A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTO

ADALBERTOCOELHOSILVA 270 views 127 slides May 04, 2024
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About This Presentation

Nossos Amigos da Espiritualidade nos dizem:
“Grande número de PAIXÕES AFETIVAS no mundo correspondem a AUTÊNTICAS OBSESSÕES ou psicoses, que só a a realidade consegue tratar com êxito.”
André Luiz – Entre a Terra e o Céu – Cap.33

Quase sempre a obsessão exprime vingança tomada po...


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A Obsessão por “ Justa Causa”

A Paixão, o Ciúme, a Traição e a Obsessão

i
A Obsessão por Justa Causa – a paixão, a traição, e a obsessão
SUMÁRIO

1.
A Obsessão – Conceitos Fundamentais ........................................................................... 1
1.1 O Que É ................................................................................................................ 1
1.1.1 Domínio/Controle ................................................................................................. 1
1.1.2 Enfermidade Espiritual ......................................................................................... 1
1.1.3 Resgate/Provação/Expiação.................................................................................. 5
1.2 Causas Preponderantes ......................................................................................... 6
1.2.1 Débitos Cármicos ................................................................................................. 6
1.2.2 Indolência Física/Mental ...................................................................................... 8
1.2.3 Tendências Negativas ........................................................................................... 9
2. A Obsessão – uma Pandemia Invisível .......................................................................... 10
2.1 Um Flagelo Social e Espiritual ........................................................................... 10
2.2 Causas Predisponentes/Fatores Agravantes........................................................ 13
2.2.1 Alto índice de Criminalidade na Sociedade atual ............................................... 13
2.2.2 Aumento dos conflitos Familiares – violência domesticas, perturbações .......... 13
2.2.3 Aumento da sintonia psíquica negativa na Transição Planetária ....................... 17
2.2.4 Elevado número de problemas de Comportamento – Álcool/Drogas ................ 19
2.3 Estratégias ........................................................................................................... 20
2.3.1 Cultivo das Auto- Obsessões/Depressão ............................................................. 20
2.3.2 Incremento de Obsessões Espirituais Sutis ........................................................ 20
2.3.3 Existência de Obsessões Intermitentes ............................................................... 24
2.3.4 Estabelecimento das Obsessões “Pacificas” ....................................................... 26
3. A Obsessão – Profilaxia/Tratamento ............................................................................. 28
3.1 Autoconscientização ........................................................................................... 28
3.2 Reeducação Mental............................................................................................. 30
3.3 A Prece/a Meditação ........................................................................................... 31
3.4 Ação Enobrecedora............................................................................................. 32
3.5 Síntese ................................................................................................................. 34

4. A Obsessão – “Por Justa Causa” – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão ............ 36
4.1 Considerações Gerais ......................................................................................... 36
4.2 Exemplos – Quadro Geral .................................................................................. 38
4.3 Exemplo – Livro – Depois da Vida .................................................................... 39
4.4 Exemplo – Revista Reformador - FEB ............................................................... 46

ii
A Obsessão por Justa Causa – a paixão, a traição, e a obsessão
4.5
Exemplo – Livro – Entre a Terra e o Céu ........................................................... 51
4.6 Exemplo – Livro – Libertação ............................................................................ 52
4.7 Exemplo – Livro – Loucura e Obsessão ............................................................. 54
4.8 Exemplo – Livro – Nos Bastidores da Obsessão ................................................ 58
4.9 Exemplo – Livro – Tormentos da Obsessão ....................................................... 63
4.10 Exemplo – Livro – Recordações da Mediunidade .............................................. 65
4.11 Exemplo – Livro – Sexo e Consciência .............................................................. 68
4.12 Exemplo – Livro – A Dama da Noite ................................................................. 75
4.13 Exemplo – Livro – A Irmã do Vizir ................................................................. 101
4.14 Exemplo – Livro – Depoimentos Vivos - O Amor que supera a Obsessão ..... 114
4.15 Síntese ............................................................................................................... 117
5. Referências ..................................................................................................................... 122

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O Obsessão por Justa Causa
1. A Obsessão – C onceitos Fundamentais
1.1 O Que É
1.1.1 Domínio/Controle
A obsessão é a ação persistente que o Espírito “ignorante” exerce sobre um
indivíduo. Apresenta caracteres muito diversos, desde a simples influência moral, sem
perceptíveis sinais exteriores até a perturbação completa do organismo e das faculdades
mentais”.
Allan Kardec – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 28 – item 81

A obsessão consiste no domínio que os maus Espíritos assumem sobre certas
pessoas, com o objetivo de as escravizar e submeter à vontade deles, pelo prazer que
experimentam em fazer o mal.
Quando um Espírito, bom ou mau, quer atuar sobre um indivíduo, envolve-o, por assim
dizer, no seu perispírito, como se fora um manto. Interpenetrando- se os fluidos, os pensamentos
e as vontades dos dois se confundem e o Espírito, então, se serve do corpo do indivíduo, como
se fosse seu, fazendo-o agir à sua vontade, falar, escrever, desenhar, quais os médiuns.
Allan Kardec – Obras Póstumas – Cap. 7 – Item 56

No número das dificuldades que a prática do Espiritismo apresenta é necessário colocar
a da obsessão em primeira linha.
Trata-se do domínio que alguns Espíritos podem adquirir sobre certas pessoas.
São sempre os Espíritos inferiores que procuram dominar, pois os bons não exercem
nenhum constrangimento.
Os bons aconselham, combatem a influência dos maus, e se não os escutam preferem
retirar-se.
Os maus, pelo contrário, agarram-se aos que conseguem prender. Se chegam a dominar
alguém, identificam- se com o Espírito da vítima e a conduzem: como se faz com uma criança.
Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – Cap. 23 – Item 237 – A Obsessão

Obsessão é o domínio que alguns Espíritos logram adquirir sobre certas pessoas.
Nunca é praticada senão pelos Espíritos inferiores, que procuram dominar.
Manoel Philomeno de Miranda – Nos Bastidores da Obsessão – Examinando a Obsessão
1.1.2 Enfermidade Espiritual

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O Obsessão por Justa Causa

A obsessão, sob qualquer modalidade que se apresente, é enfermidade de longo curso ,
exigindo terapia especializada de segura aplicação e de resultados que não se fazem sentir
apressadamente.
Transmissão mental de cérebro a cérebro, a obsessão é síndrome alarmante que
denuncia enfermidade grave de erradicação difícil.
Manoel Philomeno de Miranda – Nos Bastidores da Obsessão – Examinando a Obsessão

Os atos infelizes, deliberadamente praticados, em razão da força mental de que
necessitam, destroem os tecidos sutis do perispírito , os quais, ressentindo- se do desconcerto,
deixarão matrizes na futura forma física, em que se manifestarão as deficiências purificadoras.
A queda do tom vibratório específico permitirá, então, que os envolvidos no fato, no
tempo e no espaço, próximos ou não, se vinculem pelo processo de uma sintonia automática de
que não se furtarão.
Estabelecem-se aí as enfermidades de qualquer porte.
Os fatores imunológicos do organismo, padecendo a disritmia vibratória que os envolve,
são vencidos por bactérias, vírus e toda a sorte de micróbios patogênicos que logo se
desenvolvem, dando gênese às doenças físicas.
O médico informou, ainda, que há casos em que a incidência do pensamento maléfico,
aceito pela mente culpada, destrambelha a intimidade da célula, interferindo no seu núcleo,
acelerando a sua reprodução e dando gênese a neoplasias e cânceres de variadas
expressões.
Por sua vez, na área mental, os conflitos, as mágoas, os ódios acerbos, as ambições
tresvariadas e os tormentosos delitos ocultos, quando da reencarnação, por estarem ínsitos no
Espírito endividado, respondem pelas distonias psíquicas e alienações mais variadas.
Acrescente- se a isso a presença dos cobradores desencarnados, cuja ação mental
encontra perfeito acoplamento na paisagem psicológica daqueles a quem perseguem, e teremos
instalada a constrição obsessiva.
Eis porque é rara a enfermidade que não conte com a presença de um componente
espiritual, quando não seja diretamente o seu efeito.
Corpo e mente refletem a realidade espiritual de cada criatura.
Manoel Philomeno de Miranda – Painéis da Obsessão – Cap. 1 – Provação Necessária

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O Obsessão por Justa Causa
Esse distúrbio, o da obsessão, difere bastante daqueles de natureza orgânica, que
produzem a idiotia e a loucura.
Em todos esses casos, porém, encontram -se espíritos enfermos, aqueles que estão
reencarnados, endividados perante as Leis Cósmicas, em processos graves de provações
dolorosas ou expiações reeducativas.
Na obsessão, encontra-se atuante um agente espiritual que se faz responsável pelo
transtorno reversível; no entanto, nos casos em que o ser renasce sob o estigma da idiotia ou
chancelado pelos fatores que propiciam a loucura, os seus débitos e gravames são de tal natureza
grave, que imprimiram no corpo o látego e o presídio necessários para a sua renovação moral.
Desde o momento da reencarnação, a consciência culpada e os sentimentos em
desordem imprimiram nos equipamentos orgânicos e cerebrais as deficiências de que o
endividado tem necessidade para reparar os males anteriormente praticados, desde quando,
portador de inteligência e mesmo de genialidade, delas se utilizou para a alucinação no prazer
exorbitante em prejuízo de grande número de pessoas outras que lhe experimentaram a
crueldade, a intemperança, a indiferença...
Malbaratado o patrimônio superior que a vida lhe concedeu para multiplicar os talentos
de que dispunha, volta agora ao orbe terrestre para expiar, passando pelos sítios tormentosos da
falta de lucidez e com limitação mental, encarcerado em equipamentos que são incapazes de
lhe permitir a comunicação com o mundo exterior.
Sitiado em si mesmo, sofre as consequências da hediondez que se permitiu, padecendo
rudes aflições pela impossibilidade de agir com segurança e desenvoltura.
O corpo, atingido pelos fatores endógenos — hereditariedade, sequelas de enfermidades
infectocontagiosas — de que se revestiu o espírito por sintonia vibratória no momento da
reencarnação, é resultado da utilização de genes com características deformadas, não havendo
possibilidade então de recomposição, de restauração da saúde mental, de equilíbrio psíquico.
No entanto, resgatando os males ainda preponderantes na sua economia moral, adquirirá
a harmonia que lhe facultará futuros cometimentos felizes, mediante os quais contribuirá em
favor da ordem e do desenvolvimento intelectual, moral e espiritual de si mesmo, assim como
da sociedade.
Quando as obsessões se fazem prolongadas e o paciente não se dispõe à recuperação
ou não a consegue, a incidência continuada dos fluidos deletérios sobre os neurônios cerebrais
termina por produzir afecções e distúrbios de grave porte que se tornam irrecuperáveis.

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O Obsessão por Justa Causa
Desse modo, as obsessões podem conduzir à loucura, à idiotia, e essas, por sua vez,
serão ampliadas por influências espirituais perniciosas, que são realizadas pelos adversários do
enfermo, que se utilizam da sua incapacidade de autodefesa para os desforços infelizes, nos
quais se comprometem, por sua vez, com a própria consciência.
Manoel Philomeno de Miranda – Reencontro com a Vida – 1
o
Parte – Cap. 5 – Obsessão,
Idiotia e Loucura

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O Obsessão por Justa Causa
1.1.3 Resgate/Provação/Expiação

Pululam em torno da Terra os maus Espíritos, em consequência da inferioridade moral
de seus habitantes.
A ação malfazeja desses Espíritos é parte integrante dos flagelos com que a Humanidade
se vê a braços neste mundo.
A obsessão, que é um dos efeitos de semelhante ação, como as enfermidades e todas as
atribulações da vida, deve, pois, ser considerada como provação ou expiação e aceita com
esse caráter.
Allan Kardec – A Gênese – Cap. 14

Em toda obsessão, mesmo nos casos mais simples, o encarnado conduz em si mesmo
os fatores predisponentes e preponderantes – os débitos morais a resgatar – que facultam a
alienação.
Manoel Philomeno de Miranda – Nos Bastidores da Obsessão – Examinando a Obsessão

Desse modo, as obsessões, na sua fase inicial, antes da tragédia da subjugação, de mais
difícil reequilíbrio, têm caráter Provacional , enquanto que a idiotia e a loucura estão incursas
nas expiações redentoras, através das quais o espírito calceta desperta para a compreensão dos
valores da vida, enriquecendo- se de sabedoria para os futuros comportamentos.
Assim mesmo, nos casos dessa ordem, a contribuição psicoterapêutica do Espiritismo
através da bioenergia, da água fluidificada, da doutrinação do paciente e dos espíritos que,
possivelmente, estarão complicando- lhe o processo de desequilíbrio, a oração fraternal e
intercessória são de inequívoco resultado saudável, proporcionando o bem-estar possível e a
diminuição de sofrimento do paciente, a ambos encaminhando para a paz e a futura plenitude.
Manoel Philomeno de Miranda – Reencontro com a Vida – 1
o
Parte – Cap. 5 – Obsessão,
Idiotia e Loucura

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O Obsessão por Justa Causa
1.2 Causas Preponderantes

A Doutrina que estuda as obsessões, as suas causas preponderantes e predisponentes
– o Espiritismo –, possui os recursos excepcionais capazes de vencer essa epidemia cruel que,
generalizada, invade hoje a Terra em todos os seus pontos.
Eurípedes Barsanulfo – Sementes de Vida Eterna – Cap. 50 – Tormentos da Obsessão
1.2.1 Débitos C ármicos

Com origem nos refolhos do espírito encarnado, obsessões há em escala infinita e,
consequentemente, obsidiados existem em infinita variedade, sendo a etiopatogenia de tais
desequilíbrios, genericamente denominada distúrbios mentais, mais ampla do que a clássica
apresentada, merecendo destaque aquela denominação causa cármica.
Jornaleiro da Eternidade, o espírito conduz os germens cármicos que facultam o
convívio com os desafetos do pretérito, ensejando a comunhão nefasta.
Inicialmente o hospede espiritual (o obsessor), movido pela morbidez do ódio ou do
amor insano, ou por outros sentimentos, envolve a casa mental do futuro parceiro (o obsedado)
– a quem se encontra vinculado por compromissos infelizes de outras vidas, o que lhe confere
receptividade por parte deste, mediante a consciência da culpa, o arrependimento
desequilibrante, a afinidade nos gostos e aspirações, por ser endividado – enviando- lhe
mensagens persistentes, em continuas tentativas telepáticas, até que sejam captadas as primeiras
induções, que abrirão o campo a incursões mais ousadas e vigorosas.
Manoel Philomeno de Miranda – Nos Bastidores da Obsessão – Examinando a Obsessão

Neste capítulo, o das culpas, origina- se o fator causal para a injunção obsessiva; daí
porque só existem obsidiados porque há dívidas a resgatar.
A culpa, consciente ou inconscientemente instalada na casa mental, emite ondas que
sintonizam com inteligências doentias, habilitando -se a intercâmbios mórbidos.
A obsessão resulta de um conúbio por afinidade de ambos os parceiros.
O reflexo de uma ação gera reflexo equivalente.
Toda vez que uma atitude agride, recebe uma resposta de violência, tanto quanto, se o
endividado se apresenta forrado de sadias intenções para o ressarcimento do débito, encontra
benevolência e compreensão para recuperar-se.
Manoel Philomeno de Miranda – Painéis da Obsessão – Prefácio

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O Obsessão por Justa Causa
Há muito mais obsessão, grassando na terra, do que se imagina e se crê.
Nos processos obsessivos, não deixemos de repeti-lo, estão incursas na Lei as pessoas
que constituem o grupo familiar e social do paciente, aí situado por necessidade evolutiva e de
resgate para todos.
Não se podem fugir à responsabilidade os que foram cúmplices ou co-autores dos
delitos, quando os infratores mais comprometidos são alcançados pela justiça.
Reunidos pelo parentesco sanguíneo ou através de conjunturas da afetividade, da
afinidade, formam os grupos onde são alcançados pelos recursos reeducativos , dentro dos
objetivos do progresso.
A cruz da obsessão é peso que tomba sempre sobre os ombros das consciências
comprometidas.
Manoel Philomeno de Miranda – Nas Fronteiras da Loucura – Cap. Análise das Obsessões

A consciência culpada é sempre porta aberta à invasão da penalidade justa ou
arbitrária. E o remorso, que lhe constitui dura clave, faculta o surgimento de idéias-fantasmas
apavorantes que ensejam os processos obsessivos de resgate das dívidas.
Invariavelmente, na obsessão, há sempre o aproveitamento da ideia traumatizante
– a presença do crime praticado –, que é utilizada pela mente que se fez perseguidora revel,
apressando o desdobramento das forças deprimentes em latência, no devedor, as quais,
desgovernadas, gravitam em torno de quem as elabora, sendo consumido por elas mesmas,
paulatinamente.
As idéias plasmadas e aceitas pelo cérebro, durante a jornada física, criam nos painéis
delicados do perispírito as imagens mais vitalizadas, de que se utilizam os hipnotizadores
espirituais para recompor o quadro apavorante, em cujas malhas o imprevidente se vê
colhido, derrapando para o desequilíbrio psíquico total e deixando -se revestir por formas
animalescas grotescas – que já se encontram no subconsciente da própria vítima – e que
estrugem, infelizes, como o látego da justiça no necessitado de corretivo.
Manoel Philomeno de Miranda – Nos Bastidores da Obsessão – Cap. 4 – Estudando o
Hipnotismo

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O Obsessão por Justa Causa
1.2.2 Indolência F ísica/M ental

Os indivíduos tornam -se presas fáceis dos seus antigos comparsas, tombando nos
processos variados de alienações obsessivas, porque, além de se descurarem da observância
espiritual da existência, mediante atitudes salutares, comportamento equilibrado e vida mental
enriquecida pela prece, pela reflexão, não se esforçam por libertar-se dos aborrecimentos e
problemas desgastantes do dia a dia, mediante a aplicação dos recursos físicos e
especialmente os mentais, por acomodação preguiçosa ou por uma dependência emotiva,
infantil, que sempre transfere responsabilidades para os outros e prazeres para si.
A preguiça mental é um polo de captação das induções obsessivas pelo princípio
de aceitação irracional de tudo quanto a atinge.
Cabe ao homem que pensa dar plasticidade ao raciocínio, ampliando o campo das idéias
e renovando- as com o aprimoramento da possibilidade de absorver os elementos salutares que
o enriquecem de sabedoria e de paz íntima.
Manoel Philomeno de Miranda – Nos Bastidores da Obsessão – Examinando a Obsessão

Mentes viciadas com mais facilidade aceitam as sugestões morbíficas que lhes são
insufladas dentro do campo em que melhor se expressam: desconfiança, ciúme, ódio, desvario
sexual, dependência alcoólica ou toxicômana, gula, maledicência...
Temperamentos arredios, suspeitosos, são mais acessíveis em razão de melhor
agasalharem as induções equivalentes, que se lhes associam em forma de perfeita sintonia.
Caracteres violentos, apaixonados, mais fortemente se fazem maleáveis em decorrência
do espírito rebelde que nesse corpo habita, dissimulando as chispas que lhes acendem as
labaredas do incêndio interior, a exteriorizar-se como fogareis destruidores...
Personalidades ociosas são mais susceptíveis em razão da mente vazia sempre
acolher o que lhe apraz, deixando- se conduzir pela personalidade dos seus afins
desencarnados.
Joanna de Ângelis – Alerta – Cap. 4 – Obsessão e Jesus
Mentes em vigorosas emissões conscientes ou não dardejam em todas as direções.
Inapelavelmente, por um processo de sintonia na mesma faixa de frequência de
interesses, produzem intercâmbio salutar ou danoso, em processo de transmissão e de recepção.
Se te elevas pelo pensamento, alcanças vibrações nobres; se te perturbas e vulgarizas,
registas as mais grosseiras.
Joanna de Angelis – Rumos Libertadores – Cap. 43 – Médiuns Conscientes

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O Obsessão por Justa Causa
1.2.3 Tendências N egativas

Os espíritos perversos e infelizes sempre se utilizam das tendências negativas
daqueles a quem odeiam, para estimulá-las, desse modo levando- os às situações penosas,
perturbadoras. Se o homem se apoia nos recursos de elevação, difícil se torna para os seus
verdugos espirituais encontrar as brechas pelas quais infiltram os seus pensamentos torpes, na
sanha da perseguição em que se comprazem.
Manoel Philomeno de Miranda – Painéis da Obsessão – Cap. 7 – Sementes da Insensatez

Na Terra, igualmente, é muito grande o número de encarnados que se convertem , por
irresponsabilidade e invigilância, em obsessores de outros encarnados , estabelecendo um
consórcio de difícil erradicação e prolongada duração, quase sempre em forma de vampirismo
inconsciente e pertinaz.
São criaturas atormentadas, feridas nos seus anseios, invariavelmente inferiores que,
fixando aqueles que elegem gratuitamente como desafetos, os perseguem em corpo astral,
através dos processos de desdobramento inconsciente, prendendo, muitas vezes, nas malhas
bem urdidas da sua rede de idiossincrasia, esses desassisados morais, que, então, se trans -
formam em vítimas portadoras de enfermidades complicadas e de origem clínica ignorada...
Outros, ainda, afervorados a esta ou àquela iniquidade, fixam-se, mentalmente, a
desencarnados que efetivamente se identificam e fazem-se obsessores destes, amargurando-
os e retendo-os às lembranças da vida física, em lamentável comunhão espiritual degradante...
Além dessas formas diversificadas de obsessão, outras há, inconscientes ou não, entre
as quais, aquelas produzidas em nome do amor tiranizante aos que se demoram nos
invólucros carnais, atormentados por aqueles que partiram em estado doloroso de perturbação
e egocentrismo... ou entre encarnados que mantém conúbio mental infeliz e demorado...
Manoel Philomeno de Miranda - Nos Bastidores da Obsessão – Examinando a Obsessão

Todo desregramento ou abuso de que sejamos dispenseiros se faz utilizado por mentes
vigilantes e perversas do Mundo Espiritual, que açulam falsas necessidades, estabelecendo
comércio lamentável e doloroso, em cujo curso surgem obsessões de consequências
imprevisíveis, que se podem evitar antes, se refugiados no uso correto das faculdades da
existência e na utilização da oração, forem aplicadas as horas na execução do programa de
enobrecimento íntimo para o qual nascemos e renascemos.
Marco Prisco – Sementeira da Fraternidade – Cap. 28 – Acessos à Obsessão

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O Obsessão por Justa Causa
2. A Obsessão – uma Pandemia Invisível
2.1 Um Flagelo Social e Espiritual

A obsessão, mesmo nos dias de hoje, constitui tormentoso flagício social . Está
presente em toda parte, convidando o homem a sérios estudos.
As grandes conquistas contemporâneas não conseguiram ainda erradicá-la.
Ignorada propositadamente pela chamada Ciência Oficial, prossegue colhendo nas
suas malhas, diariamente, verdadeiras legiões de incautos que se deixam arrastar a
resvaladouros sombrios e truanescos, nos quais padecem irremissivelmente, até à
desencarnação lamentável, continuando, não raro, mesmo após o traspasse...
Isto, porque a morte continua triunfando, ignorada, qual ponto de interrogação cruel
para muitas mentes e incontáveis corações.

As obsessões enxameiam por toda parte e os homens terminam por conviver,
infelizes, com essas psicopatologias para as quais, fugindo à sua realidade, procuram as causas
nos traumas, nos complexos, nos conflitos, nas pressões sociais, familiares e econômicas, como
mecanismo de fuga aos exames de profundidade da gênese real de tão devastadora enfermidade.
Não negando a preponderância de todos esses fatores que desencadeiam problemas de
comportamento psicológico, afirmamos que eles, antes de constituírem causa dos distúrbios,
são, em si mesmos, efeito de atitudes transatas, que o Espírito imprime na organização
fisiopsíquica ao reencarnar-se, porquanto é sempre colocado no grupo familiar com o qual se
encontra enredado, por impositivo de ressarcimento de dívidas, para o equilíbrio evolutivo.
Enquanto o homem não for estudado na sua realidade profunda -- ser espiritual que é,
preexistente ao corpo e a ele sobrevivente --, muito difíceis serão os êxitos da ciência médica,
na área da saúde mental.
As doenças psíquicas, entre as quais se destacam, pela alta incidência, as obsessões,
continuarão ainda a perseguir o homem.
Manoel Philomeno de Miranda – Temas da Vida e da Morte – Cap. 26 – Fenômenos
Obsessivos



Pululam por toda parte os vinculados gravemente às Entidades perturbadoras do
Mundo Espiritual inferior.

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O Obsessão por Justa Causa
Obsidiados, desse modo, sim, somos quase todos nós, em demorado trânsito pelas
faixas das fixações tormentosas do passado, donde vimos para as sintonias superiores que
buscamos.
Muito maior, portanto, do que se supõe, é o número dos que padecem de obsessões,
na Terra.
Lamentavelmente, esse grande flagelo espiritual que se abate sobre os homens, e não
apenas sobre eles, já que existem problemas obsessivos de várias expressões, como os de um
encarnado sobre outro, de um desencarnado sobre outro, de um encarnado sobre um
desencarnado e, genericamente, deste sobre aquele, não tem merecido dos cientistas nem dos
religiosos o cuidado, o estudo, o tratamento que exige.
Obsessões e obsidiados são as grandes chagas morais dos tumultuados dias da
atualidade.
Todavia, a Doutrina Espírita, trazendo de volta a mensagem do Senhor, em espírito e
verdade, é o portal de luz por onde todos transitaremos no rumo da felicidade real que nos
aguarda, quando desejemos alcançá-la.
Manoel Philomeno de Miranda – Sementes de Vida Eterna – Cap. 30 – Considerando a
Obsessão

Ainda que no momento estejamos passando por um período de transição planetária, no
qual já se percebe fortes sinais indicativos de mudanças evolutivas na humanidade terráquea,
cujo planeta caminha para o estado de regeneração, a Terra ainda é categorizada como mundo
de expiação e provas, visto que o mal predomina.
Neste sentido, a obsessão está caracterizada como epidemia antiga, ocorrendo desde os
tempos imemoriais, que alcança milhares e milhares de pessoas em todas as partes da
Terra.
É uma enfermidade que, para ser erradicada, necessita da melhoria humana,
especialmente a de cunho moral.
O ser humano moralizado ou que se empenha em se transformar em pessoa de bem,
neutraliza naturalmente as investidas dos Espíritos maus.
Marta Antunes de Moura – FEB – Obsessões Espirituais – 2018/03/08

Epidemia virulenta que grassa ininterruptamente a obsessão prolifera na atualidade
com vigoroso impacto que faz recordar as calamidades pestilenciais de épocas transatas.

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O Obsessão por Justa Causa
Apresenta-se sob disfarce de variada configuração, concitando psicólogos e teólogos,
filósofos e sociólogos interessados nos magnos assuntos do homem e da coletividade ao estudo
das suas causas, com o objetivo de combatê-la com a eficiência necessária para estancar, em
definitivo, a onda de sofrimentos que produz, erradicando- a terminantemente ...
A Doutrina que estuda as obsessões, as suas causas preponderantes e predisponentes –
o Espiritismo –, possui os recursos excepcionais capazes de vencer essa epidemia cruel que,
generalizada, invade hoje a Terra em todos os seus pontos.
Eurípedes Barsanulfo – Sementes de Vida Eterna – Cap. 50 – Tormentos da Obsessão

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O Obsessão por Justa Causa
2.2 Causas Predisponentes/Fatores Agravantes
2.2.1 Alto índice de C riminalidade na Sociedade atual

Os altos índices da criminalidade de todos os matizes e as calamidades sociais
espalhadas na Terra são alguns dos fatores predisponentes para as obsessões ...
Os crimes ocultos, os desastres da emoção, os abusos de toda ordem de uma vida
ressurgem depois, noutra vida, em caráter coercitivo, obsessivo.
Manoel Philomeno de Miranda – Nos Bastidores da Obsessão – Exórdio
A estes e a seus congêneres deve a sociedade do Rio de Janeiro grande percentagem dos
acidentes verificados diariamente nas vias públicas e pelos domicílios particulares:
atropelamentos, quedas, braços e pernas partidos, queimaduras, suicídios, homicídios,
brigas, escândalos, confusões domésticas, assaltos, etc., etc.
É a atmosfera. em que vivem e se agitam, porque já eram afins com ela antes de
passarem para a vida invisível.
É o que constantemente inspiram, sugerem e incitam, encontrando no homem um
colaborador passivo, que facilmente se deixa dominar por suas terríveis seduções.
A infelicidade alheia é o seu espetáculo preferido: Provocam mil distúrbios na sociedade
e nos lares, pois se divertem com a prática de malefícios.
Não entendem a sublime significação dos vocábulos – amor, caridade, piedade,
fraternidade, honestidade! Não crêem em Deus nem têm religião. Odeiam o bem e o belo com
todas as forças vibratórias que possuem.
Odeiam os homens e os seguem, sorrateira e covardemente, porque odiavam a
própria sociedade, antes de morrerem, sabendo que não serão vistos nem pressentidos. E
a perseguição mental que lhes movem, aos homens, é inveterada e implacável, afirmando eles
que assim agem porque igualmente foram perseguidos, quando homens, pela sociedade, que
nunca os protegeu contra os males com que tiveram de lutar: doenças, miséria, fome, falta de
instrução, orfandade, desemprego, delinquência, desesperos de mil e uma na turezas.
E muitos destes foram, com efeito, delinquentes que a sociedade perseguiu e levou ao
desespero, em vez de ajudá- los a se reeducarem para Deus...
O resultado de tal incúria por parte dos homens aí está: uma vez desaparecidos da
vida objetiva, pela chamada morte, infestam, como Espíritos, a sociedade, e prejudicam-
na, acobertados pelo segredo da morte...
Yvonne Pereira – Devassando o Invisível – Cap. 10 – Os grandes segredos do Além
2.2.2 Aumento dos conflitos Familiares – violência domesticas, perturbações

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O Obsessão por Justa Causa

Gúbio informou que, a determinadas horas da noite, três quartos da população da Crosta
se acham nas zonas de contato com os Espíritos e a maior percentagem permaneciam detidos
em círculos de baixas vibrações, como aquele. Por aqui -- disse Gúbio --, muitas vezes se
forjam dolorosos dramas que se desenrolam nos campos da carne.
Grandes crimes têm nestes sítios as respectivas nascentes e, não fosse o trabalho
ativo e constante dos Espíritos protetores que se desvelam pelos homens no labor sacrificial da
caridade oculta e da educação perseverante, sob a égide do Cristo, acontecimentos mais trágicos
estarreceriam as criaturas.
André Luiz – Libertação – Cap. 6 – Observações e Novidades

Notamos que você, ultimamente, anda mais fraca, mais serviçal... Estará desencantada,
quanto aos compromissos assumi dos?
A interpelada, um tanto confundida, disse que seu marido, João, se filiara a um grupo
de preces, o que, de algum modo, lhes vinha alterando a vida.
A entidade desencarnada deu um salto para trás, como um animal surpreendido, e gritou:
"orações”? você está cega quanto ao perigo que isso significa? Quem reza cai na mansidão.
E' necessário espezinhá-lo, torturá-lo, feri-lo, a fim de que a revolta o mantenha em
nosso círculo.
Volte para o corpo e não ceda um milímetro.
Corra com os apóstolos improvisados. Fazem-nos mal. Prenda João, controlando- lhe o
tempo.
Desenvolva serviço eficiente e não o liberte.
Fira-o devagarinho.
Gúbio, que também observara a cena, esclareceu que obsessão desse teor apresenta
milhões de casos. De manhã cedo, aquela esposa, incapaz de apreciar a felicidade que o Senhor
lhe concedera, com um casamento digno e tranquilo, despertaria no corpo de alma desconfiada
e abatida, conver tendo-se em objeto de aflição para o esposo e prejudicando-lhe as conquistas
incipientes.
André Luiz – Libertação – Cap. 6 – Observações e Novidades

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O Obsessão por Justa Causa
Há aqueles que falam aos gritos, os que são sempre grosseiros ao se expressar junto aos
familiares. Há aqueles que têm sempre um alfinete pronto para as alfinetadas comuns dentro de
casa. Os que falam jogando piadas, com segundas intenções, e ferem o temperamento daquele
que é mais sensível ou que é pavio curto. E há aqueles que, dentro de casa, nem pavio têm,
explodem por qualquer coisa.
Natural é pensar, nessas ocasiões, que nós estaremos dando margem a infiltrações
espirituais inferiores. Como nos disse o Apóstolo Paulo, estamos o tempo todo sendo
observados por uma nuvem de testemunhas.
Mas, se temos testemunhas apostando em nosso crescimento, em nossa virtude, em
nossa felicidade, não podemos descrer que haja outras testemunhas investindo em nossa
queda.
São aqueles inimigos do nosso pretérito, de nossas vidas passadas, de nossa existência
presente. Eles estão sempre à espreita de nossa fragilidade, de um gesto em falso, de uma
vivência incorreta, para que possam nos provocar mal-estares, aturdimentos, desarmonias, com
o prazer patológico de nos ver sofrer.
Por isso pode haver sim, influências espirituais bastante nefastas dentro de nossa
casa, ou influências leves em função do estilo de vida que adotemos viver em família, em razão
de tudo aquilo que decidimos fazer junto aos nossos familiares.
Todas as influências que venhamos a sofrer em nossa residência, em nossa casa, não
temos que pensar primeiramente que alguém nos desfechou pensamentos negativos, que
alguém está fazendo trabalhos contra nós, trabalhos de magia porque o que manda, na nossa
casa, é a nossa vivência.
Daí, vale a pena a família ter esse cuidado na sua convivência. Ninguém vai imaginar
que, dentro de casa, não teremos altercações, alguma indisposição, alguém que fale de uma
forma mais ríspida, mais áspera com o outro e o outro se debulhe a chorar. Isso tudo faz parte
da normalidade da vida doméstica cotidiana.
Mas, o que não deve acontecer é que essa postura de agressividade, essa postura
ferinte, pessimista, negativa, se torne uma constante na relação familiar. Quando isso se
tornar uma constante, não podemos ter dúvida de que estaremos mal assistidos . Criaturas
espirituais de má índole, ou ignorantes ou inconscientes, estarão procurando fazer ninho na
nossa consciência.

