Quando olhamos para os projetos dos anos 50 e 60 [na França], vemos que eles são muito melhores do que
os de agora. O problema da “casa” é que, na maior parte das vezes, as pessoas só conseguem comprar
uma casa muito pequena.
A família Latapie era muito simples, com dinheiro suficiente para comprar uma casa padrão de 80m². Então,
desde o início, nossa intenção era tentar construir uma casa maior - não 10m² maior, mas talvez com o
dobro do tamanho, se possível. Estávamos completamente convencidos de que se vive melhor em uma
casa maior, além possibilitar diferentes tipos de espaços e ambiências. Para nós, era muito importante
[...] que houvesse diferentes possibilidades de se viver na casa e de que os ambientes pudessem ser
mudados de acordo com a estação do ano. Então, o trabalho na Casa Latapie foi realmente tentar fazer o
máximo possível dentro do orçamento, e tomamos cuidado em respeitar esse limite.
Na época da Casa Latapie, sabíamos que era impossível construir uma casa dessas com materiais
tradicionais. Então, a primeira proposta foi feita à partir de uma estufa pré-fabricada [imagem do protótipo
à esquerda]. No entanto, por causa da localização urbana, não foi possível utilizá-la [excedia em 15% o valor
máximo para a habitação]. Então, procuramos entre outros campos do conhecimento que não fossem a
Arquitetura, qual tipo de construção seria muito barata e interessante, e na Indústria e Agricultura,
encontramos este tipo de construção [estufas hortícolas e estruturas metálicas varejistas].
Em relação aos materiais, nós não tentamos, de início, buscar somente um "material barato", mas sim um
material que nos permitiria continuar seguindo nossas intenções projetuais. Na Casa Latapie, há este
grande espaço transparente, um volume muito alto, que é meio dentro, meio fora. Ele tinha que ser muito
transparente e aberto. Seria impossível pensar em construí-lo com vidro, porque resultaria em algo muito
pesado e caro. Então essa é a razão pela qual trabalhamos com plástico [policarbonato], pois ele nos
permite ter grandes tetos e paredes transparentes, com pouquíssima estrutura, já que é muito leve e ao
mesmo tempo econômico. Só que ele também nos permite criar espaços muito interessantes e com muita
luz. [...] Para nós, não era uma questão de ser um material barato ou caro, mas sim de ser um material
interessante ou não.
(Anne Lacaton, entrevista à revista Oris, 2003)