EHROS TOMASINI 3
Capítulo 01
A
morena de corpo esbelto e cintura fina estacionou a moto
em frente a um caixa eletrônico 24 Horas, numa avenida
movimentada da cidade de Olinda. Desceu da motocicleta,
tirou o capacete e sacudiu os longos cabelos que estavam pre-
sos antes. Seu rosto era tão belo quanto seu corpo. Havia um
banco, desses de praça, quase ao lado do caixa. Nele, estava
sentado um velho de longas barbas brancas e pele enrugada
que não tirava os olhos dela. Tinha uma bengala na mão e
sorria. A morena falou de forma agressiva:
- Que foi, velho? Te enxerga. Vai procurar alguém da
tua idade. Que coisa!
O ancião não se abalou. Continuou sorrindo. Mas logo
ficou sério, quando viu se aproximar pela avenida dois caras
suspeitos, montados cada um em uma bicicleta. Pararam ao
lado da moto e fizeram sinal para que o velho ficasse de boca
ALCATEIAS 4
fechada. A morena, entretida em sacar dinheiro do caixa, não
percebeu os sujeitos. Quando a mocinha estava contando as
notas, de costas para a rua, um dos caras se acercou dela. Es-
tava armado com uma faca peixeira enorme. Ordenou:
- Passa as notas, puta. Estávamos precisando mesmo
de grana.
A bela morena gelou. Tinha nas mãos cerca de três mil
reais - a pensão de sua mãe depositada em duas contas dife-
rentes - que pedira que ela sacasse dos bancos. Ela atrasou-se,
o banco fechou e teve que retirar num caixa eletrônico. Como
esteve bebendo com umas amigas, só àquela hora, cerca de
nove da noite, foi sacar a grana. Portanto, não ia deixar que
levassem seu dinheiro sem luta. Tivera um breve treinamen-
to de autodefesa numa academia de artes marciais e achou
que poderia vencer a dupla. Espantou-se, quando o velho se
levantou do banco de madeira e falou para os ciclistas:
- Melhor deixarem a moça em paz. E não se iludam
por causa da minha aparência: vocês são fichinhas para mim.
Mas parecem ser menores de idade. Não adianta prender vo-
cês. Vem um advogado de porta de cadeia e solta.
O que não estava armado retrucou:
- Melhor não se meter velho. E já somos maiores, sa-
cou? Ambos temos mais de dezoito anos.
- Era só o que eu queria saber.
O velho agiu com uma rapidez impressionante para a
sua idade. Deu um golpe de bengala na cabeça do que lhe
falava, depois girou e golpeou com o mesmo objeto a mão
armada do outro. O cara soltou a peixeira. Em seguida, levou
uma bengalada violenta no pescoço. Ambos não mais se le-
vantaram. A morena olhava abismada para ele. O velho disse:
- O que está olhando? Pegue teu dinheiro e tua moto e
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vá embora daqui.
A moça quase não se moveu, ainda olhando espanta-
da para o velho. Caminhou devagar até a moto, depois de
guardar a grana sem nem terminar de contar dentro de uma
bolsa que levava a tiracolo. O velho agachou-se e catou do-
cumentos nos bolsos dos dois caras. Retirou uma carteira do
que estava armado. O outro não possuía documentos. Mas
tinha mais de mil reais espalhados pelos bolso. O ancião os
confiscou. Já montada na moto, a morena disse:
- No final das contas, você é apenas um ladrão, tam-
bém. Por isso, não vou te agradecer.
- Pois soque seu agradecimento no cu. Não preciso
dele.
A morena ia retrucar, mas desistiu. Os carros passavam
na avenida sem nenhuma ciência do que havia se passado ali.
A jovem deu partida na moto e foi-se embora. O velho pegou
um celular do bolso de um dos caras e discou um número.
Esteve falando ao telefone. Em seguida, voltou a sentar-se no
banco ao lado do caixa. Pouco depois, estacionou perto das
bicicletas uma viatura da Polícia. Uma policial desceu e foi
ver como estavam os dois rapazes. Só então, falou com o ve-
lho:
- Foi você quem nos ligou?
- Sim.
- Quem fez isso?
- Um cara que veio tirar dinheiro do caixa eletrônico e
foi abordado por esses dois que vieram de bicicleta. O sujeito
reagiu e os deixou assim.
- Você testemunhou?
- Sim.
- Pode ir conosco à delegacia prestar depoimento?
- Posso. Mas não o farei.
- Por quê?
ALCATEIAS 6
- São menores. Não vou perder meu tempo. Logo vocês
os terão soltos.
- É a Lei, senhor. Se são menores e se não houver teste-
munhas, não podem ser presos.
- Mesmo que eu testemunhe, serão soltos. Então, faça
de conta que ninguém viu, sargento.
- Como sabe que sou sargento?
- Pelas divisas na farda, lógico. Também fui militar.
- Parabéns. Deve ter sido um oficial graduado pois se
expressa muito bem. Vamos levar os caras e as bicicletas. Po-
dem ser roubadas. O senhor, por favor, saia dessa zona. Aqui
acontecem muitos assaltos.
- Obrigado pelo aviso. Estou esperando alguém. Não
irei embora agora.
- Quem sabe é o senhor. Uma boa noite. E boa sorte
para não ser assaltado.
- Agradeço.
Quando chegou em casa, a morena abraçou-se com a
mãe. Estava toda se tremendo. A coroa de cabelos totalmente
brancos e com um corpo de fazer inveja a muitas mocinhas
perguntou:
- Que houve, minha filha? Está trêmula...
- Acabei de ser assaltada, mãe. Por pouco não levaram
toda a tua pensão. Por sorte, um velho metido a atleta, que
estava sentado num banco de praça perto do caixa, enfrentou
os caras e os derrubou. E olha que eu o tinha repreendido
pouco antes por ficar me encarando quando cheguei ao caixa
eletrônico.
- Não tirou o dinheiro no banco como eu te pedi, não
é?
- Não, mãe. Eu me atrasei, bebendo com umas amigas.
Desculpa. Perdi a hora e, como não queria deixar para ama-
nhã, passei no caixa mais perto.
- Você teve sorte. Agradeceu ao velho?
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- Não, mãe. Ele aproveitou os sujeitos estarem desacor-
dado para roubá-los.
- As aparências enganam, minha filha. Se ele fosse um
simples ladrão não teria te defendido. Precisamos agradecer
a esse senhor.
- Como fazer isso? Ele não deve mais estar lá.
- Pois eu só sossegarei quando lhe agradecer. Irei lá
todos os dias, até encontra-lo. Se não fosse ele, passaríamos
fome por um mês.
- Está bem. Amanhã, passo por lá de novo. É caminho
para cá.
- Faça isso.
A morena, no entanto, não encontrou o velho no dia
seguinte. Não esperava mesmo encontra-lo. Ele devia estar
ali só por acaso. Essa sua ida ao local se repetiu por mais três
dias. No quarto dia, foi disposta a ser aquela a última vez.
Não procuraria mais o velhote. No entanto, diria a sua mãe
que havia agradecido a ele. Para a sua surpresa, naquela noi-
te o velho estava lá, sentado no mesmo banco de praça. Ela
aproximou-se, parou perto dele e tirou o capacete. Pergun-
tou-lhe:
- Ei, velho. Lembra-se de mim?
- Infelizmente, sim: você é a jovem ingrata que detesta
velhos.
- Isso. Não gosto mesmo de gente gagá. Mas minha
mãe gosta. O dinheiro que vim pegar aqui era pra ela.
- Mesmo? Mas isso não me interessa.
- Ela pediu pra te agradecer. E quer te convidar pra to-
mar umas cervejas conosco, pois ela bebe.
- Você não?
- Porra, velho, se está querendo me paquerar tire o teu
cavalinho da chuva: já tenho namorado.
- E tua mãe... tem?
- Eh, peraí. Tá querendo comer minha mãe?
ALCATEIAS 8
- Nem a conheço. Mas você tem a mente suja. Não acho
que tua mãe iria me querer.
- Ela gosta de gente da idade dela. E está viúva já faz um
tempão. Vamos comigo. Te levo a um barzinho onde costu-
mo beber e ligo para ela. Ela quer te conhecer.
Pouco depois, os três estavam juntos. A coroa fez as
apresentações:
- Oi. Meu nome é Vilma, esta é minha única filha Cyn-
nara e ambas estamos agradecidas a você. Como devemos te
chamar?
- Lucas. Lucas Bandito. Muito prazer.
- Ouvi bem? Teu sobrenome é Bandido? - Espantou-se
Cynnara.
- Bandito, Cynnara. - Disse a mãe.
- Ah, bom. Eu preferia ter sido salva por um mocinho
e não um bandido.
- Peça desculpas ao moço e deixe de ser implicante. Se
não queria estar com pessoas mais velhas, não me chamasse.
Mas ainda há tempo de ir-se embora. Ou isso, ou peça des-
culpas já.
- Não precisa se desculpar, senhora. Os jovens de hoje
não respeitam mais os mais velhos. Ela não podia ser dife-
rente.
- Desculpa, moço. Ainda estou irritada por ter-me sal-
vo, mesmo depois de eu te ter dito umas malcriações.
- Está desculpada.
- Sim, mas eu quero ficar sozinha com o moço. Preciso
falar com ele. -Disse a coroa de cabelos brancos.
Cynnara levantou-se e foi-se embora com raiva. Queria
tomar umas cervejas. No entanto, era só ir para outro bar
ao encontro das amigas. Havia simpatizado com o velho. Ele
também não parecia ter a idade que aparentava. Era um coroa
enxuto e atlético, e se movimentava de forma felina. Quando
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ela parou a moto no bar onde costumava tomar umas cerve-
jas com sua galera, ainda pensava nele. E, se conhecia bem a
sua mãe, a coroa iria querer pagar a providencial atuação do
cara com a boceta. Sabia que a dona Vilma estava doida para
transar. Não houvera feito isso desde a morte do seu pai.
- Você ainda faz sexo?
A conversa do casal já estava neste nível, depois de al-
gumas horas em que a mocinha saiu da mesa. Vilma estava se
sentindo muito bem à vontade com o velhote. Ele respondeu:
- Sim, quando tenho alguma oportunidade. Por quê?
Ela demorou um pouco a responder. Suava. O peito ar-
fava, como se estivesse excitada. Depois, ela confessou:
- Olha, eu sei que não é conversa pra gente ter logo no
primeiro encontro, mas estou já há algum tempo sem sexo,
desde que fiquei viúva. Por isso, vim pelo caminho já pensan-
do em dar uma contigo. Porém, sou muito ansiosa: não sei
disfarçar meus sentimentos.
- Você deve estar querendo dizer que não consegue dis-
farçar a tesão, não?
- Você me entendeu. Topas? Não precisa se preocupar
se não tem mais ereção. Eu me contento com uma chupadi-
nha no grelo.
Ele esteve olhando para a coroa. Ela devia ter cerca de
cinquenta e poucos anos, apesar de possuir os cabelos com-
pletamente brancos. Achou que ela preferia pinta-los daquela
cor, ao invés de preto. Seus seios ainda eram firmes. Sua cin-
tura era fina, em comparação aos quadris. Era uma mulhe-
rão, apesar de ter, no máximo, um metro e sessenta centíme-
tros de altura. Ele media mais de 1,80m de tamanho. Mas as
suas feições denotavam mais de setenta anos de idade. A pele
enrugada lhe dava um aspecto mais velho. Ele, finalmente,
respondeu:
ALCATEIAS 10
- Não tenho problemas de ereção, Vilma. Sou menos
idoso do que aparento.
- Mesmo? Então eu adoraria dar uma bela trepada con-
tigo. Tirar as teias de aranha que já devem ser muitas nessa
tabaca velha.
- Você não parece ser tão idosa. E ainda é uma coroa
muito atraente.
- Fico feliz que pense assim. Você não ficaria me achan-
do uma oferecida se eu te chamasse pra um motel agora?
Quando pegaram um táxi, o casal se sentou no banco
de trás. Ela o acariciou sobre a calça, apalpando o caralho
dele. Ele abriu o fecho da roupa. Um caralho enorme saltou
da cueca. Ela sorriu contente. Masturbou vagarosamente o
sexo dele, tendo o cuidado de não ser percebida pelo taxista.
O mastro cresceu em sua mão e ficou duríssimo. Ela suava.
Estava ansiosa para chegar ao motel. Antes de descerem do
carro, ele guardou o pênis. Ela o pegou pela mão e quase o ar-
rastou para dentro do quarto, fazendo-o se apoiar sempre na
bengala. Quase não esperou que ele pagasse a corrida. Nem
bem fecharam a porta do quarto, começaram o sarro. Ela pu-
lou algumas etapas até cair de boca no pau dele. Chupou-o
com gula, quase o fazendo gozar imediatamente. Havia re-
tirado as roupas do sujeito em segundos. Tentava engolir a
peia até o talo, mas babava com profusão e se engasgava com
facilidade. Aí, notou algo diferente. Perguntou-lhe:
- Você pinta os pentelhos? São desprovidos de cabelos
brancos, tão comum na tua idade.
- A cor é natural.
- Você tem quantos anos de idade?
- Trinta anos.
Ela parou e ficou olhando, pasma, para ele. Depois, deu
uma sonora gargalhada. Ele disse:
- Eu não estou brincando. Veja:
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- O velho puxou a barba. Esta se descolou do seu rosto.
Para maior espanto da coroa, ele puxou a pele que lhe cobria
o rosto e as rugas se romperam. Ela ainda não tinha saído da
sua surpresa. Disse:
- Você está usando disfarce. Pra quê isso? É algum ban-
dido?
- Não, Vilma. Sou um ex-policial disfarçado. Achei que
você deveria saber...
- Nossa, você tem idade de ser meu filho... Que vergo-
nha, meu Deus.
- Não, não tenha vergonha. Se eu não te quisesse, teria
inventado alguma desculpa para não vir contigo.
- Quer dizer... que... vai continuar fodendo comigo?
- Sim, claro...
Ela não quis mais saber de conversa. Jogou-o sobre a
cama e subiu sobre ele. Ainda estava vestida. Despiu-se com
urgência, já ajoelhada e de pernas abertas. Limpou o rosto
dele dos restos do disfarce. Achou-o muito bonito. Ainda não
acreditava em tudo aquilo. Examinou a pele do seu tronco
e dos seus braços. Olhou suas mãos. O cara era real e tinha
pouco mais da metade de sua idade. Ela o beijou ardente-
memte. Foi correspondida. Aí, fincou-se na pica dele. Foi
quando teve seu primeiro orgasmo.
FIM DA PRIMEIRA PARTE.
ALCATEIAS 12
Capítulo 02
L
ucas nem tirou a pica de dentro. Deixou que ela gozasse e
depois voltou a fazer os movimentos de cópula. Mais uma
vez, ela entrou em ritmo de foda. A boceta já estava enchar-
cada e nem foi preciso muito para ela gozar novamente. Quis
parar um pouco mas ele não deixou. Virou-a de costas mas
ela se negou a lhe dar o cuzinho. Disse que era a primeira vez
que transavam e ela ainda não se sentia à vontade. Ele não in-
sistiu. Mas pediu que ela lhe desse uma chupada, para aliviar
a vontade de ejacular. O rapaz não tinha gozado ainda. Ela
pediu para ir ao banheiro, pois alegou estar já se mijando. Ele
a seguiu. Ela ficou chupando a rola dele enquanto urinava.
Parou para se levantar e dar descarga. Ficou de costas para ele
e, como se fosse sem querer, encostou a bunda em seu pau.