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O Obsessão por Justa Causa
Sentir-nos-emos lesados, traídos, amargurados, desprezados em casa, nos sentiremos a
sós, nós veremos pessoas solitárias.
E tudo isso, agasalhado por nós, nessa baixa autoestima , vai fazendo com que entidades
desencarnadas de má índole, infelizes em si mesmas, se apropriem desse caldo de cultura que
nós lhes oferecemos, para fazer toda sorte de estripulias, para provocar toda sorte de
males, de infestações negativas no seio da nossa família.
Será de bom alvitre instalar em nossa casa, pelo menos uma vez por semana, o hábito
de orar. O Evangelho no lar, como chamamos, ou Jesus no lar, como quisermos.
Raul Teixeira – Federação Espírita do Paraná – Programa Vida e Valores – N
o
116
– 2007/Outubro – Perturbações Espirituais no Lar

Acautele-se. Os Espíritos infelizes, de mente ultrajada, vivem mais com os encarnados
do que se supõe.
Misturam-se nas atividades comuns, perambulam no ninho doméstico , participam das
conversações, seguem com os comensais, de quem dependem em processo legítimo de
vampirização.
Perturbam-se e perturbam. Sofrem e fazem sofrer. Odeiam e geram ódios.
Infelicitados, infelicitam.
Marco Prisco – Glossário Espírita Cristão – Cap. 18 – Perturbadores

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O Obsessão por Justa Causa
2.2.3 Aumento da sintonia psíquica negativa na Transição Planetária

“Época de Transição”: esta é a legenda que repetis frequentemente para definir a
atualidade terrestre, em que surpreendeis, a cada passo, larga fieira de ocorrências inusitadas:
Conflitos; Desencarnações em massa; Acidentes enlutando almas e lares; Desvinculações
violentas; Dramas no instituto doméstico; Processos obsessivos, culminando com
perturbações e lágrimas; Moléstias de etiologia obscura; Incompreensões.
Perante a Vida Maior, quase tudo aquilo que vedes, presentemente, em matéria
de agitação ou desequilíbrio, nada mais significa que a movimentação mais intensa de
vastas coletividades que retornam à Esfera Física, em regime de urgência, no intuito de
conseguirem retoques e meios com que possam abordar os tempos novos em condições mais
dignas de trabalho e progresso.
Emmanuel – Diálogos dos Vivos – Cap. 21 – Dupla Renovação

Incontável número de seres procede das regiões dolorosas e purgativas do planeta, que
experimenta mudança de psicosfera, dentro da programática evolutiva a que estão sujeitos
homens e mundos, experimentando a assepsia dos núcleos inditosos que agasalhavam as hordas
de bárbaros do passado, temporariamente ali retidos a fim de que não obstaculizassem o
desenvolvimento do lar...
Recebendo a ensancha liberativa, apresentam-se ao crescimento espiritual, trazendo
insculpidas nos recessos do psiquismo as condições que os tipificam, apesar da aparência
harmoniosa e da estética decorrente das leis genéticas.
Sôfregos e inquietos anseiam por repetir as comunidades chãs, entre as necessidades
primárias de que se desobrigam por instinto, utilizando as aquisições da cultura científica e
filosófica tão somente para a autossatisfação.
Joanna de Angelis – Rumos Libertadores – Cap. 24 – Impulsos e Vontade

Face à necessidade de promover o progresso moral do planeta, milhões de Espíritos
foram transferidos das regiões infelizes onde se demoravam, para a inadiável investidura
carnal, por cujo recurso podem recompor-se e mudar a paisagem mental, aprendendo, na
convivência social, os processos que os promovam a situações menos torpes.
Entretanto, dependências viciosas decorrentes da situação em que viviam, leva-os a
tombarem nas malhas da toxicomania.
Bezerra de Meneses – Nas Fronteiras da Loucura – Cap. 9 – O Problema das Drogas

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O Obsessão por Justa Causa
Não vos preocupeis demasiadamente com a presença pandêmica do vírus, cujo
momento será mais tarde entendido nas suas razões, nas suas origens e no porquê nos
chegou agora, provocando pânico e dor.
Vós que conheceis Jesus, mantende o respeito às leis, buscando a precaução
recomendada pelas autoridades sanitárias, mas não oculteis a mão socorrista aos padecentes,
não negueis a palavra libertadora aos que se preparam para enfrentar a Imortalidade.

Tende o cuidado para que as vossas ondas mentais sincronizem-se com as mentes que
administram as vidas, e evita descer o vosso pensamento às páginas da agonia, onde se
encontram as forças ultrajantes que estão produzindo as dores por necessidade da evolução
do planeta.
Bezerra de Meneses – Revista Presença Espírita # 338 – Maio/Junho/2020
Mensagem recebida por psicofonia de Divaldo Franco no encerramento da 22º
Conferência Estadual Espírita do Paraná, em 15/Março/2020

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O Obsessão por Justa Causa
2.2.4 Elevado número de problemas de C omportamento – Á lcool/Drogas
Muito mais grave do que parece é a obsessão, nos problemas sociais do
comportamento humano.
Alcoolismo, tabagismo, drogas alucinógenas, sexolatria, jogatina, gula recebem
grande suporte espiritual, sendo, não poucas vezes, iniciada a viciação de cá para ai, por
inspiração que fomenta a curiosidade e por necessidade que estimula o prosseguimento.
O enfermo, dificilmente, consegue evadir-se, por si mesmo, da dificuldade.
De um lado, pelos nefastos prejuízos orgânicos de que se ressente e, por outro, em razão
da incidência mental do obsessor, que o utiliza como instrumento da loucura de que se vê
possuído.
As verdadeiras multidões de dependentes de drogas ou de outras viciações estertoram,
mesmo sem o saberem, em danosos processos de obsessão lamentável.
Manoel Philomeno de Miranda – Roteiro de Libertação – Cap. 34 – Comportamento por
Obsessão
Invariavelmente, defrontamos nas panorâmicas da toxicomania, da sexolatria, dos
vícios em geral a sutil presença de obsessões , como causa remota ou como efeito do
comportamento que o homem se permite, sintonizando com mentes irresponsáveis e enfermas
desembaraçadas do corpo.
Atado à retaguarda donde procede, mantêm-se psiquicamente em sintonia com sítios,
nem sempre felizes, onde estagiou no Além-túmulo, antes de ser recambiado à reencarnação.
Bezerra de Meneses – Nas Fronteiras da Loucura – Cap. 9 – O Problema das Drogas

Além das conjunturas meramente psicofisiológicas, merece considerar- se que em toda
dependência viciosa há sempre uma lancinante força obsessiva, mediante a qual seres
pervertidos e viciados que viveram na Terra e se equivocaram, por processo natural de sintonia,
imantam- se às criaturas humanas, às vezes sendo a causa do mal, em circunstâncias outras, o
que é mais comum, dependentes, também, da falsa necessidade de que padece o homem...
Toxicomania, alcoolismo, tabagismo, sexualismo desvairado, paixões morais
deprimentes, tais a mentira, a calúnia, a pusilanimidade, a idiossincrasia, são amarras perigosas
e constritoras que ora dizimam expressiva soma de seres humanos, nos vários pontos da Terra.
Joanna de Angelis – Oferenda – Cap. 31 – Dependências

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O Obsessão por Justa Causa
2.3 Estratégias
2.3.1 Cultivo das Auto-Obsessões/Depressão
Capítulo doloroso do comportamento humano que passa quase despercebido de
grande número de pacientes e médicos, é o que diz respeito à auto -obsessão, fruto espúrio
do egoísmo que gera o orgulho e os seus hediondos facínoras, quais o ódio, o ciúme, a inveja,
o ressentimento.
Todas essas e outras síndromes de condutas enfermas desenham o quadro patológico
da auto-obsessão, em que o paciente lúcido sabe o que está fazendo, sem interesse real de
empenhar-se para alterá- lo trabalhando por uma nova maneira de conquistar a saúde emocional.
Ocorre que, em situações de tal natureza, a questão de sintonia faz- se naturalmente e
são sincronizadas as próprias com outras mentes de seres desencarnados que estagiam na
mesma onda psíquica, perturbados e infelizes, aderindo aos que lhes são equivalentes, nutrindo-
se reciprocamente enquanto mais se desgastam.
Torna-se urgente que sejam estudadas tais condutas patológicas nas áreas do animismo
como do mediunismo, a fim de que essas ressonâncias sejam interrompidas, enquanto agentes
e pacientes recebam a terapia conveniente, que tem por base o esforço pela transformação moral
do ser, aplicando- se à autovigilância encarregada de minimizar, remediar e evitar a reincidência
dessa extravagante forma de comportamento.
Manoel Philomeno de Miranda – Luzes do Alvorecer: Cap. 15 – Distúrbios Emocionais
Obsessivos
Sutil e perigosa, a obsessão grassa, alarmante, disfarçada de transtornos
psiconeuróticos vários, particularmente a depressão e o distúrbio de pânico , avolumando-
se nos tormentos sexuais em desregramento, assim como nas dependências químicas de
natureza diversificada.
Decorrente da assimilação das energias perturbadoras exteriorizadas pelos Espíritos em
sofrimento ou perseguidores, por afinidade mental e moral, em razão da inferioridade daqueles
que se lhe fazem joguetes espontâneos, a obsessão arrasta multidões aos dédalos de aflições
coercitivas, que estão a exigir terapêutica especializada e cuidadosa.
Na raiz de todo desafio obsessivo, encontra-se pulsante o ser endividado, que, não tendo
adquirido valores éticos substanciais, é compelido por automatismos vibratórios a sintonizar
com aqueles desencarnados que lhe são semelhantes, sejam-lhe as vítimas transatas ou outros
que se lhe assemelham.
Joanna de Ângelis – Sendas Luminosas – Cap. 31 – Parasitose Perigosa
2.3.2 Incremento de Obsessões Espirituais Sutis

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O Obsessão por Justa Causa

Desse modo, merece que sejam ampliadas as reflexões em torno da sutileza das
obsessões, a fim de que se possa entender-lhe os mecanismos delicados e complexos.
Quando ocorram pensamentos repetitivos perturbadores, reduzindo a polivalência
dos mesmos, restritos a uma idéia que se destaca e predomina, eis que se inicia o processo
sombrio enfermiço.
Da mesma forma, quando os fenômenos da antipatia entre amigos ou meramente
conhecidos passem a crescer, gerando animosidade em instalação, sem qualquer dúvida, além
das barreiras carnais movimentam-se interesses perversos administrando o raciocínio daquele
que assim se comporta.
Sob outro aspecto, mesmo no culto de qualquer ideal, quando se apresentam programas
esdrúxulos ou úteis, mas não oportunos, com riscos de fazer soçobrar o edifício do bem, há
forças espirituais negativas conspirando, cruéis, para o descrédito, a destruição do trabalho.
Toda vez quando os sentimentos se armem contra o próximo, ou se afeiçoem em
demasia, a ponto de perder a linha do equilíbrio, tenha-se certeza de que uma obsessão sutil,
em agravamento, encontra- se em instalação.
As fixações mentais que desestruturam o comportamento psicológico, além do caráter
de instabilidade emocional, tornam-se canais para interferências negativas por parte de espíritos
ociosos e doentios, que andam à espreita de campos experimentais para o conúbio exploratório
de energias físicas a que se imantam.
As obsessões sutis são perigosas, exatamente em razão da sua delicadeza de estrutura,
da maleabilidade com que se apresentam, sendo confundidas com as naturais manifestações
de conduta psicológica pertinente a cada indivíduo.
É necessário muito discernimento para distinguir, quando se expressam desajustes
emocionais, transtornos orgânicos que afetam a conduta psicológica e influências espirituais
perturbadoras.
Tornar os ensinamentos cristãos parte da filosofia existencial diária constitui um recurso
valioso para a preservação da saúde sob quaisquer aspectos considerados, e mesmo quando se
manifestem enfermidades, na condição de terapia psicológica e espiritual, capaz de manter o
equilíbrio interior e a coragem para o prosseguimento da luta até o momento da vitória.
Manoel Philomeno de Miranda – Reencontro com a Vida – 2
o
Parte – Cap. 2 – Sutilezas da
Obsessão

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O Obsessão por Justa Causa
Sempre que você experimente um estado de espirito tendente ao derrotismo, perdurando
há várias horas, sem causa orgânica ou moral de destaque, avente a hipótese de uma
influenciação espiritual sutil.
Seja claro consigo para auxiliar os Mentores Espirituais a socorrer você. Essa é a
verdadeira ocasião da humildade, da prece, do passe.
Dentre os fatores que mais revelam essa condição da alma, incluem-se:
1. Dificuldade de concentrar ideias em motivos otimistas;
2. Ausência de ambiente intimo para elevar os sentimentos em oração ou concentrar -se em
leitura edificante;
3. Indisposição inexplicável, tristeza sem razão aparente e pressentimentos de desastre
imediato;
4. Aborrecimentos imanifestos por não encontrar semelhantes ou assuntos sobre quem ou o
que descarrega- los;
5. Pessimismos sub-reptícios, irritação surdas, queixas, exageros de sensibilidade e aptidão a
condenar quem não tem culpa;
6. Interpretação forçada de fatos e atitudes suas ou dos outros, que você sabe não corresponder
à realidade;
7. Hiperemotividade ou depressão raiando na iminência de pranto;
8. Ânsia de investir-se no papel de vítima ou de tomar uma posição absurda de automartírio;
9. Teimosia em não aceitar, para você mesmo, que haja influenciação espiritual consigo, mas,
passados minutos ou horas do acontecimento, vem-lhe a mudança do tom mental e, não
raro, a constatação de que é tarde para desfazer o erro consumado.
O encarnado responsável pode estar tão inconsciente de seus atos que os efeitos
negativos se fazem sentir como se fossem desenvolvidos pela própria pessoa.
Quando o influenciador é consciente, a ocorrência é preparada com antecedência e
meticulosidade, às vezes, dias e semanas antes do sorrateiro assalto, marcado para a
oportunidade de encontro em perspectiva, conversação, recebimento de carta, clímax de
negocio ou crise imprevista de serviço.

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O Obsessão por Justa Causa
Não se sabe o que tem causado maior dano à Humanidade: se as Obsessões
espetaculares, individuais e coletivas, que todos percebem e ajudam a desfazer ou isolar, ou se
essas meio-obsessões, de quase -obsidiados, despercebidas, contudo, bem mais frequentes,
que minam, as energias de uma só criatura incauta, mas por vezes influenciando o roteiro de
legiões de outras.
Quantas desavenças, separações e fracassos não surgem assim?
Estude em sua existência se nessa última quinzena você não esteve em alguma
circunstância com características de influenciação espiritual sutil. Estude e ajude a você
mesmo.
André Luiz – Estude e Viva – Cap. 35 – Influências Espirituais Sutis

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O Obsessão por Justa Causa
2.3.3 Existência de Obsessões I ntermitentes


Dentre as várias manifestações obsessivas, uma passa quase despercebida, sendo, por
isso mesmo, de alta gravidade, pela razão de raramente chamar a atenção, graças às suas
sutilezas e características especiais.
Referimo-nos às obsessões intermitentes.
Elas são frequentemente variantes, isto é, apresentam-se voluptuosas e destruidoras em
determinados períodos, para desaparecerem quase completamente em outros .
Suas vítimas experimentam injunções cruéis, vivendo sob verdadeiras espadas de
Dâmocles, prestes a terem ceifadas a paz, a saúde, a vida...
Aqueles que sofrem as ações dos espíritos perversos – e no caso em tela, muito lúcidos
e cruéis – passam períodos de otimismo e realizações edificantes para, subitamente, derraparem
em paixões sórdidas, depressões sem causa aparente ou exaltação de violência...
Durante a incidência da perturbação, esses seres chegam às raias da loucura, perdendo
o discernimento e a lucidez, permitindo- se comportamentos esdrúxulos, atitudes surpreendentes
e estados desequilibrados da alma.
Isto, porque, os seus adversários espirituais, que os conhecem, identificam os seus
defeitos e sabem quais as suas imperfeições, graças aos quais têm preferências estranhas,
permitindo-se licenças morais que se tornam campo propício à penetração e assimilação pelo
paciente da energia obsessiva.
Esse fenômeno perturbador ocorre, como é natural, porque o enfermo cultiva os
hábitos viciosos que procedem de outras existências, ou que são adquiridos mais
recentemente, a cujo exercício de prazer se entregam inermes.
Têm a mente enriquecida de extravagâncias e comportamentos defeituosos, não se
esforçando por liberar-se em definitivo dos instintos primários nem das paixões selvagens.
As pessoas que sofrem obsessões intermitentes marcham sob sombras que
necessitam ser desbastadas com a luz da conduta nobre, da ação edificante e da prece
inspirativa...
Mantendo- se vigilantes, preservando o equilíbrio no trabalho do bem, conseguem
despertar a simpatia dos Mentores Espirituais e libertar-se da psicosfera propiciadora da
vinculação com os antigos comparsas, ora tornados inimigos.

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O Obsessão por Justa Causa
Quem, periodicamente, experimente as alternâncias de humor, de estados emocionais e
físicos, sem causas imediatas, certamente está sob a pressão de obsessões intermitentes,
necessitando de coragem para o auto-exame, o enfrentamento das inferioridades e a elevação
moral, entregando- se ao bem que possa fazer e fruir, no qual a saúde se torna o estado ideal que
todos aspiram.
Manoel Philomeno de Miranda – Antologia Espiritual – Cap. 35 – Obsessões Intermitentes

26
O Obsessão por Justa Causa
2.3.4 Estabelecimento das Obsessões “ Pacificas”
Os meus perseguidores não me seviciaram o corpo, nem me conturbaram a mente .
Acalentaram apenas o meu comodismo e, com isso, me impediram qualquer passo
renovador.
Volto da Terra, meu caro, imitando o lavrador endividado e demãos vazias que regressa
de um campo fértil, onde poderia ter amealhado inimagináveis tesouros…
Sei que você ainda escreve para os homens, nossos irmãos. Conte-lhes minha pobre
experiência, refira-se, junto deles, à obsessão pacífica, perigosa, mascarada…
Diga-lhes alguma coisa acerca do valor do tempo, da grandeza potencial de qualquer
tempo na romagem humana!…
Humberto de Campos – Cartas e Crônicas – Cap. 8 – Obsessão Pacífica
Em compacta assembleia do reino das sombras, um poderoso soberano das trevas, diante
de milhares de falangistas da miséria e da ignorância, explicava o motivo da grande reunião.
O Espiritismo com Jesus, aclarando a mente humana, prejudicava os planos infernais.
Em toda parte da Terra, as criaturas começavam a raciocinar menos superficialmente!
Indagavam, com segurança, quanto aos enigmas do sofrimento e da morte e aprendiam,
sem maior dificuldade, as lições da Justiça Divina.
Compreendiam, sem cadeias dogmáticas, os ensinamentos do Evangelho. Oravam com
fervor. Meditavam na reencarnação e passavam a interpretar com mais inteligência os deveres
que lhes cabiam no Planeta. Muita gente entregava-se aos livros nobres, à caridade e à
compaixão, iluminando a paisagem social do mundo e, por isso, todas as atividades da sombra
surgiam ameaçadas.
Que fazer para conjurar o perigo?
O comandante dos exércitos preguiçosos acrescentou, sem perturbar -se:
– Sim, diremos que o Espiritismo com Jesus, pedindo às almas encarnadas para que se
regenerem, buscando o conhecimento superior e servindo à caridade, é, de fato, o roteiro da luz,
mas que há tempo bastante para a redenção, que ninguém precisa incomodar -se, que as
realizações edificantes não efetuadas numa existência podem ser atendidas em outras, que tudo
deve permanecer agora como está no íntimo de cada criatura na carne para vermos como ficarão
depois da morte, que a liberalidade do Senhor é incomensurável e que todos os serviços e
reformas da consciência, marcados para hoje, podem ser transferidos para amanhã...
Desse modo, tanto vale viverem no Espiritismo como fora dele, com fé ou sem fé,
porque o salário de inutilidade será sempre o mesmo...
Humberto de Campos – Contos e Apólogos – Cap. 40 – Nos Domínios da Sombra

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O Obsessão por Justa Causa
Paulo de Tarso na História
Foi um médium com Jesus;
Lutou, sofreu e venceu,
Espalhando amor e luz.
Temos sempre muitos médiuns,
Honrando o apoio do Além,
Fiéis às bênçãos de Deus
Nos compromissos do Bem.

Mas hoje conheço uns tantos
Que começam de estourada,
Quando o trabalho aparece
Vão mudando de jogada.
Alguns alegam queixosos
Que necessitam viver,
Que a dor é grande no mundo
E nada podem fazer.

Muitos são iniciados
Em lindas obras humanas,
Mas dizem-se fatigados
Em três ou quatro semanas;
Outros muitos se declaram
Chamados à luz do amor,
Entretanto, não trabalham
Com medo de obsessor.

Há quem deseje ser médium,
Pedindo grande trabalho,
Depois foge parecendo
A flor que caiu do galho;
Muitos mostram na doença
Entendimento profundo,
Quando Deus lhes dá saúde
São pernas largas no mundo.
Alguns chegam prometendo
Auxílio a quem luta e chora,
Vendo o serviço aumentando,
Afastam-se dando o fora;
Vários suplicam encargos
Mostrando fé na alma afoita,
O trabalho vai surgindo
E é muita gente na moita.

Há quem foge no começo,
Planta que nasce e não vinga,
Depois, no instante das provas,
Buscam mandraca e mandinga;
Tantos médiuns aparecem,
Com tanta luz de esperança,
Vai-se ver: a maioria
Quer apenas maré mansa.

O mundo clama por médiuns,
Embora surjam às pencas,
Mas buscam sombra e água fresca
No refúgio das avencas;
Encontro médiuns amigos
Que dizem não ter mais fé,
Geralmente, estão na rede
Com mantas de lã no pé.

São médiuns de todo jeito
Os médiuns que tenho visto,
Mas médium só não dá zebra
Quando segue Jesus Cristo.
Cantador, filho do Norte,
Venho ao Rio de Janeiro,
Quem canta na Guanabara
Cantou no Brasil inteiro.

Leandro Gomes de Barros – Tempo de
luz — Cap. 21 – Médiuns na Cantiga

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
3. A Obsessão – Profilaxia/Tratamento
3.1 Autoconscientização
Portanto na terapia desobsessiva, o contributo do enfermo, tão logo raciocine e entenda
a assistência que se lhe ministra, é de vital importância, porquanto, serão os seus
pensamentos e atos que responderão pela sua transformação moral para melhor. A
evangelização do espírito desencarnado é de suma importância, mas, igualmente, a da criatura
humana que se emaranhou na delinquência e ainda não se recuperou do delito praticado.
No campo das obsessões, não são poucos aqueles que, logo se melhoram , abandonam
as disposições de trabalho e progresso, para correrem precipites, de retorno aos hábitos
vulgares em que antes se compraziam...
É comum fazer-se o compromisso íntimo de renovação e trabalho, enquanto perdura a
doença, negociando-se com Deus a saúde que se deseja pelo que se promete realizar, como se
a pratica das virtudes do bem fosse útil ao Pai e não dever de todos nós, que nos beneficia e
felicita.
Em particular àqueles que frequentam as Instituições espíritas, portando obsessões e não
se recuperam, merece que se tenha em mente o fato de que a visão do medicamento não
propícia a saúde, senão a ingestão dele e a posterior dieta conforme convém. A crença racional
e o conhecimento são fatores muito poderosos, quando o indivíduo que se habilita aos mesmos
esta honestamente resolvido a vivê-los.
Saber, apenas, não representa recurso de imunização, se aquele que conhece não se
resolve por aplicar, na vivência, as informações que possui.
Demais, nem todos os males devem ser solucionados conforme a óptica de quem os
padece, mas de acordo com os superiores programas que estabelecem o que é melhor para
a criatura.

A função do Espiritismo é essencialmente a de iluminação da consciência com a
consequente orientação do comportamento, armando o seu aprendiz com os recursos que o
capacitem a vencer- se, superando as paixões selvagens e sublimando as tendências inferiores
mediante cujo procedimento se eleva.
Manoel Philomeno de Miranda – Painéis da Obsessão – Cap. 24 – Obsessão Sutil e
Perigosa

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Em qualquer problema de desobsessão, a parte mais importante e difícil pertence ao
paciente, que afinal de contas é o endividado.
A este compete o difícil recurso da insistência no bem , perseverando no dever e
fugindo a qualquer custo aos velhos cultos do "eu" enfermo, aos hábitos infelizes , mediante
os quais volta a sintonizar com os seus perseguidores que, embora momentaneamente afastados,
não estão convencidos da necessidade de os libertar.
Oração, portanto, mas vigilância, também, conforme a recomendação de Jesus. A
prece oferece o tônico da resistência, e a vigilância o vigor da dignidade. Armas para
quaisquer situações, são o escudo e a armadura do cristão...
Manoel Philomeno de Miranda – Nos Bastidores da Obsessão – Cap. 8 – Processos
Obsessivos

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
3.2 Reeducação Mental
Como é compreensível, o vício mental decorrente da convivência com o hospede (o
obsessor) gera ideoplastias perniciosas de que se alimenta psiquicamente o hospedeiro (o
obsidiado). Mesmo quando afastado o fator obsessivo, permanecem, por largo tempo, os
hábitos negativos, engendrando imagens prejudiciais que constituem a psicosfera doentia, na
qual se movimenta o paciente.
Graças a tais fatores, nem sempre a cura da obsessão ocorre quando são afastados
os pobres perseguidores, mas somente quando os seus companheiros de luta instalam no
mundo intimo as bases do legitimo amor e do trabalho fraternal em favor do próximo, tanto
quanto de si mesmos, através do reto cumprimento dos deveres.
Um dos mais severos esforços que os enfermos psíquicos por obsessão deve
movimentar, é o da reeducação mental, adaptando- se às ideias otimistas, aos pensamentos
sadios, às construções edificantes.
Por isso, a saúde mental que decorre da liberação das alienações obsessivas se faz
difícil, porque ela depende, sobretudo, do enfermo, do seu esforço e não exclusivamente
do afastamento do seu perturbador.
Não basta somente afastar os seus adversários, para que os obsidiados se recuperem...
A transformação intima, que é mais importante, porque procede do âmago do indivíduo, deve
ser trabalhada, insistentemente tentada, a fim de que se desfaçam os fatores propiciatórios,
os motivos que levam às dores, liberando cada um, a consciência, de modo a não tombar nas
auto obsessões, mais graves e de curso mais demorado...
Manoel Philomeno de Miranda – Painéis da Obsessão – Cap. 31 – Gravames na Obsessão

Uma força existe capaz de produzir resultados junto aos perseguidores encarnados ou
desencarnados, conscientes ou inconscientes: a que se deriva da conduta moral .
Manoel Philomeno de Miranda – Nos Bastidores da Obsessão – Examinando a Obsessão

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
3.3 A Prece/a Meditação
A prece liberta a mente viciada dos seus clichês perniciosos e abre a mente para a
captação das energias inspiradoras, que fomentam o entusiasmo pelo bem e a conquista da paz
através do amor. Entretanto, a fim que se revista de força desalienante, ela necessita do
combustível da fé, sem a qual não passa de palavras destituídas de compromisso emocional
entre aquele que as enuncia e a Quem são dirigidas.

Por vezes o obsidiado, em desespero, recorda-se da oração e da necessidade de buscar
os amigos, entretanto, nestes instantes muitas vezes a prece flui dos seus lábios sem a tônica do
amor, da fé e portanto, não se irradia, não sintoniza com os Núcleos de captação de
rogativas.
Tudo são vibrações em estados diferentes de energia, desde a pedra até o pensamento
que se exterioriza pela vontade. Captadas pelos Centros de registros mentais e transmitidas aos
sábios prepostos do Senhor, as nossas rogativas levam cargas psíquicas que facilmente
traduzem o significado real das nossas aspirações, ao mesmo tempo, facultando- lhes ajuizar
com presteza a respeito da conveniência ou não, da justeza e oportunidade do pedido, assim
facilitando o seu deferimento.

