Cracóvia, uma das sedes jesuítas, e prometeu à Ordem uma sede em Moscou, próxima ao
Kremlin, após sua vitória sobre Boris.
"Foram estes favores dos católicos, entretanto, que desencadearam o ódio da Igreja Russa
Ortodoxa contra Dimitri. No dia 27 de maio de 1606, ele foi massacrado com várias centenas de
seguidores poloneses. Até então, não se podia falar de um verdadeiro sentimento nacionalista
russo; agora, esse sentimento se tornava importantíssimo e tomava imediatamente a forma de
ódio fanático pela Igreja Romana e pela Polônia. A aliança com a Áustria e a política ofensiva de
Sigismundo III contra os turcos, fortemente encorajada pela Ordem, foi também desastrosa
esuítica. Em nenhum outro país, à exceção de Portugal, a Companhia foi tão poderosa. A Polônia
não só teve um "rei dos jesuítas", mas também um jesuíta rei, João Casimiro, um soberano que
havia pertencido à Ordem antes da sua ascensão ao trono em 1649. Enquanto a Polônia seguia
rapidamente para a ruína, o número de sedes e escolas crescia tão rapidamente que o prior
estabeleceu na Polônia uma congregação especial em 1751." (27)
Suécia e Inglaterra
Nos países escandinavos, o luteranismo anulou todo o resto e, quando os jesuítas fizeram
seu contra-ataque, não encontraram o que havia na Alemanha: um partido político em minoria,
mas ainda forte, escreveu Pierre Dominique.(28) Sua única esperança era a conversão do
soberano (que secretamente estava a favor dos católicos). Também esse rei, João III Wasa, tinha
se casado em 1568 com uma católica romana, a princesa polonesa Catarina. Em 1574, o padre
Nicolai e outros jesuítas foram trazidos à Escola de Teologia recentemente fundada, onde se
tornaram ardorosos defensores de Roma, enquanto oficialmente assumiam o luteranismo.
Posteriormente, o hábil negociador Possevino obteve a conversão de João III e os cuidados
pela educação de seu filho Sigismundo, o futuro Sigismundo III, rei da Polônia. Quando chegou o
momento de submeter a Suécia à Santa Sé, as condições do rei (casamento de padres e uso do
idioma nacional em serviços e comunhões - todas rejeitadas pela Cúria Romana), levaram as
negociações a um beco sem saída. De qualquer forma, o rei, o qual havia perdido sua primeira
mulher, teve de se casar com uma sueca luterana. Os jesuítas tiveram que abandonar o país.
"Cinqüenta anos depois, a Ordem ganhou outra grande batalha na Suécia. A rainha Cristina,
filha de Gustavo Adolfo, o último dos Wasa, foi convertida sob a educação de dois professores
jesuítas, os quais conseguiram chegar a Estocolmo fingindo viajarem com nobres italianos. Para
conseguir trocar sua religião sem conflitos, no entanto, ela teve que abdicar no dia 24 de junho de
1654." (29)
Na Inglaterra, por outro lado, a situação parecia mais favorável à Companhia e podia-se
esperar, por algum tempo pelo menos, trazer o país de volta à jurisdição da Santa Sé. "Quando
Elizabeth subiu ao trono, em 1558, a Irlanda era ainda totalmente católica. Nessa época, o
catolicismo atingia 50% da população da Inglaterra. Já em 1542, Salmeron e Broel tinham sido
enviados pelo papa à Irlanda, para investigações." (30)
Foram criados seminários sob a direção dos jesuítas em Douai, Pont-a-Mousson e Roma,
com o objetivo de preparar missionários ingleses, irlandeses e escoceses. Em acordo com Filipe
II, de Espanha, a Cúria Romana trabalhou pela queda de Elizabeth em favor da católica Maria
Stuart. Uma rebelião irlandesa, provocada por Roma, havia sido esmagada. Os jesuítas, todavia,
que haviam chegado à Inglaterra em 1580, tomaram parte de uma grande assembléia católica
em Southwark.
"Posteriormente, sob diversos disfarces, eles se espalharam de condado a condado, de casas
de campo a castelos. À noite, ouviam confissões; de manhã, pregavam e davam a comunhão;
depois desapareciam tão misteriosamente quanto tinham chegado. Assim foi que, em 15 de julho,
os jesuítas foram proscritos pela rainha Elizabeth."(31)