Ele, inesperadamente. separou do rolo um grande pedaço de
papel higiênico. Dobrou-o várias vezes no comprimento, até
que cobriu os olhos dela como se fosse uma venda. Amarrou
EHROS TOMASINI 13
atrás da cabeça dela, tal qual um pedaço de pano. Ela per-
guntou:
- Vai querer me fazer nova surpresa?
- Relaxe. Você disse que tinha vergonha de me dar a
bunda logo no nosso primeiro encontro. Estou providen-
ciando para que não fique acanhada.
- Vai me foder o cuzinho?
- Que mais gostaria que eu fizesse?
- Antes, gostaria que me desse uma chupada bem gos-
tosa.
Ele baixou a tampa do vaso sanitário e pediu que ela se
ajoelhasse sobre ele. Vilma o fez. Lucas lhe abriu as nádegas e
lambeu bem na regada, sem tocar-lhe o furico. Ela gemia de
prazer. Inadvertidamente, ele a invadiu com o dedo médio.
Ela urrou, tendo um squirt ao mesmo tempo em que gozava
pelo cu. Pediu que ele viesse de pica:
- Vai, amor. Estou gozando que só a porra. Bota agora
no meu anelzinho, bota. Mas com carinho...
Ele a atendeu, mas sem pressa. Primeiro, cuspiu na
mão e lambuzou as pregas dela. Depois, lambuzou a pica e
parafusou na entrada do cu da coroa. Ela gritou de dor. Mes-
mo assim, ordenou:
- Mete sem pena. Se fizer assim devagar, vou acabar de-
sistindo.
- Pois não toque na venda improvisada que te fiz. Incli-
ne mais a bunda que lá vai pica...
Não demorou muito e o rapaz teve a melhor gozada
num coito anal que ele já experimentara. Nem a advogada,
que era adepta dessa prática, lhe satisfez tanto.
Descansavam da foda bem dada quando ela perguntou:
- Por que o disfarce? Você ficou de me dizer isso, lem-
ALCATEIAS 14
bra?
- Há alguns anos, meu pai foi assassinado bem ali, onde
tua filha foi assaltada. A polícia nunca encontrou os assas-
sinos. Meu velho morreu por causa de cem reais que havia
acabado de tirar do caixa. O assassino, ou assassinos, devia
estar cheio de drogas. Eu entrei para a Polícia só para poder
investigar melhor o crime. Mas o Comando da Polícia Militar
de Pernambuco descobriu minhas intenções e me expulsou
da corporação. Desde então, tenho me disfarçado para não
ser reconhecido por assaltantes nem policiais.
- Não é perigoso?
- Sim, é muito perigoso. Mas não sossegarei enquanto
não achar quem matou meu pai.
- Já pegou algum marginal?
- Vários. Mas não apenas naquele ponto. Sempre mudo
de local de atuação. Também uso disfarces diferentes, se bem
que o de velho tem sido o mais seguro.
- Enfrenta a bandidagem só com essa bengala, amor?
- Ela olhava para o objeto largado num canto do quarto de
motel.
- Essa é uma bengala especial. Prefiro usa-la, já que não
posso me arriscar a ser pego portando armas de fogo. Confis-
caram a que eu tinha, inclusive meu porte de arma. Decerto,
me prenderiam e jogariam as chaves fora. Meu antigo chefe,
o delegado Saraiva, me detesta. Diz que odeia vigilantes do
crime, mas eu sei que é porque eu tive um caso com a mulher
dele.
- Você parece ser bem garanhão, não é?
- Não é bem assim. As mulheres é que me acham boni-
to e costumam tomar a iniciativa para se aproximar de mim.
A maioria logo se envolve de forma sentimental. Porém, pa-
rece que eu atraio mais coroas.
- Convencido. Mas é verdade. Eu mesma me senti atra-
ída por ti logo que te vi. Você tem namorada?
- Tenho uma “ficante”. Mas, se ela souber que eu vivo
EHROS TOMASINI 15
nessa vida perigosa, com certeza não vai querer permanecer
comigo. Ela é advogada, preza pela Lei e a Ordem.
- Entendo. Quer dizer que só vamos nos encontrar essa
única vez?
- Se você me aceitar comprometido, poderemos nos
ver mais vezes. Mas advirto que não vou deixa-la por ti.
- Ela é mais bonita?
- Oh, vocês duas são equivalentes em beleza. O fato
é que eu tenho mais informações policiais através dela, en-
tende? Isso é essencial para a minha busca pelo assassino do
meu pai.
- Quando você acha-lo, irá parar com essa vida?
- Pretendo.
- E você vive de quê, rapaz?
- Herdei uma boa grana do meu pai. Sou filho único,
então não tive que dividir com ninguém.
- E tua mãe?
- Nunca a conheci. Largou-me nas mãos de papai e foi
viver com outro.
- Nossa. Você deve detesta-la, não é?
- Nem lembro mais dela. Tinha algumas fotos antigas
mas, quando meu pai morreu, eu as destruí.
- Ela era bonita?
- Meu pai dizia que herdei a beleza dela. Não me lem-
bro do seu rosto.
- Minha pobre criança. Espero que encontre logo o que
procura. Mas agora preciso ir-me. Minha filha já deve ter
chegado em casa.
- Dou-te o dinheiro para pegar um táxi.
- Não é preciso. Vim com grana suficiente. - Disse ela,
se levantando da cama e vestindo as roupas. Ele disse que iria
ficar mais um pouco. Precisava refazer o disfarce.
Quando chegou em casa, a filha de Vilma já estava.
Perguntou à mãe:
ALCATEIAS 16
- Que demora foi essa? E que cara de felicidade é essa,
também?
- Hoje tive uma noite maravilhosa. Aquele velho é im-
previsível.
- Foram pra motel?
- Sim.
- Já??? Logo no primeiro encontro? A senhora está fi-
cando uma velha muito safada.
- Se você o tivesse conhecido melhor, também estaria
afim dele. O rapaz é ótimo!
- Rapaz? Um velho caindo aos pedaços daquele?
- Isso é o que você pensa. Mas não quero discutir con-
tigo. Vou dormir para poder sonhar com ele.
- Puah! Velha assanhada.
FIM DA SEGUNDA PARTE
EHROS TOMASINI 17
Capítulo 03
L
ucas Bandito ainda estava deitado na cama. Procurava
descansar mais da foda dada com a coroa. Gostara dela.
Mas a namorada advogada, apesar de também coroa, era
mais ajeitada do que Vilma. Ela estava viajando a trabalho
e só voltaria dois dias depois. Ia tomar um banho demorado
para depois repor o disfarce de velho quando ouviu uma al-
gazarra. Apurou os ouvidos. Minutos depois, ouviu tiros.
Depressa, vestiu-se. Colocou apenas a barba postiça e
a peruca de cabelos brancos, pois não daria tempo ajeitar a
maquiagem. Pôs no rosto, também, um par de óculos escu-
ros. Respirou fundo e saiu do quarto apoiando-se na bengala.
Quando chegou perto da portaria, viu logo um senhor caído
no chão. Apontando uma pistola para uma recepcionista es-
tava um jovem, tendo junto de si uma companheira assaltan-
te. Nenhum dos dois parecia drogado. Então, Lucas os clas-
ALCATEIAS 18
sificou como meliantes que roubam pelo prazer de roubar. E
esses matam pelo simples prazer de matar. Já haviam assas-
sinado um funcionário do motel que tinha idade de ser pai
deles. O ex policial disfarçado deveria ter cuidado redobrado.
O cara gritou:
- Fique aí, velho. Logo iremos cuidar de você.
- O que está acontecendo? - Perguntou o ancião, sem
parar de se aproximar do casal. A mulher sacou um revólver
maior do que ela da cintura, guardado às suas costas. O par-
ceiro disse:
- Pegue-o, amor. O cara é cego.
A mulher foi ao encontro do velhinho sem nenhuma
cautela. Levou uma bengalada no meio da cabeça, de cima
para baixo. O sangue lhe escorreu pela cara. Ela caiu ajoelha-
da, soltando a arma. Antes que o assaltante se recuperasse da
surpresa, Lucas o atacou. O golpe num dos lados do pescoço
era um dos seus favoritos. Só que dessa vez ele bateu com
mais força. O cara quebrou o pescoço com a forte bengalada.
Já caiu morto.
A recepcionista se abraçou a Lucas, chorando e se tre-
mendo toda. Tentava explicar o assalto e o assassinato do
gerente do motel, mas não dizia coisa com coisa. O “velho”
tentou acalma-la em vão. Um dos clientes assomou à por-
ta assustado. Lucas pediu que ele chamasse a Polícia. O cara
entrou de volta ao quarto e fez uma ligação do próprio celu-
lar. Dessa vez, o jovem disfarçado de cego não esperou pelos
policiais. Foi-se embora tocando no chão com a sua bengala,
fingindo-se de cego. Se tivesse esperado, teria se encontra-
do novamente com a sargento morena que o tinha chamado
para prestar depoimento sobre o assalto ao caixa eletrônico,
dias antes.
Um velho cego. Foi a informação que deram a ela,
EHROS TOMASINI 19
quando perguntou quem tinha feito aquilo. Antes de pergun-
tar, havia conferido que o casal estava morto. O gerente do
motel, também. A recepcionista estava em estado de choque
e ainda não dizia coisa com coisa. Um outro funcionário da
casa arriscou-se a vir para a portaria, quando ouviu a sirene
da Polícia. Nenhum hóspede deu as caras. A sargento per-
guntou ao funcionário:
- Existe câmeras de vigilância nesta casa?
- Não, senhora. Aliás, existe mas está sempre desligada.
Alguns clientes reclamaram. Muitos são casados e não que-
rem ser identificados.
- É vero. Quer dizer, então, que foram salvos por um
velho cego?
- Eu não vi, senhora. Quando ouvi os tiros, tranquei-
-me no quarto que estava arrumando.
- Entendo. Vai ficar mais difícil de saber quem foi o
benfeitor. Esse casal estava sendo procurado por nós já há
um bom tempo. Costumavam matar suas vítimas quando
praticavam o assalto. Não é possível que um velho cego os
tenha reconhecido.
- Isso significa que o velho se fingiu de cego, sargento -
disse um policial que estava perto.
- Tem razão, Otávio. Algo me diz que o velho cego tam-
bém tem algo a nos dizer sobre o assalto ao caixa eletrônico,
essa semana. Foi ele, e não outro cliente do caixa, quem der-
rubou a dupla de assaltantes de bicicletas. Aqueles ficaram
vivos e nos deram depoimento. Disseram ter sido atacados
por um velho de bengala. Esse casal foi morto por um objeto
contundente. Uma bengala, conforme a recepcionista disse.
Só que, dessa vez, o velho cometeu duplo homicídio. Deve-
mos acha-lo e prende-lo.
- Eu não concordo. O cara tem nos feito um grande fa-
vor tirando essas escórias das ruas. Mas tem razão: Lei é Lei.
Ele deve ser punido.
- Se o encontrarem, digam que o quero agradecer - dis-
ALCATEIAS 20
se a recepcionista do motel, agora quase recuperada do susto.
- Ele pediu táxi? - Perguntou a policial.
- Não.
- Então, ou ainda está por perto ou veio de carro, já que
nessa área é difícil passar táxi.
A moça ia dizer que ele viera acompanhado de uma
coroa, mas calou-se a tempo. Raciocinou que isso denuncia-
ria o velho. E ela devia agradecimentos a ele. Quando o ve-
lho interviu, ela estava prestes a ser assassinada, também. A
sargento, uma coroa bonita mas masculinizada de cerca de
quarenta anos, disse para um dos seus comandados:
- Fiquem aqui e esperem a Perícia. Vou pegar a viatura
e dar um rolê por aí. Talvez encontre o velhote por perto.
Não encontrou. Parou a viatura no único bar aberto
que tinha nos arredores. Estava fechando. Tinha uns pou-
cos clientes ainda bebendo. Um casal chamou a atenção da
sargento. A mulher, mesmo acompanhada, não tirava o olho
de um jovem que bebia em uma das mesas, munido de uma
bengala. O sujeito não usava óculos escuros. Mesmo assim, a
sargento se aproximou-se dele:
- Boa noite, rapaz. Posso sentar-me?
- Quem é a senhora, por gentileza? Gosto de saber com
quem estou conversando.
- Eu sou a sargento de Polícia Nara Vecchi. Estou pro-
curando um velho cego, como você.
- Está procurando por meu amigo? Ele ainda não vol-
tou.
- Ele é teu amigo? E mora aonde?
- Não sei. Eu o conheci a caminho daqui. Estava acom-
panhado de uma coroa. Estivemos conversando, nós três, e
ela o chamou para um motel aqui perto. Até agora não vol-
taram.
- Onde você mora?
EHROS TOMASINI 21
- Num abrigo para cegos, perto daqui. Mas vou conti-
nuar esperando meu amigo. A senhora quer tomar uma cer-
veja?
- Estou fardada. Não posso. Mas acho que você vai de-
morar aqui, esperando o casal. Então, vou trocar de roupa e
volto. Depois, te levo ao abrigo, está bem?
A sargento Nara voltou à viatura e deu partida no car-
ro. No entanto, parou na próxima esquina. Tirou roupas civis
da mala do veículo e trocou de vestimentas dentro do carro.
Intencionava arrancar mais informação sobre o velho assas-
sino daquele rapaz também cego. No entanto, quando voltou
ao bar, o deficiente visual não estava mais lá. A sargento per-
guntou ao casal, que ainda estava lá, pelo ceguinho. A mulher
disse:
- Foi-se embora. Acho que com uma mulher parecida
com a senhora. Uma policial.
- Não. Ele foi-se embora com um velhinho de barbas
brancas. - Disse um cara sentado perto dela.
- Tem certeza? - Quis saber a policial.
- Absoluta. Cedeu-me, inclusive, a mesa onde esteve
bebendo.
Era um cara jovem e barbudo quem falava. Estava,
realmente, sentado à mesa onde ela falara com o ceguinho.
Nara perguntou se podia sentar-se à mesa dele. O barbudo
respondeu:
- Claro, madame. Esteja à vontade. Mas acho que o
garçom não vai mais querer te servir. Quase não traz uma
saideira pra mim...
- Eu me resolvo com ele. Estou querendo umas infor-
mações. Você conhece o ceguinho que te cedeu a mesa?
- Não, senhora. Mas ele deve morar por perto: os dois
foram juntos naquela direção...
- Em direção ao asilo de cegos?
ALCATEIAS 22
- Que eu saiba, não há nenhum por perto.
- Porra, então fui enganada.
- Sinto muito. Quer que eu peça mais uma cerveja?
- Melhor não. Estou dirigindo. Na verdade, estou com
uma viatura policial emprestada. Não posso me envolver em
nenhum acidente, principalmente se estiver bêbada.
- Meu irmão está vindo me buscar de carro. Pode te dar
uma carona.
- E abandonar a viatura aqui, nessa área deserta? Nem
pensar. Mas gostaria mesmo de beber umas cervejas. O dia
hoje foi puxado. Será que teu irmão me levaria em casa? Pos-
so ligar para uns policiais que estão aqui perto e pedir que
eles levem a viatura. Mas eles não podem me ver no bar. Ain-
da não larguei, entende? Se ele me levar, bebo umas cervejas
com vocês.
- Deixa eu falar com meu irmão. Não saia daqui. Vou
telefonar do banheiro, pois estou já me mijando. Você apro-
veita para ligar para alguém pegar a viatura.
Pouco depois, um táxi parou em frente ao bar. Desceu
dele um sujeito loiro. Olhou em volta e perguntou à policial:
- Viu um cara barbudo por aqui? Ele me ligou, pedindo
um táxi.
- Ah, ele foi ao sanitário e ainda não voltou.
- Obrigado. Então, vou atrás dele, lá.