A vontade disciplinada e o habito da concentração superior armam o homem para, e
contra mil vicissitudes que defronta na sua escalada evolutiva.
A concentração positiva libera a mente dos clichês viciosos, próprios ou recebidos
de outras mentes, como do meio onde vive, já que somos sensíveis ao ambiente no qual nos
movimentamos.
Por adaptação às ocorrências do dia- a-dia o homem se deixa arrastar meio dormido pela
correnteza dos acontecimentos, sem despertar o pensamento para que a mente raciocine com
objetividade e discernimento, estabelecendo parâmetros do que deve e não deseja, ao que
não deve, mas deseja fazer...
Manoel Philomeno de Miranda – Painéis da Obsessão – Cap. 12 – Providências
Inesperadas
Aliando o esforço que cada um deve envidar a benefício próprio, a prece é fonte
inexaurível que irriga o ser, renovando- o e aprimorando- o, ensejando também, logo após
depurar-se, a plainar além dos reveses e tropelias, arrastado pelas sutis modulações das Esferas
Superiores da Vida, onde haure vitalidade e força para superar todos os empeços.
Manoel Philomeno de Miranda – Nos Bastidores da Obsessão – Cap. 6 – No Anfiteatro

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
3.4 Ação Enobrecedora
Nos processos de obsessão de qualquer natureza, as conquistas morais do paciente são-
lhe o salvo-conduto para o trânsito sem problemas durante a sua vilegiatura carnal. Isto porque,
liberado da constrição afligente, começa -lhe o período da recuperação dos débitos passados
mediante outras provações de que necessita e de testemunhos que lhe aferirão as novas
disposições abrigadas na alma.
O maior antídoto à obsessão, além da comunhão com Deus, nunca será demasiado
repeti-lo, é a ação enobrecedora. O trabalho edificante constitui força de manutenção do
equilíbrio, porquanto, desenvolvendo as atividades mentais, pela concentração na
responsabilidade e na preocupação para executar os deveres, desconecta os plugs que se
encaixam as matrizes psíquicas receptoras das induções obsessivas. A oração, portanto,
desdobrada na ação superior, representa a psicoterapia anti-obsessiva mais relevante, que
está ao alcance de toda e qualquer pessoa responsável, de boa vontade.
Apoiem-se na oração e no trabalho. A paisagem mental luarizada pela prece e o
sentimento vinculado ao dever, no serviço, podem ser sitiados pelas forças da obsessão, mas
nunca tombarão nas mãos dos pertinazes perseguidores.
Manoel Philomeno de Miranda – Painéis da Obsessão – Cap. 32 – O Retorno de Felipe

O conhecimento do Espiritismo realiza a melhor terapêutica para o espírito,
higienizando- lhe a mente, animando-o para o trabalho reto e atitudes corretas e sobretudo
dulcificando- o pelo exercício do amor e da caridade, como medidas providenciais de
reajustamento e equilíbrio. Não há força operante no mal que consiga penetrar numa mente
assepsiada pelas energias vitalizadoras do otimismo, que se adquire pela irrestrita confiança
em Deus e pela prática das ações da solidariedade e da fraternidade.
Manoel Philomeno de Miranda – Nos Bastidores da Obsessão – Cap. 6 – No
Anfiteatro

Quando se lhe falam (aos homens) do recurso da oração – anestésico sublime da dor,
reage porque lhe desconhece a formula salutar.
Quando convidado à meditação – estimulante de efeito enérgico e relevante,
desconsidera-lhe o conteúdo porque se aclimatou … ociosidade mental em termos de reflexão
e disciplina.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Ao se lhe apresentarem uma leitura substanciosa – verdadeira psicoterapia otimista,
reivindica as páginas chocantes da licenciosidade, por achar ingênuas aqueloutras, de
significação ultrapassada.
Se chamado à beneficência mediante ação pessoal – praxiterapia liberativa,
apresenta escusa, por se acreditar sem condições.
Convidado ao exercício da caridade fraternal em morros e favelas , palafitas e
alagados – ginástica e ioga para o corpo, mente e espírito, prefere as fugas espetaculares
através do desculpismo insensato, taxando de pieguistas essas realizações e atirando a
responsabilidade desse mister a governos e organizações de serviço social.
No entanto, o amor é melhor para quem ama e a ação dignificante eleva e pacifica
aquele que a executa.
Sem dúvida, a quimioterapia, a farmacopéia em geral dispõem de elevados contributos
para o homem, minimizando- lhe enfermidades, erradicando velhas e calamitosas epidemias,
ampliando as possibilidades da vida na terra.
Sem embargo, a terapia espiritual vazada no Evangelho e nos recursos do Espiritismo
é o maior antídoto ao desgaste, à excitação, ao cansaço, à violência, à criminalidade e à
miséria social dos momentos cruciais que estrugem na Terra...
Carneiro de Campos – Sementes de Vida Eterna: Cap. 8 – Doença e Terapêutica

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
3.5 Síntese
Nesse contexto, o Espiritismo – que é o mais eficaz e fácil tratado de Higiene Mental
– desempenha um relevante papel, qual seja o de prevenir o homem dos males que ele gera para
si mesmo e lhe cumpre evitar, como facultando-lhe os recursos para superar a problemática
obsessiva, ao mesmo tempo apoiando e enriquecendo os nobres profissionais da Psicologia, da
Psiquiatria e da Psicanálise...
Conforme o quadro da alienação, variam os recursos terapêuticos :
1. principal objetivo deve ser o de concentrar no enfermo desencarnado as atenções,
tratando-o com bondade e respeito, mesmo que ele não esteja de acordo com o que se
faz.
2. Simultaneamente, educar- se à luz do Evangelho o paciente, insistindo junto a ele com
afabilidade, pela transformação moral e criando em torno de si condições psíquicas
harmônicas, com que se refará emocionalmente, estimulando-se a contribuir com a
parte que se lhe diz respeito.
3. Atraí-lo a ações dignificantes e de beneficência, com que granjeara simpatias e
vibrações positivas, que o fortalecerão, mudando o seu campo psíquico.
4. Estimular-lhe o habito da oração e da leitura edificante – as mentes viciosas
encharcam-se de vibriões e parasitas extravagantes.
5. Ao lado dessas psicoterapias, é necessário a aplicação dos recursos fluídicos, seja através
do passe ou da água magnetizada, da oração intercessória com que se vitalizam os
núcleos geradores de forças, estimulantes da saúde, com o poder de desconectarem os
plugs das respectivas matrizes, de modo a que o endividado se reabilite perante a
Consciência Cósmica pela aplicação dos valores e serviços dignificadores.
Manoel Philomeno de Miranda – Nas Fronteiras da Loucura – Cap. Análise das Obsessões

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão

A Doutrina que estuda as obsessões, as suas causas preponderantes e predisponentes –
o Espiritismo –, possui os recursos excepcionais capazes de vencer essa epidemia cruel que,
generalizada, invade hoje a Terra em todos os seus pontos.
São eles:
− o conhecimento das leis da reencarnação hauridos no Evangelho de Jesus Cristo
e nas revelações espirituais,
− a oração e a humildade,
− a paciência e a resignação,
mediante os quais elabora pela iluminação interior
− a prática da caridade em todas as expressões – meios enobrecedores capazes de
poupar o homem às sortidas do seu pretérito culposo, no qual se encontram as
causas da sua atual aflição, retidas nas mãos infelizes dos Espíritos desassisados
e perversos que pululam nas regiões inferiores da Erraticidade.
Desde que já conheces a lição do Cordeiro de Deus, corporificada no largo período da
Manjedoura ao Gólgota, impregna-te desta mensagem libertadora, permeando mente e coração
no exercício caridade edificante.
Nem o pavor pernicioso, nem o desaviso perigoso, mas sintonia com Jesus em perfeita
identificação com Ele através da oração, como metodologia e terapêutica eficientes para a
preservação da própria paz.
Aquele que encontrou Jesus já começou o processo de libertação interior e de
desobsessão natural!
Conquanto emparedado no casulo carnal, torna-se espírito livre que pode flutuar além e
acima das vicissitudes, em perfeita alegria ante a primavera eterna do Mundo Espiritual, de que
já participa, na busca do Sol do amor que é o Supremo Governador da Terra, nosso modelo e
guia: Jesus!
Eurípedes Barsanulfo – Sementes de Vida Eterna – Cap. 50 – Tormentos da Obsessão
(1978)

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
4. A Obsessão – “Por Justa Causa” – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
4.1 Considerações Gerais

 A OBSESSÃO
Os casos de obsessão mais terríveis são os do amor enlouquecido, ou seja, os da
paixão exacerbada… São os obsessores mais difíceis de ceder.
Não são os que perturbam por disputas religiosas, por serem rivais ou por guardarem
certos ressentimentos…
Os Espíritos obsessores mais ferrenhos são os que foram feridos em seus próprios
sentimentos.
(...) estes, por assim dizer, ganham o direito de perturbar — os Espíritos Amigos
costumam se referir a estes casos como “obsessão por justa causa” …
Obsessor e obsidiado estão tão interligados, que têm que resolver por si mesmos. Os
Espíritos Amigos interferem, mas não decidem...

Chico Xavier – O Evangelho de Chico Xavier - Capítulo 192 - Obsessão difícil

 A PAIXÃO
A paixão cega sempre.
Nossa vida mental é a nossa vida verdadeira e, por isso, quando a paixão nos ocupa a
fortaleza íntima, nada vemos e nada registramos senão a própria perturbação.
André Luiz – Entre a Terra e o Céu - Cap. 16

 O CIÚME
... Quando nosso culto afetivo se converte em flagelação para os que seguem ao nosso
lado, não abrigamos outro sentimento que não seja aquele do desvairado apego a nós mesmos,
na centralização do egoísmo aviltante.
(...) o ciúme que não destruímos, enquanto dispomos da oportunidade de trabalhar no
corpo denso, transforma -se em aflitiva fogueira a calcinar-nos o coração, depois da morte. -
Cap. 23
André Luiz – Entre a Terra e o Céu - Cap. 23

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
 A TRAIÇÃO

Se te trai o ser a quem amas, ama ainda mais, sem propriedade nem perseguição.
Se alguém te mente em nome da amizade ou do amor, reserva-te dignidade afetiva,
fazendo o que te cabe.
Nem ressentimento nem exigência.
Quem vai adiante pelos ínvios caminhos, necessitará de tuas mãos e coração tornados
concha de amor e caridade, logo mais...
Joanna de Angelis – Rumos Libertadores – Cap. 27

Quando se é fiel, não se necessita prová-lo através dos mecanismos sombrios da
insegurança, E quando não se é, muito dificilmente poderá ocultá-lo, vigiá-lo, é uma atitude
mais afligente do que calmante, porque estimula o leviano a condutas mais sórdidas,
deteriorando a convivência.
(...)
As afetividades doentias multiplicam- se desordenadamente no convívio da sociedade
desatenta em relação aos valores ético-morais.
Paixões nascem e se desfazem a golpes de publicidade escandalosa, consumindo vidas
e esfacelando sentimentos que são atirados aos desvãos sombrios das drogas e do álcool, quando
não derrapam literalmente para a loucura, o suicídio...
Joanna de Angelis – Nascentes de Bençãos – Cap. 20


Sê livre para amar, e não imponhas o domínio ou a posse sobre ninguém, para
poderes ser não temido, mas, realmente amado.
Jacome Góes – Jornal da Cidade/Aracaju

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
4.2 Exemplos – Quadro Geral


DEPOIS DA VIDA
•Obsessor: Antônio (esposo)
•Obsedado: não identificado
•Relação: Esposa + Filho
•Motivo: Traição/assasinato/envenenamento
•Conseqências da Obsessão/Objetivo: Transtorno Mental + Depressão
REVISTA REFORMADOR
•Obsessor: Ana (sogra)
•Obsedado: Terezinha
•Relação: Sogra do noivo
•Motivo: Traição
•Conseqências da Obsessão/Objetivo: Alcoolismo
ENTRE A TERRA E O CÉU
•Obsessor: Odila (esposa)
•Obsedado: Zulmira
•Relação: 2º Esposa do marido
•Motivo: Ciúme
•Conseqências da Obsessão/Objetivo: Depressão / Separação
LIBERTAÇÃO
•Obsessor: Gregório (noivo)
•Obsedado: Margarida
•Relação: Noiva no passado
•Motivo: Traição
•Conseqências da Obsessão/Objetivo: Vampirismo / Desencarne
LOUCURA E OBSESSÃO
•Obsessor: Homem não identificado (esposo)
•Obsedado: Lício
•Relação: Esposa no passado
•Motivo: Traição
•Conseqências da Obsessão/Objetivo: Depressão / Suicídio
NOS BASTIDORES DA OBSESSÃO
•Obsessor: Teofratus (noivo)
•Obsedado:Ana Maria
•Relação: Noiva no passado
•Motivo: Traição
•Conseqências da Obsessão/Objetivo: “Lepra” / Suicídio
TORMENTOS DA OBSESSÃO
•Obsessor: Mulher não identificada
•Obssedado: Almério
•Relação: Amante no passado
•Motivo: Traição
•Conseqências da Obsessão/Objetivo: Impotência / Depressão / Falência Mediúnica

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
4.3 Exemplo – Livro – Depois da Vida


O jovem J. C. enfermara de uma problemática psíquica.
Sua genitora encontrava-se internada em sanatório psiquiátrico fazia muitos anos com
o diagnóstico de esquizofrenia.
o jovem J. e. apresentou durante anos um comportamento perturbador: instabilidade
emocional, desinteresse pelos estudos, falta de fixação intelectual, sonolência ...
Ao completar dezenove anos deu- se conta de uma formação congênita anormal no
aparelho genésico, ·porém sem maior gravidade ou outras consequências negativas.
Subitamente foi acometido de depressão.
Em tratamento psiquiátrico sua enfermidade foi diagnosticada como psicose maníaco-
depressiva.
Passou a frequentar o Hospital X, nesta Cidade, indo pela manhã e retornando à noite.
Praxiterapia, Entrevistas, Sonoterapia e alguma outra medicação foram-lhe aplicadas.
Solicitando auxílio dos Benfeitores Espirituais para o caso, eles trouxeram a Entidade
que se expressou, conforme transcrevemos.

"Sou chamado obsessor e a palavra é-me aplicada como uma chancela infeliz, definindo-
me como um malfeitor, um desalmado, um covarde perseguidor de uma pessoa boa, vítima da
minha insânia ...
Não nego a loucura de que me encontro possuído, nascida de um ódio que me combure,
como se eu fora uma fornalha ardente, queimando-me por dentro.
A monoidéia do desforço devora-me e todo eu vivo fixado a este desejo de vingança,
alimentando-o, como se ele me propiciasse paz.
Tudo quanto penso se refere aos meus desafetos; minha antiga esposa e meu filho do
passado . . .
É fácil solicitar-se perdão para alguém que fez o mal a outrem.
Quando, porém, esse mal nos é feito, muda-se a paisagem, é diferente a posição para
perdoar.
Fala-se muito em Espíritos desencarnados, mas, quase sempre com certa indiferença.
Muitos asseveram crer neles, todavia, não se dão conta que somos seres reais, com
emoções, discernimento, inteligência, e não apenas algo concebível só pela imaginação,
portanto, coisas fáceis de serem esquecidas ou de poderem ser ludibriadas.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Nós somos gente!
Quando pretendem dialogar conosco, os homens assumem posições falsas, aparentando
uma superioridade moral que nem sempre possuem, usando uma verbosidade vazia, na qual
não creem, supondo enganar-nos. . .
Olvidam que temos um corpo, uma fisiologia, cada um a sua própria psicologia, seu
passado e suas tendências ...
Porque muitos não nos veem ou não nos ouvem diretamente, não conseguem entender-
nos, adotando uma crença passiva: aceitam-nos, momentaneamente, mas não nos conceituam
com a necessária atenção ou o sensível respeito, que se devem as criaturas todas umas às outras.
- Cada Espírito é um feixe de energia individualizada, com suas conquistas inteligentes
e suas dívidas infelizes perante a Consciência Divina.
Por que, então, com leviandade, como ocorre no meu caso, taxarem -me de obsessor?
Vêem o infeliz aturdido e sabem que ele me sofre a pertinaz influência com que espero
destruí-lo, levando- o ao suicídio, a fim de o aguardar aqui, onde prosseguirei com o meu
desforço.
Ninguém cogita das razões que me impelem a esta desdita. Também sou infeliz,
porquanto não tenho paz, estou estacionado na meta da vingança em que me degrado.
Eu sei, sim, que a Divindade fará justiça...
Na minha desesperação atiro-me sem paciência na cobrança e não me preocupo com as
consequências da minha volúpia vingadora.
Sei que estou quase louco ...
Ele, no entanto, traz as matrizes do seu crime, quanto a sua genitora, porquanto
continuam juntos, como no passado, e, unidos, devem pagar o tremendo delito que praticaram
contra mim.
O criminoso renasce com as marcas do crime a fim de ressarcir melhor, não se podendo
evadir da justiça que o busca, incoercivelmente:-
Não sou, desse modo, obsessor; não me sinto como tal.
Obsessores foram-me eles, que me arrancaram do corpo em hediondo conciliábulo, que
culminou num homicídio de que não consigo esquecer.

Eu era médico próspero em São Paulo. Fui esposo e pai dedicado. O século estava por
começar. Na noite de 31 de dezembro, após as libações e a ceia rica recolhi-me ao leito, cansado.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Meu filho, que contava vinte anos, e minha mulher, que me tinham na conta de avarento,
resolveram pôr termo à minha existência. Tomando de um travesseiro de plumas ela me
asfixiou, em nosso leito conjugal, enquanto ele me segurava com vigor os braços e o tórax até
que a morte se consumasse.
Debati-me como um animal ferido, lutando desesperadamente por ar, sem palavras, com
grunhidos lúgubres, enquanto, histéricos, eles riam, gritando:
- Morre, víbora peçonhenta, morre, miserável! ...
Não posso, ainda hoje, ter idéia do tempo que durou a minha agonia.
A angústia se transformou em ódio, o desespero em necessidade de vingança . . .
Tudo era-me um pesadelo hediondo, inenarrável.
Perdi a consciência por largo e tormentoso período para recobrá-la e perdê-la inúmeras
vezes. Era um verdadeiro inferno o que me passava. Sofria sem cessar. Não conseguia
compreender o que acontecera.
O despertar além-da-morte não é tão fácil como pode parecer.
A morte é um processo cirúrgico total, dorido, e o acordar é um pós-operatório muito
grave.
A verdade é que me dei conta do acontecido, um infinito de tempo depois.
Na Terra ninguém soube do crime. Minha morte fora considerada como natural, uma
apoplexia.
Enlutados, eles inspiraram compaixão e sequer foram incomodados pela Justiça.
Todo o patrimônio que reuni, caiu- lhes nas mãos dissipadoras.
Nós três, todavia, sabíamos de tudo, e não conseguíamos esquecer. Por menos eles
desejassem, a minha máscara de surpresa, de dor e ódio, à hora do crime covarde, se lhes fixara
na memória, como se fora impressa a fogo.
O transcorrer do tempo mais lhes avivava as cenas finais, fazendo-os atormentados.
O prazer, a avidez da posse, cansam ou açulam maiores ambições, dependendo de quem
lhes sofre as constrições.
A pouco e pouco se sentiam frustrados. Buscando fugir da consciência, entregaram -se
a excessos, que lhes minaram as poucas resistências morais, culminando numa união
incestuosa, desventurada.
Ela, exaurida pelos abusos, enlouqueceu; o filho atirou- a num Manicômio, onde veio a
falecer poucos anos depois, em condição animal, primitiva.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
A seu turno, o parricida foi acometido por um complexo de culpa legítimo, e não
suportando a consciência veio para cá, vitimado por uma demência neurótica que o impediu de
alimentar-se, de cuidar-se ...
Ao redescobrir a vida- após-a-morte e identificando- a severa, impossível de ser
ignorada, segui-lhes o final das existências execrandas. Não sabia como desforrar-me do mal
que me fizeram:
Acompanhava-lhes a consumação das forças com agrado.
Quando acordaram para as realidades do após-túmulo, o desespero foi-lhes tal que se
não puderam conscientizar, permanecendo alucinados ...
O meu ódio, então, mais cresceu por não os poder atingir quanto desejava.
Nesse ínterim, fui convidado a participar de estudos (*) sobre a Vida e as técnicas de
justiça, promovidos por verdadeiros guardiães da nossa felicidade, que me arrancaram da
situação em que me encontrava, a fim de lenir-me com a esperança de uma bem planejada
quitação da dívida (*).

(*) O comunicante se refere a um dos muitos Núcleos Espirituais inferiores onde as
Entidades perversas supõem poder travar luta contra o bem, adestrando e negociando com
futuros perseguidores frios, que se fazem hábeis nas técnicas das obsessões de vária ordem.
Ditos irmãos, infelizes e rancorosos, apresentam-se como "anjos da Justiça e da salvação",
iludindo outros desencarnados, que passam a explorar e conduzir, invejosos das criaturas
humanas.

Primeiro, ela voltou à Terra, pelos idos dos anos 30 ...
Assinalada pelos desequilíbrios antigos, perverteu-se cedo.
Nesse clima de degradação ele renasceu, há menos de vinte anos ...
A partir de então comecei o meu trabalho, que pretendo concluir com êxito ...
A memória, no mundo, em relação ao drama alheio, é sempre fraca.
O homicida destrói urna família. Todos o odeiam, desejando linchá-lo. Recolhido ao
cárcere, lentamente os seus hábeis defensores tornam-no “vítima da sociedade”, explicam,
justificam e os transformam, não poucas vezes, em heróis.
Escrevem-se sobre eles, ou autobiografam-se, passando a ser personagens centrais de
enredos cinematográficos ou de televisão, auferindo lucros e recebendo compaixão de quase
todos.
E suas vítimas? Olvidam- nas. Quem morre, perde a razão.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Às vezes ocorre o contrário: muitos maus quando morrem, tornam-se amados, nobres,
santificados, recordados com emoção ...
Não cá! Aqui ninguém foge de si mesmo, da verdade, da justiça.
Será necessário dizer mais?! Não sou, portanto, obsessor.
Sou justiceiro, braço da Lei. Farei justiça, livrando a Terra dos dois monstros malsinados
que me trucidaram, e, tendo oportunidade, repetiriam o crime contra outros.

*
Concluída a sua narração, ora comovente, ora marcada por colocações meramente
sofistas, em que a Entidade, que denotava urna boa formação cultural e moral, tornara -se vítima
de lamentável loucura, o médium-doutrinador expôs-lhe a argumentação espírita,
fundamentada no. Evangelho de Jesus, demonstrando o grave erro que cometia.
Foi-lhe explicado que o perseguidor é alguém que se encontra em sofrimento,
perseguido por distúrbio grave da emoção, competindo- lhe, já que reconhecia a legitimidade
das leis da Soberana Consciência, entregar os seus desafetos à Vida.
Como ele sabia que ambos reencarnaram sob injunções de dor e provação, não era justo
tornar-se cobrador das suas dívidas, providência essa que já se encontrava em curso, graças à
previdência divina.
Passada a fúria da vindita, a que se reduziriam os seus objetivos quando se consumassem
os planos?
Elucidou- se que a sua desencarnação, em circunstâncias trágicas, tinha suas raízes em
compromissos inditosos de vidas anteriores, e que os seus familiares, invigilantes se fizeram,
sem condições reais, "braços da Lei".
A Justiça de Deus tem os seus Estatutos e métodos sem a necessidade da utilização de
outros homens que tombem, quando se transvestem em mecanismos de justiça, incursos em
outros graves erros, que serão chamados a regularizar.
Solicitou-se a que liberasse suas vítimas por algum tempo, meditando e observando os
labores da caridade fraternal, em nossa Casa, facultando, aos desafortunados familiares do
passado, uma oportunidade de redenção através do amor, pelo bem que pudessem praticar,
renovando- se.
As leis são de justiça, mas também, de amor e de misericórdia. Como o amor "cobre a
multidão dos pecados" por facultar a realização do bem, que oferecesse a ocasião que não tivera,
a fim de que não viesse, por sua vez, a sofrer o impositivo superior que, no momento próprio,
coloca o basta!

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Outras colocações doutrinárias foram apresentadas.
Fortemente amparado pelos Benfeitores Espirituais, o irmão Antônio resolveu por
conceder uma trégua e ficar observando as realizações espíritas da Casa cristã.
Ao desligar-se do médium, chorava copiosamente.
No dia seguinte, o jovem J. C. apresentou evidentes sinais de melhora psíquica.
Transcorridas duas semanas fizeram-no receber alta, completamente curado, com
surpresa dos seus médicos.
*
Ao fim de 16 dias após a primeira comunicação, ei-lo que volta, renovado e confiante,
numa situação bem diversa da primeira, consoante transcrevemos do gravador.
- Nota do Compilador.
Amanhã
É certo que retomei. A vida são as suas condições a que nos devemos submeter e não as
nossas exigências, tentando
dominá-la.
Agora, realmente compreendo os desígnios superiores.
Venho aprendendo com a abnegada Mentora ( *) a real diretriz para poder alcançar a
paz íntima, a felicidade.
O ódio consome quem o conduz.
O desespero malsina aquele que o alimenta.
A vingança é ácido queimando por dentro o que a experimenta.
Estou procurando esquecer, buscando amar.
Lamento o tempo mal aplicado, na condição de indigitado perseguidor.
Ainda me é difícil mudar de atitude mental e transformar-me.
Anseio por edificação íntima.
Outros amores me esperam.
Minha mãe visitou-me, acenando-me esperanças.
Sentir-me-ei em tranquilidade, quando eu possa, realmente, auxiliar aqueles que me
tornaram revel por tantos
anos.
Não os perturbarei mais.
O meu egoísmo ora me pede que me cuide, isto é, que eu saia do caos e ascenda.
Há bênçãos não imaginadas, aguardando- me.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Não sou, sequer, o filho pródigo, que retornou envergonhado, humilde, arrependido à
casa do genitor.
Sinto-me envergonhado, apenas. Com esforço e oração espero lograr as outras
qualidades para recomeçar.
Confio no amanhã. Marcho ao seu encontro.
Sou muito reconhecido às palavras aqui ouvidas, como lições libertadoras, à paciência
e às preces.
Por favor, envolvam-nos, a eles e a mim, na claridade das suas rogativas a Deus.
Jesus nos dê Sua misericórdia. Até breve!
Antônio Lima - Depois da Vida - 2o Parte - Cap. 3 - O Obsessor

(*) Refere-se ao Espírito Joanna de Ângelis.

Nota do Compilador:
O jovem J. C. prossegue curado, trabalhando. Sua genitora vem recobrando a lucidez
lentamente.
Os Instrutores Espirituais nos informaram que o irmão Antônio Viana está em
tratamento e em preparação, num Posto de Amor, no Além, para reencarnar-se oportunamente...

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
4.4 Exemplo – Revista Reformador - FEB


Conheci o jovem Sr. Alberto G., de vinte e seis anos de idade, pertencente a boa família,
proprietária de alguns bens de fortuna, o qual se achava noivo de uma gentil jovem de dezenove
anos, filha de uma viúva honesta, por nome Ana, que mantinha a própria casa com o produto
das costuras que fazia, auxiliada pela filha a quem trataremos por Palmira.
Esta jovem, doce, modesta, sincera, humilde de coração, adorava o noivo, julgando- se
igualmente amada por ele e depositando absoluta esperança na felicidade entrevista no futuro.
Enquanto esperava a data para a realização , do matrimônio, já marcada, a jovem noiva
entretinha-se com a confecção do enxoval que, embora modesto, mostrava-se caprichado e belo.
Decorria assim o tempo, entre o trabalho, as juras de amor eterno e as esperanças de
maior felicidade, para júbilo da mãe de Palmira.
Em certa ocasião, porém, esta (Palmira) começou a perceber que Alberto passava em
certa cidade vizinha todos os sábados e domingos, onde, segundo ele, obtivera negócios
excelentes, por muito produtivos, o que seria de grande vantagem para ambos.
Humilde e amorosa, nada reclamou, resignando- se à ausência do amado nos dois
melhores dias de folga e passeios pela cidade.
Isso durou quatro meses.
Até que um dia. pelas duas horas da tarde, chegou à modesta residência de Palmira uma
freguesa, entre nervosa e curiosa , e interrogou- a, diante da mãe:
- Palmira, quando foi que você desfez o noivado com Alberto?
Por que não participou às suas amigas?
Surpresa. a moça respondeu:
- Mas eu não desfiz o meu noivado!
Por que pergunta.?
A freguesa deteve- se, temerosa, mas premida por mãe e filha acabou respondendo:
- Porque eu estava na Estação, hoje, e vi Alberto descendo do trem com uma moça de
Angra, apresentando-a como esposa aos amigos, que os receberam entre gritos jubilosos.
Procurei saber, indaguei. Ela é filha de um forte negociante de lá, muito alegre, falante
e elegante.
O casamento foi ontem, sábado, e o casal chegou hoje, pelo trem do meio -dia.
Palmira não acreditou, mas informou- se.
Alberto não a visitou mais, era verdade, ele casara-se com uma jovem que lhe levara a
promessa de uma boa herança.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
A surpresa, á decepção dolorosa abateram Palmira, que adoeceu de um trauma violento.
Dois meses depois, apesar dos cuidados matemos, da dedicação do médico e das amigas,
que acorreram, solícitas, Palmira morreu.
Morreu apaixonada pela traição do noivo, que nem sequer lhe participou da resolução
tomada.
E morreu sem uma queixa, uma acusação, chorando sem consolo, pois Alberto não se
dignara visitá-la.
No momento, porém, em que o caixão mortuário era fechado pela própria mãe
inconsolável, que beijava o rosto do cadáver da filha, os circunstantes ouviram, impressionados,
esta tremenda promessa, por ela proferida:
- "Adeus, minha filha! Vai em paz para o Céu, que bem o mereces. Mas vai certa de que
o desgraçado que te matou não terá um único dia de felicidade. Eu m e vingarei!"
Pronunciou a blasfêmia com ódio e sepultou a filha, sem mais derramar uma lágrima.
Sabedora, só agora, do drama de Palmira, por amigas que, propositadamente , a
visitavam fim de narrar o fato, solidarizando- se com a morta, a esposa, de Alberto, Terezinha,
admirou- se muito, decepcionada, pois ignorava que o marido fosse noivo de alguém antes de
se matrimoniar com ela.
Ele nada lhe dissera. se soubesse que ele era noivo na quela cidade não o teria aceitado.
Defendeu-se veementemente, chorando, pois Terezinha era um bom caráter, honrada,
respeitadora dos direitos alheios.
E a primeira discussão surgiu entre o casal naquela noite.
Entretanto, a sofredora mãe da jovem morta adoecera gravemente.
Era cardíaca, e o desgosto sofrido abateu-a para sempre, cerca de dois meses após a
morte da filha.
Mas estava escrito que tão dolorosos acontecimentos eram apenas o prelúdio do drama.
Ainda não se haviam completado três meses da morte de Ana, quando, em sua casa,
cuidando dos próprios deveres, Terezi nha começou a beber.
Mas não bebia cerveja nem vinhos finos. Bebia cachaça mesmo, com o agravante de
temperá- la com cravo e canela. No dia seguinte e nos subsequentes bebeu muito, e embriagou-
se. .
Alarmado, o marido investigou se a esposa adquirira o terrível hábito antes do
casamento. Não, não adquirira, jamais ela beberá, nem mesmo em festas.
Tentou o que estava ao seu alcance a fim de corrigir o mal.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Terezinha, porém, com o passar dos dias desinteressou -se do lar, dos três filhos que
chegaram depois, deixando -os entregues ao marido e às empregadas.
Houve tratamento com os melhores médicos , mas em vão. E os médicos concluíram que
o vício era he reditário e não havia cura.
Não, não era hereditário, porque , revoltado, o pai de Terezinha, protestou fora sempre
um cidadão respeitável, jamais bebera, jamais se embriagara.
E Terezinha piorava sempre. Agora bebia na rua, pelos cafés e botequins, fazia
escândalos, promovia rixas, dizia anedotas, provocando o riso dos transeuntes, caía nas
calçadas, completamente embriagada.
Desorientado, o marido não sabia o que fazer.
Com o encargo do lar, dos filhos e da colocação profissional, de que tira va a subsistência
para a família, ausentava-se frequentemente da repartição e foi dispensado.
Procurou curandeiros e curandeiros, em que não cria, tentando socorro para a mulher.
Mas aquele tipo de "vício” , só seria curado pelos anjos, servos de Deus , que sabiam fazer o
jejum espiritual.
Visitei Terezinha em sua casa, em junho de 1939. Encontrei -a completamente
embriagada. Ria-se muito, estranhamente, mas naquele riso, que era mais um esgar m aléfico,
reconheci o riso do obsessor.
Em dado momento, no entanto, ela disse-me, chorando:
- Juro, meu senhor, que eu não quero beber. Mas um impulso maligno, irresistível,
arrasta-me para esta desgraça. Rogue a Deus por mim, tenha compaixão ...
Eu não mais residia naquela localidade, mas tomei o seu nome e seu endereço, como os
espíritas fazem, e regressando à minha nova residência coloquei-os sobre a mesa das sessões,
para as preces.
Confesso, porém, que não houve de minha parte verdadeiro interesse pelo pungente
caso.
Atribulada por mil problema, idênticos, apenas orei, sem cogitar de serviços mais
especializados.
Durante quatorze anos Terezinha embriagou- se com cachaça temperada com cravo e
canela. Não viveu. E mbriagava- se, caía na rua, dando- se em exposição ao público, penalizado.
A derrocada fora deplorável na vida do Sr. Alberto G.
Um dia, porém, encontrava -se ele em um arma zém providenciando compras para casa,
porque a esposa conservava-se alheia a tais deveres. De repente, tocaram -lhe levemente o braço
e um homem desconhecido, muito pobre, disse-lhe timidamente:

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
- Sr. Alberto, desculpe, mas sua senhora está caída na calçada, em frente ao Correio ...
Convém socorrê-la; ela tem convulsões ...
- Oh! Meu Deus! Que inferno, outra vez! Que farei da minha vida, com este martírio? –
respondeu o pobre esposo.
E o outro acrescentou, mais tímido ainda:
- Por que o senhor nã o vai ao Centro do Sr. Zico, faz uma consul ta? Ele tem tratado de
muita gente assim, e todos ficam bons, eu inclusive...
O pobre esposo correu a socorrer a mulher , levando- a para casa, e la estava como que
em coma da embriaguez.
Em desespero de causa, venceu o último preconceito contra o Espiritismo, procurou o
Sr. Zico e fez a consulta para a esposa. Era a última tentativa.
Já tentara tu do.
O Sr. Zico, médium de altos valores morais e psíquicos, ouviu- o pacientemente, anotou
o nome e o endereço da enferma e respondeu:
- Volte aqui amanhã. com sua esposa , às oito horas, a fim de iniciarmos o tratamento.
No dia seguinte, cheio de esperanças, compareceu. Acompanhado da mulher. O Sr. Zico
possuía como auxiliar, uma médium sonambúlica, legítima portadora de elevados dotes morais.
Feita a prece, apr esentou-se o iluminado Espírito Bittencourt S ampaio, que exclamou:
- Trata-se de uma obsessão vingativa. Darei o meu concurso.
E deu as instruções necessárias.
Evocado o obsessor, identificou- se este como Ana, a mãe de Palmira, desencarnada
havia quatorze anos, logo após a filha.
Sem perda de tempo, Zico interrogou- a, pois convinha aprender com a própria entidade
os pormenores daquela obsessão:
- Por que razão, Ana, você persegue tão cruelmente a pobre Terezinha?
Ela nada fez contra você e sua filha! Nem sequer sabia que Alberto era n oivo de Palmira
quando se casou com ele.
Não vê que você está desgraçando a família toda, que ela tem filhos, precisa tratá-los e
educá- los para o bem, e que você assume terrível responsabilidade perante Deus com o seu
procedimento?
Constrangida. a entidade adveio, de mau humor:
- Nada t enho contra Terezinha.
Sei de t udo isso. Mas sei também que, atacando-a, firo aquele assassino mil vezes mais
do que se o atingisse diretamente.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
- E o que está fazendo consola a sua dor de haver perdido Palmira?
- Nunca mais vi minha filha.
Foi para o Céu e abandonou- me, a i ngrata.
- Não, ela não a abandonou!
Foi você que, com esse ódio enlouquecedor, interpôs uma barreira entre ambas ...
Ana fez um gesto de enfado e silenciou.
Mas nenhum malfeitor do Espaço poderá resistir à irradiação de um Espírito como
Bittencourt Sampaio e à autoridade de um homem de bem, servo do amor, como o Sr. Zico.
Ana foi doutrinada, esclarecida.
Submeteu-se à autoridade maior, que vinha, em nome da Caridade, a ela mesma
socorrer. No decorrer do trabalho, Bittencourt explicou que em sua anterior vida terrena
Terezinha envolvera-se em erros graves, tivera uma queda moral forte, contra as leis do Criador,
assim ensejando a expiação que acabava de sofrer.
A partir desse dia Terezinha não mais bebeu.
O Sr. Zico completou o tratamento com uma série de sessões inspirados no verdadeiro
amor fraterno, a fim de retirar as vibrações pesadas que porventura ainda a estivessem
prejudicando.
Convidou- a às suas reuniões doutrinárias e ofertou-lhe, como lembrança do tratamento
que fora realizado, o mais sublime antídoto contra a obsessão:
O Evangelho de Jesus -Cristo!
Em breve tempo Terezinha tornou ao que fora: amável, risonha, elegante, usando as
bonitas sombrinhas contra o Sol, de que tanto gostava.
Era boa mãe, boa esposa, ajudando a recuperação do marido. Nunca mais falaram sobre
o passado, a conselho do Sr. Zico.
Adotaram o Evangelho e a Doutrina dos Espíritos como inspiração para o seu padrão de
vida.
E eu, hoje, recordando esse imenso drama que presenciei há cinquenta anos, em minha
mocidade, lembro-me, comovido, da sábia advertência do amado amigo Bezerra de Menezes:
“(...) a obsessão, de qualquer natureza, ,nada mais é que duas forças simpáticas que se
chocam, e, se conjugam numa permuta de afinidades”
Yvonne Pereira – Revista Reformador – 1981 – Abril – A Estranha Obsessão

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
4.5 Exemplo – Livro – Entre a Terra e o Céu

Os desvarios do ciúme
(...)
Ela (Odila) ainda não se resignou a perder a primazia feminina no lar. Há dois
anos empenho energia e boa vontade por dissuadi-la. Vive, porém, enovelada nos laços
escuros do ciúme e não nos ouve. (15)
Não consegue querer senão o marido, em vista do apego enlouquecedor aos vínculos
do sexo, que a paixão nada faz senão desvirtuar. (27)

Porque não há reação por parte da perseguida encarnada?
Porque a nossa amiga encarnada caiu no mesmo padrão vibratório – Ela também se
devotou ao marido com egoísmo aviltante. ...Pretendia possuir o coração do homem amado,
com absoluto exclusivismo.
Pelo ciúme, criou ao redor de si mesma um ambiente pestilential, em que os seus
próprios pensamentos malignos conseguiram prosperar, assim como um fruto apodrecido
desenvolve em si mesmo os vermes que o devoram. ( 27)

Como ajudar ?
A violência não ajuda. As duas se encontram ligadas uma à outra. Separá- las à
forca seria a dilaceração de consequências imprevisíveis.
A exasperação da mulher desencarnada pesaria demasiado sobre os centros cerebrais
de Zulmira e a lipotimia poderia acarretar a paralisia ou mesmo a morte do corpo. (21)
André Luiz – Entre a Terra e o Céu – Cap. 3

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
4.6 Exemplo – Livro – Libertação

(...)
Margarida, a obsidiada que Gúbio se propunha socorrer, ali estava, mostrando extrema
palidez nas linhas nobres do semblante digno.
A seu lado, dois desencarnados, de horrível aspecto, inclinavam-se, confiantes e
dominadores, sobre o busto da enferma, submetendo- a a complicada operação magnética.
A surpresa maior, porém, ocorreu quando André examinou com atenção a cabeça da
jovem. Interpenetrando a matéria espessa da cabeceira em que descansava, sur giam algumas
dezenas de “corpos ovóides”, de vários tamanhos e cor plúmbea, assemelhando- se a grandes
sementes vivas, atadas ao cérebro da paciente através de fios sutilíssimos, cuidadosamente
dispostos na medula alongada.
A obra dos perseguidores desencarnados era meticulosa e cruel.
(...)
Margarida estava presa não só aos truculentos perturbadores que a assediavam, mas
também à vasta falange de entidades inconscientes que se caracterizavam pelo veículo
mental, a se apropriarem de suas forças, vampirizando- a em processo intensivo.
Verificava- se ali um cerco tecnicamente organizado.
Claro que as formas ovóides haviam sido trazidas até ela por hipnotizadores desen-
carnados.
André observou que todos os centros metabólicos da enferma estavam controlados por
seus verdugos.
A vampirização era incessante.
(...)
Margarida, que se empenhava em viver no corpo, faminta de redenção, estava sendo
constrangida ao retorno à pátria espiritual, a mando de Gregório.

"Tenho necessidade do alimento psíquico que só a mente de Margarida me pode
proporcionar".

Gregório disse que era muito tarde e justificou-se dizendo que o caso de Margarida
estava definitivamente entregue a uma falange de sessenta servidores , sob a chefia de duro
perseguidor que odiava a família da moça.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
A solução cabal poderia ter sido alcançada em poucas horas, com sua desencarnação,
mas ele não queria que ela lhe voltasse às mãos trazendo a revolta, o desespero e o fel de vítima.
Ela deveria ser torturada como o torturara no passado; padeceria humilhações sem
nome e desejaria a própria morte como valioso bem.
Os raciocínios dela estavam sendo conturbados, pouco a pouco, e o tra balho de
imantação para a morte estava quase concluído.
Um dos perseguidores presentes lhe aplicou energias torturantes ao longo dos olhos ,
que passaram a denunciar fenômenos alucinatórios.
Dos olhos, o magnetizador passou a cuidar das células auditivas, carregando- as de
substância escura, como se estivesse doando combustível a um motor.
Segundo sua avaliação, a enferma já recebera material de prostração para trinta
horas consecutivas.

André Luiz – Libertação – Cap. 9

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
4.7 Exemplo – Livro – Loucura e Obsessão


Soube – explicou o jovem – que, talvez, um trabalho de vossa parte me pudesse aliviar
o sofrimento, já que não creio seja possível arrancá-lo de mim, por entender que sou um ser
feminino numa forma masculina, graças a um sortilégio da Divindade, que não consigo
entender.
O que sei é que necessito de uma tábua qualquer de salvação, mesmo que imaginária,
qual náufrago que, em se debatendo na procela, se agarra a uma navalha que lhe dilacera as
carnes, mas que é a única possibilidade de salvação ao seu alcance.”
Manoel Philomeno de Miranda - Loucura e Obsessão - Cap. 5

Lício era um ser com inclinação feminina em um corpo de rapaz. Por que procurou
ele ajuda espiritual?
Depois de expor os conflitos de ordem sexual que o acometiam, Lício disse à Mentora:
“Creio em Deus e na alma, razões que me afligem a consciência, ante os tormentos que me
assaltam. Valeram, indago-me, os parcos minutos de relax e prazer em relação aos dias e noites
de ansiedade e incerteza?
E depois, quando a morte advier, sempre penso, o que acontecerá, como será?”
Concluída a narração, ele disse à Benfeitora que estava ali para pedir socorro!
“Soube – explicou o jovem – que, talvez, um trabalho de vossa parte me pudesse aliviar
o sofrimento, já que não creio seja possível arrancá-lo de mim, por entender que sou um ser
feminino numa forma masculina, graças a um sortilégio da Divindade, que não consigo
entender.
O que sei é que necessito de uma tábua qualquer de salvação, mesmo que imaginária,
qual náufrago que, em se debatendo na procela, se agarra a uma navalha que lhe dilacera as
carnes, mas que é a única possibilidade de salvação ao seu alcance.”
Manoel Philomeno de Miranda - Loucura e Obsessão - Cap. 5

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Que ocorreu no passado de Lício que justificasse sua atual condição?
Segundo a Mentora espiritual que o atendeu, nas três últimas reencarnações Lício viveu
experiências femininas, utilizando-se de corpos desse gênero.
Na antepenúltima, enredou-se numa trama que a paixão insensata fez enlouquecer.
Logo depois, recomeçou para liberar-se das consequências danosas que lhe
permaneciam como insegurança e necessidade, vindo a fracassar de forma rude.
Não há muito, utilizou- se de toda a força que a atração física lhe emprestava, para
usufruir e malsinar vidas que hoje se lhe enroscavam, perturbando- lhe a marcha.
Consequência direta disso, os efeitos emocionais lhe dilaceraram as fibras sensíveis da
aparelhagem espiritual que modelaram um corpo-presídio, no qual a forma sofre o tormento da
essência e vice- versa.
Manoel Philomeno de Miranda - Loucura e Obsessão - Cap. 6

Quem foi no passado o tio que o levou à homossexualidade?
O tio pervertido era uma companhia antiga, do mesmo grupo de perversão de que Lício
participara. Como se vê, ele não teve resistências morais para vencer os impulsos físicos,
provenientes dos refolhos do ser viciado, que soube identificar, embora sem entender, a antiga
companheira de alucinação.
Em seu desvario, ele esteve inspirado por um adversário desencarnado de ambos – dele
e de Lício – que aguardava ensejo para vingar-se, na condição de esposo traído e vilipendiado
pelos dois.
Manoel Philomeno de Miranda - Loucura e Obsessão - Cap. 6
Qual a causa dos problemas enfrentados por Lício, o jovem homossexual, e seu tio
Nicomedes?
Lício e Nicomedes – que em existência anterior se chamavam, respectivamente, Annette
e Henri – foram amantes naquela ocasião, quando então traíram a confiança de Filipe, esposo
de Annette.
Devido a esse fato, Filipe desafiou Henri a um duelo, no qual foi morto.
Começou então um processo de perseguição em que os dois Espíritos se envolveram e
que continuava até o presente.
Tendo sido mulher e usado seus dotes feminis para a prática do sexo com o amante e
com diversos outros parceiros, Annette reencarnou em um corpo de homem, observando- se aí
o processo que alguns autores – como André Luiz e Emmanuel – chamam de inversão sexu al.
Manoel Philomeno de Miranda - Loucura e Obsessão - Cap. 15

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Na existência seguinte, os três personagens se encontraram?
Sim. Annette voltou a consorciar-se com Filipe, que se chamou então, nessa existência,
Fagundes Ribas.
O propósito do reencontro era a harmonização entre os três, porque Henri novamente
apareceria na vida do casal.
A ideia não deu certo, porque Annette e Henri traíram de novo a confiança de Filipe
(Fagundes Ribas) e fugiram do seu lar, tomando rumo desconhecido.
Manoel Philomeno de Miranda - Loucura e Obsessão - Cap. 15

Com a intervenção dos benfeitores espirituais, os três conseguiram reconciliar- se?
Sim. Para isso foram fundamentais a ação do dr. Bezerra de Menezes e o pedido de
perdão feito por Annette ao ex- marido.
A esse pedido, Filipe respondeu: “Não posso perdoar, no entanto, dê-me tempo e este
me ajudará a desculpar.
Pelo menos, não a perseguirei, caso eu encontre algum apoio em qualquer lugar onde
me possa acalmar”.
Foram traçados os planos para que o processo pudesse ter, enfim, um final feliz.
Filipe iria reencarnar como filho de Henri – o mesmo Nicomedes, tio de Lício.
A Henri, dr. Bezerra disse: “Ele volverá aos teus braços com imensa carência de amor
e o receberás com ternura, liberando-te do mal que, na tua área genésica, na próstata, está
preparando campo para uma neoplasia maligna...
A tua conduta moral apressará, ou não, o surgimento do câncer, ou o impedirá.
Serás o autor dos teus futuros dias. Por consequência, respeita e ajuda Annette, na forma
de sobrinho inquieto.
Auxilia-a a ajustar-se e não tornes à viciação”.
A Lício, o Benfeitor propôs: “Recordarás de grande parte destas ocorrências, embora
com algumas lacunas. As lembranças te ajudarão a frear os impulsos da perversão.
Canaliza as forças sexuais da tua juventude noutra direção, em labores dignos que te
promoverão a paz, contribuindo para a liberação dos teus problemas”.
Manoel Philomeno de Miranda - Loucura e Obsessão - Cap. 15

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Equilibrado moralmente, após haver recebido socorro espiritual do grupo dirigido
por D. Emerenciana, que tarefa foi por ela sugerida ao jovem Lício?
A Mentora lhe disse que agora era indispensável pensar em reparação.
Socorrer os que foram prejudicados, soerguê-los do abismo onde se demoram, por culpa
de quem agiu erradamente em relação a eles, é parte importante do programa de renovação
pessoal do candidato à recuperação moral.
Fagundes Ribas, enfermo pelo ódio, deveria ser ajudado pelo amor, de modo a reencetar
a marcha com melhores disposições espirituais.
Em face dessas palavras, o rapaz indagou, interessado: “Que fazer, então, abençoada
Mensageira? ”
Emerenciana explicou-lhe que nas ocorrências do porte que o afligiam quase sempre se
encontra a presença de embrionária faculdade mediúnica que serve de instrumento para o
desforço das vítimas, como sucede, aliás, em quase todos os episódios obsessivos, faculdade
essa que pode ser educada, canalizando-a para o bem.
Lício entendeu o recado: ele era médium! E sua mediunidade estava numa fase própria
para ser educada para o serviço do bem e do seu próprio crescimento espiritual.
Manoel Philomeno de Miranda - Loucura e Obsessão - Cap. 23
A homossexualidade pode ser desencadeada ou influenciada por um processo
obsessivo.
Existem muitos casos de obsessão sexual em que o indivíduo é arrastado para um
relacionamento com alguém da sua mesma polaridade física.
O adversário desencarnado, que foi profundamente lesado pela sua vítima de agora,
induz este indivíduo a um relacionamento homossexual que é angustiante para ele.
O objetivo é cobrar a dívida desencadeando agressões ao equilíbrio sexual do devedor.
Como este Espírito está imantado ao campo da aura do seu hospedeiro psíquico, ele passa a
experimentar as sensações, emoções e desejos daquele a quem manipula, inclusive nos
momentos de relacionamento sexual que a vítima estabeleça com um parceiro.
Divaldo Franco - Sexo e Consciência - Cap. 7
(...) Ele me contou que o rapaz a quem ele perseguia havia sido sua amante há menos
de cinquenta anos, cuja conduta moral foi muito perturbadora.
O Espírito interrompeu por um instante o seu depoimento e logo depois voltou a falar:
— se neste momento ele se apresenta como um homem, isso não muda nada. Ela veio
fantasiada de homem e procurou um casamento de mentira! Mas eu vou cobrar porque o seu
amante sou eu! Aliás, quando ele se entrega ao prazer eu desfruto. E vou levá-lo à morte! Vou
lhe causar uma frustração tão intensa que o fará suicidar-se.
Divaldo Franco - Sexo e Consciência - Cap. 7

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
4.8 Exemplo – Livro – Nos Bastidores da Obsessão

Naquela noite, o primeiro caso seria o julgamento de José Marcondes Effendi, 21 anos,
ainda encarnado. Uma testemunha historiou os acontecimentos. Sessenta anos atrás, José
tramara a morte da entidade que ali comparecia como testemunha. O crime foi por motivo
torpe. José, que na época era uma mulher, combinou com seu amante a morte do próprio marido,
um crime que não foi descoberto pela justiça terrena.
Após muitos anos, a vítima se viu diante de um jovem de 10 anos aproximadamente:
era sua esposa reencarnada em corpo de homem. O processo obsessivo começou ali e acabou
gerando um doloroso caso de homossexualismo, assim explicado pelo obsessor: Identificando
nela (em corpo de homem, agora) as tendências guardadas da vida anterior, em que as
dissipações atingiram o auge, seria fácil perturbar- lhe os centros genésicos, através da
perversão da mente inquieta, em processo de hipnose profunda, praticada por técnicos
desencarnados.
Com a ajuda de um hipnotizador indicado por Teofrastus, foi fácil modificar -lhe o
interesse e inclinar-lhe a libido em sentido oposto ao da lei natural, já que o seu corpo era
masculino, produzindo irreparável distonia nos centros da emoção. Daí por diante, o obsessor
associou-se à sua organização física e psíquica, experimentando as sensações que lhe eram
agradáveis e criando um condicionamento em que seus interesses passaram a ser comuns. O
ódio se converteu em estímulo de gozo, imanando- os em processo de vampirização em que
o espírito se locupleta e, ao mesmo tempo, destrói sua vítima, atirando- a cada vez em charco
mais vil, até que o suicídio seja sua única saída.
O rapaz aprendeu a orar, fugindo à sua influência. Foi com a ajuda de Teofrastus,
que conseguiu induzi-lo a novos erros, que aconteceu o ensejo de trazê-lo até o Anfiteatro
naquela noite, onde seria realizada a intervenção cirúrgica sugerida por Teofrastus. "Iremos
fazer uma implantação de pequena célula fotoelétrica gravada , de material especial, nos
centros da memória do paciente", explicou Teofrastus. Operando sutilmente o perispírito ,
aquele pequeno dispositivo faria com que uma voz lhe repetisse insistentemente a mesma
ordem: "Você vai enlouquecer! Suicide- se". Transcorridos dez minutos, a cirurgia estava
concluída.
Manoel Philomeno de Miranda - Nos Bastidores da Obsessão – Cap. 8

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
De rosto cruel, adornado de barba rala, à moda oriental, olhos avermelhados e grandes,
testa larga e cabeleira abundante, o antigo mago grego parecia estar em permanente ira,
transmitindo medo e pavor aos circunstantes.
Glaucus e os demais são recebidos em entrevista e avisam que vêm por recomendação
de Guilherme. Em seguida, Glaucus fala no nome de Henriette Marie de Beauharnais.
Essas palavras despertam em Teofrastus sentimentos contraditórios. Furioso e
envolvido por grande ódio, avançou sobre Glaucus, como se fosse aniquilá-lo.
O Benfeitor permaneceu sereno e confiante, apesar da rispidez com que Teofrastus o
tratava. Disse- lhe então que Henriette necessitava de seu socorro e que ele e seus amigos ali
estavam em nome de Jesus.
O Chefe do Anfiteatro ficou possesso e respondeu dizendo que, ali, o nome de Jesus é
maldito e detestado; mas não conseguiu, embora desejasse, amedrontar ou ferir quaisquer dos
visitantes. Glaucus explicou- lhe, serenados os ânimos, que Henriette se encontrava em doloroso
processo de vampirização, vitimada por elementos da própria Organização dirigida por
Teofrastus.
Manoel Philomeno de Miranda - Nos Bastidores da Obsessão – Cap. 9
(...)
Para convencer o seu interlocutor de que dizia a verdade, Glaucus historiou o drama
vivido por Henriette nos idos do século XV, quando fora a amada de Teofrastus.
Este pede, sob ameaças, que seja informado o local onde ela se encontra, mas Glaucus
não o atende, explicando que sua tarefa ali era conseguir a ajuda do Chefe do Anfiteatro para
libertar Henriette.
Para tanto, seria necessário que ele os acompanhasse numa visita que seria feita, em
seguida, à antiga companheira do mago grego, presentemente internada num Lazareto, que
albergava mais de 200 portadores do mal de Hansen.
A cena no leprosário era confrangedora. Três mulheres hansenianas encontravam-se a
dormir, assistidas por pequena malta de obsessores impiedosos que as dominavam.
Estes mantinham- se em guarda, invectivando e atormentando os Espíritos das enfermas
semi-desligadas do invólucro físico e quase tresloucadas de angústia.
Henriette contava menos de 20 anos na presente existência e, embora muito magra e
desfalecida, a doença não produzira nela os sinais da sua presença.
Saturnino aplicou passes na jovem, despertando- a e libertando seu Espírito do obsessor
implacável que a vampirizava.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Depois, o benfeitor espiritual atendeu às demais internas, afastando do recinto os seus
adversários desencarnados.
Manoel Philomeno de Miranda - Nos Bastidores da Obsessão – Cap. 9
(...)
A moça relanceou o olhar pelo recinto e, ao ver Teofrastus, foi acometida de súbito
choque, desejando evadir-se. Assistindo-a carinhosamente, Glaucus vitalizou-a com fluidos
calmantes e sugeriu que o ex-mago se aproximasse.
O chefe do Anfiteatro não conseguiu evitar um choro convulsivo.
A jovem pareceu registrar a voz de seu amado que a chamava pelo antigo nome e
respondeu: - "Quem me chama? Que desejam de mim?"
E, à medida que despertava para o passado longínquo, seu perispírito registrava os sinais
das tragédias que lhe sucederam através do tempo, apresentando- se consideravelmente mudada,
envelhecida, com as marcas da desencarnação e as características da antiga personalidade.
Henriette relatou, então, os episódios que se seguiram à morte de Teofrastus, levado à
fogueira da Inquisição, na praça do Mercado Velho, em Ruão (França), no final do século XV.
Ela se refugiara desde aqueles dias em um Convento, buscando o esquecimento e o
abandono de tudo. Fora seu próprio confessor quem tramara tudo, com um único objetivo: tê-
la para si mesmo, porquanto se encontrava avassalado pelas paixões.
Algum tempo depois, ele relatou- lhe a sua furiosa paixão, dizendo ter sido ela o móvel
de toda a desgraça que o levara a montar o processo inquisitorial que levou Teofrastus ao
sacrifício, em nome da fé e da religião...
O ódio que dela se apossou foi superior a tudo que se possa imaginar.
Investida dos hábitos da Ordem a que se recolhera, ela o fez acreditar que se submeteria
aos seus caprichos e, quando visitada pelo exconfessor, serviu-lhe vinho a que adicionara
violento veneno.
Enquanto o padre se retorcia na dor, ela lhe manifestou o sentimento de desprezo e de
horror que nutria por ele e, ali mesmo, também sorveu o veneno que a consumiu, sem, no
entanto, matá-la, porque – tão logo se reconheceu no mundo dos Espíritos – reencontrou sua
vítima, que a esperava.
Manoel Philomeno de Miranda - Nos Bastidores da Obsessão – Cap. 9

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
(...)
Os sofrimentos que aguardavam a assassina são inenarráveis.
Foram sucessões de noites em que parecia viajar ao inferno mil vezes, e dele retornava,
ora vencida por forças satânicas, dentre as quais o ex-confessor se destacava, ora possuída pelo
vermina que corrói e destrói progressivamente, para depois tudo recomeçar de novo,
incessantemente, doloridamente...
Naquele momento mesmo, a jovem relata: "agora eu o sinto na sua ronda vingadora e o
vejo devorando- me por dentro – eu que o odeio sem remorso –, enquanto a doença me destrói
por fora".
A seu turno, Teofrastus descreveu-lhe sua triste sina, fazendo-se rei de domínios em que
o horror predomina sobre a piedade e em que a vingança é a lei de toda hora.
Contou- lhe então que, ferido, retornou ao local onde viveram e buscou- a, sem jamais
lograr encontrá-la.
Não soubera que ela havia fugido pelo caminho do suicídio, em cujo curso ele não tinha
meios de interferir, já que o suicídio – lembrou – se depara com outras construções da justiça.
Relatou, porém, que se vingara do Bispo de... e outros asseclas seus, longe de saber que
o causador de tudo fora o confessor de sua amada.
Promete-lhe, no entanto, vingança, ao que Glaucus responde que só o amor resolve o
problema do ódio.
"Quando parareis?", indaga -lhe Glaucus.
"A queda não tem patamar inferior: sempre se pode baixar mais..."
O benfeitor explicou- lhe, nesse ensejo, que a ideia de desforço fará com que ele e
Henriette se separem outra vez. Além disso, o algoz a quem ambos odeiam, foi também sua
vítima no passado, à espera de perdão, para igualmente perdoar.
O infeliz desde há muito perdeu a faculdade de discernir. Escravo do ódio, é vítima dele
mesmo. Feri-lo é arrematada loucura.
Ajudá-lo é ajudar a si mesmo; socorrê-lo com a piedade significa libertar-se.
Manoel Philomeno de Miranda - Nos Bastidores da Obsessão – Cap. 9

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
E a lepra, que parecia consumir a jovem Ana Maria (nome atual de Henriette)?
Como curá-la?
Tais dúvidas levantadas pelo amado de Ana Maria foram sanadas por Glaucus.
Na verdade, a lepra era uma enfermidade simulacro , produzida pelas descargas
constantes de seu algoz desencarnado .
De mente consumida pela perturbação que a si mesma se vinha impondo , a jovem
sincronizou com o verdugo que a atormentava e, amolentada pelas vibrações hipnóticas do seu
antagonista, começou a experimentar as falsas impressões do mal de Hansen – conforme
desejo do seu inimigo –, sendo atirada à colônia em que vivia, em quase total abandono, para
que a vindita a levasse ao suicídio.
Manoel Philomeno de Miranda - Nos Bastidores da Obsessão – Cap. 10

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
4.9 Exemplo – Livro – Tormentos da Obsessão

A Entidade, que insistia em me afligir , estava- me vinculada por fortes laços do passado
próximo, quando fora molestada pela minha irresponsabilidade e não se encontrava
interessada em liberar-me com facilidade da sua sujeição. Tornava- se indispensável que,
mediante a minha reforma intima demonstrasse-lhe a mudança que se operara dentro de
mim, e do esforço empreendido para reparar os males que lhe houvera feito.(79)
Manoel Philomeno de Miranda – Tormentos da Obsessão – Cap. 5
(...)
Concomitantemente, continuei participando das atividades da Juventude, porem,
quase indiferente pelo estudo da Doutrina e a sua incorporação interior na conduta diária.
O ambiente tumultuado da Faculdade, as minhas predisposições para comprometimentos na
área sexual, facultaram-me compromissos perturbadores e vinculações com Entidades
enfermas que enxameiam nos antros de prostituição, nos Motéis da moda, frequentados por
semelhantes encarnados que ali dão vazão aos seus instintos primários e tendências pervertidas.
(80)
Tornei-me, desse modo, portador de psicofonia atormentada, que o carinho dos
dirigentes encarnados e espirituais tentaram a todo esforço equilibrar, mas as minhas
inclinações infelizes dificultavam esse saudável empreendimento. ( 80)
Manoel Philomeno de Miranda – Tormentos da Obsessão – Cap. 5

(...)
... um ano após o casamento passei a experimentar inexplicável impotência sexual,
gerando- me graves conflitos e dificuldades em torno do relacionamento conjugal....
O especialista nada detectou na minha constituição orgânica, que justificasse o
problema, encaminhando-me a um sexólogo que, inadvertidamente, me recomendou
extravagante terapia, perturbando- me além do que já me encontrava transtornado.(83)
Nesse período, em que a mente se encontrava agitada, passei a vivenciar sonhos
eróticos, nos quais a lascívia me dominava, particularmente com uma mulher que se me
apresentava, ora linda e maravilhosa, noutros momentos, desfigurada e perversa. Muitas vezes
arrastava- me a antros de perversão, onde me sentia exaurir. (84)
Manoel Philomeno de Miranda – Tormentos da Obsessão – Cap. 5

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
(...)
Participando das reuniões mediúnicas de socorro aos desencarnados, fui instrumento de
terrível comunicação...Trava-se de Entidade feminina que se dizia minha vítima, de quem
abusara, explorando- a sexualmente até arruiná-la. Pior do que isso, informava que eu era
casado naquela ocasião, mas vivia clandestinamente com jovens seduzidas em orgias e
alucinações. Não fora ela a primeira. (84)
Terminada a reunião, fui elucidado quanto aos meus deveres imediatos em favor da
libertação, beneficiando o Espírito infeliz, quanto a mim próprio.
(...)
No entanto, os vícios do pretérito tornaram-se-me grilhões indestrutíveis, que eu
não conseguia romper. Mantendo a mente aturdida pelos desejos que o corpo não atendia,
lentamente derrapei em perigosa depressão , que se tornou grave..., ao ponto de recusar -me
prosseguir nas atividades espirituais e profissionais, mergulhando no fosso profundo e
escuro da subjugação, que poderia ter sido evitada, caso me houvesse resolvido pela luta.(86)
Naquele transe, sob a indução cruel, que me houvera conduzido ao transtorno
psicótico-maníaco- depressivo, em uma noite de alucinação, porquanto podia ver a mulher-
verdugo de minha existência e os seus asseclas, fui induzido a ingerir algumas drogas de
sonífero, quase automaticamente, sem qualquer reflexão, a fim de apagar da mente aqueles
terríveis pesadelos e libertar-me dos vergonhosos doestos que me atiravam a face, humilhando-
me, escarnecendo-me, e sempre mais ameaçando.
À medida que se as substâncias passaram a atuar no meu organismo, um cruel torpor e
enregelamento tomou- me todo, produzindo- me a parada cardíaca, e a desencarnação. (87)
Manoel Philomeno de Miranda – Tormentos da Obsessão – Cap. 5

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
4.10 Exemplo – Livro – Recordações da Mediunidade

