A biblioteca de luz e de sombras

m_momentoi 79 views 3 slides May 19, 2025
Slide 1
Slide 1 of 3
Slide 1
1
Slide 2
2
Slide 3
3

About This Presentation

Sofia descobre uma biblioteca mágica onde os livros são transformados em portais vivos, transportando quem os lê para dentro das histórias. Sofia acaba por se tornar a guardiã da biblioteca, ajudando outras pessoas a encontrar nas histórias aquilo de que mais precisam.


Slide Content

A Biblioteca de Luz e de Sombras 

Numa pequena vila esquecida pelo tempo, havia uma biblioteca especial. Não era
apenas um edifício onde se guardava livros, mas um lugar mágico, onde as cores
dançavam com a luz e os livros pareciam ter vida própria. Os habitantes chamavam-lhe a
"Biblioteca de Luz e de Sombras", pois, durante o dia, a luz solar que atravessava as
grandes vidraças tingia o espaço com tons vibrantes, enquanto, à noite, as sombras dos
livros nas estantes pareciam mover-se e contar as suas próprias histórias.

Sofia, uma jovem curiosa e sonhadora, que se tinha mudado recentemente para a
vila, descobrira por acaso a biblioteca num passeio de fim de tarde. Ao entrar, ficou
imediatamente encantada com a mistura de aromas de livros antigos e de flores frescas.
As cores do espaço pareciam estar vivas, refletindo-se nos livros empilhados sobre a
mesa central. Cada estante parecia conter uma mensagem, com as suas obras

organizadas por temas — umas recentes, outras com lombadas gastas pelo tempo, mas
todas elas repletas de segredos a desvendar.
No centro da sala, um livro parecia estar fora de lugar. Era encadernado em couro de
tom violeta e tinha um fecho dourado, como se quisesse guardar algo de precioso. Sofia
aproximou-se, hesitante, e quando tocou no fecho, sentiu um calor subir-lhe pela mão. O
livro abriu-se sozinho, revelando páginas em branco que, pouco a pouco, começaram a
encher-se de palavras escritas numa caligrafia elegante.
"Bem-vinda, Sofia," dizia a primeira página. "Aqui, as histórias ganham vida."
Curiosa, Sofia virou a página seguinte. Assim que o fez, uma brisa suave percorreu a
sala, e as palavras começaram a desfazer-se em fios de luz que flutuavam no ar. De
repente, viu-se rodeada por árvores altas, com folhas douradas e prateadas que refletiam
o brilho do sol. O ar estava impregnado do som dos pássaros e do murmúrio de um riacho
ao longe. Estava dentro de uma história.
"Será isto um sonho?" pensou Sofia em voz alta.
— Não é um sonho — respondeu uma voz
calorosa atrás dela. Virando-se, viu uma figura
etérea, feita de luz, que parecia concentrar em
si as figuras das histórias que já tinha lido. —
Esta biblioteca não é apenas um lugar para
guardar livros. É um portal. Aqui cada história
pode ser vivida, mas só têm acesso a este lugar
aqueles que acreditam na força das palavras.

Sofia passou horas, talvez dias, a explorar
aquele mundo. De cada vez que abria um novo
livro, era transportada para uma história
diferente: Enfrentou tempestades impiedosas
ao lado de marinheiros marcados pelo sal e
pelo tempo, perdeu-se em castelos onde as
paredes sussurravam segredos antigos, e
desvendou enigmas em terras de bruma e de memórias.
Mas, ao mesmo tempo, aprendeu algo de mais profundo — cada história refletia um
aspeto de si mesma. Nos momentos de dúvida, encontrou coragem. Nas histórias de
perda, redescobriu a importância daqueles a quem amava. E nas histórias de amor, sentiu
a capacidade de compreender e de se conectar com os outros.

Uma vez, ao abrir um livro antigo com uma capa de veludo vermelho, encontrou-se
numa povoação onde todas as pessoas viviam em silêncio, incapazes de comunicar. Sofia
percebeu que a povoação era um reflexo dos seus próprios medos — o medo de nunca
encontrar a sua voz no mundo. Decidiu ajudar os habitantes a recuperar as suas palavras.
Passou dias a escrever-lhes poemas e histórias e, aos poucos, a povoação encheu-se de
canções e de sorrisos. Quando regressou à biblioteca, o livro tinha uma nova dedicatória:
"À guardiã que deu voz às histórias."
Ao fim de algum tempo, Sofia começou a sentir uma ligação profunda com a
biblioteca. Percebeu que não era um lugar qualquer — era um espaço vivo, que precisava
de alguém para cuidar dele. A biblioteca escolhia quem merecia ser o seu guardião, e Sofia
sabia que tinha sido escolhida. O livro
violeta, agora sempre sobre a mesa,
tornou-se o seu guia. Mostrava-lhe
quais os livros que precisavam de ser
lidos, quais os visitantes que
precisavam de inspiração, e os
conhecimentos que precisavam de ser
partilhados.

Com o passar dos anos, Sofia viu
muitas pessoas entrarem na
biblioteca. Umas chegavam curiosas,
outras, perdidas, mas todas saíam
transformadas. Cada uma encontrava
a história de que precisava, como se a
biblioteca conhecesse os seus
corações. E Sofia estava sempre lá,
para lhes dar as boas-vindas, para
guiar as suas mãos até ao livro certo, e,
às vezes, apenas para as ouvir.

Ao final de cada dia, quando a luz dourada do pôr do sol enchia a biblioteca, Sofia
sentava-se junto à grande janela e começava a ler um livro. Sabia que as histórias tinham
o poder de mudar o mundo — e o seu trabalho era assegurar que essa magia nunca viria a
perder-se…
Natália Veiga
Rumos – A Importância da Leitura