O taxista se demorou no banheiro. E nada dos policiais
virem buscar a viatura. Quando ela já se impacientava, viu o
loiro sair sozinho do gabinete sanitário. Caminhou até ela. A
morena perguntou:
- Cadê teu irmão?
- Está lá dentro, vomitando e se cagando. Pediu que eu
te levasse a algum bar, pois disse que você estava afim de to-
mar umas.
- Vai deixá-lo tão ruim de saúde?
EHROS TOMASINI 23
- Ele se vira. Se for o caso, ele liga para mim e nos en-
contra lá no bar. Ou, então, venho buscá-lo de novo aqui.
- Então, vamos.
A policial sentou-se ao lado do cara loiro. Percebeu que
ele usava uma peruca, mas não disse nada. Apenas pergun-
tou:
- Para onde vamos? Que eu saiba, não existe bares
aberto a essa hora por perto.
- Se não encontrarmos, podemos ir a um motel. Lá,
com certeza, terá cervejas. Algo contra?
Ela olhou cismada para ele. Achou que o loiro a esti-
vesse confundindo com alguma prostituta, por estar num bar
situado numa área tão deserta àquela hora da madrugada.
Sorriu divertida. Estava mesmo afim de foder. Se ele se me-
tesse a besta, levaria uns tapas dela. Por isso.respondeu:
- Prefiro um motel. Ficaremos menos expostos. Mas
não que que tem aqui perto.
- Por quê?
- Motivos particulares - disse ela, sem querer que ele
soubesse que encontraria os policiais seus comandados lá.
Ele não tomou banho, como ela esperava. Entraram
no quarto, ele tirou toda a roupa, deixando a descoberto seu
caralho enorme, e pegou duas cervejas no freezer. Deu uma
garrafinha a ela e sentou-se num dos sofás que tinha no apo-
sento. Ela perguntou:
- Não vai tomar banho?
- Não. A menos que esteja querendo foder. Achei que
estava apenas afim de umas cervejas...
- Você perderia a oportunidade de transar comigo, nós
dois já estando num quarto de motel?
- Não sou de tarar mulheres, por mais bonita que se-
jam. Sou passivo. Prefiro que elas me conquistem.
ALCATEIAS 24
- Neste momento, gostaria de ser conquistado? - Disse
a sargento, se aproximando dele. Alisou seus cabelos. Deu-
-lhe vontade de arrancar a sua peruca loira, mas isso talvez o
deixasse chateado.
- Neste momento, sou todo teu. E você tem razão: eu
uso peruca.
- Como sabe que estou pensando nisso? - Espantou-se
ela.
- Sou motorista de táxi, madame. Tenho que ser ob-
servador. Percebi que havia desconfiado de que uso peruca
desde que entrou no meu táxi.
- É verdade. Não quer tirá-la? Ficaríamos mais à von-
tade.
- Você é quem deveria estar mais à vontade. Estou nu e
você nem tirou a calcinha ainda...
Ela riu. O cara era engraçado. Gostara dele. Ficou de
costas para o loiro e tirou toda a roupa. Tinha o corpo mus-
culoso, mas curvilíneo. Ele elogiou sua silheta. Ela pergun-
tou:
- Gosta de mulheres violentas?
- Só se ela aguentar pancada também.
- Acha que me venceria numa luta?
- Claro. Mas deixaria você levar vantagem no começo.
Ela partiu pra cima dele. Quis dar-lhe um chute no
peito. Mesmo sentado e de garrafinha de cervejas nas mãos,
ele se livrou do golpe e lhe deu uma rasteira. ela caiu ao seus
pés. Levantou-se ágil e lhe deu uma chave de braço. Ele des-
vencilhou-se dela com rapidez. Ela disse, espantada:
- Uau, você parece ter treinamento mili...
Não completou a frase. Ele lhe aplicou um golpe de
judô, atirando-a sobre a cama. Ela caiu de pernas aberta. O
loiro, imediatamente, pulou sobre ela. Dominou-a com cer-
EHROS TOMASINI 25
to esforço, enquanto apontava a cabeça da rola para a racha
dela. Ela lutou bravamente, mas teve que se deixar ser pe-
netrada. Ele lhe enfiou o enorme caralho de vez. Só então,
soltou os braços dela. Ele lhe bateu com os punhos fechados
nas costas. Ele continuou as estocadas na boceta da mulher.
Logo, ela abria mais as pernas. Puxou-o mais de encontro a
si. Lanhou suas costas com as unhas. Gemeu demoradamen-
te com o primeiro orgasmo.
FIM DA TERCEIRA PARTE
ALCATEIAS 26
Capítulo 04
J
oana estava esbaforida quando o negro gozou no chão
do bar. Ela caíra de joelhos na cerâmica dura e fria e
resfolegava. Reuniu forças para dizer:
- Uau. Que gozada da porra. Não sabia que era tão
bom tomar no cusinho. Preciso fazer isso mais vezes. Ufa!
Você está bem?
- Um pouco frustrado mas bem. Gostaria de ter go-
zado dentro do teu buraquinho...
- Ah, desculpa, amor. Foi o meu primeiro gozo anal e
vaginal ao mesmo tempo. Pensei que ia morrer de prazer.
Depois, repetiremos a dose, tá?
Ele ainda estava amuado. Mas reconheceu que não
era pela frustração de não ter gozado dentro. O que o in-
comodava era o fato de ter errado com Jane. Tinha pedido
desculpas a ela mas ainda não se sentia bem. Pretendia
EHROS TOMASINI 27
voltar ao bar onde ela estava com a irmã e o futuro cunha-
do mas desistiu. Falaria com ela no outro dia, antes de en-
trarem na sala de aula.
Na noite seguinte, porém, esperou por ela em vão,
diante do portão de entrada. Jane não foi pra faculda-
de. Também não apareceu nos dias seguintes. Da turma,
ninguém sabia dela. A jovem não tinha amigas no curso.
Aproximava-se mais dos homens e isso causava inveja às
mulheres. Quando ele perguntou a uma delas que se sen-
tava perto da morena, esta disse:
- Não sei de Jane nem quero saber. Deve estar com
algum macho que roubou de alguém. É só isso que ela faz...
- Ela deu encima de algum namorado teu?
- Ela fodeu com aquele safado. Mostrou-me uma
foto dele nu. Só não dei uns tapas nela porque me segura-
ram. Mas vou pegar aquela vadia na virada. Vou, sim. Por
que pergunta por ela?
- Fiquei de lhe entregar um arquivo - mentiu ele.
- Aninha mora perto dela. Entregue o arquivo a ela.
- Cadê ela?
- Foi ao sanitário. Deve voltar logo.
Aninha era uma negra bem rabuda, desejada pela
maioria dos rapazes da turma de jornalismo. Era bonita e
sonhava ser âncora nalgum telejornal. Marcelo disse que
iria procura-la, mas apenas queria sair de perto da outra.
Intencionava falar com a negra a sós. Viu-a saindo do sa-
nitários das mulheres. Foi ao encontro dela. Disse:
- Soube que você mora perto de Jane. Tem notícias
dela?
- Jane foi socorrida há uns três dias. Ainda não vol-
tou para casa. Deve estar ainda no hospital.
- Sabe qual?
- Não me interessei em saber. Meu namorado não
ALCATEIAS 28
quer que eu me envolva com aquela puta. Você é mais um
da lista dela?
- Oh, não. É que fiquei de lhe entregar um arquivo -
ele mentiu de novo.
- Se quiser, te levo na casa dela. Somos vizinhas. Mas
antes, fiquei de tomar umas cervejas com umas amigas...
- Está me convidando?
- Não, pois vou encontrar-me lá com meu namorado.
Mas as minhas amigas estão solteiras e devem estar doidas
pra transar. Ouvi dizer que você tem um cacete enorme.
Isso é verdade?
- Quem disse isso?
- Não importa. Não vou dedurar ninguém. Mas é o
boato que corre aqui na faculdade. Nunca viu as mulheres
olhando com interesse para ti?
- Nunca prestei atenção.
- É verdade ou não?
- O quê?
- Está amando, meu filho? Presta atenção. Perguntei
se tinhas mesmo aquilo grande.
- Não posso me queixar. Mas tem mulheres que não
gostam.
- Queria eu que meu namorado tivesse um assim.
A-do-roooooo. Vai querer ir comigo?
- Vou, sim.
O bar onde as amigas dela se reuniam parecia mais
um boteco. Pequeno, sujo mas lotado. Ele perguntou qual
era o interesse das pessoas beberem ali. Ela disse:
- Aqui tem todo tipo de gente: gays, lésbicas, heteros
e o escambau.
- É... nota-se.
- É preconceituoso?
- Um pouco. Não transo com bichas.
- As minhas amigas estão ali. Deixa-me te apresentar
EHROS TOMASINI 29
a elas.
A negra o pegou pela mão e o levou para perto de
duas mulatas. Uma era bem feminina e simpática. A outra,
tinha cara de sapatão. A negra o apresentou:
- Gente, gostaria que conhecessem o maior caralho
da faculdade. Como é mesmo teu nome?
- Marcelo. Marcelo Coutinho. Não sabia que tinha o
maior cacete da faculdade, mas você parece ter conheci-
mento de causa.
Duas riram. A com cara de sapatão continuou séria.
Não havia simpatizado com Marcelo. A que estava com ela
disse:
- Maior caralho da faculdade? Só acredito vendo.
Bota ele pra fora...
- Não ouse! - Enfezou-se a sapatão se dirigindo à que
estava ao seu lado.
- Não ousar, por quê? Você não gosta mas eu não
gosto, amiga.
- Pensei que estivéssemos juntas.
- E estamos. Juntas, porém, não quer dizer mistura-
das. Até agora, teu papo não me agradou, querida. Então,
se quiser, pode zarpar.
A sapatão zangou-se e se levantou da mesa. Olhou
para o negrão com ódio. Ele, porém, não lhe deu atenção.
A outra continuou:
- Onde é que estávamos, mesmo? Ah, sim... Bota
esse cacete pra fora e me prova que é o maioral. - Disse a
mulata.
- Aqui, na frente de todo mundo? Vamos lá pro ba-
nheiro e te mostro.
- Não. Aqui, porra, pra todo mundo ver.
ALCATEIAS 30
E, voltando-se para o bar cheio, gritou:
- Gentes, venham ver o maior caralho do mundo!!!
Quase todo o público se levantou das suas mesas e
veio para perto do grupo. A negra sorria divertida. Marce-
lo estava empulhado. Disse:
- Assim, você me deixa constrangido. Sou tímido.
- Deixa que eu te ajudo. - Disse Aninha.
A negra rabuda abriu o fecho da calça do cara, ar-
riou-a um pouco e depois cuidou de baixar também a sua
cueca. O caralho ainda mole saltou de dentro. Todo mun-
do aplaudiu. Um sujeito afeminado e bem vestido se apro-
ximou da turba. Perguntou:
- O que está acontecendo aqui?
Nem foi preciso que respondessem. Ficou maravil-
lhado quando viu o comprimento do pênis do rapaz. Ex-
clamou:
- Ai, que coisa tamanha. Vai uma chupada aí?
- Entra na fila - gritou alguém.
- Eu sou o dono dessa bodega, crush. Tenho direito
de ser o primeiro.
- Vai dar o cu a outro. Esse é meu - gritou uma voz
feminina.
O boteco se transformou numa balbúrdia. Marcelo
levantou a calça, escondendo o pênis. Retrucou:
- Este não é de vocês. Este é meu! E não empresto a
todo mundo.
Houve um murmúrio de decepção. Todos voltaram
às suas mesas. Acabara o show. A mulata pediu que Mar-
celo se sentasse ao seu lado. Ele o fêz. Ela lhe pediu descul-
pas. Depois, disse:
EHROS TOMASINI 31
- Me perdoa aí mas esse foi teu batismo no bar. Não
ligue. Logo, terão te esquecido.
- Fiquei com uma vergonha da porra. Mas valeu.
Qual foi o problema com tua amiga que saiu braba daqui?
- Ah, aquela só fala o quanto gostaria de chupar mi-
nha xoxota. Não muda de assunto nunca. Que chato.
- Você deu cabimento a ela, Telma.
- Não dei, Aninha. Apenas não a enxotei logo que a
conheci. Respeitei a sua condição de lésbica. Mas eu gosto
é de homem, caralho. Cadê teu namorado?
- Disse que vinha já. Mas aquele escroto é farrapeiro.
Já passou de merecer uns cornos. Se não vier hoje, saio
com outro, vai ver...
O cara não veio. Nem telefonou desmarcando o en-
contro. O grupo já estava na décima cerveja. Aninha, a
preta rabuda, disse:
- Gente, aquele puto não vem. E eu estou doida para
dar essa minha bunda grande ainda hoje. Mas tem que ser
para um caralho que sobre nela. Pequenos, só me fazem
cócegas.
- Isso é uma indireta pra tu, Marcelo - disse a mulata
Telma.
- Ela deve estar brincando. Ficou com raiva do cara e
quer extravasar - disse ele ao ouvido da que estava ao seu
lado. A negra ouviu o que ele disse. Afirmou:
- Não estou brincando. Se não está interessado, vou
procurar outro.
- Nunca fodi um rabo tão grande. Mas não vai que-
rer que transemos na frente de todo mundo, né?
- Não. Vamos prum motel, antes que aquele puto re-
solva vir.
Quando iam pegar um táxi, no entanto, a negra mu-
dou de ideia:
ALCATEIAS 32
- Não quero ir pra motel. Moro sozinha. Prefiro mi-
nha casa. Mas com uma condição: se aquele puto estiver
me esperando lá, você me deixa e vai-se embora, tá? Estou
com raiva mas gosto dele.
- Okay. Pode dizer a ele que estudamos na mesma
turma e eu te dei uma carona.
- Não vou dizer-lhe porra nenhuma. Quero que se
roa de ciúmes. Vai aprender a não dar mais bolo em mim.
Não havia ninguém esperando por ela. A negra dis-
se, quando o táxi parou na frente de sua residência:
- É ali que Jane mora. Amanhã, você pode deixar o
arquivo com a irmã dela. Ela te dará mais informação do
que eu sobre o estado de saúde da quenga.
- Faz tempos que você mora só?
- Quase cinco anos. Vim de Salvador pra fazer o cur-
so de jornalismo aqui no Recife. Mas fui reprovada nos
dois primeiros exames.
- Entendo. Como conheceu teu namorado?
- Isso importa?
- Não. Estou apenas puxando conversa.
- Não precisa saber muito sobre mim até que eu mes-
ma resolva te dizer. Assim, não poderá inventar fofocas
sobre mim.
- Não é a minha intenção.
- Sou gata escaldada, meu filho. E não tenho sorte
com homem. Sempre me deixam falando mal de mim.
- Falando o quê, por exemplo?
- Que sou infiel, que sou safada, que transo com
qualquer um, que não dou valor à minha beleza...
- Tudo isso? Nunca ouvi ninguém falar mal de ti. Se
bem que nós nos sentamos longe um do outro, é verdade...
- Mas eu já tinha te notado desde o primeiro dia de
aulas. Apostei com Jane que iria te comer. Parece que ela
fez isso antes de mim, não é?
EHROS TOMASINI 33
- Não transamos -, mentiu ele - ela apenas me pediu
uma grana emprestada.
- Foi um estratagema dela. Aquela porra não preci-
sa de dinheiro. A irmã é gerente de banco e ganha muito
bem. E os pais deixaram uma fortuna considerável para
elas. Não fosse essa doença estranha da qual ela padece,
diria que Jane é uma mulher de sorte.
- Ela tem epilepsia?
- E quem sabe? Tem uma doença rara mas os médi-
cos ainda não descobriram o que é. O fato é que baixa em
hospitais, ao menos uma vez por mês. Parece que acontece
de ter crise quando está perto de menstruar. Mas deixe-
mos de falar disso. Vamos tomar um banho. Estou doida
para experimentar esse caralho enorme.