A jovem Marta G. R. consorciara-se, ao que se dizia, por muito amor, com seu primo P.
S. R.
Cerca de quinze dias depois do matrimônio, no entanto, a desposada sentiu- se mal,
afirmando que um vulto masculino se aproximava dela durante a noite, através do sonho, e
amarrava- a totalmente, enrolando- a fortemente com cordas, dos ombros aos tornozelos.
Impressionava-se muito com tais sonhos e passara a viver assediada por terríveis
angústias e pavores.
Se a família de Marta procurasse tratá- la pelo psiquismo, logo aos primeiros sintomas
do mal, talvez que este pudesse ser remediado a tempo. Mas, em vez de encaminhá- la a um
Centro Espírita, seu marido levou- a a um consultório médico.
O mal progrediu rapidamente, não obstante os medicamentos prescritos, e, dentro em
pouco, a pobre Senhora tornou- se inteiramente tolhida pelos amarrilhos de cordas.
Passou a viver retesada, braços colados ao corpo, endurecidos, como se as cordas
invisíveis os tolhessem nos movimentos; nada podia fazer porque —dizia — estava enrolada
com as ditas cordas; dificilmente se sentava e caminhava arrastando os pés como se, realmente,
os tivesse atados pelos tornozelos, e, para alimentar-se, necessitava que outrem lhe levasse a
iguaria à boca.
Assim mesmo era que dormia, retesada; para higienizá- la era necessário o concurso de
três ou mais pessoas, as quais só com extrema dificuldade o conseguiam.
Finalmente, a jovem deixou de falar, tornando-se muda. Então, levaram-na ao Centro
Espírita de Lavras, provindos de certa localidade às margens do Rio Grande.
Tratava-se, como bem se percebe, de uma obsessão exercida pela sugestão, ou hipnose,
durante o sono, tipo dos mais graves que conhecemos. A obsidiada se entregava, sem tentar
reações, pois, com efeito, difícil lhe seria reagir contra uma força maléfica de tal natureza.
Feita a consulta aos assistentes espirituais do núcleo, foi declarado por estes que o mal
era incurável, tipo de obsessão odioso, por vingança de ofensas passadas e ciúmes
passionais, e que a paciente sucumbiria ao dar à luz, pois se encontrava nos primeiros meses
da sua primeira gravidez.
Mas que nem por isso a abandonássemos: cumpria assisti-la com um tratamento de
passes constantes e instrução evangélica, e que perseverássemos em súplicas pelo obsessor,
porque não seria vão o nosso esforço: seria sementeira caridosa para florescências futuras e
alívio do presente.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
A jovem Marta era órfã de mãe. Bem cedo o marido cansou- se de viver junto da esposa
inútil.
Desinteressou-se dela e da enfermidade. Restava, porém, o pai, amoroso e cheio de
compaixão. Ainda assim, a situação era insustentável e a enferma foi internada em conhecida
Casa de Saúde espírita, onde recebeu tratamento médico e espírita adequado, mas em vão.
O obsessor jamais consentiu em algo dizer a nos outros porque tão odiosamente agia.
Limitava-se a declarar que a jovem lhe pertencia, que era sua esposa e não do
“outro”.
Assistia às sessões, apossava-se do médium, era nitidamente visto pelos médiuns
videntes, que o distinguiam como varão jovem, elegantemente trajado conforme o início do
século passado, com punhos de rendas, mas cujas feições duras denotavam ódio imoderado.
Nada houve que o convencesse a nos dirigir a palavra e sugestionava a enferma para
que, como ele, se tornasse muda e nada dissesse a respeito do caso.
E, com efeito, a paciente sucumbiu na época do seu sucesso.
Não havia condições físicas para o nascimento da criança, e, porque se tornasse muda,
não foi possível saber o que sentia, tornando assim impossível que tentassem uma operação
Cesariana.
Piedosos, respeitando o terrível passado espiritual daquela sofredora Marta, os Guias
Espirituais se furtaram às explicações que desejaríamos obter.
Aliás, eles somente costumam narrar os grandes dramas, vividos por seus pupilos, em
romances ou contos de alta moral. Mas como o médium possui poderes vibratórios capazes de
captar o noticiário que esvoaça na aura dos Espíritos seus comunicantes, e como não lhe foi
ordenado que guardasse segredo no presente caso, porque a Humanidade precisa conhecer essas
impressionantes verdades a fim de meditar sobre elas, descobrimos que o móvel da terrível
possessão fora o adultério feminino praticado em existência pa ssada, adultério que o esposo
ultrajado, amoroso, mas ciumento, não soubera perdoar, e como adultério interpretando também
o atual matrimônio de Marta.
Por sua ver, esta teria prometido fidelidade ao antigo esposo, no intuito de se livrar da
sua perseguição, antes da atual encarnação, ou seja, durante o estágio de ambos na vida
espiritual, sem contudo cumprir a promessa por circunstâncias prementes do pr óprio estado de
encarnação, e agora, durante o sono, com a consciência pesada e certa da culpa, entregara- se ao
castigo, sem tentar reação.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Quanto ao nascituro, que certamente sofreu reflexos vibratórios, parece-nos haver-se
complicado em drama do passado, pelo menos assim nos autoriza a crer, em vista de casos
congêneres, descritos em obras mediúnicas já do domímo público. Contudo, jamais obtivemos
instruções positivas a respeito do mesmo.
Interrogará o leitor: Como tais casos podem acontecer dentro das leis superiores do
Amor, estatuidas pelo Ser Supremo?
E a resposta virá, simples e concisa: Tudo isso será consequência de infrações às
mesmas leis, efeitos lamentáveis de causas lamentáveis, frutos do livre arbítrio mal orientado
de cada um.
Yvonne Pereira – Recordações da Mediunidade – Cap. 10 – O Complexo Obsessão

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
4.11 Exemplo – Livro – Sexo e Consciência


A homossexualidade pode ser desencadeada ou influenciada por um processo obsessivo.
Existem muitos casos de obsessão sexual em que o indivíduo é arrastado para um
relacionamento com alguém da sua mesma polaridade física.
O adversário desencarnado, que foi profundamente lesado pela sua vítima de agora,
induz este indivíduo a um relacionamento homossexual que é angustiante para ele.
O objetivo é cobrar a dívida desencadeando agressões ao equilíbrio sexual do devedor.
Como este Espírito está imantado ao campo da aura do seu hospedeiro psíquico, ele
passa a experimentar as sensações, emoções e desejos daquele a quem manipula, inclusive nos
momentos de relacionamento sexual que a vítima estabeleça com um parceiro.
Nos anos 1970, procurou-me na Mansão do Caminho um jovem que era um pouco mais
velho do que eu e que ocupava uma posição social relevante na cidade de Salvador.
Ele se dizia homossexual e afirmava sofrer um grave preconceito. Todo preconceito é
sempre cruel, mas naquele tempo era ainda mais doloroso do que hoje, salientando que muito
daquilo que era publicamente combatido também era praticado às ocultas, o que torna o
fenômeno ainda mais lamentável porque é acrescido de uma boa dose de hipocrisia.
Desta forma, o rapaz falou-me sobre a sua orientação homossexual e me contou algo de
estarrecer. Afirmou que já havia consultado um psicólogo, que lhe havia recomendado assumir
seus desejos sem receio. Mas ele era casado e tinha filhos, o que conferia maior soma de
sofrimento para o seu drama pessoal. Aliás, ela havia procurado o casamento exatamente para
poder escamotear o seu conflito. Além disso, ele ocupava uma posição relevante na sociedade,
uma posição de destaque na empresa e o respeito dos seus familiares.
Sua narrativa deu-se nos seguintes termos:
— Divaldo, existem dias em que me sobe uma sede, uma febre, um tormento... E eu
saio para caçar! Como eu sou uma pessoa de sociedade, de certo nível cultural, eu tenho o meu
padrão. Então eu vou ao clube que frequento ou vou a determinados lugares onde encontro
pessoas do meu nível social. Mas quando eu não acho companhia o desespero me assalta e eu
vou descendo de patamar sócio-intelecto-moral até que, pelas ruas, eu encontro aventureiros a
quem eu pago para me satisfazer.
Quando eu termino me vem a ideia do suicídio.
Atingi o máximo da degradação!
Desejo matar-me porque eu sei que não tenho coragem para enfrentar meus filhos!
É um conflito terrível!

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Quando ele resolvia buscar aventuras e depois voltava para casa, após o surto (palavra
que ele mesmo utilizou), sentia -se sujo e preferia deitar-se no chão em vez de dormir na cama.
Justificava este comportamento para a sua esposa afirmando que estava fazendo uma
penitência. Por mais que se banhasse com rigor, nada o fazia sentir-se higienizado.
Como consequência, nessas ocasiões ele não mantinha relacionamento íntimo com sua
esposa, pois se sentia um ser abjeto.
Seu sofrimento era agravado pelo fato de se preocupar em não revelar nada aos filhos.
Ele ficava imaginando como seria quando os filhos soubessem do seu comportamento ou
quando seu segredo caísse na impiedosa boca popular. Por isso estava a ponto de se suicidar,
sobretudo porque a sua posição social ficaria abalada, razão pela qual recorria ao Espiritismo
como última alternativa.
É claro que as transformações culturais ocorridas na segunda metade do século XX
fizerem esta carga brutal de preconceito cair por terra.
Naquele tempo eu ainda não tinha um conhecimento mais pronunciado sobre as
questões sexuais à luz da Doutrina Espírita, que os anos e a experiência me deram
posteriormente, ao lado de obras específicas que psicografei e que contribuíram para que eu
compreendesse melhor esses conflitos que atingem o ser humano.
Eu disse ao rapaz que iria orar para receber dos amigos espirituais uma orientação sobre
o que lhe dizer.
Enquanto nós conversávamos, eu vi um Espírito muito perturbador que o assessorava,
revelando um aspecto vampiresco e cruel. Deduzi que era um compromisso negativo do
passado.
Envolvi-me numa onda de ternura por aquele jovem. Eu o aconselhei bastante e sugeri
que ele fizesse a terapia dos passes, a transmissão de bioenergia. Sugeri também que quando
ele estivesse muito desesperado, fizesse a aplicação do autopasse, para que tirasse do centro
cerebral do períspirito (da memória, portanto) as lembranças truanescas. Eliminando as
reminiscências negativas e orando a Deus ele seria socorrido.
Falei-lhe que voltasse à nossa Casa, se lhe aprouvesse, para ouvir as reuniões, pois isso
seria uma psicoterapia. Lembremo-nos de que a reunião doutrinária é uma verdadeira terapia
de grupo, pois enquanto estudamos e elucidamos questões diversas, estamos solucionando
dramas pessoais ou coletivos.
Ele voltou e se tornou assíduo, melhorando ao longo dos meses.

70
A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Depois de várias semanas frequentando a nossa instituição ele me disse, eufórico:
— Divaldo, os meus surtos, que eram semanais, estão mais espaçados. Eu estou há quase
um mês sem ter nenhuma crise.
Em todas as reuniões nós conversávamos um pouco.
Neste ínterim, eu comecei a cultivar por ele um estranho sentimento de animosidade, de
antipatia, que se somava a um mal-estar físico quando eu estava na sua presença. Como eu
sempre fui alegre e jovial estranhavam-me aquele sentimento e aquela sensação perturbadora.
Quando eu o avistava na fila para conversar conosco emergiam imediatamente aqueles
sintomas inexplicáveis.
Quando ele se aproximava eu me esforçava para atender a sua necessidade e o envolvia
em ternura, conseguindo reverter à situação inusitada e atendê-lo com tranquilidade.
Quatro ou cinco meses depois eu passei a ter outros sintomas orgânicos mais agudos.
Desenvolvi um desconforto digestório, como se fosse um distúrbio gástrico ou hepático
sem causas detectáveis. Quando encontrava o rapaz na fila eu sentia náuseas intensas, ao mesmo
tempo em que uma angústia inusitada tomava conta das minhas emoções.
Certo dia ele nos visitou e os sintomas reapareceram de forma acentuada. Conversei
com ele com certo esforço. Quando ele saiu, eu continuei com aquele estado orgânico
desagradável e com certo mau humor.
Nos dias que se sucederam o mau humor periodicamente me visitava. Por três ou quatro
dias o mau humor e a indisposição me perturbaram. Mas eu estava gozando de saúde e me
encontrava muito bem com a minha consciência, dentro dos meus limites.
Depois de reflexionar muito e de deter-me para descobrir a causa profunda daquela
situação, eu concluí que se tratava de uma interferência mediúnica. Mesmo vigiando e orando
eu estava sendo acometido de uma investida do plano espiritual inferior.
Resolvi orar.
Como disse São João da Cruz: “Fugi para o silêncio da minha alma”.
Concentrei-me bastante e orei, pedindo a Jesus e aos bons Espíritos que lançassem luzes
sobre a questão. Quando eu estava no auge da oração, nesse estado de parcial desprendimento
do corpo, eu vi quando aquela entidade vampirizadora, com aspecto sombrio, acercou-se-me e
desafiou-me com palavras muito venais.
O Espírito dirigiu-se a mim nos seguintes termos:
— Vou perturbá-lo porque você está me perturbando!

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Eu não associei de imediato as suas palavras à situação. E lhe respondi:
— Mas, meu irmão, eu o vi apenas em companhia de um amigo. Em que eu o estaria
perturbando?
— Quero dar-lhe um conselho: deixe o meu escravo e siga o seu caminho sem interferir
nos meus planos!
Ao declarar que eu não sabia quem era o seu escravo ele resolveu explicar-me,
utilizando uma metáfora muito ardilosa:
— Meu escravo vivia comigo numa ilha, a ilha do prazer e da fantasia. No início ele
desejou fugir, mas não tinha para onde. A ilha era pequena e à volta tudo eram perigos.
Subitamente ele grita para a outra margem e alguém lança uma ponte, que se inclina do
continente e faz surgir uma alternativa para o meu escravo. Ele está fugindo e eu não consigo
detê-lo, pois a atração do continente é maior do que o seu desejo de permanecer ao meu lado
na ilha. O meu escravo já está mais próximo de sair da ilha do que de ficar. Desta forma eu não
vejo outra solução a não ser destruir a ponte!
— Eu sinto muito, mas não entendi nada do que o senhor falou...
Como os meus recursos intelectuais são muito reduzidos, eu gostaria que o senhor
falasse com mais clareza.
— Então eu vou explicar. Eu vivia com fulano na minha ilha. Eu o uso de todas as
formas que achar conveniente. Ela foi a minha mulher e deve continuar como minha amante.
Ela é minha, embora tenha vindo mascarada num corpo masculino para se disfarçar.
Ela me traiu, menosprezou a minha confiança. Agora eu a reencontrei e a induzi
psiquicamente a voltar à antiga posição de minha amante!
No início eu fazia por vingança, mas agora experimento um enorme prazer!
Uma declaração como essa nos faz ver a que ponto chegam as mentes desvairadas!
Continuei falando com o Espírito, que era muito cruel e se obstinava na sua tese.
Ele me contou que o rapaz a quem ele perseguia havia sido sua amante há menos de
cinquenta anos, cuja conduta moral foi muito perturbadora.
O Espírito interrompeu por um instante o seu depoimento e logo depois voltou a falar:
— Se neste momento ele se apresenta como um homem, isso não muda nada.
Ela veio fantasiada de homem e procurou um casamento de mentira! Mas eu vou cobrar
porque o seu amante sou eu! Aliás, quando ele se entrega ao prazer eu desfruto.
E vou levá-lo à morte!

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Vou lhe causar uma frustração tão intensa que o fará suicidar-se!
No entanto, você o está seduzindo e desviando da obrigação. Com qual intenção? Não
vou admitir! Eu vou destruir você! Então eu resolvi dar a você uma assistência perniciosa.
Como eu não encontro determinados campos na sua mente, eu vou gerar uma atmosfera
à sua volta que vai criar uma animosidade contra ele, até desenvolver em você um asco por ele,
que vai fazer com que você o expulse.
Depois que o Espírito falou o que lhe pareceu ser seu direito, eu redargui:
-— Meu irmão, você pode falar o que achar melhor, mas eu tenho certeza de que os seus
planos já estão sofrendo abalos, pois você já perdeu grande parte do domínio mental que tinha
sobre o seu suposto escravo.
E ainda quero lhe dizer mais: eu vou conquistar a confiança dele e vou tirá-lo de você.
Primeiro porque Deus quer assim, depois porque ele quer e por último porque eu
também quero. Então somos três que se opõem ao desejo de apenas um. Além do mais, a ponte
é de aço inoxidável alemão! E você não vai quebrar! Agora mesmo eu tomarei a providência
de chamá-lo severamente para conversar e contar o ocorrido, a fim de que ele esteja advertido.
Ele procurou Jesus, que nos dá um fardo muito leve... Tenha a certeza de que você não
afetará nem a mim nem a ele. Esse desespero é sinal de terreno perdido. Cuide da sua ilha, pois
depois que ele passar, a ponte, que é levadiça, vai deixar você sozinho para refletir sobre os
seus atos em descompasso com a Lei Divina.
Ao dizer isso, a entidade perturbadora saiu do recinto tomada de ira, contestando as
minhas afirmativas. Como eu já estava acostumado om esse intercâmbio com os desencarnados
e com ameaças que por vezes, eles me fazem, não me permiti abalar e continuei insistindo em
que o rapaz se reequilibrasse.
Numa ocasião em que o jovem veio à nossa instituição eu lhe dei seguinte orientação:
— Fulano, como você está frequentando a nossa casa há algum tempo, eu gostaria de
lhe dar algumas orientações úteis para o seu equilíbrio. Mas para isso será necessário que você
leia este livro, O Livro dos Espíritos, que lhe dará uma base doutrinária para que eu possa lhe
oferecer vários esclarecimentos.
O que eu vou lhe falar exige que antes você entenda o que é a reencarnação, porque
senão eu estarei dando u ma informação que você não vai conseguir processar.
Depois desse dia ele passou a ler o livro com muito afinco e permaneceu realizando o
tratamento espiritual.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Às vezes tinha recidivas e chegava à Mansão do Caminho bastante entristecido. Ao
perceber o fato eu procurava tranquilizá-lo afirmando:
— Que bom que você caiu! Cair é um fenômeno natural para quem caminha. Se alguém
um dia lhe disser que jamais caiu é porque esta pessoa nunca saiu do lugar em que está. E depois
que caímos temos grande alegria de nos levantarmos... Não olhe para trás e siga em frente!
Continuei conversando com o rapaz sempre que ele nos visitava. Oportunamente eu lhe
falei:
— Quando você tiver um episódio mais agudo procure-nos para receber passes. Você
já tem uma relação afetivo-sexual plenificadora com sua esposa e não necessita desviar-se do
seu caminho.
Quando a sua energia psicofísica estiver excessiva e houver algum risco de você
permitir-se uma conduta vulgar, visite pessoas doentes e ofereça o seu amparo maternal. Auxilie
portadores de tuberculose, hansenianos, etc. Dessa forma o comportamento saudável lhe fará
dissipar o excesso de energia.
Numa de nossas reuniões mediúnicas, o Espírito que o perseguia, foi trazido à
comunicação conosco. Ele estorcegou na aparelhagem mediúnica e blasfemou à vontade,
recebendo a orientação compatível com a sua necessidade espiritual.
Em virtude do esforço de crescimento individual realizado pelo jovem, posteriormente
os guias espirituais resolveram reencarnar a entidade adversária como filho de sua vítima de
agora.
Eu tive a oportunidade de presenciar um diálogo que Espíritos amigos tiveram com ele,
no qual as entidades venerandas lhe disseram:
— Já que você tem este sentimento por ele, que é um misto de amor e de ódio, você irá
receber os beijos, os abraços e a ternura que deseja.
— Mas então será uma maravilha para mim!
— Só que este será um amor exclusivamente de ternura, pois você vai renascer como
filho dele.
O Espírito não se conformou. Quis resistir, mas não havia alternativa.
Com o passar do tempo o rapaz conseguiu romper o vínculo negativo e dedicou- se ao
bem.
Até que desapareceu do nosso convívio e não o vimos por largo período.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Anos depois ele voltou com uma criança nos braços e me disse:
— Divaldo, eu quero apresentar-lhe o meu terceiro filho. Olhe como ele é lindo!
O rapaz beijava o filhinho com grande ternura paternal. E a nossa mentora espiritual
Joanna de Angelis informou- me:
— O amante traído voltou aos braços da amada!
A nossa mentora esclareceu-me que, na primeira oportunidade, o Espírito perseguidor
foi encaminhado ao processo reencarnatório e renasceu como filho daquele a quem perseguia.
E o meu jovem amigo não teve mais surtos ou incidentes de natureza sexual, uma vez
que o seu equilíbrio foi plenamente restaurado. Aquilo que era um tormento transformou- se em
uma proposta sublime de amor...
Hoje ele já é um homem de oitenta anos de idade que tem netos e bisnetos.
Eu tive a oportunidade de acompanhar o desenvolvimento da criança que a Divindade
colocou nos seus braços. Ele teve dificuldades terríveis com esse filho rebelde e agressivo, cuja
verdadeira história lhe era desconhecida.
Na época em que o Espírito foi trazido à reencarnação eu lhe disse apenas que os guias
afastariam o obsessor, mas que ele, que hospedava em sua intimidade vários comprometimentos
do passado, deveria manter a conduta austera e a mente clarificada pelo Evangelho de Jesus.
Durante muitos anos eu acompanhei o seu drama de pai. Muitas vezes, quando ele
tentava beijar o filho, o menino o esbofeteava. Em outras situações, quando ele cultivava um
ressentimento pelo comportamento do filho, o garoto perecia ser tomado por um sentimento de
arrependimento e atirava- se nos braços do pai procurando carinho. Somente muitos anos depois
eu lhe contei a trama na qual o seu antigo amor havia sido traído por ele e agora retornava para
que ambos se reabilitassem, o que de fato aconteceu.
Divaldo Franco – Sexo e Consciência – Cap. 7

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
4.12 Exemplo – Livro – A Dama da Noite

Conforme ficou dito alhures neste livro, não cuidávamos especificamente de casos de
obsessão em nossos trabalhos. Eventualmente, porém, eram trazidos ao nosso grupo alguns
problemas pessoais, como também já vimos.
O relato que se segue é um desses.
A pedido de alguém da família, inscrevemos o nome de uma moça em nosso caderno.
Não tomamos conhecimento pormenorizado da situação dela. Sabíamos apenas que era
uma criatura atormentada e emocionalmente desequilibrada, que vivia sob terrível pressão de
adversários desencarnados.
A partir de certo momento, começaram eles a ser trazidos ao nosso grupo. Dois deles
eram ex-escravos que em tempos outros ela mandara torturar barbaramente, aqui mesmo no
Brasil, em existência anterior.
Tivemos também o curiosíssimo caso de um chinês que se especializara em torturas e
fora como que contratado para exercer sua tarefa junto dela.
Disse-nos ele que na sua antiga pátria pertencera a uma organização que se incumbia de
punir severamente criminosos que escapassem às malhas da lei. Pelo que depreendemos,
constituíam algo assim como um remoto e implacável “esquadrão da morte”.
Fazia aquilo com a maior tranquilidade e senso profissional, se assim podemos dizer.
Seu único escrúpulo era verificar se a pessoa a ser torturada era realmente culpada, pois não
queria punir inocentes.
A responsabilidade pela punição, a seu ver, se é que havia alguma, cabia aos juízes que
condenavam a pessoa.
Ele era apenas o instrumento da penalidade decretada em sentença. Não podia, pois,
entender porque estávamos interessados em defender a moça e muito menos com ele.
Se tínhamos algo a dizer que nos dirigíssemos aos promotores e juízes que examinaram
seu processo e a condenaram. Era, contudo, uma pessoa razoável e demonstrou, posteriormente,
lucidez e bom nível de conhecimento.
Falava manso e com invariável polidez, utilizando-se de imagens típicas da mentalidade
oriental.
Por fim, fazendo uma concessão à cerrada e delicada argumentação do nosso
doutrinador, resolveu propor uma saída honrosa.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Sabia, disse ele, que um de nós estudara por curiosidade o I Ching, o famoso e
antiquíssimo oráculo dos chineses. Disse mesmo que não o entendíamos, mas que o
respeitávamos, o que denotava certa dose de sabedoria de nossa parte. Uma vez que tomávamos
as dores da moça, deveríamos consultar o I Ching para saber se ela era culpada ou não.
Não era esse, contudo, o aspecto mais importante para nós, pois é evidente que sujeita
como estava a tantos atormentadores, claro que a moça era culpada perante a lei divina.
O Cristo não disse que o pecador se torna escravo do pecado e não sai de lá enquanto
não houver resgatado até o último centavo da sua dívida?
O doutrinador fez-lhe uma contraproposta, dizendo- lhe inicialmente que a moça não
estava em julgamento ali e não tínhamos como absolvê-la ou condená-la, mas por que ele não
consultava o I Ching para saber se ele estava certo em persegui-la?
Ele aceitou a proposta, confessando honestamente que não havia pensado nisso.
Na semana seguinte voltou para dizer que se retirava do caso. Foi para ele um verdadeiro
despertar aquilo. Estava perplexo e nos dias que antecederam a sua segunda visita ao grupo,
meditou longamente, e com a profundidade típica dos chineses, sobre muitos daqueles aspectos
que até então lhe haviam passado despercebidos.
Tivemos um diálogo maravilhoso e ele se despediu como verdadeiro amigo e irmão.
Impressionou- nos sobremaneira a lucidez e franqueza com as quais examinava a si
mesmo. Guardamos dele uma funda e comovente lembrança.
Na semana seguinte, ao segundo diálogo com o amigo chinês, tivemos o caso que aqui
vai relatado.
O problema era ainda a jovem atormentada, que parecia ter no seu encalço verdadeira
multidão de seres sedentos de vingança e encharcados de ódio. Este era um deles.
Tenazmente apegado ao monodeísmo da vingança, ficava a girar indefinidamente em
torno dos conceitos típicos de todos os vingadores. Era rude e truculento no falar, firme e
positivo e, respeitado o seu contexto, bastante racional na irracionalidade de seu rancor, se
assim podemos dizer. E foi logo definindo claramente sua posição, bem diferente – disse ele –
daquele “chinês frouxo” que o precedera: – Eu não tenho medo de ninguém e também não traí
ninguém porque sou franco mas também sou fiel.
E vou dizer mais uma coisa pro senhor aí: não vai adiantar nada... Pode falar.
Se é aquele negócio que o senhor está tratando (o caso da moça), vou dizer logo de
saída: Olha, de onde estou não arredo o pé.
Eu sei porque estou lá.
Tenho meus motivos: não estou lá à toa.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Se estou na situação que estou, se fiquei na situação que fiquei, é porque aquela criatura
foi quem me botou como estou. E me botou sabendo que ia botar e fez porque quis fazer; porque
é ruim mesmo, porque é uma cobra jararaca...
Olha, não é nem jararaca – é pior. É pior!
Você tem aí uma cobra que é... eu esqueço o nome que vocês dão... Acho que é urutu.
Uma cobra que fica de tocaia, esperando com o bote armado. E pode ficar ali dias inteiros de
bote armado. E quando você passa, é aquele bote; é aquela dentada que não tem jeito porque o
veneno dela não tem cura.
E eu estou sabendo porquê. Eu fui mordido. Então estou sabendo o que estou fazendo e
não arredo o pé. Ninguém me faz arredar o pé dali. Nem Jesus Cristo!
E digo mais: não adianta nem começar a falar e vir com nome de Jesus pra cá, porque
já estou cansado de saber...
Eu conheço Jesus. Ele não passou pelo que estou passando, pelo que passei para chegar
onde estou. Jesus não tem nada com isso... Então, não se meta nos meus negócios!
O negócio é meu com ela! Está entendendo? Então, agora o senhor pode falar.
Pode fazer sua defesa, pode pedir, pode pedir o que quiser porque eu... eu, José
Francelino das Neves – que foi um dos nomes que eu tive – eu que estou lhe falando, não arredo
o pé dali. Nem que o senhor me mande um castelo de ouro.
Dali eu não arredo o pé! Já sei que o senhor vai dizer aí: pra quê o senhor, um morto,
quer um castelo? Então já vou entrar na sua jogada. Nem com o céu! Me mostre a minha mãe
de joelhos... Nem que o senhor bote aí uma que já foi minha filha pra pedir de joelhos, uma que
já foi minha mulher...
Eu não saio!
Eles podem ter perdoado; eu não perdoei. E eu não perdoo! Compreende? E não adianta
dizer que eu tenho culpa no cartório. Tendo ou não tendo, não tem nada que ver.
Posso ser o cabra pior que existe, com o pior crime, que nem por isso vou perdoar aquela
que fez um crime contra mim.
Quem acha que eu cometi crime que me cobre, como estou cobrando.
E não adianta ficar cavucando para mostrar coisas (regressão).
Quem tiver alguma coisa contra mim, estou aqui, venha cá e cobre.
Eu estou cobrando e vou cobrar. Faça o que eu estou fazendo. Estou cobrando e vou
cobrar.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Por essa crua amostragem pode- se avaliar a veemência de suas emoções e da sua
obstinação na vingança.
O doutrinador chama a sua atenção com bons modos, mas com firmeza, para as
referências ao Cristo que nos parecem desrespeitosas, mas não pode deixar de reconhecer que
é difícil demovê-lo de sua atitude.
Ele sabe muito bem que só está conseguindo cobrar dessa maneira porque a moça em
outro tempo errou gravemente contra ele e, portanto, é culpada.
Disso sabemos e o admitimos, mas ele não quer considerar a recíproca,
igualmente verdadeira: quando ele sofreu nas mãos dela, ele era culpado de alguma falta
grave anterior. Isso não interessa a ele. Se está reabrindo o ciclo para expor-se à uma nova
rodada de vingança posteriormente, não é problema que o aflija.
O que importa agora é massacrar a criatura que tem em seu poder, pois agora a vez é
dele. – Vocês são engraçados – diz ele a certa altura. – Quando vocês têm uma contenda aí (na
carne), vocês correm logo para o advogado, contratam advogado, mandam para a j ustiça, vão
cobrar o que é devido, vão fazer tudo direitinho, preto no branco.
Agora, quando chega a vez da gente, que tem uma cobrança e chama advogado e bota
lá... Vocês vêm: “Ah! não, você não pode ir cobrar. Você tem que perdoar!”
Como é que vocês dizem isso, se aí, com uma coisa à toa – dinheiro – vocês brigam
por dinheiro e vão para a justiça por causa dele?
Vão pra justiça por causa de mulher que trai o marido; vão pra justiça pra tudo! E por
que a gente não pode? – Mas estamos dizendo a você que não pode? – Digo, porque já estou
sabendo do que se trata.
Agora o senhor pode falar. Pode falar que vou escutar. Eu estou aqui porque eles me
disseram: “Vai lá porque eles estão defendendo a moça...”
Fazemos aqui uma pequena pausa necessária para um esclarecimento adicional.
O caso desta moça levou-nos a travar conhecimento com uma estranhíssima instituição
do espaço, organizada e mantida por juristas desencarnados, tudo como na terra.
Advogados, promotores, juízes, meirinhos, códigos, leis, jurisprudência, processos,
tudo, com uma única atrofia, se assim podemos dizer: raríssimos advogados de defesa, a não
ser uns poucos, admitidos em causa própria e uns
tantos, mais raros, ad hoc, ou melhor, designados.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
O mecanismo é o seguinte: qualquer pessoa que tenha uma queixa contra
outra apresenta seu caso a um perito-examinador.
Suponhamos que tenha sido vítima de uma torpeza qualquer: traição, roubo, tortura,
vingança... Inicia-se um processo que vai, em primeiro lugar, a um departamento ou grupo
especializado em coleta de informações.
O objetivo aqui é saber se a queixa é autêntica e se a suposta vítima tem mesmo razão
de apresentá- la, mas também para saber se naquele pro- cesso que ali se inicia não está
envolvida alguma pessoa da própria instituição ou que alguém ali tenha interesse em proteger.
Cumprida essa formalidade inicial, o processo sobe à instância superior, onde são
examinados os fundamentos jurídicos e demais aspectos colaterais e subsidiários.
Nesse ponto, quando possível, o acusado é solicitado a comparecer para defender -se ou,
pelo menos, alegar suas razões. Tem para isso sete dias. Magnanimamente os juízes deixam
aberta a opção para algum voluntário – advogado, naturalmente – assumir o encargo da defesa,
o que raramente acontece.
Decorrido o prazo, o processo vai a julgamento e o juiz prolata a sentença, claro que
condenatória, com os melhores fundamentos e nos melhores termos jurídicos, mas que resulta,
em suma, no seguinte: sim, a culpa do acusado está caracterizada.
Pode exercer sua vingança à vontade, contratando, inclusive, quem desejar para ajudar.
Obviamente o caso é tomado como uma ocorrência estanque, ou seja, não
são examinados os antecedentes, ninguém cogita de saber como e porque o acusador agora se
apresenta como vítima para converter em vítima seu antigo algoz.
A questão é posta em termos simples, duros e crus: está caracterizada a dívida. Que
seja cobrada.
É por isso que o nosso Francelino fala em advogados, tribunais, cartórios e juízes.
Mas, continuemos. – Disseram para mim – informa ele – “Vai lá (ao nosso grupo), mas
você já vai sabendo do que se trata. O que se trata é isto: Fulana, aquela Fulana, está lá porque
está pagando o que deve e porque foi julgada de acordo com as leis de Deus.
Deus não é maior? É. Não é Deus que governa o Universo? É. Então, se Deus é maior
e se é Ele que governa o Universo, ela está lá porque Deus quer que ela esteja lá.
Eles vão dizer: Coitadinha, pobrezinha, não sei quê...” Estou dizendo isso para o senhor
saber exatamente qual a minha posição... Pode falar, agora. Manda a primeira pergunta...

