A ESCRITA - O ensino de português tem uma forte direção para a escrita.

O ensino de português tem uma forte direção para a escrita.
Muitas vezes, a preocupação maior é com a aparência da escrita, e não com sua função de representar.
Um dos objetivos cruciais da alfabetização é ensinar a escrever.
A escrita é uma atividade nova e complexa

1. A ESCRITA Alfabetização e Linguística

2. O Foco no Ensino da Escrita O ensino de português tem uma forte direção para a escrita. Muitas vezes, a preocupação maior é com a aparência da escrita, e não com sua função de representar. Um dos objetivos cruciais da alfabetização é ensinar a escrever . A escrita é uma atividade nova e complexa para a criança, exigindo um tratamento pedagógico especial.

3. A Forma Gráfica da Escrita A forma gráfica da escrita muitas vezes não é bem compreendida pela escola. Historicamente, com a popularização dos sistemas alfabéticos, a forma das letras deixou de ser única e passou a admitir variantes . Vivemos em um mundo com muitos tipos de alfabetos; nós, adultos, aprendemos a lê-los indiretamente. A criança, ao começar a aprender, não tem essa consciência e muitas vezes se admira com a complexidade. O problema: a escola ensina como escrever, mas não o que é escrever, sem "dizer as regras do jogo".

4. O Debate: Escrita Cursiva x Letra de Forma Alguns métodos priorizam ou até proíbem a escrita de forma, focando na escrita cursiva desde o início. Argumento frequente: Aprender letra de forma e depois cursiva é "dobro de trabalho" e pode gerar confusão. Realidade: A escrita de forma é muito mais fácil de aprender e reproduzir. A escrita cursiva tem uso particular/individual, é de difícil leitura e exige domínio motor perfeito. A cursiva exige "esforço muito grande" das crianças, que nem sempre têm controle motor adequado.

5. A Prioridade da Letra de Forma A escrita cursiva é importante, mas não a maneira mais adequada de começar o aprendizado. Seria "muito mais fácil e simples" aprender a ler e escrever primeiramente através da escrita de forma maiúscula . A escrita de forma maiúscula se presta melhor à fase inicial da alfabetização.

6. Além do Traçado: Distinguir e Desenvolver Outro equívoco da escola é não permitir que as crianças "tracem as letras" livremente. Os alunos precisam aprender a distinguir diferentes tipos de uma mesma letra. É essencial que eles desenvolvam um traçado pessoal , que é de uso individual, especialmente na escrita cursiva. A escrita deve ser vista como uma ferramenta flexível, a ser usada de forma oportuna e eficaz.

7. A Imposição de um Modelo Vemos a imposição de um modelo de escrita. Falta possibilidade espacial ou temporal para: Experimentação. Tentativas. Descobertas de cada criança. A tarefa se limita a fazer cópias de vários traçados . Um verdadeiro exercício de treinamento muito manual , focado na "fotografia" da escrita.

8. O Verdadeiro Objetivo Inicial A escola, por vezes, esquece o principal objetivo inicial. No primeiro momento, o mais importante é que as crianças transportem suas habilidades de falantes para o texto escrito . A prioridade é a representação das ideias e da fala.

9. A Ortografia e o Respeito ao Aprendiz A preocupação com a ortografia deve vir aos poucos . Isso deve ser feito de uma forma que não amedronte quem ainda não sabe escrever. O foco inicial deve ser na comunicação e na expressão, e não na perfeição formal. A construção do conhecimento ortográfico é um processo gradual e deve ser abordado com sensibilidade.

10. A Ortografia e o Respeito ao Aprendiz É fundamental repensar a didática da escrita para permitir a experimentação e a descoberta . Valorizar a função comunicativa da escrita desde o início. Construir a aprendizagem da ortografia de forma gradual, respeitando o ritmo e as tentativas das crianças. Uma alfabetização mais humana e eficaz.

11. O Objetivo Primeiro da Escrita A escrita, seja qual for, tem como objetivo principal: permitir a leitura . Leitura: É uma interpretação da escrita, que consiste em traduzir os símbolos escritos em fala .

12. Diferentes Tipos de Escrita e Seus Focos Outros tipos: Simplesmente com a transmissão de significados específicos que devem ser decifrados por quem é habilitado. Neste segundo caso, aspectos fonológicos, lexicais e sintáticos (linearidade do discurso) não têm indicação específica. Cabe ao leitor encontrar a maneira mais adequada de realizar a leitura. Muitas vezes, esse tipo de escrita usa palavras-chaves para sua decifração.