Tomaram banho juntos. O rabo da negra era muito
grande e bonito. Enquanto ela se ensaboava, disse pra ele:
- Adoro transar debaixo do chuveiro. Deixe-me en-
saboar todo o meu corpo, primeiro. Depois, quando esti-
ver retirando a espuma do sabonete, você me fode o cu,
está bem?
Ela ensaboou bem as pregas. Deixou-a com muita
espuma. Ele também ensaboou a pica. Esta estava duríssi-
ma. Quando ela abriu novamente o chuveiro, pediu para
o jovem:
- Agora. Soca em meu rabo sem pena. Adoro ser es-
tuprada por trás.
Ele apontou a cabeçorra e esta entrou fácil entre as
pregas dela. Era óbvio que a negra era acostumada a dar
a bunda. O caralho se enterrou até o talo sem encontrar
resistência. A água jorrando entre os dois corpos unidos
pela pica causava uma estranha, mas gostosa, sensação aos
dois. Ela espalmou as duas mãos na parede do pequeno
ALCATEIAS 34
banheiro, facilitando o coito. Não emitia nenhum som,
aguentando a enorme peia sem muito esforço. De repente,
ela começou a menear a bundona. Fazia-o com movimen-
tos cadenciados. Marcelo a agarrou pela cintura e apoiou-
-se melhor atrás dela. Finalmente, ela gemeu:
- Vai. Vai. Vai... vai, cachorro. Detona meu cu. De-
pois de gozar, mija bem dentro do meu rabo, tá?...
- Não acho que vá conseguir mijar dentro dele.
- Vai, sim. Meu namorado faz isso. É uma sensação
maravilhosa. Por isso não quero deixá-lo nem tão cedo.
Mas se você conseguir, eu o deixo e fico contigo.
Marcelo não a rebateu mas sabia que isso não iria
acontecer. Estava transando com ela mas pensando na rui-
va Joana. Apressou as estocadas quando pressentiu que
iria gozar. Ela sentiu seu pau inchar nas suas entranhas.
Ficou mordendo a pica com o ânus, até ele esporrar seu
buraquinho uma vez. Ela entrou em frenesi. A água do
chuveiro não apagava seu fogo. Então, ela dilatou o reto.
A pica ficou bamba dentro da aspirante a jornalista. Ela
urrou:
- Vaaaaaaai. Mija agora, antes que o meu cu se con-
traia!
Para sua surpresa, o negro conseguiu gozar e depois
mijar dentro do cuzinho dela. Inundou-a de porra e, em
seguida, verteu urina. E ela gozando. Quando ele se reti-
rou do cu dela, escutaram batidas na porta. Aninha apa-
vorou-se;
- É o meu namorado. Bem que desconfiei que ele
viria diretamente pra cá. Fica aqui. Vou abrir a porta para
ele...
- Você está doida? Finja que não está em casa.
- Não vai dar certo. Ele tem uma cópia das chaves. Eu
mesma lhe dei. Logo, estará girando a chave na fechadura.
EHROS TOMASINI 35
Dito e feito. O cara entrou quase que imediatamente.
Ouviu a água derramando do chuveiro e sentiu o cheiro de
sabonete. Gritou;
- Larguei mais tarde, amor. Vou aproveitar que estás
no banheiro para tomar o meu banho. É só o tempo de
tirar minhas roupas.
A negra perguntou baixinho para Marcelo:
- E agora, o que faremos?
FIM DA QUARTA PARTE
ALCATEIAS 36
Capítulo 05
A
ninha saiu do banheiro enrolada na toalha. Brecou o na-
morado antes que ele entrasse onde ela e o preto esta-
vam transando. A negra disse, alterada:
- Você não vai tomar banho aqui porra nenhuma. Vá
tomar na tua casa, caralho. Deixou-me esperando esse tempo
todo lá no bar. Servi de chacota para as minhas amigas. Por-
tanto, vá embora.
- Eu já te disse que estava trabalhando, nega.
- Nega é a puta que te pariu. Nega é tratamento pra
puta e a partir de hoje não sou mais quenga tua.
- Olha, eu vou-me embora. Mas amanhã, quando você
estiver menos brava comigo, volto aqui, está bem?
- Porra nenhuma. Não quero mais vê-lo na minha fren-
te. E devolva-me a chave que te dei. Não te quero mais com
ela.
- Está na porta - disse o cara, dando-lhe as costas e
EHROS TOMASINI 37
saindo da residência dela.
A negra bateu a porta às suas costas, depois suspirou
aliviada. O negrão saiu do banheiro onde estivera escondido
atrás da porta aberta, para que o cara visse o gabinete vazio.
Também respirou fundo. Ela disse:
- Essa foi por pouco. Ufa! Amanhã, acho uma desculpa
para falar com ele. Mas não convém mais continuarmos a
trepada. Ele pode se arrepender de ter ido e voltar...
- E eu não me concentraria mais na foda. Vou-me em-
bora, também. Você está satisfeita?
- Claro que não! Minha intenção era foder-te a noite
inteira. Mas tudo bem. Outro dia, a gente completa a transa.
Já na rua, Marcelo olhou para o relógio do seu celular.
Já era mais de meia-noite. Ficou na dúvida se ia pra casa ou
pro bar de Joana. Não estava mais querendo beber, pois já
bebera bastante com a preta e sua amiga. Olhou para a casa
que Aninha apontara como sendo a de Jane e tinha uma luz
acesa lá. Mas não iria incomodar sua irmã a uma hora da-
quelas. Resolveu ir mesmo pra casa. No outro dia, antes de ir
para a faculdade, passaria por lá e pediria informações a ela
sobre a irmã. Aí, lembrou-se do bar onde tinha encontrada a
irmã gêmea de Jane. Resolveu-se a dar uma passada lá antes
de seguir para casa. Foi a sua sorte.
Foi para o bar onde tinha falado com Jane pela última
vez. Era uma quinta-feira e mesmo assim o bar estava lotado.
Deu trabalho encontrar um lugar para se sentar. Um garçom,
no entanto, conseguiu uma mesa para ele mas advertiu:
- A mesa está ocupada mas acredito que a pessoa sen-
tada a ela não irá se importar.
- Tudo bem. Se ela se incomodar, procuro outra.
A mesa ficava num canto bem discreto do bar e a área
ALCATEIAS 38
parecia reservada a casais. Uma coroa bonitona estava senta-
da e já havia consumido umas cinco doses pois havia alguns
copos vazios de uísque sobre a mesa. O garçom cochichou-
-lhe ao ouvido, apontando o negro. Ela fez uma cara de des-
dém. O garçom o chamou. O negro cumprimentou:
- Boa noite, senhora. Desculpe incomodá-la mas não
tinha mais nenhuma mesa vazia.
- Sente-se e deixe de lero-lero, garoto. Hoje não estou
pra muita conversa. E logo estarei indo embora. Deixo a mesa
contigo.
Ele sentou-se, agradeceu ao garçom e pediu uma cer-
veja. Ela reclamou:
- Detesto o cheiro de cerveja. Se quiser continuar aqui
vai ter que pedir uma bebida decente.
- O que a senhora sugere?
- O mesmo que eu, claro. Garçom, traga-lhe uma dose
da minha garrafa. Por minha conta, claro.
- Não precisa, senhora. Terei o prazer de pagar a minha
dose e a que está tomando. - Disse Marcelo.
Ela olhou demoradamente para ele. Tinha os olhos in-
jetados de álcool. Disse séria:
- Até que enfim um cavalheiro. Já estou farta de gigolôs.
Sente-se mais perto de mim, rapaz. Não vou te morder.
Ele fez o que ela estava pedindo. Ela apoiou a mão no
seu ombro pra dizer:
- Estou esperando alguém há cinco doses. Já estou bê-
bada e o distinto não apareceu. Mas eu não ligo. É um safa-
do explorador de mulheres. Já estava prestes a me livrar dele
mesmo...
- É o melhor que a senhora faz. Também não gosto de
gigolôs. A senhora ainda é uma coroa bonita. Conseguirá al-
guém melhor.
EHROS TOMASINI 39
- Talvez. Mas ficarei sem o meu par para dançar.
- A senhora dança?
- Oh, maravilhosamente bem, modéstia à parte. E ado-
ro dançar. Você não?
- Gosto, mas não tenho feito isso já há um tempo.
- Maravilha. Termine tua dose e eu termino a minha.
Vamos para um clube que o gigolô costumava me levar.
- Acha que ainda está aberto?
- Claro. Só fecha de manhã. Iremos para lá. Algum pro-
blema?
Marcelo ponderou a proposta. Queria conhecer o tal
clube. Iria com a coroa. Se não aguentasse sua cachaça, sairia
da mesa dela e ficaria lá sozinho. Terminou de beber a sua
dose e disse-lhe que o táxi era por sua conta. Ela disse não ser
preciso. Pegou um celular minúsculo e bem feminino e ligou
para alguém. Depois que desligou, disse para ele:
- Minha filha está vindo nos pegar para levar para o
clube.
A mocinha que parou o carro perto deles, minutos de-
pois, era muito parecida com a mãe. Quando viu o rapaz,
fechou a cara. Esperou que ambos entrassem no carro para
perguntar:
- De novo, mamãe? A senhora não se emenda nunca,
né?
- Dobre sua língua. Este rapaz não é nenhum gigolô. É
um cavalheiro.
- Duvido. Todos que se aproximam da senhora é por
interesse. Mas o dinheiro é seu. Gaste como lhe aprouver.
A moça nem cumprimentou o negro. Fez manobra no
carro e depois perguntou à mãe:
- Para que motel?
- Nenhum. Estou querendo dançar. O cavalheiro se
ALCATEIAS 40
disponibilizou a me acompanhar ao clube.
- Claro. Vai terminar de encher a senhora de cachaça
para ficar mais fácil conseguir o que quer. Cadê o outro gigo-
lô, o coroa safado que a senhora estava com ele?
- Farrapou comigo. Melhor assim. Conheci este cava-
lheiro e tenho certeza de que vou estar bem com ele.
A mocinha não disse mais nada. Parecia saber a que
clube a mãe se referia e devia saber o caminho. De fato, pou-
co depois paravam na frente de um clube de bairro. Chama-
va-se Madeiras do Rosarinho e o rapaz já tinha ouvido falar
dele. Mas nunca estivera ali. Desceu do carro enquanto a filha
dizia para a mãe:
- Vou esperar pela senhora aqui na frente. Não demore
muito, pois já estou cansada de ficar dirigindo para lá e para
cá.
- Então, entre conosco. - Pediu a coroa.
A mocinha esteve indecisa, depois concordou:
- Está bem. Sempre tive curiosidade de saber como era
este clube por dentro. Mas não vou me demorar. Se não gos-
tar, vou-me embora e a senhora vai de táxi, combinado?
- Combinado.
Nem bem entraram, a coroa chamou o rapaz para dan-
çar. Ele foi. Ela dançava muito bem. Mesmo visivelmente em-
briagada, não errou um passo sequer. Elogiou o negro. Disse
que ele dançava maravilhosamente bem. Marcelo empolgou-
-se com aquelas palavras e deu o melhor de si. Das vezes que
olhou para a filha da coroa, esta estava de olho no casal. Até
sorria. Dançaram meia dúzia de músicas, todas em ritmo de
bolero, e a coroa pediu para sair. Voltaram para a mesa. A
mocinha os esperava para dizer:
- Olhe, mamãe, seu gigolô safado está aqui com outra,
enquanto a senhora o esperava lá.
EHROS TOMASINI 41
A coroa olhou na direção que a filha indicava. O negro,
também. E Marcelo ficou surpreso com o que viu: o coroa
que dançava com uma senhora distinta era o namorado da
irmã de Jane. Ele ainda quis confirmar:
- É aquele dançando com aquela dama de vermelho?
Eu o conheço.
- Claro que conhece. Um gigolô conhece o outro... -
Disse a mocinha.
A mãe saiu de perto deles e caminhou em direção ao
casal dançando. Quando o cara a viu, ficou pálido. Parou de
dançar. A mulher já embriagada deu-lhe um tapa forte no
rosto. Todo mundo parou pra olhar. O sujeito fez cara feia
e a mulher de vermelho saiu depressa de perto. Era visível
que o cara ia bater na bêbada. Marcelo levantou-se depressa e
chegou a tempo de intervir. O sujeito o reconheceu. Desman-
chou a cara feia e apertou a mão do rapaz. Este pediu que a
senhora voltasse para a mesa. Ela o atendeu. Marcelo disse:
- A senhora está comigo. Não ia deixar que você lhe
batesse.
- Não sabia que era do ramo.
- Que ramo?
- Gigolô, meu rapaz. Também sou um, com muito or-
gulho.
- E eu não sou, com mais orgulho ainda. O que houve
com Jane?
- Está hospitalizada. Câncer no sangue. Um tipo raro
de leucemia. Os médicos lhe deram alguns dias de vida.
- Mesmo? Eu não sabia que ela era doente. Vou fazer-
-lhe uma visita. Em que hospital está?
- Só conto se você não disser para a irmã dela que me
viu aqui.
- Trato feito.
ALCATEIAS 42
Quando o preto voltou para a mesa, a mocinha o espe-
rava aflita. A mãe chorava. O rapaz a consolou. A filha disse:
- Pensei que iam brigar. Obrigada, moço. E peço des-
culpas por ter te tratado mal.
- Não tem importância. Vamos continuar dançando,
senhora?
- Eu não estou em condições, rapaz. Perdi a compos-
tura e estou muito envergonhada. Você me desculpe. Eu e
minha filha vamos para casa. Você quer uma carona?
- Agradeço, mas vou ficar por aqui. É uma oportunida-
de de conhecer melhor o clube.
- Vamos, mamãe?
Antes de sair da mesa, no entanto, a mocinha disse
para Marcelo:
- Me espere aqui. Vou deixar minha mãe em casa e vol-
to.
Ele ficou surpreso com o que ela disse. Não acreditava
que fosse voltar. No entanto, ainda estava na primeira cerveja
quando a mocinha estava de volta. Foi direto para a mesa
dele. Sentou-se e disse:
- Vamos começar de novo, dessa vez do modo correto?
Meu nome é Holanda. E o teu?
- Marcelo. Marcelo Coutinho.
- Como meu nome é James, James Bond? Perguntou
ela, sorrindo.
- Acho que copiei do agente secreto. Gosto muito dos
seus filmes. Posso perguntar por que voltou?
- Estive te observando. Minha mãe tem razão. Fomos
conversando. Você é um bom rapaz.
- Pergunto de novo: por que voltou?
Ela tomou um gole de cerveja do copo dele, antes de
responder:
EHROS TOMASINI 43
- Eu vinha te oferecer uma grana para deixar minha
mãe em paz. Mas a caminho de casa ela me convenceu de que
isso iria te deixar chateado. Ela acredita que você não é um
gigolô. Procede?
- Obrigado pela sinceridade. Não, não sou. Não gosto
de explorar pessoas nem aprecio gente assim.
- Minha mãe gostou de você. Pediu que eu te convi-
dasse à nossa casa amanhã. Você ficaria o final de semana
conosco.
- Agradeço. Mas acho que tua mãe só disse isso porque
estava bicada.
- Não gostou dela?
- É uma senhora simpática. Parece ser uma pessoa ami-
ga.
- Só amiga? Ela não te despertou algo mais? Ou não
gosta de coroas?
- Nunca tive um relacionamento com pessoas que tem
idade de ser minha mãe.
- Não gostaria de experimentar?
Ele olhou fixamente para ela. Depois, perguntou:
- Está jogando tua mãe pra cima de mim, Holanda?
