Janeiro: Agir, 2008) O fragmento de texto faz parte do capítulo VII, intitulado “ Vei , a Sol”, do livro Macunaíma, de Mário de Andrade, pertencente à primeira fase do Modernismo brasileiro. Considerando a linguagem empregada pelo narrador, é possível identificar: Resquícios do discurso naturalista usado pelos escritores do século XIX. Ausência de linearidade no tratamento do tempo, recurso comum ao texto narrativo da primeira fase modernista. Referência à fauna como meio de denunciar o primitivismo e o atraso de algumas regiões do país. Descrição preconceituosa dos tipos populares brasileiros, representados por Macunaíma e Caiuanogue . Uso da linguagem coloquial e de temáticas do lendário brasileiro como meio de valorização da cultura popular nacional.

18. (Enem 2015)  Cântico VI Tu tens um medo de Acabar. Não vês que acabas todo o dia. Que morres no amor. Na tristeza. Na dúvida. No desejo. Que te renovas todo dia. No amor. Na tristeza. Na dúvida. No desejo. Que és sempre outro. Que és sempre o mesmo. Que morrerás por idades imensas. Até não teres medo de morrer. E então serás eterno. (MEIRELES. C. Antologia poética, Rio de Janeiro: Record. 1963) A poesia de Cecília Meireles revela concepções sobre o homem em seu aspecto existencial. Em  Cântico VI , o eu lírico exorta seu interlocutor a perceber, como inerente à condição humana: A sublimação espiritual graças ao poder de se emocionar. O desalento irremediável em face do cotidiano repetitivo. O questionamento cético sobre o rumo das atitudes humanas. A vontade inconsciente de perpetuar-se em estado adolescente. Um receio ancestral de confrontar a imprevisibilidade das coisas.

19. (Enem PPL 2015) Famigerado Com arranco, [o sertanejo] calou-se. Como arrependido de ter começado assim, de evidente. Contra que aí estava com o fígado em más margens; pensava, pensava. Cabismeditado . Do que, se resolveu. Levantou as feições. Se é que se riu: aquela crueldade de dentes. Encarar, não me encarava, só se fito à meia esguelha. Latejava-lhe um orgulho indeciso. Redigiu seu monologar. O que frouxo falava: de outras, diversas pessoas e coisas, da Serra, do São Ão , travados assuntos, insequentes , como dificultação . A conversa era para teias de aranha. Eu tinha de entender-lhe as mínimas entonações, seguir seus propósitos e silêncios. Assim no fechar-se com o jogo, sonso, no me iludir, ele enigmava. E, pá: — Vosmecê agora me faça a boa obra de querer me ensinar o que é mesmo que é: fasmisgerado ... faz-me-gerado... falmisgeraldo ... familhas -gerado...? ( ROSA, J. G. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.) A linguagem peculiar é um dos aspectos que conferem a Guimarães Rosa um lugar de destaque na literatura brasileira. No fragmento lido, a tensão entre a personagem e o narrador se estabelece porque O narrador se cala, pensa e monologa, tentando assim evitar a perigosa pergunta de seu interlocutor. O sertanejo emprega um discurso cifrado, com enigmas, como se vê em “a conversa era para teias de aranha”. Entre os dois homens cria-se uma comunicação impossível, decorrente de suas diferenças socioculturais. A fala do sertanejo é interrompida pelo gesto de impaciência do narrador, decidido a mudar o assunto da conversa. A palavra desconhecida adquire o poder de gerar conflito e separar as personagens em planos incomunicáveis.

20. (Enem 2014)  Camelôs Abençoado seja o camelô dos brinquedos de tostão: O que vende balõezinhos de cor O macaquinho que trepa no coqueiro O cachorrinho que bate com o rabo Os homenzinhos que jogam boxe A perereca verde que de repente dá um pulo que engraçado E as canetinhas-tinteiro que jamais escreverão coisa alguma. Alegria das calçadas Uns falam pelos cotovelos: − "O cavalheiro chega em casa e diz: Meu filho, vai buscar um pedaço de banana para eu acender o charuto. Naturalmente o menino pensará: Papai está malu ...” Outros, coitados, têm a língua atada. Todos porém sabem mexer nos cordéis como o tino ingênuo de demiurgos de inutilidades. E ensinam no tumulto das ruas os mitos heroicos da meninice... E dão aos homens que passam preocupados ou tristes uma lição de infância. (BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007) Uma das diretrizes do Modernismo foi a percepção de elementos do cotidiano como matéria de inspiração poética. O poema de Manuel Bandeira exemplifica essa tendência e alcança expressividade porque: Realiza um inventário dos elementos lúdicos tradicionais da criança brasileira. Promove um reflexão sobre a realidade de pobreza dos centros urbanos. Traduz em linguagem lírica o mosaico de elementos de significação corriqueira. Introduz a interlocução como mecanismo de construção de uma poética nova. Constata a condição melancólica dos homens distantes da simplicidade infantil
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