13. Um Ato Distinto da Fala Espontânea Ler é um ato distinto da produção espontânea de fala sobre um assunto qualquer. A leitura é condicionada pela escrita , mesmo que a restrição seja apenas semântica. O pensamento estruturado é de outra pessoa , não do leitor/falante.

14. A Escrita "Sem Motivo" na Escola A escola é, talvez, o único lugar onde se escreve muitas vezes sem motivo . Certas atividades escolares representam um puro exercício de escrita . Na alfabetização, isso pode gerar problemas sérios para alguns alunos.

15. Diferentes Realidades com a Escrita Nós, adultos, acostumados a ler e escrever, nem sempre percebemos que nem todos leem e escrevem como nós . Para muitas famílias de classe social baixa , a escrita pode se restringir a: Assinar o próprio nome. Redigir listas de palavras e recados simples. Para esses, a escrita proposta pela escola pode ser: estranhíssima, indesejável, inútil .

16. A Escrita como Continuação do Lar Aqueles que vivem em ambientes onde se leem jornais, revistas, livros e veem adultos escrevendo frequentemente: Têm estojos de lápis, canetas e borrachas desde cedo. Acham muito natural o que a escola faz. Para eles, a escola representa uma continuação do que já esperavam.

17. Antes de Ensinar a Escrever: Escutar o Aluno A ntes de ensinar a escrever , é preciso saber: O que os alunos esperam da escrita? Qual é a utilidade que eles veem nela? A partir daí, programas e atividades podem ser planejados adequadamente. Sugestão: No início do ano, a professora pode fazer um levantamento com as turmas. Aspirações e situação linguística. O que a escrita representa para as crianças. Para que serve, como os adultos usam, quando se deve escrever.

18. A Necessidade de Motivação As crianças gostam de ser ouvidas e participar do planejamento. Ninguém escreve ou lê sem motivo, sem motivação. Em certas culturas, o uso da escrita é secundário; em outras, imprescindível. Não basta saber escrever para escrever; é preciso ter uma motivação para isso.

19. Programas de Alfabetização: Adaptação à Realidade Grande parte da população trabalha em serviços que não exigem a escrita . Programas de alfabetização (especialmente de adultos) precisam ser elaborados: Não em função de uma cultura julgada "ideal" e "excelente" para todos. Mas, de acordo com as necessidades e o contexto de cada um .

20. A Motivação e a Função da Escrita Motivação: Placas de trânsito: Disciplinar o tráfego, evitar acidentes. Texto tradicional: Informar o leitor sobre seu conteúdo. A decifração é apenas um aspecto mecânico do funcionamento da escrita. A leitura não se reduz à soma de significados individuais. Obriga o leitor a encontrar todos os elementos do universo cultural, social e histórico em que a escrita se baseou.

21. A Diferença entre Desenhar e Escrever Desenhar uma casa para representar o objeto "casa" não é produzir escrita . Mas, ao desenhar uma casa para que se diga "casa" – e, portanto, escreve-se a palavra "casa" – aí sim se tem escrita. Isso demonstra a clara diferença entre representação pictórica e escrita linguística.

22. A Função Informativa e Outras Funções A motivação da escrita não se restringe apenas à informação do leitor. A função informativa é a principal cronologicamente, mas: Não é a única. Não é necessariamente a principal em todos os contextos.

23. O Sistema de Escrita Compreender que o sistema de escrita está intrinsecamente ligado à língua portuguesa. A escrita tem como objetivo principal a leitura . A leitura tem como objetivo a fala .

24. A Produção Textual na Criança Pequena A produção de texto de uma criança pequena pode começar com rabiscos em geral. Esses rabiscos se misturam com letras, retas e curvas , representando suas primeiras tentativas de escrita.

25. A Produção de Texto Espontâneo Inicialmente, a professora pode transcrever histórias contadas pelas crianças . Essas histórias podem ser colecionadas . Isso permite que a criança observe, de forma natural e agradável, a relação entre o texto oral e o texto escrito .

26. Análise dos Erros Ortográficos Os alunos, ao aprender a escrever, aplicam um trabalho de reflexão muito grande. Eles se apegam a regras que revelam as hipóteses possíveis sobre o sistema de escrita do português .

27. Análise dos Erros Ortográficos Transcrição fonêmica: O uso de fonemas para representar a escrita. Uso indevido de letras ou hipercorreção . Modificação de estrutura segmental de palavras. Juntura intervocabular e segmentação . Formas morfológicas diferentes e formas "estranhas" de traçar as letras. Uso indevido de letras maiúsculas e minúsculas . Acentos gráficos e sinais de pontuação . Problemas sintáticos e acertos .