- Talvez. Mas agora estou invertendo os papéis.
- Como assim?
- Normalmente minha mãe leva os gigolôs dela lá pra
casa e eles tentam me comer. Agora, se você for passar esses
dias conosco, eu é que vou tentar comer você.
- Quem te viu, quem te vê. Achei que você não tinha
simpatizado comigo.
- Achei que eras um gigolô. Agora que sei que estava
enganada, tudo mudou.
- Mudou? Como?
- Minha mãe não me deixa namorar. Eu puxei a ela: só
arranjo namorados que não prestam. Já tive muitos proble-
mas com isso. Então, pensei que, se namorasse contigo, ela
ALCATEIAS 44
iria abençoar a gente.
- Está me dizendo que ficou afim de mim?
- Quer que eu desenhe?
Ele olhou demoradamente para ela. A jovem era boni-
ta, educada e aparentava ter um corpo perfeito. No entanto,
devia ter um pouco mais de um metro e meio de altura. A
mãe era mais alta. Ele perguntou:
- Você ainda é virgem?
- Isso é tão visível assim?
- Foi a maneira que você contou sobre ter namorados
e tua mãe impedir. Parece que está viçando, pra oferecer tua
mãe e se oferecer assim.
- Não te agrado?
- Oh, você é bonita e parece ter um corpo deslumbran-
te. Mas não acho que aguentaria minha pica. Ela é enorme.
- É mesmo? Pode me mostrar?
- Voltou de carro?
- Sim. Pague aqui e vamos pra lá. Ao menos te dou uma
chupadinha, quer?
Pouco depois, entravam no carro. Ela estava eufórica.
Mesmo assim, disse:
- Vamos sair daqui de perto do clube. Há muita gente e
o carro não tem vidros fumês.
- Quer ir prum motel?
- Não. Sempre tive curiosidade de saber como seria tre-
par num carro. Vamos parar em um local mais ermo e eu te
chupo.
Ele já estava de cacete duro com a conversa. Nem bem
pararam, ela abriu o fecho da sua calça. Suas mãos tremiam
quando o membro pulou fora da cueca.
- Nossa. É enorme. Posso lamber ele?
- Lambe.
EHROS TOMASINI 45
- Depois, posso chupá-lo?
- Deve.
- Quando estiver babado, posso me sentar sobre ele?
- Com o cu ou com a boceta?
- Nunca dei nenhum dos dois.
- Pois já passou da hora de começar.
- Se eu aguentar ele no cu, você toca uma siririca em
mim para eu gozar pelos dois lados?
- Claro. Mas como você sabe de tudo isso se diz que é
virgem?
- E você acreditou?
Ela era mesmo virgem. E marcelo fez tudo que prome-
teu, depois dela o ter chupado, sentado no seu cacete e goza-
do até quase desmaiar em orgasmos consecutivos. O sangue
virginal sujou a calça do rapaz que havia sido baixada pouco
acima dos joelhos. A mocinha, a despeito de afirmar não ter
nenhuma experiência sexual, trepava muito bem. E gostava
mais de satisfazer o homem do que ser ela mesma satisfeita.
Deram duas fodas seguidas: uma no banco da frente, outra
no bando de trás do carro, quando ela reclamou do descon-
forto. Depois, ficaram agarradinhos por um tempão, enquan-
to descansavam para outra transa.
FIM DA QUINTA PARTE.
ALCATEIAS 46
Capítulo 06
N
o outro dia, Marcelo acordou tarde. Ficara com Holanda
até quase quatro da madrugada. Despertou em casa por
volta das dez da manhã e por isso faltou ao trabalho. Tomou
um banho demorado e depois foi para o hospital onde Jane
estava internada. Não era horário de visitas, mas ele mentiu
dizendo-se irmão dela e que não tinha ninguém para ficar
com a moça naquele dia. Uma enfermeira fez que acreditou.
Mas alertou Marcelo de que este não podia se demorar no
quarto. Ele agradeceu e correu para lá. Encontrou Jane sozi-
nha numa das enfermarias e acordada. Ela ficou contente ao
ver-lhe. Perguntou:
- Quem disse que eu estava aqui? Minha irmã?
- Não. Teu cunhado.
- Aquele puto. Só quer o dinheiro de minha irmã. Eu
sei que ele tem várias mulheres e é sustentado por elas. Mi-
nha irmã é besta por acreditar que ele a ama. Mas eu não caio
EHROS TOMASINI 47
na conversa dele.
- Relaxe. Não acho que você deva estar se aperreando.
Trate de sarar.
Ela fez cara de choro. Depois, disse para ele:
- Me dá um beijo.
Ele foi até ela e a beijou com carinho. Ela continuava
chorando. Ele perguntou:
- O que os médicos dizem da tua doença?
- Que é algo grave, mas eles não sabem ainda do que se
trata. Minha irmã tenta me enrolar, mas eu sei que não vou
viver muito tempo.
- Não diga isso. Você tem toda uma vida pela frente.
- Não, não tenho. Eu já me conformei faz tempos. Mas
minha pobre irmã ainda não. Eu queria te pedir um favor.
- Se eu puder te ajudar...
- Só não me ajuda se não quiser.
- Okay. O que é que manda?
- Bem, na verdade são dois favores...
- Ih, já tá querendo me explorar. - Ele brincou - Mas
diga do que precisa.
Ela esteve indecisa. Demorou a dizer:
- Eu queria que você desse em cima da minha irmã.
Que fizesse ela se apaixonar por ti como eu me apaixonei. Só
assim, morrerei tranquila.
- Não posso fazer isso. Sinto muito.
- Não gostou dela?
- Não tivemos oportunidade de conversar. Mas ela tem
outro cara. Se ao menos ela tivesse ficado afim de mim, se-
riam outros quinhentos...
- Ela ficou. Tanto que pediu que eu não te fizesse mal.
Depois que você saiu, nós conversamos muito. O calhorda
do namorado dela havia dito que tinha um compromisso e
ALCATEIAS 48
foi-se embora.
- E que mal você poderia me fazer?
- Converse com ela. Nós não temos segredos uma para
a outra. Ela sabe porque ajo dessa maneira, parecendo uma
puta.
- Eu queria que você mesma me dissesse isso.
- Levaria tempo. Não daria para você me fazer o segun-
do favor.
- Que seria?...
- Quero que foda meu cuzinho.
- Como é que é?
- Quero que me foda a bunda. Preciso saber como é
engolir um caralho enorme como o teu.
- Você está doente, Jane. Não posso fazer isso.
- Pode e deve. Não quero morrer virgem do cu.
- Agora você está sendo melodramática. Você não vai
morrer.
- Você não quer que eu morra e posso te entender. Mas
eu não tenho muito tempo de vida. Sei disso. Então, faça o
que estou pedindo. Por favor. Eu te imploro...
- Você quer que eu faça isso aqui, no hospital?
- Não, não. Pensando melhor, decerto seríamos flagra-
dos e interrompidos. Vou pedir para ser tratada em casa. Não
quero morrer numa porra de um hospital. Aí, você vai pra
minha residência. Lá, poderemos foder à vontade.
- Continuo dizendo que é loucura transar no estado
que você está.
- Eu quero. É o meu último pedido pra ti. Você sabe
onde moro?
- Agora, sei. Tua vizinha, que estuda conosco, me disse.
- Pois então, amor, vá agora lá em casa. Diga a minha
irmã que preciso falar urgente com ela. Dê-lhe teu número de
telefone. Amanhã você...
EHROS TOMASINI 49
A enfermeira que havia deixado Marcelo ficar inter-
rompeu o casal. Disse:
- O senhor deve sair. Vamos dar um banho na paciente
e depois fazer uma série de exames. Se quiser, volte no horá-
rio de visitas.
- Amanhã você venha me buscar com Janice. Diga a ela
para não trazer consigo o merda do namorado dela. - Com-
pletou a morena convalescente, já ofegante.
O rapaz se despediu dela, agradeceu à enfermeira e foi-
-se embora. Pegou um táxi e parou na casa das duas irmãs.
Mas não encontrou Janice lá. Uma faxineira diarista o aten-
deu e disse que a moça estava no trabalho. O negro informou
que viera do hospital e tinha um recado para ela. A mulher
lhe deu o endereço do banco onde Janice era gerente. Ele foi
para lá.
Quando o viu, a gêmea de Jane ficou lívida. Quase des-
maia quando ele disse que a jovem precisava falar com ela
com urgência. A bancária ligou imediatamente para o hos-
pital, mesmo o rapaz lhe tendo dito que Jane estava bem.
Botaram Jane na linha, pois não se podia ficar com celula-
res dentro do quarto. Janice esteve falando com ela, depois
suspirou aliviada. No entanto, continuou preocupada. Disse
para o negro:
- Minha irmã quer sair de lá. Disse que prefere morrer
em casa.
- Ela é exagerada. Não demonstra estar tão doente. -
Disse Marcelo.
A moça começou a chorar. Explicou:
- Infelizmente, os médicos deram pouco tempo de vida
a Jane. Eu ainda não lhe disse, claro, mas já providenciei até
o ataúde dela.
- Puta merda. É tão grave assim?
ALCATEIAS 50
- Infelizmente, sim. Os médicos não sabem como ela
sobreviveu tanto tempo... Você gosta dela?
- Não tenho certeza. Acho que sim. Mas depois que vi
um monte de fotografias de rapazes nus no celular dela, con-
fesso que esfriei os ânimos.
- Ela tinha um motivo para agir daquele jeito, sabia?
- Que motivo faria uma pessoa agir como puta?
- Ela sabe que morrerá em breve. Então, tem fodido
com uma quantidade enorme de rapazes. Mas pegou a mania
de fotografá-los nus, para guardar de lembrança até o final de
sua breve vida. Quando soube que estava condenada, ela ain-
da era virgem, entende? Não queria morrer assim. Precisava
saber como era fazer sexo.
- Caralho. Eu acho que faria o mesmo. Se soubesse que
estaria a ponto de morrer, foderia uma grande variedade de
mulheres. Desculpe as palavras de baixo calão.
- Ela tem dois objetivos na vida: foder o maior número
de rapazes que lhe for possível e me afastar do meu noivo.
Insiste em afirmar que ele me trai. Que ele é um gigolô de
muitas mulheres e que só quer o meu dinheiro.
Marcelo quase diz que encontrou o cara com outra no
clube, mas se conteve. No entanto, resolveu arriscar:
- Ela me falou que você havia ficado afim de mim, isso
é verdade?
A bancária baixou a cabeça. Em seguida, confessou:
- Se eu não gostasse do meu namorado, namoraria
mesmo contigo. Jane me falou maravilhas de ti. Fiquei com
inveja dela ter um namorado como você.
- Ela pediu que eu namorasse contigo. Eu argumentei
que você amava o coroa.
- Eu não o amo. Apenas me acostumei a tê-lo como
companhia. É com ele que eu converso, tenho conselhos, te-
nho sexo. Meu cargo no banco é de muita responsabilidade e
EHROS TOMASINI 51
eu quase não tenho tempo pra mim. Rubem tem se esforçado
para estar sempre comigo. Infelizmente, ele também tem os
compromissos dele.
- Jane acredita que ele é um gigolô e apenas está de olho
no teu dinheiro.
- Eu sei. Às vezes penso em não ter ninguém fixo. Con-
tratar garotos de programa para me fazer companhia. Mas
temo contrair uma doença venérea ou até a AIDS.
- Faz bem. Não deve cair na armadilha do sexo casual.
E a maioria dos garotos de programa são gigolôs. Você iria
sair da rede de um e cair na de outro.
- Tem razão. Qual seria a solução?
- Namorar comigo. Eu me esforçaria para te fazer feliz.
- Em troca de quê?
- Em troca de você me fazer feliz, também. Eu trabalho
e ganho razoavelmente bem. Não preciso do teu dinheiro, Ja-
nice.
- Mas Jane te ama. Ela mesma me disse isso. Eu não
seria capaz de lhe tomar o namorado.
- Pelo que entendi, ela quer me compartilhar contigo.
- Doida do jeito que ela anda, isso é bem provável. Você
seria capaz de se dividir entre nós duas, sem causar ciúmes
a ela?
- Não sei. Nunca estive numa situação parecida antes.
Mas não custa nada tentarmos.
- Ela me falou que você tem um pau monstruoso. É
verdade?
- Sim. Meu pênis é enorme. Você teme não suportá-lo?
- Não, não... meu coroa também tem pau grande. Acho
que continuo com ele por causa disso. Adoro me sentir em-
palada por ele. É como se eu quisesse sofrer para pagar os
meus pecados. - Riu-se ela.
Marcelo olhou em volta. A sala onde estavam era arro-
deada de vidros transparentes. Não poderiam foder ali. Mas
ALCATEIAS 52
ele começava a ficar com muito tesão com aquela conversa.
Ela percebeu. Perguntou-lhe:
- Em que está pensando?
- Acho que no mesmo que você. Fiquei com tesão. Se
tua sala fosse mais discreta, transaríamos aqui mesmo.
- Eu também estou querendo. Mas aqui não dá. Nem
posso sair acompanhada de você. Teríamos de nos encontrar
em outro lugar...
- Conhece algum motel por perto? Eu poderia te espe-
rar lá. Você dá um tempo e depois sai daqui.
- Não gosto de motéis. O banco tem uma suíte reser-
vada para gerentes que vem de outros Estados. No momento,
está desocupada. Nos encontraremos lá. Tome o endereço -
disse ela, lhe dando um cartão de visitas. Preencheu um do-
cumento e entregou a ele. Disse:
- Apresente este documento ao recepcionista. E espere
por mim já tomado banho.
A suíte era enorme e requintada. Para marcelo, parecia
um palacete. Ele tomou um banho de água morna e se meteu
em um roupão, pois o ar condicionado do quarto era muito
frio. Não queria mexer e desconfigurar a temperatura. Era a
primeira vez que ele entrava numa suíte daquela. Ainda esta-
va maravilhado com tanto luxo quando ela chegou,
- Não consegui dar mais um tempo. Fiquei muito exci-
tada com a nossa conversa e curiosa para conferir o tamanho
do teu pau.
Ela foi dizendo isso já tirando os sapatos e desabotoan-
do o blazer elegante que vestia. Não demorou a ficar apenas
de peças íntimas. Disse:
- Deixe-me tomar um banho rápido.
- Não é preciso. Vou querer sentir teu cheiro natural.
Ela parou. Ficou olhando embevecida para ele. Depois,
EHROS TOMASINI 53
beijou-o com ardor. Foi correspondida. Ele a ajudou a tirar
sua calcinha e seu sutiã enquanto ela lhe abria o roupão. Sor-
riu ao descobrir o enorme caralho duro. Falou:
- Ele é maravilhoso. Nunca vi um igual. Posso apalpá-
-lo?
- Faça dele o que quiser.
- Então, fique quieto. Deixe que eu conduza o coito.
Não vai se arrepender.
Quando ela ficou nua, o rapaz comparou seu corpo com
o da irmã. Não viu diferença. Ela era tão gostosona quanto. A
boceta já pingava de desejo. Havia um tapete de pele de ove-
lhas na sala. Ela o deitou nele. Ele o achou macio. Ela lhe deu
um banho demorado de língua, sem nem tocar-lhe o pau. Ele
estava agoniado, doido para sentir sua boca nele. O mastro
já doía de tão teso. Quando já ia pedir para ser abocanhado
ali, ela pareceu adivinhar-lhe os pensamentos. Foi descendo
com os lábios até beijar-lhe o pênis. Depois de lhe chupar
por um tempo, massageou o caralho à espanhola, roçando-o
entre os peitos. Ele cruzou as mãos sob a cabeça e fechou os
olhos. Sentiu sua boca chupando a glande toda vez que ela
despontava entre os seios dela. Ao contrário de Jane, a ban-
cária fazia amor de forma suave. Parecia calcular o que fazer
para deixá-lo mais excitado. Finalmente, montou nele. Sua
vulva estava pegando fogo. Ele gemeu quando sentiu o pró-
prio pau invadindo a gruta dela. Janice o foi engolindo aos
poucos. Quando conseguiu ser penetrada até o máximo que
aguentou, inclinou o corpo sobre o dele. Iniciou a cavalgada
de forma bem devagar. Havia um grande espelho na sala, que
ia do chão ao teto. Marcelo a via refletida de costas, erguendo
e baixando o bumbum. Ele ficou mais excitado ainda com
aquela visão. Ela pediu:
- Quando for gozar, me avise. Vou fazer de tudo para
gozarmos juntos.