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Como se vê, o nosso caro irmão está obstinado e não quer nem pensar na hipótese de
que, se Deus permite o sofrimento da moça agora porque ela errou contra ele, também permitiu
o dele antes, porque ele errou contra alguém. Isso não vem ao caso agora. E para botar um ponto
final: – O que interessa é que agora é minha vez de cobrar. Ela me cobrou? Não importa.
Quando ela cobrou o problema foi dela. Agora o problema é meu e eu estou cobrando.
E fim de papo!
– Então, você quer é cobrar, pagar não! Na hora de pagar, não. Você se vinga
na cobrança. Como é isso? O argumento parece impressioná-lo um tanto.
Ele não sabe explicar-se e se classifica como um ignorante que está ali para escutar, pois
é um bronco.
O doutrinador começa mansamente a levar o diálogo para o terreno pessoal das
lembranças, tentando saber como se passou a história que o levou ao desespero da cobrança
inexorável. Ele ainda foge, mas está mais calmo e até mais receptivo. Temos cuidado em não
isentar a moça de suas culpas perante ele, pois ela realmente é culpada, mas por outro lado, não
desejamos e não podemos botá-la em julgamento.
Ele chega mesmo a admitir que essa história de ficar um a cobrar do outro
indefinidamente tem que chegar a um fim.
Alguém tem que começar a pensar numa saída, isto é, um dos dois. – Até concordo com
isso. Concordo que alguém tem que começar a pensar.
Só que desta vez não sou eu.
Cautelosamente, a história começa a desdobrar-se.
– Essa criatura que está aí – diz ele – é in -fer-nal!
Ela, os parentes dela, todos. Ali é tudo farinha do mesmo saco. E farinha de mandioca
podre!
– Mas você não está no mesmo saco também?
Está. – Está bom, você quer saber, não quer? Vou contar. Olha, conheci essa dona num
tempo (em) que ela era fazendeira.
Aliás, quase todo mundo que está lá conhece ela. Tem gente que conhece ela de outro
tempo (outras existências), quando ela não era fazendeira.
É que ela sempre foi gananciosa... Mas isso não interessa, não, porque nessa outra eu
não estou. Nesta eu sei que estou. Ela era, então, fazendeira.
Aliás, ela não era; quem era fazendeira era a mãe dela.
E eu... Olha! é um negócio complicado... É um negócio muito complicado...

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Eu... não eu, mas meu pai, era vizinho deles. Meu pai era mais rico do que eles, tinha
mais terras. Então – eu era pequeno – meu pai um dia apareceu morto no meio duma picada no
mato. Morto!
E ninguém soube quem matou. Não foi bicho, porque bicho não dá facada e ele foi
morto a facada. No peito.
Eu tinha uns dez anos e então, esses vizinhos, que diziam que eram amigos de meu pai,
me levaram pra casa deles. Eu não tinha mãe, não. Minha mãe morreu de parto. Parto meu.
Então me levaram pra lá e me criaram. Criaram eu com ela. Era mais nova que eu dois
anos.
Fomos criados juntos, mas... eu sei que eles fizeram uma embrulhada!
Diziam pra mim que meu pai tinha deixado dívidas. Eu era o único herdeiro do meu pai,
sabe? Minha mãe morreu de parto e eu era o único filho.
E eles pegaram tudo que era meu e disseram para mim que aquilo era para pagar as
dívidas e que estavam fazendo o grande favor de me criarem para não me deixarem solto no
mundo, porque eu não tinha parente, nem ninguém.
Meu pai era imigrante. Tinha vindo da Itália e eu não sabia; não conhecia parente
nenhum. Fui criado, espoliado... Lá me tratavam como empregado.
Depois, quando cresci, gostei dela. E ela gostou de mim – pelo menos fingiu que gostou
de mim. Olha, foi uma embrulhada danada! Me puseram de feitor.
Até que um dia descobri que eles tinham me espoliado, tinham me roubado tudo que
era meu. E, quando soube disso, fiquei furioso e aí eu disse que ia pra justiça e queria o que era
meu.
Então, o que ela fez? Ela disse pra mim, toda chorosa... Depois é que soube... Disse que
estava tudo certo, mas que ela não tinha culpa do que os pais dela tinham feito pra mim.
A gente já era moço... E disse que gostava de mim e que a gente se casasse.
Aí, sabe o que eles me obrigaram a fazer?
Quando eu concordei com ela, ela trouxe um papelzinho que já estava todo preparado.
Eu devia assinar pra dizer que não tinha... não tinha... Como é que eu vou dizer a
palavra? Eu não tinha... Não, não é direito, não. Eu não tinha... nada pra pretender, nada pra...
reclamar, nada, nada, nada...
– Era um papel de renúncia, então...
– Aí, depois daquilo ficou tudo em paz. Fizeram um jantar e me levaram lá pro jantar
para comemorar o noivado.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Noivado esse, meu senhor, que eu deitei pra dormir e não acordei mais...
E sabe por quê? Porque a pilantrinha... Tinha vindo um janotinha lá da França, um
janotinha que fazia versos, ficava cantarolando aqueles negócios... cheio de rendinhas,
bonitinho... E ela se encantou por ele.
Quer dizer, fui dormir e não acordei mais...
Quer dizer, acordei, mas acordei noutra, como o senhor está sabendo muito bem.
Que aí eu fui ver... Sabe o que eles fizeram? Outro jantar. Pra comemorar a morte do
idiota.
E agora? E agora? Que o senhor acha? Comovente a história, não é? Não é comovente?
– Não, meu querido. Não quero brincar com a sua desgraça.
– E ainda vou dizer mais ao senhor. Ainda fui bobo – que eu era bobo... Sabe como é,
um rapaz novo, todo apaixonado, acreditava em tudo.
– Teve lá um preto, escravo da fazenda que me disse: “Sinhozinho, sinhozinho, toma
tenência, sinhozinho”.
E eu nada de entender. Nada! E ainda dizia: “Deixa de besteira! Ainda te boto no
tronco”.
Depois é que fui ver tudo isso. Agora o senhor vai dizer o quê pra mim?
Vai dizer que eu tenho de perdoar? Vai?
Olhe, vou dizer uma coisa pro senhor. – Até que perdoar eu perdoava, o crime.
E vou dizer que meu pai também foi vítima de um (crime)... Eu perdoava o crime...
Agora, eu não perdoo é aquela perfídia! Fui tripudiado.
Foi traição!
E isso eu não perdoo, não! Me matar... até... até admito, mas matar daquele jeito, rindo
de mim...
Sabe o que eles fizeram com o cadáver?
Chutaram a cara dele. Olha só! Pode um homem esquecer isso?
O senhor disse pra não faltar com o respeito a Jesus Cristo. Não falto com respeito, não,
mas onde estava ele nessa hora? Que eu, inocente ali, eu bobo, bobo, e o Cristo deixou eu passar
por bobo.
– Vamos devagar. Você contou a sua história e agradecemos a confiança que
demonstrou em nós.
– Estou dizendo isso pro senhor ver do que se trata.

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O senhor está vendo que tem motivo. Tem motivo. E vou dizer mais: ela sofre, porque
eu faço ela sentir as facadas que deu no meu pai, faço ela sentir-se sufocada, porque foi veneno
que me deram.
Eu faço.
Dou chute na cara dela como ela dava chute na minha cara, eu piso na barriga dela.
Faço!
– Mas isso melhora a sua condição?
Te dá algum alívio?
Resolve algum problema seu?
Pausa.
Parece pensar um pouco antes de responder. Em seguida:
– Não sei, não.
Eu acho que raiva é um negócio terrível!
É como um fogo que está dentro da gente, queimando, queimando sem parar.
Então, às vezes, quando eu vou lá, saio até cansado. – Mas não sai satisfeito.
– Não saio satisfeito, não. Para sair satisfeito eu tinha que matar ela uma porção de
vezes.
– Mas isso também não ia resolver o seu caso, não é?
Matar... Pisar nela, dar chute... Isso não resolve a sua agonia, porque você está tão preso
a ela quanto ela a você.
São dois prisioneiros, um do outro.
Você não acha?
Ele ouve em silêncio.
E depois: – Você já imaginou o que é uma mulher fazer isso com um homem?
– Eu sei, meu irmão. Não estou justificando o que ela fez. Ainda mais que você gostava
dela. Ela era uma moça bonita? – Era. Muito bonita! Toda coquete... Mandava vir as rendas de
Paris... e tudo isso com o meu dinheiro!
E até digo pro senhor, eu até abro mão disso. Que se eu tivesse casado com ela eu mesmo
dava aquelas coisas. Eu dava, porque eu gostava dela. Era capaz de botar o mundo nos pés dela.
Compraria tudo que pudesse comprar.
É por isso que não perdoo.
– Então, quer dizer que você um dia a amou de verdade. Você gostou dela. Silêncio.
Longo silêncio.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Ele parece mergulhar nas lembranças.
Por fim, acrescenta: – Isso não muda nada. Nada.
A mãe dela é uma jararaca que nem ela! O pai dela... Foi todo mundo com-bi-na-do.
Quem tinha entrado na falência era ele. Ele é que ia perder a fazenda. Então, matou meu
pai pra ficar com os bens de meu pai. Pra poder pagar a fazenda que ele ia perder.
– Mas olha aqui, meu irmão. Você não ouviu de nós nenhuma palavra de justificação
para isso. Os erros foram graves, sim, não há dúvida nenhuma.
– Eu não tenho razão? Não disse ao senhor que tinha meus motivos?
– Vamos devagar. Tem, sim, motivo para muito sofrimento. Sofreu muito, mas não vejo
em que você está melhorando o seu sofrimento perseguindo a moça.
É nisso que não vejo lógica. – Ela tem direito de ser feliz quando eu fico aqui no horror?
Que vou dizer ao senhor com toda a franqueza: eu não estou bem, não.
Eu não sou feliz, não. E acho que nunca vou ser feliz. Mas ela também não vai ser!
Se depender de mim, não vai ser porque eu não deixo!
– Mas você disse aí anteriormente que concorda e admite que a gente tem muitas vidas,
não é? Naquela vida você estava e nas outras talvez não.
– Eu sei, porque tem gente lá que diz que conhece ela e não é dessa época que
eu conheço. Que ela já fez das delas noutras...
Essa garotinha não é fácil, não, hein?
– Isso eu concordo, mas você também reconhece que só consegue cobrar dela porque
ela tem faltas, tem culpas.
Por favor, meu irmão, pense também que, quando ela cobrou, você tinha culpa.
Se não é daquela vida, é de outra.
Como é que Deus iria permitir que ela te fizesse tudo isso?
– Ela não podia cobrar uma coisa que eu... Se eu fosse ruim pra ela ou qualquer coisa...
Ela não cobrou, não. Cobrar o quê? Me roubar? Então a lei faz assim? Você cobra
roubando? Você cobra assassinando? Cobra fazendo crime, não é? Então Deus permite?
– Não está permitindo a você? – Eu não estou matando ela. Não estou cometendo um
crime.
– Porque o espírito não morre... Ela não te matou também – matou seu corpo.
– Matou, sim. Lá, o promotor disse assim: “crime em primeiro grau, com agravante”,
porque foi cometido com requintes de perversidade. Foi crime doloso. Foi pérfido.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Olha, tem tantos itens da lei em que ela está enquadrada só por esse crime! Foi duplo
assassinato. Me matou, me espoliou e desrespeitou o cadáver.
– Em tudo isso estou de acordo com você, mas por que você ficou exposto a essas coisas
horríveis?
Você era inocente naquela vida, sim. Não tinha feito nada, estava com boas intenções,
queria até casar-se com a moça. Até gostou dela. Disso estamos sabendo.
Mas você não admite que possa ser alguma coisa de trás?
Que você tenha feito coisa parecida com alguém em outra vida?
Isto, porém, a seu ver, somente serve para justificar a sua cobrança de agora, pois ele
não consegue sair do círculo vicioso que traçou em torno de si mesmo. Não tem importância
nenhuma para ele ficar nisso mais alguns anos.
Não tem pressa... – Eu não perdi minha vida, é verdade, porque não morro, mas perdi a
razão de viver.
É pior do que estar morto.
– Mas a sua razão de viver era a sua fazenda? Você não disse há pouco que a gente fica
preocupado com o prejuízo e corre para o advogado, que isso não vale a pena...?
– Se a gente está morto e não acabou... pois é.
Agora, você está morto e vê que continua a viver e, ao mesmo tempo, você vê que
perdeu a razão de viver, vê que não tem mais objetivo na vida.
E tem que continuar vivendo...
É muito pior!
Olha,pior do que morrer. Eu preferia que morreu acabou, virou poeira lá na sepultura.
Agora, eu estou duas vezes morto: estou morto aqui e estou morto porque não tenho
nenhum objetivo, porque minha vida é aquilo mesmo todo dia, todo dia...
– Já entendemos bem o seu problema.
Você já imaginou ficar nessa vida mais quinhentos anos ou dois mil anos?
– Vou ficar, vou ficar! Que diferença faz?
Tenho que ficar, porque tenho que viver. Eu não morro!
– Mas você preferia viver em paz do que viver assim atormentado?
Que adianta você ir lá e dar chute na cara dela?
Que resolve isso para você?
– Tenho motivos. Vou dar enquanto ela precisar.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
– Então você tem um motivo para viver: a vingança. –
Talvez. É. Não tinha pensado nisso. Taí...
– Que ótimo, então. Que beleza! Isso te satisfaz, então...
Ele para por um momento e se pergunta em voz alta: – Isso me satisfaz?
– Um momento: e o seu pai?
Como mesmo que ele se chamava?
– Gumercindo.
– Mas não era italiano? Você disse...
– Era. Imigrante. Quando ele chegou aqui, sei lá, ele mudou de nome.
– Mas você nunca mais o viu? Nunca esteve com ele aí no mundo espiritual?
– Nunca mais.
– Não procurou ou não quis saber... Nem sua mãe?
– Eu não conheci minha mãe.
– Sei, meu caro. Você não a conheceu na carne, como um ser humano lá, mas ela é um
espírito, como você é um espírito. Ela deve estar por aí também.
Você nunca a viu? Não sabe quem ela é, por onde anda?
Pausa.
– Agora essa, do meu pai... É mesmo... por que eu nunca vi meu pai?
Meu pai tinha que estar lá também se vingando, não é?
– Não. Ele pode achar que não.
Tinha que estar por quê?
O que será que ele anda fazendo?
Você nunca se lembrou de procurá-lo, saber como ele está, o que está fazendo, por onde
ele anda?
Ele ouve, em silêncio. – Engraçado... nunca pensei nisso!
– Você viveu até dez anos com ele. Ele era um homem bom? Como é que ele era?
– Ele era. Era muito quieto... Os colonos chamavam ele de “seu Mercino”, que achavam
muito difícil (o nome).
É que meu pai tinha um nome complicado. Era Gullielmo. Aí não dava...
Gumercindo ficou mais fácil. Mesmo assim, eles ainda chamavam ele de “seu”
Mercino.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Pela primeira vez deixa escapar um riso descontraído, no qual brilha uma gotícula de
saudade e afeto.
Pela primeira vez, portanto, estamos conseguindo desviar um pouco sua mente da
fixação obsessiva na vingança que há pouco ele descobriu ser a única razão da sua vida.
O doutrinador procura cautelosamente dirigir seus passos pela nova trilha que começa
a abrir-se em seu coração. E pergunta: – Mas quem te criou, então, até os dez anos?
– Ele.
Tinha também uma preta velha. Não sei como se chamava. A gente chamava ela de
Naiá.
Era gorda, gorda, toda redonda...
– Ela gostava de você?
– Ela gostava...
– Pois é. Então você tinha ali ao lado pessoas que te ajudaram...
Embora não tivesse sua mãe. São pessoas de quem você se lembra, mas que nunca quis
procurar... Ficou preso nisso.
Como é mesmo que ela se chamava?
– Naiá. A gente chamava ela de Naiá. Não sei que nome ela tinha. A gente não se
interessa por nome de escravo.
– Também é um espírito que está vivo aí no mundo espiritual. Quem sabe ela pode
conversar você, saber onde está seu pai...
Longos e meditativos silêncios ocorrem agora.
– Ela que dizia que era Naiá... Falava com aquela língua atrapalhada.
– Mas você maltratava os escravos?
– Não, eu estava com dez anos. Meu pai era um homem bom. Meu pai nunca deixou
maltratar ninguém. Ele dizia que todo mundo era gente. Que escravo era gente. Tinha que tratar
bem.
– Certo. Estou de acordo com ele.
– Às vezes, até as visitas ficavam dizendo que ele tratava bem demais os escravos e isso
era mau exemplo para as outras fazendas.
Ele dizia: “Escravo é como boi. Se você tratar mal o boi, ele não produz. Mesmo que
você considere o escravo como um boi, tem que tratar ele bem”. Ele falava assim.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Ninguém aceitava isso, não. Ninguém gostava muito dele, não.
– Escuta: então, está explicado porque você não o encontrou aí, no mundo espiritual.
Você ficou com muito ódio, com muita raiva dessa moça e ele, como é um espírito
sereno, bondoso, foi para outro lugar.
– Às vezes ele escondia escravo fugido, que ia pra lá pedir pra ficar ali. Me lembro que
uma vez chegou lá uma pretinha... Eu era pequeno ainda. Eu nem entendia muito. Sei que ela
tinha tido um filho. Depois ela contou. A sinhá dela queria tirar o filho dela e dar pros outros.
– Seu pai não deixou?
– Não. Ela fugiu e foi bater lá em casa. Aí o pai deixou ela ficar lá. E ela ficou.
– Ele era um homem bom, não é?
Quer dizer que você tinha pessoas boas ao seu lado: seu pai e Naiá.
– Tinha, tinha sim.
– E a sua mãe? Ele dizia que ela foi uma boa esposa?
– Sei lá! Meu pai nunca mais se casou. Até dez anos ele nunca se casou, nunca
- Ela é um espírito, como você é um espírito. Ela deve estar por aí também. Você nunca
a viu? Não sabe quem ela é, por onde anda?
Pausa.
– Agora essa, do meu pai... É mesmo... por que eu nunca vi meu pai? Meu pai tinha que
estar lá também se vingando, não é?
– Não. Ele pode achar que não. Tinha que estar por quê? O que será que ele anda
fazendo? Você nunca se lembrou de procurá-lo, saber como ele está, o que está fazendo, por
onde ele anda?
Ele ouve, em silêncio.
– Engraçado... nunca pensei nisso!
– Você viveu até dez anos com ele. Ele era um homem bom? Como é que ele era?
– Ele era. Era muito quieto... Os colonos chamavam ele de seu Mercino, que achavam
muito difícil (o nome). É que meu pai tinha um nome complicado. Era Gullielmo. Aí não dava...
Gumercindo ficou mais fácil. Mesmo assim, eles ainda chamavam ele de seu Mercino.
Pela primeira vez deixa escapar um riso descontraído, no qual brilha uma gotícula de
saudade e afeto.
Pela primeira vez, portanto, estamos conseguindo desviar um pouco sua mente da
fixação obsessiva na vingança que há pouco ele descobriu ser a única razão da sua vida.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
O doutrinador procura cautelosamente dirigir seus passos pela nova trilha que começa
a abrir-se em seu coração. E pergunta:
– E a sua mãe? Ele dizia que ela foi uma boa esposa?
– Sei lá! Meu pai nunca mais se casou. Até dez anos ele nunca se casou, nunca teve
outra mulher.
E nem tinha as escravas, não. Ele respeitava. Era um homem quieto e não se casou.
Muita gente lá, até viúva mesmo, queria casar-se com ele, mas ele nunca quis. Era um
homem direito. Ele era muito calado, quase não falava.
Já agora a conversa é mansa e informal, como se dois amigos estivessem ali
a rememorar coisas passadas. Ele está calmo e meditativo.
– Às vezes... O senhor está me fazendo lembrar essas coisas... Às vezes, muito raro, eu
escutava ele cantarolando aquelas músicas... É, ficava...
– Ele não falava sobre a Itália? – Não; ele não falava muito.
– Mas você gostava dele.
– Gostava. Ele era muito bom. Todo mundo lá tinha que rezar; os escravos, todos... Ele
fazia... Ensinava.
Às vezes falava de Jesus, falava de Deus... essas coisas de padres, de religião. Coisas de
Igreja. Ele fazia todo mundo ir à igreja.
O senhor foi me fazer lembrar dessas coisas.
Todo mês vinha o Cura pra rezar missa lá.
– Era perto de que cidade essa fazenda?
– Ah, não sei. Não me lembro... É tanto tempo! Ou eu não quero lembrar, sei lá...
– Você vê que se passou muito tempo.
Era o tempo do imperador, não é? (Ele confirma.)
Vê que já se passaram aí mais de cem anos. Quem sabe seu pai precisa de você para
alguma coisa; tem algum plano a seu respeito.
– Vai ver até que ainda existe a fazenda lá, não é?
– É possível.
Onde mesmo que ficava?
Como se chamava a fazenda?
Ele suspira fundo. A saudade claramente instalou-se em seu coração.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
– Você não acha que está perdendo muito tempo com esse caso aí? – prossegue o
doutrinador. Mas ele segue com as lembranças:
– Meu pai tinha trazido coisas da Itália quando veio com a minha mãe. Trouxe uns
quadros. Sei lá, eu não dei muito valor a essas coisas. Também depois que meu pai morreu eles
não me deixaram nem estudar, nem nada. Eles diziam que eu vivia de favor na fazenda.
– Vamos esquecer essa parte triste aí, essa dificuldade toda...
– Como é que eu posso esquecer?
A raiz da minha vida está toda aí. Eu podia ter meu pai, podia ser muito feliz.
– Um momento. Você tem o seu pai; você não quer é procurá-lo.
Você o abandonou, esqueceu dele, de todo mundo, para cuidar da sua vingança.
Não vejo o que você ganhou com isso em cem anos.
O que você fez nesses cem anos: vingou... sofre, ficou lá preso àquela criatura, coitada,
que é uma infeliz também. Você é outro infeliz.
Para que isso tudo?
Isso resolveu alguma coisa?
Então, meu caro, o que estou pedindo é isto: você vai agora pensar um pouco nisso tudo.
E vamos, por favor, ter um pouco de calma, lembrar-se de tudo, mas sem ficar preso a
essas agonias. Você podia estar fazendo outras coisas. Podia até ter nascido em outra vida, estar
trabalhando em alguma coisa útil. Fica lá dando pontapé na moça...
Isso não adianta absolutamente nada para você.
– O que o senhor foi fazer! Me lembrar de meu pai. Agora fico lembrando tanta coisa!
Gullielmo Francesco...
– Você não usava o nome dele?
Por quê? – Não usava. Não sei; não me lembro.
– Isso não importa. Estou apenas procurando trazer você para um outro tipo
de pensamento, de ideias, para você não ficar amarrado, imantado, preso àquela criatura que é
uma infeliz.
– Pois é, mas o senhor mexendo nessa panela funda está fazendo vir tanta coisa na minha
cabeça! É até pior. O senhor falou esse negócio que me confundiu.
Puxa! Como é que eu não uso o nome de meu próprio pai?

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Estou vendo a coisa pior ainda. Lá dentro de mim, num lugar que não sei onde, estou
vendo uma cena lá. Foi naquela sala que eles chamavam de parlatório. Tinha uma mesa preta e
uma portinha cheia de coisinhas assim que você puxa assim e ela sobe e enrola
toda. (Escrivaninha de tampo corrediço.) Foi ali que se consolidou a trama sinistra de
espoliação.
Pelo que se depreende da narrativa do pobre José Francelino, formulou- se, com a
conivência de algum notário, um termo de adoção para o menino que passou a integrar
oficialmente a família de seus “protetores”.
O nome que ele menciona é, por certo, o daquela gente que destruiu tudo quanto ele
tinha e era. Órfão de pai e mãe, sozinho aqui no Brasil, com os vínculos cortados com eventuais
parentes italianos, mudaram- lhe a identidade.
Como não tinha quem viesse reclamar qualquer parte de sua fortuna em caso de sua
morte, tornou- se vítima prioritária.
Desvendava- se, pouco a pouco, em toda a sua extensão e profundidade aquele diabólico
enredo.
Conseguíramos, contudo, atrair sua atenção e seus pensamentos para outros
aspectos mais importantes de sua vida.
Nesse ponto ele foi retirado pelos nossos amigos espirituais.
Na semana seguinte estava de volta. Em pranto.
– Parece que o céu caiu em cima da minha cabeça – começa ele.
Todas as desgraças caíram em cima de mim. Todas as desgraças do mundo – os
desenganos, as agonias...
– Por favor, desabafe.
Diga tudo o que está sentindo, para que possamos ajudá- lo naquilo que for possível,
amparar seu espírito como irmãos, não como mestres ou seres perfeitos, porque somos também
imperfeitos como você. Queremos te ajudar.
– O que você pode fazer para me ajudar?
Você já imaginou uma pessoa que passou a vida inteira brigando por uma gota-d’água
e de repente vê que tinha um oceano inteiro pela frente?
Perdi tempo por causa de uma gota-d’água...
Aquela desgraçada! Ela é que é culpada.
Foi ela que me manteve preso esse tempo todo.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
– Não. Você está fugindo outra vez.
A revolta é mais profunda por causa do amor frustrado, pois ele se entregou confiante
àquela que seria a sua desgraça.
Pensara mesmo durante a semana em mudar tudo, mas não conseguia deixar de ficar a
remoer toda aquela perfídia horrenda.
Como se vê, a dificuldade continuava sendo sua poderosa imantação ao trágico episódio
que ele reconhece, na sua visão global, ser uma simples gota-d’água, mas da qual não consegue
fugir.
A mágoa, agora, é pelo que eles fizeram-no perder em termos de avanço espiritual.
Na realidade, ele não se importa com o que perdeu em termos materiais: dinheiro,
fazendas, bens em geral, e sim, o tempo.
Pouco depois, não podendo mais conter-se, explode a chorar:
– Eu vi meu pai! Não pude conversar com ele; pude ouvi-lo. Meu Deus! Passaram-se
tantos anos que eu não sei nem como medir. Os dias, as horas...
Não sabe nem o que o manteve preso à infeliz criatura, em torno da qual até agora tem
girado o seu pensamento.
Ele mesmo parece apalpar as palavras para tentar identificar suas emoções: ódio? amor?
despeito? mágoa?
Não sabe o que foi. – Foi o ódio, sim – diz-lhe o doutrinador, mas foi o amor também,
porque você a amava e ainda a ama.
– Não – diz ele lentamente. Eu não a amo.
A princípio, eu tive muito ódio dela. Aquilo foi tomando conta...
Eu só queria magoá-la, atormentá-la, machucá-la...
– É, mas você também atormentou- se muito porque a mão que fere também fica ferida.
– Agora, acho que ela é uma desgraçada.
De sua parte, ele admite que realmente a amou, mas ela não tinha nem capacidade para
amar, pois enganou a muitos. Amava apenas ao dinheiro, à posição, ao poder, enfim, que tais
coisas proporcionam.
A mágoa maior ainda é a que resulta de haver ele esquecido até de seu pai e por isto ele
ainda responsabiliza seus antigos algozes fantasiados de protetores, sem reconhecer ainda que
foi o seu ódio pessoal que o manteve ali subjugado a eles, a persegui-los.
– Eu sofri tanto! Porque a gente sofre... está entendendo?

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Vocês costumam dizer que somos espíritos perseguidores, mas vocês não sabem quanto
a gente sofre lá dentro. Não adianta. A vingança não compensa nada. Fica sempre um vazio,
um desespero dentro da gente.
– Mas aqui entre nós você teve essa compreensão. Não recebemos você como um
perseguidor, mas como um companheiro, um irmão que sofre.
– Morto ou vivo, a gente é sempre gente. – diz ele. Meu pai disse para mim que eu vim
para cá como vítima, mas uma vítima com pureza no coração. Aprendi com ele.
Eu disse ao senhor que eu não maltratava os escravos. Eu era feitor, mas não maltratava
Meu pai me ensinou que eles eram como a gente.
A gente não maltratava nem os animais.
O senhor se lembra que nas reuniões eles falavam que um escravo era como um boi.
“Mas você trata mal um boi?” dizia ele. “Se fizer isso, ele não vai servir para você. É a mesma
coisa.”
Meu pai disse que eu vim puro, mas depois que cheguei aqui (no mundo espiritual) fui
tomado de tanto ódio... Ele disse que estava perto de mim para me receber.
Depois que tomei o veneno, ele disse que eu fiquei cego. “Meu filho, eu estava com os
braços estendidos para receber você, mas no momento em que transpôs a barreira da matéria,
você foi tomado de tanto ódio, tanto ódio que, de repente, foi como se um raio afastasse você
de mim num segundo, em quilômetros. E eu perdi o acesso a você...
E não pude nem sequer recebê-lo. Fiquei esse tempo todo orando e pedindo e tentando te
influenciar, mas você não ouvia!”
– Ele também sofreu suas dores, suas angústias, ao ver você assim por tanto tempo
bloqueado por esse ódio. Não estamos aqui defendendo ninguém. O mal que foi feito a você é,
de fato, muito grave; mas você sabe agora que não foram eles, especificamente; foi o ódio no
seu coração que o prendeu lá, pois você pode- ria ter se desligado.
– Mas não é tão fácil assim! É fácil falar...
– Eu sei que não é fácil. É difícil, sim; muito difícil, mas é possível. Tanto é que ele foi
para você com a esperança de trazê- lo para junto dele e tentar explicar tudo isso. Você ficou
fora do alcance do carinho de pai, que ele trazia.
– Ele disse para mim: “Meu filho, por mais que te amasse eu não podia fazer nada. Não
era eu que não ia a você; eu ia, mas você não vinha a mim!”
– Ele não podia violar o seu livre arbítrio.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Agora, meu irmão, de uma coisa você precisa se convencer. Não sei se ele te falou a
respeito. Você não sofreu aquilo inocentemente, não é?
– Ora, isso não tem importância nenhuma. Não faz diferença agora. Então a lei manda
uma criatura assassinar outra, manda envenenar, manda trair?
– Não. A lei não manda; ela permite. A lei mandou você perseguir? Não; você escolheu
assim. Como se vê, mesmo após uma verdadeira tempestade emocional que sacudiu todo o seu
mundo íntimo e o encontro com seu pai, ele ainda se obstina em não aceitar o mecan ismo
reajustador da lei divina.
O doutrinador insiste que não há sofrimento inocente no mundo, mas ele não quer saber
de argumentos.
Não nos resta, pois, alternativa senão a de mostrar a ele o que realmente o levou àquela
trágica situação. E isto só é possível mergulhando nas memórias do passado mais remoto.
– Meu Deus! Por que não me deixaram lá, pescando com meu pai? Feliz!
Eu não conhecia a maldade do mundo, não sabia o que é ódio.
Na semana anterior, ele contara um banal e comovente episódio. Certa ocasião fora
pescar com o pai; mas este era um homem tão compassivo que parece o incomodava até
arrebatar os peixes do seu mundo líquido e belo. Uma vez apanhados dois peixes, disse ao filho
que estava encerrada a pescaria.
Para que mais, se eram apenas os dois para comê-los?
O garoto, contudo, na euforia do momento, usou um estratagema e pediu: – Pai, deixa
eu pegar mais um para Naiá?
Gullielmo deixou, provavelmente com um sorriso fugidio nos lábios. Era bom mesmo.
Deve ter sofrido horrores no mundo espiritual a seguir, sem nada poder fazer, os
desvairamentos do filho!
O que podia agora fazer era mostrar-lhe que fora tudo uma lamentável perda de tempo...
sofrimento inútil e desnecessário.
– Eu era para estar bem (disse- lhe o pai) porque fui a vítima. E acabei fazendo um
benefício, porque transformei o criminoso em vítima. Então ela ficou na condição de vítima,
todo mundo com peninha dela, até meu pai; e eu fiquei na situação do criminoso, eu que era a
vítima!
Vê que coisa! Passei a ser o algoz, eu, a vítima.
Vê se você entende que burrice eu fiz!