ALCATEIAS 54
A foda durou mais de meia hora, quando ele finalmen-
te jorrou porra na vulva dela. Ela não conseguiu gozar ao
mesmo tempo. É que já tinha gozado inúmeras vezes antes
que ele chegasse ao orgasmo.
FIM DA SEXTA PARTE.
EHROS TOMASINI 55
Capítulo 07
N
ara Vecchi estava fumando, deitada na cama, quando
teve a ideia. Olhou para Lucas, que estava descansando
ao seu lado assistindo a um canal de sexo. Mas sua rola ainda
estava murcha, apesar do filme ser excitante. Ela disse:
- Acho que sei como a gente pode pegar o delegado
com a boca na botija, mas é um troço perigoso.
- Não temo o perigo.
- Pois devia. Assim se vive mais.
- Diga o que pensou.
- Vou precisar que você volte para a tua residência. Ele
tem que te encontrar lá. Eu lhe digo que te achei e você es-
tará esperando por ele. Eu irei com o merda, mas você nos
surpreende. Atira nele. Aí, eu digo que foi legítima defesa.
Inventamos uma história para a Imprensa e nos livramos do
filho da puta.
- Agora você quer mata-lo?
ALCATEIAS 56
- Ele não irá te deixar em paz. E quando descobrir que
você andou usando a imagem do teu pai para aterroriza-lo,
não vai querer só te prender.
- Disso, eu sei. Mas não acho que virá sozinho contigo.
Trará uma guarnição inteira.
- Então, como pensa atrai-lo a uma armadilha?
- O que você acabou de me dizer me deu uma outra
ideia. Mas vou precisar da tua ajuda.
- O que eu tenho que fazer?
************************************
Marisa ficou contente quando recebeu o telefonema de
Lucas a convidando para o apartamento onde ele estava es-
condido. Não disse nada à filha, pois sabia que ela contaria
logo ao pai delegado. O rapaz pediu sigilo absoluto do seu
paradeiro. Ela não era doida de coloca-lo em perigo. Adorava
o jovem. Sonhava com ele quase todos os dias. Envolvera-
-se com o pai dele apenas porque queria deixa-lo livre para
a filha apaixonada. Não esperava que Lucas a rejeitasse nem
que Leandra denunciasse o seu caso com o pai do jovem. O
velho era um solitário, depois que a esposa o deixou. O sujei-
to ideal para Marisa ter cometer adultério. Ele apaixonou-se
rápido pela mulher boazuda e com quase a metade de sua
idade. Marisa, atualmente, contava com quarenta e dois anos
de idade, doze a mais que Lucas. O pai dele tinha setenta anos
mas chupava muito bem. Marisa tivera os seus momentos fe-
lizes com ele. O delegado, seu marido, tinha sessenta anos,
completos naquele mês. Ele e a filha eram do mesmo período
do ano. Leandra acabara de completar dezoito aninhos. Esta-
va cada vez mais safada. Tinha um namorado mas o corneava
a torto e a direito.
Finalmente, chegou em frente ao prédio onde Lucas
morava. Perguntou na portaria por um jovem que se muda-
ra para ali no dia anterior. Indicaram-lhe o décimo terceiro
EHROS TOMASINI 57
andar. No elevador, conferiu se a pistola que trouxera estava
dentro da bolsa. Estava. Pretendia da-la ao jovem, para ele se
proteger do marido delegado.
Lucas a esperava na porta do elevador, no andar onde
agora morava. Trocaram um beijo ardente e depois se sen-
taram no sofá. Ela tirou toda a roupa e ia tirar a dele. Lucas
a impediu, pois não queria que a coroa visse seu corpo todo
lanhado:
- Não, agora não. Vamos tomar umas doses, depois a
gente faz amor. Temos a noite toda, não?
- Não, não temos. Meu marido anda estranho desde
ontem. Acho que desconfia de mim, depois que soube que
o velho anda impedindo assaltos. Trouxe-te uma arma com
o número de identificação raspado, que meu marido guarda
numa gaveta há anos. Está carregada, amor. - Disse ela, entre-
gando-lhe a pistola.
- Eu quero dar primeiro uma olhada no teu celular, mi-
nha linda.
- Por quê, amor?
- Se eu estiver certo, teu marido já sabe que estou aqui.
- Juro que não disse nada a ele - falou a coroa, tirando o
telefone de dentro da bolsa. Lucas o abriu. Mostrou a ela um
pequeno microfone colocado dentro do aparelho. Ela gelou.
Gemeu:
- Eu não sabia!!!
- Eu sei, linda -, disse o rapaz pegando no queixo dela
com carinho - mas teu marido está, realmente, de olho em
você.
- E agora?
- Não se preocupe. Eu já esperava por isso. Relaxe.
Quer uma dose ou uma cerveja?
- Não vou conseguir beber, agora que sei que ele deve
ter vindo atrás de mim. Vou vestir minha roupa e ir-me em-
bora.
ALCATEIAS 58
- Agora pode não dar mais tempo. Melhor esperar as-
sim mesmo, nua. Me dará uma oportunidade para eu me de-
fender dele, se ele te ver assim.
- Tome a minha pistola. Já te disse que ela está carre-
gada.
- Fique com ela. Se eu não puder conte-lo, atire. Salve
tua vida, pois se ele se livrar de mim na certa irá querer te
matar também.
A coroa estava nua, de pistola em punho. Era uma cena
grotesca. Lucas devolveu o celular para ela, sem o microfone.
Havia, inclusive, fechado o aparelho. Ela o jogou de qualquer
jeito sobre o sofá. Ficou apontando a arma para a porta. Esta-
va trêmula de medo. O rapaz disse:
- Fique aqui. Vou tomar uma providência.
- Não, amor. Não me deixe sozinha, por favor.
- É só por alguns minutos. Vou garantir que ele tenha
dificuldades em chegar até aqui. Relaxe. Volto logo.
Ela ficou aflita, mas não o impediu de sair do aparta-
mento. Ele voltou cerca de dez minutos depois com as mãos
sujas de graxa. Perguntou para ela:
- Demorei?
- Para mim, foi uma eternidade, amor. - Disse ela, se
atirando nua nos braços dele. Ele a beijou carinhosamente,
depois falou:
- Ajude-me a colocar um colete à prova de balas. Vou
precisar.
- Não tem outro pra mim?
- Não, e nem será preciso, linda. Você vai ver.
Nisso, o telefone celular do rapaz tocou. Ele deu uma
olhada para ver quem ligava, mas não atendeu. Apressou-se
a colocar o colete. Ela o ajudou. Quando terminou, ele pediu
que ela se escondesse na cozinha. Ela insistiu em ficar com
EHROS TOMASINI 59
ele. Estava disposta a enfrentar o marido.
************************
O delegado Venceslau desceu do seu carro particular
na frente do prédio de treze andares. Caminhou devagar até
a portaria. Perguntou:
- Onde mora um rapaz que se mudou para cá há pou-
co?
- Nossa, ele está tendo um bom Ibope hoje. O senhor é
a segunda pessoa que o visita - informou o porteiro.
- Tem alguém lá com ele?
- Uma senhora. Deve ser sua mãe.
O delegado fechou a cara. Mas não deu explicações ao
porteiro. Caminhou em direção ao elevador, depois de sa-
ber o andar e o número do apartamento com o recepcionista.
Apertou o botão de subida várias vezes, até perceber que este
não estava funcionando. O rapaz que atendia na portaria dis-
se:
- Ah, infelizmente o elevador está com defeito. Aca-
bamos de chamar um técnico, mas vai demorar um pouco.
Quer que eu chame o senhor Lucas? Ele é jovem. É mais fácil
ele descer do que o senhor subir, não?
- Eu vou até ele - disse o delegado, não querendo alertar
o rapaz.
Já estava sabendo que o jovem se fazia passar pelo pai.
A sargento Nara o havia alertado sobre isso. Até sugeriu que
ele botasse uma escuta no celular da esposa e ele o fez. Veio
disposto a atirar nos dois: na esposa e no jovem. Estava ir-
ritado por haver sido corno de novo. Da primeira vez, deu
apenas uma surra na mulher. Desta vez, a mataria.
Subiu os mais de duzentos degraus devagar, mas per-
ALCATEIAS 60
deu o fôlego. Não adiantou descansar no meio da subida,
continuava exausto. Fez um esforço tremendo para chegar
lá encima. A partir do décimo andar, a escadaria estava na
penumbra. No andar de destino, o corredor e a escadaria es-
tavam totalmente às escuras. Caminhou tropegamente, até
se posicionar na frente da porta do apartamento do rapaz.
Então, de repente, um velho de barbas longas e vestindo um
sobretudo abriu a porta. O apartamento estava com todas as
luzes apagadas. O velho apontava um facho de luz de lanter-
na para o próprio rosto, resultando numa imagem fantasma-
górica. Pegou Venceslau de surpresa.
O delegado deu um grito rouco e atirou. Uma. Duas.
Três vezes. O velho não reagiu. Caiu para trás, depois de fazer
uma careta de dor. Ainda tentando acostumar a vista à escu-
ridão, o delegado esbaforido apontou sua arma para a cabeça
do velho caído no chão. Foi quando levou um tiro bem no
meio do peito. Caiu de joelhos. A luz da sala do apartamento
se acendeu. Ele viu a própria esposa nua, de arma lhe aponta-
da. Ela atirou de novo. Atingiu o tronco do marido. Depois,
correu para perto do jovem caído ao chão. Perguntou, aflita:
- Você está ferido, amor?
- Não, não. A bala não penetrou o colete. Mas o impac-
to doeu pra caralho...
Ela abraçou-se a ele. Beijou-o várias vezes. Depois, pe-
gou a pistola novamente, disposta a atirar contra o marido de
novo. Lucas a impediu:
- Não. Precisamos dele vivo. Vai pagar por seus crimes.
Então, ouviram as sirenas de carros da Polícia. Lucas
sabia que era a sargento Nara trazendo-os até o apartamento.
O plano havia dado certo graças a ela. A policial sugeriu ao
delegado grampear a própria esposa. Lucas ligaria para ela e
marcaria um encontro. Ele ouviria tudo pelo grampo. Claro
EHROS TOMASINI 61
que o rapaz havia colocado a vida dela em perigo, mas não
tinha certeza de quem o estava traindo: se a coroa ou a filha.
Os fatos mostraram que Marisa estava com a razão. Tendo os
policiais da viatura como testemunha, Marisa acusou o mari-
do de tentar matar seu amante e depois apontar a arma para
ela. Ela foi mais rápida. E estava disposta a acusar o delegado
de vários crimes, como a sargento bem queria. Venceslau foi
levado às pressas para um hospital. Apesar dos dois balaços
recebidos, não corria risco de morte.
Marisa tinha arrancado o disfarce de velho do rapaz e
o havia escondido dentro do apartamento, antes que a Polícia
chegasse. Ele, ainda arfante por causa da dor que sentia após
levar os tiros que acertaram seu colete, pediu que ela fizes-
se isso. Então, o que os policiais encontraram foi um jovem
usando colete e sem nenhuma arma na mão. A coroa tam-
bém já estava vestida quando chegaram. Mas estava bastante
trêmula. Não era para menos.
Quando levaram Marisa para a delegacia para que
prestasse depoimento, depois de socorrerem o marido dela,
Nara puxou Lucas para um dos quartos do apê. Deu-lhe um
beijo demorado. Ele agradeceu sua ajuda. Ela é que queria
agradecê-lo pois o delegado estava em suas mãos. Só a du-
pla tentativa de homicídio o poria na cadeia. Aí, o celular
de Lucas tocou insistentemente. Ele jamais esperava que sua
namorada advogada lhe ligasse àquela hora.
Encontrou-se com ela no aeroporto. Ela estava estra-
nha. Parecia com raiva dele.
- O que te incomoda, Gorethe?
- Nada. Você fez algo para me deixar incomodada?
- Deu tudo certo lá?
- Lá, onde?
- Onde você foi advogar, claro.
ALCATEIAS 62
- Você nem sabe onde eu estava, não é? Até perdeu a
hora de vir me buscar no aeroporto, como havíamos com-
binado. O que está acontecendo, Lucas Bandito? Arranjou
outra?
- Claro que não, minha gostosa. Você sabe que só amo
você - mentiu ele.
Na verdade, já não gostava mais dela. Principalmente
por saber não poder contar com a advogada para achar quem
matou seu pai. É que ela não tolerava vinganças.
Ela olhou demoradamente para ele. Depois, soltou a
bomba:
- Olha, eu recebi um telefonema da filha do delegado
que quase foi assassinado. Ela quer que eu o represente num
possível julgamento. Também me disse que precisava muito
conversar comigo. Que tem alguma coisa grave a me dizer
sobre você. Tem algo a me falar sobre isso?
Lucas gelou. Ela era considerada uma ótima advogada.
Com certeza iria fazer o delegado se safar incólume. Pensou
em dar sua versão do caso, mas desistiu. Apenas disse:
- Converse com Leandra. Ouça primeiro o que ela tem
pra te dizer. Depois, conversaremos.
- Está me escondendo algo, Lucas?
- Tenho te escondido algo já faz algum tempo. Por vá-
rias vezes, tentei te falar mas não consegui. Então, que seja o
que Deus quiser.
- Pois então, não precisa mais me levar em casa. Pego
um táxi e vou sozinha. Mas não me procure mais.
Quando ela se foi, Lucas ficou triste. Gostava dela, ape-
sar de serem tão diferentes. Mas não adiatava chorar sobre
o leite derramado. Deu-lhe vontade de encher a cara. Diri-
giu-se ao primeiro bar que encontrou. Estava intencionado a
EHROS TOMASINI 63
passar o resto da noite bebendo. Ao invés disso, pegou uma
caixa de cervejas long neck e voltou ao carro. Pouco depois,
chegava à sua residência na beira da praia de Itamaracá. A
mulata parecia esperá-lo naquela noite, pois já o aguardava
nua. Atirou-se aos braços dele. Beijou-o com volúpia. Ele foi
colocar as cervejas no freezer e voltou para a sala. Quando
ela lhe tirou a camisa de malha que vestia, viu primeiro as
marcas roxas em seu tórax. Gemeu, preocupada. Perguntou
se estava doendo.
- Um pouco. Mas nada que eu não possa suportar.
No entanto, quando ele se levantou para pegar duas
garrafinhas de cerveja, ela percebeu suas costas lanhadas. Fi-
cou triste. Perguntou quem tinha feito aquilo. Ele mentiu:
- Salvei alguém de ser assaltada. Ela me pagou com
sexo. Sexo violento, por sinal. Deixou minhas costas neste
estado.
Duas lágrimas rolaram pela face da mulata. Ela estava
de cabeça baixa. Ele perguntou:
- Ficou chateada, né?
- Um pouco. Mas nada que eu não possa suportar. Po-
rém, essa será a nossa última transa - ela disse ao pegar a
cerveja que ele trazia na mão.
A mulata sorveu seis garrafinhas quase sem intervalo,
bebendo-as sempre de dois ou três goles. Não demorou a fi-
car bêbada. Então, acabou de tirar a roupa de Lucas. Ainda
chorava, quando abocanhou a rola dele. Também chorava
quando ele chupou sua xoxota e lambeu seu grelo até que ela
gozasse a primeira vez. Caiu no pranto quando ele lambuzou
seu cuzinho de saliva, disposto a enraba-la. Gemeu:
- Vou sentir saudades dessa penca gostosa...
Mas aí, quando ele enfiou todo o caralho no cu dela
ALCATEIAS 64
e começou a copular, ela perdeu a cabeça. Meteu a mão no
grelo e se masturbou enquanto levava pica no cu. Continuou
chorando, mas dessa vez de prazer e felicidade.
FIM DA SÉTIMA PARTE
EHROS TOMASINI 65
Capítulo 08
O
delegado Venceslau não era um homem fraco. Menos
de duas semanas depois, estava de alta do hospital. No
entanto, como foi pego em flagrante depois de atirar contra a
ex esposa e no amante dela, o sujeito foi direto para o xadrez.
Mas Gorethe, a advogada que o estava representando a pedi-
do da filha dele, prometeu soltá-lo em dois dias. Ela cumpriu
com a promessa.
A sargento Nara estava irada. Temia que o sujeito esca-
passe das suas garras. Desde o internamento do delegado, ela
se encontrava quase que diariamente com Lucas. Ele pagou
uma cirurgia plástica para a mocinha Cynnara e esta vinha
se recuperando bem. Segundo os médicos, não ficaria com
cicatrizes. A moça, no entanto, insistia em querer pegar ela
mesma a dupla que a esfaqueou. Lucas havia se afastado das
ruas, esperando o julgamento do delegado. Também não lhe
ALCATEIAS 66
convinha ser pego por policiais antes da sessão de Justiça.
Portanto, deu um tempo em sua caça aos marginais. Leandra
não quis mais saber dele. Lucas lhe ficara devendo uma comi-
da de cu. Mas a mãe dela disse ao jovem que a garota o estava
detestando. Ela havia jurado vingar o pai. Alertou para que
Lucas tivesse cuidado.
Quando largou da delegacia, a sargento foi se encontrar
com Lucas em sua casa de Itamaracá. Era onde ele se escon-
dia agora. Estava radiante. ,Hhavia encontrado uma forma de
fazer o delegado pagar por seus crimes. Nem bem chegou à
residência do rapaz, falou-lhe:
- Amor, entrei hoje em contato com um advogado fa-
moso por haver vencido todos os seus processos jurídicos. O
cara é jovem mas muito bom. Está disposto a enfrentar tua ex
namorada, se nós lhe pagarmos as custas do processo. Você
pode me ajudar? Eu preciso foder o delegado, pois almejo
uma promoção no trabalho.
- Eu ainda não perdi as esperanças de matar aquele fi-
lho da puta, Nara. Mas posso pagar o advogado, sim. Quanto
ele cobra?
O escritório de advocacia Wilton e Janna era luxuoso.
Ficava em plena Avenida Boa Viagem, num dos bairros mais
ricos do Recife. Lucas foi atendido pela sócia do tal advogado
famoso. Janna era uma morena bonita, quase da altura do
rapaz. Não parecia advogada. Era simpática e bem falante.
Também simpatizou com o jovem. Quase não soltou a sua
mão quando se cumprimentaram. Tinha o busto firme sob o
blazer azul escuro que usava. Já estava sabendo do caso. Por
isso, foi direto ao assunto:
- Estive conversando com meu sócio e chegamos à con-
clusão de que precisaremos exumar o corpo do teu pai. Al-
gum problema?
- Por que essa decisão? O que meu falecido pai tem a
EHROS TOMASINI 67
ver com esse caso?
- Desconfiamos que as balas que o mataram saíram da
mesma arma que acertou o delegado.
- Está me dizendo que sua esposa matou o meu pai?
- Quem sabe? Mas a desconfiança é a de que o delegado
não mandou quem fizesse, ele mesmo atirou no teu velho. Se
conseguirmos provar isso, teremos mais uma grande chance
de vencermos essa causa.
- Entendo. Assino os documentos para a exumação do
corpo. Do quê mais precisa?
- De uns copos de cerveja. O dia hoje foi estafante e
com três audiências seguidas. Estou cansada e de garganta
seca. Vamos? Você paga.
No bar, parecia que já se conheciam havia muito tem-
po. Contaram piadas, falaram de si mesmos, de seus sonhos,
suas ambições. Lucas disse que gostaria de voltar a ser po-
licial. Ela confessou que o que mais queria era arranjar um
bom casamento. Já fora casada três vezes e nenhuma tinha
dado certo. Foi quando Janna perguntou o que a sargento
Nara representava para ele.
- É a pessoa que tem me ajudado, depois de ter me per-
seguido por algum tempo.
- Nunca transaram? Não minta. Faz de conta que está
sob juramento.
Ele riu. Estava gostando da morena. Ela era espirituosa.
Ele apreciava mulheres assim. Por isso, entrou no jogo dela.
Confessou seu crime:
- Já transamos, sim, algumas vezes. Mas nosso sexo é
incompatível. Prefiro a sensualidade à violência, entende?
- Mais dois pontos para você: um pela sinceridade, ou-
tro pelo gosto sexual. Se fizer mais um ponto, ganha um beijo.
Ele olhou para ela por um instante. Inesperadamente,
ALCATEIAS 68
roubou-lhe um beijo de língua. Ela agarrou-se com o rapaz,
prolongando o beijo. Não era a toa que já tivesse se casado
três vezes: era muito objetiva no seu jeito de paquerar. Menos
de uma hora depois, estavam num motel.
- Teremos que manter sigilo sobre esse nosso encon-
tro. Um advogado não pode se envolver com seu cliente. E
acredito que você não seja um santo. Tenho acompanhado os
noticiários e também desconfio de que você é o justiceiro de
quem tanto falam. Estou certa? Lembre-se de que continua
sob juramento...
- Essa é uma longa história. Te conto enquanto fode-
mos.
- O quê? Nem morta. Sessão encerrada, meu bem.
Dito isso, ela passou a tirar as roupas do jovem. Beija-
va seu corpo a cada parte descoberta. Até alcançar a enorme
rola do rapaz, já o tinha deixado várias vezes arrepiado com
suas carícias. Lucas achava que ela iria elogiar o tamanho da
sua pica. Esperou em vão. Então, enquanto ela o chupava
com maestria, ele perguntou:
- Não achou minha jeba grande?
- Já fodi maiores, meu bem.
O jovem ficou na dúvida se ela dizia a verdade ou se
estava brincando. Mas, naquele momento, isso não lhe im-
portava. Concentrou-se na chupada que ela lhe dava. Mas ela
não foi até o fim na felação. Tirou as próprias roupas e dei-
tou-se na cama. Disse:
- Agora é a sua vez, meu bem.
Lucas deu o melhor de si. Ela demorou a ficar excitada
de verdade. Mas, aos poucos, foi ficando de xana encharcada.
Ele lhe enfiou o dedo na boceta à procura do seu ponto G.
Não demorou a acha-lo. Ficou mexendo com o dedo nele,
EHROS TOMASINI 69
enquanto chupava e lambia seu grelo. Aí, sim, ela gozou pra
valer. Pegou a cabeça dele com as duas mãos e puxou-a de en-
contro à vulva. Em menos de um minuto, teve o seu primeiro
squirt. O segundo não tardou a acontecer. Chamou o jovem
para cima dela. Ansiava por ter dentro de si aquela enorme
jeba. Ele, no entanto, teve dificuldades em penetra-la, der-
rubando por terra o seu argumento de que já havia engolido
caralhos maiores. As gozadas que se seguiram foram escan-
dalosas.
Demorou semanas para o resultado da balística sair. O
escritório de advocacia havia pedido uma comparação entre
as balas encontradas no corpo do pai de Lucas que, não se
sabe porquê, ainda permaneciam no cadáver. O legista foi in-
vestigado. Alegou que a ordem de deixar os projéteis dentro
do corpo partiu do Comando da Polícia. A documento estava
assinado pelo delegado preso. A sargento explicou ao rapaz
que a manobra havia sido para driblar qualquer investigação
futura. Raspar o número de identificação da arma, também.
A advogada não interferiu no relacionamento do ra-
paz com a sargento. Por isso, Nara continuou se encontrando
com ele. Mas de vez em quando o jovem escapulia e ia se
encontrar com a outra. Porém, havia noites em que ele não
ficava com nenhuma das duas. Era sua pausa para descanso.
Já se sentia esgotado por estar com mulheres todos os dias.
Foi numa dessas noites de intervalo que bateram à sua porta.
Lucas armou-se com uma das armas confiscadas dos capan-
gas mortos do traficante da favela e foi atender. Espantou-se
quando viu Cynnara toda ensanguentada à sua frente. Ela
quase caiu nos seus braços. Ele a levou para a cama. Deitou-a
com cuidado e abriu a sua blusa para ver o ferimento. Feliz-
mente era superficial. Ela disse com voz débil:
- Perdi muito sangue vindo para cá. Não quis ir para
um hospital. Iria ser interrogada pela Polícia.
ALCATEIAS 70
- O que andou fazendo, menina?
- Andei me vingando. Achei os dois que me foderam.
Mas tive azar. Me acertaram de novo. No entanto, agora já sei
onde encontra-los.
- Por que veio pra cá e não foi pra casa da tua mãe?
- Minha mãe está com raiva de mim por eu ter seguido
teu exemplo. Eu quero ser uma justiceira igual a você. Ponteie
meu ferimento, por favor.
- Não tenho anestesia aqui, Cynara. Vou te levar para
um hospital.
- Porra nenhuma. Costure a cru. Eu aguento.
Meio a contragosto, ele a costurou. Ela desmaiou antes
dele terminar o trabalho. Ele achou melhor assim. Tirou-lhe
toda a sua roupa suja de sangue e a cobriu com um lençol
limpo. Admirou-se de ver a sua xoxota cabeludíssima. Mas
não mexeu com ela. Passou a noite de vigília, pois ela ardeu
em febre. Mas, pela manhã, ela estava melhor. Ele fez questão
de lhe comprar umas frutas para o desjejum. Quando acor-
dou, ela quis beijá-lo na boca em agradecimento aos seus cui-
dados. Ele não reagiu ao beijo. Ela perguntou:
- Não gostou?
- Sim, gostei. Mas não vejo porque me beijar. Você nem
gosta de mim...
- Não gostava, antes. Agora te acho do cacete! Acho que
me apaixonei por você, sabia? Por isso minha mãe ficou com
raiva de mim. Ela confessou que também é apaixonada por ti.
Eu acho que dá pra você ficar com nós duas.
Ele sorriu. A história se repetia de forma invertida:
agora era a filha que queria roubar o namorado da mãe. Ele
já havia passado por isso quando conheceu Leandra mas se
apaixonou pela mãe dela. Não queria repetir tal experiência.
Mas não disse nada a ela. Apenas perguntou:
- Conseguiu ao menos ferir os caras?
EHROS TOMASINI 71
- Que nada. Fui desarmada e ferida por minha própria
faca. Me deixaram ir mas disseram que, se me encontrassem
outra vez, me matavam. Me ajuda a pegá-los, vai...
FIM DA OITAVA PARTE
ALCATEIAS 72
Capítulo 09
L
ucas estava indeciso se devia ajudar a jovem a se vingar.
Temia pela vida dela. Disse para a moça:
- Olha, Cynnara, para chegar ao estágio que estou, tive
que treinar muito. Principalmente autodefesa. Você não está
preparada para essa vida. E eu me sentiria responsável se algo
de mau te acontecesse. Portanto, façamos assim: eu te ajudo a
se vingar desses dois caras e depois tchau. Não vou mais estar
em contato contigo.
- Tudo bem - disse ela, triste - mas pensei que gostasse
ao menos um pouquinho de mim.
- Nós não começamos bem e dizem que a primeira im-
pressão é a que fica.
- Não para mim. Eu gosto de você e pronto. Estou dis-
posta até a dar meu cabacinho pra ti.
- Vamos mudar de assunto, até porque você está ferida.
Tá certo que foi um corte superficial e não perfurante. Mas
EHROS TOMASINI 73
você perdeu muito sangue. Fique aqui. Vou ver se consigo
uma bolsa de sangue pra te fazer uma transfusão. Qual o teu
tipo sanguíneo?
Duas horas depois ele voltou com três bolsas de sangue
num recipiente com gelo. Ela o esperava assistindo tevê, ain-
da totalmente nua. Comia um potinho de iogurte. Ele disse;
- Bem, consegui sangue compatível pra ti. Vou im-
provisar os equipamentos para a infusão. Também te trouxe
analgésicos e umas roupas que comprei. Espero que caibam
em você. Não sou bom nessas coisas.
- Obrigada. Mas prefiro permanecer nua. Quem sabe
você fica com tesão em mim...
- Eu já te tenho tesão. Só acho que não devemos enve-
redar por esse caminho. Tudo bem que você se sinta agrade-
cida, mas não precisa trepar comigo por causa disso.
- Eu quero. Acho que estou viçando. Se não for você,
será outro. E eu não quero que seja qualquer um.
- Ok, ok. Sare logo e veremos isso. Onde os caras que te
esfaquearam moram?
- Na mesma favela onde você pegou aqueles quatro ca-
ras. Eu os ouvi conversando entre si, antes de ataca-los. Fala-
vam que deveriam tomar o controle do tráfico, já que o che-
fão morreu e o delegado que os protegia está preso.
- Isso é mau. Precisamos mesmo detê-los. Vou te dar o
sangue e você descansa. Depois iremos para um apê que alu-
guei na beira da praia. É perto da tal favela. Eu também vou
descansar. Estou morto de cansaço.
Depois de fazer as infusões de sangue na garota, o jo-
vem dormiu em sua cama quando ela tinha iniciado a última
bolsa. Cynnara permaneceu acordada. Depois, levantou-se e
foi conferir os remédios que ele havia trazido. Ficou conten-
te quando encontrou uma ampola anestésica. Preparou uma
ALCATEIAS 74
seringa e aplicou nele. O jovem acordou-se assustado mas o
líquido injetado fez efeito fulminante. Sentiu sonolência e
apagou novamente.
Ela retirou a agulha por onde recebia sangue, interrom-
pendo a infusão. Tirou toda a roupa dele e deitou-se ao seu
lado. Beijou-o na boca e foi descendo com os lábios, até che-
gar ao pênis dele. Sua mãe já havia dito que era muito grande,
por isso ela não se espantou com o que viu. Começou a mas-
turba-lo, mas o pênis continuava em repouso. Ela continuou
a masturbação. Ele endureceu um pouco, mas continuou
bambo. Ela aperreou-se. Aplicara-lhe o sedativo, mas não sa-
bia a quantidade nem quanto tempo duraria o efeito. E queria
trepar. Tinha sede de dar-lhe o cabaço. Esfregou-se nele. Ro-
çou sua xoxotinha em seu rosto. Nada. Então, desesperada,
resolveu chupá-lo. Demorou um pouco mas o ato finalmente
o deixou excitado. Então, ela se acocorou sobre ele. Pegou
o pau já duro e apontou para a vulva. No entanto, por mais
que forçasse, não conseguiu a penetração. Chorou de dor. Ele
começou a se mover. Até abriu os olhos. Mas estava sedado
ainda. Movia-se em câmera lenta. Ela resolveu-se a continuar
chupando a rola dele. Mas, dessa vez, formou um 69, encos-
tando sua periquita na cara dele. Gemeu contente quando ele
levantou penosamente as mãos e a tocou nas ancas. Ela parou
de chupa-lo e ajeitou o travesseiro sob a cabeça dele. Depois,
voltou a posição anterior.