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Seu desejo agora é esquecer tudo. Tomar um remédio que o faça dormir para acordar
com tudo apagado da memória, como que por um passe de mágica, mas a saída não é por aí.
Oramos, e em seguida, levamo-lo, pela magnetização, ao recuo no tempo, em busca das
suas soterradas memórias.
Começa a falar, em italiano, sobre uma fortuna e sobre i donni – as mulheres – muitas
delas. Parece ser um rico e irresponsável playboy de séculos passados.
A história começa a sair em fragmentos que, aos poucos, vão fazendo sentido.
Ele se casou com uma jovem por nome Marcela que, a seu pedido, conseguiu convencer
o pai dela a passar a fortuna toda para o nome dela, herdeira única, pois não tinha irmãos.
Em seguida, induziu a esposa a fazê-lo herdeiro universal, em documento de cartório,
tudo legal. Depois que ele teve tudo bem garantido em suas mãos...
– Bem... eu não precisava mais dela – diz ele. Ela... ela... morreu.
– Ah! morreu? Mas como?
– Bem, eu não precisava mais dela – repete ele – precisava do dinheiro.
– Mas que morte estranha essa! Como foi isso? Ela ficou doente?
– Foi uma história assim parecida com isso – diz ele após longa pausa.
Ela gostava muito de vinho. Um dia ela tomou uma taça de vinho e foi dormir e não
acor- dou mais!
– O vinho fez-lhe mal, então.
– Você sabe... Não se pode tomar essas coisas. Perchè sou o herdeiro de tudo...
Eu estava desesperado. Precisava pagar uma dívida. Eu era um homem importante. (E
corrige logo) Eu sou um homem importante! Não pos so deixar que uma mancha do jogo
estrague minha reputação.
E então... Aquele luto, fui para casa... Missa. Fiz tudo direito. Fui o perfeito viúvo. Eu
gostava dela, realmente, mas não tive outro jeito...
– O pai dela estava vivo ainda?
– Estava.
– E ele não veio perguntar como é que ela morreu?
– Veio. Veio. Mandou que chamasse il dottore ... Veio il dottore, fez os exames e não
tinha muito para dizer. E, depois, não se podia fazer um escândalo.
Tinham tanto medo de escândalo!
– E você casou outra vez?
– Não, tinha as donni, mas não queria casar-me com nenhuma delas. Muitas...

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Quanto ao jogo, passou a ter mais cuidado.
– E o dinheiro deu para você viver, mesmo pagando a dívida?
– Sim, eu era rico. Tinha a boa vida de um nobre da época. Uma vida como todo mundo
tinha. Uma adega com muitos vinhos...
– E seus pais eram vivos? – Não. Eu herdei de meus pais os bens.
– Sei; então você herdou de seu pai e também de sua mulher.
É impressionante a calma com que conta isso tudo, com indisfarçável pitadinha de
cinismo, como se fosse a coisa mais natural do
mundo fazer aquilo tudo para preservar o seu status de nobre, rico e blasé.
– E como morreu seu sogro ? – pergunta o doutrinador que sente ali mais um problema.
– Bem, um dia... Ele não se conformava porque Marcela era uma filha que...
Um dia ele disse assim para mim que sabia que eu tinha matado Marcela. Que ele não se
importaria que eu tirasse os bens dele, mas que não tirasse a vida da filha dele.
Ele então disse que ia lá falar com... (autoridades?)
– Denunciar?
– É. Aí eu disse para ele que nós precisávamos conversar. E fomos. Um dia eu disse
para ele: “Vamos sair por aí de manhã numa hora calma”. Mas ele não aceitou, porque fazia
muito frio. Ele tinha lá suas dores. Eu disse: “Está bem, vamos à noite”.
E fomos uma noite caminhar. Estávamos passando por uma ponte e
conversando... Eu usava, sabe, uma... “Como si chiamma?”...
Como é o nome? Uma coisa que se usa para andar.
– Bengala? – É, uma coisa... é isso. Só que a minha tinha sido de meu avô e era toda de
prata maciça e era pesada. Tinha uns desenhos.
E quando a gente estava no meio da ponte, vi que não vinha ninguém, de um lado e do
outro e eu... Bem, você pode imaginar, não é?
– Sim. Então ele morreu ali?
– Sim, ele caiu dentro do rio. Eu não podia deixar que ele desarrumasse toda a minha
vida!
– O rio arrastou o corpo dele e nunca mais foi achado?
– Foi, mas muito longe.
– E não desconfiaram de você?
– Não.

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Eu fui o primeiro a dar o alarme de que ele tinha desaparecido. Eu disse que ele tinha
marcado um encontro comigo à noite e eu saí e fiquei esperando, mas ele não chegou.
Então, no outro dia, fui falar, e stava preocupado com o velho.
– Ninguém viu vocês na véspera?
– Não.
Essas coisas parece que o diabo ajuda...
– Aí, então, você ficou sem nenhum problema. Não tinha mais a mulher nem o sogro
que desconfiava. Ficou tudo bem para você...
Qual a sua idade nessa época? – Trinta e três.
– E você viveu ainda muitos anos lá?
– Sim.
Nunca mais se casou. Passou a beber muito vinho, no vão esforço de afogar aquilo na
embriaguês. Ele mesmo confessa que se tornou um libertino completo. Só queria gozar aquelas
coisas todas, nada mais importava.
Nesse ponto o doutrinador o traz de volta ao presente, sugerindo- lhe que se mantenha
consciente de todo o episódio que acaba de narrar.
Desperta, queixando- se de aguda dor de cabeça.
– Quer dizer que eu não presto mesmo, não é? – é a sua primeira pergunta.
– Não, meu querido. Não é isso. O objetivo da sua confissão...
– De qualquer ângulo que você me olhe, eu não presto.
– Não. Não estamos acusando você.
Estamos mostrando apenas que a lei se cumpre em nós.
Estamos mostrando a inutilidade do ódio, a perda de tempo com o crime, o erro, quando
temos todo um caminho a percorrer.
Temos seres superiores que nos amam, que nos esperam. Que muitas vezes nem podem
ajudar-nos porque criamos bloqueios.
Estamos mostrando que nenhum sofrimento é inocente.
Que temos nossas culpas que precisamos do perdão para as nossas falhas e que,
portanto, temos também de perdoar conforme nos ensinou o Cristo, no Pai Nosso.
– Mas, então, isso é uma máquina de fazer crimes, de matar, de odiar...
– De certa forma, sim, mas você pode pará- la a qualquer momento.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Nosso companheiro, contudo, ainda não aceita o resgate doloroso no Brasil Império.
Diz ele que lá na Itália foi outra vida, era o vinho, eram as mulheres...
Como concorda em sair do caminho dela já considera ter feito uma
importante concessão. Aliás, já saiu, acrescenta.
Agora, perdoar, não promete. Ainda não consegue. Afinal, não é um santo...
No momento, diz ele, está mais preocupado é com o que não fez e não com o que fez,
que isto ele sabe.
Está bem esclarecido, mas compreende que não pode mudar assim de uma hora para
outra ali. Seria mentiroso, se dissesse que perdoa tudo e esquece. Precisa de tempo.
– O senhor não sabe como foi difícil encontrar meu pai. Ao mesmo tempo que fiquei
tão feliz, me senti tão envergonhado!
Eu queria voltar a ser aquele menino bom e puro que meu pai conheceu. Eu não queria
ter tido aquilo tudo na frente dele para ele ver e saber.
Compreende?
Eu amava meu pai!
– Amava não. Você o ama até hoje. Ele está aí.
– Não queria que ele tivesse tido essa decepção comigo. Isso é que mais está doendo
dentro de mim agora. É tão difícil! O senhor não sabe como é difícil! Meu pai disse para eu ter
compaixão dela. Vou pedir ao senhor pelo amor de Deus, me ajude! Estou tão confuso dentro
da minha cabeça!
O diálogo prossegue, agora voltado para a doutrinação propriamente, a palavra de
conforto, de consolo, de encorajamento.
Já no final, ele acrescenta uma informação:
– Sabe o que meu pai disse?
Ele disse que quando a gente veio para o Brasil (renascer), era para ele ter dinheiro; eu
seria filho único. Era para eu casar-me com ela e restituir-lhe os bens. Está entendendo?
Mas – diz ele, a chorar outra vez – ela não soube esperar, não é?
Eles precipitaram tudo, estragou- se tudo! Podia ter acabado tudo ali, meu Deus!
– É; porque todos os espíritos estavam ali reunidos novamente. Seu pai também estava
naquele episódio lá em Gênova?
– Meu pai? Agora não sei.
– Não importa.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
O certo é que a lei divina reuniu vocês ali, colocou junto de vocês um espírito superior,
que era seu pai, para acomodar todos.
– É. Ele disse que era esse o plano. Eu casava com ela e assim a reabilitava e, ao mesmo
tempo, eu lhe restituía os bens todos.
– Quer dizer que o espírito era o mesmo, daquela moça, Marcela?
– Era. Mas acho que ele nunca confiou em mim. Podia ter esperado. Por que ele não
esperou? Por que eles precipitaram tudo, meu Deus?
Não foi ela, foi o pai dele. Ele armou tudo. Ela era apenas o instrumento. Lá em Gênova
eu era filho único e ela filha única. Aqui a mesma coisa.
– É.
Ela foi envenenada; você foi envenenado. Tudo simétrico, mas tudo precipitado.
– Eu não culpo tanto a ela. Foram eles que levaram ela a fazer as coisas.
– Ela não tem assim uma maldade intrínseca...
– Não. Isso é porque eu estava cheio de ódio, sei lá.
O senhor me desculpe. Agora estou mais calmo. Ela não teve culpa, coitada! Ela...
– Foi um instrumento, embora também tenha errado.
– Quando eu tinha dez anos, ela também era uma criança. Ela não teve nada com o
assassinato de meu pai. Foram eles. Crescemos juntos...
– Não se esqueça, meu irmão, que você a ama e ela também o ama. Vocês terão novas
oportunidades no futuro. Peça a Deus que dê forças a você e a ela.
– Mas ela está tão mal, coitada...! Afinal, ela não é tão ruim assim. Eu fui muito pior.
Perdi tanto tempo!
Fiquei que nem um negro ali no tronco, esquecido. Sabe que, às vezes, um escravo
morria no tronco porque se esqueciam dele lá? Eu fiquei assim. Só que eu mesmo me botei no
tronco.
– Por isso eu disse que você estava tão prisioneiro quanto ela. Mas é que na hora em
que estamos envolvidos nas emoções, não admitimos argumentos, não aceitamos razões, não
queremos discutir o passado, achamos que estamos certos...
– Passou o tempo, acabou a fazenda e eu fiquei lá. O senhor me desculpe!
Agora estou calmo, mas eu estava tão agoniado... Ah, meu Deus do céu!
Essa é a história de José Francelino das Neves.
Não nos cabe acrescentar um longo comentário porque ela fala por si mesma, na
rigorosa simetria dos fatos.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Se, à base do episódio ocorrido na fazenda brasileira, algum ficcionista tivesse de
criar uma história semelhante para explicar uma pela outra, não teria conseguido, por certo,
fazê-la tão bem como o fez a própria vida: lá em Gênova, um jovem que já nascera rico e filho
único, assassina a mulher, também rica e filha única, para apoderar-se de outra fortuna, a fim
de salvar-se da bancarrota.
Como o pai dela desconfia, mata-o também e, perante a lei dos homens, permanece
impune. Aqui é a moça (a mesma, pois é o mesmo espírito) que funciona como sinistro pivô de
um episódio macabro. Filha única, tem seus bens em perigo, às portas da falência e, por isso,
matam um pai e depois o seu filho para que possam apoderar-se de seus bens.
Tudo desnecessário, pois aquela fortuna providencial já estava mesmo destinada a ela
por meio de um casamento já programado.
Só resta agora lamentar o tempo perdido, a inutilidade do sofrimento, a frustração da
oportunidade desperdiçada. Contudo, a vida continua e também os seres, as situações, as
oportunidades, o aprendizado e, enfim, a libertação, a paz, a felicidade.
Hermínio de Miranda – A Dama da Noite – Cap. 8 – O Oceano e a gota D`água

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
4.13 Exemplo – Livro – A Irmã do Vizir


Leitores de nossos livros anteriores sabem que não cuidávamos especificamente de
problemas de obsessão em nosso grupo de trabalhos mediúnicos. Não que assim tenhamos
decidido conscientemente.
Achamos que não nos competia impor este ou aquele tipo de trabalho aos companheiros
desencarnados, com estas ou aquelas características – limitamo-nos a oferecer a nossa
instrumentação para que eles a utilizassem como melhor lhes parecesse, sem que isto jamais
tenha significado renúncia aos critérios habituais de vigilância e exame crítico dos resultados
de cada sessão e de avaliação periódica das tarefas que, com o nosso concurso, iam sendo
realizadas.
Aliás, como ficou dito num dos mencionados livros, sabemos que nem todos os espíritos
carecentes de um diálogo, de uma aproximação ou apelo, estão necessariamente envolvidos em
processos de obsessão, de possessão ou de simples influenciação mais ou menos negativa.
Muitos – e quase digo que são maioria – estão interessados na divulgação de ideias, na
montagem de grupos ou seitas onde possam mais livremente pontificar como “guias, “mestres”
e “orientadores”.
Ou ainda, empenhados em se apossarem de instituições já existentes, satisfazendo dessa
maneira a ânsia de poder e dominação, da qual ainda não conseguiram livrar-se.
Resolvemos, pois, deixar a critério dos nossos amigos espirituais a escolha
das prioridades do trabalho, de vez que eles dispõem de recursos e conhecimentos que não estão
ao nosso alcance. Isso não quer dizer, contudo, que o nosso grupo rejeitasse sumária e
sistematicamente a tarefa da desobsessão; antes a realizamos com frequência, mas
sempre dentro do esquema de prioridade de nossos benfeitores espirituais.
Às pessoas que, sabendo de nossas atividades, nos procuravam com problemas pessoais
– obsessivos ou não – informávamos com franqueza e honestidade que não poderíamos garantir
uma orientação específica, ante uma “consulta” formulada ou que espíritos porventura
envolvidos nas dificuldades íntimas de cada um seriam trazidos para tratamento ou diálogo, o
que, aliás, é válido para qualquer grupo mediúnico.
Quem pode garantir que cada caso pessoal será atendido e cada questão respondida?

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Como de praxe, mantivemos sempre um caderno onde anotávamos o nome de todas as
pessoas necessitadas de ajuda. Os benfeitores, por sua vez, nos asseguraram mais de uma vez
que todas as solicitações acolhidas no caderno eram levadas em conta e atendidas, na medida
do possível, depois de estudado caso por caso.
Tivemos disso inúmeras demonstrações dramáticas.
Eventualmente, contudo – e nunca procuramos questionar os critérios adotados pelos
nossos maiores –, foram trazidos à nossa mesa mediúnica casos típicos e, por assim dizer,
clássicos de obsessão, de possessão e até mesmo um problema da chamada múltipla
personalidade.
O trabalho da noite que vamos examinar a seguir foi dedicado ao atendimento de caso
de influenciação e vingança, mas que não atingira a fase específica da obsessão.
Tratava-se, como pudemos observar no desenrolar do debate com o atormentado
companheiro desencarnado, de situações angustiantes que vivia determinada pessoa de nossas
relações que mais de uma vez conversara conosco pelo telefone, narrando suas aflições.
Como era de esperar-se – e essa é a rotina em tais casos – mal incorporou- se no médium,
o espírito manifestou em altos brados a sua indignação.
– Vocês não tinham nada que mexer comigo!
Estava dado o tom.
Éramos, a seu ver, os maiores “metidos” do mundo. Tanto quanto permitia a sua
irritação, foi desdobrando a sua tese.
– Vocês são engraçados: quando as coisas acontecem com a gente, vocês não aparecem
para defender. Os outros fazem da gente gato e sapato: pisam, matam, esfolam...
Na hora que chega a vez de a gente tomar satisfações, aí vocês aparecem como
salvadores da humanidade. E, afinal de contas, diz ele, “temos ou não temos liberdade?
Cada um tem o companheiro que quer.
Ele acompanhava os telefonemas – disse que ficava ao lado ouvindo. A pessoa “uma
senhora” era uma grande vigarista e aquele choro todo ao telefone podia bem ser falso.
– Nem sempre isso é verdade – disse ele ao doutrinador.
Você pode muito bem estar caindo no “conto do anjinho”. Pode estar embarcando numa
canoa furada, com a qual, aliás, você não tem nada, e acabar afundando com ela. Estava apenas
avisando. Aliás, “ninguém pra chorar mais do que mulher”.
Ele bem sabia que o nosso doutrinador tinha um “coração de manteiga”.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
E vinha outro conselho tão sugestivo quanto original: propunha botar o coração na
geladeira para não ficar a derreter-se à toa...
E num impulso maior de irritação anunciou que tinha plena consciência do que estava
fazendo junto da moça e que ia continuar a fazê-lo e que ninguém (Ninguém, ouviu?) ia tirá-
lo de lá. Mesmo porque, estava autorizado por lei a cobrar a dívida.
Se a pessoa não tinha dinheiro para pagá-la, o problema não era dele. Azar! Por especial
concessão, podia fazer conosco um trato, um negócio tal como já havia feito em outros lugares
aos quais ela recorrera.
O que queríamos nós para deixá-lo em paz?
Passar por salvadores, por exemplo?
Era fácil. Ele daria uma trégua de uma semana ou um mês e quando tudo estivesse no
auge da felicidade, ele voltaria com toda a carga.
Enquanto isso, nós passaríamos por verdadeiros anjos da paz.
O problema é que – ele próprio sabia e o disse – nós não “cobrávamos” pelos nossos
serviços.
Quando há preço estipulado é mais fácil,
mesmo porque a transação é usualmente com eles mesmos.
Durante todo esse verdadeiro destampatório, em que era difícil colocarmos uma ou
outra observação, ele se recusou sistematicamente a explicar as suas razões.
Limitava-se a dizer que ela fez com ele o que quis e agora era a vez dele.
Se gostava dela? Claro, claro. Tanto gostava que “tomava conta dela”.
Além do mais, estava até fazendo-lhe um favor, porque com aquele corretivo firme,
evitava que ela cometesse novos erros.
– Temos que ser severos para a pessoa não se desviar de novo. Justiça é justiça, cega e
implacável.
Nesse ponto o doutrinador, começa a colocar algumas questões que parecem tão
insensatas quanto impertinentes ao manifestante.
– E quando ela lhe fez sofrer, a lei também a autorizava, não é?
Isso ele ainda não está pronto para admitir.
E conta uma história ilustrativa.
Uma pessoa faz um sacrifício danado, consegue algumas economias, bota uma lojinha e
começa a vender suas coisas. Como juntou o seu próprio dinheiro, não deve nada a ninguém e
os negócios vão bem. De repente, aparece um assaltante e leva tudo.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
– E você acha – pergunta ele vitorioso, que a justiça deve ficar do lado do malfeitor?
Se fosse assim, então, podia acabar com a polícia e fechar as prisões. Eu é que sou a
vítima; fui assaltado na minha integridade moral, na minha vida!
E confirmou: gostava dela sim. Maltratava-a para que ela soubesse que lhe pertencia.
Queria que fosse como ele desejava. “Se sai da linha, puxo o cabresto. E o cabresto é
curto!”
O doutrinador repete a pergunta anterior, mas com outras palavras:
– E quando puxaram o seu cabresto, você era inocente?
Mas ele não se dava facilmente por achado. O doutrinador nem conhecia o caso dela!
– Como é que você aceita um caso para defender se nem conhece o seu cliente?
Precisa conhecer, estudar. Julgar? Não, eu não julgo; apenas cobro o que me devem.
– Então você julgou. Como é que você decidiu cobrar sem julgar?
– Eu não decidi – eu vi!
– Sim, mas você podia perdoar também. A ideia lhe parece tão estapafúrdia que ele até
dá um pequeno riso. Então a pessoa mata, quebra, rouba e depois fica impune a gozar a vida,
porque a vítima perdoou?
Essa é boa!
Por isso é que ele acha que estão muito certos os espíritos que se empenham em acabar
com as sessões desse tipo (as chamadas sessões de desobsessão).
É isso mesmo! Por que temos nós que nos meter na vida deles, desencarnados?
Que cada um fique no seu plano e pronto.
Dizendo isso, porém, abre novo flanco e o doutrinador observa:
– Quer dizer, então, que você também vai abandonar a nossa irmã encarnada?
Isso não. Ele está autorizado a fazer o que faz; tanto que Deus deixa-o fazer.
E voltou à sua ideia inicial: se soubéssemos quem era ela! Isso ninguém vê. Só veem os
coitadinhos, as vítimas, os sofredores. Só por que está chorando, pensa que tem algum direito?
Nada disso! E outra imagem sugestiva, de que são, aliás, férteis:
Qualquer topada, botam a boca no mundo e logo acorrem os “bonzinhos” para socorrer.
Vai ver que onde ela deu a topada está doendo mais do que o dedão...
Acham que a culpa é da pedra?
Não. Ela estava muito quietinha lá e deram-lhe um chute.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Nova pergunta do doutrinador:
– Quer dizer que se você tiver uma dor, ninguém deve lhe socorrer?
Ele escapa à pergunta, dizendo que ele não tem dor alguma – é até muito feliz, está
fazendo o que quer...
E além disso... – Ela está dentro do meu território e no meu território mando eu.
Por outro lado, o doutrinador deveria estar até muito satisfeito, pois ele não
estava ajudando a educar a moça?
E a mesma pergunta de sempre: – E quando ela ajudou a sua educação?
Assim não era possível! Não dava nem para conversar, pois o doutrinador ficava a
martelar insistentemente na mesma tecla: tim, tim, tim...
Se ele era rude? Claro. Não o chamaram ali?
Pois tinham agora que aguentar com ele.
De repente, para de falar por alguns momentos, contempla as mãos em silêncio e depois
comenta:
– Sabe? Muitas vezes desejei que minha mão fosse um cutelo.
O senhor já imaginou? A gente resolveria uma porção de coisas, com a maior
facilidade...
Apesar do estado de irritação perdurar, sentimos que está mais razoável e começa a falar
em tom mais ameno. Diz que chega até a admitir que o doutrinador apresente seus argumentos
para defendera moça.
Nova “deixa” que o doutrinador procura aproveitar, pedindo que ele conte a sua história,
pois sem saber o que se passou, como ajudá-los?
Só depois desse debate que ficou aí reduzido ao mínimo possível, é que começa a
indução magnética, a fim de tentarmos alcançar as raízes da problemática.
É evidente que ele também sofre, a despeito de suas bravatas, de suas ameaças, de sua
aparente dureza de coração.
Ao que tudo indica, ele ainda a ama e são precisamente o desengano e o amor
vilipendiado que alimentam a sua vingança.
Como e por que teria começado tudo aquilo?
É o que nos propomos descobrir, com o maior respeito por ele, como pessoa humana, e
o maior cuidado com a sua dor.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
A magnetização é uma espécie de anestesia, para que não doa tanto a operação de que
ele tanto necessita.
Sim, estamos interessados em ajudar a pessoa que nos pediu socorro, mas não apenas
ela, como também ele, pois sofrem os dois e muitos outros que os cercam, na carne e em
espírito.
Dentro de alguns minutos ele começa a bocejar e vai aprofundando o estado
de sonolência, até que mergulha fundo nele.
É nesse ponto que começa a falar, ainda com a voz arrastada e algo insegura:
– Eu era um bom marido para ela.
– E o que aconteceu? Ela traiu você?
– Por mais de uma vez. – E vocês tinham filhos?
– Tínhamos filhos.
– E o que aconteceu? Você tomou alguma medida quanto a isso?
– Ora, você não sabe?
Ela é uma mulher terrível. É uma cobra, uma víbora! Você não sabe o que ela me fez!
Eu não fiz nada. Eu não soube. Só soube quando já estava morto...
Eu não desconfiei nem da mão traiçoeira que me levou à morte. Eu sou um pescador.
Passo dias fora, no mar. – Onde você vive? – Na Alsácia.
– E você nunca descobriu nada que o levasse à suspeita?
– Tinha esse primo que veio da cidade para morar.
– Morar com vocês?
– É.
– E você tinha muita idade quando morreu? Estava muito velho?
– Não muito velho. Eu tinha 54 anos.
– E você gostava muito dela? – Eu gostava. Eu lhe dei uma casa, um nome...
– Ela era bonita?
– Ela é bonita – corrige ele. Dois filhos: Pierre é um, e Jean-Paul é outro.
Tinha uma menina, Pauline, que morreu.
– Como é seu nome? – François. – Bem, François, então vamos...
E ele ainda reagindo:
– Não vamos a lugar nenhum. (Mas prossegue).

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Tem aquele dia que eu voltei, e sempre que eu voltava, tomava muito vinho.
Foi aquele dia que eu voltei. E trouxe muito dinheiro, porque fui à cidade e eu tinha um
tio que me fez herdeiro de todos os seus bens.
Voltei contente e já tinha bebido quase todo um garrafão de vinho. E foi nessa noite que
ela me acolheu e nem reclamou de eu estar bêbado. Me recebeu carinhosa, me levou para um
canto e me sentou e me trouxe a comida.
Eu comi e, enquanto comia, de repente, senti aquela coisa terrível que me
queimava todas as entranhas. Foi tão rápido que nunca levantei daquela mesa.
Nunca terminei aquele jantar.
Quando, de repente, passou tudo, fiquei sem entender...
Achei que era o vinho, porque eu estava ali e de repente eu era dois!
Esfreguei os olhos e disse: “Nunca mais eu bebo tanto vinho!”
Mas eu continuava vendo dois eus. E ela tinha saído da sala. Sala, não – da cozinha.
E eu, ali, vendo dois eus. Então, de repente, ela entrou e chamou baixinho: “François!
François!” Pensei que ela ia me acordar e acabar aquele pesadelo de ver dois. Mas, não!
Quando ela viu que eu não respondia, então, deu um solavanco na minha cabeça e eu
caí para um lado, mas aí eu vi que não era eu – era o outro eu... que estava sentado.
Então ela chamou o “outro”. E aí, sabe que eles riram na minha cara?
E ele deu uma bofetada naquele outro eu que estava sentado e virou pra lá e disse:
“Velho bobo! Só estávamos esperando você tomar posse daquela herança.”
E dançaram os dois; ela começou a quebrar tudo e disse: “Chega de miséria! Chega de
vida difícil! Quero roupas caras!”
E eu custei a entender o que estava acontecendo. Mas quando
entendi... eu lhe digo uma coisa: ela nunca foi feliz!
Quando eles se sentavam à mesa para comer, eu sentava na cabeceira. E ela me via!
E ela gritava... Quando ela ia pegar a caneca pra beber vinho, eu pegava primeiro.
E um dia, fiz... Ela ficou tão louca, que apanhou uma faca e disse que aquele dia ela me
matava de uma vez. Aí, sabe o que eu fiz? Eu deixei...
Fiz bastante raiva a ela, dizendo que ela não podia fazer isso, que ela não tinha
coragem...
Aí ela correu pra cima de mim e ele vinha entrando. Então eu corri na frente dele e fiquei
ali. Ela veio e meteu a faca em mim. Só que você sabe que... Foi a minha primeira vingança.
– Escuta. Você não precisa contar tudo isso. Sei que é doloroso. Essas lembranças são
muito penosas.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
– Não. Não é nada disso! Já passou tanto tempo!
– Você ainda tem raiva dela?
– Acho que não é justo.
Chegado a esse ponto, não basta lamentar a tragédia e dar o caso por encerrado, porque
levantamos apenas a ponta do véu que cobre o mistério.
Vimos o terrível efeito de uma causa mais remota, talvez de uma longa série de ciclos
de amor- ódio-vingança, sucessivamente, vida após vida.
Não resta alternativa senão a de recuar um pouco mais no tempo, para buscar a causa
de tudo aquilo. Não nos interessa aqui desdobrar ante o espírito que sofre todo um ciclo de dor
que se perde na memória dos séculos. Basta demonstrar-lhe a sequência inexorável de causa
e efeito, a fim de convencê- lo de que não há dor sem causa, sofrimento sem culpa, cobrança
sem dívida, e nem dívida sem resgate. É o que tentamos fazer a seguir, levando- o a um passado
mais remoto, onde quer que se encontre o disparador da situação na Alsácia.
Seu espírito sabe e vai lá, com fantástica precisão e lucidez. Vejamos.
– Estou aqui, na mata. – Na mata?
E o que você faz aí?
– Corto lenha. (Pausa). Está entardecendo. Estou aqui, sozinho, esperando um irmão
que entrou um pouco mais.
– Você precisa falar com ele ou vocês vão juntos para casa?
Qual é o problema? – Nós viemos juntos.
– Vocês moram juntos? – Sim. Meu irmão... ele não sabe, mas hoje decidi que ele não
volta pra casa.
– Por que isso? – Porque vai acontecer um acidente.
– Mas por que você está pensando assim? – Porque ele disse que é o único jeito. Que eu
tenho que fazer isso.
– Como assim? Ele disse? – Ela. – Ah, ela.
Ela quem?
– Minha cunhada. – Então ele é casado. E você é solteiro? – É.
– E você gosta dela. – É.
– E você precisa provocar um acidente? – Um de nós precisa ficar e o outro precisa ir.
– Ele também é lenhador? Vocês vendem madeira, então? – É.
Vendemos para as lareiras. Fazemos carvão.
– E são muitos irmãos, ou só esse?