Lucas passou a lambê-la na xoxota e chupar o seu gre-
lo. Mas ainda não estava totalmente recuperado do sedativo.
Continuava agindo com lentidão. Porém, fê-la gozar várias
vezes na boca dele. Ela esfregava o grelo na cara dele enquan-
to o chupava. Chorava de prazer. Aí, resolveu-se a tentar no-
vamente. Ficou de quatro sobre o corpo do jovem e pegou
seu enorme caralho para roçar a racha. Tentou enfiar-se nela
mas a dor era muita. Com esforço, ele a pegou pelas ancas
EHROS TOMASINI 75
e forçou a vulva de encontro ao seu pau. Ela deu um berro
demorado, mas sentiu seu hímen romper. O sangue ainda es-
corria quando ela iniciou os movimentos de cópula. Rápidos,
como se tivesse pressa de gozar. Agora, era ele quem gemia
metido em sua xoxota, se bem que a pica não entrou mui-
to profunda. Ela teve seu primeiro orgasmo por penetração.
Sentiu-se tonta, por causa da perda de sangue, e desabou so-
bre o jovem em pleno momento de gozo dele.
No dia seguinte, Lucas a levou para o apartamento
onde havia prendido o delegado. Apresentou-a ao drone.
Revelou como havia matado o chefão do tráfico, seu filho e
seus asseclas. Ela ficou maravilhada com a nova tecnologia.
Queria testá-la na área. Ele disse que não. Exigiu que ela trei-
nasse num local onde ninguém pudesse ver a máquina vo-
ando. Ficou de leva-la para as mesmas matas onde ele havia
treinado. Mas não naquele dia. Naquele dia ele tinha outro
compromisso.
Mentia. É que não queria dizer à mocinha que temia
ficar ao lado dela. Não gostara de ter sido dopado pela jovem,
apesar da trepada ter sido boa. Também não gostava dela.
Preferia a advogada que conhecera há pouco. Mas evitava ser
visto com a profissional para não dar pistas do relacionamen-
to. Então, estava dando um tempo para se encontrar com ela.
Escolheu um bar qualquer para tomar umas cervejas. Na se-
gunda cerveja, se aproximou dele um carro de polícia. A sar-
gento saltou dele. Caminhou em sua direção. Ele a saudou:
- Boa noite, linda. Está me seguindo?
- Quase isso. O advogado que você contratou a meu
pedido tem novidades do caso. Teu pai foi morto por aque-
la arma que confiscamos da mulher do delegado. Temos um
trunfo contra o cara. Vamos acusa-lo de mais um crime. Uma
viatura passou por aqui e te viu. Aí eu vim te dizer isso.
- Está querendo dizer que a esposa dele também matou
ALCATEIAS 76
meu pai?
- É isso que teremos que descobrir. Mas não acredito
que ela tenha culpa no cartório.
- Nem eu. Ele pode ter emprestado a arma para alguém.
Talvez a um dos homens do traficante.
- Pode ser. O que vai fazer depois que sair daqui?
- Alguma sugestão?
FIM DA NONA PARTE
EHROS TOMASINI 77
Capítulo final
E
stavam descansando da foda quando a sargento recebeu
um telefonema. Alguém lhe avisava que havia dois mor-
tos na favela perto da praia de Olinda. Tratava-se dos dois
menores que ela havia prendido e soltado, os ladrões que
assaltavam de bicicleta. Ninguém havia visto quem atirou
neles, apesar da rua estar movimentada àquele hora. Lucas
sorriu disfarçadamente. Sabia que tinham sido assassinados
por Cynnara. Em pouco tempo ela havia aprendido o manejo
do drone armado de uma pistola, configurada para atirar via
comando de computador. Mas não podia dizer nada à sar-
gento. Até porque a mocinha lhe dera um bom álibi: a Polícia
não poderia dizer que foi ele o executor pois o jovem estivera
acompanhado da militar quase a noite toda. E o crime acaba-
ra de acontecer, pelo visto.
- Vou ter que ir à favela onde você matou o chefe da
gangue. Você já deve saber do que se trata, não?
ALCATEIAS 78
- Está me acusando de matar os menores?
- Não poderia fazer isso, Paixão. Você esteve comigo
este tempo todo e foi maravilhoso. Não quer ir comigo?
- Não é seguro. Alguém da favela ainda pode guardar
mágoa de mim e esta seria uma boa oportunidade para se
vingar.
- Tem razão. Então, me deixe ao menos lá perto, já que
dispensei a viatura para virmos pra cá.
Quando Lucas chegou ao apartamento, Cynnara esta-
va usando o binóculo apontado para a favela. Não parou de
olhar através dele quando falou:
- Vi você chegando perto da favela com aquela policial.
Não é arriscado se aproximar de lá?
- Sim. Por isso não entrei com ela. Como conseguiu
manejar o drone tão depressa?
- Internet, amor. Passei horas estudando as instruções.
Nem foi preciso ir para a mata. Tô dominando legal o treco.
- Está de parabéns. Eu não teria feito melhor.
- Mas vou continuar precisando das aulas de defesa
pessoal.
- Não acho. Já que domina a máquina, fará melhor teu
trabalho à distância.
- Quer dizer que vai me querer como parceira contra o
crime? - Perguntou ela, se atirando em seus braços e o beijan-
do longamente nos lábios.
Quando terminaram o beijo, ele falou:
- Acho que não. Estou perto de desvendar o assassinato
do meu pai. Prometi diante do seu túmulo que largaria essa
vida assim que punisse quem o matou.
- Mas você poderia me emprestar o drone para eu con-
tinuar teu trabalho?
- Talvez. Mas ficaria por tua conta e risco, ok?
EHROS TOMASINI 79
Ela lhe deu outro beijo. Mas sentiu dor no ferimento.
Ele pediu que ela fosse se deitar. Aplicou-lhe uma injeção e
ela dormiu logo. Examinou seu ferimento. Estava infecciona-
do. Passou uma pomada cicatrizante e lhe fez um novo cura-
tivo. Depois, deitou-se ao lado da moça.
Lucas continuou se encontrando com a advogada Jan-
na, com a policial Nara, com Cynnara e com a mãe desta,
Vilma. Mas precisava escolher. Não dava para continuar en-
ganando as quatro por muito tempo. E estava gostando mes-
mo de Janna. Deu trabalho dispensar as outras. Mas ele con-
seguiu. Aí, chegou o dia do julgamento do delegado.
A sessão foi demorada. Janna advogava muito bem.
Melhor que sua antiga namorada, Gorethe. A balança come-
çou a pender pro lado de Lucas quando Janna acusou o dele-
gado Venceslau de ter matado pessoalmente o pai do rapaz.
Mostrou ao júri os resultados da balística provando que o tiro
partiu da mesma arma. Os argumentos foram tão convincen-
tes que a advogada Gorethe pediu para sair do caso. Achava
que seu cliente havia mentido para ela e isso a deixou irada.
Ela não perdoava quem a enganava. A sessão foi adiada pelo
juiz e todos se retiraram da sala de audiências. Aí a filha do
delegado se aproximou de Lucas dizendo:
- Preciso falar com você.
- Oi, Leandra. Diga o que quer...
- Quero dizer que não foi meu pai quem matou o teu.
Andei conversando com ele. Ele me confessou quem foi o
assassino. Mas eu só te direi se você for comigo a um motel.
Já te disse que guardei meu cabacinho do cu intacto pra você.
- Eu agora tenho namorada, Leandra. Não vai rolar.
- Não me importa que tenha namorada. - Disse ela irri-
tada - Não quero ter perdido esse tempo todo em vão.
- Tem outros rapazes a quem você pode muito bem se
entregar, garota.
ALCATEIAS 80
- Eu quero você!
Ele esteve indeciso. Depois, disse:
- Ok, ok. Mas agora tenho um compromisso. À noite a
gente se encontra lá na minha casa, está bem?
- Tua namorada não vai estar lá?
- Não. Por enquanto, estamos nos vendo em motéis.
- Está bem. Às oito da noite está bom?
No horário combinado, Lucas ouviu a cigarra da casa
tocar. Foi atender usando apenas de cueca que fazia perceber
o tamanho do pau dele. Ela o olhou com tesão. Disse:
- Uau. Me leva logo pra cama. Não quero perder mais
um segundo para te ter dentro de mim.
O rapaz a pegou pela mão e a levou pro quarto. A cama
estava repleta de pétalas de rosas. Ela fez uma expressão de
assombro. Disse:
- Nossa, jamais imaginaria que você é um romântico!
Ele sentou-se na borda da cama e a chamou ao seu en-
contro. Ela, no entanto, colocou a mão dentro de uma bolsa
que trazia a tiracolo. Tirou de lá uma pequena pistola Mauser
e apontou para ele. Tinha mudado de expressão facial. Agora,
destilava veneno.
- Eu disse que iria te dizer quem matou teu pai, mas
você vai levar esse segredo para a túmulo.
- Para que essa arma, Leandra?
- Eu te odeio. Jamais me daria pra você. Até porque já
dei meu cabacinho há muito tempo.
- Continuo querendo saber pra que a pistola.
- EU MATEI TEU PAI, SEU PUTO!
Lucas não se espantou com a revelação. Na verdade, es-
tivera raciocinando sobre isso já havia algum tempo. Pergun-
EHROS TOMASINI 81
tou calmamente pra ela:
- Por que fez isso, Leandra?
- Por que eu te amava e você me rejeitou. Nunca ouviu
falar que mulher rejeitada vira bicho? Quando descobri que
minha mãe fodia com teu pai, eu alertei o meu. Ele não quis
sujar as mãos de sangue e mandou dois capangas do trafi-
cante dar fim à vida dele. Mas não podia haver erros. Então,
eu liguei pro teu velho e pedi para me encontrar com ele.
Disse-lhe que estava precisando de cem reais e, se ele não me
desse, iria dizer ao meu coroa que ele estava sendo traído.
Ele me pediu para encontrá-lo defronte àquele caixa eletrô-
nico. Eu estava com um casal no carro. Aqueles dois que você
matou no motel. Sem saber, você já havia concretizado a tua
vingança, seu puto.
Agora, sim, Lucas ficou espantado. Jamais imaginaria
ter matado os assassinos do seu pai. O destino era ardiloso:
talvez ele morresse sem saber o que ela acabara de lhe dizer.
Perguntou:
- Você disse que havia matado meu velho. Agora já vem
com outra história.
- O casal se acorvadou quando viu tratar-se de um ve-
lho indefeso. Principalmente a mulher, que estava sendo ini-
ciada no crime. Aquela seria sua primeira missão. O namo-
rado dela já havia matado antes. Foi quando eu tomei a arma
das mãos dela e atirei duas vezes contra o urso do meu pai.
- E agora, o que pretende fazer?
- Eu vou te matar, claro. E ninguém ficará sabendo. Vou
deixar pistas de que foi uma vingança do pessoal da favela.
Trouxe até um bilhete pronto, como se tivesse sido você a es-
creve-lo, dizendo que foi algum lacaio do traficante morto a
te ferir. Depois, assumo o lugar do meu pai no crime organi-
zado. Mas, para isso, ele tem que continuar preso. Vou dizer
no tribunal que foi ele que mandou te matar.
ALCATEIAS 82
- Um plano engenhoso, Leandra. Mas não vai dar certo
porque você vai estar presa.
- Rá rá rá. E quem irá me prender, bundão?
Ouviu-se uma voz saída debaixo da cama;
- EU VOU PRENDER VOCÊ! LARGUE JÁ ESSA
ARMA.
A sargento Nara saiu de lá apontando uma arma. A ad-
vogada Janna também saiu de baixo do leito com um celular
na mão. Falou nele:
- Ouviu a confissão da assassina, advogada Gorethe?
Esteve escutando, depois disse:
- Não tem de quê. Obrigada por querer ter os olhos
abertos. Boa sorte na tua próxima causa - e desligou.
Leandra ainda não havia largado a pistola Mauser. Ti-
nha o rosto crispado pela ira. Foi andando, devagar, para
trás. Sorrateiramente, Lucas pegou sua bengala que estava
encostada na parede, perto da cama. Entretida pelas duas
mulheres, a moça não percebeu seu movimento. Quando o
viu com o cabo desencaixado da bengala apontado para si,
atirou nele. Lucas e a sargento atiraram ao mesmo tempo.
A jovem foi atingida por dois balaços, mas sobreviveu. Já o
rapaz, foi atingido no flanco, apenas de raspão. Janna correu
para ele. Beijou-o longamente quando viu que o ferimento
foi superficial.
O delegado e sua filha foram julgados e condenados
por seus crimes. Gorethe mudou-se da cidade. Não engoli-
ra ainda a dupla derrota: perdeu a causa e o namorado para
Janna. Mas desejou boa sorte e felicidades ao casal, mesmo
assim. Lucas continuou fodendo às escondidas com Nara e
com Cynnara. Mas passava a maioria do seu tempo com a
EHROS TOMASINI 83
advogada. Ela estava feliz. Mas, um dia, perguntou a ele:
- Não se arrepende de não ter fodido o cuzinho da ma-
luca?
- Se refere a quem?
- A Leandra, claro.
- Oh, nem me lembro mais dela. O único cu que me
arrependo de não ter fodido é o teu.
- Vai continuar sem ser dono dele, meu caro. Não tole-
ro o sexo anal. Já te disse isso várias vezes. Não sei como não
desistiu ainda.
- Não desisti porque ainda pretendo ser feliz contigo.
Mas confesso que estou muito tentado a te trair. Sair por aí
atrás de um cu para foder.
- Faça isso e eu te capo. E dou tua bimba enorme para
os gatos.
- Pras gatas, você quer dizer...
- Lucas Bandito! Não me teste.
Ele a beijou com leveza. Ela queria um beijo ardente.
Ele tirou as roupas da advogada e a beijou de língua, na bo-
ceta. Ela se arrepiou toda. Forçou-o a se levantar e o levou
para a cama. Chupou-o com volúpia até deixar seu caralho
duríssimo. Então disse:
- Está bem. Vou dar meu cuzinho pra você. Mas só des-
ta vez, ouviu, tarado?
Deu trabalho foder o cuzinho apertado dela. Por diver-
sas vezes ela desistiu. Mas ele a convenceu a continuar. Qua-
se meia hora depois, ela o tinha dentro do ânus. No início,
sentiu apenas dor. Depois, começou a rebolar a bundinha,
gostando de ser fodida por ali. Quando Lucas gozou dentro,
ela gozou com ele. E nunca mais deixou de dar-lhe o cu.
ALCATEIAS 84
Enquanto o pai foi para um reformatório militar, Lean-
dra foi parar numa colônia penal feminina. Num instante, se
entrosou com as outras presidiárias. No entanto, há dois me-
ses havia adquirido hábitos noturnos. Preferia tomar banho
de lua, ao invés de banhos de sol, como as detentas. Como
era uma prisioneira exemplar e o diretor do presídio era um
velho amigo do seu pai delegado, ganhou esse direito. Estava
fumando, quando percebeu um rápido brilho no ceu estrela-
do. Apurou a vista. Visualizou um pequeno drone no ar. Foi
a última visão da sua vida.
No momento, Lucas estava ao lado da advogada. Agora
tinham o costume de foder na casa dele ou na dela, ao invés
de num motel. O telefone celular do jovem tocou. Ele aten-
deu sem olhar quem telefonava. Ouviu uma voz feminina:
- Está feito. Foi o meu presente de aniversário para ti.
O rapaz desligou o celular pensativo. Janna perguntou:
- O que foi, amor?
- O fantasma do meu pai. Ligou-me para dizer que ti-
nha se vingado da sua assassina.
FIM DA SÉRIE.