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
– Tenho outros irmãos... Eu vivo com esse. Ele sempre gostou muito de mim.
– Bem. Continue, então. O que aconteceu depois?
– Uma coisa horrível! Sim, nunca mais me esqueci desta cena.
Voltávamos e era o entardecer e havia um caminho que passava à beira de um precipício
e eu tinha planejado tudo. Era uma ravina. Sabe o que é uma ravina? Havia uma árvore na ponta
da ravina. Quando estávamos passando, tropecei, escorreguei e agarrei-me nas raízes e gritei
por socorro. E ele veio socorrer-me e estendia o braço e eu lhe dizia que estava só com o pé
seguro numa saliência da rocha e você sabe o que aconteceu, não é?
Ele veio, eu lhe tomei o braço e o puxei, ao mesmo tempo em que me segurava com a
outra mão nas raízes da árvore... Ele passou por cima da minha cabeça.
E quando compreendeu o que tinha acontecido, vi nos seus olhos um lampejo de
surpresa e dor que jamais esqueci.
– Que pena! E ele ficou lá, então?
– Fui pra casa e chamei outros lenhadores e viemos para resgatar seu corpo. Descemos
com cordas. Sabe que quando cheguei lá, eu via seus olhos abertos? Ele caiu de costas com os
braços, assim, em cruz, abertos. E os olhos com aquele olhar de surpresa. – É.
Ele não podia esperar aquilo de você, não é?
– Senti o estômago... minhas vísceras... e vomitei. Depois, não sei... o remorso...
– E você se casou com a moça? – Não, não... Eu o via sempre. Era como se ele estivesse
sempre presente entre nós.
E um dia eu saí... Saí... (Pausa). Eu não tinha paz na minha consciência. Só vi uma
maneira de ser perdoado. Voltei um dia à mesma ravina e atirei-me de lá. E aí conheci o inferno.
Me atirei e caí lá embaixo, e quando pensei que estava morto, vi que não estava.
Tinha vários outros lá que também tinham se jogado ali. E todos estavam ali e não
podiam sair. Foi uma coisa horrível!
– A moça pediu para você fazer isso? – Sim.
– Mas você não fez isso com satisfação, não é? Você se arrependeu profundamente...
– Depois, sim. Mas aí eu já tinha feito... Até que um dia... Fiquei não sei quanto tempo
ali, naquela ravina.
De noite eu ouvia gritos e imprecações e uivos e os bichos da floresta e tudo...
Aí, sabe? Eu quebrei... Não sei se devo dizer se quebrei ou o corpo quebrou a minha
espinha, Sentia toda hora aquela dor. E sentia a queda de novo. E caía toda hora. Subia lá em
cima e me jogava de novo. Subia e me jogava... Era um inferno!

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
É como se estivesse amarrado ali.
– E como é que terminou tudo isso?
– Um dia que estava chovendo muito, eu me sentei e me lembrei de meu irmão
e comecei a chorar, e a pedir que ele me perdoasse, porque se eu o tinha matado, eu tinha me
matado mil vezes, o que era muito pior.
Aí... Coisa estranha! Vi uma luz no alto da ravina. Uma luz... E vi alguém que descia e
aquela luz acompanhava e vinha descendo e quando este al guém chegou perto de mim, era meu
irmão!
Ele era meu irmão mais velho. Ele me tomou nos seus braços e eu chorava e ele
me acariciou os cabelos e me chamou de seu filho. “Meu filho!”
E eu disse pra ele: “Será que tudo foi um pesadelo e estou acordando agora?
Você não morreu!” E ele respondeu: “Você também não. Ninguém morre”.
Perguntei se ele tinha me perdoado e ele disse: “Sim, meu irmão. Naquela hora em que
caí na ravina, enquanto meu corpo descia, pedi a Deus que te perdoasse”.
– Que beleza de espírito, hein?
– Aí ele me levou. E tinha aquela luz... Subimos pela luz de novo.
E aí, ele me levou para um lugar, mas disse que eu não podia ficar com ele.
Então eu soube que tinham se passado oitenta anos desde que eu tinha caído naquela
ravina. E eu não subia. Então, um dia, ele voltou e disse que eu tinha que ver alguém.
Era ela. Ele disse que tínhamos que voltar. – Voltar juntos. E vocês renasceram, então?
Voltaram para a vida? É isso? Foi a sua esposa?
– Foi.
– E aí aconteceu tudo outra vez... Pois é, meu querido. Agora você vai despertar com o
conhecimento de tudo que está aí, para você decidir o que quer fazer.
Lembre- se bem de que você precisou do perdão, ouviu? E que teu irmão te perdoou. O
espírito é despertado e desligado.
*
Centenas de vezes testemunhamos em nossos trabalhos socorristas o funcionamento
inexorável da lei de causa e efeito e há sempre nas dolorosas narrativas um jogo dramático de
circunstâncias que explicam uma situação que a antecedeu no tempo e no espaço.
Raramente, contudo, o caso se apresenta com tamanha precisão nas suas aflitivas
simetrias, como se os episódios de uma vida e de outra se contemplassem face a face num
espelho.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
O lenhador trai o irmão com a cunhada, assassina o irmão com os requintes
da premeditação e da falsidade e este somente percebe a armadilha em que caiu já a alguns
segundos da morte, enquanto se despenha pela ravina abaixo.
O criminoso, agindo sob inspiração da mulher, não consegue ser feliz, porque a figura
do irmão parece estar sempre entre ele e a ex-cunhada.
Na vida seguinte, depois de reunir os elementos necessários no reajuste – situações e
pessoas – tudo se repete, agora do outro lado do espelho: o lenhador fratricida é um pescador
alsaciano. A esposa é aquela mesma criatura que o levou a trair o irmão.
Desgraçadamente, ela incide no mesmo erro de instigar o amante ao crime. Só que desta
vez o relacionamento entre eles não é de irmão para irmão – são primos.
E tal como o irmão outrora assassinado, ele percebe toda a trama já no limiar da nova
fase da vida, como espírito.
Por outro lado, enquanto no crime do lenhador a figura do irmão se interpunha entre o
criminoso e a mulher apenas porque a consciência atormentada assim decidira, no episódio da
Alsácia ele próprio, como espírito, consciente e disposto à vingança, manifesta-se à visão dela
e acaba levando-a habilmente a assassinar o amante.
A diferença fundamental entre as duas histórias está no perdão. Ao passo que ele, na
condição de espírito ainda perseguia tenazmente a antiga esposa, já agora reencarnada em ou tro
corpo, a sua antiga vítima – o irmão lenhador – o perdoara e até viera buscá-lo, a fim de orientá-
lo em nova existência de reajuste.
Como se percebe, o antigo irmão já era àquela época um espírito de importantes
conquistas evolutivas, enquanto ele ainda se debatia em crimes e erros lamentáveis.
E ele, que fora tão comovedoramente perdoado, não conseguia admitir, nem como
conceito abstrato, a ideia do perdão que o doutrinador lhe sugeria.
E, por isso, como perdera a oportunidade de superar uma situação conflitante na Alsácia,
estava projetando suas dificuldades num futuro incerto, obstinando- se em perseguir a mulher
que o levara ao aviltamento.
Quanto a ela, repetira erro grave em duas vidas diferentes e, por isso,
como muito bem sabia, punha-se à sua mercê, naquilo que ele chamava de seu território.
Ali se sentia absoluto e a “educava” à sua maneira...
Resta apenas uma observação final. As culpas que a jovem senhora traz na sua memória
espiritual são gravíssimas e ela não tinha como furtar-se às responsabilidades decorrentes e,
consequentemente, ao resgate.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Acontece, porém, que ao mes mo tempo que severa, a lei é flexível e procura acomodar
o compromisso do resgate ao nosso contexto pessoal, às nossas reações e disposições.
No caso da moça que recorreu ao nosso grupo, sua atitude nesta existência abriu -lhe
certo crédito, pois ela estava empenhada no esforço positivo de melhor entender as leis divinas,
procurando ainda servir à causa do bem.
A impressão que nos fica em tais casos é a de que é concedida uma espécie de moratória,
uma trégua que também é um teste. Se nos sairmos bem, o “processo” terá encaminhamento
diferente, levando em conta possíveis atenuantes ou pelo me nos a expectativa de um
procedimento adequado daí em diante.
Ficamos como que em liberdade condicional vigiada, que nos facultará a oportunidade
de começar a servir. Se falhamos novamente, então, não há alternativa, senão o retorno às
grades da prisão. Se tudo sair bem, poderemos ganhar de outra maneira a moeda do resgate em
vez de fazê- lo pela dor.
São essas as lições que encontro na história do pescador da Alsácia.
E você, leitor ou leitora, vê outros ângulos?

* Ao que ficamos sabendo, a senhora libertou- se das pressões espirituais que o antigo
companheiro desvairado aplicava sobre ela.
Como era de se supor, seus problemas emocionais e suas dificuldades eram na área do
casamento, mas parece que a situação harmonizou-se, até onde nos foi possível acompanhá-la.
Com o tempo, perdemo- la de vista.
Imagino que esteja bem.
Tive oportunidade de vê-la, certa vez, à distância, num auditório vasto e cheio de gente.
Poderia tê- la procurado para uma palavra, mas obviamente ela estava bem.
E não me perguntem por que cheguei a tal conclusão...
A indiscrição poderia revelar a alguns a sua identidade, que deve ser preservada.

Nota
Alsácia, ou melhor, Alsácia -Lorena é uma pequena área territorial de 5.600
milhas quadradas – cerca de 9.000 km2 – localizada entre a França e a Alemanha.
Pela sua importância econômica – mineração e agricultura – a Alsácia tem sido um
ver- dadeiro pomo de discórdia entre várias potências, durante os seus 2.000 anos de história,
conhecida desde os tempos romanos.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Em 1871 a França cedeu-a à Alemanha; em 1919 o território voltou a pertencer
à França; em 1940 foi anexado à Alemanha e, finalmente, em 1945 retomado pela França.
A população da região era de dois milhões de habitantes em 1954, dos quais
70% falavam francês, além do dialeto local, uma variante do alemão, semelhante ao falado
pelos suíços na região da Basileia. Para os restantes 30% a língua materna era o alemão.
O espírito manifestante, como se viu, pertenceu naquela existência à maioria francesa,
pois se chamava François e seus filhos tinham também nomes franceses.
Hermínio de Miranda – A Irmã do Vizir – Cap. 1 – Acidente na Ravina

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
4.14 Exemplo – Livro – Depoimentos Vivos - O Amor que supera a Obsessão

Minha querida:
Não sou a sombra que volta do sepulcro para acusá-la, nem trago um tormento
disfarçado, a fim de erguer um libelo contra a sua consciência.
Nem azedume, nem amargura.
O tempo nos fez a ambos esquecer mágoas, cicatrizar feridas.
Volto da morte para lançar um brado de advertência agora, quando os remordimentos
lhe açulam a mente, fazendo-a infeliz e os anos que já pesam sobre os seus ombros a envolvem
em profunda melancolia e indisfarçável soledade.
Faz já tanto tempo quando, espicaçada pelo ciúme, você planejou o homicídio nefando!
Nem você nem eu sabíamos que a vida continuava constituindo- se o corpo uma
aparência transitória que reveste uma realidade indestrutível.
Desconhecíamos, nós ambos, que o matrimônio não é um jardim de delícias, mas um
carreiro de provações; que o lar não se compõe somente de dádivas como um oásis, mas se
revela escola de lapidação dos pais e de dignificação dos filhos.
Teimávamos por persistir na má vontade para com os deveres da vida espiritual,
envoltos nos vapores nefastos do prazer, embriagados pela ilusão.
Dizíamos que foram felizes os nossos primeiros anos de ventura conjugal!
Hoje, libertado e consciente, considero aqueles como anos de dissipações.
Antes mesmo da morte eu mudei, você também mudou.
Saturamo-nos de tudo porque a embriaguez produz a nostalgia e o tédio. E porque não
dispuséssemos de outro derivativo, senão o que oferece a taça da paixão pervertida, distanciei-
me de você, distanciada de mim que você estava, devorada, também, por inquietações que não
vêm ao caso examinar...
No entanto, acreditando- se ferida nos seus sentimentos femininos, você esqueceu a
maternidade para pensar somente em si e na minha infidelidade temporária, tudo planejando,
vencida por mórbido ciúme que nos desgraçou aos três: você, a mim e ao nosso filho.
Foi muito rápido, e você recorda: desejei falar-lhe, quando a poção envenenada
começou a arder em minhas vísceras, atestando o fim do meu corpo; ergui a mão acusadora,
mas, seus olhos, na expressão de fera e louca, me diziam sem palavras naquela visão terrificante
que se fez acompanhar da gargalhada inconsciente, que ali não estava aquela que me jurara
fidelidade, amor e perdão para todos os meus erros...

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Não há palavras com que lhe descrever eu o fogo que me ardeu interiormente anos-a-
fio, sem morrer. Sim, não morri; não encontrei a morte. Deparei a manifestação da vida
sarcástica que eu merecia, multiplicando mil vezes a minha insânia, aplicando-me punições que
eu ignorava e que se fizeram justo corretivo para o meu espírito infeliz.
Durante muito tempo rondei o nosso lar, desejando estrangulá-la, vencido em mim
mesmo, sofrendo dores inenarráveis até que perdi a noção do tempo, desaparecendo a visão das
coisas, entrando em inominável pesadelo.
Despertei mais tarde. Passara- se uma década após a nossa tragédia...

Você não compreenderia se eu lhe contasse tudo nesta mensagem ligeira, porque você
hoje é uma sombra vestida de remorsos e eu sou como um amanhecer ainda em trevas.
Você é a ilusão, desejando apagar a realidade imortal, acalentando o sonho mentiroso
da destruição no nada, enquanto eu sou a vida esbatendo a névoa da ilusão, para chegar aos seus
ouvidos.
Talvez, se fosse o inverso do que aconteceu, eu não a recebesse com a devida
consideração que gostaria você escutasse as minhas palavras de hoje.
A morte modifica conceitos em torno da vida.
O corpo é uma masmorra, sem dúvida, e a vida, na Terra, um simulacro de vida.
O homem, no ergástulo da carne, pode parecer a lagarta que nem sequer pode sonhar
com o voo da leve borboleta no ar.
Assim mesmo, agora que você está com o pensamento voltado para a fixação daquela
hora, que a está conduzindo a loucura, sei que você desejaria o consolo de uma fé, para acender
o círio da própria imolação, agora que você deve fitar os olhos do nosso filho, olhos que
denunciam uma acusação que somente você enxerga, relegada como se encontra a terrível
soledade, desde que ele foi viver a vida que a maturidade lhe reserva...
Eu, eu retorno, após tê-la perdoado, para convidá-la a meditar, sem o remorso
aniquilador, sem o arrependimento inútil. São tóxicos ambos.
Se não é muito cedo, é, pelo menos, tempo para refazer. Enquanto se caminha na trilha
dos homens se podem desmanchar os equívocos criados entre os homens.
Não, não lhe peço a autoacusação ante o tribunal da Terra, porque essa atitude chegaria
tarde demais e não repararia nada: eu lhe peço somente que busque meditar na vida e que repare
a ilusão da nossa loucura, repartindo os bens da avareza que você guarda entre agonias de fera
e ambições de louca, com outras mães, com outros órfãos, com outras viúvas.

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Aquelas viúvas que não têm as mãos tintas de sangue, que não têm a consciência
marcada pelo instante fatal do crime, mas que tiveram o amor arrebatado, para caminhar a sós
pela longa senda do sofrimento e da amargura, resgatando outros débitos...
Volto, sim, e sei que você me verá neste depoimento da imortalidade, que eu peço a
Deus lhe chegue as mãos, chamando-a, chamando-a para a vida.
Desperte, minha querida, porque o autocídio a que você se está relegando, quase vinte
e cinco anos depois, é mais um crime que você adiciona, inconscientemente, ao primeiro crime.

Somos ambos culpados do primeiro engano.
Desperte, agora, para Jesus, acorde para a vida e aplique na consolação dos deserdados
e dos tristes as horas do seu dia vazio, a fim de que brilhe para eles o sol, antes que lhe chegue
o grande e terrível dia da consciência, quando a sombra do corpo se desmanchar na terra e você
despertar para si mesma, viva, além da morte.
Não é a sombra do sepulcro que volta para fazer-lhe este apelo inadiável, este
chamamento a reflexão, porém o coração que perdoou e ama, que lhe vem dizer outra vez :
“Fiel até a eternidade!”
O seu de sempre,
João Mateus – Depoimentos Vivos – Cap. 29

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
4.15 Síntese

A desvinculação entre os que se amam com a necessidade de sanar os enganos e
erros do amor assume habitualmente o aspecto de dolorosa cirurgia psíquica .
(...)
Referimo-nos, porém, ao lar como pouso de desligamento, porque, na Terra, as
relações entre pais e filhos e, consequentemente, as relações de ordem familiar constituem
clima ideal para a libertação de quantos se jungiram entre si, de modo inconveniente,
nos desregramentos emotivos em nome do amor.
Emmanuel – Vida e Sexo – Cap. 15 - Desvinculações

Meu Deus! Como é engraçado!
Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... uma fita dando voltas.
Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira, circula e pronto: está dado o laço.
É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.
É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o
faço.
E quando puxo uma ponta, o que é que acontece?
Vai escorregando... devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.
Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.
E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.
Ah! Então, é assim o amor, a amizade.
Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita.
Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas
bandas do laço.
Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços.
E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.
Então o amor e a amizade são isso...
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!
Maria Beatriz Marinho dos Anjos/2010 (psicóloga/escritora/poetisa- MG)

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Compadece- te dos corações queridos a que te vinculas.
(...) Amar é servir, compreender, auxiliar, abençoar, libertar…
(...) Não te permitas entravar os passos dos entes queridos com grilhões psicológicos,
porque toda afeição possessiva é sinônimo de sofrimento.
Ama e obterás a bênção do amor. Compreende e colherás compreensão.
Emmanuel – Busca e Acharás – Cap. 42 – Compadece -te dos Teus

Ama sempre libertando, sem impor teus conflitos e anseios exorbitantes, a fim de que
a tua presença seja desejada e a tua ausência percebida.
Joanna de Angelis - Nascente de Bençãos - Cap. 20 - Afetividade Doentia

Para muitos companheiros na Terra a desvinculação no campo afetivo é prova
difícil.
Desligamento do grupo familiar, distância da convivência .
Hora da diferenciação de alguém perante outro alguém. Se te vês num momento
assim, na posição de quem pode libertar associados de ideal e de afinidade, não hesites no
bem por fazer.
(...)
Aqueles que anseiam por independência e mudança, depois de te compartilharem a
vida, são pedintes de tranquilidade e renovação.
Não precisam tanto de teu ouro e assistência, nome e prestígio.
Rogam-te, acima de tudo, escoras de tolerância e bondade, a fim de que te possam
deixar sem que o espinheiro da mágoa te nasça no coração.
Bendize e auxilia sempre. Os que partem ou se te separam da estrada, no dia a dia,
esperam de ti, sobretudo, o patrocínio do amor e o refúgio da bênção.
Emmanuel - Na Era do Espírito – Cap. 3 - O apego afetivo

Os que se casam, unem -se e não se fundem, o que determina que cada qual
prosseguirá com suas conquistas e gostos, preferências e realidades íntimas, inteiramente “sui
generis”.
Camilo - Educação e Vivências – Cap. 11

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
O ciúme é um sentimento perturbador que aflige a maioria das criaturas e alcança
algumas outras espécies animais.
Trata-se de uma emoção que se deriva do medo de perder-se a pessoa amada ou os
objetos, posições e relacionamentos conseguidos ao longo da existência.
É muito variável o seu grau de manifestação, apresentando- se de maneira sutil e simples
até os casos mais graves de transtorno psicológico e mesmo mental, quando se transforma em
fixação patológica.
O ciúme tem causas diversas, desde a infância, nos complexos de Édipo e de Electra,
quando a criança ama o genitor do mesmo sexo e tem medo de perdê-lo.
Noutros casos, são fenômenos de falta de autoestima e de ausência de segurança pessoal,
por não acreditar nos próprios valores que lhe parecem insignificantes, facilmente superados
pelos de outras pessoas.
Famílias desajustadas em que são demonstradas afeições diferenciadas entre os seus
membros, com a eleição de uns em detrimento de outros, respondem a conflitos e recalques de
autodesvalorização e medo.
O ciúme transtorna a vida de quem padece o agasalha, assim como daquele que lhe
padece o aguilhão, porquanto a sua morbidez atormenta a ambos, envolvendo também outrem
que lhe seria o causador.
Mesmo nas suas expressões mais simples, tem tendência de tornar-se destruidor, pela
ausência de confiança e pelos tormentos que produz no paciente, inspirando- o, muitas vezes,
crimes tenebrosos, a fim de livrar-se da situação.
O ciúme é filho espúrio do egoísmo na sua faina de querer sempre para si, de não
repartir emoções nem posses, encastelando-se em territórios de congelamento afetivo.
Pode-se facilmente superá- lo, quando os parceiros se resolvem pela honestidade do
diálogo esclarecedor, oferecendo, cada um a seu turno, segurança e paz, defluentes do próprio
ato de amar. Em casos mais graves deve- se recorrer à psicoterapia, a fim de libertar -se desse
gigante da alma que alucina.
O verdadeiro amor não se deixa corroer pela insegurança do ciúme.
Divaldo Pereira Franco -Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em
07/04/2016

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
Imagine que a mágoa é um carvão em brasa que você segura nas mãos com a esperança
de que o outro sinta a dor que você sente.
Faz sentido?
Nem sempre quem te machucou terá dimensão da dor que causou em você. Outras
vezes, a pessoa sabe bem o que fez, mas não se importa, ou nunca pedirá desculpas.
Perdoar não é sobre o outro merecer o perdão. Perdoar é soltar o carvão em brasa, lavar
as mãos e cuidar das feridas que ficaram.
Continuar segurando a brasa quente é justamente não perdoar. É se manter numa atitude
de querer atingir o outro através do próprio sofrimento.
Nem todo mundo se arrepende do que fez. Mas a questão do perdão não é essa. Tem a
ver com a paz que você precisa para seguir vivendo.
Rossandro Klinjey - O que é Perdoar

 1º DESCULPAR – não se deixar atingir pelo ato/desequilíbrio do outro/nuvem.
 2º NÃO DEVOLVER – o ato destruidor/ o mal que nos fizeram.
 3º DESLIGAR DO ACONTECIDO – não faça dessa pessoa/ desse acontecimento o
centro único das suas preocupações/da sua vida.
 4º LIGAR-SE A TERNURA – aos que lhe amam/estimam/que tenham ternura a
você.
 5º DAR TEMPO AO TEMPO – “O tempo é o nosso explicador silencioso e te
revelará ao coração a bondade infinita do Pai que nos restaura a saúde da alma, por
intermédio do espinho da desilusão ou do amargoso elixir do sofrimento”. –
Emmanuel – Pão Nosso – Cap. 63
Divaldo Franco – O que é Perdoar/Passos para Perdoar


 Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que
fizeram com você.
Jean Paul Sartre

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
QUAL O MECANISMO IDEAL PARA ATINGIR A PAZ E A SEGURANÇA
ENTRE OS FAMILIARES VINCULADOS À MESMA CASA E AO MESMO
NOME?
Cremos que este problema será perfeitamente solucionado quando esquecermos a
afeição possessiva, a idéia de que somos pertences uns dos outros, quando nos
respeitarmos profundamente, cada qual procurando trabalhar e servir, mostrando sua
própria habilitação, o rendimento de serviço dentro da vocação com a qual nasceu, dentro
do lar, respeitando-se uns aos outros.
Desse modo, com o respeito recíproco e o amor que liberta, o amor que não
escraviza, o problema da paz em família estará perfeitamente assegurado na solução devida.
Chico Xavier – Lições de Sabedoria – Cap. 39
Quem te afirma que te ama,
Sem que o amor se lhe veja.
Se apenas quer posse e mando
Não ama, apenas deseja.
Cornélio Pires – Toques da Vida – Cap. 4 - Amor

O amor será livre, um dia,
Tecido de paz e luz,
Em nós amando uns aos outros,
conforme ensinou Jesus.
Auta de Souza – Tão Fácil – Cap. 6 – Trovas do Amor Livre

Obsessão — dura trama
Que o verbo não sabe expor —
É a doença de quem ama
No lado avesso do amor.
Antônio Sales - Rosas com amor – Cap. 1 - Trovas avulsas ( Chico Xavier)
Obsessão de quem ama
Ninguém consegue entendê-la,
Parece vaso de lama
Encarcerando uma estrela.
Auta de Souza - Rosas com amor – Cap. 8 - Em torno do amor (Chico Xavier)

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
5. Referências

# Autor/ Livro / Artigo e ou Mensagem
1 Allan Kardec – A Gênese – Cap. 14
2 Allan Kardec – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 28 – item 81
3 Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – Cap. 23 – Item 237 – A Obsessão
4 Allan Kardec – Obras Póstumas – Cap. 7 – Item 56
5 André Luiz – Entre a Terra e o Céu - Cap. 16
6 André Luiz – Entre a Terra e o Céu - Cap. 23
7 André Luiz – Entre a Terra e o Céu – Cap. 3
8 André Luiz – Estude e Viva – Cap. 35 – Influências Espirituais Sutis
9 André Luiz – Libertação – Cap. 6 – Observações e Novidades
10 André Luiz – Libertação – Cap. 9
11 Antônio Lima - Depois da Vida - 2o Parte - Cap. 3 - O Obsessor
12 Antônio Sales - Rosas com amor – Cap. 1 - Trovas avulsas ( Chico Xavier)
13 Auta de Souza - Rosas com amor – Cap. 8 - Em torno do amor (Chico Xavier)
14 Auta de Souza – Tão Fácil – Cap. 6 – Trovas do Amor Livre
15 Bezerra de Meneses – Nas Fronteiras da Loucura – Cap. 9 – O Problema das Drogas
16 Bezerra de Meneses – Revista Presença Espírita # 338 – Maio/Junho/2020
17 Camilo - Educação e Vivências – Cap. 11
18 Carneiro de Campos – Sementes de Vida Eterna: Cap. 8 – Doença e Terapêutica
19 Chico Xavier – Lições de Sabedoria – Cap. 39
20 Chico Xavier – O Evangelho de Chico Xavier - Capítulo 192 - Obsessão difícil
21 Cornélio Pires – Toques da Vida – Cap. 4 - Amor
22
Divaldo Franco - Sexo e Consciência - Cap. 7
23 Divaldo Pereira Franco -O Ciúme - Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna
Opinião, em 07/04/2016
24 Emmanuel – Busca e Acharás – Cap. 42 – Compadece-te dos Teus
25 Emmanuel – Diálogos dos Vivos – Cap. 21 – Dupla Renovação
26 Emmanuel - Na Era do Espírito – Cap. 3 - O apego afetivo
27 Emmanuel – Vida e Sexo – Cap. 15 - Desvinculações
28 Eurípedes Barsanulfo – Sementes de Vida Eterna – Cap. 50 – Tormentos da Obsessão
29 Hermínio de Miranda – A Dama da Noite – Cap. 8 – O Oceano e a gota D`água

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A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
# Autor/ Livro / Artigo e ou Mensagem
30 Hermínio de Miranda – A Irmã do Vizir – Cap. 1 – Acidente na Ravina
31 Hermínio de Miranda – O Exilado – Cap. 8 – Será que Deus acredita em Mim?
32 Humberto de Campos – Cartas e Crônicas – Cap. 8 – Obsessão Pacífica
33 Humberto de Campos – Contos e Apólogos – Cap. 40 – Nos Domínios da Sombra
34 Joanna de Ângelis – Alerta – Cap. 4 – Obsessão e Jesus
35 Joanna de Angelis - Nascente de Bençãos - Cap. 20 - Afetividade Doentia
36 Joanna de Angelis – Oferenda – Cap. 31 – Dependências
37 Joanna de Angelis – Rumos Libertadores – Cap. 24 – Impulsos e Vontade
38 Joanna de Angelis – Rumos Libertadores – Cap. 43 – Médiuns Conscientes
39 Joanna de Ângelis – Sendas Luminosas – Cap. 31 – Parasitose Perigosa
40 João Mateus – Depoimentos Vivos – Cap. 29
41 Leandro Gomes de Barros – Tempo de luz — Cap. 21 – Médiuns na Cantiga
42 Manoel Philomeno de Miranda – Nos Bastidores da Obsessão – Cap. 6 – No
Anfiteatro
43 Manoel Philomeno de Miranda – Antologia Espiritual – Cap. 35 – Obsessões
intermitentes
44 Manoel Philomeno de Miranda - Loucura e Obsessão - Cap. 15
45
Manoel Philomeno de Miranda - Loucura e Obsessão - Cap. 23
46 Manoel Philomeno de Miranda - Loucura e Obsessão - Cap. 5
47 Manoel Philomeno de Miranda - Loucura e Obsessão - Cap. 6
48 Manoel Philomeno de Miranda – Luzes do Alvorecer: Cap. 15 – Distúrbios
Emocionais Obsessivos
49 Manoel Philomeno de Miranda – Nas Fronteiras da Loucura – Cap. Análise das
Obsessões
50 Manoel Philomeno de Miranda – Nas Fronteiras da Loucura – Cap. Análise das
Obsessões
51 Manoel Philomeno de Miranda - Nos Bastidores da Obsessão – Cap. 10
52 Manoel Philomeno de Miranda – Nos Bastidores da Obsessão – Cap. 4 – Estudando o
Hipnotismo
53 Manoel Philomeno de Miranda – Nos Bastidores da Obsessão – Cap. 8 – Processos
Obsessivos
54 Manoel Philomeno de Miranda - Nos Bastidores da Obsessão – Cap. 9
55 Manoel Philomeno de Miranda – Nos Bastidores da Obsessão – Examinando a
Obsessão
56 Manoel Philomeno de Miranda – Nos Bastidores da Obsessão – Exórdio
57 Manoel Philomeno de Miranda – Painéis da Obsessão – Cap. 1 – Provação Necessária
58 Manoel Philomeno de Miranda – Painéis da Obsessão – Cap. 12 – Providências
Inesperadas
59 Manoel Philomeno de Miranda – Painéis da Obsessão – Cap. 24 – Obsessão Sutil e
Perigosa

124
A Obsessão por J usta C ausa – a paixão, o ciúme, a traição e a obsessão
# Autor/ Livro / Artigo e ou Mensagem
60 Manoel Philomeno de Miranda – Painéis da Obsessão – Cap. 31 – Gravames na
Obsessão
61 Manoel Philomeno de Miranda – Painéis da Obsessão – Cap. 32 – O Retorno de
Felipe
62 Manoel Philomeno de Miranda – Painéis da Obsessão – Cap. 7 – Sementes da
Insensatez
63 Manoel Philomeno de Miranda – Painéis da Obsessão – Prefácio
64 Manoel Philomeno de Miranda – Reencontro com a Vida – 1
o
Parte – Cap. 5 –
Obsessão, Idiotia e Loucura
65 Manoel Philomeno de Miranda – Reencontro com a Vida – 2
o
Parte – Cap. 2 –
Sutilezas da Obsessão
66 Manoel Philomeno de Miranda – Roteiro de Libertação – Cap. 34 – Comportamento
por Obsessão
67 Manoel Philomeno de Miranda – Sementes de Vida Eterna – Cap. 30 – Considerando a
Obsessão
68 Manoel Philomeno de Miranda – Temas da Vida e da Morte – Cap. 26 – Fenômenos
Obsessivos
69 Manoel Philomeno de Miranda – Tormentos da Obsessão – Cap. 5
70 Marco Prisco – Glossário Espírita Cristão – Cap. 18 – Perturbadores
71 Marco Prisco – Sementeira da Fraternidade – Cap. 28 – Acessos à Obsessão
72 Maria Beatriz Marinho dos Anjos/2010 – O laço e o Nó
73 Marta Antunes de Moura – FEB – Obsessões Espirituais – 2018/03/08
74 Raul Teixeira – Federação Espírita do Paraná – Programa Vida e Valores – N
o
116 –
2007/Outubro – Perturbações Espirituais no Lar
75 Yvonne Pereira – Devassando o Invisível – Cap. 10 – Os grandes segredos do Além
76 Yvonne Pereira – Recordações da Mediunidade – Cap. 10 – O Complexo Obsessão
77 Yvonne Pereira – Revista Reformador – 1981 – Abril – A Estranha Obsessão